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Zane Eles pertenciam a mundos diferentes, mas eram perfeitos juntos. Patrícia Rossi 1ª Edição 2015 1º “É oficial!” Pensava Quinn. “Eu vou matar o Blane!” Por conta de seu empregado e amigo, se encontrava do outro lado da cidade, num bar que era frequentado na sua grande maioria por homens. As poucas mulheres que ali estavam, lhe lançavam olhares no mínimo curiosos. Claro, obviamente que seu belo vestido azul-escuro e seu tailleur no mesmo tom, feitos sob medida, seu altíssimo scarpin e sua enorme bolsa de grife, não combinavam com o lugar. O jeans predominava ali, tanto nas calças como nas jaquetas. Mas ela estava irritada demais para também se aborrecer com aquilo. Até para notar que era o centro das atenções também para os homens. — Blane, Blane! Cadê você? — murmurou, mais para si mesma, consultando o relógio caro e lançando outro olhar para a porta. Ele estava quase meia hora atrasado. E ele sabia que ela não gostava de atrasos! Havia pedido somente uma água, acreditando que sua espera não seria longa. Cruzou as pernas, balançando um pé nervosamente. De repente, Tito e Tarantula começou a soar deliciosamente pelo ambiente, com Back to the House. Procurou sua origem e notou que vinha de uma antiga Jukebox. Amava aquela música. Sorriu suavemente. Ao menos algo de bom naquela tarde! Havia tempos que não ouvia aquela música! Então uma risada ao fundo lhe chamou a atenção. Era máscula, crua e arrogante. E foi quando ela o viu. A primeira coisa que notou era que ele era muito alto, talvez 1, 90 m, 1, 95 m. Ele era largo também. Era moreno ou bronzeado de sol, não podia dizer. Vestia uma camiseta branca, com um decote v e apesar de solta, não lhe escondia o peitoral poderoso, ou seus braços extremamente bem definidos e colossais. O jeans claro lhe moldavam as coxas fortes. Que braços, que pernas! Uma tatuagem surgia de seu braço esquerdo, sob a camiseta, num emaranhado negro. Ela não entendia de tatuagens e nunca se interessara por elas. Mas aquela parecia feita para talhar aquele homem em especial. Quinn aproveitou que seu lugar era privilegiado junto à janela e assim, ficava mais afastada das demais mesas para examinar o sujeito que estava distraído no jogo de sinuca. Com aquela música, que ela considerava extremamente sexy de fundo, começou sua apreciação. Seu rosto era extremamente anguloso, maxilares bem acentuados, cobertos por uma sombra escura que era sua barba por fazer. Seus cabelos eram raspados, deixando sua cabeça também com uma sombra escura muito suave. Adorou como o trapézio dele se destacava nos ombros. Quando ele ergueu seus braços para comemorar um ponto, ela teve um vislumbre de seu abdômen, como não poderia deixar de ser trincado? Assim como notou o cós da boxer dele, pouco acima da cintura de sua calça e que ele tinha outra tatuagem no quadril esquerdo que subia até quase suas costelas. E sem poder se deter, seus olhos continuaram a descer. Um homem daquele tamanho devia ser bem-dotado também. Percebendo que estava despindo o homem mentalmente, e também imaginando sua grossura e circunferência, e sim, sentido que ficava molhada, Quinn engoliu uma respiração e fechou os olhos por um segundo. Com os diabos, era só um homem! Para sua salvação, o garçom chegou naquele instante: — Deseja beber algo, senhorita? Ela lhe sorriu, esperando que não estivesse rubra como a bandeira de um toureiro: — Chá gelado com limão, por favor. — Ela até queria algo mais forte para aplacar um pouco o calor que agora a dominava, mas ainda tinha trabalho a fazer. — Trago num minuto. — O rapaz lhe disse, endereçando uma piscadela. De novo sozinha na mesa, ela sorriu para si mesma. O rapaz até era bonitinho. Mas não era seu número. Muito menos aquele enorme homem tatuado, viril e sexy como o inferno que estava na mesa de sinuca ao fundo do bar. Não que fosse preconceituosa, mas no mundo em que vivia, homens como ele não eram... Aceitáveis. A alta sociedade tinha regras idiotas, mas se tinha de viver nela, tinha de conviver com elas. Mas mesmo com isso em mente, seus olhos voltaram a procurar por ele no fundo do salão. E ficou decepcionada ao não encontrá-lo. Enrolando um dedo em uma mecha de seu cabelo bem cuidado, que estavam presos a um rabo de cavalo, Quinn começou a vaguear o lugar, discretamente, tentando achá-lo. Sua busca não foi muito longa. Deu com olhos penetrantes a encará-la por sobre um copo que lhe parecia ser de uísque, do outro lado do balcão. Por segundos, esqueceu-se de como se respirava. Viu-se presa naquele olhar, que mesmo a distância, tinha um magnetismo implacável. Teria ele a visto examiná-lo? Não, não devia. Estava distraído. Mas então por que seus olhos não deixavam os dela, nem por um instante? Oh, Deus, ela o havia examinado. Com um pouco mais de afinco! Se houvesse sido flagrada, voaria porta afora. Sabia que podia parecer um belo pimentão no momento, mas o que fazer? Teve até a impressão de que ele até lhe endereçou um leve meneio de cabeça. Seus lábios se entreabriram e só então ela soltou o ar. E foi salva de novo pelo garçom oportuno que voltava. Ele se posicionou entre os dois e ela quase lamentou quando o contato visual foi quebrado. “O que é isso, Quinn?” — se repreendia — “Você não é de flertar com homens num bar de reputação duvidável!” Tentou prestar atenção no rapaz, que parecia querer ser percebido, pelo jeito doce com que se dirigia a ela. — Sua bebida, madame. — Sorriu-lhe. O que ela achava que ele considerava ser seu sorriso sexy, meio de lado, curvando- se com reverência diante da mesa. — Obrigada... — buscou pelo nome dele em seu crachá — Adam. Você é muito gentil. — e já que estavam trocando sorrisos, lhe retribuiu com seu melhor, mostrando sua fileira de dentes brancos e brilhantes. Notou que deixou o jovem atordoado por um instante. Aquilo fez muito bem ao seu ego. — Ah... — ele pareceu perder também a voz, mas se recompôs logo, sem jeito — se precisar, é só chamar, por favor. — Eu chamo. Assim que o rapaz partiu, ela pensou: “Ok, flertar com um garçom já é demais! Pensava assim que o rapaz saiu. Você precisa sair mais, Quinn! Socialmente. E ter um bom sexo, coisa que há muito não tem.” Isso ela não tinha desde que rompera seu longo noivado com Ashton Dawson III. Se bem que um bom sexo, ela não tivera nem mesmo durante essa relação. Seu ex era do tipo... Egoísta, por assim dizer. Falando, ou melhor, pensando em sexo, seus olhos lentamente voltaram para o bar, onde aquele belo exemplar masculino ainda a encarava, agora recostado em sua cadeira, preguiçosamente. Seus braços poderosos cruzados, fazendo seu olhar deslizar por sua tatuagem, seus músculos definidos. Teve de baixar seus olhos. Estava ficando acalorada. De novo! E muito mais importante, não queria que o sujeito pensasse que flertava e decidisse tomar a iniciativa de uma aproximação. Fingiu examinar suas mensagens no celular para não mais ter de fitá-lo. E foi quando realmente encontrou uma mensagem de Gwen, sua assistente e amiga. Blane me ligou e disse que não poderá encontrá-la. Sinto por isso. Simples assim. Ela quase deixou escapar uma praga bem feia. Não era de palavrões, mas desejou esbravejar um, bem naquele momento. Estivera ali, há quase quarenta minutos por nada! Ele era uma espécie de caça tesouros. Quinn Armentrouth tinha uma loja conceituada que vendia artigos raros e de luxo. Blane dissera ter encontrado uma família que havia herdado um Monet e que queriam vendê-lo. Ficara de se encontrar com ela naquele bar para levá-la a casa dos possíveis vendedores. E nem tivera a dignidade de ligar para ela e avisar que não viria! Sabia que enfrentaria sua ira e, com certeza, isso o acovardara. Ela era uma mulher muito ocupada para perder seu precioso tempo daquele jeito. Bufando de raiva e frustração, provouenfim do chá, que até era muito bom, considerando o lugar. Foi então que notou números anotados no guardanapo sob o copo. Não pôde evitar um novo sorriso. Adam havia deixado seu número de telefone. Pobrezinho! Era óbvio que ela nunca ligaria. Já se fosse o número do bonitão. Aí menos ainda devia ligar, mas ficaria tentada. Muito tentada. Contendo o desejo de novamente examinar o tatuado, guardou o pedaço de papel na bolsa, deixou uma nota graúda sobre a mesa e levantou-se para deixar o local. Mas antes de se voltar e sair, seus olhos, puxados por uma força maior, pousaram de novo no moreno. Agora ele tinha os dois braços apoiados no balcão, fitando-a com uma expressão séria, que lhe fez gelar os ossos. Perigoso. Essa era a definição para ele. Baixando seu olhar, rumou para a porta e então estava na calçada. O lugar era um bairro de classe média e tivera muito receio de deixar seu belo Corvette vermelho na rua, assim optara por uma garagem, dois quarteirões dali. Já estava escurecendo. Ao notar que a rua estava praticamente deserta àquela hora, a deixou receosa. Mas colocou-se a caminho, com passos firmes. Seus saltos ecoavam sobre a calçada. Não havia alcançado nem mesmo meia quadra, quando teve a impressão de que alguém a seguia. O medo se apossou dela. Ao virar-se para contornar a esquina, arriscou um olhar para trás e viu quando alguém se escondeu sob a sombra de uma árvore. Agora ela estava aterrorizada. Aumentou seus passos e já quase corria. “Meu Deus! Não me deixe ser assaltada! Ou pior, estuprada e morta aqui!” — rogava. Outro olhar e constatou que seu perseguidor vinha muito próximo. Quando alcançou a garagem, ela já corria a passos desesperados. E para seu total desalento, não havia ninguém na portaria. Tocou a sineta inúmeras vezes, mas ninguém apareceu. Quando ouviu sons de alguém se aproximando da entrada, correu para os fundos, onde os carros ficavam. Pensou que talvez