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KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Título Original — When Seducing a Duke AAARRRGGGUUUMMMEEENNNTTTOOO Encantar, seduzir, cativar... São só umas poucas coisas que uma mulher deve fazer enquanto seduz um Duque. Rose Danvers mostra seus encantos em um brilhante baile de máscaras com um único homem em mente. Seria capaz de arriscar-se a provocar um escândalo por um beijo de Greyden Kane, Duque de Ryeton... Embora anseie muito mais, muitíssimo mais... A deslumbrante mulher vestida de cor vinho deixa Grey sem fôlego. Recorda à protegida beldade que tem a seu encargo, a única que chegou ao seu coração de gelo. Mas Rose jamais seria tão indiscreta, nem se deixaria levar pela paixão... Acreditando que o abraço proibido seja um erro, Grey sabe que deve se comportar de forma honorável e encontrar um marido para Rose. Mas a jovem não se deixará dirigir em nome do decoro, e não descansará até ter levado ao fim sua sedução e ter o Duque em sua cama, casado e muito satisfeito. A única coisa que Gray tem que dizer é sim... Disponibilização — Soryu Tradução — Silvia Paula Revisão Inicial — Gi Vagliengo Revisão Final — Morgana Visto Final e Formatação — Analu KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww SSSOOOBBBRRREEE AAA AAAUUUTTTOOORRRAAA Kathryn Smith decidiu que queria ser uma escritora de novelas românticas quando tinha somente 10 anos e leu Cinzas ao Vento de Kathleen Woodiwiss. Naquela época começou a dar seus primeiros passos, brincando com vários gêneros como fantasia ou horror embora sempre retornasse ao romance. Entretanto, não foi até que chegou aos vinte quando teve coragem necessária para perseguir seu sonho enviando um de seus livros a um editor em 2001. Quatro meses depois, conseguiu um contrato e depois publicou uma dúzia de livros, tendo dado o salto da novela romântica histórica à romântica paranormal e marcando para 2008 o objetivo de embarcar em uma nova aventura, publicando o primeiro livro de sua série de fantasia urbana romântica, The Nightmare Chronicles. Atualmente, Kathryn vive com seu marido Steve e seu gato em Ottawa, Ontario, onde passa os dias diante do computador criando personagens e argumentos para futuros livros. IIINNNFFFOOORRRMMMAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA SSSÉÉÉRRRIIIEEE 01 — A Máscara do Amor - Lançamento 02 — Cartas de Amor – A Lançar 03 — When Tempting a Rogue KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww CCCAAAPPPÍÍÍTTTUUULLLOOO 000111 Londres, maio de 1877. Ao longo de sua privilegiada vida, havia pouquíssimas coisas que se tivessem negado a Greyden Kane, Duque de Ryeton. Em geral, inclusive seus caprichos mais insignificantes se cumpriam em questão de segundos. Mas apesar de ser um homem tão afortunado, o destino, com seu agudo sentido de ironia, deu muito mais do que pedira, como por exemplo, uma cicatriz que atravessava a face esquerda, e que nessa noite estava oculta sob a máscara de pele que cobria quase todo o rosto. Por essa cicatriz, Sua Graça se converteu em um perito em ocultar seus desejos e seus sentimentos, e tinha se acostumado à abnegação. E era essa abnegação que o tinha levado aquela noite ao Saint Row. Igual aos seus clientes, o Clube Saint Row oferecia um aspecto decente, mas debaixo daquela fachada, se as pessoas soubessem onde olhar, se escondiam todos os prazeres imagináveis, inclusive os mais escandalosos e proibidos. Em uma parte da casa, damas e Cavalheiros participavam de uma festa mais normal. Enquanto que em outra, muito menos decorosa, podia-se dar rédea solta aos desejos, sem temor de ser descoberto. Dito de outra maneira era um lugar onde o decoro se cruzava com o pecado, mas nunca eram oficialmente apresentados. O impressionante edifício permanecia fiel ao estilo da época em que foi construído, durante o reinado do Jorge IV. Naquele tempo, era um teatro, e seguiu sendo durante uns cinqüenta anos, até que seu proprietário, um tal Senhor Threwsbury, perdeu-o, junto com o resto de sua fortuna, em uma partida de cartas. E o fato de que tivesse perdido para uma mulher... Bem, podia-se dizer que Threwsbury teve que ir-se da Inglaterra, não só para fugir de seus credores, mas também para deixar de escutar as piadas que se faziam sobre ele. Que Vienne A Rieux não era uma mulher normal ficou em evidência logo que tomou posse do teatro Saint Row e converteu o abandonado edifício, em um estabelecimento de primeira classe em apenas seis meses. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Agora era um Clube exclusivo onde eram bem vindos tanto homens como mulheres, sempre que pudessem custear o elevadíssimo preço da entrada. Do mesmo modo, havia celebrações e bailes, e um restaurante aberto ao público, mas baile como o dessa noite, onde todos usavam máscaras e o álcool fluía sem restrição... Eram somente para os sócios. O único modo de que uma pessoa alheia ao Clube pudesse assistir era se fosse convidado de algum membro. Nessa noite, Archer era o convidado de Grey. Este não o tinha convidado porque necessitava do apoio de seu irmão mais novo, mas sim porque sabia que teria sido impossível tira-lo de cima. Archer não o teria deixado em paz até conseguir que o levasse com ele. Mas nessa noite Grey tinha intenção de satisfazer seus desejos de uma vez por todas, estivesse ou não acompanhado de seu irmão. Saint Row emanava energia e diversão, junto com a promessa um pouco mais sensual. Essa promessa era o que fizera que Grey subisse ao camarote e ficasse ali observando. Esperando. Archer, que tinha dez meses a menos que Grey sentou-se ao seu lado. O mais jovem dos Kane não tinha tantos olhares, como seu irmão mais velho, na hora de escolher uma mulher e estava disposto a ter um romance com a primeira que cruzasse em seu caminho. Era como um cavalo de corridas a ponto de sair disparado para a meta. — Santo Deus, Arch — Grey não pode evitar soar zangado. Que seu irmão caçula o vigiasse como uma babá resultava exaustivo e humilhante, para não mencionar que era claro que Archer queria participar da festa. — Se está tão ansioso, por que não vai procurar uma dessas damas que não deixam de olhá-lo e relaxa um pouco? Possivelmente assim eu poderei fazer o mesmo. Archer se remexeu incômodo na poltrona forrada de veludo. Igual a seu irmão, carregava uma simples máscara negra. — Não estou tão ansioso, mas obrigado. Vê algo que você goste? Dirigindo sua atenção para a multidão que havia abaixo, Grey encolheu os ombros. — Ainda não. — Não entendo que seja tão exigente. Não basta que tenha uns olhos bonitos, um sorriso agradável, e que esteja disposta? KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Não — respondeu Grey sem desviar o olhar dos convidados — Não me basta. O que ele procurava em uma parceira não era tão simples, nem tão nobre. Seus desejos eram procurar uma companheira de cama e se assemelhavam perigosamente a uma obsessão. A única que necessitava para excitar-se era que a dama em questão tivesse o cabelo castanho, os lábios carnudos e umas curvas deliciosas. Assim podia fingir que estava com a única que de verdade desejava, Rose. A última vez que tinha pousado seu olhar naqueles olhos pardosfora alguns meses atrás, quando Grey visitou o imóvel que possuía em Kent. Bramsley estava o suficientemente perto para ir ali mais freqüentemente, se quisesse, mas o bastante longe de Londres para justificar suas ausências. Por que se torturar mais do que o necessário? Agora, sentia de novo essa tortura enquanto seguia ali, escondido entre as sombras, observando o espetáculo. Silencioso como um espectro, terminou a champanha e deixou a taça em cima de uma mesinha. Era um caçador paciente, mas o desejo que sentia em seu interior ameaçava fazê-lo perder os nervos. Mas esperaria. — Ah, ali vejo uma preciosa gazela em busca de um dono — comentou Archer inclinando-se para frente sem dissimular sua luxúria. Os dois irmãos tinham uma espessa e ondulada cabeleira, mas enquanto a de Archer era quase negra, a de Grey tinha certo tom avermelhado. Os pálidos olhos azuis de ambos eram quase idênticos, embora os do jovem fossem muito mais alegres que os de seu irmão mais velho. E Grey estava convencido de que suas maçãs do rosto não eram tão marcadas e que não tinha o nariz tão reto como Arch. Mas apesar de suas diferenças, era inegável que eram familiares. O sangue dos Kane era mais que evidente. Seu outro irmão Trystan e sua irmã Bronte também eram prova disso. Seguindo o olhar de Archer, Grey viu uma mulher de cabelo castanho e idade indeterminável que, coberta por um vestido de seda verde, passeava entre os que dançavam. Pelo modo com que observava os Cavalheiros da sala era claro que procurava companhia.Em outra época, isso só, teria bastado para despertar seu apetite. Houve uma época em que qualquer mulher teria servido, mas não mais. