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Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 1/51 
 
Direito Penal 1 
Prof. Wander Wandekoeken 
@uvv.br 
5/2/2019 (Terça) 
Plano da disciplina 
 
Unidade I – Introdução ao Direito Penal 
Unidade II – Princípios de Direito Penal 
Unidade III – Teoria Geral da Lei Penal 
Unidade IV – Teoria Geral do Crime 
Unidade V – Concurso de pessoas no Direito Penal 
Provas 
• 1º bimestre: Unidades I, II, III e IV (até crime preterdoloso) 
• 2º bimestre: Unidade IV e V 
Notas: 
✓ 2 avaliações valendo 10 pontos. 
✓ No 1º bimestre, haverá trabalho sobre classificação dos crimes, valendo 1 ponto extra. 
✓ No 2º bimestre, a prova terá uma questão desafio valendo 1 ponto extra (11 questões). 
Bibliografia 
1. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Vol I. GRECO, Rogério. 
2. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. Vol. I. BITENCOURT, Cezar Roberto. 
8/2/2019 (Sexta) 
Unidade I – Introdução ao Direito Penal 
 
Conceito de Direito Penal 
1. Sob a perspectiva formal → é o conjunto de normas através das quais o estado disciplina 
as condutas humanas 
i. Proibindo certos comportamentos 
ii. Sob a ameaça de uma sanção 
2. Sob a perspectiva social → disciplinar as condutas humanas apenas como “ultima ratio”, 
ou seja, somente quando outras esferas do controle social (jurídicos – ex.: direito civil, 
direito administrativo; ou extrajurídicos – ex.: escola, família, religião, etc) não se 
mostrarem suficientes. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 2/51 
 
Dignidade penal do bem jurídico 
Nem todo interesse humano pode ser tutelado pelo Direito Penal devido ao seu peso coercitivo. 
Prevalece que o bem jurídico penal deve ter, ao menos, referência constitucional. Não há 
cabimento da aplicação penal: 
a) contra meras imoralidades que não causam prejuízo de fato; 
b) para a imposição meramente ideológica de uma política governamental eventual. 
Outros conceitos aplicados ao direito penal 
A. Direito Penal objetivo 
E 
Direito Penal subjetivo 
 
Ex.: 
• Norma incriminadora → Art. 121, CP – Matar alguém. Pena: Reclusão de 6 a 20 anos. 
• Norma não incriminadora permissiva → Art. 25, CP – Legítima defesa (excludente de 
ilicitude) 
• Norma não incriminadora exculpante → Art. 26, CP – Inimputabilidade 
• Norma não incriminadora explicativa → Art. 327, CP – definição de Funcionário Público 
para o direito penal 
Direito Penal objetivo seria o próprio ordenamento jurídico-positivo, isto é, o 
conjunto de enunciados normativos que consubstanciam a privativa função estatal de 
definir crimes e cominar as respectivas sanções penais. Trata-se do jus poenale. 
Por sua vez, Direito Penal subjetivo seria decorrência do próprio Direito Penal 
objetivo, e estaria presente no jus puniendi estatal, ou seja, no poder-dever do Estado de 
punir, nos casos estritamente previstos na legislação. Desse modo, o Direito Penal objetivo 
acaba por conter e limitar o Direito Penal subjetivo, pois não se admite o exercício do poder 
de punir fora dos casos estritamente previstos no ordenamento jurídico-positivo. 
 Não é demasiado reiterar que o Estado monopoliza o exercício legítimo (ou com 
pretensão de legitimidade) da violência. E mesmo nas hipóteses em que, 
excepcionalmente, o Estado permite aos particulares exercer a violência (legítima defesa, 
estado de necessidade etc.), não se trata de jus puniendi. 
A exceção ao monopólio da aplicação das sanções penais por parte do Estado fica 
por conta do art. 57 da Lei n. 6.001/73 (Estatuto do Índio), que assim dispõe: “Será 
tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de 
sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter 
cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte”. 
 
Normas incriminadoras 
Normas não incriminadoras 
 
Permissivas 
Exculpantes 
Explicativas 
Pretensão intimidatória 
Pretensão punitiva 
Pretensão executória 
 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 3/51 
 
Para Greco: 
Direito Penal objetivo → é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo 
crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a 
ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de 
questões de natureza penal, v.g., excluindo o crime, isentando de pena, explicando 
determinados tipos penais. 
Direito Penal subjetivo → é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir 
suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Poder Judiciário. É o 
próprio ius puniendi. Se determinado agente praticar um fato típico, antijurídico e culpável, 
abre-se ao Estado o dever-poder de iniciar a persecutio criminis in judicio, visando a 
alcançar, quando for o caso e obedecido o devido processo legal, um decreto condenatório. 
 
B. Direito Penal de culpabilidade 
E 
Direito Penal de periculosidade 
Para o Direito Penal da culpabilidade, a pena fundamenta-se na reprovabilidade da 
conduta, que possui, como fundamento, a capacidade de autodeterminação individual. Por 
outras palavras, a conduta só é reprovável porque o agente podia escolher entre o lícito e 
o ilícito. A medida da pena deve estar de acordo com o grau de reprovabilidade. 
 Por outro lado, o Direito Penal da periculosidade está fundado em uma ideia 
determinista. Para essa modalidade de intervenção penal, não temos livre-arbítrio, não 
somos livres para optar entre o lícito e o ilícito, razão pela qual a medida da pena deve ser 
a periculosidade do agente. 
No Brasil, adotamos a ideia de culpabilidade para fundamentar a pena, e a 
periculosidade para fundamentar a medida de segurança, aplicável aos inimputáveis por 
doença mental. 
 
C. Direito penal de fato 
E 
Direito penal do autor 
Direito Penal do fato é aquele que não leva em consideração aspectos pessoais do 
criminoso, mas sim o fato por ele praticado. Podemos afirmar que, nesse caso, “pune-se 
pelo que se fez, e não pelo que se é”. 
Direito Penal do autor, por outro lado, é aquele que pune de acordo com meros 
estados existenciais. Em suma, “pune-se pelo que se é, e não pelo que se fez”. Esse modelo 
de Direito Penal constitui afronta ao princípio da lesividade. 
No Direito Penal do fato que considera o autor, pune-se o agente pelo fato, mas, na 
condenação, são levadas em consideração algumas características pessoais, tais como seus 
antecedentes, a conduta social e a personalidade. É o modelo consagrado pelo art. 59 do 
nosso Código Penal. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 4/51 
 
D. Direito penal do inimigo 
E 
Direito penal simbólico 
 
Direito Penal do inimigo 
Segundo Günther Jakobs (Direito Penal do Inimigo: Noções e Críticas, 2005), o Estado 
deve proceder de dois modos com os criminosos. Ao ‘delinquente-cidadão’ aplica-se o 
Direito Penal do cidadão, ao passo que o ‘delinquente inimigo’ se aplica o Direito Penal do 
inimigo. 
Para Jakobs, algumas pessoas cometem erros e devem estar sujeitas ao Direito Penal 
do cidadão. Nesse caso, apesar de haver danificação à vigência da norma, deve ser chamado 
de modo coativo, como cidadão, a equilibrar o dano. Esse equilíbrio se dá com a aplicação 
da pena. 
Por outro lado, outros delinquentes (inimigos) devem ser impedidos de destruir o 
ordenamento jurídico, mediante coação, utilizando o denominado Direito Penal do inimigo. 
Isso porque o inimigo não possui a condição de cidadão, tendo em vista que não cumpre a 
sua função no corpo social ao deixar de satisfazer, de forma duradoura, mínimas 
expectativas normativas. 
Assim, pode-se apontar como características do Direito Penal do inimigo: 
a) processo mais célere visando à aplicação da pena; 
b) penas desproporcionalmente altas; 
c) suprimento ou relativização de garantias processuais; 
d) o inimigo perde sua qualidade de cidadão (sujeito de direitos); 
e) o inimigo é identificado por sua periculosidade, de sorte que o Direito Penal deve 
punir a pessoa pelo que ela representa (Direito Penal prospectivo). 
 