pudesse se esconder lá. Entrou no meio dos carros pretendendo se abaixar entre eles, quando ouviu o chamado: — Moça? Virou-se abruptamente, seus olhos arregalados de terror. Seu coração disparado de tal maneira, que mal conseguia respirar, pensar. E seu pânico foi ainda maior, ao reconhecer seu perseguidor. Não era outro, senão o belo moreno tatuado! A decepção e vergonha se apossaram dela. Como temia, ele devia ter entendido seus olhares como flertes, enfim. — Senhorita... — ele avançou um passo em sua direção. — Não, por favor! Não me machuque! — suplicou, encolhendo-se no canto, agarrando-se a bolsa, como se disso lhe dependesse a vida. Ele franziu o cenho e estacou: — Por que acha que vou machucá-la? — parecia realmente surpreso pela acusação. — Você estava me olhando... Lá no bar. — Acusou. Ele sorriu de canto de lábios, torcendo a cabeça para um lado: — Bom, você também estava me olhando. Quinn engoliu em seco, ainda não se sentindo segura: — Mas você estava me perseguindo! — Não, eu corri até aqui porque você deixou isso na mesa. — Ele lhe estendia o celular. Ela realmente não havia dado por falta dele. Não fez nenhum gesto em direção ao aparelho. Podia ser algum truque para fazê-la baixar a guarda. Podia até mesmo não ser seu aparelho. — Mas como sabia onde me encontrar? — Porque seu ticket do estacionamento estava grudado a ele. — Mostrou também o pequeno pedaço de papel. Mas então ele se interrompeu por um momento, voltando a franzir o cenho: — Espera, disse que estava sendo perseguida? — Si-sim... — Tem certeza? — Tenho. Eu vi... Vi alguém se esconder, quando me virei para olhar. Cauteloso, depositou o celular e o ticket sobre o carro ao lado dela e lhe disse: — Fique aqui, está bem? Não saia daqui! — ordenou — ok? — insistiu, quando ela não respondeu. Ela se abraçou, meneando a cabeça rapidamente. Então o estranho retrocedeu alguns passos. Sem conseguir segurar sua curiosidade, Quinn foi até a traseira do carro, ver o que acontecia. — Hey! — o tatuado então gritava. Logo na entrada, ela pôde vislumbrar a silhueta de um homem que parecia observá-los. Vestia um agasalho de moletom e sua cabeça estava escondida sob o capuz. — Perdeu alguma coisa, amigo? Ao perceber que o moreno se dirigia a ele, o sujeito se colocou a correr freneticamente, sendo perseguido pelo homem tatuado. Ao se ver sozinha naquele lugar imenso e deserto de novo, Quinn gemeu, tremendo até a alma. Teve de admitir que ficou aliviada ao ver o belo moreno voltar até ela. Primeiro por se sentir em segurança e depois... Bom, saber que não era ele quem queria lhe fazer mal. Ela estava aliviada. Quando ele parou diante dela, Quinn tinha uma mão sobre o peito, onde seu coração ainda batia descompassado e engoliu, sentindo a garganta extremamente seca. — Bom, o que quer que o cara desejava, ele não quis parar para explicar — Brincava o sujeito, parecendo querer acalmá-la. — Eu imagino! — ela bufou. — Você está bem? Quer uma água? Ela até queria, mas o desejo de sair daquele lugar o mais rápido possível era maior: — Não, tudo bem. E muito obrigado! Eu acho que o senhor acaba de salvar minha vida! Ele riu tenuemente, suas mãos enfiadas nos bolsos de um casaco de moletom escuro. Também tinha um gorro preto em sua cabeça. Possivelmente para protegê-la do ar fresco da noite. — Não acho que seja para tanto. — Sabe-se lá o que aconteceria se você não aparecesse! Eu poderia ser assaltada... Ou coisa pior, nesse momento! — ela estremeceu diante da ideia. — Acho que era só um viciado em busca de uns trocados. E a sorte foi ter esquecido suas coisas no bar. — Ele apontou o celular e o ticket, ainda sobre o carro. Olhando para as peças, ela gemeu baixinho, agora muito envergonhada: — Me desculpe te acusar daquele jeito! — Tudo bem. Você estava sendo seguida e aí eu apareci. É lógico. Então, como não havia de se evitar, o momento de constrangedor silêncio se instalou. E como também não dava para evitar, eles se examinava. No ambiente mal iluminado do estacionamento, ela não pôde ver a cor dos olhos dele. Mas pode reafirmar sua primeira impressão, de que o rosto dele era anguloso, com maxilar largo e queixo quadrado e bem destacado. Um nariz largo e proeminente. Seus lábios eram finos, mas bem desenhados. E por que não dizer convidativos? Antes que seu pensamento tomasse um rumo indevido, estendeu a mão, tentando quebrar o clima: — Sou Quinn Armentrouth. Por um instante ele a fitou, tanto seu rosto, quanto sua mão estendida, como se não a compreendesse. Mas então retribuía o contato. Ela teve de disfarçar um arrepio, ao encontro com a pele dele. Sua mão era enorme, calejada e o pensamento dela correndo por suas curvas, tomando um seio em sua palma se materializou na mente como se fosse a coisa mais natural do mundo. Agradeceu aos céus por ele não poder ler pensamentos... — Zane — ele dizia, ao mesmo tempo muito quieto — Zane Hudson. — Zane — ela saboreou seu nome, involuntariamente — Bom, obrigada novamente por salvar minha vida, Zane! — emendou, para que a situação não se tornasse mais constrangedora para ela, que se sentia como uma adolescente diante do capitão do time da escola! Ele riu suavemente de novo, correndo uma mão sobre a nuca, enquanto enfiava a outra no bolso do jeans: — Não foi nada, senhorita Armentrouth... — Quinn, por favor! — Ok. Quinn. Oh, Deus, a forma como ele pronunciava seu nome! Limpando a garganta, segurou um arrepio que ameaçou percorrer seu corpo. — É seu carro? — O quê? — só então percebia que ele apontava para o veículo ao lado deles — Oh, não. Eu tenho ainda de pegar as chaves. — Ok, então aguarde aqui. — Ele pegava o ticket e rumava para a portaria do lugar. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele já se afastara. Ela aproveitou para continuar a examiná-lo. Sim, ele tinha um lindo bumbum também, como não poderia deixar de ser! Num ímpeto de rir, pensouque agora era ele quem corria o risco de ser atacado... Por ela! Observou quando ele parou na portaria, tocando a mesma sineta que ela havia tocado, insistentemente. Ao notar que não era atendido, ele levou dois dedos aos lábios e deixou um agudo assovio escapar. Tão rústico, tão cru e másculo. Quando enfim, alguém apareceu. Ele abriu os braços, de forma arrogante, como se pedindo explicações e dando uma bela bronca. Não houve discussão de volta. Também, quem, em sã consciência, enfrentaria aquela montanha de músculos e sua cara brava? Quinn assistia, encantada, aquele show de testosterona, algo que parecia tão natural nele. Até meio primitivo. Mordendo o lábio, ela teve de esfregar as coxas, uma contra a outra, para aliviar um leve formigamento que se apossou de suas entranhas. De repente, estava muito consciente de ter uma vagina. Que não recebia a visita de um membro oposto fazia tempos! Tudo o que ela podia pensar que era que seu belo vibrador verde teria trabalho a fazer naquela noite! Mal conteve um suspiro frustrado, ao que ele se aproximava com suas chaves. O que não daria para trocar aquele pedaço de borracha pelo homem de carne e osso, que se encaminhava para ela. 2º “Foque nos olhos, Zane!” — ordenava a si mesmo — “Não nos lábios sexy como o inferno! E nem fique tentando um vislumbre daquele bumbumzinho arredondado que viu ao que ela saia do bar. E por Deus, ignore o cheiro que emana dela! Quer ficar de pau duro, diante de uma estranha? Mesmo que uma linda estranha, estonteante que lhe invoca imagens quentes a mente!” Ele havia reparado naquele traseiro bem-feito assim que entrou no bar, toda segura de si, mesmo não estando em seu ambiente natural. Porque isso era óbvio: ela não era da área. Tanto pela maneira como se vestia, com uma elegância ímpar, que as garotas do lugar não tinham, tanto também... Bom, ele teria notado uma belezinha daquela pelas redondezas. “Essa mulher não é para o seu bico!” — continuava a se advertir. “Assim como Camille.” Ao que se aproximava de Quinn, forçou-se a tirar o pensamento da outra. Não devia sequer lembrar o nome dela! — Suas chaves! — estendeu a ela e percebeu que seus dedos ainda estavam trêmulos. Pobrezinha! A boneca havia passado por um susto e tanto! Nem queria pensar no que poderia ter acontecido se ele não aparecesse... Não quisera alarmá-la, mas sabia que a região era perigosa e ela havia corrido um grande risco. — Obrigada. Deixe que eu reembolse você... — Não, tudo bem — Ele a interrompeu, ao que ela buscava a carteira na bolsa, com um gesto de mão. — Por favor, eu faço questão. — Eu também! — teimou, embora lhe sorrisse. Ela pareceu sem jeito. Talvez pensando que ele era um belo pé rapado, e que aquele dinheiro iria lhe fazer falta. Ótimo! Um perseguidor e um pé rapado! “Parece que causou uma boa impressão mesmo, não, Zane?” — se punia, contendo um meneio de cabeça. Talvez sua aparência induzisse a tal conclusão. Para algumas pessoas, tatuagens, cabeça raspada e o jeito despojado de se vestir era como carregar uma placa de vagabundo desordeiro na testa. Bom, ele não se incomodava com isso. Estava tranquilo com o que era. Sabia quem era, suas convicções e cada detalhe talhado em seu corpo tinha uma razão de ser. Assim, pouco importava a opinião dos outros. Mesmo que esse outro fosse uma coisinha deliciosa como aquela: — Vou te acompanhar até seu carro. — Ok. Espero me lembrar onde ele está — ela pareceu tomar uma respiração profunda e ensaiar um passo, para ter certeza de que estava bem para voltar andar. Zane disfarçou um sorriso. Como era graciosa, mesmo parecendo tão vertebrada quanto uma alga marítima! E obviamente pensou em como seria deixá-la mole daquela forma, em seus braços, sob seu corpo em uma cama. Ele afundou as mãos nos bolsos, para que sua a ereção, que se insinuava, não ficasse tão visível e começou a segui-la. E com