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NOSSOS MAIS ANTIGOS ANCESTRAIS
1. Os primeiros ocupantes
Em 1825, o naturalista dinamarquês Peter Lund mudou-se para o Brasil, onde residiu até morrer, em 1880. Entre 1834 e 1844, ele se estabeleceu na aldeia de Lagoa Santa, em Minas Gerais, e começou a estudar as cavernas da região. Nesse local, encontrou mais de 12 mil fragmentos de ossos fossilizados de animais, além de alguns fósseis humanos, conservados durante milhares de anos. Ao analisar o material, Lund descobriu que muitos desses ossos pertenceram a espécies extintas, como o megatério, um bicho-preguiça de até sete metros de comprimento. Constatou, ainda, que seres humanos conviveram com esses animais gigantescos e que a presença humana em nosso território era muito mais antiga do que se imaginava na época.
Um século depois de Lund, os pesquisadores já identificaram cerca de 20 mil diferentes sítios arqueológicos pré-históricos no Brasil, nos quais foram encontrados objetos de pedra e cerâmica, esculturas e restos de alimentos de milhares de anos. Esses vestígios ajudam a reconstituir hábitos e costumes dos primeiros ocupantes de nosso território (uma das mais importantes fontes desses estudos são as pinturas rupestres).
2. Sítios arqueológicos
A maior concentração de sítios arqueológicos no Brasil encontra-se no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí. Com mais de setecentos sítios, o local é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (ONU). De todos os sítios da região, o mais antigo e importante é o Boqueirão da Pedra Furada, onde foram encontrados vestígios que, segundo alguns pesquisadores, indicam a presença humana no local há cerca de 50 mil anos.
Lagoa Santa 
A região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, é outro dos principais sítios arqueológicos do país. Aí foi encontrado o crânio de Luzia, além de machados de pedra. Também é antiga a presença humana no Vale do Peruaçu, no alto São Francisco (MG). Pesquisas indicam que esse lugar começou a ser ocupado há aproximadamente 11 mil anos.
As tradições Umbu e Humaitá 
Entre 9500 a.C. e 1500 d.C., aproximadamente, os campos da região Sul do país e do estado de São Paulo foram ocupados por grupos da tradição Umbu. Exímios fabricantes de instrumentos de pedra, eles difundiram duas grandes inovações tecnológicas: o arco e flecha e as boleadeiras, arma de caça ainda hoje utilizada nos pampas gaúchos. Formadas por duas ou três bolas de pedra amarradas em tiras de couro, elas eram arremessadas contra as pernas do animal caçado, de modo a imobilizá-lo. 
Os povos da tradição Humaitá viveram na mesma região. Inicialmente, dividiram alguns espaços com os povos da tradição Umbu. Mais tarde, trocaram os campos pelas matas, preferindo as partes altas ou as encostas. Fabricavam instrumentos de pedra e, além dos produtos da caça e da pesca, alimentavam-se de pinhão, que assavam, cozinhavam, ou transformavam em farinha para o fabrico de pães e bolos.
 Os sambaquis
 Acredita-se que entre 7 mil e 6 mil anos atrás, o litoral brasileiro começou a ser ocupado por povos que viviam principalmente de recursos marinhos. Como dispunham de comida abundante – proveniente da caça, da pesca e da coleta de frutas, raízes e moluscos –, não precisavam mudar com frequência de um lugar para outro e acabavam permanecendo por muito tempo na mesma região. 
Um de seus costumes era guardar as conchas dos moluscos coletados e empilhá-las juntamente com restos de comida, ossos de animais e ferramentas. Aos poucos, essas pilhas se transformaram em elevações, algumas com mais de 20 metros de altura. São os sambaquis (palavra tupi que quer dizer ‘amontoado de mariscos’), também chamados de concheiros. Nessas elevações, as pessoas construíam suas moradias e enterravam seus mortos. 
Os sambaquis são encontrados em trechos do litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul até a Bahia, e do Maranhão até o Pará (veja mapa na página 26). O sambaqui mais antigo do Brasil fica no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Nessa região, cientistas encontraram em 2001 a ossada de um homem que viveu há cerca de 9 mil anos. Os povos dos sambaquis desapareceram por volta de 1500.
Povos da Amazônia e de Marajó 
Pesquisas arqueológicas comprovam que a região amazônica já era habitada por povos caçadores-coletores há cerca de 12 mil anos. Por volta de 2000 a.C., alguns desses povos começaram a praticar a agricultura e a arte da cerâmica. Entre os anos 1000 a.C. e 1000 d.C., surgiram na região sociedades mais complexas, com uma organização social hierárquica e um artesanato altamente desenvolvido. O centro de uma dessas sociedades parece ter se estabelecido nas proximidades da atual cidade de Santarém, no Pará, às margens do rio Tapajós. É a chamada cultura tapajônica, que se caracterizou por sua produção de objetos de cerâmica, como estatuetas, cachimbos, vasos e urnas decoradas com representações de animais ou pessoas. Os pesquisadores acreditam que esses objetos eram utilizados em cultos e cerimoniais religiosos.