DireitoPenal simbólico 
Sempre que a sociedade clama por segurança pública, máxime nos tempos atuais de 
uma sociedade de risco, surge o legislador com sua pretensão de dar uma rápida resposta 
aos anseios sociais, e, com isso, muitas vezes criminaliza condutas sem qualquer 
fundamento criminológico e de política criminal, criando a ilusão de que resolverá o 
problema por meio da utilização da tutela penal. Com efeito, se a criação da lei penal não 
afeta a realidade, o Direito Penal acaba cumprindo apenas uma função simbólica. Daí a 
expressão Direito Penal simbólico. Entretanto, apesar desse aspecto negativo da função 
simbólica do Direito Penal, a doutrina aponta um aspecto “positivo”, consistente na 
geração de sentimento de segurança e tranquilidade para a sociedade, que em um primeiro 
momento acredita na eficácia da lei penal. Na visão do autor alemão Winfried Hassemer, o 
Direito Penal simbólico é multifacetado e “marca um Direito Penal que se inspira menos na 
proteção dos respectivos bens jurídicos do que no atingimento de efeitos políticos de longo 
alcance, como a imediata satisfação de uma ‘necessidade de ação’. Trata-se de um 
fenômeno de crise da Política Criminal moderna orientada para as consequências” (Direito 
Penal. Fundamentos, Estrutura, Política, p. 230). 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 5/51 
 
Notas: 
✓ O direito penal é um ramo do direito público. O Estado tem o monopólio de aplicação da lei. 
✓ Norma é diferente de lei. O Código Penal é uma lei, os artigos são normas. 
✓ O bem jurídico mais caro é a vida. 
✓ Ultima ratio → última razão, última instância. 
✓ O direito penal deve tratar a pessoa pelo que ela fez, e não pelo que ela é. O direito penal é, em 
regra, do fato e não do autor; mas leva-se em conta o autor no momento de aplicação de pena. 
Avalia-se se o autor é réu primário e a situação que levou o autor a cometer o crime. 
✓ O nosso atual Código Penal é composto por duas partes: geral (arts. 1º ao 120) e especial 
(arts. 121 a 361). 
 
12/2/2019 (Terça) 
Unidade 1 – Introdução ao Direito Penal 
(continuação) 
 
Funções do Direito Penal 
A. Impedir a vingança privada → Monopólio estatal da punição 
B. Assegurar a proteção aos bens jurídicos elencados de acordo com a ordem 
constitucional → Seleção dos bens da vida mais caros à sociedade 
C. Assegurar a obediência estrita à norma → Garantismo penal 
Notas: 
✓ Para Greco, em Curso de Direito Penal, a finalidade do Direito Penal é proteger os bens mais 
importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. 
✓ Quanto à seleção dos bens jurídicos-penais, diz Copetti: “É nos meandros da Constituição 
Federal, documento onde estão plasmados os princípios fundamentais do nosso Estado, que 
deve transitar o legislador penal para definir legislativamente os delitos, se não quer violar a 
coerência de todo o sistema político-jurídico, pois é inconcebível compreender-se o direito penal, 
manifestação estatal mais violenta e repressora do Estado, distanciado dos pressupostos éticos, 
sociais, econômicos e políticos constituintes de nossa sociedade.” 
Fontes do Direito Penal 
1) Fonte material ou de produção → Privativa da União (art. 22, I, CF) 
2) Fonte formal ou de conhecimento 
a) Imediata → Lei 
b) Mediata 
i) Costumes 
• Funciona como mecanismo de percepção para o legislador alterar a lei. 
• Exemplo de aplicação de costumes: Art. 155, §1º que trata do repouso noturno. 
O repouso noturno varia, por exemplo, nos centros urbanos e zonas rurais. 
Normalmente nos centros urbanos o início é as 22h, nas zonas rurais é mais 
cedo. 
ii) Princípios gerais do direito 
• Premissas éticas que constroem o direito, a ordem social, sem necessariamente 
serem positivados. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 6/51 
 
• Exemplo de aplicação de PGD: Pacto de São José da Costa Rica prevê a 
apresentação imediata do preso para o juiz. Uma medida para cumprir esta 
regra é a Audiência de Custódia. 
iii) Ato administrativo 
• Exemplo: Portaria 344/98 do SVS/MS 
iv) Doutrina 
• Reforça a interpretação da lei por meio do posicionamento de autores 
renomados sobre o tema. 
v) Jurisprudência
 
 
Notas: 
✓ Teoria das janelas quebradas. 
✓ No Direito Penal o que não é proibido, é permitido. 
✓ Irretroatividade da lei penal. 
✓ A edição de leis penais é atribuição privativa da União → art. 22, I, CF. Qualquer tentativa de 
criação ou edição de lei penal pelo estado ou município é inconstitucional. 
✓ Fontes formais mediatas dão sustentação à lei e sua aplicação. 
 
15/2/2019 (Sexta) 
Unidade I – Introdução ao Direito Penal 
(continuação) 
 
Da norma penal 
Classificação da norma penal 
1) Incriminadora: descrição das condutas criminosas 
i. Proibição de condutas (comando principal → preceito primário) 
ii. Ameaça de sanção (preceito secundário) 
Ex.: Art. 121, CP – Matar alguém. Pena: reclusão de 6 a 20 anos. 
 
 
Fontes do 
Direito Penal
Fonte material
Fonte formal
Imediata
Mediata
Costumes
Princípios gerais 
do direito
Ato 
administratrivo
Doutrina
Jurisprudência
Embora seja da competência privativa da União 
legislar sobre o Direito Penal (fonte material), 
“excepcionalmente os Estados-membros podem 
fazê-lo quanto a questões específicas (v.g. trânsito 
local), desde que haja autorização por lei 
complementar para tanto (CF, art. 22, parágrafo 
único).” 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 7/51 
 
2) Não incriminadoras 
A. Explicativas: explicar o conteúdo de uma norma penal incriminadora ou permissiva. Por 
exemplo, art. 5º, §1º, CP. 
B. Permissivas: matar alguém em legítima defesa, estado de necessidade ou estrito 
cumprimento do dever legal. 
C. Exculpantes: excluem a culpabilidade de certos fatos típicos e ilícitos. Ex.: art. 26, 
caput, do CP. 
D. Complementares: são as normas que dão eficácia no plano real a outra norma chamada 
norma penal em branco 
 
 
Norma penal em branco 
São normas com preceitos indeterminados ou genéricos, que devem ser preenchidos ou 
completados. 
Classificam-se: 
1) Homogênea 
A norma complementar se origina da mesma instância legislativa que a norma 
complementada. 
a. Homovitelínea → A norma complementada está na mesma estrutura jurídica (mesmo 
ramo – penal, público, ...) da norma complementar. 
Ex.: Norma penal em branco → Art. 317, CP  Norma complementar → Art. 327, CP 
b. Heterovitelínea → A norma complementada está numa estrutura jurídica diversa da 
norma complementar (lei penal com lei extrapenal). 
Ex.: 
Norma penal em branco → Art. 184, CP  Norma complementar → Lei 9.610/98 
Norma penal em branco → Art. 237, CP  Norma complementar → Código Civil 
 
 
Classificação da 
norma penal
Incriminadora
Não 
incriminadora
Explicativas
Permissivas
Exculpantes
Complementares
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 8/51 
 
2) Heterogênea 
A norma complementar se origina de instância legislativa diversa da norma 
complementada. 
Ex.: Art. 33, Lei 11.343/06  Portaria 344/98 – SUS/MS (Ato administrativo do Executivo) 
 
3) Imprópria (ou imperfeita ou ao avesso) 
O complemento se dá em relação ao preceito secundário da norma complementada. 
Ex.: 
Art. 304, CP  Art. 297 a 302, CP 
Lei 2.889/56 (Genocídio) 
 
NORMAS PENAIS EM BRANCO HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS INCIDEM SOBRE O PRECEITO 
PRIMÁRIO, ENQUANTO AS HETEROGÊNEAS INCIDEM SOBRE O PRECEITO SECUNDÁRIO. 
 
 
 
Notas: 
✓ A infração penal é dividida em contravenção e crime. A contravenção é um crime-anão com 
sanção menor. A sanção para contravenção pode ser somente multa, enquanto que para crime 
é reclusão ou detenção. 
✓ Toda contravenção penal cai no âmbito do juizado especial criminal. 
✓ O ato infracional não é um tipo de infração penal. É o ato praticado pelo menor. Como menor 
não pratica crime, não é uma infração penal. Fala-se em ato infracional equivalente ao crime tal. 
 
 
Norma penal 
em branco
Homogênea
Homovitelínea
Heterovitelínea
Heterogênea
Imprópria
Direito Penal 1– Prof. Wander Pág. 9/51 
 
19/2/2019 (Terça) 
Unidade I – Introdução ao Direito Penal 
(continuação) 
 
Interpretação e integração da norma penal 
 
Interpretação da norma 
É o processo que busca o real sentido e alcance das expressões do Direito. 
É um processo de descoberta do conteúdo da lei e não da criação de normas. 
A interpretação pressupõe a existência da lei. 
 
Classificação da interpretação: 
1) Quanto à origem ou sujeito (quem faz a interpretação da norma) 
A. Autêntica → a própria lei dá a interpretação da expressão jurídica. A interpretação 
autêntica é contextual. 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra 
a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
... 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão 
ou atividade. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, 
enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
B. Judiciária ou Jurisprudencial → a interpretação da norma é feita pelo Poder Judiciário. 
Orientação firmada pelos tribunais relativamente a determinada norma, sem, contudo, 
conter força vinculante. Algumas decisões quando adquirem unanimidade nos tribunais 
superiores e tratam de temas relevantes, acabam transformando-se numa Súmula e 
adquirem força vinculante. Por exemplo, a definição de arma interpretada pelo STF. 
 