ela a um passo na sua frente, ele podia, não só apreciar o bumbum perfeito, como também suas longas pernas torneadas. Inferno, que visão! Aquelas pernas em torno de sua cintura, enquanto se afundava nela... “Comporte-se, rapaz!” — agora ralhava com seu amigo lá embaixo, que mais parecia um adolescente virgem. “Sim, ela era de parar todo o trânsito da cidade de Nova Iorque, mas ele sabia se controlar, não?” Quinn caminhava insegura e só se direcionou para o carro, quando acionou o alarme e as luzes do automóvel indicaram seu lugar. Ela relanceou um olhar para ele, seguido de um sorriso tênue. Por muito pouco não o flagrara admirando seu traseiro: — Não consigo imaginar como vocês se equilibram nessas coisas — Disse, para tentar disfarçar, caso ela tivesse visto seu olhar, apontando seus sapatos, que só serviam para deixar suas pernas ainda mais torneadas. — Fala dos saltos? — riu suavemente — costumo dizer que nasci com eles! Se não pareço muito elegante com eles agora, é porque minhas pernas estão tão firmes como gelatina! Zane riu baixinho. Além de linda e sexy, ela tinha bom humor. “Tenho de me casar com ela!” — brincou consigo — Não se preocupe. Ainda está graciosa — galanteou. Quinn lhe sorriu encabulada: — Aqui estamos! — ela parava ao lado de um belo Corvette. Zane deixou escapar um agudo assovio. — É um carro e tanto! — É uma herança de família. Pertenceu a minha avó. Quando ela decidiu parar de dirigir, com seus oitenta e poucos anos, ela o deu para mim. Ela sabia que eu era apaixonada por ele em segredo! — Foi restaurado? — Zane perguntava, rodeando o carro, examinando com muito interesse. — Sim, com peças originais — Ela acrescentou, com orgulho. — Bom — Ele apreciava. — Entende de carros? Zane curvou a cabeça para um lado, sorrindo enigmático: — Pode se dizer que sim. “Que o silêncio maldito não se instale novamente!” — Quinn implorava aos céus. Sentia os olhos gulosos lhe examinado o corpo, embora ele educadamente tentasse disfarçar e isso a deixava a beira de estremecer de antecipação. E antecipação por algo que não aconteceria. E se ficassem novamente em silêncio, temia por pular no pescoço dele, como uma faminta por sexo! Ela quase riu de si mesma. “Quinn Armentrouth! Você é uma piada! Uma bela de uma coisinha frustrada!” — pensou. Ela não estava tanto tempo assim sem sexo para parecer desesperada daquela forma! Não que tivesse tido nada muito satisfatório, mas... O caso era que aquele homem aguçava seu apetite. Diferente de qualquer outro homem com o qual tivera contato. Não que fosse rude, mas tinha um jeito quase primitivo, sedutoramente macho, que despertava nela uma necessidade que ela nem sabia que tinha. Parecia saber levar uma mulher. Bom de foda, como diria sua amiga Júlia. Agora, assim de perto, podia constatar como ele era grande. Ela não era baixa, e com seus saltos de quase dez centímetros de altura, ela devia lhe alcançar a ponta do nariz. Ele agora vestia o pesado casaco de moletom, mas não disfarçava seu corpo largo. Ao qual ela não conheceria, pois estava se encaminhando para a despedida e muito provavelmente nunca mais o veria em sua vida. Seus rumos eram completamente diferentes e seria muito improvável que se encontrassem novamente. Tal pensamento lhe causou desapontamento. Zane alisou o capô bem encerado do Corvette, sentindo-a muito quieta. Mas sentia também que o examinava. Que ela não prosseguisse com tal escrutínio, pois ele podia cometer uma loucura, como lançar seus braços a volta daquele belo corpo curvilíneo e a beijar com voracidade. Porra, nunca antes uma mulher o balançou, atraiu, assim de cara. E isso tinha de acontecer com outra madame da sociedade! Até parecia que ele gostava de sofrer. Masoquista! — Bom, acho que é isso — ela dizia baixinho, quando parou diante dela. Inferno, por que ela tinha de ser tão linda? Mesmo agora que parecia um pouco sem jeito. Seu rosto era fino e comprido.Sobrancelhas altas e curvas, um nariz afilado e uma boca! Bom Deus, que boca! Feita para o pecado! Uma forma perfeita de coração e com seus dentes grandes e brancos que teimavam em aparecer por entre eles, lhe conferindo um ar docemente vulnerável. Ele limpou a garganta antes de falar. Caso contrário, a rouquidão nela o denunciaria: — Acho que sim. — Bom, mais uma vez obrigada, Zane. Amava a forma como ela dizia seu nome. O que não daria para tê-la o sussurrando em seu ouvido, enquanto seus corpos se enroscavam, suados e quentes de prazer! Ele nem tentou falar dessa vez. Dispôs-se apenas a fitá-la, enquanto ela abria o carro e jogava sua bolsa lá dentro. Então ela se voltou e como ele havia dado um passo à frente, para lhe segurar a porta agora estavam muito próximos. Tanto que sentia em seu pescoço, a respiração um pouco acelerada dela. Sabia que a afetava, tanto quanto ela a ele. E isso só deixava as coisas ainda mais complicadas de serem ignoradas. Quinn nunca fora mulher de cometer loucuras, aventuras de uma única noite, mas como gostaria de ter essa coragem naquele momento! Coragem de propor aquele desconhecido que fazia seu sangue correr mais rápido em suas veias, que a fazia ter plena ciência de que era uma mulher com necessidades carnais, como uma fêmea no cio, que a tomasse, nem que por uma noite! E agora que ele estava ali, a um palmo de distância, essa necessidade quase gritava em seu corpo. O cheiro dele era másculo, num misto de loção pós-barba e... Ela não sabia distinguir que cheiro mais emanava dele, se de sua pele, mas era tão... Tão... Homem! Zane sentia a hesitação dela. “Que ela entre de uma vez nesse maldito carro e parta, antes que eu faça algo do que sei que posso me arrepender... Propor a ela que venha até minha casa e a foder a noite toda!” — pensou. Então ela pousou uma mão em seu ombro e veio lhe depositar um beijo no rosto. Zane instintivamente virou sua cabeça e então seu nariz estava mergulhado em seus cabelos. Maçãs verdes! Era o cheiro dela. E tão rápido quanto foi o ato, ela já se encontrava dentro do automóvel. Só percebeu que a impedia de fechar a porta, quando essa tocou em seu quadril. Como um robô, deu um passo para o lado e a viu dar partida e então sair com seu pequeno Corvette. Muito lentamente, como se incerta do que fazia, ela rumou para a saída do estacionamento. Por um momento, cruzando os dedos atrás da nuca, ele torceu para que ela parasse o carro... Mas ficou aliviado quando a vislumbrou alcançar a rua e então partir. Ao menos esperava se sentir assim. Sabia que a havia impressionado. Talvez por sua aparência exótica para o estilo de vida dela. Grã-finas como ela, adoravam se aventurar com tipos como ele. Não que ele se desse a esse luxo. Tinha de manter distância de tipos como ela. Não queria correr o risco de ter seu coração destroçado de novo. E foi dessa forma que Quinn Armentrouth entrou e saiu muito rapidamente de sua vida. Inferno, era melhor assim! Não precisava de outra madame da alta sociedade para enlouquecê-lo! Não outra Camille. Porra, mil vezes porra! Precisava parar de trazer o nome daquela maldita à mente! Correndo as mãos sobre o rosto, bufou de frustração e retomou o caminho para o bar. Quinn e sua bela boca. Quinn e seu belo traseiro arredondado. Suas pernas. Lola se encontrava no bar. Era uma garota muito bonita e de corpo cheio de belas curvas. E parecia bem interessada em passar umas horas com ele. Ela havia deixado isso bem claro, na forma como lambia o canudo de sua bebida, enquanto o fitava. Ou então quando esfregava suas belas coxas uma contra a outra, como se dizendo que precisava dele entre elas. Já tinham passado alguns momentos juntos e ele sabia que ela fodia divinamente. Assim como fazia um boquete de fazer qualquer homem esquecer seu nome e revirar até os dedos dos pés. Bom, ela não era Quinn, nem mesmo se assemelhava a ela, tendo seus cabelos cacheados pintados num tom de ruivo bem quente. Era uma mulher muito bonita, de beleza agressiva. Já Quinn era toda uma dama, traço fino e um queixinho delicado, bem-feito como uma bonequinha de porcelana. Mas que inferno! Por que estava pensando de novo em uma mulher que muito provavelmente nunca mais veria? Com tal pensamento, terminou de beber o refrigerante de seu copo, deixou uma nota sobre a mesa e caminhou decidido até Lola. Não seria Quinn, mas teria sim uma mulher em sua cama, naquela noite! Era aquilo ou a outra opção era se acabar nos próprios dedos. Porque com certeza precisava foder naquela noite! Muito! Quinn depositou as chaves no aparador, descalçando os sapatos, seus dedos rumando para os botões do tailleur, seus olhos vidrados em nenhum lugar específico. Na verdade, a imagem de Zane Hudson, em seu retrovisor, lá parado, com as mãos cruzadas em sua nuca, como se lamentasse vê-la partir, ainda estava bem nítida em sua cabeça. E se ela houvesse voltado? Bufando, chutou um sapato longe: — Maldita seja, Quinn! Se foi covarde a ponto de não pagar para ver, agora durma com essa! Descendo o zíper lateral de seu vestido, foi rumo ao banheiro. Nunca antes sentira seu corpo tão desperto, necessitado de um toque. E esperava mesmo que Hulk, seu potente vibrador verde, desse conta do recado! Essa pequena e agora essencial pecinha fora presente de sua melhor amiga Júlia McIntyre, quando terminou seu noivado com Dawson. Disse que seria melhor companhia que aquele safado, mulherengo e arrogante sujeito. E ela estava com a razão. Tivera mais orgasmos com aquele pedaço de borracha do que com o egoísta de seu ex-noivo. Terminando de despir o vestido, deixou-o a um canto do banheiro e ligou as torneiras para encher a banheira. Precisava de um longo, quente e perfumado banho. Voltando em seu encalço, vestindo agora somente seu conjunto de lingerie preto da Victória Secrets, foi recolhendo as peças