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Zane Eles pertenciam a mundos diferentes, mas eram perfeitos juntos. Patrícia Rossi 1ª Edição 2015 1º “É oficial!” Pensava Quinn. “Eu vou matar o Blane!” Por conta de seu empregado e amigo, se encontrava do outro lado da cidade, num bar que era frequentado na sua grande maioria por homens. As poucas mulheres que ali estavam, lhe lançavam olhares no mínimo curiosos. Claro, obviamente que seu belo vestido azul-escuro e seu tailleur no mesmo tom, feitos sob medida, seu altíssimo scarpin e sua enorme bolsa de grife, não combinavam com o lugar. O jeans predominava ali, tanto nas calças como nas jaquetas. Mas ela estava irritada demais para também se aborrecer com aquilo. Até para notar que era o centro das atenções também para os homens. — Blane, Blane! Cadê você? — murmurou, mais para si mesma, consultando o relógio caro e lançando outro olhar para a porta. Ele estava quase meia hora atrasado. E ele sabia que ela não gostava de atrasos! Havia pedido somente uma água, acreditando que sua espera não seria longa. Cruzou as pernas, balançando um pé nervosamente. De repente, Tito e Tarantula começou a soar deliciosamente pelo ambiente, com Back to the House. Procurou sua origem e notou que vinha de uma antiga Jukebox. Amava aquela música. Sorriu suavemente. Ao menos algo de bom naquela tarde! Havia tempos que não ouvia aquela música! Então uma risada ao fundo lhe chamou a atenção. Era máscula, crua e arrogante. E foi quando ela o viu. A primeira coisa que notou era que ele era muito alto, talvez 1, 90 m, 1, 95 m. Ele era largo também. Era moreno ou bronzeado de sol, não podia dizer. Vestia uma camiseta branca, com um decote v e apesar de solta, não lhe escondia o peitoral poderoso, ou seus braços extremamente bem definidos e colossais. O jeans claro lhe moldavam as coxas fortes. Que braços, que pernas! Uma tatuagem surgia de seu braço esquerdo, sob a camiseta, num emaranhado negro. Ela não entendia de tatuagens e nunca se interessara por elas. Mas aquela parecia feita para talhar aquele homem em especial. Quinn aproveitou que seu lugar era privilegiado junto à janela e assim, ficava mais afastada das demais mesas para examinar o sujeito que estava distraído no jogo de sinuca. Com aquela música, que ela considerava extremamente sexy de fundo, começou sua apreciação. Seu rosto era extremamente anguloso, maxilares bem acentuados, cobertos por uma sombra escura que era sua barba por fazer. Seus cabelos eram raspados, deixando sua cabeça também com uma sombra escura muito suave. Adorou como o trapézio dele se destacava nos ombros. Quando ele ergueu seus braços para comemorar um ponto, ela teve um vislumbre de seu abdômen, como não poderia deixar de ser trincado? Assim como notou o cós da boxer dele, pouco acima da cintura de sua calça e que ele tinha outra tatuagem no quadril esquerdo que subia até quase suas costelas. E sem poder se deter, seus olhos continuaram a descer. Um homem daquele tamanho devia ser bem-dotado também. Percebendo que estava despindo o homem mentalmente, e também imaginando sua grossura e circunferência, e sim, sentido que ficava molhada, Quinn engoliu uma respiração e fechou os olhos por um segundo. Com os diabos, era só um homem! Para sua salvação, o garçom chegou naquele instante: — Deseja beber algo, senhorita? Ela lhe sorriu, esperando que não estivesse rubra como a bandeira de um toureiro: — Chá gelado com limão, por favor. — Ela até queria algo mais forte para aplacar um pouco o calor que agora a dominava, mas ainda tinha trabalho a fazer. — Trago num minuto. — O rapaz lhe disse, endereçando uma piscadela. De novo sozinha na mesa, ela sorriu para si mesma. O rapaz até era bonitinho. Mas não era seu número. Muito menos aquele enorme homem tatuado, viril e sexy como o inferno que estava na mesa de sinuca ao fundo do bar. Não que fosse preconceituosa, mas no mundo em que vivia, homens como ele não eram... Aceitáveis. A alta sociedade tinha regras idiotas, mas se tinha de viver nela, tinha de conviver com elas. Mas mesmo com isso em mente, seus olhos voltaram a procurar por ele no fundo do salão. E ficou decepcionada ao não encontrá-lo. Enrolando um dedo em uma mecha de seu cabelo bem cuidado, que estavam presos a um rabo de cavalo, Quinn começou a vaguear o lugar, discretamente, tentando achá-lo. Sua busca não foi muito longa. Deu com olhos penetrantes a encará-la por sobre um copo que lhe parecia ser de uísque, do outro lado do balcão. Por segundos, esqueceu-se de como se respirava. Viu-se presa naquele olhar, que mesmo a distância, tinha um magnetismo implacável. Teria ele a visto examiná-lo? Não, não devia. Estava distraído. Mas então por que seus olhos não deixavam os dela, nem por um instante? Oh, Deus, ela o havia examinado. Com um pouco mais de afinco! Se houvesse sido flagrada, voaria porta afora. Sabia que podia parecer um belo pimentão no momento, mas o que fazer? Teve até a impressão de que ele até lhe endereçou um leve meneio de cabeça. Seus lábios se entreabriram e só então ela soltou o ar. E foi salva de novo pelo garçom oportuno que voltava. Ele se posicionou entre os dois e ela quase lamentou quando o contato visual foi quebrado. “O que é isso, Quinn?” — se repreendia — “Você não é de flertar com homens num bar de reputação duvidável!” Tentou prestar atenção no rapaz, que parecia querer ser percebido, pelo jeito doce com que se dirigia a ela. — Sua bebida, madame. — Sorriu-lhe. O que ela achava que ele considerava ser seu sorriso sexy, meio de lado, curvando- se com reverência diante da mesa. — Obrigada... — buscou pelo nome dele em seu crachá — Adam. Você é muito gentil. — e já que estavam trocando sorrisos, lhe retribuiu com seu melhor, mostrando sua fileira de dentes brancos e brilhantes. Notou que deixou o jovem atordoado por um instante. Aquilo fez muito bem ao seu ego. — Ah... — ele pareceu perder também a voz, mas se recompôs logo, sem jeito — se precisar, é só chamar, por favor. — Eu chamo. Assim que o rapaz partiu, ela pensou: “Ok, flertar com um garçom já é demais! Pensava assim que o rapaz saiu. Você precisa sair mais, Quinn! Socialmente. E ter um bom sexo, coisa que há muito não tem.” Isso ela não tinha desde que rompera seu longo noivado com Ashton Dawson III. Se bem que um bom sexo, ela não tivera nem mesmo durante essa relação. Seu ex era do tipo... Egoísta, por assim dizer. Falando, ou melhor, pensando em sexo, seus olhos lentamente voltaram para o bar, onde aquele belo exemplar masculino ainda a encarava, agora recostado em sua cadeira, preguiçosamente. Seus braços poderosos cruzados, fazendo seu olhar deslizar por sua tatuagem, seus músculos definidos. Teve de baixar seus olhos. Estava ficando acalorada. De novo! E muito mais importante, não queria que o sujeito pensasse que flertava e decidisse tomar a iniciativa de uma aproximação. Fingiu examinar suas mensagens no celular para não mais ter de fitá-lo. E foi quando realmente encontrou uma mensagem de Gwen, sua assistente e amiga. Blane me ligou e disse que não poderá encontrá-la. Sinto por isso. Simples assim. Ela quase deixou escapar uma praga bem feia. Não era de palavrões, mas desejou esbravejar um, bem naquele momento. Estivera ali, há quase quarenta minutos por nada! Ele era uma espécie de caça tesouros. Quinn Armentrouth tinha uma loja conceituada que