Há cerca de 3 500 anos, grupos de agricultores começaram a colonizar a ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas. Aí, por volta do ano 200, surgiu a mais notável cultura amazônica do período anterior à chegada dos europeus no Brasil: a civilização marajoara. 
Para escapar das enchentes, os marajoaras erguiam elevações – os tesos – às margens dos rios, sobre as quais construíam suas habitações. Além de agricultores, eram também especialistas na fabricação de objetos de cerâmica. 
Um terceiro sítio arqueológico importante no Pará é o de Pedra Pintada, no município de Monte Alegre. Pesquisas recentes revelaram nesse sítio a presença de grupos humanos há cerca de 11 200 anos.
Paleoíndios do Sul e do Sudeste 
Por volta de 3500 a.C., desenvolveu-se no Sul e no Sudeste uma cultura de agricultores e ceramistas conhecida como povo de Itararé. Esses paleoíndios se instalaram em planaltos a mais de 800 metros acima do nível do mar, em regiões frias. Para se abrigar, eles construíam suas habitações abaixo do solo.
 Para isso, escavavam buracos de até 8 metros de profundidade e 20 metros de diâmetro. Depois, cobriam- nos com um teto feito provavelmente de madeira, argila e gramíneas. As habitações se comunicavam entre si por meio de túneis, onde também ficavam guardados alimentos e certos objetos, como vasos de cerâmica.
População sedentária do alto Xingu 
Vestígios de antigas populações indígenas encontrados no alto Xingu, no norte de Mato Grosso, estão derrubando a tese de que no passado os povos indígenas da Amazônia estavam organizados em aldeias de no máximo cem pessoas e de que seus integrantes se deslocavam de um lugar para outro sempre que a comida escasseava. 
Estudos recentes revelam que, entre 1200 e 1600, a região do alto Xingu foi habitada por uma sociedade de estrutura mais sofisticada do que se imaginava. Há indícios de que a região chegou a abrigar 19 aldeias de formato circular, interligadas umas às outras por meio de estradas retilíneas de terra batida. Essas estradas mediam de 3 a 5 quilômetros de extensão e tinham de 10 a 50 metros de largura. 
Dotadas de praças, pontes e represas, as maiores aldeias eram protegidas por fossas de até 5 metros de profundidade e por muros de paliçadas. Ao redor delas, havia um cinturão agrícola com produtos cultivados na fértil terra preta. 
De acordo com os cientistas, a população dessas aldeias variava de 2 500 a 5 mil pessoas. Essa concentração populacional é, segundo os especialistas, típica de uma sociedade sedentária com algum grau de divisão social hierárquica. 
O sítio arqueológico do alto Xingu ocupa uma área de aproximadamente 400 km2 e está localizado nas proximidades das atuais aldeias dos povos Kuikuro. Os cientistas trabalham com a hipótese de que os Kuikuro sejam herdeiros culturais desses antigos habitantes do alto Xingu.
RESPONDER
1. O naturalista dinamarquês Peter Lund é considerado o mais importante pioneiro da arqueologia brasileira. Por que seu trabalho foi relevante para o estudo de nossos paleoíndios? 
2. O passadodos povos que viviam no atual território brasileiro antes da chegada dos europeus pode ser conhecido por meio de vestígios encontrados pelos arqueólogos. Quais são os tipos de vestígios mais importantes para esse tipo de pesquisa? 
3. Os mais antigos habitantes do território brasileiro são chamados pelos pesquisadores de paleoíndios. Descreva como esses povos viviam. 
4. Aponte as principais características e a importância dos sítios arqueológicos da serra da Capivara e da região de Lagoa Santa. 
5. Indique, separadamente, quais são as principais características dos povos de tradição Umbu e dos povos de tradição Humaitá. 
6. Os grupos humanos que, segundo as pesquisas atuais, chegaram ao litoral brasileiro entre 7 mil e 6 mil anos atrás são denominados de “povos dos sambaquis”. O que são os sambaquis e para que serviam?
 7. A região amazônica já era habitada há cerca de 12 mil anos por povos caçadores-coletores. Por que podemos afi rmar que esses povos constituíram sociedades complexas? 
8. Qual foi a solução encontrada pelo povo de Itararé para se proteger do frio nas regiões que habitavam?

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