deixadas para trás. Estava tentando se acostumar de que agora, morando sozinha, tinha de cuidar de suas próprias coisas. Já não tinha o conforto da casa grande e cheia de empregados da qual usufruía, há apenas seis meses atrás. Foi quando deu um giro de 180 graus em sua vida. Abandonou um noivo prepotente, abusivo por conta de sua posição social e, além disso, infiel. Esse último detalhe ninguém lhe dissera. Tivera o infortúnio ou sorte de descobrir sozinha. Deixou a casa que por vinte e oito anos fora seu lar, com um pai amoroso, mas praticamente sem voz de autoridade e uma mãe, essa sim, a verdadeira dona da casa. Sua relação com Valentine Ann Fitzgerald Armentrouth era suportável até ela romper com o candidato a genro perfeito! Sabia que tudo se tornaria um verdadeiro inferno, depois do acontecido e então decidiu deixar a mansão e procurar seu próprio canto, que, aliás, era o que desejava fazer havia muito tempo. Achava que isso só aconteceria com o casamento. Sua mãe ainda a perturbava muito, querendo forçá-la a reconsiderar sua decisão de pôr fim ao noivado de cinco longos e tediosos anos! Ela não sabia de toda a história e Quinn não se sentia na obrigação de contar. Talvez nem mesmo isso fizesse Valentine ter outro conceito sobre a integridade de caráter de Ashton Dawson III. O que importava era seu sobrenome pomposo. Filho de um influente dono de uma cadeia de hotéis de luxo, espalhados pelo mundo todo, Ashton era o genro sonhado por qualquer mãe no país e fora dele. Mas como homem, companheiro e principalmente parceiro de cama, deixava e muito a desejar. Pegando seu celular, notou uma mensagem de Blane. Sem nem mesmo ler seu conteúdo, respondeu: Falo com você amanhã! Buscou por uma garrafa de um bom vinho e uma taça. Decidiu que não estragaria sua noite pensando em Ashton, sua mãe ou Blane. Com um sorriso carregado de malícia nos lábios, pensou que com certeza o alvo de seus pensamentos naquela noite seria outro. Um homem de verdade,com cheiro de homem, sexy, de olhar penetrante, mãos grandes... “Oh, Zane Hudson, o que eu não daria para ter você comigo aqui, a caminho daquela banheira?” Já no banheiro, colocou Feeling Good, na voz deliciosa de George Michael para tocar e retirou o restante das peças de roupa, dançando sinuosa ao ritmo da música. Imaginou se despindo para aquele belo moreno, expondo seu corpo feminino e pronto para ele. Serviu-se de uma boa dose de vinho e entrou na água quente que recebeu seu corpo, fazendo-a suspirar de puro deleite. Hulk estava ali, a postos. Mas primeiro ela queria se tocar e imaginar que eram as mãos grandes, que tinham dedos calejados a tocar sua pele delicada. Provou do vinho, o líquido dançando entre seus lábios, deixando uma leve dormência em sua língua. Estava pronta para explorar cada recanto seu, por Zane, pensando nele. Começou pela nuca, deslizando suavemente seus dedos, deixando as unhas bem- feitas roçarem, arrepiando-a. Lembrou-se da voz dele, um pouco rouca, grossa. Sua risada abafada. Teve de se contorcer, sentindo uma languidez a dominar. Roçou as pernas umas contra a outra, sentindo sua vagina muito sensível. A tal ponto, que talvez Hulk nem precisasse entrar em ação. Fechou os olhos, agora tocando seus seios fartos, trêmulos e de mamilos eriçados. Lembrou-se da boca dele. Oh, como seria tê-la sobre seus bicos ultrassensíveis? Os lamberia? Ele os sugaria com força? Os tomaria em suas mãos, juntando-os, como ela fazia agora? Diria que eram lindos e então voltaria a saboreá-los? Quinn voltou a se contorcer e gemeu imaginando a cena: — Zane — sussurrou, seus dedos mergulhando entre suas pernas, alcançando um dolorido clitóris que reivindicava atenção. Arfou ao se tocar. Não, Hulk não seria usado naquela noite. Queria prolongar ao máximo aquele momento, aquela sensação. Se usasse o vibrador, acabaria tudo muito rápido. Já que não tinha o homem ali, que ao menos a fantasia dele a tocar fosse mais longa. Mergulhou dois dedos dentro de si, mordendo o lábio. Como seria a sensação do pau dele ali? Voltou a gemer alto, imaginando que ele seria grande, que a preencheria total e completamente. Seria esmagada sob seu corpo torneado e rígido, enquanto ele investia furiosamente contra seu centro. Outro gemido torturado ecoou pelo banheiro, agora silencioso, já que a música acabara. Voltou a acariciar seu clitóris inchado e pronto para fazer seu corpo explodir. Com movimentos cadenciados, levou-se a outra dimensão, gritando o nome de Zane, quando o orgasmo a arrebatou. Quinn manteve seus olhos fechados, a respiração suspensa e seus lábios entreabertos. Ao mesmo tempo em que o corpo se estilhaçava num orgasmo, a frustração a alcançava quase que imediatamente. E uma simples constatação também a atingia: aquilo só não era o suficiente para seu corpo sedento por prazer. Sedento por Zane. 3º Ao estacionar seu reluzente Maverick nos fundos da Harper’s Restauração de Autos, Zane sentia o corpo esgotado, mas a mente a mil. Dera uma bela canseira em Lola, mas terminara a noite frustrado. Tivera uma mulher, mas não a que desejava. Inferno, nunca mais veria Quinn Armentrouth na vida, então tinha de parar de se martirizar por ela! Desceu de seu carro, seu tesouro, junto com a Harley que tinha em casa. Havia comprado os dois por preços de banana e os restaurara quase que como se houvessem acabado de sair da fábrica. E isso só fora possível pelo que aprendera com seu amigo, Jake Harper, a quem podia dizer, devia sua vida. Trabalhava na empresa de restauração de carros e motos antigas há cerca de onze anos. Eram considerados os melhores da cidade e região nesse quesito. Se não fosse por Jake e aquele emprego que amava tanto, nem sabia o que teria sido dele. Muito provavelmente teria se afundado no mundo do álcool e das drogas. Travou o carro e seguiu para a porta dos fundos da Harper’s, coçando a cabeça. Era uma hora estranha para remoer o passado. Mas sabia o que trazia tudo aquilo a tona: conhecer Quinn Armentrouth! Mesmo sendo tão diferente de Camille, ao menos fisicamente, de alguma forma ela o arremetera a um passado o qual queria manter bem enterrado. Era um lugar sombrio, onde uma mulher fora capaz de o deixar a ponto de perder a cabeça. E era onde entrava Jake que o tirara das trevas. Por todas essas razões, devia estar grato por não mais colocar seus olhos na doce bonequinha Quinn! Ela era linda, gostosa como o inferno, mas trazia consigo também um aviso de perigo para a sanidade de Zane. Mas para torturá-lo como nada antes, enquanto fodia Lola, era no cheiro de maçã verde que pensava. E quanto tinha seu pau sugado por uma boca faminta, que nem mesmo seu apadravya parecia incomodar, desejava que seus dedos estivessem emaranhados em cabelos castanhos, com nuances mais claras, aqui e ali, e não em cachos vermelhos. Maldição, que primeira impressão aquela mulher havia causado nele! E que ela se fosse logo! A grande verdade era que ele era um grande filho da mãe fodido que crescera cercado por problemas, brigas em família e miséria. Abandonado pela mãe, aos nove anos, junto com sua irmã, seis anos mais velha, ele cresceu tendo tudo para ser um perdido na vida. Por conta do abandono da esposa, seu pai se tornará amargurado, ausente e procurara consolo para seus problemas na bebida. O pouco dinheiro que trazia para casa mal dava para alimentá-los. Anna, sua irmã e ele tiveram de aprender a se virar sozinhos e ele começou a trabalhar cedo, sempre em oficinas, de onde veio a nascer sua paixão por carros. Carl Hudson morreu quando Zane tinha apenas dezesseis anos, consumido pelo álcool. Em vinte e dois anos não tivera notícias de sua mãe. Não que ele as desejasse. Uma mulher que deixa seus filhos por outro homem, nem mesmo deve ser tratada como mãe! Os vizinhos de sua antiga cidade Phoenix, Arizona, diziam que era estranho por conta de suas tatuagens e cabeça raspada. Achavam que era um garoto perdido, o encaravam como se sempre esperassem que ele fizesse algo próprio de sua aparência. Como roubar, se drogar e até mesmo vender esses entorpecentes. Ele não se importava com a opinião deles. Estava seguro de quem era e que não tinha nada a provar para ninguém. Tudo o que fazia de sua vida tinha um sentido, até mesmo suas tatuagens. E era um homem bom. Até conhecer Camille Fairfield. Por tudo isso, garotas como Quinn Armentrouth, obviamente vindas de famílias ricas e tradicionais, nunca entrariam em sua vida para ficar. Já devia ter aprendido. Na cozinha bem equipada da loja, contou aos amigos sobre o acontecido da noite anterior. — Espera aí. A mulher te confundiu com um tarado, é isso? Quem constatava isso era Boo Summers. Era um cara legal, mas um pouco lento de raciocínio. De aparência bonachona, era corpulento, com cabelos que pareciam não ver uma tesoura há bastante tempo. Podia não bater muito bem da cabeça, mas era um artista na pintura de autos e motos. — De tudo o que falei, foi nessa parte que prestou atenção? — fingia se indignar Zane, parando de mexer o açúcar em sua xícara fumegante de café. — Eu sempre disse que você era estranho. Assustador — ele prosseguia com sua voz lenta, calma, como se nada pudesse deixá-lo abalado — Careca e com esses desenhos estranhos nos seus braços... Que mulher que der de cara com você à noite não teria medo? Jake e Zane trocaram um olhar divertido. Aquele era o Boo de sempre! A diversão do lugar: — Eu a salvei, entendeu, cara? Na verdade eu fui um herói, está certo? — Eu só estou falando! — o outro disse, saindo rumo a sua área de trabalho. Que aliás, lhe era sagrada. Ele não permitia que ninguém mexesse em suas ferramentas. — Mas então, Zane? Ela era gata mesmo? — Jake inquiria, após a saída do pintor. — Gata? Não, essa expressão não pode definir aquela mulher. Ela