C. Doutrinária → a interpretação da norma é feita por doutrinadores. Por exemplo, em 
obras literárias, manuais, exposição de motivos do CP. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 10/51 
 
2) Quanto aos meios empregados 
A. Gramatical ou literária → pela leitura da lei. 
Conceito de alguém no art. 121. 
Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
B. Lógica ou teleológica → pelo sentido da lei. 
 
C. Sistemática → a interpretação das normas deve considerar a harmonia das leis (direito 
penal com direito extrapenal), a subtração de coisa alheia (art. 155, CP) por um oficial 
de justiça não é crime. 
 
D. Histórica → a interpretação de ato obsceno nos dias atuais e quando o código foi escrito. 
 
3) Quanto ao resultado 
A. Declarativa → a interpretação da lei está contida na própria norma. 
Várias pessoas – art. 141, III, CP 
Duas ou mais pessoas – art. 150, §1º, CP ou art. 226, I, CP 
A interpretação, considerando os demais artigos do CP, considera várias pessoas → 
3 ou mais pessoas. 
 
B. Restritiva → a lei fala mais do que deveria dizer. A interpretação deve restringir o 
alcance da norma. 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
 I - a emoção ou a paixão; 
 II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de 
efeitos análogos. 
 
No caso da embriaguez patológica equipara-se ao art. 26, CP ou art. 45, Lei Drogas. 
 
C. Extensiva → a lei fala menos do que deveria. A interpretação deve estender o sentido 
da norma. 
Art. 148, CP – Sequestro e cárcere privado 
Art. 159, CP – Extorsão mediante sequestro → O art. 159 é o art. 148 + vantagem 
patrimonial, assim o cárcere é acrescentado por extensão. 
 
4) Interpretação analógica 
O legislador, tendo consciência da inviabilidade de se prever antecipadamente todas as 
hipóteses concretas de aplicação, faz uso de fórmula casuística, seguida de uma cláusula 
genérica descrita na própria norma. Exemplos: 
• Art. 121, §2º, I e III, CP 
Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe; 
 II - por motivo fútil; 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 11/51 
 
 
• Art. 171, CP 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em 
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante 
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
 
Notas: 
✓ Hermenêutica: estudo da interpretação das normas. 
✓ A interpretação das normas é dinâmica, acompanha a evolução da sociedade. 
✓ O Direito Penal é seletivo. 
 
26/2/2019 (Terça) 
Unidade 1 – Introdução ao Direito Penal 
 
Integração da norma 
Trata-se de um processo de aplicação de uma norma ou princípio a casos concretos não 
previstos em lei. É um processo que visa suprimir as lacunas deixadas pelo legislador. 
 
Subdivide-se: 
A) Analogia legis → busca-se um caso semelhante na própria lei 
 
B) Analogia juris → busca-se um caso semelhante num princípio geral do direito 
 
C) Analogia in malam partem → vedada no ordenamento jurídico 
 
D) Analogia in bonam partem → permitida no ordenamento jurídico 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
A doutrina penalista é pacífica no sentido de permitir o uso da analogia desde que 
preenchidos dois requisitos: 
➢ Que a aplicação da analogia seja em benefício do réu (in bonam partem) e 
➢ Que exista lacuna legal. 
 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 12/51 
 
Unidade II – Princípios gerais de direito penal 
 
1) Princípio da legalidade (ou legalidade estrita) 
 Anterioridade da Lei 
 Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal. 
 
O Art. 1º do CP é a reprodução do art. 5º, XXXIX, da CF. 
 
 
A) Lei estrita → ater-se à letra da lei 
B) Lei escrita → lei prevista, lei positivada 
C) Lei certa → lei precisa, não pode ser vaga 
D) Lei prévia → lei anterior à conduta 
 
Notas: 
✓ Garantia do indivíduo perante o poder estatal. 
✓ Expresso nos tratados internacionais de direitos humanos. 
✓ Somente a lei poderá legislar sobre matéria penal. Portarias, medidas provisórias e resoluções não 
podem dizer o que é crime. Só se fala em crime quando a conduta está tipificada em lei. 
✓ Permite ao cidadão ter conhecimento prévio dos delitos e garante que ele não será submetido a 
coerção penal diversa daquela disposta em lei. 
✓ Funções do Princípio da Legalidade segundo Nilo Batista: 
o proibição da retroatividade da lei penal; 
o proibição da criação de penas e crimes pelo costume; 
o proibição do emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas; 
o proibição de incriminações vagas e indeterminadas. 
✓ Pela taxatividade, fixam-se as margens penais às quais está vinculado o julgador, que deve 
interpretar e aplicar a norma penal incriminadora nos limites estritos em que ela foi formulada, 
para satisfazer a exigência de garantia. É a função garantista do princípio da legalidade. 
 
2) Princípio da fragmentariedade 
Seletividade dos bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, de acordo com a ordem 
constitucional. 
A conduta, para ser crime, não pode ser lícita em nenhum outro ramo do direito. 
 
 
Indiferente penal
26/2/2019
Promulgação da lei
Pena - 1 a 4 anos
10/10/2019
Alteração da lei
Pena - 3 a 8 anos
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 13/51 
 
3) Princípio da subsidiariedade (intervenção penal mínima) 
Direito penal como “ultima ratio”, quando os ramos do direito e outros mecanismos de 
controle social não se mostrarem aptos à solução dos conflitos sociais. O Direito Penal é 
subsidiário. 
 É consequência da proporcionalidade: a criminalização deve ser necessária, adequada e 
estritamente proporcional. 
 
8/3/2019 (Sexta) 
 
4) Princípio dalesividade 
• Proibir a incriminação de condutas que não transcendam o pensamento, uma atitude 
interna; 
• Proibir a incriminação de condutas que não transcendam o próprio autor; 
Notas: 
✓ Direito penal não pune autolesão 
✓ Posse de droga para consumo próprio (art. 28, Lei de Drogas – lei 11.343/2006) 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, 
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
• Proibir a incriminação de condutas meramente desvirtuadas socialmente; 
• Proibir a incriminação de orientações ou estilos de vida. 
Notas: 
✓ Vadiagem e mendicância não são contravenções penais, foi declarado inconstitucional pelo 
STF. Ver em http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=250053 
 
5) Princípio da insignificância (ou bagatela) 
“Somente lesões mais relevantes devem sofrer intervenção penal, levando em conta bens 
jurídicos mais importantes. Deve-se analisar se houve uma mínima ofensividade, se houve 
periculosidade social da ação, se há reprovabilidade relevante no comportamento”. 
Requisitos (criados pelo STF): 
 Mínima ofensividade da conduta do agente; 
 Nenhuma periculosidade social da ação; 
 Reduzidíssimo grau de reprovabilidade social; 
 Inexpressividade da lesão ao bem jurídico tutelado pela lei. 
 
OS 4 REQUISITOS PRECISAM SER CUMPRIDOS INTEGRALMENTE E CUMULATIVAMENTE. 
 
Exemplo: 
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante 
o repouso noturno. 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=250053
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 14/51 
 
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, 
o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um 
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra 
que tenha valor econômico. 
 
Furto: 
Dia 1 – R$ 2,50 (creme dental) + 
Dia 2 – R$ 2,00 (sabonete) + 
Dia 3 – R$ 5,00 (biscoito) 
 
Notas: 
✓ Nas cortes superiores prevalece que a reincidência afasta a insignificância. 
✓ O Estado deve interferir o mínimo possível nos direitos do cidadão. 
 
6) Princípio da intranscendência da pena (responsabilidade pessoal) 
Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Em regra, o limite do poder punitivo do 
Estado é a pessoa do condenado, de forma que outros sujeitos não podem ser atingidos ou 
prejudicados pela conduta do primeiro. 
Entretanto, quando se trata de bens materiais, podem os sucessores ser atingidos (ex. penas 
de multa), mas somente até o limite do valor da herança deixada (valor transferido). 
Notas: 
✓ A pena não pode passar da pessoa do autor do crime. 
✓ Os pais são responsáveis civilmente pelos filhos menores, não penalmente. Os pais podem ter 
que ressarcir uma pessoa pelo furto do filho menor (dano patrimonial), mas não responder 
penalmente. 
 
7) Princípio da individualização da pena 
O condenado deve cumprir a pena de uma forma adequada, tomando como critério a 
natureza do delito cometido, a idade e o sexo. Na prática o Estado falha nessa função de 
individualizar o tratamento dos apenados. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
... 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo 
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 
O princípio da individualização não possui reflexos apenas no momento de atribuir a pena, 
mas também na tipificação dos crimes. Observa-se que as condutas são individualizadas e 
apenadas de maneira diversa. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 15/51 
 
 
 
Fixação da pena 
 Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à 
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias 
e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: 
 I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
 II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
 IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra 
espécie de pena, se cabível. 
 
Cálculo da pena 
 Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 
deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes 
e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
 Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição 
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a 
uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou 
diminua. 
 
8) Princípio da humanidade da pena 
Princípio segundo o qual o objetivo da pena não é o sofrimento ou a degradação do apenado. 
O Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem 
a constituição físico-psíquica do condenado. 
 