vendia artigos raros e de luxo. Blane dissera ter encontrado uma família que havia herdado um Monet e que queriam vendê-lo. Ficara de se encontrar com ela naquele bar para levá-la a casa dos possíveis vendedores. E nem tivera a dignidade de ligar para ela e avisar que não viria! Sabia que enfrentaria sua ira e, com certeza, isso o acovardara. Ela era uma mulher muito ocupada para perder seu precioso tempo daquele jeito. Bufando de raiva e frustração, provouenfim do chá, que até era muito bom, considerando o lugar. Foi então que notou números anotados no guardanapo sob o copo. Não pôde evitar um novo sorriso. Adam havia deixado seu número de telefone. Pobrezinho! Era óbvio que ela nunca ligaria. Já se fosse o número do bonitão. Aí menos ainda devia ligar, mas ficaria tentada. Muito tentada. Contendo o desejo de novamente examinar o tatuado, guardou o pedaço de papel na bolsa, deixou uma nota graúda sobre a mesa e levantou-se para deixar o local. Mas antes de se voltar e sair, seus olhos, puxados por uma força maior, pousaram de novo no moreno. Agora ele tinha os dois braços apoiados no balcão, fitando-a com uma expressão séria, que lhe fez gelar os ossos. Perigoso. Essa era a definição para ele. Baixando seu olhar, rumou para a porta e então estava na calçada. O lugar era um bairro de classe média e tivera muito receio de deixar seu belo Corvette vermelho na rua, assim optara por uma garagem, dois quarteirões dali. Já estava escurecendo. Ao notar que a rua estava praticamente deserta àquela hora, a deixou receosa. Mas colocou-se a caminho, com passos firmes. Seus saltos ecoavam sobre a calçada. Não havia alcançado nem mesmo meia quadra, quando teve a impressão de que alguém a seguia. O medo se apossou dela. Ao virar-se para contornar a esquina, arriscou um olhar para trás e viu quando alguém se escondeu sob a sombra de uma árvore. Agora ela estava aterrorizada. Aumentou seus passos e já quase corria. “Meu Deus! Não me deixe ser assaltada! Ou pior, estuprada e morta aqui!” — rogava. Outro olhar e constatou que seu perseguidor vinha muito próximo. Quando alcançou a garagem, ela já corria a passos desesperados. E para seu total desalento, não havia ninguém na portaria. Tocou a sineta inúmeras vezes, mas ninguém apareceu. Quando ouviu sons de alguém se aproximando da entrada, correu para os fundos, onde os carros ficavam. Pensou que talvez pudesse se esconder lá. Entrou no meio dos carros pretendendo se abaixar entre eles, quando ouviu o chamado: — Moça? Virou-se abruptamente, seus olhos arregalados de terror. Seu coração disparado de tal maneira, que mal conseguia respirar, pensar. E seu pânico foi ainda maior, ao reconhecer seu perseguidor. Não era outro, senão o belo moreno tatuado! A decepção e vergonha se apossaram dela. Como temia, ele devia ter entendido seus olhares como flertes, enfim. — Senhorita... — ele avançou um passo em sua direção. — Não, por favor! Não me machuque! — suplicou, encolhendo-se no canto, agarrando-se a bolsa, como se disso lhe dependesse a vida. Ele franziu o cenho e estacou: — Por que acha que vou machucá-la? — parecia realmente surpreso pela acusação. — Você estava me olhando... Lá no bar. — Acusou. Ele sorriu de canto de lábios, torcendo a cabeça para um lado: — Bom, você também estava me olhando. Quinn engoliu em seco, ainda não se sentindo segura: — Mas você estava me perseguindo! — Não, eu corri até aqui porque você deixou isso na mesa. — Ele lhe estendia o celular. Ela realmente não havia dado por falta dele. Não fez nenhum gesto em direção ao aparelho. Podia ser algum truque para fazê-la baixar a guarda. Podia até mesmo não ser seu aparelho. — Mas como sabia onde me encontrar? — Porque seu ticket do estacionamento estava grudado a ele. — Mostrou também o pequeno pedaço de papel. Mas então ele se interrompeu por um momento, voltando a franzir o cenho: — Espera, disse que estava sendo perseguida? — Si-sim... — Tem certeza? — Tenho. Eu vi... Vi alguém se esconder, quando me virei para olhar. Cauteloso, depositou o celular e o ticket sobre o carro ao lado dela e lhe disse: — Fique aqui, está bem? Não saia daqui! — ordenou — ok? — insistiu, quando ela não respondeu. Ela se abraçou, meneando a cabeça rapidamente. Então o estranho retrocedeu alguns passos. Sem conseguir segurar sua curiosidade, Quinn foi até a traseira do carro, ver o que acontecia. — Hey! — o tatuado então gritava. Logo na entrada, ela pôde vislumbrar a silhueta de um homem que parecia observá-los. Vestia um agasalho de moletom e sua cabeça estava escondida sob o capuz. — Perdeu alguma coisa, amigo? Ao perceber que o moreno se dirigia a ele, o sujeito se colocou a correr freneticamente, sendo perseguido pelo homem tatuado. Ao se ver sozinha naquele lugar imenso e deserto de novo, Quinn gemeu, tremendo até a alma. Teve de admitir que ficou aliviada ao ver o belo moreno voltar até ela. Primeiro por se sentir em segurança e depois... Bom, saber que não era ele quem queria lhe fazer mal. Ela estava aliviada. Quando ele parou diante dela, Quinn tinha uma mão sobre o peito, onde seu coração ainda batia descompassado e engoliu, sentindo a garganta extremamente seca. — Bom, o que quer que o cara desejava, ele não quis parar para explicar — Brincava o sujeito, parecendo querer acalmá-la. — Eu imagino! — ela bufou. — Você está bem? Quer uma água? Ela até queria, mas o desejo de sair daquele lugar o mais rápido possível era maior: — Não, tudo bem. E muito obrigado! Eu acho que o senhor acaba de salvar minha vida! Ele riu tenuemente, suas mãos enfiadas nos bolsos de um casaco de moletom escuro. Também tinha um gorro preto em sua cabeça. Possivelmente para protegê-la do ar fresco da noite. — Não acho que seja para tanto. — Sabe-se lá o que aconteceria se você não aparecesse! Eu poderia ser assaltada... Ou coisa pior, nesse momento! — ela estremeceu diante da ideia. — Acho que era só um viciado em busca de uns trocados. E a sorte foi ter esquecido suas coisas no bar. — Ele apontou o celular e o ticket, ainda sobre o carro. Olhando para as peças, ela gemeu baixinho, agora muito envergonhada: — Me desculpe te acusar daquele jeito! — Tudo bem. Você estava sendo seguida e aí eu apareci. É lógico. Então, como não havia de se evitar, o momento de constrangedor silêncio se instalou. E como também não dava para evitar, eles se examinava. No ambiente mal iluminado do estacionamento, ela não pôde ver a cor dos olhos dele. Mas pode reafirmar sua primeira impressão, de que o rosto dele era anguloso, com maxilar largo e queixo quadrado e bem destacado. Um nariz largo e proeminente. Seus lábios eram finos, mas bem desenhados. E por que não dizer convidativos? Antes que seu pensamento tomasse um rumo indevido, estendeu a mão, tentando quebrar o clima: — Sou Quinn Armentrouth. Por um instante ele a fitou, tanto seu rosto, quanto sua mão estendida, como se não a compreendesse. Mas então retribuía o contato. Ela teve de disfarçar um arrepio, ao encontro com a pele dele. Sua mão era enorme, calejada e o pensamento dela correndo por suas curvas, tomando um seio em sua palma se materializou na mente como se fosse a coisa mais natural do mundo. Agradeceu aos céus por ele não poder ler pensamentos... — Zane — ele dizia, ao mesmo tempo muito quieto — Zane Hudson. — Zane — ela saboreou seu nome, involuntariamente — Bom, obrigada novamente por salvar minha vida, Zane! — emendou, para que a situação não se tornasse mais constrangedora para ela, que se sentia como uma adolescente diante do capitão do time da escola! Ele riu suavemente de novo, correndo uma mão sobre a nuca, enquanto enfiava a outra no bolso do jeans: — Não foi nada, senhorita Armentrouth... — Quinn, por favor! — Ok. Quinn. Oh, Deus, a forma como ele pronunciava seu nome! Limpando a garganta, segurou um arrepio que ameaçou percorrer seu corpo. — É seu carro? — O quê? — só então percebia que ele apontava para o veículo ao lado deles — Oh, não. Eu tenho ainda de pegar as chaves. — Ok, então aguarde aqui. — Ele pegava o ticket e rumava para a portaria do lugar. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele já se afastara. Ela aproveitou para continuar a examiná-lo. Sim, ele tinha um lindo bumbum também, como não poderia deixar de ser! Num ímpeto de rir, pensouque agora era ele quem corria o risco de ser atacado... Por ela! Observou quando ele parou na portaria, tocando a mesma sineta que ela havia tocado, insistentemente. Ao notar que não era atendido, ele levou dois dedos aos lábios e deixou um agudo assovio escapar. Tão rústico, tão cru e másculo. Quando enfim, alguém apareceu. Ele abriu os braços, de forma arrogante, como se pedindo explicações e dando uma bela bronca. Não houve discussão de volta. Também, quem, em sã consciência, enfrentaria aquela montanha de músculos e sua cara brava? Quinn assistia, encantada, aquele show de testosterona, algo que parecia tão natural nele. Até meio primitivo. Mordendo o lábio, ela teve de esfregar as coxas, uma contra a outra, para aliviar um leve formigamento que se apossou de suas entranhas. De repente, estava muito consciente de ter uma vagina. Que não recebia a visita de um membro oposto fazia tempos! Tudo o que ela podia pensar que era que seu belo vibrador verde teria trabalho a fazer naquela noite! Mal conteve um suspiro frustrado, ao que ele se aproximava com suas chaves. O que não daria para trocar aquele pedaço de borracha pelo homem de carne e osso, que se encaminhava para ela. 2º “Foque nos olhos, Zane!” — ordenava a si mesmo — “Não nos lábios sexy como o inferno! E nem fique tentando um vislumbre daquele bumbumzinho arredondado que viu ao que ela saia do bar. E por Deus, ignore o cheiro que emana dela! Quer ficar de pau duro, diante de uma estranha? Mesmo que uma linda estranha, estonteante que lhe invoca imagens quentes a mente!” Ele havia reparado naquele traseiro bem-feito assim que entrou no bar, toda segura de si, mesmo não estando em seu ambiente natural. Porque isso era óbvio: ela não era da área. Tanto pela maneira como se vestia, com uma elegância ímpar, que as garotas do lugar não tinham, tanto também... Bom, ele teria notado uma belezinha daquela pelas redondezas. “Essa mulher não é para o seu bico!” — continuava a se advertir. “Assim como Camille.” Ao que se aproximava de Quinn, forçou-se a tirar o pensamento da outra. Não devia sequer lembrar o nome dela! — Suas chaves! — estendeu a ela e percebeu que seus dedos ainda estavam trêmulos. Pobrezinha! A boneca havia passado por um susto e tanto! Nem queria pensar no que poderia ter acontecido se ele não aparecesse... Não quisera alarmá-la, mas sabia que a região era perigosa e ela havia corrido um grande risco. — Obrigada. Deixe que eu reembolse você... — Não, tudo bem — Ele a interrompeu, ao que ela buscava a carteira na bolsa, com um gesto de mão. — Por favor, eu faço questão. — Eu também! — teimou, embora lhe sorrisse. Ela pareceu sem jeito. Talvez pensando que ele era um belo pé rapado, e que aquele dinheiro iria lhe fazer falta. Ótimo! Um perseguidor e um pé rapado! “Parece que causou uma boa impressão mesmo, não, Zane?” — se punia, contendo um meneio de cabeça. Talvez sua aparência induzisse a tal conclusão. Para algumas pessoas, tatuagens, cabeça raspada e o jeito despojado de se vestir era como carregar uma placa de vagabundo desordeiro na testa. Bom, ele não se incomodava com isso. Estava tranquilo com o que era. Sabia quem era, suas convicções e cada detalhe talhado em seu corpo tinha uma razão de ser. Assim, pouco importava a opinião dos outros. Mesmo que esse outro fosse uma coisinha deliciosa como aquela: — Vou te acompanhar até seu carro. — Ok. Espero me lembrar onde ele está — ela pareceu tomar uma respiração profunda e ensaiar um passo, para ter certeza de que estava bem para voltar andar. Zane disfarçou um sorriso. Como era graciosa, mesmo parecendo tão vertebrada quanto uma alga marítima! E obviamente pensou em como seria deixá-la mole daquela forma, em seus braços, sob seu corpo em uma cama. Ele afundou as mãos nos bolsos, para que sua a ereção, que se insinuava, não ficasse tão visível e começou a segui-la. E com ela a um passo na sua frente, ele podia, não só apreciar o bumbum perfeito, como também suas longas pernas torneadas. Inferno, que visão! Aquelas pernas em torno de sua cintura, enquanto se afundava nela... “Comporte-se, rapaz!” — agora ralhava com seu amigo lá embaixo, que mais parecia um adolescente virgem. “Sim, ela era de parar todo o trânsito da cidade de Nova Iorque, mas ele sabia se controlar, não?” Quinn caminhava insegura e só se direcionou para o carro, quando acionou o alarme e as luzes do automóvel indicaram seu lugar. Ela relanceou um olhar para ele, seguido de um sorriso tênue. Por muito pouco não o flagrara admirando seu traseiro: — Não consigo imaginar como vocês se equilibram nessas coisas — Disse, para tentar disfarçar, caso ela tivesse visto seu olhar, apontando seus sapatos, que só serviam para deixar suas pernas ainda mais torneadas. — Fala dos saltos? — riu suavemente — costumo dizer que nasci com eles! Se não pareço muito elegante com eles agora, é porque minhas pernas estão tão firmes como gelatina! Zane riu baixinho. Além de linda e sexy, ela tinha bom humor. “Tenho de me casar com ela!” — brincou consigo — Não se preocupe. Ainda está graciosa — galanteou. Quinn lhe sorriu encabulada: — Aqui estamos! — ela parava ao lado de um belo Corvette. Zane deixou escapar um agudo assovio. — É um carro e tanto! — É uma herança de família. Pertenceu a minha avó. Quando ela decidiu parar de dirigir, com seus oitenta e poucos anos, ela o deu para mim. Ela sabia que eu era apaixonada por ele em segredo! — Foi restaurado? — Zane perguntava, rodeando o carro, examinando com muito interesse. — Sim, com peças originais — Ela acrescentou, com orgulho. — Bom — Ele apreciava. — Entende de carros? Zane curvou a cabeça para um lado, sorrindo enigmático: — Pode se dizer que sim. “Que o silêncio maldito não se instale novamente!” — Quinn implorava aos céus. Sentia os olhos gulosos lhe examinado o corpo, embora ele educadamente tentasse disfarçar e isso a deixava a beira de estremecer de antecipação. E antecipação por algo que não aconteceria. E se ficassem novamente em silêncio, temia por pular no pescoço dele, como uma faminta por sexo! Ela quase riu de si mesma. “Quinn Armentrouth! Você é uma piada! Uma bela de uma coisinha frustrada!” — pensou. Ela não estava tanto tempo assim sem sexo para parecer desesperada daquela forma! Não que tivesse tido nada muito satisfatório, mas... O caso era que aquele homem aguçava seu apetite. Diferente de qualquer outro homem com o qual tivera contato. Não que fosse rude, mas tinha um jeito quase