era escultural, linda, uma bonequinha!Tão gostosa que se eu não tivesse me arranjado com a Lola, na noite passada, teria me acabado na mão — ele fez um gesto de masturbação, arrancando risos do amigo — se é que você me entende... Eles gargalharam enquanto deixavam a cozinha e rumavam para o escritório bem decorado de Jake. Ele não tinha secretária. Dizia que não era necessário, que podia lidar com tudo sozinho. — Mas apesar disso tudo — Zane prosseguia, acomodando-se na cadeira frente a enorme mesa de vidro de Jake, enquanto esse se sentava na cadeira atrás dessa — ela não é para o meu bico. — Por quê? Zane torceu a cabeça para um lado, suspirando: — Ela... Pela aparência e pelo carrão, é uma garota de dinheiro. Da alta, entende? Como disse, não é para o meu bico. Notou que Jake franziu o cenho, prestando mais atenção ao amigo: — Sim, tipo Camille! — Zane respondeu a pergunta nos olhos do outro — diferente na aparência, mas... De alguma forma como ela. — Então realmente é melhor manter distância, amigão — sua voz soava grave — você não precisa de outra mulher como aquela na sua vida! Definitivamente! — ele concluía sério. Somente ele conhecia a fundo, tudo o que Zane havia passado. Se não fosse sua mão estendida ou o puxão que ele lhe havia dado... — Eu sei disso, meu irmão! — Ele batia nos braços da cadeira, antes de se colocar de pé — sei bem disso! Mas isso não me impede de notar como a garota era gostosa, não é? — ele fazia o contorno de um corpo de mulher com as mãos, com um sorriso sem vergonha no rosto — sou um homem de carne e osso, caramba! Jake também sorriu, parecendo aliviado: — Olhar não arranca pedaços, não é verdade? — É isso aí! — abrindo a porta, anunciou — agora me deixe trabalhar que é para isso que você me paga... — Muito bem por sinal, não? — Jake gritava para ser ouvido por todos na oficina. Como se podia imaginar, houve um burburinho por parte dos empregados. — Bem? — Zane gargalhou, já no corredor — faça-me rir, Ryan! — e seguiu para o seu “escritório.” Na verdade, uma desordem onde só ele se encontrava. Costumava dizer que era o estúdio onde fazia sua mágica. Bom, sim, ele sabia que Quinn Armentrouth era inalcançável! Mas isso não impedia de ficar de pau duro, só de pensar naquele belo par de pernas. Ou naquele traseiro bem-feito, o qual adoraria moldar com suas mãos, ele pensava sorrindo travessamento, enquanto vestia o macacão estilizado da Harper’s Restauração. Seria difícil trabalhar naquele estado. Nem mesmo ter passado a noite dentro de Lola havia acalmado aquele desejo insano e repentino demais por aquela bela bonequinha. Era toda certinha e ele adoraria bagunçar um pouco seus cabelos, deixá-la ofegante, esgotada e pedindo por mais. Quinn chegou a Tesouros de Violet, às 08h30. Precisara caprichar na maquiagem para disfarçar suas olheiras. Os enormes óculos escuros em seu rosto delicado ajudavam um pouco... Após se deliciar na banheira e terminar frustrada, não fora novidade ter sonhos quentes com um certo tatuado. Sorriu, conformada ao abrir a porta pesada de vidro da loja. Era tudo o que teria dele: sonhos eróticos! Àquela hora, somente as funcionárias estavam por ali, organizando as coisas para começar a receber público, às 09h00. A loja levava o nome de sua avó materna, que fora quem inaugurara o lugar. Desde criança a admirava, tanto seu gosto por antiguidades, como seu jeito doce, tranquilo de ser. Era seu exemplo de mulher! Não podia entender como Valentine podia ser filha de uma mulher sensacional como aquela! Quando ela estava à beira da morte, já com seus noventa e dois anos bem vividos, pedira à neta que cuidasse da loja. Não foi um fardo, já que sempre amara aquele lugar. Crescera brincando por entre aquelas prateleiras e balcões. Como não podia deixar de ser, sua mãe fora contra, quanto resolveu assumir de fato a loja, antes mesmo de a avó falecer, seis anos atrás. A verdade era que não se imaginava fazendo outra coisa. Mesmo sua faculdade de administração fora feita já com essa pretensão, e não para ajudar o pai no mundo dos negócios, como seus pais desejavam. De certa forma, desde que se entendia por gente, sabia que seu destino era cuidar da Tesouros de Violet. Assim que entrou, Gwen, sua assistente, fiel escudeira e amiga veio ao seu encontro. — Bom dia, chefinha! — Ele só será bom se ligar para o Eric e pedir um café da manhã completo! — sorriu para a outra — Com café duplo! — Ok! Você manda! — ela já se voltava para ligar para a Delicatessen preferida delas que pertencia a um amigo, estacou chamando por ele — Blane, está te esperando no escritório — avisou, sorrindo de lado, sabendo que a outra estava pronta para dizimar o colega. Quinn estreitou os olhos, como se estivesse arquitetando um assassinato: — Oh, ele vai se ver comigo agora! — rumou para seu escritório, pisando duro. Quando entrou, ele estava comodamente instalado na poltrona à frente de sua mesa, jogando uma pedra fóssil que valia o preço do apartamento dele, de uma mão a outra. Pedindo para morre! Pensou. Sabia que ela não gostava que mexessem em nada que se encontrava em seu recanto particular. Assim que notou sua presença a suas costas, colocou a pedra de volta à mesa rapidamente e se colocou de pé: — Quinn, minha rainha! — ele a recebia, com um sorriso largo no rosto, abrindo os braços num gesto muito teatral — Por favor, eu preciso do seu perdão! Ela conhecia o amigo. E só havia uma razão para ela a ter “esquecido” na tarde anterior. — Qual é o nome dela, Blane? — O quê? Não. Quem? Eu não... Obviamente que ele ia se fazer de desentendido! — O nome da garota que te prendeu ontem, a ponto de ter esquecido o nosso compromisso! — ela o fitou de braços cruzados, encarando-o de forma impassível. Blane sabia que havia sido pego. Assim nem tentou alongar aquela situação que já estava bem complicada para ele: — Ok, o nome dela é Sophie e... Meu Deus, eu acho que estou apaixonado! — ao notar a expressão contrariada da patroa, se empertigou — mas eu só fui atrás dela depois de constatar que o Monet da família lá era falso, ok? Quinn bufou: — E não podia ter me avisado disso? — o rapaz ficou sem jeito, correndo uma mão pela nuca, sem jeito. — Ah, eu... — evitava seus olhos — me perdoe, Quinn! Eu estava para te ligar quando vi a Sophie... Então eu... Me deu um branco, foi isso. — Foi isso? — Quinn o interrompeu incrédula — você sabe o que aconteceu comigo, sozinha naquele bairro que eu não conhecia? — aproximou-se dele, falando com gravidade — eu fui perseguida! Notou quando o amigo ficou extremamente pálido. Quase teve pena, mas ele precisava saber qual poderia ter sido a consequência do ato dele. — Eu poderia ter sido assaltada, estuprada e Deus sabe mais o que, se uma boa alma não aparecesse para me ajudar! — Quinn... — ele se sentou, ainda muito pálido, engolindo em seco — eu... Você está bem agora? Sim, graças a Zane Hudson, meu herói! Poderia dizer. Tinha de admitir que não estava de todo brava com ele, pois com sua falta, tivera a oportunidade de conhecer aquele homem incrível. O lado ruim era não mais vê-lo. Porém Blane tinha de aprender a honrar seus compromissos! E se Zane não aparecesse? Ela nem gostava de pensar nisso. — Estou, mas e se aquele bom homem não aparecesse? Tem ideia do que poderia ter acontecido comigo? Tudo por que você não pôde resistir a um rabo de saia? — cruzou os braços e suspirou, demonstrando sua decepção com o amigo — eu estou muito desapontada com você, Blane! — só não mais por causa da oportunidade de ter conhecido aquele homem que ela sabia, frequentaria seus sonhos por um bom tempo. — Por favor, Quinn! — agora todo o ar zombeteiro, constante na expressão de Blane, havia sumido — me perdoe! — ele se aproximava, as mãos unidas frente ao corpo — isso não vai se repetir, eu prometo! Ela sabia que ele estava realmente arrependido. Conhecia bemo amigo. Não era um mau caráter, só tinha um fraco muito grande por mulheres bonitas. — Eu vou pensar em uma forma de me redimir! Só me dê uma chance, querida! — ele buscava sua mão, pegando-a entre as suas e a levando aos lábios, enquanto fazia sua melhor carta de conquistador. Ele sabia que seu charme não a atingia, pois se conheciam a mais de anos, mas devia estar desesperado. Quinn apertou os lábios e libertou sua mão, indo para trás de sua mesa: — Oh, você terá de fazer algo bem grande para se redimir comigo, Blane! Algo como encontrar um colar perdido de Cleópatra! Blane arqueou as sobrancelhas, esperando que ela dissesse que estava brincando. Quinn parou de ajeitar a cadeira e o fitou ainda séria: — Algum problema, Blane? Ele ergueu as mãos e deu um passo atrás, meneando a cabeça: — Claro que não! Saindo agora, a procura dos tesouros de Cleópatra! Quando ele fechou a porta, Quinn enfim pôde sorrir. Ele era louco o suficiente para partir em busca de algo da rainha do Egito! — UH! — sua assistente voltava — Blane saiu com uma cara num misto de alívio e estou enrascado! — Eu tinha de colocá-lo em seu lugar! Ele é um bom amigo, mas não pode agir com tanta displicência em relação ao trabalho! E essa não é a primeira vez que acontece uma falha dele por causa de mulher! — Eu sabia! — Gwen socava o ar — Tinha de ter uma envolvida, senão não seria Blane! — Pois é, só que dessa vez as coisas quase saíram do controle... — Ah, espere, antes de mais nada, deixe eu te avisar que Ashton O Chato III ligou três vezes a sua procura! — Oh, Deus! O que ele quer agora? Se o bloqueei em meu celular e não o atendo em casa, o que o faz pensar que vou atender aqui? — Bom, não sei! Eu disse que você não havia chegado e que seu dia seria cheio. Aí ele fez ameaças ao meu emprego, como se ele pudesse fazer algo em relação e tudo mais, caso eu não lhe passasse seu recado dizendo que ele