Nota: 
✓ Não se admite pena de caráter cruel. 
 
 
Sistema trifásico 
adotado pelo CP
(arts. 59 e 68, CP)
1ª fase
Circunstâncias judiciais
2ª fase
Circunstâncias 
atenuantes e agravantes
3ª fase
Causas de diminuição e 
aumento da pena
Dosimetria da pena 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 16/51 
 
9) Princípio da adequação social 
“Condutas que aparentemente configurem crimes deixarão de ser se, dentro dos limites da 
lei, forem aceitas socialmente”. A conduta socialmente adequada não pode ter relevância penal. 
As condutas socialmente adequadas não são necessariamente condutas exemplares. 
Segundo Santiago Mir Puig: “Não se pode castigar aquilo que a sociedade considera correto”. 
Segundo Greco, o princípio da adequação social possui dupla função: 
➢ Restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação e dele 
excluindo as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas. 
➢ Orientar o legislador quando da seleção de condutas que deseja proibir ou impor com a 
finalidade de proteger os bens considerados importantes. 
Nota: 
✓ Conduta aceita socialmente. Exemplo: apesar de serem cometidas lesões corporais nas lutas de 
MMA ou boxe, não há crime, pois é aceito socialmente. A mesma interpretação é dada pelas lesões 
corporais cometidas pelo médico durante uma cirurgia ou a mãe que fura a orelha da sua filha para 
colocar o brinco. 
 
12/3/2019 (Terça) 
10) Princípio da proporcionalidade 
 
Notas: 
✓ Proibição do excesso: 
▪ Não se pode alterar casualmente a pena ou equiparar penas de crimes distintos, sem 
olhar o sistema como um todo, deve-se preservar a harmonia. 
▪ Se o preceito secundário (ameaça de sanção) for desproporcional, o STF pode declarar 
inconstitucional pelo princípio da proporcionalidade. 
▪ Incoerência em vigor (é desproporcional): 
o Art. 303, CTB – Lesão culposa → 6 m a 2 anos 
o Art. 129, caput, CB – Lesão dolosa → 3 m a 1 ano 
✓ Proibição do retrocesso: 
▪ Art. 213, CP (Lei Crime Hediondo): 6 a 10 anos → 1 a 4 anos. É inconstitucional, pois não 
se pode retroceder. 
 
11) Princípio do “in dubio pro reo” 
✓ Na dúvida, age-se em favor do réu. 
✓ Se há dúvidas quanto à autoria do crime, o réu será absolvido. 
 
12) Princípio do “non bis in idem” 
✓ Ninguém pode responder 2 vezes pelo mesmo fato. 
✓ Não se pode ser punido2 vezes pelo mesmo crime. 
Princípio da 
proporcionalidade
Proibição do 
excesso
Necessidade
Adequação
Proibição do 
retrocesso
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 17/51 
 
Unidade III – Teoria geral da lei penal 
 
1) Lei Penal no tempo → Tempus comissi delicti (tempo da prática do crime) 
A. Teorias 
 
 
Teoria da ação 
Art. 121, CP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crimes permanentes e crimes continuados (Súmula 711, STF) 
 
Crime permanente 
Art. 148, CP – sequestro e cárcere privado 
Vila Velha: 2 dias → menor 
Vix: 3 dias → maior 
Cariacica: 3 dias → maior 
 
Único crime: manter em cárcere privado. É um crime permanente. 
 
Crime continuado 
Art. 155, CP – 1 a 4 anos (menor) → Responde pelo CP, mas não há aumento de pena 
+ 
Art. 155, CP – 1 a 4 anos (menor) → Responde pelo CP, mas não há aumento de pena 
+ 
Art. 155, CP – 1 a 4 anos (maior) 
 
 
Do ponto de vista jurídico (por ficção jurídica) é um único crime. 
 
Teorias
Da ação 
(art. 4º, CP)
Do 
resultado
Mista ou 
ubiquidade
17 anos 11m
•Execução
•ECRIAD
18 anos
•Morte
•CP
ECRIAD 
ou 
CP? 
Aplica-se o CP, pois 
se trata de crime 
permanente. 
Pela teoria da ação, o 
autor responde pelo 
ECRIAD, pois o ato foi 
cometido quando o 
autor era menor. 
3 a 12 anos → +1/6 a +2/3 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 18/51 
 
A pena do furto de 100 reais de uma única vez é de 1 a 4 anos, o furto de 100 reais em 
partes (2 ou + ações) tem a pena acrescida. 
Ações Aumento de pena Ações Aumento de pena 
2 1/6 5 1/3 
3 1/5 6 1/2 
4 1/4 7 ou mais 2/3 
 
15/3/2019 (Sexta) 
 
B. Vigência da norma e conflito de leis no tempo 
B.1) Norma incriminadora 
Vincula-se ao princípio da anterioridade e da irretroatividade. 
 
B.2) Abolitio criminis 
Ocorre quando a nova norma torna atípica a conduta até então considerada 
criminosa. Trata-se de um caso de extinção da punibilidade. A abolitio criminis 
atinge as execuções das penas referentes ao crime tornado atípico, bem como os 
efeitos penais das sentenças penais condenatórias já proferidas. 
Para que a abolitio criminis ocorra, temos como requisitos que i) o tipo penal seja 
formalmente revogado e ii) nenhum crime semelhante ao revogado seja tipificado 
em seu lugar. 
Ex.: crime de adultério (1940 a 2005) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B.3) Nova lei mais severa (novatio legis in pejus – lex gravior) 
Lei posterior, ainda prevendo o fato como delituoso, agravou a disposição contida 
no seu preceito secundário. Neste caso, aplicar-se-á a irretroatividade conforme 
prevê o art. 1º do CP. Poderá ocorrer, também, quando a lei nova acrescentar 
elementos ao tipo penal que o torne mais abrangente, ampliando as possibilidades 
de punição. 
 
B.4) Nova lei mais branda (novatio legis in mellius – lex mitior) 
Trata-se dos casos em que a nova lei beneficia o réu, sem excluir a tipificação do 
delito. Uma característica importante das normas penais diz respeito à sua 
ultratividade, ou seja, mesmo que revogada, ela segue sendo aplicada, desde que 
o fato tenha se dado quando a norma ainda estava em vigor. 
Obs.: ultrativa – se aplica aos fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois 
de apurada sua cessação. 
Retroatividade 
benéfica 
Fato
• Vigência
Sentença
•Revogada
Execução
•Revogada
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 19/51 
 
Exemplo: 
“A” – porte ilegal de arma de fogo → 2 a 4 anos 
“B” – porte ilegal de arma de fogo → 1 a 3 anos 
 
B.5) Lei intermediária 
Na data do fato existe uma norma tratando da conduta criminosa. Após a data do 
fato, é editada uma nova lei, alterando a pena a ser aplicada a esta conduta. 
Posteriormente, próximo à data do julgamento, é editada uma nova lei, alterando 
novamente a pena a ser aplicada. 
Exemplo: 
Fato → porte ilegal de arma de fogo 
Lei A (data do fato): pena de 2 a 4 anos 
Lei B (intermediária): pena de 1 a 3 anos 
Lei C (data do julgamento): pena de 3 a 6 anos 
 
Como a lei intermediária é a mais benéfica ao réu, ela poderá retroagir em seu 
benefício, bem como usar da ultratividade. Caso ela fosse mais prejudicial aos 
interesses do réu, nenhum dos seus efeitos seria aplicado, devendo-se aplicar a mais 
benéfica entre as normas restantes (lei vigente na data do fato ou lei vigente na data 
do julgamento). 
 
B.6) Leis excepcionais e leis temporárias 
Exceção a abolitio criminis 
Excepcionais: 
• Editadas em momentos de calamidade pública, epidemias, guerras, etc. 
• É autorrevogável, mas perdurará enquanto necessária, ou seja, até que cessem 
os motivos que levaram à sua adoção. 
• Exemplo: proibida a importação da carne argentina – 2 a 4 anos. 
 
Temporárias: 
• Editadas em certas ocasiões para controle de situações transitórias. Da mesma 
forma que as excepcionais, são autorrevogáveis, porém esta revogação já é 
previamente fixada na lei que a criou. 
• Exemplo: proibida a venda de bebida alcoólica no entorno dos estádios de 
futebol em dias de jogo – 1 a 3 anos. 
 
Itens B.2), B.3) e B.4) → art. 2º, CP 
Item B.6) → art. 3º, CP 
 
Lei A
•Data do fato
Lei B
•Intermediária
Lei C
•Sentença
Sentença: 
2 anos (semiaberto) passa a 
ser de 1 ano (aberto) 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 20/51 
 
Em resumo, para os casos de conflitos de Leis Penais no Tempo, dois princípios regem a 
matéria, que é o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal mais severa e o Princípio da 
Retroatividade da Lei Penal mais benéfica. 
 