primitivo, sedutoramente macho, que despertava nela uma necessidade que ela nem sabia que tinha. Parecia saber levar uma mulher. Bom de foda, como diria sua amiga Júlia. Agora, assim de perto, podia constatar como ele era grande. Ela não era baixa, e com seus saltos de quase dez centímetros de altura, ela devia lhe alcançar a ponta do nariz. Ele agora vestia o pesado casaco de moletom, mas não disfarçava seu corpo largo. Ao qual ela não conheceria, pois estava se encaminhando para a despedida e muito provavelmente nunca mais o veria em sua vida. Seus rumos eram completamente diferentes e seria muito improvável que se encontrassem novamente. Tal pensamento lhe causou desapontamento. Zane alisou o capô bem encerado do Corvette, sentindo-a muito quieta. Mas sentia também que o examinava. Que ela não prosseguisse com tal escrutínio, pois ele podia cometer uma loucura, como lançar seus braços a volta daquele belo corpo curvilíneo e a beijar com voracidade. Porra, nunca antes uma mulher o balançou, atraiu, assim de cara. E isso tinha de acontecer com outra madame da sociedade! Até parecia que ele gostava de sofrer. Masoquista! — Bom, acho que é isso — ela dizia baixinho, quando parou diante dela. Inferno, por que ela tinha de ser tão linda? Mesmo agora que parecia um pouco sem jeito. Seu rosto era fino e comprido.Sobrancelhas altas e curvas, um nariz afilado e uma boca! Bom Deus, que boca! Feita para o pecado! Uma forma perfeita de coração e com seus dentes grandes e brancos que teimavam em aparecer por entre eles, lhe conferindo um ar docemente vulnerável. Ele limpou a garganta antes de falar. Caso contrário, a rouquidão nela o denunciaria: — Acho que sim. — Bom, mais uma vez obrigada, Zane. Amava a forma como ela dizia seu nome. O que não daria para tê-la o sussurrando em seu ouvido, enquanto seus corpos se enroscavam, suados e quentes de prazer! Ele nem tentou falar dessa vez. Dispôs-se apenas a fitá-la, enquanto ela abria o carro e jogava sua bolsa lá dentro. Então ela se voltou e como ele havia dado um passo à frente, para lhe segurar a porta agora estavam muito próximos. Tanto que sentia em seu pescoço, a respiração um pouco acelerada dela. Sabia que a afetava, tanto quanto ela a ele. E isso só deixava as coisas ainda mais complicadas de serem ignoradas. Quinn nunca fora mulher de cometer loucuras, aventuras de uma única noite, mas como gostaria de ter essa coragem naquele momento! Coragem de propor aquele desconhecido que fazia seu sangue correr mais rápido em suas veias, que a fazia ter plena ciência de que era uma mulher com necessidades carnais, como uma fêmea no cio, que a tomasse, nem que por uma noite! E agora que ele estava ali, a um palmo de distância, essa necessidade quase gritava em seu corpo. O cheiro dele era másculo, num misto de loção pós-barba e... Ela não sabia distinguir que cheiro mais emanava dele, se de sua pele, mas era tão... Tão... Homem! Zane sentia a hesitação dela. “Que ela entre de uma vez nesse maldito carro e parta, antes que eu faça algo do que sei que posso me arrepender... Propor a ela que venha até minha casa e a foder a noite toda!” — pensou. Então ela pousou uma mão em seu ombro e veio lhe depositar um beijo no rosto. Zane instintivamente virou sua cabeça e então seu nariz estava mergulhado em seus cabelos. Maçãs verdes! Era o cheiro dela. E tão rápido quanto foi o ato, ela já se encontrava dentro do automóvel. Só percebeu que a impedia de fechar a porta, quando essa tocou em seu quadril. Como um robô, deu um passo para o lado e a viu dar partida e então sair com seu pequeno Corvette. Muito lentamente, como se incerta do que fazia, ela rumou para a saída do estacionamento. Por um momento, cruzando os dedos atrás da nuca, ele torceu para que ela parasse o carro... Mas ficou aliviado quando a vislumbrou alcançar a rua e então partir. Ao menos esperava se sentir assim. Sabia que a havia impressionado. Talvez por sua aparência exótica para o estilo de vida dela. Grã-finas como ela, adoravam se aventurar com tipos como ele. Não que ele se desse a esse luxo. Tinha de manter distância de tipos como ela. Não queria correr o risco de ter seu coração destroçado de novo. E foi dessa forma que Quinn Armentrouth entrou e saiu muito rapidamente de sua vida. Inferno, era melhor assim! Não precisava de outra madame da alta sociedade para enlouquecê-lo! Não outra Camille. Porra, mil vezes porra! Precisava parar de trazer o nome daquela maldita à mente! Correndo as mãos sobre o rosto, bufou de frustração e retomou o caminho para o bar. Quinn e sua bela boca. Quinn e seu belo traseiro arredondado. Suas pernas. Lola se encontrava no bar. Era uma garota muito bonita e de corpo cheio de belas curvas. E parecia bem interessada em passar umas horas com ele. Ela havia deixado isso bem claro, na forma como lambia o canudo de sua bebida, enquanto o fitava. Ou então quando esfregava suas belas coxas uma contra a outra, como se dizendo que precisava dele entre elas. Já tinham passado alguns momentos juntos e ele sabia que ela fodia divinamente. Assim como fazia um boquete de fazer qualquer homem esquecer seu nome e revirar até os dedos dos pés. Bom, ela não era Quinn, nem mesmo se assemelhava a ela, tendo seus cabelos cacheados pintados num tom de ruivo bem quente. Era uma mulher muito bonita, de beleza agressiva. Já Quinn era toda uma dama, traço fino e um queixinho delicado, bem-feito como uma bonequinha de porcelana. Mas que inferno! Por que estava pensando de novo em uma mulher que muito provavelmente nunca mais veria? Com tal pensamento, terminou de beber o refrigerante de seu copo, deixou uma nota sobre a mesa e caminhou decidido até Lola. Não seria Quinn, mas teria sim uma mulher em sua cama, naquela noite! Era aquilo ou a outra opção era se acabar nos próprios dedos. Porque com certeza precisava foder naquela noite! Muito! Quinn depositou as chaves no aparador, descalçando os sapatos, seus dedos rumando para os botões do tailleur, seus olhos vidrados em nenhum lugar específico. Na verdade, a imagem de Zane Hudson, em seu retrovisor, lá parado, com as mãos cruzadas em sua nuca, como se lamentasse vê-la partir, ainda estava bem nítida em sua cabeça. E se ela houvesse voltado? Bufando, chutou um sapato longe: — Maldita seja, Quinn! Se foi covarde a ponto de não pagar para ver, agora durma com essa! Descendo o zíper lateral de seu vestido, foi rumo ao banheiro. Nunca antes sentira seu corpo tão desperto, necessitado de um toque. E esperava mesmo que Hulk, seu potente vibrador verde, desse conta do recado! Essa pequena e agora essencial pecinha fora presente de sua melhor amiga Júlia McIntyre, quando terminou seu noivado com Dawson. Disse que seria melhor companhia que aquele safado, mulherengo e arrogante sujeito. E ela estava com a razão. Tivera mais orgasmos com aquele pedaço de borracha do que com o egoísta de seu ex-noivo. Terminando de despir o vestido, deixou-o a um canto do banheiro e ligou as torneiras para encher a banheira. Precisava de um longo, quente e perfumado banho. Voltando em seu encalço, vestindo agora somente seu conjunto de lingerie preto da Victória Secrets, foi recolhendo as peças deixadas para trás. Estava tentando se acostumar de que agora, morando sozinha, tinha de cuidar de suas próprias coisas. Já não tinha o conforto da casa grande e cheia de empregados da qual usufruía, há