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww A dama levantou olhar e seus olhos brilharam por debaixo das plumas de sua máscara cor violeta. Cravou o olhar em Archer e sorriu. Ele devolveu o sorriso. — Desculpa-me? — disse a Grey, já de pé. Este tirou importância de sua partida com um gesto de mão. Embora desfrutasse da companhia de seu irmão, naquele momento preferia estar sozinho. Archer colocou uma mão no ombro. — Verei você pela manhã. De todos era sabido que Arch jamais voltava para casa antes do amanhecer, pois gostava de desfrutar da companhia de suas amantes. Em troca Grey nunca passava a noite com elas, assim sua fantasia seguia viva mais tempo. — Estarei esperando — respondeu. Grey não desviou o olhar da multidão, mas a partida de seu irmão o distraiu uns segundos. Quando voltou a ficar sozinho de novo, suspirou e estirou as pernas. Que diabo estava fazendo? Perguntou-se, igual às outras noites em que esteve ali. E, como sempre, não gostou da resposta. Estava ali porque queria algo que não podia ter, algo que havia prometido não desejar. Uma pessoa a quem nunca faria mal, que jamais se atreveria a profanar. Umas risadas ressonaram em seu ouvido, estridentes e desagradáveis, despertando as lembranças da noite, tempo atrás, em que sentiu o frio aço rasgando a face. Nesse instante, recordou que estava sozinho, embora ao seu redor houvesse centenas de pessoas passando bem. Grey não gostava de pessoas, e esse sentimento se intensificava quando ia as festas desse tipo, onde os convidados pareciam aves de rapina ansiosas por esquartejar um cadáver. Se não a encontrasse logo, teria que ir a busca de alternativa mais propícia, embora também mais desagradável. E então, como se fosse uma resposta a suas orações não pronunciadas, a viu. Grey se inclinou para frente, apertando o corrimão entre os dedos. Ali, em meio de todas aquelas flores de estufa, tinha florescido uma mulher tão selvagem que o deixou sem fôlego. O tempo se deteve, e também seu coração. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Vestia um vestido de cor vermelha, do mesmo tom que uma rosa ensangüentada. Os cós das mangas eram do mesmo tom bronze que a fita ao redor do decote. De onde estava quando tinha se colocado em pé podia ver os montes de seus luxuriosos seios iluminados pela luz dos candelabros. O corpete rodeava o tórax e marcava a cintura, justo por cima dos quadris, logo o tecido descia e cobria um traseiro que não necessitava a ajuda de nenhum enchimento para chamar a atenção de Grey. Este levantou os olhos e, ao ver a cabeleira cor café da misteriosa dama, preso em um coque solto, o coração voltou a pulsar. Tinha a pele branca e debaixo da máscara de seda de cor bronze, ocultava-se um nariz perfeito, seus lábios eram tão sensuais, que pareciam estar suplicando que os beijassem. Santo Deus. Se não fosse impossível, juraria que aquela mulher, aquele sonho, era sua Rose. Mas não podia ser. Uma jovem solteira jamais iria ali sozinha, e nenhuma das amizades da jovem se atreveria a convidar uma dama para um baile de máscaras, cujo único objetivo era a sedução. Todo mundo sabia o que acontecia naquelas festas particulares de Saint Row. E era impossível que alguém tão respeitável e inocente como Rose Danvers, se atrevesse a cruzar as portas daquele Clube. Não, aquela não era Rose, mas poderia ser sua irmã gêmea. E Grey não ia perder nem um segundo mais a olhando como um idiota, correndo o risco de que outro homem se aproximasse. Girando sobre seus calcanhares, saiu do camarote e abriu a pesada cortina antes de dirigir-se para o corredor. Ali, a luz era tão tênue como no reservado, apenas uns spots na parede iluminavam o caminho, mas Grey conhecia bem o interior do Clube e seus pés o guiaram seguros até o salão. Olhou de esguelha um casal que tinha se apoiado na parede, a mulher tinha a saia arregaçada até as coxas e o homem a estava acariciando com a mão. Os gemidos de prazer o fizeram acelerar o passo. Na metade da escada, encontrou-se com Madame A Rieux em pessoa. Devia ter mais ou menos sua idade, inclusive um pouco mais jovem. Era bonita e de pele clara, e sua cabeleira avermelhada parecia natural. Era uma mulher alta e magra, de inteligente olhar azul claro, e ia vestida com um simples e elegante vestido de seda amarela, que com certeza provinha da oficina de costura do Senhor Worth. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Monsieur le duc — saudou-o, com seu delicado acento francês ao mesmo tempo em que fazia uma ligeira reverência — Posso ajudar em algo? As boas maneiras e o costume o impulsionaram a parar e saudá- la quando o que na verdade queria fazer era desviá-la de seu caminho e ir à busca de sua flor selvagem. Abriu a boca para desculpar-se, mas de repente ocorreu algo. — Um aposento particular, Madame. Tem algum disponível? Sorriu, os lábios pintados de carmim se curvaram sem chegar a se separar. — Para você, Sua Graça? É claro — Deslizou um par de dedos longos e magros para o interior de seu decote e tirou uma pequena chave pendurada em uma corrente, que a seguir ofereceu — A última porta à direita. Terá toda a intimidade e privacidade que deseje. Grey apertou a chave entre seus dedos. Era uma autêntica filigrana e ainda retinha o calor da pele da mulher. — Obrigado. Confio em que o acrescentará a minha conta. — É claro — Madame A Rieux inclinou a cabeça — Quer que também mande uma garrafa de champanha? — Sim. Por favor — guardou a chave no bolso — E agora, se me desculpar... A mulher sorriu de novo, elegante, mas sem ser atrevida. — Que tenha uma noite agradável, Excelência. Grey assentiu, apressou-se escada abaixo e não diminuiu até chegar ao salão. Tampouco queria parecer muito ansioso. Entrou na sala de baile e piscou, enquanto seus olhos se adaptavam aquela sala, mais iluminada. Não estava acostumado a estar tão exposto, ele estava acostumado a ficar entre as sombras, evitando a todo custo que o vissem. Havia candelabros com velas,mas eram os abajures de gás, camuflados em spots mais antigos, os que proporcionavam toda a luz. Apesar de tudo, não se podia dizer que o salão estivesse excessivamente iluminado. Nenhuma dama corria o risco de que suas feições, pudessem ser vistas com precisão ou exatidão. Aquela sala era como uma caixa de bombons, decorada em tons nata e chocolate com toques dourados. Tinha o mobiliário justo para ser elegante sem cair no mau gosto, muito difícil de conseguir nessa época. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww A iluminação, agora que se acostumou a ela, permitia ver suficientemente, e a música tinha o volume adequado para seduzir ao ouvinte sem impedir a conversa. Embora Grey não tivesse precisamente vontade de falar. Quase ninguém o olhou ao entrar no salão, exatamente o que ele queria. Aqueles bailes de máscaras eram famosos por sua discrição e anonimato. Claro que sempre havia quem reconhecia alguém importante e poderoso assim que o via. Grey ignorou todos os presentes e com olhares examinou ao redor em busca da única pessoa que importava. E então a viu. Estava sozinha, de pé junto a uns casais que dançavam, como se estivesse procurando alguém. Os olhos dela se cravaram nos seus. Por um segundo acreditou que ela o reconhecera, mas devia ser um efeito da luz, pois sua expressão mudou no momento. Grey se aproximou. A mulher permanecia imóvel como uma gazela disposta a sair fugindo, se ele fizesse um movimento equivocado. Paciência, Kane — disse a si mesmo — Paciência. Cada passo que dava estava calculado. Ela devia chegar ao queixo e nesse preciso instante levantou um pouco a cabeça e o olhou no rosto. Seus doces lábios se entreabriram deixando descoberto o rosado interior de sua boca. Grey queria tocá-la, sentir seu fôlego contra seus dedos. Queria saboreá-la. Levantou uma mão enluvada. — Eu gostaria de muito dançar com você, Milady. Ela não duvidou nem um instante e deslizou os dedos nos dele. — Jamais me ocorreria negar nada, Milorde. Um calafrio de ansiedade percorreu Grey ao acompanhá-la até a pista de dança, onde os outros casais se moviam ao ritmo da música. Negar nada? Não, aquilo não ia acontecer essa noite. Estendeu a mão e a jovem a aceitou com um ligeiro tremor nos dedos. Grey começou a dançar com ela uma valsa muito mais sensual do que o habitual. A dança dava uma desculpa para abraçá-la. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Podia sentir o movimento de sua respiração contra a palma de sua mão, justo por debaixo do corpete. A julgar pela respiração acelerada e por sua reticência em olhá-lo aos olhos, ele a deixava nervosa. Que estivesse um pouco nervosa era normal, mas Grey não queria que tivesse medo. O que queria era que desejasse estar com ele, tanto como ele desejava estar com ela. — Gosta de conversar? — perguntou. Ela o olhou por debaixo de sua misteriosa máscara. — Sobre o que, Milorde? Grey sentiu um calafrio ao ouvi-la. Tinha a voz mais grave que a de Rose, mas se parecia muito com ela, e seu corpo reagiu com tal entusiasmo, que esteve a ponto de ter uma ereção no meio da pista de dança, com o conseguinte ridículo. — Sobre o que quiser — conseguiu dizer — Eu me conformo vendo-a mover os lábios. A jovem abaixou o olhar, era claro que não estava acostumada aos elogios, nem tampouco a flertar. Era perfeita. — Honra-me você. Possivelmente não possuo dotes de conversa, e odiaria aborrecê-lo. Ele negou com a cabeça. — A acho fascinante. Ela inclinou um pouco a cabeça e esboçou um sorriso zombeteiro. — Acaba de me conhecer, Milorde. Grey se aproximou mais dela. Com a coxa acariciou o quadril e, pelo modo em que reagiu, foi como se desse contra um forno aceso. — Em meu coração sinto que já somos amigos íntimos. A jovem abriu a boca, certamente para se queixar, mas ele o impediu apanhando seus lábios com os seus. No meio do salão, Grey se permitiu possuir os lábios daquela mulher. Úmida e ardente, a boca dele os acendeu a ambos. Podia sentir como ela ia se excitando, apertando-se cada vez mais contra seu corpo. Procurou a língua de Grey com a sua ao mesmo tempo em que se aferrava com força ao seu ombro e apertava a mão que segurava. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Tinha sabor de champanha e calidez, e tinha os lábios tão deliciosos como Grey sonhara. Não estava sendo excessivamente atrevido, mas não cabia dúvida de quais eram suas intenções. Ninguém que estivesse a menos de um quilômetro de distância teria nenhuma dúvida a respeito dessas intenções. Quando Grey por fim separou a cabeça e interrompeu o beijo, aquela feiticeira, ficou olhando-o com olhos brilhantes por trás da máscara. Lambeu os lábios e ele soube com intuitiva certeza que estava memorizando seu sabor. — Deixemos de tolices, carinho — murmurou com a boca agarrada à sua — logo que a vi, vim buscá-la para evitar que outro homem pudesse aproximar-se de você. — Fez isso? — perguntou — genuinamente surpresa, uma vez que encantada. Grey fez um esforço para não gemer de prazer e conseguiu sorrir. Soltou a mão e procurou em seu bolso a chave que deu Vienne A Rieux. Mostrou a jovem o delicado objeto de metal e depois o deslizou entre os seios. Ela estremeceu ao sentir o frio metal contra sua pele, e quando os dedos de Grey descansaram em cima de seus seios ficou completamente quieta. Tinha a pele suave e delicada como a seda, e ele queria percorrer com a língua cada uma das veias apenas visíveis sob a superfície, saborear o sal que haveria em seu decote. Mas aquele não era o lugar para fazê-lo. — É de um quarto — explicou — Quer que nos vejamos ali, ou me rejeitará e romperá meu coração? Ficou esperando durante o que foram um par de agonizantes pulsar. Então, os dedos dela se fecharam sobre os que ele seguia mantendo sobre seus seios, e um sensual sorriso apareceu em seu rosto. — Não poderia viver sabendo que quebrei seu coração, Milorde. — Quanto tempo demorará? — Deus, estava mais excitado que um menino de vinte anos. — Dez minutos — respondeu — De acordo? Nem pensar. — Cinco. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Ela foi incapaz de ocultar o estremecimento que percorreu todo o corpo. De algum modo, Grey conseguiu soltá-la e deixou que se fosse. Seguiu-a com olhos famintos até que desapareceu entre a multidão e chegou a uma saída que havia no outro extremo do salão. Ao chegar ali, deteve-se e deu meia volta para olhá-lo. Talvez fosse sua imaginação, mas inclusive da distância acreditou ver o desejo no olhar da mulher. Cinco minutos não era tanto. Só trezentos segundos. Por Deus, tinha demorado mais em se vestir para assistir ao baile. E tampouco serviria de nada parecer muito ansioso, não? Não queria que sua futura amante soubesse o muito que a desejava. Sair do salão e chegar à escada levaria trinta segundos. Subi-la outros vinte. Mas havia dito que daria cinco minutos. Tinha que esperar. Escondeu-se entre as sombras até que não pode resistir mais. Dois minutos antes do tempo, cruzou o atapetado corredor. Já não podia seguir reprimindo-se. Essa noite era para o prazer, e tinha intenção de aproveitá-la ao máximo, tanto que nem ele nem sua misteriosa dama poderiam caminhar durante uma semana. Estava quase na porta quando uma mão o segurou pelo braço. Irritado, deu-se meia volta para ver quem ousava incomodá-lo. E foi então quando viu um punho aproximando-se de seu nariz. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddeeSSaaiinntt RRooww CCCAAAPPPÍÍÍTTTUUULLLOOO 000222 Grey teve tempo de esquivar do golpe e o punho de seu agressor foi dar contra a parede. — Bastardo — insultou o homem, que do impulso foi parar no chão — matarei você. — Esta noite não — respondeu Grey, sério, puxando os punhos da camisa — Talvez quando estiver mais sóbrio poderia voltar a tentar. Seu agressor ficou olhando-o com olhos frágeis. Não era a primeira vez que Grey era vítima de um ataque surpresa, mas o último fora vários anos atrás e seus reflexos já não eram como os de antigamente. O coração pulsava furioso atrás das costelas. Aquele cretino o pegou despreparado. — Conheço-o Senhor? — perguntou — perdendo uns preciosos minutos de estar em companhia de sua misteriosa mascarada, para examinar o rosto daquele homem. O tipo cuspiu, mas só conseguiu manchar seu próprio queixo e gola da jaqueta. — Me tirou minha esposa, porco asqueroso! Grey arqueou as sobrancelhas e, embora parecesse estranho, sentiu-se de melhor humor. — Tenho que dizer Senhor, que me banho diariamente — Franziu o cenho — Martingale? É você? O outro bufou e tratou de ficar em pé. — Já sabe que sim... Senhor minucioso. Grey teria rido do ridículo insulto se não acreditasse que o homem tinha toda a razão do mundo de querer matá-lo. Deitou-se com Lady Martingale... fazia um monte de anos. E também com sua filha. Uma noite, mãe e filha brigaram por ele em meio a ópera. Foi todo um escândalo. Grey estendeu a mão. — Será melhor que o acompanhe a sua carruagem. Deveria retornar a casa. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Martingale o afastou com uma bofetada e, de algum modo, conseguiu recuperar as forças necessárias, para que seus músculos saturados de álcool, reagissem, embora tivesse que se apoiar na parede para levantar. — Foda-se. — Vamos — insistiu Grey com amabilidade — Deixe-me ajudar. Era o mínimo que podia fazer, depois de ter causado tanto dano. Claro que Lorde Martingale tampouco era um santo. Enquanto Grey assanhava-se com as mulheres de sua família, ele estivera se atirando a uma bailarina. Mas Martingale fora discreto e Grey... Bem, poderia se dizer que a discrição nunca fora sua maior virtude. O Conde deu um empurrão, mas estava tão bêbado que foi ele quem cambaleou. — Vai à merda. Os homens que o atacaram deveriam ter cortado algo mais do que seu rosto, filho de uma cadela. — Sim — respondeu Grey com frieza — Mas não o fizeram. E você deveria cuidar melhor de sua mulher. Os dois ficaram olhando um ao outro durante um segundo. Grey seguia firme e sóbrio, Martingale instável e bêbado. E, de repente, toda a ira pareceu abandonar o corpo deste último, deixando- o abatido e derrotado. Deu meia volta e percorreu o corredor apoiando- se na parede. Grey ficou observando-o com certa pena. Não que tivesse vontade de receber uma surra, mas talvez se o Conde tivesse dado um murro, teria ido dali satisfeito consigo mesmo, e ele teria cumprido parte de sua penitência. Agora se sentia estranhamente vazio. Talvez devesse ir embora dali, já não estava com humor para o romantismo. Mas não seria Cavalheiro permitir que a dama seguisse esperando-o. No mínimo deveria ir se desculpar. Deu meia volta e se dirigiu para o quarto em que ela estava. A porta se abriu justo quando Grey ia chamar, e sua dama apareceu diante dele, surpresa em vê-lo. O Duque franziu o cenho ao ver que vestira as luvas e segurava sua bolsa entre as mãos. — Ia embora? — Sim, assim é — respondeu com frieza, levantando o queixo — Eu não gosto que me façam esperar, Milorde. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Grey sorriu, diante da provocação que apresentava e descartou completamente a idéia de ir embora do Clube. Apoiando-se no batente da porta, bloqueou a passagem e a obrigou a retornar para o interior. — Está impaciente, Milady? Aquele quarto era feito para encontros clandestinos, o papel de parede era escuro e de boa qualidade. Havia impressionantes ramos de flores que destacavam com a cortina de fundo. O gesso do teto era da mesma cor dourada que os batentes da porta e das janelas. Umas pesadas cortinas, para impedir que a luz ou a curiosidade se intrometessem naquele espaço, adornavam as janelas. O chão era de madeira, polida e encerada, e ainda por cima tinha macios tapetes de idênticos tons ao do papel da parede. A cama, enorme e com dossel, era de mogno esculpida à mão, e estava coberta com lençóis negros e dourados, que alguém abrira para dar as boas vindas aos seus ocupantes. Teria ficado nervosa ao ver-se ali esperando-o? Teria se sentado na cama, com as pernas cruzadas, para tratar de apaziguar seu desejo? — Sim, estava impaciente — replicou ela irada — Mas a espera é do mais eficaz para amortecer as ânsias. Então Grey riu, e fechou a porta, deixando os dois ali trancados. Era só ele, ou a temperatura da quarto tinha subido um par de graus? — Ah, sim? — Deu um passo, aproximando-se — Eu sempre acreditei que a espera faz que se sinta ainda mais desejo. Ela se manteve firme, mas ele podia sentir que estava a ponto de deixá-lo plantado. Estavam tão perto um do outro que quase se tocavam... O peito dela subia e descia acelerado com cada respiração. Todo o corpo de Grey estava tenso, alerta. Os escuros olhos da jovem procuraram os seus. — Então, você deve me desejar muito, Milorde. A faísca de desejo que brilhou no olhar feminino foi inconfundível. Umas chamas douradas começaram a arder por trás daquela cor chocolate, atraindo Grey como as moscas ao mel. — Sim — Tinha a voz rouca, mas a julgar por como tremeu, isso a sua dama devia gostar — Desejo você muitíssimo. Aqueles delicados lábios se entreabriram sem que saísse nenhum som. Ela seguiu observando-o com olhos ardentes, e o único que Grey foi capaz de pensar era que precisava fazê-la sua. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Desejou poder tirar a máscara e ver o rosto, mas então a mulher quereria fazer o mesmo, e ele não podia correr esse risco. Grey não queria que visse seu destroçado rosto, não queria ter que enfrentar suas perguntas, tanto se chegasse a formulá-las como se não. Levantou uma mão e a agarrou pela nuca para aproximar-se. Ao inclinar a cabeça, pode sentir seu hálito quente e doce acariciando o rosto. Viu-a ficar nas pontas dos pés para agarrar-se a gola de sua jaqueta, enquanto ele tomava posse de seus lábios com os seus. A jovem o beijou com o mesmo ardor que Grey sentia em sua alma... e quando por fim se afastaram, não era o único que tinha a respiração entrecortada. — Champanha — sussurrou Grey, soltando-a. Teria se dado conta de que tinha desatado as alças que rodeavam o corpete pelas costas? Um par de ligeiros puxões pelos ombros e poderia despi-la sem muita dificuldade. Mas não queria precipitar as coisas, ela era perfeita para sua fantasia e queria saborear cada momento. Lançou sua jaqueta à poltrona que tinha mais perto e desabotoou o colete ao se aproximar da mesa dos licores. Serviu um par de taças e afrouxou o nó do lenço. Por fim podia voltar a respirar. Deus, a confusão estava feita! Retornou junto dela, com uma taça de champanha na mão, ela estava sentada na ponta da cama, com o olhar fixo no triângulo de pele que ficou descoberto, quando Grey soltou o lenço, nem acreditava que seu pescoço fosse tão fascinante, nem diferente ao de qualquer outro homem, claro que tampouco tinha comparado nunca essa parte de sua anatomia com a de ninguém mais. Sentou-se ao seu lado, e ela aceitou a taça que ofereceu e a esvaziou de um gole. Ah, aquela jovem era doce e inocente... Algo que em sua juventude teria feito graça, mas queagora o enternecia. — Devagar — aconselhou — Temos toda a noite. — Ah, sim? — perguntou ela, olhando-o. Grey assentiu, e afundou o dedo indicador no frio líquido de sua taça. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Sim. Não queria pensar em que ela pudesse ter alguém esperando em casa ao amanhecer. Naquele quarto, estando os dois sozinhos, negava- se a pensar em ninguém mais. Nada mais importava. Aproximou o dedo úmido à boca e desenhou com ele a curva de seu lábio inferior, acariciando ligeiramente a parte interior do mesmo. Ela sustentou seu olhar, e com a língua lambeu o dedo. Esse gesto fez estourar a luxúria em Grey. Aquela mulher era uma sedutora, uma mistura excitante e impossível entre inocência e sensualidade. Se sobrevivesse a essa noite, asseguraria de dar graças a Deus por ter permitido conhecê-la, porque estava seguro de que não merecia um presente como aquele. Começaram a acariciar o rosto um do outro. Ele não tentou tirar a máscara, nem sequer uma vez e ela tampouco. Era como se entendesse sua necessidade de permanecer oculto. Os dedos dela eram como suaves e cálidas plumas. Grey fechou os olhos e se rendeu a tão deliciosa tortura. Com o polegar, percorreu o lábio inferior e ele repetiu seu gesto, lambendo-o. Ela suspirou de prazer, e foi o som mais maravilhoso que ele já ouviu. Quando as taças ficaram vazias, Grey as deixou em cima da mesa. Dessa vez, quando se aproximou dela, pegou-a pelos braços e a colocou em pé. A champanha a relaxara e estava algo lânguida, mas não bêbada. Ficou quieta, permitindo que seus dedos deslizassem o vestido pelos ombros, e quando o tecido se negou a seguir abaixando, afrouxou mais as alças do corpete. Devagar, o objeto se soltou e caiu até a cintura. Grey puxou o vestido até o chão. Depois, segurou-a pela cintura com uma mão, e, com a outra, afastou o objeto que se formou em redemoinhos ao redor de seus pés. Nada de falsa modéstia, nem de paqueras. Aquele magnífico exemplar de mulher estava diante dele, coberta só por sua honestidade, permitindo que a devorasse com o olhar. Ainda usava um pouco de roupa, uma ligeira camisa ocultava sua pele, mas Grey ficou com água na boca só de vê-la. Percorreu os seios com os olhos, detendo-se nos mamilos rosados que se insinuavam debaixo da seda. Seus seios caberiam nas palmas de suas mãos, e quase podia senti-los quentes sob seus dedos. Ela inspirou, e uma aréola apareceu como pétala por cima da borda do tecido. Grey estendeu a mão e a acariciou. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Linda — murmurou, inclinando a cabeça para beijar com delicadeza o decote, e o pescoço — Cheira como a chuva da primavera — disse — inalando com deleite. — Você gosta da chuva? — perguntou ela quase sem fôlego. — Sim — olhou-a nos olhos. Os seus brilhavam como a lua e Grey acariciou o queixo — Limpa o mundo, e em seu caminho tudo fica como novo. É pura — Percorreu — os lábios e o queixo com o polegar — É doce e úmida. A jovem sorriu. — Tem sorte que a Inglaterra seja um país chuvoso. Ele devolveu o sorriso, inclusive nisso aquela mulher era idêntica a Rose. — Sim. Então voltou a beijá-la, mais que antes. Seus dedos, estranhamente trêmulos, desabotoaram a camisa enquanto ela puxava a camisa dele para fora das calças. Grey se afastou uns segundos para tirá-la pela cabeça e lançá-la do outro lado do quarto. Quando foi abraça-la de novo, colocou as mãos na cintura para detê-lo. Tinha-as tão cálidas e suaves que não pode evitar suspirar ao senti-las em contato com sua pele. — Espere — sussurrou a mulher — quero tocar você. Grey deixou cair os braços aos flancos. — Pois me toque. Maldita fosse por ter conseguido fazê-lo suplicar, pensou, mas estava muito excitado para ter orgulho Ela podia fazer com ele o que quisesse, sempre e quando seguisse acariciando-o como se fosse alguém especial, em vez do homem cheio de defeitos que era na realidade. Percorreu o tórax com as mãos, percorrendo cada sulco e fenda. Depois as deslizou até a clavícula. Parecia estar fascinada com seu corpo e Grey se animou com isso e não só isso. Tremia onde ela o tocava, era como se seu corpo estivesse desesperado por aquelas carícias. Voltou a seaproximar. — Agora me toque. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Beijou-a de novo, acabando de desabotoar a camisa. Afastou o tecido e também o deslizou até o chão. Rodeou o pescoço com os braços, afundando os dedos em seu cabelo ,enquanto ele se separava o suficiente para poder desabotoar e tirar as calças. Até que a deitou na cama não se deu conta de que ela só vestia as meias, e que ele estava nu. Faminto de desejo, devorou seu corpo com os olhos. Tinha as pernas longas e bem torneadas, as panturrilhas ligeiramente musculosas. Os quadris voluptuosos, o ventre suave. Entre suas pernas, um triângulo de pelo escuro suplicava suas carícias. Tinha a cintura estreita, os seios generosos de mamilos rosados, que se excitaram ao sentir seu olhar. Deus, ela era toda doce e suave, um aprimoramento que dava água na boca. A mulher o olhou também de cima abaixo, sem ocultar o quanto gostava e, quando se topou com sua ereção, seus olhos se arregalaram, conseguindo que Grey se sentisse inclusive mais satisfeito consigo mesmo mais que antes. Ele nunca fora um desses homens que se sentem inseguros do tamanho de seu membro ou de suas técnicas amorosas, mas aquela jovem o fazia sentir como um garanhão, como um deus. Ela estendeu uma mão e o tocou ali, rodeando com os dedos sua ereção. Grey gemeu de prazer. Estava acariciando-o, e se moveu preso dessa mão, seu pênis tremendo de desejo. Deixou que o explorasse até que foi incapaz de seguir suportando-o, e então cobriu a mão com a sua e a afastou com cuidado. — Fiz algo mal? — perguntou inquieta. Ele riu, uma risada rouca e trêmula. — Deus, não. É só que não quero terminar em sua mão. — Hummm — ruborizou-se. Grey sorriu e acariciou sua face. O coração deu um tombo ao entrar em contato com sua pele, foi como receber um murro no peito. Era só sexo, disse a si mesmo. Essa reação tão emocional se devia unicamente ao muito que aquela mulher se assemelhava a Rose e a que ela parecia importar de verdade. Não tinha do que se preocupar. Ao sair o sol, tudo terá se desvanecido. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Apoiando-se em um cotovelo. Grey inclinou a cabeça e apanhou um seio entre seus lábios. Ouvi-la gemer de prazer ferveu o sangue, ela afundou os dedos em seu cabelo para encoraja-lo a que seguisse beijando-a daquele modo. Arqueou as costas e quando sugou com mais força, gritou e puxou-o para beijá-lo, separando as pernas. Grey repetiu o processo com o outro seio, acariciando o agora úmido sexo com sua ereção. Aquela mulher era todo ardor e desejo. Seria tão fácil, era tão tentador, afundar-se nela e perder-se ali para sempre. Mas ainda não. Ainda não. Deslizou uma mão por seu tórax, percorrendo cada costela com os dedos. Ao chegar à curva do umbigo, desenhou-o com insuportável lentidão, riscando o círculo uma e outra vez, até que por fim alcançou o ansiado tesouro que ocultavam suas pernas. Ela não teve que pedir, não teve que emitir nenhum som para que Grey soubesse o que queria. Mas apesar de tudo, uns delicados gemidos escaparam de seus lábios, e levantou os quadris a modo de convite. Ele a abriu com um dedo e o deslizou em seu interior, encontrando, com surpreendente facilidade, o lugar exato onde queria que a tocasse. Gritou quando ele com a ponta do dedo acariciou o pequeno botão, e Grey se inclinoumordiscando o seio brandamente. Logo, substituiu o dedo pelo polegar, deleitando-se na umidade que encontrou em seu caminho. A jovem gemeu de prazer e arqueou os quadris, enquanto ele a explorava até dar com a carícia que mais a fazia enlouquecer. Então, Grey deu rédea solta ao seu desejo e a acariciou e atormentou até que a sentiu mover-se descontrolada, contra sua mão, linda, sem rastro de pudor. De repente, enquanto seguia levando-a ao abismo com seu polegar, afundou um segundo dedo em seu interior. As coxas da mulher apertaram sua mão, suplicando que seguisse. Estava molhada e Grey podia deslizar com facilidade. Estava tão tenso que inclusive temia estar a ponto de perder o controle e, apesar de tudo, não podia negar a si mesmo o prazer de vê-la ter um orgasmo pela primeira vez. Assim levantou a cabeça e a olhou. Então a mulher chegou ao clímax. Não era comparável a nada que Grey tivesse visto antes. Tinha o colo e o pescoço ruborizados, da mesma cor que suas faces. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Os lábios entreabertos, gemendo sem censura. As costas arqueadas como uma onda, entregava-se ao prazer com cada célula de seu corpo. Era linda. Sorrindo satisfeito, colocou-se de joelhos em cima dela. — Gostou? — Como pode sequer me perguntar isso — respondeu, depois de piscar. Grey riu e, com as mãos a ambos os lados da cabeça dela, abaixou-se para beijá-la de novo. Mordeu o lábio inferior. Separou as coxas com os joelhos e a viu entreabrir as pernas, deliciada. Com uma mão, guiou sua ereção até a entrada do sexo feminino, que notava úmida e quente. E então empurrou para frente, devagar, abrindo-a à medida que ia se introduzindo. Ela se agarrou as suas costas, levantando as pernas para ajustar-se melhor. O interior de seu sexo deu a s boas vindas, mas se esticou um pouco e Grey pensou... não, não era possível. Sua misteriosa dama rodeou a cintura com as pernas, dando permissão para penetrá-la mais. — Deus, está tão apertada... — exclamou, tremendo um pouco ao notar que já estava dentro. — Você não gosta? — perguntou insegura. Escapou outra risada rouca. — Meu amor, eu gosto tanto que não sei se poderei agüentar muito. Então, a muito coquete, moveu os quadris e conseguiu arrancar um gemido. — É uma provocadora. Ela riu, uma risada profunda que ficou em nada logo que Grey moveu os quadris. Isso ensinaria a não rir, pensou. E, Oh, Deus, estar em seu interior era como estar no céu. Com cada investida se aproximava mais e mais ao abismo. Cada vez que a jovem levantava os quadris para recebê-lo, perdia um pouco mais o controle. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Mas já não importava. Estava muito excitado para que importasse. Afastou-se um pouco só para poder voltar a perder-se na profundidade de sua misteriosa dama, uma e outra vez, e outra, e, enquanto se aferrava aos lençóis da cama, afundava as unhas nas costas. Estavam agarrados um ao outro, seus corpos ondulavam em uníssono. Grey não podia pensar, e muito menos falar. Tinha fundido a mente e seu corpo tinha voltado para a vida, deleitando-se em cada sensação, cada sentimento. Os batimentos de seu coração se aceleravam ao ritmo de seu desejo. O Duque tivera muitos encontros clandestinos sem sentido ao longo de sua vida, mas aquele não era um deles. Em muitas ocasiões, havia-se sentido atraído por sua companheira de cama, mas nada remotamente parecido ao que agora estava sentindo. O que tinha aquela mulher de especial? Além de que recordava a... — Rose — sussurrou. Se ela o ouviu não disse nada, graças a Deus. Inclusive ele sabia que era imperdoável pronunciar o nome de outra mulher em um momento tão íntimo. Mas apenas teve tempo de lamentá-lo, pois sentiu que as coxas da mulher o apertavam, justo antes de precipitar-se no orgasmo. Grey empurrou com força, e seus movimentos se aceleraram até que por fim também perdeu o controle e explodiu com ela. Seus gritos de prazer se misturaram, até que foi impossível distinguir qual dos dois pertencia. Foi um milagre que ele se lembrasse de afastar-se a tempo e pudesse ejacular em cima dos lençóis e não dentro dela. Ficaram deitados, entrelaçados um com o outro e ensopados de suor, com a respiração entrecortada, durante o que bem poderia ser horas ou meros minutos. Em circunstâncias normais, a essas alturas Grey estaria já se vestindo para ir embora, mas aquela noite não tinha nenhuma pressa, e quando a mulher tentou escapar de seu abraço a deteve. — Não vá KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Olhou-o nos olhos e, maldita fosse, deve ter visto o desespero neles, porque, sem dizer nada, voltou a se deitar, permitindo que a apertasse de novo contra seu peito. Grey acariciou a sedosa pele do ombro com os lábios. — Quero voltar a vê-la. — Não acredito que seja boa idéia. Segurou o queixo com a mão e virou a cabeça para obrigá-la a olhá-lo. Não importava que pensasse que era patético, nem parecer desesperado. O único que importava era que dissesse que sim. — Por favor. — Quando? Tinha a voz rouca, mas não tanto como ao começar a noite. Maldição tinha a mesma voz de Rose. — Dentro de uma semana — respondeu, com o coração dando saltos de alegria — Não me será possível escapar até então. — De acordo — aceitou ela — Onde? — Aqui. Neste mesmo quarto. Eu me encarregarei de organizá-lo. — Aqui — assentiu a jovem — dentro de uma semana. Grey sorriu. Agora já soava mais convencida, mais entusiasta. — Obrigado. E, então, se caso ela pensava que com essa conversa sua noite chegara ao fim, ele a abraçou e voltou a colocar-se em cima dela. Beijou-a devagar, com ternura, esperando que se recuperasse para voltar a seduzi-la. Beijou as bordas da máscara, as faces e, por fim, os lábios... Até que ela começou a mover-se debaixo dele, procurando seus quadris com os seus. Grey fez amor pela segunda vez e, ao terminar, ambos estavam exaustos, satisfeitos. Permitiu-se inclusive o luxo de ficar adormecido entre os braços dela. Quanto tempo fazia que não passava uma noite toda com uma mulher? Muito. Esqueceu-se que agradável era sentir o calor de outra pessoa ao seu lado, do que era sentir aquelas suaves curva contra suas coxas. Estava fechando as pálpebras quando se deu conta de que não sabia o nome de sua misteriosa dama, e que, portanto, seria impossível encontrá-la se não aparecesse na semana seguinte. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Se mudasse de opinião e não aparecesse, a perderia para sempre. Uma parte dele sabia que se isso chegasse a acontecer poderia superá- lo. Mas outra... E foi essa parte a que fez abraçar e apertá-la contra ele com todas suas forças. Ainda faltavam várias horas para que amanhecesse quando Rose Danvers abriu os olhos. Santo Deus, como tinha corrido o risco de dormir? Era muito tarde. Se quisesse pegar o primeiro trem e convencer sua mãe de que não saíra de seu quarto em toda a noite, tinha que ir- se dali o quanto antes. Não podia perder mais tempo olhando embevecida como Grey dormia, escutando sua suave respiração e seus suspiros. Embora, para falar a verdade, poderia passar toda a eternidade fazendo simplesmente isso. Era tão atraente, que só de olha-lo rompia o coração, a máscara que cobria o rosto não incomodava absolutamente, pois Rose conhecia de cor cada um de seus traços. Nem sequer aquela horrível cicatriz podia ofuscar a perfeição de seu rosto. Agora tinha os olhos fechados, mas quando os abriam eram de um azul muito claro, com pequenas bolinhas verdes. Tinha o nariz longoe proeminente, os maçãs do rosto marcadas, e a mandíbula quadrada. Mas o que mais gostava era de sua boca. Adorava ver como Grey a movia ao falar, como a curvava ao sorrir. E o que mais gostava era senti-la sobre a sua. Obrigada, Deus. Obrigada por me dar este presente. Rose não pode resistir a tentação de tocá-lo uma última vez, apesar de que corria o risco de despertá-lo. Afastou uma mecha de cabelo da testa, acariciando a escura e sedosa textura entre seus dedos. Essa noite tinha acontecido de verdade ou fora tudo um sonho? Havia de verdade entregue sua virgindade ao único homem que ganhou seu coração? E de verdade o ouvira sussurrar seu nome, ou seu louco coração o imaginara? KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Tinha tantas perguntas que sua mente parecia incapaz de concentrar-se em alguma. Fizera o que havia proposto e não ia lamentar. Se aquele ato teria conseqüências, os enfrentaria. Rose não esperava nada de Grey, mas desejava com todas suas forças que... Desejava poder viver sem aquele incessante desejo que sentia por ele, um desejo que a seguia a cada passo que dava, que determinava todas e cada uma das decisões que tomava. Talvez agora pudesse ser livre. Mas tinha aceitado voltar a vê-lo na próxima semana. Isso não era a liberdade, isso era o princípio de uma aventura. Uma que ela não podia ter. Que não podia permitir-se. Que era muito arriscada. Saiu da cama devagar. As pernas quase não a sustentavam, os joelhos tremiam, o desconforto que sentiu entre as pernas recordou que o acontecido ali fora muito real e não um sonho. Vestiu-se tão rápido e bem como pode. Já se pentearia em um dos banheiros de baixo, antes de sair à procura de uma carruagem. Ao chegar à porta, vacilou uns instantes, e olhou de novo ao homem que estava deitado na cama. Sentia-se culpada por abandoná- lo enquanto dormia, sem dizer nada. Abaixou o olhar para seu vestido e arrancou uma insígnia do mesmo. Havia tantos que poderia arrancar seis sem que ninguém se desse