19/3/2019 (Terça) 
 
C. Conflito aparente de normas 
São normas que coexistem no tempo, abrangendo o mesmo assunto. 
 
Técnicas para solução desses aparentes conflitos: 
i. Especialidade 
A norma especial se sobrepõe à norma geral. Embora ambas tutelem o mesmo 
bem jurídico, uma delas apresenta uma especificidade (elemento específico) em 
relação à outra. 
Exemplo: 
Elementar Específico 
Morte – art. 121, §3º, CP Trânsito – art. 302, CTB 
Morte – art. 121, §3º, CP Estado puerperal – art. 123, CP (infanticídio) 
 
ii. Subsidiariedade 
As normas cuidam de graus de violação de bens jurídicos. Subdividem-se: 
a. Expressa: quando a própria lei indica a aplicação da norma de maior 
gravidade. Normalmente o preceito secundário da norma subsidiária é 
seguido pela expressão “Se o fato não constitui crime mais grave” 
Exemplo: art. 238, CP e art. 314, CP 
 
b. Tácita: a norma prevalente é mais abrangente na proteção de bens jurídicos 
que a norma subsidiária. 
Exemplo: 
art. 146, CP → 3m a 1 ano (é subsidiário em relação ao art. 213) 
+ 
art. 213, CP 
 
iii. Consunção ou absorção 
Um tipo penal é normalmente fase ou normal meio para a prática de um outro 
tipo penal. Subdivide-se em: 
a. Crime progressivo: há uma única intenção (dolo), porém a conduta 
antecedente é etapa necessária ao crime subsequente. Ambos os crimes 
estão na mesma linha de desdobramento da ofensa. 
Exemplo: 
Homicídio simples - art. 121, CP 
x 
Lesão corporal - art. 129, CP 
 
b. Progressão criminosa: no percurso do crime há uma mudança de intenção 
(dolo) do agente (progressão). 
Todo homicídio passa 
por lesão corporal 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 21/51 
 
Exemplo: 
A lesão corporal era o dolo, mas durante o ato ocorreu o homicídio. 
A intenção era o roubo, mas percebendo a fragilidade da vítima praticou o 
estupro. 
 
c. Relação de meio a fim ou antefato não punível: há 2 crimes independentes, 
porém o crime antecedente é meio necessário para a prática do crime fim 
(que é seu real objetivo). 
Exemplo: 
Violação de domicílio - art. 150, CP (este é o meio) 
x 
Furto - art. 155, CP (este é o fim) 
 
d. Pós-fato impunível: a conduta subsequente não configura crime, ainda que 
se amolde a um tipo penal próprio. 
Exemplo: 
Furto de celular e, em seguida, quebrá-lo. 
 
22/3/2019 (Sexta) 
 
2) Lei Penal no espaço 
 
A. Teorias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Conceito de território brasileiro 
i. No sentido jurídico → soberania brasileira 
ii. No sentido materialou real → solo e subsolo; mar territorial e coluna atmosférica 
correspondente 
iii. Por extensão → embarcação pública brasileira ou a serviço do governo brasileiro, 
em qualquer lugar que se encontrem; e as embarcações brasileiras privadas que 
se encontrem em alto-mar. 
 
 
 
 
Teorias
Da ação Do resultado
Mista ou da 
ubiquidade: 
art. 6º, CP
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 22/51 
 
Territorialidade 
 Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional. 
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza 
pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem 
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. 
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo 
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, 
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço 
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
b) Extraterritorialidade da lei brasileira (art. 7º e Lei nº 8617/93) 
 Lugar do crime 
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
 
 
 Extraterritorialidade 
 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
 I - os crimes: 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (itens 
a, b e c - princípio da defesa, real, ou de proteção) 
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
(princípio da nacionalidade ativa ou princípio da justiça nacional universal) 
 II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 b) praticados por brasileiro; 
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, 
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 23/51 
 
 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
 c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição; 
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido 
a pena; 
 e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, 
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições 
previstas no parágrafo anterior: 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
Lei 8.617/93 
Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de 
passagem inocente no mar territorial brasileiro. 
§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial 
à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. 
§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas 
apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes 
comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por 
dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou 
aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. 
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos 
regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. 
 
 
 
Fonte: https://oab.grancursosonline.com.br/regressiva-oab-100-dias-dica-70-direito-penal-professor-
luciano-favaro/ 
 
https://oab.grancursosonline.com.br/regressiva-oab-100-dias-dica-70-direito-penal-professor-luciano-favaro/
https://oab.grancursosonline.com.br/regressiva-oab-100-dias-dica-70-direito-penal-professor-luciano-favaro/
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 24/51 
 
26/3/2019 (Terça) 
 
 
 
 
 
 
 
Lei da migração → Lei 13.445/17 
c) Eficácia das sentenças estrangeiras no Brasil 
Homologação da sentença estrangeira. 
A sentença judicial é um ato de soberania do Estado, assim como a execução da pena 
também é um ato de soberania. Desta forma, não se aplicam em nosso território as leis 
estrangeiras, não podendo seus julgados serem aqui executados, como se nacionais 
fossem. Somente para as duas finalidades previstas no artigo 9º do CP. 
Art. 7º, I
a
b
c
d
Art. 7º, II
A) Que por tratado ou convenção o 
Brasil se obrigou a reprimir;
JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL
B) Praticados por brasileiro;
NACIONALIDADE ATIVA
C) Praticados em embarcações ou 
aeronaves brasileiras, mercantes ou 
privadas, quando em território 
estrangeiro e aí não tenham sido 
julgados.
PAVILHÃO OU BANDEIRA
Extraterritorialidade incondicionada 
(§1º, do art. 7º, CP), ou seja, ainda que 
o agente seja absolvido ou condenado 
no estrangeiro, fica sujeito a reexame 
da causa no Brasil. 
Extraterritorialidade condicionada 
(§2º, do art. 7º, CP): 
A) Entrar o agente no território 
brasileiro; 
B) Ser o fato punível também no 
país; 
C) Estar o crime entre aqueles que a 
lei brasileira permite a 
extradição; 
D) Não ter sido o agente absolvido 
no estrangeiro ou cumprido 
pena; 
E) Não ter sido o agente perdoado 
no estrangeiro ou ter extinta a 
punibilidade de acordo com a lei 
mais favorável. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 25/51 
 
O mencionado artigo dispõe que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei 
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, poderá ser homologada no 
Brasil a fim de obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos 
civis, bem como sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
São requisitos para a homologação: 
Na hipótese do art. 9º, I do CP, de pedido da parte interessada; no caso do inciso II do 
mesmo artigo da existência de tratado de extradição com o País de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da 
Justiça. 
 
A homologação da sentença estrangeira, após a EC 45/04, é de competência STJ, nos 
termos do art. 105, I, “i" da CF. 
 
d) Contagem de prazo no direito penal → art. 10 combinado com art. 11, CP 
• Contam-se os prazos com inclusão do dia do começo, subtraindo um dia no final. 
• Começo do prazo: termo a quo, encerramento do prazo: termo ad quem. 
• A contagem é contínua, não se interrompendo nos fins de semana, feriado, etc. 
• Não se computa no dia as frações dele, ou seja, as horas. 
• Características do prazo penal: improrrogabilidade (não serão adiados para o 
próximo dia útil), suspensão e interrupção. 
 
Exemplo: 
Art. 157, CP – 4 a 10 anos 
Sentença → 5a e 4m 
Começo: 26/3/19 
Fim: 25/7/24 
 
 
 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 26/51 
 
2º Bimestre 
 
29/3/2019 (Sexta) 
Unidade IV – Teoria Geral do Crime 
 
1) Conceito de crime 
a) No sentido material: é a conduta humana comissiva (positiva-fazer) ou omissiva 
(negativa-abster de fazer) que produz lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico. 
b) No sentido formal: é a subsunção do fatoà norma, ou seja, é o enquadramento da 
conduta humana a um tipo penal previsto em lei. 
c) No sentido analítico: 
i) Teoria bipartite → é todo fato típico + antijurídico, sendo a culpabilidade um 
pressuposto para aplicação da pena. 
ii) Teoria tripartite → é todo fato típico + antijurídico + culpável (teoria adotada pelo 
Código Penal) 
 
 
Conceito de crime
Material
Crime é uma ação ou omissão 
que viola os bens jurídicos 
mais importantes. Enfatiza-se 
a relevância jurídico-penal do 
mal causado e reafirma o 
princípio da intervenção 
mínima.
Legal
Crime é "a infração penal que 
a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer 
isoladamente, quer 
alternativa ou 
cumulativamente com a pena 
de multa [...]"
(art. 1º da LICP).
Analítico
Crime é um fato típico, ilícito 
e praticado por agente 
culpável (teoria tripartite -
adotada) ou um fato típico e 
ilícito (teoria bipartite -
considera a culpabilidade 
como pressuposto de 
aplicação da pena).
Fato típico
Conduta
Resultado
Nexo causal
Tipicidade
Antijurídico 
ou ilícito
Contrariedade à 
ordem jurídica
Culpável
Imputabilidade
Potencial 
consciência de 
ilicitude
Exigibilidade de 
conduta diversa
El
em
en
to
s 
El
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en
to
s 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 27/51 
 
 
 
 
Notas: 
✓ Para ser um crime tem que passar por todos os degraus (fato típico, ilícito e culpabilidade). 
✓ A conduta requer consciência e vontade. 
✓ Nexo causal: relação de causa e efeito. 
✓ Tipicidade: enquadramento legal. 
✓ A legítima defesa é um excludente de ilicitude. 
✓ Inexigibilidade de conduta diversa: conduta ilícita, mas aceita pela sociedade. Por exemplo, o 
gerente de banco que quando a família está ameaçada de morte, abre o cofre do banco para os 
ladrões. A conduta não é culpável. 
✓ Exclusão da coação física é exclusão do fato típico (não há conduta), exclusão da coação moral é 
exclusão de culpa (inexigibilidade de conduta diversa). 
 