apenas seis meses atrás. Foi quando deu um giro de 180 graus em sua vida. Abandonou um noivo prepotente, abusivo por conta de sua posição social e, além disso, infiel. Esse último detalhe ninguém lhe dissera. Tivera o infortúnio ou sorte de descobrir sozinha. Deixou a casa que por vinte e oito anos fora seu lar, com um pai amoroso, mas praticamente sem voz de autoridade e uma mãe, essa sim, a verdadeira dona da casa. Sua relação com Valentine Ann Fitzgerald Armentrouth era suportável até ela romper com o candidato a genro perfeito! Sabia que tudo se tornaria um verdadeiro inferno, depois do acontecido e então decidiu deixar a mansão e procurar seu próprio canto, que, aliás, era o que desejava fazer havia muito tempo. Achava que isso só aconteceria com o casamento. Sua mãe ainda a perturbava muito, querendo forçá-la a reconsiderar sua decisão de pôr fim ao noivado de cinco longos e tediosos anos! Ela não sabia de toda a história e Quinn não se sentia na obrigação de contar. Talvez nem mesmo isso fizesse Valentine ter outro conceito sobre a integridade de caráter de Ashton Dawson III. O que importava era seu sobrenome pomposo. Filho de um influente dono de uma cadeia de hotéis de luxo, espalhados pelo mundo todo, Ashton era o genro sonhado por qualquer mãe no país e fora dele. Mas como homem, companheiro e principalmente parceiro de cama, deixava e muito a desejar. Pegando seu celular, notou uma mensagem de Blane. Sem nem mesmo ler seu conteúdo, respondeu: Falo com você amanhã! Buscou por uma garrafa de um bom vinho e uma taça. Decidiu que não estragaria sua noite pensando em Ashton, sua mãe ou Blane. Com um sorriso carregado de malícia nos lábios, pensou que com certeza o alvo de seus pensamentos naquela noite seria outro. Um homem de verdade,com cheiro de homem, sexy, de olhar penetrante, mãos grandes... “Oh, Zane Hudson, o que eu não daria para ter você comigo aqui, a caminho daquela banheira?” Já no banheiro, colocou Feeling Good, na voz deliciosa de George Michael para tocar e retirou o restante das peças de roupa, dançando sinuosa ao ritmo da música. Imaginou se despindo para aquele belo moreno, expondo seu corpo feminino e pronto para ele. Serviu-se de uma boa dose de vinho e entrou na água quente que recebeu seu corpo, fazendo-a suspirar de puro deleite. Hulk estava ali, a postos. Mas primeiro ela queria se tocar e imaginar que eram as mãos grandes, que tinham dedos calejados a tocar sua pele delicada. Provou do vinho, o líquido dançando entre seus lábios, deixando uma leve dormência em sua língua. Estava pronta para explorar cada recanto seu, por Zane, pensando nele. Começou pela nuca, deslizando suavemente seus dedos, deixando as unhas bem- feitas roçarem, arrepiando-a. Lembrou-se da voz dele, um pouco rouca, grossa. Sua risada abafada. Teve de se contorcer, sentindo uma languidez a dominar. Roçou as pernas umas contra a outra, sentindo sua vagina muito sensível. A tal ponto, que talvez Hulk nem precisasse entrar em ação. Fechou os olhos, agora tocando seus seios fartos, trêmulos e de mamilos eriçados. Lembrou-se da boca dele. Oh, como seria tê-la sobre seus bicos ultrassensíveis? Os lamberia? Ele os sugaria com força? Os tomaria em suas mãos, juntando-os, como ela fazia agora? Diria que eram lindos e então voltaria a saboreá-los? Quinn voltou a se contorcer e gemeu imaginando a cena: — Zane — sussurrou, seus dedos mergulhando entre suas pernas, alcançando um dolorido clitóris que reivindicava atenção. Arfou ao se tocar. Não, Hulk não seria usado naquela noite. Queria prolongar ao máximo aquele momento, aquela sensação. Se usasse o vibrador, acabaria tudo muito rápido. Já que não tinha o homem ali, que ao menos a fantasia dele a tocar fosse mais longa. Mergulhou dois dedos dentro de si, mordendo o lábio. Como seria a sensação do pau dele ali? Voltou a gemer alto, imaginando que ele seria grande, que a preencheria total e completamente. Seria esmagada sob seu corpo torneado e rígido, enquanto ele investia furiosamente contra seu centro. Outro gemido torturado ecoou pelo banheiro, agora silencioso, já que a música acabara. Voltou a acariciar seu clitóris inchado e pronto para fazer seu corpo explodir. Com movimentos cadenciados, levou-se a outra dimensão, gritando o nome de Zane, quando o orgasmo a arrebatou. Quinn manteve seus olhos fechados, a respiração suspensa e seus lábios entreabertos. Ao mesmo tempo em que o corpo se estilhaçava num orgasmo, a frustração a alcançava quase que imediatamente. E uma simples constatação também a atingia: aquilo só não era o suficiente para seu corpo sedento por prazer. Sedento por Zane. 3º Ao estacionar seu reluzente Maverick nos fundos da Harper’s Restauração de Autos, Zane sentia o corpo esgotado, mas a mente a mil. Dera uma bela canseira em Lola, mas terminara a noite frustrado. Tivera uma mulher, mas não a que desejava. Inferno, nunca mais veria Quinn Armentrouth na vida, então tinha de parar de se martirizar por ela! Desceu de seu carro, seu tesouro, junto com a Harley que tinha em casa. Havia comprado os dois por preços de banana e os restaurara quase que como se houvessem acabado de sair da fábrica. E isso só fora possível pelo que aprendera com seu amigo, Jake Harper, a quem podia dizer, devia sua vida. Trabalhava na empresa de restauração de carros e motos antigas há cerca de onze anos. Eram considerados os melhores da cidade e região nesse quesito. Se não fosse por Jake e aquele emprego que amava tanto, nem sabia o que teria sido dele. Muito provavelmente teria se afundado no mundo do álcool e das drogas. Travou o carro e seguiu para a porta dos fundos da Harper’s, coçando a cabeça. Era uma hora estranha para remoer o passado. Mas sabia o que trazia tudo aquilo a tona: conhecer Quinn Armentrouth! Mesmo sendo tão diferente de Camille, ao menos fisicamente, de alguma forma ela o arremetera a um passado o qual queria manter bem enterrado. Era um lugar sombrio, onde uma mulher fora capaz de o deixar a ponto de perder a cabeça. E era onde entrava Jake que o tirara das trevas. Por todas essas razões, devia estar grato por não mais colocar seus olhos na doce bonequinha Quinn! Ela era linda, gostosa como o inferno, mas trazia consigo também um aviso de perigo para a sanidade de Zane. Mas para torturá-lo como nada antes, enquanto fodia Lola, era no cheiro de maçã verde que pensava. E quanto tinha seu pau sugado por uma boca faminta, que nem mesmo seu apadravya parecia incomodar, desejava que seus dedos estivessem emaranhados em cabelos castanhos, com nuances mais claras, aqui e ali, e não em cachos vermelhos. Maldição, que primeira impressão aquela mulher havia causado nele! E que ela se fosse logo! A grande verdade era que ele era um grande filho da mãe fodido que crescera cercado por problemas, brigas em família e miséria. Abandonado pela mãe, aos nove anos, junto com sua irmã, seis anos mais velha, ele cresceu tendo tudo para ser um perdido na vida. Por conta do abandono da esposa, seu pai se tornará amargurado, ausente e procurara consolo para seus problemas na bebida. O pouco dinheiro que trazia para casa mal dava para alimentá-los. Anna, sua irmã e ele tiveram de aprender a se virar sozinhos e ele começou a trabalhar cedo, sempre em oficinas, de onde veio a nascer sua paixão por carros. Carl Hudson morreu quando Zane tinha apenas dezesseis anos, consumido pelo