conta, assim que uma não teria importância. Deixou o adorno de seda em cima da mesa, junto ao lenço de pescoço de Grey. Bem, ao menos assim saberia que tinha pensado nele antes de ir embora. Olhou pela última vez o homem que mudara sua vida para sempre e, sigilosamente, saiu do quarto. Correu escada abaixo, arrumou-se, tal como planejara, e saiu da casa em busca de uma carruagem. Por sorte, a Rua Saint Row estava infestada delas. Ao que parece, era habitual que os clientes do Clube o abandonassem na primeira hora da manhã. Pediu ao cocheiro que a levasse a estação e se meteu dentro. A carruagem não chegara nem à esquina, quando as lágrimas começaram a escorregar por suas faces. Que diabos acontecia? Tivera a noite mais maravilhosa de toda sua vida, vivera uma experiência sem igual com o homem de seus sonhos e ele a fizera sentir como se não houvesse ninguém no mundo comparável a ela. Então, por que se sentia tão mal? KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww CCCAAAPPPÍÍÍTTTUUULLLOOO 000333 Ela se foi. Grey despertou com o repicar da chuva contra as janelas, um som mais agradável, que deu vontade de ronronar e se abraçar à deliciosa mulher que estava deitada ao seu lado. Assim foi como se deu conta de que estava sozinho. Nem sequer a ouvira ir. Diante de tal descobrimento, pegou o travesseiro em que ela dormira e o aproximou para poder inalar seu perfume, este, fresco como a chuva que caía lá fora, embriagou-o de tal maneira que quase o deixou sem fôlego. Quem era aquela mulher capaz de fazer realidade todas suas fantasias? Acaso fora todo um sonho? Afastou as mantas, sentou-se e deixou as pernas pendurando de um lado da cama. Não tinha sentido que seguisse ali sozinho. Tinha que retornar a Mayfair e se preparar para a chegada de suas convidadas. Reunir-se com a autêntica Rose seria agora muito mais fácil. Completamente vestido, à exceção do lenço de pescoço, ele foi procurá-lo, tinha o deixado em cima da mesa e descobriu que ao seu lado havia também uma rosa de seda rosa. Era do vestido de sua misteriosa dama. Sorrindo, aproximou a delicada peça ao nariz, apesar de que sabia que não cheiraria a nada. Assim como ela foi dali sem mais. Que isso o fizesse sentir tão bem era um mistério. Só fora sexo. Mas que a mulher tivesse deixado uma rosa falsa, uma mulher que para ele era a substituta de sua Rose... Bem, certamente a ironia não escaparia a ninguém. A semana seria longa até que pudesse voltar a vê-la. Enquanto se atava o lenço, recordou o que tinha sentido ao estar com ela, apertada e úmida que estava. Quase tímida. A Grey não custou muito imaginar que sua misteriosa dama fosse tão virginal como o seria sua Rose. A próxima vez não teria que ir com tanto cuidado, embora rezasse para ter a paciência necessária para explorá-la como não pode essa noite. Só de pensar em tudo o que se fariam um ao outro em seu próximo encontro se excitou. Tinha que deixar de pensar nela ou terminaria por ficar em ridículo. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Saiu do Clube pela porta reservada aos sócios, uma que garantia que fosse quase impossível que se cruzasse com alguém. Como era evidente, os cocheiros de Londres conheciam a existência desta porta, o que facilitava ainda mais as coisas. Desse modo, não tinha que pedir ao seu cocheiro particular, que passasse a noite esperando, e assim se evitava o risco de que algum transeunte identificasse os escudos que adornavam as carruagens dos nobres. Grey deu a direção ao cocheiro, meteu-se no veículo, e retornou a sua casa. O interior da carruagem não era absolutamente tão luxuoso como a sua, mas estava limpo e era relativamente cômodo, e com isso bastava. Estivera em lugares piores. De jovem, antes do incidente que destroçou seu rosto e mudou sua vida para sempre, Grey fora um libertino que tinha experimentado todo o imaginável, decadente e luxurioso, que se tivesse encontrado em seu caminho, sem importar o mínimo quem pudesse saber. Era incrível como uma cicatriz como aquela podia mudar as prioridades de um homem. O cocheiro se deteve em frente à porta principal de sua casa. A Mansão Ryeton parecia de outra época, com seu estilo palaciano e os elementos neoclássicos, que Robert Adam tinha acrescentado quase um século antes. Grey supôs que agora cabia a ele acrescentar algo mais ao edifício, igual tinham feito seus predecessores, mas não tinha coragem de castigar aquela pobre casa adornando-a mais. Gostava tal como estava. O interior era igual ao exterior, antigo, mas elegante. Cada geração deixara seu rastro. O ducado dos Kane jamais tinha recaído em mãos alheias à família de Grey e, apesar de que ele sabia que tinha poucas possibilidades de ter um herdeiro legítimo, pois para isso teria que se casar, consolava-o saber que Archer ou Trystan certamente teriam um filho, que se faria cargo do título quando ele já não estivesse. O aroma do café da manhã deu as boas vindas ao cruzar o portal, ovos com manteiga, salsichas, presunto, pão recém-feito... Seu estômago respondeu. Estava faminto, assim em vez de ir diretamente ao seu quarto, virou sobre seus calcanhares, lançou o casaco, as luvas e o chapéu em cima da mesa da entrada, e entrou no sala de jantar. Archer, recém-banhado e barbeado, estava sentado na cadeira de Grey, tomando café e lendo o jornal. — Levanta o rabo da minha cadeira — ordenou a modo de saudação. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Seu irmão abaixou um pouco jornal de Grey e o olhou por cima das páginas, arqueando uma sobrancelha. — Ora, ora — replicou,seco como uma torrada fria — olhe quem decidiu sair de sua toca. Parece uma merda — Mas apesar do insulto, levantou-se e pegou seu prato para se sentar à direita da presidência. Grey sorriu. Estivera fora até mais tarde que Archer. Fazia muito tempo que não acontecia tal coisa, assim decidiu vangloriar-se. — Obrigado. Sentou-se em sua cadeira, colocou o guardanapo branco no colo, e se a máscara que usara toda a noite. Sua pele respirou aliviada depois de tantas horas. Mais tarde, quando tomasse um banho, teria que eliminar os restos que a borracha tivesse deixado no rosto. — Não pensa tomar banho antes do café da manhã? Grey colocou no prato tudo o que viu. — Não — Tinha muita fome, e nenhuma pressa por eliminar de seu corpo o aroma de sua misteriosa amante — Diz algo interessante o jornal? — O de sempre. Divagações a respeito da Rússia e Turquia, e que a Princesa de Gales está na Grécia — Archer fechou o jornal e o deixou de lado — Ontem à noite, no Saint Row, cruzei com Aiden e Blackbourne. Disseram-me que ouviram Martingale vangloriar-se a respeito de que deu um murro em você. Como vejo que não tem nenhum arroxeado, dou por feito que o rumor é completamente falso. — Sim que me deu um murro, mas caiu de cu no chão sem me acertar — Grey se serviu de uma xícara de café. À luz do dia, o incidente tinha muito mais graça — Mas não se incomode em contar nada por aí. Todo mundo sabe que o Conde é um péssimo bêbado, incapaz de acertar uma carruagem com um taco de críquete. Era quase impossível que alguém acreditasse que Grey foi ao Clube e que perdera uma briga contra esse indivíduo. Archer franziu a sobrancelha. — Está muito falador esta manhã. Por não dizer que quase parece simpático. Posso supor que teve uma boa noite? — Suponha o que quiser — meteu uma colherada de ovo na boca — Muito bom. — É um tolo — soltou seu irmão — eu o contaria. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Grey inclinou a cabeça e deu uma dentada a um pãozinho ainda quente. — Você não é tão discreto como eu. — É uma merda! Desde quando? A manteiga se derreteu sobre o pedaço de pão que sustentava entre os dedos. — Sempre — meteu-se o pão na boca, a comida sempre tinha caído tão bem? Archer o fulminou com o olhar e Grey teve piedade dele. — Passei uma noite magnífica, Arch. E você, tudo bem? — Mais que magnífica. Tinha-o deixado em tal estado, que ele estava nervoso por ir ver Rose. De fato, estava disposto a apostar sua fortuna que seria capaz de abraçá-la, sem perguntar-se como seria beijar os seios... Algo que o esteve se torturando desde que a jovem completou dezessete, ou dezoito anos. Naquele tempo, ele tinha já vinte e oito, e sabia que não deveria imaginar tais coisas. Satisfeito pela migalha de interesse que seu irmão arrojara, Archer pegou um pãozinho e o lambuzou com manteiga e geléia de morango. Sorriu. — Genial — respondeu com o tom justo de zombaria na voz — Poderia se dizer que inclusive foi atlética. Grey pegou uma fatia de presunto com os dedos e deu uma dentada. — O que fez, joga na equipe de remo de Cambridge? Uma parte de pão passou roçando o olho e golpeou a face. — Idiota. Enquanto se limpava a geléia do rosto. Grey riu com vontade. Sentia-se tão bem que inclusive tinha vontade de dar um abraço em seu insolente irmão mais novo, Arch não demorou também em rir. — Daria o que fosse por passar uma noite tão boa como a sua — disse este, servindo a ambos outra xícara de café — Como era ela? Grey ficou sério e se levou a xícara aos lábios. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Era tudo o que sempre quis — Mas logo que disse essas palavras, soube que mentia — Ou o mais parecido ao que poderei jamais ter. Archer o olhou nos olhos, e depois mordeu outra parte do pãozinho com geléia. — Deixa que adivinhe, cabelo escuro, pele pálida, e com um traseiro que dá vontade de fincar os dentes. Ao escutar a acertada descrição, Grey vacilou entre rir outra vez ou brigar com seu irmão por ser tão impertinente. — Algo assim. Arch assentiu, deu outra dentada e mastigou até engolir. — Não sei por que simplesmente não se casa com Lady Rose. E ele que tinha acreditado ter conseguido esconder sua obsessão... — Porque ela não é para mim. — Isso é uma tolice, e sabe. Grey suspirou. Quantas vezes tivera essa conversa consigo mesmo? Não importava o muito que quisesse Rose, a pouca decência que ficava dizia que estava fazendo o correto. — Não quero falar sobre isso. Archer negou com a cabeça e uma careta apareceu em seus lábios. — Deus, Grey. Se eu tivesse a sorte de encontrar uma mulher a quem quisesse tanto, faria todo o possível para tê-la — Comeu outro ovo. — Mas eu não posso tê-la. Existem muitas razões pelas quais algo entre ela e eu jamais poderia funcionar. — Me diga uma. — Rose adora ir a festas e assistir a bailes, desfruta da vida social. — Pois mova o rabo. Vá com ela a todas essas festas. — Preferiria me arrancar um olho com a colherinha da geléia. — Pois então, está claro que não a quer tanto — replicou Archer encolhendo os ombros. — Que se foda — O garfo de Grey caiu sobre o prato. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Podia ser tão bocudo como seu irmão. O outro nem sequer se alterou. — Essa desculpa é uma merda, e sabe perfeitamente. — E o que me diz de que se me casar com ela jamais saberei se me aceitou por amor ou por gratidão por salvar sua família? Archer o olhou como se fosse idiota. — Poderia perguntar. — Você gostaria de saber a resposta se estivesse em meu lugar? Para isso, seu irmão não teve nenhuma réplica sarcástica. E, a julgar pelo rápido que desapareceu o bom humor de seu rosto, estava claro que Grey fizera entender o que acontecia. — Suponho que não. Grey perdeu o apetite e lançou o guardanapo à mesa. — Sou dez anos mais velho que ela. Era amigo de seu pai, e estou seguro de que Rose me vê como a um tio. E até no caso de que não fosse assim, prometi a Charles que jamais poria uma mão em cima dela. O Conde de Mardsen fora um de seus melhores amigos, quase o único. E uma promessa dessas não podia romper-se de qualquer jeito. Archer se incorporou um pouco, com a incredulidade estampada no rosto. — Por que diabos fez tal coisa? — Me pediu isso — respondeu Grey. Negando com a cabeça, o jovem soltou o fôlego. — Nunca tinha me contado isso. — Suponho que me sentia envergonhado. E ferido, embora soubesse que seu amigo só pedira que prometesse isso, para proteger a sua filha de um homem cujas conquistas sexuais, tinham conseguido que terminasse com o rosto marcado para sempre. Se a situação tivesse sido ao contrário, certamente também teria exigido a Mardsen a mesma promessa. E, apesar de ser um libertino, era um homem de palavra. — Foda-se, Grey, Charles Danvers era um tipo muito cruel. Ao ouvir o insulto, Grey sorriu. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww — Eu que o diga. — Acredito que para seu primeiro baile deveria colocar o vestido azul e para o segundo possivelmente o rosa. Que amável foi o Duque ao dar de presente estes vestidos tão bonitos! Tem que se lembrar de agradecer. Rose sorriu para sua mãe. Quase não deu tempo de respirar desde que saíram de Bramsley. Embora adorasse ver sua mãe tão animada depois de ter passado os dois últimos anos deprimida, desde a morte de seu marido, Rose teria gostado de estar um momento tranqüila com seus pensamentos, antes de chegar à Mansão Ryeton. — Agradecerei Gr... o Duque, mamãe, prometo isso. A mulher sorriu e entrelaçou as mãos no colo,igual a uma menina embargada de felicidade. Contente, olhou pela janela da carruagem. — Fazia tanto tempo que não vinha a Londres que tinha me esquecido de quanto sentia falta. Sua mãe não estivera em Londres desde a morte de seu pai. Rose, ao menos, visitou uma de suas amigas no ano passado, mas não durante a Temporada, é claro. Aquela era sua primeira Temporada em três anos. Três longos anos que não vestiu nenhum vestido que não fosse negro ou cinza. Três anos sem dançar e sem levar flores no cabelo. Fazia muito que não se arrumava com a esperança de que algum possível pretendente se fixasse nela. Três anos... até a noite anterior. Algo mais pelo que tinha que estar agradecida a Grey. Desse jeito, passaria toda a semana agradecendo. Uma parte dela não podia afastar a sensação de que o que aconteceu na noite anterior fora mau, de que cometeu um pecado. Mas tivera tanta vontade de cometê-lo... Desejava-o mais que tudo no mundo, mais que seu pai não tivesse perdido toda sua fortuna. E fora maravilhoso, mais do que jamais poderia imaginar, mas também fora horrível, porque por mais que Grey tivesse pretendido fazer amor com ela, na realidade acreditava estar fazendo com outra pessoa. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Ele jamais saberia a verdade, e isso ofuscava a beleza de sua noite juntos, apesar dos remorsos que Rose pudesse ter. Sua mãe alisou a saia negra de seda. Negava-se a tirar o luto e a vestir-se de outra cor. Felizmente, era uma dessas mulheres às que o negro assentava muito bem, dando um aspecto triste, mas elegante. Rose estava convencida de que nem sequer a Rainha Vitória seria capaz de encontrar um defeito em seu aspecto. Levava a cabeleira negra presa em um coque tão apertado que em qualquer outra dama teria resultado desfavorecedor. Tinha a pele muito branca, muito mais que a de Rose, que se parecia mais ao seu falecido pai, e os olhos verdes como uma relva. Era tão bonita que quase doía vê-la tão contente. Merecia ser feliz. — E você o que vestirá para assistir, mamãe? — Garanto que encontrarei algo — respondeu — sem dar muita importância. Negro, simples e simples, Lady Mardsen não queria que ninguém se fixasse nela, e isso bastava para que recebesse mais atenção que desejava. Bastaria com seu aspecto para atrair os olhares de vários Cavalheiros. Só a armadura negra a protegia. Eliminando a curta distância que as separava, Rose agarrou a mão com cuidado de não despertar o pequeno fox terrier que dormia ao seu lado. — Tratará ficar bem, não? Sorrindo de modo compassivo de que só uma mãe é capaz, colocou a palma em cima. — É claro — O que significava que se absorvia da felicidade de Rose e nada mais. E não era que ela fosse a encarregada da felicidade de sua mãe. É claro que não. Esta nunca a fizera se sentir assim, mas isso não evitava que a jovem tivesse a sensação de levar essa carga sobre os ombros. — Talvez pudesse ir visitar suas amigas de antes — sugeriu — apoiando-se de novo em seu respaldo, à medida que a carruagem se balançava ao cruzar a rua pavimentada — Renovar velhas amizades A mulher a olhou ligeiramente surpresa. — Bem, sim, suponho que poderia — Sorriu — Seria maravilhoso voltar a vê-las. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww A pressão que Rose sentia no peito se afrouxou um pouco, uma pressão que nem sequer sabia que estava ali até que desapareceu. — Estou segura de que também elas gostariam de voltar a vê-la, mamãe — Ao menos as que tinham sido suas amigas de verdade. Às demais, possivelmente se preocupasse que seu pai tivesse perdido toda sua fortuna e dariam as costas, mas sempre ficariam as que fariam um esforço ao saber que eram as protegidas do Duque de Ryeton. Santo Deus, a lista de agradecimentos seguia crescendo. Rose estirou as costas. Quanto faltava para chegar à Mansão Ryeton? Sua mãe deu conta de que estava incômoda. — Já quase chegamos — disse — olhando a paisagem. A jovem viu então que a carruagem atravessava as colunas da entrada. A grade de aço se fechou atrás delas e seguiram adiante, por um caminho de cascalho que conduzia a um pátio sombreado. A Mansão Ryeton. O coração deu uma pontada. Tinham chegado. O que esperava que acontecesse quando entrassem na casa? Que Grey as recebesse e, ao vê-la, se desse conta de que era sua amante e caísse prostrado aos seus pés? Talvez inclusive suplicasse que se casasse com ele, obrigando a desobedecer às ordens de seu pai e converter-se por fim em sua esposa. O que Rose gostaria de verdade era ser capaz de estar em frente ao Duque, sem sentir que o mundo se desvanecia sob seus pés. Gostaria de saber se o que sentia por ele poderia sentir algum dia por outro homem, embora fosse uma milésima parte. Não tinha mais escolha senão acreditar que isso era possível. Um lacaio com uniforme de Ryeton abriu a porta da carruagem e colocou os degraus. Logo, ajudou primeiro a sua mãe a sair da mesma, e depois a ela. Sua mãe com Maurice, seu cão, em seus braços, esperou-a desfrutando da brisa do entardecer. Rose foi atrás dela. O ar era relativamente fresco comparado com o da carruagem, mas não tão agradável como em Kent, que era o que estavam acostumadas. Mas bem, estavam em Londres, e isso fazia que tudo parecesse bem. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Enquanto os lacaios descarregavam a bagagem, ambas as mulheres subiram os degraus da entrada. Westford, o mordomo, abriu a porta e as recebeu com um sincero sorriso. — Lady Mardsen, Lady Rose, é um prazer revê-las. Dentro da casa, o coração de Rose começou a pulsar com mais força. Iria Grey recebê-las? Ou ainda não estaria em casa? Possivelmente seguia em Saint Row, na cama onde ela o deixara nessa manhã... — Camilla, Rose! Um calafrio percorreu as costas ao ouvir sua voz. Só ele as chamava por seus nomes. Os pais de Rose tinham insistido nisso, em especial depois de salvá-los. Era mais do que se permitia habitualmente, mas de algum modo parecera bem dar tal privilegio ao Duque. Grey atravessou o saguão, vestia calças negras e casaco combinando, e camisa e lenço brancos, que destacavam sobre sua pele bronzeada. Tinha penteado seu cabelo negro para trás, e a máscara que tinha brilhado na noite anterior é claro desaparecera. O Duque se sentia bastante a vontade com elas para não ocultar sua cicatriz. Era uma linha branca que cruzava meio rosto, da parte superior da testa até a mandíbula. Devia ter algo mais de meio centímetro de largura, mas não era a cicatriz em si mesma o que resultava desconcertante, a não ser como a adquiriu. Aproximou-se delas e saudou primeiro à viúva. Rose ficou ali, olhando-o enquanto pegava as mãos de sua mãe e a beijava em ambas as faces. Não escutou o que disseram um ao outro, com o retumbar do sangue em seus ouvidos, nem sequer podia pensar. Então, Grey se dirigiu a ela, e a abraçou como um irmão. — Rose, me alegro tanto em vê-la... Ao olhá-lo, soube que estava dizendo a verdade, alegrava-se de vê-la. E não tinha nem idéia de que estivera com ela até aquela mesma manhã. Estavam cara a cara e a estava abraçando, como era possível que o muito cretino não reconhecesse à mulher com que fizera amor a noite anterior? Acaso seu cabelo não cheirava igual? KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww E o que se passava com seu aroma? Já não cheirava à chuva da primavera? Acaso tudo fora uma mentira? Como podia não saber quem era? O que tinham feito significava tão pouco para ele que não era capaz de reconhecer sua amante quando a via? Com máscara ou sem ela, era impossívelque Grey não se desse conta. Rose o reconhecia. O reconheceria em qualquer parte. Acaso tinha interpretado mal o que acreditava que ele sentia? Ou talvez, pensou com amargura ao separar-se de seus braços, simplesmente estava recebendo seu castigo depois de tê-lo enganado. Possivelmente deveria alegrar-se de que não a reconhecesse. Sentir-se agradecida por não despertar nele mais que luxúria, igual às outras mulheres, com as quais estava acostumado a deitar-se e logo deixa-las de um lado. Sim, estava agradecida. Assim não teria que explicar por que fizera tudo aquilo. Se Grey não a reconhecia, então não se zangaria com ela quando não fosse ao seu encontro na semana seguinte. Porque uma coisa sim estava clara, não ia voltar a Saint Row. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww CCCAAAPPPÍÍÍTTTUUULLLOOO 000444 — Lady Hilbert solicita o prazer de nossa companhia no lanche que vai celebrar em sua casa na próxima semana — disse Rose, sem afastar os olhos do rosado convite que segurava em uma mão, enquanto deixava a xicarazinha de chá junto com as demais. Só estavam eles três no salão, e Grey, com um sorriso nos lábios, aproveitou a oportunidade para observar atrevidamente Rose. Havia dito a sério que se alegrava de vê-la. Era como ver um raio de sol depois de uma semana de chuva e, graças à maravilhosa amante que tivera na noite anterior, podia deleitar-se com sua presença, sem que o assaltasse aquela incontrolável luxúria, nem os nervos que sempre o invadiam quando tinha que vê-la. Não era que agora a desejasse menos. De jeito nenhum. De fato, aquela misteriosa amante só tinha conseguido intensificar suas fantasias. Agora podia imaginar como seria fazer amor com Rose, podia imaginar que os braços que o tinham abraçado com tanta força, pertenciam à bela criatura que tinha sentada na sua frente. Grey a desejava ainda mais que antes, mas não se sentia tão desesperado. Teria ela se dado conta? Por isso tinha evitado olhá-lo desde sua chegada? Se não a conhecesse, acreditaria que sentia vergonha. Era pela cicatriz? Rose alguma vez antes tinha se importado, por acaso havia se tornado mais melindrosa desde seu último encontro? Sem se dar conta, levou os dedos à linha branca que cruzava o rosto. A pele ao redor era relativamente insensível. Percorreu a cicatriz inteira até o extremo onde se alargava, recordando muito bem a sensação da navalha ao rasgar o rosto. Destroçarei seu precioso rosto, disse um de seus agressores. Mas o único que conseguiu foi fazer esse corte. E se não fosse pela intervenção do pai de Rose, seu querido amigo Charles, talvez não tivesse tido tanta sorte. Era claro que o homem que o rasgou desfrutava com seu trabalho e que tinha intenção de criar uma obra de arte. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Camilla, a bela viúva de Charles, estava sentada diante do Duque e era a imagem da perfeita dama. — Conhece Lady Hilbert, Sua Graça? Presenteou à mulher, mais velha, com um sorriso. — Minha querida amiga, quantas vezes tenho que pedir que me chame de Grey? Ou Greyden, pelo menos? O sorriso dela foi tão carinhoso como esperava. — Umas quantas mais, temo, Greyden. Ele pegou um sanduíche de pepino e deu uma dentada. Mastigou e engoliu antes de voltar a falar. — Em resposta a sua pergunta, sim, conheço Lady Hilbert de toda a vida. Era uma boa amiga de minha mãe — dirigiu-se a Rose — Consideraria como um favor pessoal que aceitassem seu convite. Essa frase conseguiu que a jovem levantasse a cabeça e o olhasse como um cervo no bosque. — Não me atreveria a rejeita-la. Sua voz recordou Grey aquela outra tão rouca, sussurrando palavras apaixonadas, e pareceu tão doce e real que seu pênis, o muito atrevido, excitou-se ao ouvi-la. Mas então Rose voltou para o que estava fazendo. Deixou o convite de Lady Hilbert a sua direita e ignorou o montinho de envelopes sem abrir que tinha a sua esquerda. — Esses daí — apontou ele — são os que tem intenção de recusar? As faces da jovem, que normalmente estavam pálidas como o marfim, ruborizaram-se. — Acredito que é o melhor. Grey se surpreendeu. — Peço que me desculpe, mas depois de estar tanto tempo afastada da vida social, acreditei que gostaria de ir a todas as partes. Em especial, tendo em conta que impaciente ela estivera para retornar a esse ninho de piranhas e ratos imundos, que era a alta Sociedade londrina. Rose o olhou com o que poderia chamar-se indignação. Havia também ressentimento naquele olhar? Ridículo. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Depois de tudo o que ele fizera por ela e por sua mãe, que motivo poderia ter para pensar mal dele? Grey sempre fora amável com elas, e jamais ocorreria dizer como tinham que viver a vida, nem a que festas tinham que assistir. Maldição, se ele nunca ia a nenhuma. — Porque uns desses convites são de Lady Francis e o outro de Lady Devane. Não são essas duas algumas das damas suspeitas de estar por trás de seu ataque? Ou acaso não escutei bem a conversa que teve com meu pai? — Rose! — Camilla estava tão ruborizada pelo atrevimento de sua filha que parecia a ponto de estourar. Grey se sentia mais arrependido que humilhado pelo aviso. De fato, emocionava-o pensar que a jovem estava disposta a ignorar aquelas duas damas da alta Sociedade por ele. — Jamais devia ter ouvido essa conversa — lamentou — Mas já que foi assim, suponho que não posso negá-lo, embora a verdade é que nunca encontrei provas suficientes contra nenhuma delas. Não quero que recuse nenhum convite por mim, mas tampouco quero que vá a uma festa em que não estará confortável. Ela desviou o olhar e voltou a ignorá-lo, a evitá-lo. — Estou convencida de que só me convidaram para me perguntar de você. — Rose — repreendeu sua mãe — Eu não gosto que seja tão mal criada. Sua filha encolheu os ombros. — Mas é assim, mamãe. E isso não significa que não tenha razão. Não quero ter nada a ver com uma dama capaz de cometer tal baixeza, tenha o título que tenha. Grey poderia beijá-la até cansar-se só por ser tão leal. Rose podia sentir toda a indignação que quisesse em seu nome, mas ele sabia que merecerao que aconteceu naquela noite. De fato, aquele incidente mudara a sua vida para sempre, para melhor. Havia quem acreditasse que fugia à Sociedade porque tinha medo ou se sentia humilhado. Outros porque não queria que o vissem com o rosto desfigurado. Mas não era verdade. KKaatthhrryynn SSmmiitthh AA MMáássccaarraa ddoo AAmmoorr 11°° SSeerriiee — CClluubb ddee SSaaiinntt RRooww Grey não queria ter nada a ver com a Sociedade porque odiava as sujas mentiras que se ocultavam por trás daquela superfície de boas maneiras e absurdas normas de etiqueta. Evitava os eventos sociais porque davam nojo. — É uma pessoa com um grande sentido da honra e a lealdade Rose — disse embora ela seguisse sem olhá-lo — Lembra a seu pai. A jovem levantou a cabeça, tinha os olhos brilhantes pelas lágrimas. — Obrigada. Charles Danvers fora um grande homem, mas sem cabeça para o dinheiro, nem para os negócios, igual a muitos outros membros de sua classe. Essa foi sua perdição, anos de gastos sem controle, comprando tudo o que desejava para ele, ou para sua esposa e sua filha. Grey, igual a todos outros, não tinha nem idéia do estado real das finanças de seu amigo, pois Charles nunca disse nada. Assim quando se arruinou, perdeu tudo. O pobre jamais conseguiu superar. Grey sustentou o olhar de Rose, se afogando na profundidade daqueles olhos castanhos. Não tinham nem idéia de quanto tempo estiveram se olhando, mas quando
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