ligou e precisava muito falar com você! Quinn soprou o ar para fora junto com uma exclamação. Ashton já estava se tornando inconveniente! A ponto de ligar de madrugada, bêbado como um porco, somente para lhe dizer que a amava, que sentia sua falta. Agora era tarde demais para lamentar. Que pensasse antes de fazer o que tinha feito. Gwen o odiava com todas as forças. Sabia de tudo o que havia feito à patroa e amiga. Começara a trabalha na Tesouros de Violet há uns quatro anos e por causa de seu jeito fácil de lidar, logo se tornara amiga de Quinn. — Aquele palhaço! — murmurava ela. — Quando vai entender que mancadas do tipo que ele fez, não se perdoa? Mesmo amando muito, o que não é o seu caso. — É um filhinho de papai mimado, acostumado a ter tudo na hora que quer! Isso não me inclui! — Hey, meninas! — era Júlia quem entrava carregando a cesta de café da manhã, erguendo-a ao ar — olhem o que eu encontrei perdido lá fora? E isso é ótimo, pois estou faminta! Quinn conhecia Júlia de toda sua vida. Era uma loira radiante, de lindos e expressivos olhos azuis. — Melhor ainda eu ter pedido tudo dobrado! — Gwen ria. — Você é um verdadeiro dragão para comer, Júlia, nem sei como consegue se manter toda gostosa assim! — ajudou—a a ajeitar a cesta no aparador e logo todas estavam em volta da comida. — Malho muito, para poder comer tudo o que quero, senão... Já estava uma bela porquinha! – ela gargalhava, batendo em sua barriga lisa. Quinn também riu e pegou seu café. Não era ninguém sem um belo café preto e forte! — Bom, agora que as duas estão aqui, preciso compartilhar minha aventura da noite passada! — já estava de volta a sua cadeira e sentou-se depositando os pés, agora descalços, sobre a mesa, fazendo ar de mistério — e o Deus em forma de homem que conheci no processo! Pronto! Já conseguia total atenção das garotas que a fitavam com muito interesse agora. Os bolinhos e pãezinhos da cesta foram temporariamente esquecidos. O sorriso de Quinn se alargou. Se envolvia homens, elas logo estavam alertas. — Muito bem, cadela! — Júlia se sentava frente a ela, as mãos repletas de petiscos — Comece a falar! — Agora! — Gwen, também munida de gostosuras, sentou-se ao lado da loira. — Com detalhes, por favor! — Ok! — prostrou-se para frente e narrou à noite passada, começando pela perseguição que sofrera. — Meu bom Deus! E tudo por causa de Blane! Por isso ele saiu daqui com aquela cara! — concluía sua assistente — deve estar se sentindo muito culpado, e afinal, ele é! — Total! Ele não resiste a uma mulher bonita e eu sei disso, mas dessa vez passou dos limites! — Tudo bem. Blane é um mulherengo, mas vendo que você está bem, onde entra o Deus em forma de homem? Quinn riu do jeito afobado e direto da amiga: — Bom, enquanto eu esperava por Blane no bar, vi esse homem... Tanto Gwen quanto Júlia se apuraram, até mesmo parando de mastigar. — E? — Júlia inquiriu ao que Quinn fez uma pausa dramática. — Pensem num homem grande. Forte, com um corpo musculoso como um Apolo! Com cara de mal, de homem! Com uma bela tatuagem por todo seu braço... — olhou diretamente para a loira, pois sabia que a amiga adorava tatuagens, mas não tinha coragem de fazer. — Caramba! — os olhos azuis eram vidrados agora. — Quieta, assanhada! Deixe ela prosseguir! — cortava Gwen, humorada. — Por favor, não se detenha por mim! — Bem, acontece que foi ele quem me salvou de ser atacada! E, meninas... — Quinn recostou—se na cadeira, revirando os olhos com ar sonhador — que homem, que voz, que mãos! Um olhar misterioso, como se estivesse me desnudando em sua mente... — Oh, pare ou terei de passar em casa para trocar de calcinha! — Cale a boca, Júlia! — Gwen ralhava de novo. — Pare nada! Quero detalhes! Quinn gargalhou: — Eu bem que gostaria de ter mais detalhes, Gwen, mas foi só isso... — ela suspirou, resignada. — Ele me salvou, eu agradeci e fui embora! — Só isso? — Júlia se exaltava — como assim? Você conhece um homem de verdade e... É só isso? A outra só torceu os lábios, dando de ombros: — O que eu poderia fazer? — Eu não sei o quê, mas algo! — Gwen erguia um dedo, rodando-o no ar — eu faria! Esse cara parece ser o meu número! — O meu também! — interrompeu, sentindo certa possessão. — Mas isso não significa que eu vá usar... — Por quê? — as duas perguntaram em uníssono. — Porque muito provavelmente eu nunca mais o verei e... Imagina Valentine Fitzgerald Armentrouth vendo a filhinha dela com um cara com essas características? Gwen fez uma careta de desagrado. Ela não se dava nada bem com sua mãe. Apenas a suportava. — Titia ia surtar! — concluiu Júlia. — Mas você não iria ser casar com ele! — É, apenas uma boa trepada bastava! — ela se levantava e cutucava Júlia, sugestivamente, dando uma piscadela maliciosa. — Certo? — Muito certo! — a loira erguia a mão para bater na da outra. — Titia nem ficaria sabendo da existência desse tesão de homem! Quinn suspirou frustrada, outra vez. — Mas acontece que eu sou uma covarde e deixei minha oportunidade passar! E agora, eu nunca mais o verei. — Não pegou o número do celular dele? — a assistente se indignava. — Não deu o seu a ele? — Júlia com voz esganiçada. — Oh, sim! Claro, não é, meninas? – Quinn também se exaltava. — Eu havia acabado de me safar de ser estuprada e morta, e ia sair distribuindo meu número ao primeiro que aparecesse! Sim, ele era gostoso, tesudo como o inferno, que me deixou de calcinha tão molhada, que eu tive de me aliviar sozinha, senão nem conseguiria dormir... — Hulk! — Júlia deduzia, dando de ombro em Gwen. — Ele nem foi necessário, amiga! — Quinn elucidava. — Mas como eu dizia. Ele me impressionou, de um jeito que nenhum homem antes conseguiu, mas, ainda assim, era um desconhecido! — Ele salvou você... — Júlia dizia, como se algo estivesse óbvio ali. — Sim, mas... Eu não podia... — Pedir que ele a possuísse loucamente, que a fizesse gritar de prazer? — Gwenresumia teatralmente. — Bom, está precisando disso, depois do canalha do Ashton... E você mesma disse que não teve nenhum sexo interessante desde que terminou seu ex... — Nem durante o ex dela! — sua assistente lembrava. Quinn bufou revirando os olhos: — Bem isso! — Perdi sete preciosos anos com aquele idiota e nem fui bem fodida! Sei disso tudo, garotas. Mas eu não sou assim, não teria coragem... Sabem, de simplesmente me insinuar dessa forma. Parecer desesperada, entendem? Não era uma situação típica, nós nem ao menos estávamos no bar, flertando um com o outro mais. Eu havia acabado de quase ter sido atacada e ia me oferecer? O que ele ia pensar de mim? — Isso ia importar? Depois da transa vocês nem iam mais se ver... — a loira dizia, com ares de riso. — A menos que fosse muito boa e quisessem repetir — Gwen emendava — Mas até então, o que importa o que ele pensaria de você? E eu duvido, bonitona como você é, com esse corpão, minha filha, que ele recusaria! Quinn sorriu, com ar convencido: — Não, ele não recusaria. Ele estava me devorando com os olhos. Como disse, parecia me desnudar mentalmente. Era como um predador, prestes a atacar... — Oh, meu Deus! Tatuado, musculoso e me olhando desse jeito... Que calor! — Júlia se abanava. — Eu não deixava passar! Pulava no pescoço grosso dele e dizia: me devora, seu gostoso! Júlia e Quinn riram com vontade do gesto de Gwen, jogando a cabeça para trás e prostrando os seios para frente. — Eu queria ter tido essa sua coragem, mas não tive! Então o jeito é seguir com essa frustração e continuar a vida! Dessa vez foi a assistente quem suspirou frustrada: — Pois é! Sendo assim, eu vou trabalhar! E pensar no seu tatuado... — já ia pela porta, quando se voltou — ah, não se esqueça: ligue para o senhor Dumas. Ele quer falar com você. — Ok. — Bom! — Júlia também se colocava de pé — Já que você não fodeu com esse gostosão... Me resta ir trabalhar também. Almoçamos juntas? — Marcado. — Ela respondeu distante. Não, ela não havia fodido com Zane Hudson, mas como queria… 4º O dia seria longo, então Quinn teria de se esforçar para tirar Zane da cabeça. Depois de se fartar com o que restara do ataque de Gwen e Júlia à cesta do café da manhã, começou a examinar sua agenda. No topo delas, estava: ligar para o senhor Dumas, em letras grifadas. Ela franziu o cenho. Pelo jeito, precisava mesmo falar com ela. Antônio Dumas era um cliente muito especial, tanto por ser um homem muito educado e gentil, como também não ter nenhum receio em gastar em antiguidades, quando essas realmente lhe interessavam. Gostava de quadros, vasos e até moveis que viessem de seu país de origem, a Espanha, mas era verdadeiramente aficionado em motos antigas. Há anos estava em busca de Harley Davidson. E Quinn já havia encontrado várias, algumas até mesmo parecendo novas. Mas nenhuma era o que ele estava procurando. Pegando o telefone, discou o número dele, que já sabia de cor. O hobby de colecionar antiguidades, só aflorara no homem após a morte de sua mulher, uma autoritária espanhola de sangue quente. Seria cruel da parte dela achar que o senhor Dumas parecia mais feliz após a morte da esposa? Mas assim lhe parecia. O casal sempre frequentara a casa de seus pais, desde a infância, por isso pensava de tal forma. Henriqueta Dumas era... Bom, ela tinha um gênio forte, enquanto Armand era suave, um verdadeiro cavalheiro. — Senhor Dumas? — cumprimentou assim que o senhor atendeu ao celular. — Menina Quinn! Como vai? Sorriu. Ela já até conhecia sua voz: — Soube que está a minha procura. — Sim, querida. Eu a encontrei! — Desculpe... — começou, sem entender direito do que ele falava. — Minha Harley, menina. — Oh, mesmo? Isso é muito bom! Como conseguiu? — estava realmente curiosa, pois tanto ela quanto Blane procuravam pela moto, sem ter muito sucesso. — Muito por acaso, navegando pela