álcool. Em vinte e dois anos não tivera notícias de sua mãe. Não que ele as desejasse. Uma mulher que deixa seus filhos por outro homem, nem mesmo deve ser tratada como mãe! Os vizinhos de sua antiga cidade Phoenix, Arizona, diziam que era estranho por conta de suas tatuagens e cabeça raspada. Achavam que era um garoto perdido, o encaravam como se sempre esperassem que ele fizesse algo próprio de sua aparência. Como roubar, se drogar e até mesmo vender esses entorpecentes. Ele não se importava com a opinião deles. Estava seguro de quem era e que não tinha nada a provar para ninguém. Tudo o que fazia de sua vida tinha um sentido, até mesmo suas tatuagens. E era um homem bom. Até conhecer Camille Fairfield. Por tudo isso, garotas como Quinn Armentrouth, obviamente vindas de famílias ricas e tradicionais, nunca entrariam em sua vida para ficar. Já devia ter aprendido. Na cozinha bem equipada da loja, contou aos amigos sobre o acontecido da noite anterior. — Espera aí. A mulher te confundiu com um tarado, é isso? Quem constatava isso era Boo Summers. Era um cara legal, mas um pouco lento de raciocínio. De aparência bonachona, era corpulento, com cabelos que pareciam não ver uma tesoura há bastante tempo. Podia não bater muito bem da cabeça, mas era um artista na pintura de autos e motos. — De tudo o que falei, foi nessa parte que prestou atenção? — fingia se indignar Zane, parando de mexer o açúcar em sua xícara fumegante de café. — Eu sempre disse que você era estranho. Assustador — ele prosseguia com sua voz lenta, calma, como se nada pudesse deixá-lo abalado — Careca e com esses desenhos estranhos nos seus braços... Que mulher que der de cara com você à noite não teria medo? Jake e Zane trocaram um olhar divertido. Aquele era o Boo de sempre! A diversão do lugar: — Eu a salvei, entendeu, cara? Na verdade eu fui um herói, está certo? — Eu só estou falando! — o outro disse, saindo rumo a sua área de trabalho. Que aliás, lhe era sagrada. Ele não permitia que ninguém mexesse em suas ferramentas. — Mas então, Zane? Ela era gata mesmo? — Jake inquiria, após a saída do pintor. — Gata? Não, essa expressão não pode definir aquela mulher. Ela era escultural, linda, uma bonequinha!Tão gostosa que se eu não tivesse me arranjado com a Lola, na noite passada, teria me acabado na mão — ele fez um gesto de masturbação, arrancando risos do amigo — se é que você me entende... Eles gargalharam enquanto deixavam a cozinha e rumavam para o escritório bem decorado de Jake. Ele não tinha secretária. Dizia que não era necessário, que podia lidar com tudo sozinho. — Mas apesar disso tudo — Zane prosseguia, acomodando-se na cadeira frente a enorme mesa de vidro de Jake, enquanto esse se sentava na cadeira atrás dessa — ela não é para o meu bico. — Por quê? Zane torceu a cabeça para um lado, suspirando: — Ela... Pela aparência e pelo carrão, é uma garota de dinheiro. Da alta, entende? Como disse, não é para o meu bico. Notou que Jake franziu o cenho, prestando mais atenção ao amigo: — Sim, tipo Camille! — Zane respondeu a pergunta nos olhos do outro — diferente na aparência, mas... De alguma forma como ela. — Então realmente é melhor manter distância, amigão — sua voz soava grave — você não precisa de outra mulher como aquela na sua vida! Definitivamente! — ele concluía sério. Somente ele conhecia a fundo, tudo o que Zane havia passado. Se não fosse sua mão estendida ou o puxão que ele lhe havia dado... — Eu sei disso, meu irmão! — Ele batia nos braços da cadeira, antes de se colocar de pé — sei bem disso! Mas isso não me impede de notar como a garota era gostosa, não é? — ele fazia o contorno de um corpo de mulher com as mãos, com um sorriso sem vergonha no rosto — sou um homem de carne e osso, caramba! Jake também sorriu, parecendo aliviado: — Olhar não arranca pedaços, não é verdade? — É isso aí! — abrindo a porta, anunciou — agora me deixe trabalhar que é para isso que você me paga... — Muito bem por sinal, não? — Jake gritava para ser ouvido por todos na oficina. Como se podia imaginar, houve um burburinho por parte dos empregados. — Bem? — Zane gargalhou, já no corredor — faça-me rir, Ryan! — e seguiu para o seu “escritório.” Na verdade, uma desordem onde só ele se encontrava. Costumava dizer que era o estúdio onde fazia sua mágica. Bom, sim, ele sabia que Quinn Armentrouth era inalcançável! Mas isso não impedia de ficar de pau duro, só de pensar naquele belo par de pernas. Ou naquele traseiro bem-feito, o qual adoraria moldar com suas mãos, ele pensava sorrindo travessamento, enquanto vestia o macacão estilizado da Harper’s Restauração. Seria difícil trabalhar naquele estado. Nem mesmo ter passado a noite dentro de Lola havia acalmado aquele desejo insano e repentino demais por aquela bela bonequinha. Era toda certinha e ele adoraria bagunçar um pouco seus cabelos, deixá-la ofegante, esgotada e pedindo por mais. Quinn chegou a Tesouros de Violet, às 08h30. Precisara caprichar na maquiagem para disfarçar suas olheiras. Os enormes óculos escuros em seu rosto delicado ajudavam um pouco... Após se deliciar na banheira e terminar frustrada, não fora novidade ter sonhos quentes com um certo tatuado. Sorriu, conformada ao abrir a porta pesada de vidro da loja. Era tudo o que teria dele: sonhos eróticos! Àquela hora, somente as funcionárias estavam por ali, organizando as coisas para começar a receber público, às 09h00. A loja levava o nome de sua avó materna, que fora quem inaugurara o lugar. Desde criança a admirava, tanto seu gosto por antiguidades, como seu jeito doce, tranquilo de ser. Era seu exemplo de mulher! Não podia entender como Valentine podia ser filha de uma mulher sensacional como aquela! Quando ela estava à beira da morte, já com seus noventa e dois anos bem vividos, pedira à neta que cuidasse da loja. Não foi um fardo, já que sempre amara aquele lugar. Crescera brincando por entre aquelas prateleiras e balcões. Como não podia deixar de ser, sua mãe fora contra, quanto resolveu assumir de fato a loja, antes mesmo de a avó falecer, seis anos atrás. A verdade era que não se imaginava fazendo outra coisa. Mesmo sua faculdade de administração fora feita já com essa pretensão, e não para ajudar o pai no mundo dos negócios, como seus pais desejavam. De certa forma, desde que se entendia por gente, sabia que seu destino era cuidar da Tesouros de Violet. Assim que entrou, Gwen, sua assistente, fiel escudeira e amiga veio ao seu encontro. — Bom dia, chefinha! — Ele só será bom se ligar para o Eric e pedir um café da manhã completo! — sorriu para a outra — Com café duplo! — Ok! Você manda! — ela já se voltava para ligar para a Delicatessen preferida delas que pertencia a um amigo, estacou chamando por ele — Blane, está te esperando no escritório — avisou, sorrindo de lado, sabendo que a outra estava pronta para dizimar o colega. Quinn estreitou os olhos, como se estivesse arquitetando um assassinato: — Oh, ele vai se ver comigo agora! — rumou para seu escritório, pisando duro. Quando entrou, ele estava comodamente instalado na poltrona à frente de sua mesa, jogando uma pedra fóssil que valia o preço do apartamento dele, de uma mão a outra. Pedindo para morre! Pensou. Sabia que ela não gostava que mexessem em nada que se encontrava em seu recanto particular. Assim que notou sua presença a suas costas, colocou a pedra de volta à