2) Sujeitos do crime 
a) Ativo 
i) Executor: quem realiza o verbo descrito no tipo penal (direto) ou, embora não 
pratique o verbo, tem o domínio final dos fatos (indireto). 
 Nota: 
✓ Mandante e executor respondem pelo crime. 
 
ii) Partícipe: não realiza o verbo descrito no tipo, nem tem o domínio final dos fatos, 
mas concorre de qualquer forma para o crime, induzindo, instigando ou auxiliando 
o executor. 
 Nota: 
✓ Por exemplo, quem emprestou a arma para outra pessoa cometer homicídio e sabe da 
intenção do outro, quem instiga outro a praticar suicídio, quem fica na esquina vigiando 
para outros roubarem, quem dirige o carro de fuga, enfim, qualquer colaboração ou 
auxílio para o outro praticar crime. 
Fato típico
Antijurídico 
ou ilícito
Culpável Crime
Fato típico
•Conduta
•Resultado
•Nexo causal
•Tipicidade
Antijurídico ou 
ilícito
•Contrariedade à 
ordem jurídica
Culpável
•Imputabilidade
•Potencial consciência 
da ilicitude
•Exigibilidade de 
conduta diversa
CRIME 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 28/51 
 
b) Passivo: quem sofre a ação ou sobre quem recaem as consequências do crime. É a vítima 
do crime. 
i) Eventual (imediato): sofre objetivamente a ação, titular do bem jurídico tutelado 
pelo direito penal. Por exemplo, no caso de um roubo à farmácia, o funcionário que 
teve a arma de fogo ameaçando a sua integridade física e o dono da farmácia que 
sofreu lesão ao patrimônio. 
 Nota: 
✓ Animais e mortos não podem ser sujeitos passivos. 
ii) Constante (mediato): Estado, o Poder Público, titular do ius puniendi. 
 
2/4/2019 (Terça) 
 
3) Objeto do crime 
a) Objeto jurídico: é o bem jurídico tutelado pela norma, plano abstrato. Exemplo: a vida 
humana, o patrimônio, a dignidade sexual, a honra etc. 
b) Objeto material: é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta humana (vítima). 
Exemplo: a vida do Pedro, o celular do João etc. Individualização do bem jurídico 
tutelado. 
Notas: 
✓ Quando não há objeto material, o crime é impossível para o bem jurídico em análise. Pode 
haver outro crime, deve ser analisado cada um dos bens jurídicos. Ao atirar em um cadáver, 
não há objeto material, pois não existe vida (bem jurídico tutelado). Ao tentar roubar ou 
furtar alguém, a vítima não tem dinheiro ou qualquer objeto de valor, não há objeto material, 
pois não existe patrimônio (bem jurídico tutelado). 
✓ Bolso vazio → crime impossível, bolso errado → crime tentado. 
 
4) Classificação doutrinária dos crimes 
a) Quanto às circunstâncias que influem na pena: 
i) Simples: art. 121, caput, CP – 6 a 20 anos 
ii) Privilegiado: art. 121, §1º – diminuído de 1/6 a 1/3. Exemplo: pai que matou o 
vizinho que estava tocando nas partes íntimas da filha. 
iii) Qualificado: art. 121, §2º – 12 a 30 anos. Exemplo: matou por provocação em 
virtude de jogo de futebol, por causa de um copo de cachaça, por causa de herança, 
latrocínio. 
iv) Circunstanciado: pena aumentada em 1/3. Exemplo: homicídio de menor de 14 
anos, homicídio de idoso. 
 
 Homicídio simples 
 Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 29/51 
 
 II - por motivo fútil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
b) Quanto aos sujeitos do crime: 
i) Comum: a lei não exige condição especial do agente, qualquer pessoa pode cometer 
o crime. 
ii) Próprio: a lei exige uma condição própria do agente. Exemplo: corrupção passiva 
(art. 317, CP), peculato, abuso de autoridade. 
Corrupção passiva 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
 § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de 
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de 
outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
iii) Mão própria: a lei exige uma condição especial e o crime é praticado pela própria 
pessoa, sem o auxílio de outra pessoa. Exemplo: art. 124 (autoaborto) e 342 (falso 
testemunho), CP. 
 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe 
provoque: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 
 Falso testemunho ou falsa perícia 
 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como 
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, 
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 § 1º - As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é 
praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova 
destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que 
for parte entidade da administraçãopública direta ou indireta. 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 30/51 
 
 § 2º - O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em 
que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. 
 
iv) De concurso necessário: crime cometido por 2 ou mais agentes. Exemplo: 
art. 137 (rixa) e 288 (associação criminosa), CP 
 
Rixa 
 Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, 
aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis 
meses a dois anos. 
 
 
Associação Criminosa 
 Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico 
de cometer crimes: 
 Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é 
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. 
 
c) Quanto à consumação: 
i) Instantâneo: a conduta é executada e produz o resultado imediatamente (o ato é 
consumado no mesmo instante). Exemplo: furto, roubo, homicídio. 
ii) Permanente: a conduta é praticada e a consumação se perpetua no tempo. 
Exemplo: sequestro e cárcere privado, porte ilegal de arma de fogo, extorsão 
mediante sequestro. 
 Obs.: se o agente for pego, será flagrante delito, pois a conduta está 
sendo praticada. 
iii) Instantâneo de efeitos permanentes: única conduta e os efeitos perduram 
produzindo mudanças no mundo exterior. Exemplo: art. 235 (bigamia), CP; crime de 
falsidade documental. 
 
Bigamia 
 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
 § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa 
casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou 
detenção, de um a três anos. 
 § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro 
por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime. 
 
 
 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 31/51 
 
5/4/2019 (Sexta) 
 
d) Quanto à conduta do agente: 
i) Comissivo (fazer) 
ii) Omissivo (não fazer) 
 
 
Omissão de socorro 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou 
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pública: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão 
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar 
imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa 
causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não 
constituir elemento de crime mais grave. 
 Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do 
veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate 
de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 
 
Relação de causalidade 
 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão 
sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
iii) De conduta mista: 1ª comissiva e 2ª omissiva (conduta ilícita) → por exemplo, art. 
168-A, a 1ª ação é comissiva (desconto do INSS da folha de pagamento do 
funcionário) e a 2ª ação é omissiva (não repassar o valor descontado para o INSS). 
 
Apropriação indébita previdenciária 
 Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições 
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
 Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por 
erro, caso fortuito ou força da natureza: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
• Próprio: art. 135, CP e art. 304, CTB 
• Impróprio (comissivo por omissão) → garantes: art. 121, CP c/c art. 13, §2º 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 32/51 
 
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
 ... 
Apropriação de coisa achada 
 II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou 
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de 
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. 
 
e) Quanto ao “iter criminis”: 
i) Consumado: art. 14, I, CP 
ii) Tentado: art. 14, II, CP 
iii) Exaurido: pós fato impunível, por exemplo, vender o celular furtado. A venda do 
celular não é crime, o crime foi o furto. Todo pós fato impunível é crime exaurido. 
iv) Crime impossível: art. 17, CP, por exemplo, matar o morto, portar arma de fogo que 
não possui gatilho. 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua 
definição legal; 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
Crime impossível 
 Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do 
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o 
crime. 
 
f) Quanto à intenção do agente: 
i) Doloso: o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
 Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo; 
 
ii) Culposo: trilogia da culpa (imprudência, negligência ou imperícia) 
 
iii) Preterdoloso: dolo antecedente + culpa no consequente, por exemplo, lesão 
corporal seguida de morte. 
Trilogia da culpa
Imprudência Negligência Imperícia
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 33/51 
 
g) Quanto ao resultado: 
i) Material: a lei prevê um resultado naturalístico e exige que o resultado se produza. 
ii) Formal: a lei prevê um resultado naturalístico, mas não exige que o resultado se 
produza. No crime de extorsão mediante sequestro, a lei prevê o resultado 
(extorsão), mas mesmo que o resgaste não seja pago há o crime de sequestro. 
Extorsão mediante sequestro 
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
 Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
 
Corrupção passiva 
 Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
No caso do art. 317, o verbo receber é crime material, enquanto os verbos solicitar 
e aceitar, mesmo que não se receba (resultado), são crimes formais. 
 
iii) Mera conduta: a lei não prevê resultado naturalístico, pune-se pelo resultado 
normativo (a lei define), por exemplo, porte de arma de fogo. 
 