internet. Quinn franziu o cenho. Tentou imaginar o senhor Dumas navegando. Ele realmente estava se redescobrindo. Era um vinicultor aposentado e de muito dinheiro, vindo não só de seus vinhos, como também de herança. Somente após deixar a presidência de suas empresas, foi que enfim essas foram modernizadas. Por isso a surpresa em ouvi-lo dizer que estivera pesquisando na internet. — Mas como? Onde? — ela estava de fato perdida. Esteve em contato com várias pessoas ligadas ao ramo de motos antigas, à procura da bendita moto e ele conseguira assim? Tão facilmente? — Participo de alguns grupos de colecionadores de motos e de admiradores das mesmas. E num bate papo, descobri esse senhor que estava se dispondo da sua Harley — Quinn teve de segurar o riso. E as surpresas não paravam! O homem estava se tornando bem moderno! — Mas tem certeza de que é mesmo uma Harley sem modificações? O homem ficou quieto por um instante do outro lado da linha: — Senhor Dumas? — Bom, querida, eu realmente preferia que a visse pessoalmente. — Claro, é só me dizer onde ela se encontra... Ela buscou por uma caneta e papel para anotar o endereço. — Ótimo! Te espero às 14h00 em minha casa! — O quê? Mas o senhor já comprou? — Sim! — ele anunciava animado. Ela não questionou. Ficou surpresa, mas não questionou. Ele era um homem esperto demais para ser passado para trás. Mas se já encontrara sua peça tão desejada, por que ainda necessitava dela? Bom, só saberia ao visitá-lo. — Ok, às 14h00 estarei aí. — Obrigado, querida! Estarei ansioso a sua espera! Quinn se despediu enternecida de notar como o homem parecia uma criança diante de seu doce preferido. Tão logo desligou, Gwen aparecia à porta: — Ashton de novo! Ele é maluco, né? Fala de um jeito como se eu não quisesse passar suas ligações para você... — ela se deteve e pareceu ponderar — Ok, ele tem razão nisso! — riu, perversamente — Mas é que agora a coisa está ficando séria! Ele simplesmente não para de ligar! Está até bloqueando o aparelho, não consigo fazer ou retornar ligações! Disse que se não o atender agora, vai aparecer por aqui. Quinn bufou: — Maldito seja! Pode deixar, Gwen, eu vou atendê-lo. — Isso — a outra disse, gesticulando com a mão no ar, com seu jeito petulante — E o mande pastar! — Ele que force muito! — resmungou, rindo do gesto da amiga e pegando o aparelho telefônico de novo. — Linha dois — Dizia a assistente, já saindo e fechando a porta. Antes de clicar no número informado, Quinn respirou fundo. A última coisa que queria era ouvir a voz de seu ex. Mas ele parecia não entender que não desejava qualquer contato com ele. Ou fingia não entender. — Ashton? — Quinn? Eu não acredito que enfim me atendeu! — ele realmente parecia surpreso do outro lado da linha. — Sim, eu o atendi, mas principalmente para exigir que deixe minha assistente em paz! Ela só está cumprindo ordens, entendeu? — foi seca. — Essa garota não gosta de mim, Quinn! — seu ex retrucava com seu tom presunçoso. — Ela não é a única... — resmungou baixinho. — O quê? Eu não te ouvi, querida. Oh, como ela odiava quando a chamava de querida! Sempre soou tão falso. — O que você quer, Ashton? Eu tenho de trabalhar. — Preciso ver você! — foi direto e soava meio apreensivo agora. O que era estranho nele, que sempre fora seguro de si. — Ashton... — ela começou, num tom pesaroso. — Por favor, Quinn! Ele estava implorando? E o melhor, parecia ansioso. Ashton Dawson III estava implorando por ela! Isso era ótimo! — Só um jantar... — Estou com minha agenda cheia... — Um café, um sorvete, o que seja! Mas eu preciso mesmo, muito — enfatizava as últimas palavras — te ver! Contendo uma respiração pesada, Quinn conteve o desejo de desligar o telefone na cara dele. Não, o pedido dele não a comovia. Tudo o que passara com aquele homem a deixara insensível sobre tudo em relação a ele. — Ashton, eu vou ser sincera com você. Outra vez! Não temosnada que conversar! Nada! Eu já disse tudo o que tinha a lhe dizer naquela tarde... — Mas eu não disse! Você não deixou que eu me defendesse... Quinn soltou uma exclamação chocada. Ele era mesmo muito cara de pau! Doente! Mimado! — Se defender? — agora ela estava exaltada — se defender? Acha mesmo que você ainda precisava se defender? Eu vi, Ashton! Eu estava lá! — Quinn, eu... — O que vai me dizer? Que estava sendo atacado? Que você não estava fazendo aquilo por livre e espontânea vontade? Oh, por favor, respeite a minha inteligência, sim? Ele ficou em silêncio do outro lado da linha. Esperava tê-lo colocado em seu lugar. — Eu me arrependi... — retornava ele, sua voz quase inaudível. — Sim, se arrependeu porque eu o flagrei! Caso contrário, logo estaríamos casados e você continuaria... Com suas orgias! — Não, eu ia parar quando me casasse com você! Quinn quase riu, embora não fosse cômico. Ele era mesmo tão infantil! — Você sempre foi a única mulher de fato na minha vida, querida! As outras eram somente... Diversão! Meneando a cabeça, ela se sentia esgotada. Ele tinha esse poder sobre ela. Fazê-la se sentir cansada, deslocada. Às vezes até inútil. Mas essa fase tinha acabado. — Está dizendo que eu não era divertida? — não acreditou que essa pergunta havia saído de seus lábios. Era segura de si o suficiente para aquilo não a perturbar. — Não é isso, querida! Com você era diferente. Você era... Sagrada para mim! Meu bem maior, o meu tesouro! Ok, aquelas palavras haviam soado sinceras. E talvez houvessem tido alguma importância tempos atrás, quando se sentia um só troféu que ele gostava de exibir. Mas agora eram só palavras. — Ashton, eu realmente estou muito ocupada agora. Quando estiver com a agenda livre, eu te ligo, ok? E por favor, pare de ligar para o meu trabalho. — E antes que ele pudesse dizer algo mais, desligou. Revirou seus olhos, imaginando a cara de perplexidade que ele devia fazer agora, por ela ter tido a ousadia de desligar em sua cara. — Mas ela está... Praticamente destruída! — Quinn lamuriava, agora observando a Harley Davidson diante dela. Sim, você notava que era a bendita moto, mas estava amassada, com pneus furados e muito riscada. O senhor Dumas sorriu complacente, sempre acompanhado de um charuto: — Menina Quinn! — ele meneava a cabeça — Você não está olhando direito para ela. Quinn cruzou os braços e franziu o cenho, observando com mais atenção ao monte de ferro retorcido, pois era isso que ela via diante de si. — Ok, senhor Dumas! — ela cruzava os braços — Me diga o que o senhor vê então. O homem enlaçou seus ombros e começou, apontando a moto: — Eu vejo a história dela. Venha, olhe isso — ele mostrava o hodômetro da moto que mostrava sua quilometragem avançada — Vê? Ela já andou muito! Imagine por onde ela levou seu dono! Lugares que eu sempre sonhei ir, montado numa dessas e nunca o fiz! E agora já tarde demais! É isso que vejo nela! Eu imagino os caminhos que ela percorreu... — ele acariciava seu banco com tanta ternura, que o coração de Quinn se enterneceu — e agora eu a quero inteira, aqui comigo. Porque eu não pude participar do passado dela e suas histórias ficaram guardadas para sempre com seu antigo dono... Mas o final dela será aqui, junto de mim! Bom, ele a havia convencido. Agora fitava a moto com outros olhos. Sentia todo o sentimento que o velho homem já nutria por aquele Harley. — Meu Deus, senhor Dumas! — começou suavemente, enternecida — só agora consigo entender porque nenhuma outra das motos que lhe foi oferecida lhe agradou. Tinha de ser a moto! Ele sorria satisfeito e até mesmo emocionado: — Era isso mesmo, menina! Eu a estava procurando e ela a mim! Não importa o estado que tenha chegado, eu a aceito! Foi a vez de Quinn sorrir também, emocionada: — Pois eu vou em busca do melhor restaurador de motos que exista! — Não esperava menos de você, querida! Ao sair da casa do senhor Dumas, ela já sabia a quem procurar. Após umas algumas ligações, Quinn já se encontrava de frente a Harper’s Restauração de Autos e era recebida por seu dono. A moto seguia atrás dela, em uma caminhonete alugada para o transporte. — Senhorita Armentrouth! Há quanto tempo! — Olá, Jake. Mas por favor, apenas Quinn, ok? — Certo. Quinn. É muito bom vê-la de novo! Está ainda mais bonita! Como é possível? Jake era um galanteador. Um belo galanteador. Alto, de um porte atlético, os cabelos um tanto compridos que lhe caiam sobre a testa e o homem tinha duas lindas covinhas para tornar seu sorriso ainda mais sedutor. Da última vez que estivera ali, a pedido de um cliente, ela ainda estava noiva de Ashton. Já havia notado o quanto ele era bonito e charmoso, mas não lhe dera qualquer abertura, mesmo ele demonstrando interesse. Bom, agora já não havia noivado. E já que Zane estava fora de alcance, quem sabe não lhe dava uma chance? — Obrigada, Jake! — endereçou-lhe um belo sorriso — você é um sedutor, isso sim! — Sou apenas sincero e aprecio uma bela mulher quando a vejo. — Ele levou sua mão aos lábios, sem tirar os olhos dos dela. Quinn não fazia o gênero tímido. Não era uma convencida nem nada, mas sabia que era bonita. Assim, retribuiu o olhar dele, instigando-o. Ele deve ter percebido sua abertura, pois seu sorriso se tornou ainda mais largo: — Por favor, venha se sentar... — Oh, não. Tenho algo para lhe mostrar lá fora. — Ok. Por favor, vá na frente. Essa era velha. Sabia que a queria a sua frente para examinar o material. Se era assim, Quinn a atiçaria. Caminhou sinuosa até a frente da grande garagem. — Uau! O que você tem aqui? — ele exclamava assim que parou diante do caminhão que trazia a moto. — É de um cliente. Ele quer reformá-la. E eu logo me lembrei de que sua oficina é a melhor nesse quesito. — Obrigado por se lembrar de mim — enviou-lhe outro de seus belos sorrisos — tenho o cara certo para o serviço! — ele