mesa rapidamente e se colocou de pé: — Quinn, minha rainha! — ele a recebia, com um sorriso largo no rosto, abrindo os braços num gesto muito teatral — Por favor, eu preciso do seu perdão! Ela conhecia o amigo. E só havia uma razão para ela a ter “esquecido” na tarde anterior. — Qual é o nome dela, Blane? — O quê? Não. Quem? Eu não... Obviamente que ele ia se fazer de desentendido! — O nome da garota que te prendeu ontem, a ponto de ter esquecido o nosso compromisso! — ela o fitou de braços cruzados, encarando-o de forma impassível. Blane sabia que havia sido pego. Assim nem tentou alongar aquela situação que já estava bem complicada para ele: — Ok, o nome dela é Sophie e... Meu Deus, eu acho que estou apaixonado! — ao notar a expressão contrariada da patroa, se empertigou — mas eu só fui atrás dela depois de constatar que o Monet da família lá era falso, ok? Quinn bufou: — E não podia ter me avisado disso? — o rapaz ficou sem jeito, correndo uma mão pela nuca, sem jeito. — Ah, eu... — evitava seus olhos — me perdoe, Quinn! Eu estava para te ligar quando vi a Sophie... Então eu... Me deu um branco, foi isso. — Foi isso? — Quinn o interrompeu incrédula — você sabe o que aconteceu comigo, sozinha naquele bairro que eu não conhecia? — aproximou-se dele, falando com gravidade — eu fui perseguida! Notou quando o amigo ficou extremamente pálido. Quase teve pena, mas ele precisava saber qual poderia ter sido a consequência do ato dele. — Eu poderia ter sido assaltada, estuprada e Deus sabe mais o que, se uma boa alma não aparecesse para me ajudar! — Quinn... — ele se sentou, ainda muito pálido, engolindo em seco — eu... Você está bem agora? Sim, graças a Zane Hudson, meu herói! Poderia dizer. Tinha de admitir que não estava de todo brava com ele, pois com sua falta, tivera a oportunidade de conhecer aquele homem incrível. O lado ruim era não mais vê-lo. Porém Blane tinha de aprender a honrar seus compromissos! E se Zane não aparecesse? Ela nem gostava de pensar nisso. — Estou, mas e se aquele bom homem não aparecesse? Tem ideia do que poderia ter acontecido comigo? Tudo por que você não pôde resistir a um rabo de saia? — cruzou os braços e suspirou, demonstrando sua decepção com o amigo — eu estou muito desapontada com você, Blane! — só não mais por causa da oportunidade de ter conhecido aquele homem que ela sabia, frequentaria seus sonhos por um bom tempo. — Por favor, Quinn! — agora todo o ar zombeteiro, constante na expressão de Blane, havia sumido — me perdoe! — ele se aproximava, as mãos unidas frente ao corpo — isso não vai se repetir, eu prometo! Ela sabia que ele estava realmente arrependido. Conhecia bemo amigo. Não era um mau caráter, só tinha um fraco muito grande por mulheres bonitas. — Eu vou pensar em uma forma de me redimir! Só me dê uma chance, querida! — ele buscava sua mão, pegando-a entre as suas e a levando aos lábios, enquanto fazia sua melhor carta de conquistador. Ele sabia que seu charme não a atingia, pois se conheciam a mais de anos, mas devia estar desesperado. Quinn apertou os lábios e libertou sua mão, indo para trás de sua mesa: — Oh, você terá de fazer algo bem grande para se redimir comigo, Blane! Algo como encontrar um colar perdido de Cleópatra! Blane arqueou as sobrancelhas, esperando que ela dissesse que estava brincando. Quinn parou de ajeitar a cadeira e o fitou ainda séria: — Algum problema, Blane? Ele ergueu as mãos e deu um passo atrás, meneando a cabeça: — Claro que não! Saindo agora, a procura dos tesouros de Cleópatra! Quando ele fechou a porta, Quinn enfim pôde sorrir. Ele era louco o suficiente para partir em busca de algo da rainha do Egito! — UH! — sua assistente voltava — Blane saiu com uma cara num misto de alívio e estou enrascado! — Eu tinha de colocá-lo em seu lugar! Ele é um bom amigo, mas não pode agir com tanta displicência em relação ao trabalho! E essa não é a primeira vez que acontece uma falha dele por causa de mulher! — Eu sabia! — Gwen socava o ar — Tinha de ter uma envolvida, senão não seria Blane! — Pois é, só que dessa vez as coisas quase saíram do controle... — Ah, espere, antes de mais nada, deixe eu te avisar que Ashton O Chato III ligou três vezes a sua procura! — Oh, Deus! O que ele quer agora? Se o bloqueei em meu celular e não o atendo em casa, o que o faz pensar que vou atender aqui? — Bom, não sei! Eu disse que você não havia chegado e que seu dia seria cheio. Aí ele fez ameaças ao meu emprego, como se ele pudesse fazer algo em relação e tudo mais, caso eu não lhe passasse seu recado dizendo que ele ligou e precisava muito falar com você! Quinn soprou o ar para fora junto com uma exclamação. Ashton já estava se tornando inconveniente! A ponto de ligar de madrugada, bêbado como um porco, somente para lhe dizer que a amava, que sentia sua falta. Agora era tarde demais para lamentar. Que pensasse antes de fazer o que tinha feito. Gwen o odiava com todas as forças. Sabia de tudo o que havia feito à patroa e amiga. Começara a trabalha na Tesouros de Violet há uns quatro anos e por causa de seu jeito fácil de lidar, logo se tornara amiga de Quinn. — Aquele palhaço! — murmurava ela. — Quando vai entender que mancadas do tipo que ele fez, não se perdoa? Mesmo amando muito, o que não é o seu caso. — É um filhinho de papai mimado, acostumado a ter tudo na hora que quer! Isso não me inclui! — Hey, meninas! — era Júlia quem entrava carregando a cesta de café da manhã, erguendo-a ao ar — olhem o que eu encontrei perdido lá fora? E isso é ótimo, pois estou faminta! Quinn conhecia Júlia de toda sua vida. Era uma loira radiante, de lindos e expressivos olhos azuis. — Melhor ainda eu ter pedido tudo dobrado! — Gwen ria. — Você é um verdadeiro dragão para comer, Júlia, nem sei como consegue se manter toda gostosa assim! — ajudou—a a ajeitar a cesta no aparador e logo todas estavam em volta da comida. — Malho muito, para poder comer tudo o que quero, senão... Já estava uma bela porquinha! – ela gargalhava, batendo em sua barriga lisa. Quinn também riu e pegou seu café. Não era ninguém sem um belo café preto e forte! — Bom, agora que as duas estão aqui, preciso compartilhar minha aventura da noite passada! — já estava de volta a sua cadeira e sentou-se depositando os pés, agora descalços, sobre a mesa, fazendo ar de mistério — e o Deus em forma de homem que conheci no processo! Pronto! Já conseguia total atenção das garotas que a fitavam com muito interesse agora. Os bolinhos e pãezinhos da cesta foram temporariamente esquecidos. O sorriso de Quinn se alargou. Se envolvia homens, elas logo estavam alertas. — Muito bem, cadela! — Júlia se sentava frente a ela, as mãos repletas de petiscos — Comece a falar! — Agora! — Gwen, também munida de gostosuras, sentou-se ao lado da loira. — Com detalhes, por favor! — Ok! — prostrou-se para frente e narrou à noite passada, começando pela perseguição que sofrera. — Meu bom Deus! E tudo por causa de Blane! Por isso ele saiu daqui com aquela cara! — concluía sua assistente — deve estar se sentindo muito culpado, e afinal, ele é! — Total! Ele não resiste a uma mulher bonita e eu sei disso, mas dessa vez passou dos limites! — Tudo bem. Blane é um mulherengo, mas vendo que você está bem, onde entra o Deus em forma de homem? Quinn riu do jeito afobado e direto da amiga: — Bom, enquanto eu esperava por Blane no bar, vi esse