9/4/2019 (Terça) 
 
h) Quanto à materialidade: 
i) Crime de dano: consuma-se com a efetiva lesão ao bem jurídico (ex.: art. 121, 
homicídio). 
ii) Crime de perigo: consuma-se com a possibilidade de lesão ao bem jurídico (ex.: 
art. 132, periclitação). 
 
 
 
 
 
 
i) Quanto à relação com outros delitos: 
i) Simples: verbo nuclear (básico). Ajusta-se em um único tipo penal. Ex.: furto. 
ii) Complexo: fusão de 2 ou mais tipos penais ou fusão de crime e comportamento 
irrelevante. 
 
 
 
• Concreto: necessita de comprovação do perigo. Ex.: ar.t. 309, CTB – dirigir veículo 
automotor sem a devida permissão para dirigir ou habilitação.• Abstrato: dispensa a comprovação de ter sido o bem jurídico colocado em 
situação de perigo. O perigo é inerente à própria conduta. Basta a realização da 
conduta para a consumação do delito. Ex.: porte ilegal de arma de fogo. 
• Puro (perfeito) ou em sentido estrito: fusão de 2 ou mais crimes. Ex.: art. 157 e 
art. 159, CP. 
• Impuro (imperfeito) ou em sentido amplo: fusão entre 1 crime e uma conduta 
especial não criminosa. Ex.: art. 213, CP 
 
 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 34/51 
 
Classificação doutrinária dos crimes 
 
Quanto às circunstâncias 
que influem na pena
• Simples
• Privilegiado
• Qualificado
• Circunstanciado
Quanto aos sujeitos do 
crime
• Comum
• Próprio
• Mão própria
• Concurso necessário
Quanto à consumação
• Instantâneo
• Permanente
• Instantâneo de efeitos 
permanentes
Quanto à conduta do 
agente
• Omissivo
• Comissivo
• De conduta mista
Quanto ao "iter criminis"
• Consumado
• Tentado
• Exaurido
• Crime impossível
Quanto à intenção do 
agente
• Doloso
• Culposo
• Preterdoloso
Quanto ao resultado
• Material
• Formal
Quanto à materialidade
• Crime de dano
• Crime de perigo
Quanto à relação com 
outros delitos
• Simples
• Complexo
• Puro (perfeito)
• Impuro (imperfeito)
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 35/51 
 
Do crime 
 
1) Fato típico 
A) CONDUTA 
A1) Conceito 
Comportamento humano, positivo (comissivo – fazer) ou negativo (omissivo – não 
fazer), consciente e voluntário dirigido a um fim (teoria finalista da ação). 
A2) Espécies 
Doloso → é a conduta dirigida a um fim, com intenção (ilícito) de produzir o resultado 
(teoria da vontade – art. 18, I, 1ª parte) ou assumindo o risco (fim lícito) de produzir o 
resultado (teoria do assentimento – art. 18, I, 2ª parte). 
Culposa → é a conduta dirigida a um fim lícito, porém, sem querer a produção do 
resultado, nem assumindo o risco de produzi-lo, dá causa ao mesmo por imprudência, 
negligência ou imperícia (art. 18, II, CP). 
Dolo eventual / Culpa consciente 
 
A3) Ausência de conduta 
 
 
A4) Conduta dolosa 
A4.a. Teorias sobre o dolo 
 
Teorias 
sobre o 
dolo
Da vontade Conduta dirigida a obtenção do
resultado ilícito
(art. 18, I, 1ª parte, CP)
Da representação Basta a previsão do resultado
(não adotado pelo CP)
Do assentimento Conduta dirigida assumindo o
risco de obtenção de um
resultado ilícito
(art. 18, I, 2ª parte, CP)
Inconsciência: hipnotismo, 
sonambulismo, crises 
convulsivas, etc. 
 
Involuntariedade 
ou inconsciência
Força externa
Evento da 
natureza
Ação de terceiro
Coação física 
irresistível
Ato reflexo
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 36/51 
 
 
A4.b. Espécies de dolo 
 
 
Notas: 
✓ Nem sempre dirigir embriagado significa dolo eventual, é preciso analisar o caso concreto. 
Há circunstâncias que precisam ser agregadas: desrespeitar o sinal vermelho, dirigir em 
velocidade muito acima da permitida etc. É importante esta definição, pois se é considerado 
dolo eventual será tratado pelo Código Penal, enquanto se for culpa será tratado pelo CTB. 
✓ O dolo eventual é incompatível com o crime tentado. 
✓ O dolo alternativo está ligado ao resultado, visa-se um ou outro resultado. 
✓ Nas situações de desvio do nexo causal, não há interferência de um terceiro. 
 
•1º grau: Consciência e voluntariedade dirigida à produção de um
resultado visado pelo agente. Ex.: matar um aluno em sala de aula com
um tiro.
•2º grau: idem ao anterior, porém, ciente o agente que sua conduta
recairá também sobre outrem não visado, como consequência
necessária (efeito colateral) para alcançar seu intento final. Ex.:
colocar uma bomba embaixo da cadeira de um aluno visando matá-lo
e, consequentemente, os demais alunos morrerão. O agente
responderá pela morte de todos os alunos, ainda que o alvo inicial
fosse somente um aluno.
Direto (fim ilícito)
•Eventual: o agente dirige sua conduta de forma consciente e
voluntária, porém, sem intenção de produzir o resultado previsto.
Entretanto, entre deixar de praticar a conduta para evitar a produção
desse resultado, ou praticá-la, assumindo o risco de sua produção,
opta por esta última, assumindo o risco como consequência possível.
Ex.: dirigir embriagado, desrespeitando os sinais vermelhos e em alta
velocidade. Jogar entulho do 10º andar de um prédio visando atingir
uma caçamba e o entulho cai sobre uma pessoa.
•Alternativo: o agente dirige sua conduta visando a produção de um ou
outro resultado, satisfazendo-se com a obtenção de qualquer deles.
Indireto
•Dolo geral: o agente pratica a 1ª conduta dirigida a um fim ilícito. 
Porém, exaurida a execução, este, supondo ter alcançado o resultado 
pretendido, pratica a 2ª conduta. Esta última, porém, é a causa 
produtora do resultado. Ex.: 
•Aberratio causae: o sujeito pratica a conduta, porém, no curso causal, 
há um desvio que é o causador do resultado. Neste caso, o agente 
responde mesmo assim pelo resultado. Ex.: o ladrão ao perseguir a 
vítima para efetuar o roubo, faz com que a vítima saia correndo e seja 
atropelada. Neste caso, o ladrão responde por latrocínio.
Desvio do nexo causal
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 37/51 
 
A5) Conduta culposa 
Elementos 
A5.a. Voluntariedade 
Conduta lícita, o ato é voluntário, só não há a intenção de causar o crime. Por 
exemplo, há voluntariedade de dirigir o carro, porém não se quer atropelar ninguém. 
 
A5.b. Inobservância do dever de cuidado objetivo 
Regras básicas de cuidado conhecidas e empregadas regularmente. 
 
 
A5.c. Previsibilidade 
É a capacidade atribuída ao homem comum (homem médio) de, analisando o 
caso concreto, antever a produção de um resultado ilícito. 
Subdivide-se em: 
 Previsto (CULPA CONSCIENTE) → o que é antevisto pelo agente, ou seja, a 
imagem do resultado ilícito se apresenta na mente dele. Confia na própria 
habilidade em não produzir o crime. 
 Previsível (CULPA INCONSCIENTE) → o resultado não é antevisto, mas 
poderia ser, se o agente tomasse os cuidados esperados de uma pessoa 
média. 
Dolo eventual → foda-se 
Culpa consciente → Ih... fudeu 
 
3/5/2019 (Sexta) 
 
A5.d. Resultado naturalístico involuntário 
O agente não quis o resultado (ou teríamos dolo), mas este foi causado pela 
violação do dever objetivo de cuidado. Só há crime culposo se houver um resultado 
naturalístico, ou seja, uma modificação no mundo exterior (crimes culposos são crimes 
materiais). 
Se o agente voluntariamente pratica uma ação ou omissão com violação do 
dever objetivo de cuidado e não produz nenhum resultado, o fato é penalmente 
irrelevante. 
 
A5.e. Nexo causal 
Nexo que liga a conduta e o resultado. 
 