enfiou a cabeça pela abertura de uma porta, que dava para os fundos do lugar e berrou — Hey, Hudson! Traga essa sua bunda aqui para frente agora! Ele havia dito... — Hudson? — ela se viu inquirindo. — Sim, é um de meus melhores funcionários! O cara é um artista quando se trata de motos! rincipalmente Harleys. Ele é fã incondicional dessas belezinhas. Levou anos reformando a dele. Era apenas coincidência! Dizia a si mesma. Havia vários Hudsons por Nova Iorque. Mas a simples menção do nome dele ou do nome igual ao dele, a deixou sem ar. — Chamou, patrão! — uma voz com tom de divertimento soou. E foi quando o ar de Quinn realmente abandonou seus pulmões. Aquela voz era inconfundível! Então ela voltou-se de queixo caído para encarar a personificação de seus sonhos mais eróticos, a apenas alguns passos de distância dela. E não podia estar mais sexy! Vestia um macacão preto com a parte de cima amontoada em sua cintura, uma camiseta também preta, justa, moldando seu peito e seus braços definidos. Seu abdômen liso estava evidente e marcado pelo macacão. E ele trazia um sorriso zombeteiro nos lábios, enquanto encarava o patrão. Ela teve de engolir, pois sabia que salivava olhando todo aquele material: — Zane? — se viu dizendo, com voz esganiçada. O sorriso dele sumiu assim que ouviu seu nome e a fitou. Pareceu tão surpreso ou mais que ela. Oh, Deus! Era ela... Tão doce quanto uma visão, ali estava Quinn Armentrouth, encarando-o com seus belos olhos castanhos, quentes como chocolate o encarando. Ele não havia identificado sua cor na outra noite, pois estavam numa penumbra. Seus lábios estavam entreabertos e sua face delicada refletia sua surpresa. A simples imagem dela ali tão perto, em carne e osso tinha um impacto tão grande sobre ele! Um frio na espinha, a boca seca e o coração que parecia num galope frenético. — Quinn? Ela então esboçou um leve sorriso, fazendo o estômago dele se contrair.Era linda quando sorria. Por um instante ele simplesmente não conseguiu fazer nada, nem mesmo outro movimento além de encará-la. Só a vira uma única vez, então como era possível que houvesse sentido saudades daquele rosto? — Vocês se conhecem? — Jake perguntou quando percebeu que os dois não faziam nada mais do que se encarar. Percebeu que Quinn ficou sem graça, correndo os dedos sobre as orelhas, para ajeitar um cabelo que não estava fora do lugar: — Oh, sim... Zane me ajudou na noite passada. Foi um herói! — Espere! — Jake estalava, parecendo entender tudo — Quinn é a garota que falava mais cedo? Quinn? Por que diabos Jake a estava chamando pelo primeiro nome? Qual seria a real relação de um com o outro? Não seria a primeira vez que se viam? — Sim, é ela! — cortou-o seco. O fez para que não se estendesse muito no assunto e fazendo uma nota mental de lhe perguntar de onde conhecia Quinn e que interesse tinha nela — O que a traz aqui, Quinn? — Trabalho! — ela disse simplesmente. Ele franziu o cenho, parecendo não compreender. Era Jake quem explicava: — Quinn tem uma loja que vende antiguidades. De vez em quando ela traz algumas coisas aqui para serem restauradas... Ali estava ele de novo, chamando-a pelo primeiro nome! Que grau de intimidade teria com ela? Se não era a primeira vez que ela passava por ali, como nunca a vira antes? Bom, provavelmente porque ele sempre ficava enfiado em sua oficina. — E sei que você vai gostar do que ela trouxe! — Jake concluía, apontando uma caminhonete que só naquele instante ele notava. E foi só então, que seus olhos se deslumbraram com, ainda que muito danificada, bela Harley Davidson sobre a carreta: — Wow! Mas o que temos aqui! — exclamava subindo na traseira para examinar de perto. Quinn molhou os lábios, apreciando como ele se movimentava com graça, não fazendo mais que dois movimentos para subir no automóvel. Os musculosos de seus braços potentes se flexionavam a cada gesto, numa expressão de força. Suas mãos grandes deslizavam pelo corpo da moto e ela desejava tê-las deslizando sobre o seu... A voz de Jake a tirou de seu transe: — Sabia que ele gostaria! — se divertia ao ver o amigo, parecendo criança diante de um enorme brinquedo. Percebeu que Zane se dirigia a ela. — O que houve com essa gracinha? — Ah... — ela limpou a garganta, implorando para que não soasse rouca — eu na verdade não sei! Um cliente a comprou neste estado e a queria reformada. — Ele a comprou assim? Jake gargalhou da pergunta do amigo: — Não entendo a sua surpresa, Zane. Lembra-se como encontrou Delayla? O sorriso na face de Zane foi algo doce, como que para si mesmo. Quinn amou aquele sorriso quase encabulado. — Bom, mas eu ia fazer todo o serviço nela... Já aqui, o cara vai morrer com uma grana boa para tê-la como nova! — Ok, acho que entendi. Delayla é a sua Harley? — ela concluía. Zane franziu o cenho, parecendo confuso: — Como sabe que tenho uma dessas? — Eu disse a ela — Jake disse endereçando um sorriso seguido de uma piscadela a moça. Zane decididamente não gostou daquilo. Ainda mais quando Quinn retribuiu com doçura seu sorriso. Ele não estava flertando com uma cliente sua! Ainda que fosse aquela. Era contra sua própria política. Mas o que fazer se ela era realmente linda? Mas se ele estava nutrindo qualquer ideia de tê-la em sua cama, com toda certeza daquele mundo que ele seria um empecilho! Bem grande. Mas sentiu certa tranquilidade e até um certo convencimento quando ela quebrou contato visual com Jake para procurar por ele e nele se deter. E a forma como ela o fitava! Deixavam os pelos de sua nuca eriçados. Parecia esconder o que vinha em sua mente, mas seus olhos e seu sorriso tênue quase a denunciavam. Ok, Jake Harper era sim muito bonito. Mas assim que avistou Zane Hudson novamente, qualquer chance que pudesse ter pensado em dar lhe havia se esvaído. Sua atenção e todos os seus sentidos estavam voltados para aquele monumento coberto de músculos nos lugares certos. Esperava não parecer uma adolescente ansiosa, mas o que podia fazer se aquele homem a encantava? Uma mão pousando em suas costas e um limpar de garganta que foi próprio para atrair sua atenção, fez com que Quinn deixasse de fitá-lo e se voltasse para Jake. Nem era preciso dizer que ele havia odiado aquela maldita mão boba do amigo. Qual liberdade tinha para tocar nela? — Mas então, Quinn. Quer que Zane dê uma olhada naquela belezinha e lhe faça um orçamento? Ela meneou a cabeça, fazendo seu rabo de cavalo balançar. Nas duas vezes em que se viram, ela o estava usando. Gostaria muito de ver aquela cascata de cabelos castanhos soltas, correr seus dedos entre os fios e constatar se ainda cheiravam à maçãs verdes. — Sim, é exatamente isso! E, por favor, Zane... Oh, ele adorava ouvir seu nome pronunciado por aquela boquinha! Impossível não tentar imaginar como seria ele sussurrando em seu ouvido, com suas unhas bem-feitas fincadas em suas costas, enquanto se enterrava entre suas pernas... — Não tenha receio! Quero que faça o melhor orçamento para essa moto! O senhor Dumas dispõe de muito dinheiro e realmente quer investir nela. Ele diz que ela o escolheu, então... — ela deu de ombros. — Eu o entendo! — ele dizia, percorrendo a moto com olhos encantados — foi assim comigo e com Delayla também. — Bom, qualquer um pensaria que é loucura da parte dele, mas ver a paixão com a qual ele fala dessa moto... Realmente te convence! — Tenho certeza de que Zane também entende isso! Quando bateu os olhos em Delayla... Precisava ver, parecia uma criança diante de um picolé gigante! Quinn não pôde evitar o sorriso. Era bem assim que agora fitava Zane Hudson. Um grande, delicioso e suculento picolé gigante ao qual adoraria lamber... 5º Ela teve de baixar seus olhos, pois eles a denunciariam. “Comporte-se, Quinn!” — repreendia-se. “Está mais para uma ninfomaníaca do que uma adulta e saudável.” — Bom, então vamos ao meu escritório para que assine os papéis, certo? Zane estreitou os olhos. Era impressão sua ou Jake havia lhe lançado um olhar de provocação, enquanto dirigia Quinn para longe? E aquela maldita mão boba nas costas dela? Não gostou nada da sensação de possessão que sentia ao vê-la ser tocada por outro homem. Mesmo que seu melhor amigo. Sabia bem que no momento em que dissesse a ele que tinha interesse na garota, ele se afastaria. Mas... Tinha mesmo interesse nela? Bom, isso era meio óbvio, mas nada havia mudado desde que a virá antes. Continuava a não pertencer a seu mundo. Que tudo isso fosse para o inferno! Agora que estava claro que não podia e nem conseguiria evitá-la, ela seria sua! Nem que por uma única noite, teria Quinn Armentrouth em sua cama. Exploraria cada recanto daquele corpo, até se saciar de todo aquele desejo insano por aquele docinho. Enquanto eles sumiam rumo ao escritório do amigo, Zane suspirou num misto de alívio e agonia. Alívio porque afinal, tomara uma decisão. E agonia. Por temer tomar o caminho errado novamente. — Hey, companheiro — ele chamava o motorista da caminhonete — me dá uma mão aqui? Vamos descer essa belezinha. Quando Quinn retornou, Zane já havia descido a moto e a empurrava, sem muito esforço. A força daquele homem a impressionava. E admirou como suas costas eram largas. Antes que se visse estática a examiná-lo, voltou-se para Jake: — Acho que tudo está certo agora, não? — Sim, Quinn. E assim que Zane der o parecer dele, entramos em contato. — Ele era todo sorriso. Ela podia não olhar, mas sentia que seu tatuado se aproximava. Seu? — Eu vou te acompanhar até o carro... — Jake se oferecia. — Pode deixar, parceiro — era Zane quem chegava e se colocava entre os dois, fitando sério seu patrão — eu a acompanho — seu tom dizia que não era um pedido e sim um aviso. Jake fez menção de protestar, mas
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