A5.f. Tipicidade 
A conduta deve se subsumir à descrição típica, a qual, por sua vez, deve prever 
a forma culposa (atentar à excepcionalidade do crime culposo). 
Trilogia da culpa
Imprudência: ato 
positivo, fazer sem o 
devido cuidado objetivo. 
Ex.: dirigir em alta 
velocidade, avançar o 
sinal vermelho.
Negligência: abstenção, 
deixar de tomar o 
cuidado objetivo. Ex.: 
dirigir com pneus careca.
Imperícia: arte, ofício ou 
profissão. Ex.: o 
motorista profissional 
calcula mal o espaço 
para fazer uma curva e 
joga um ciclista para fora 
da via.
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 38/51 
 
A6) Conduta preterdolosa 
O agente atua com dolo na pretensão de obter um resultado, porém, as 
consequências são mais graves do que pretendia. 
Diz-se que há dolo no antecedente + culpa no consequente 
 
 
 
Exemplos: 
▪ art. 129, §3º, CP (lesão corporal seguida de morte); 
▪ art. 157, §3º, CP (latrocínio → dolo ou culpa, a pena é a mesma, há críticas 
quanto a isso), etc. 
 
B) RESULTADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
B1) Critérios para definição do início da execução: 
i) Objetivo-formal: o início da execução ocorre com a realização do elemento objetivo 
do tipo penal (verbo). → ADOTADO PELO CP 
ii) Objetivo-individual: o início da execução ocorre quando o agente põe em prática seu 
intento, voltado à obtenção do resultadoprevisto. Utilizado em crimes de furto a 
domicílio. 
 
 
7/5/2019 (Terça) 
 
B2) Tentativa 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
 
 
Cogitação Preparação Execução Resultado
Iter 
criminis
RESULTADO 
• Consumação → art. 14, I, CP 
• Tentativa → art. 14, II, CP 
• Desistência voluntária 
• Arrependimento eficaz 
• Crime impossível 
 
Atos preparatórios impuníveis (regra) Atos puníveis (regra) 
 
conduta inicial no resultado 
Direito Penal 1 – Prof. Wander Pág. 39/51 
 
 
 
 
Aplicação da pena para os crimes tentados 
Na 3ª fase da dosimetria, o juiz reduz a pena até então calculada, entre 1/3 a 2/3. Esta 
redução é obrigatória, aplicando-se a menor redução quanto maior for a aproximação da 
consumação e vice-versa. 
Notas: 
✓ Nas 1ªs e 2ªs fases da dosimetria não é possível que a pena seja menor do que está 
previsto na lei para aquele tipo penal, mas na 3ª fase é possível. 
✓ Art. 121, CP – Reclusão de 6 a 20 anos 
Pena: 9 anos → redução de 1/3: 6 anos 
Pena: 9 anos → redução de 2/3: 3 anos 
 
Consumação do crime de latrocínio 
Há tentativa de latrocínio quando o sujeito age com dolo de subtrair e dolo de matar, mas o 
resultado morte não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Portanto, o fator determinante para a consumação é a ocorrência do resultado morte, 
sendo desprezada a efetiva inversão da posse do bem. 
Súmula 610 do STF: há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não 
realize o agente a subtração de bens da vítima. 
Roubo Morte Latrocínio 
Consumado Consumada Consumado 
Tentado Tentada Tentado 
Consumado Tentada Tentado 
Tentado Consumada Consumado 
 
Infrações que não admitem a forma tentada 
 Culposos 
 Preterdolosos 
 Contravenções penais 
 Omissivos próprios 
 Unissubsistentes 
 Crimes que exigem a produção do resultado naturalístico para a sua tipicidade 
Classificação da tentativa
Tentativa imperfeita (ou inacabada):
Há interrupção do processo executório, por motivos alheios à vontade do 
agente, não se produzindo o resultado pretendido.
Tentativa perfeita (ou crime falho):
Há o encerramento (exaurimento) do processo executório, porém, o resultado 
pretendido pelo agente não sobrevém.
Tentativa incruenta (ou branca):
Não há lesão ao objeto material.
Tentativa cruenta (ou vermelha): 
Há lesão ao objeto material, porém, o resultado pretendido não é obtido.
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B3) Desistência voluntária (art. 15, 1ª parte, CP) 
O agente interrompe o processo executório de forma voluntária (não precisa ser 
espontâneo) impedindo a produção do resultado. 
B4) Arrependimento eficaz (art. 15, 2ª parte, CP) 
O agente encerra a etapa executória de crime, porém, arrependido, age de forma a 
impedir que o resultado se produza. 
 
 Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já 
praticados 
 
Notas: 
✓ Consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz → só responde 
pelos atos até então praticados. 
✓ Desistência → posso, mas não quero. Tentativa → quero, mas não posso. 
 
Desistência voluntária Tentativa 
“Posso prosseguir, mas não quero” 
(fórmula de Frank) 
Ex.: Pedro pretende matar Maria e 
adquire uma arma com 10 munições. 
Após atingir o ombro de Maria e ainda 
com 8 munições disponíveis, Pedro 
desiste voluntariamente de prosseguir 
na execução e abandona o local, 
evitando a morte da vítima. Pedro só 
responderá pelas lesões corporais 
praticadas. 
“Quero prosseguir, mas não posso” 
(fórmula de Frank) 
Ex.: Caio pretende roubar um 
estabelecimento comercial e anuncia o 
assalto, ordenando que a vítima 
entregue o dinheiro do caixa. Ocorre 
que, em razão do dinheiro estar no 
cofre e ter juntado uma aglomeração de 
clientes, o roubo deixou de se consumar 
por circunstâncias alheias a vontade do 
agente. 
 
10/5/2019 (Sexta) 
 
B5) Arrependimento posterior 
Há o encerramento (exaurimento) da fase executória, com a obtenção do resultado 
pretendido. Porém, arrependido, o autor do crime atua no sentido de restituição do 
objeto ou no ressarcimento do dano à vítima antes do recebimento da denúncia pelo 
juiz. Sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16, CP). 
 
Requisitos 
(i) Crimes praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa; 
(ii) Ato voluntário (não precisa ser espontâneo) do agente; 
(iii) Válido somente se o agente o faz até antes do recebimento da denúncia. Se após 
incide como circunstância atenuante genérica. 
 
Súmula 582 do STJ 
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição 
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imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa 
e pacífica ou desvigiada. 
 
Arrependimento eficaz Arrependimento posterior 
O agente consegue impedir a produção 
do resultado e só responde pelos atos 
já praticados. 
O resultado já foi produzido e o agente 
repara o dano ou restitui a coisa objeto 
do crime até o recebimento da 
denúncia ou da queixa. 
Causa de exclusão da tipicidade quanto 
ao crime desejado inicialmente. 
Causa geral de diminuição de pena. 
 
 
B6) Crime impossível 
Teoria objetiva temperada → teoria adotada pelo CP 
Chamada tentativa inidônea, uma vez que a forma, ainda que tentada, é inapta a 
produção do resultado pretendido pelo agente, quer pela ineficácia absoluta do meio 
de execução empregado, ou pela absoluta impropriedade do objeto material. Trata-se, 
portanto, de atipicidade da conduta (art. 17, CP). 
 
Exemplos: 
a) Autoaborto (art. 124, CP) 
• Ao ingerir uma substância que não é abortiva, trata-se de crime impossível 
(ineficácia absoluta). 
• Se ingerir uma substância abortiva, mas em pequena quantidade, trata-se de 
crime tentado (ineficácia relativa). 
 
b) Munição velha ou de festim 
• Ao atirar em alguém com arma sem munição ou munição de festim (crime 
impossível). 
• Ao atirar em alguém com munição velha (crime tentado). 
 
c) Ao tentar furtar 
• Bolso vazio (crime impossível) 
• Bolso errado (crime tentado) 
 
Espécies de crime impossível 
Por ineficácia absoluta do meio Por impropriedade absoluta do objeto 
O meio de execução empregado 
é inapto para produzir o 
resultado. Ex.: a arma 
quebrada, inapta para disparar, 
é ineficaz para causar a morte. 
O bem jurídico não existe ou, pelas circunstâncias 
do caso, é impossível de ser atingido. Ex.: matar a 
pessoa já falecida (o homicídio só pode recair 
sobre pessoa viva); tentar causar o aborto em 
mulher que não está grávida. 
Ambas devem ser aferidas depois da prática da conduta. 
Se forem relativas, haverá tentativa, e não crime impossível. 
 
Súmula 145 do STF 
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação. 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2119 
 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2119
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Flagrante 
Flagrante preparado Flagrante esperado Flagrante forjado 
“A polícia provoca o 
agente a praticar o delito 
e, ao mesmo tempo, 
impede a sua 
consumação, cuidando-se, 
assim, de crime 
impossível” (crime 
putativo por obra do 
agente provocador, crime 
de ensaio ou de 
experiência). 
“A polícia tem notícias de 
que uma infração penal 
será cometida e aguarda o 
momento de sua 
consumação para 
executar a prisão”. 
 
Não é crime impossível. 
“A conduta do agente é 
criada pela polícia, 
tratando-se de fato 
atípico”. 
 
Temas relevantes 
Furto Súmula 567 do STJ: sistema de vigilância realizado por 
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança

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