homem... Tanto Gwen quanto Júlia se apuraram, até mesmo parando de mastigar. — E? — Júlia inquiriu ao que Quinn fez uma pausa dramática. — Pensem num homem grande. Forte, com um corpo musculoso como um Apolo! Com cara de mal, de homem! Com uma bela tatuagem por todo seu braço... — olhou diretamente para a loira, pois sabia que a amiga adorava tatuagens, mas não tinha coragem de fazer. — Caramba! — os olhos azuis eram vidrados agora. — Quieta, assanhada! Deixe ela prosseguir! — cortava Gwen, humorada. — Por favor, não se detenha por mim! — Bem, acontece que foi ele quem me salvou de ser atacada! E, meninas... — Quinn recostou—se na cadeira, revirando os olhos com ar sonhador — que homem, que voz, que mãos! Um olhar misterioso, como se estivesse me desnudando em sua mente... — Oh, pare ou terei de passar em casa para trocar de calcinha! — Cale a boca, Júlia! — Gwen ralhava de novo. — Pare nada! Quero detalhes! Quinn gargalhou: — Eu bem que gostaria de ter mais detalhes, Gwen, mas foi só isso... — ela suspirou, resignada. — Ele me salvou, eu agradeci e fui embora! — Só isso? — Júlia se exaltava — como assim? Você conhece um homem de verdade e... É só isso? A outra só torceu os lábios, dando de ombros: — O que eu poderia fazer? — Eu não sei o quê, mas algo! — Gwen erguia um dedo, rodando-o no ar — eu faria! Esse cara parece ser o meu número! — O meu também! — interrompeu, sentindo certa possessão. — Mas isso não significa que eu vá usar... — Por quê? — as duas perguntaram em uníssono. — Porque muito provavelmente eu nunca mais o verei e... Imagina Valentine Fitzgerald Armentrouth vendo a filhinha dela com um cara com essas características? Gwen fez uma careta de desagrado. Ela não se dava nada bem com sua mãe. Apenas a suportava. — Titia ia surtar! — concluiu Júlia. — Mas você não iria ser casar com ele! — É, apenas uma boa trepada bastava! — ela se levantava e cutucava Júlia, sugestivamente, dando uma piscadela maliciosa. — Certo? — Muito certo! — a loira erguia a mão para bater na da outra. — Titia nem ficaria sabendo da existência desse tesão de homem! Quinn suspirou frustrada, outra vez. — Mas acontece que eu sou uma covarde e deixei minha oportunidade passar! E agora, eu nunca mais o verei. — Não pegou o número do celular dele? — a assistente se indignava. — Não deu o seu a ele? — Júlia com voz esganiçada. — Oh, sim! Claro, não é, meninas? – Quinn também se exaltava. — Eu havia acabado de me safar de ser estuprada e morta, e ia sair distribuindo meu número ao primeiro que aparecesse! Sim, ele era gostoso, tesudo como o inferno, que me deixou de calcinha tão molhada, que eu tive de me aliviar sozinha, senão nem conseguiria dormir... — Hulk! — Júlia deduzia, dando de ombro em Gwen. — Ele nem foi necessário, amiga! — Quinn elucidava. — Mas como eu dizia. Ele me impressionou, de um jeito que nenhum homem antes conseguiu, mas, ainda assim, era um desconhecido! — Ele salvou você... — Júlia dizia, como se algo estivesse óbvio ali. — Sim, mas... Eu não podia... — Pedir que ele a possuísse loucamente, que a fizesse gritar de prazer? — Gwenresumia teatralmente. — Bom, está precisando disso, depois do canalha do Ashton... E você mesma disse que não teve nenhum sexo interessante desde que terminou seu ex... — Nem durante o ex dela! — sua assistente lembrava. Quinn bufou revirando os olhos: — Bem isso! — Perdi sete preciosos anos com aquele idiota e nem fui bem fodida! Sei disso tudo, garotas. Mas eu não sou assim, não teria coragem... Sabem, de simplesmente me insinuar dessa forma. Parecer desesperada, entendem? Não era uma situação típica, nós nem ao menos estávamos no bar, flertando um com o outro mais. Eu havia acabado de quase ter sido atacada e ia me oferecer? O que ele ia pensar de mim? — Isso ia importar? Depois da transa vocês nem iam mais se ver... — a loira dizia, com ares de riso. — A menos que fosse muito boa e quisessem repetir — Gwen emendava — Mas até então, o que importa o que ele pensaria de você? E eu duvido, bonitona como você é, com esse corpão, minha filha, que ele recusaria! Quinn sorriu, com ar convencido: — Não, ele não recusaria. Ele estava me devorando com os olhos. Como disse, parecia me desnudar mentalmente. Era como um predador, prestes a atacar... — Oh, meu Deus! Tatuado, musculoso e me olhando desse jeito... Que calor! — Júlia se abanava. — Eu não deixava passar! Pulava no pescoço grosso dele e dizia: me devora, seu gostoso! Júlia e Quinn riram com vontade do gesto de Gwen, jogando a cabeça para trás e prostrando os seios para frente. — Eu queria ter tido essa sua coragem, mas não tive! Então o jeito é seguir com essa frustração e continuar a vida! Dessa vez foi a assistente quem suspirou frustrada: — Pois é! Sendo assim, eu vou trabalhar! E pensar no seu tatuado... — já ia pela porta, quando se voltou — ah, não se esqueça: ligue para o senhor Dumas. Ele quer falar com você. — Ok. — Bom! — Júlia também se colocava de pé — Já que você não fodeu com esse gostosão... Me resta ir trabalhar também. Almoçamos juntas? — Marcado. — Ela respondeu distante. Não, ela não havia fodido com Zane Hudson, mas como queria… 4º O dia seria longo, então Quinn teria de se esforçar para tirar Zane da cabeça. Depois de se fartar com o que restara do ataque de Gwen e Júlia à cesta do café da manhã, começou a examinar sua agenda. No topo delas, estava: ligar para o senhor Dumas, em letras grifadas. Ela franziu o cenho. Pelo jeito, precisava mesmo falar com ela. Antônio Dumas era um cliente muito especial, tanto por ser um homem muito educado e gentil, como também não ter nenhum receio em gastar em antiguidades, quando essas realmente lhe interessavam. Gostava de quadros, vasos e até moveis que viessem de seu país de origem, a Espanha, mas era verdadeiramente aficionado em motos antigas. Há anos estava em busca de Harley Davidson. E Quinn já havia encontrado várias, algumas até mesmo parecendo novas. Mas nenhuma era o que ele estava procurando. Pegando o telefone, discou o número dele, que já sabia de cor. O hobby de colecionar antiguidades, só aflorara no homem após a morte de sua mulher, uma autoritária espanhola de sangue quente. Seria cruel da parte dela achar que o senhor Dumas parecia mais feliz após a morte da esposa? Mas assim lhe parecia. O casal sempre frequentara a casa de seus pais, desde a infância, por isso pensava de tal forma. Henriqueta Dumas era... Bom, ela tinha um gênio forte, enquanto Armand era suave, um verdadeiro cavalheiro. — Senhor Dumas? — cumprimentou assim que o senhor atendeu ao celular. — Menina Quinn! Como vai? Sorriu. Ela já até conhecia sua voz: — Soube que está a minha procura. — Sim, querida. Eu a encontrei! — Desculpe... — começou, sem entender direito do que ele falava. — Minha Harley, menina. — Oh, mesmo? Isso é muito bom! Como conseguiu? — estava realmente curiosa, pois tanto ela quanto Blane procuravam pela moto, sem ter muito sucesso. — Muito por acaso, navegando pela internet. Quinn franziu o cenho. Tentou imaginar o senhor Dumas navegando. Ele realmente estava se redescobrindo. Era um vinicultor aposentado e de muito dinheiro, vindo não só de seus vinhos, como também de herança. Somente após deixar a presidência de suas empresas, foi que enfim essas foram modernizadas. Por isso a surpresa em ouvi-lo dizer que estivera pesquisando na internet. — Mas como? Onde? — ela estava de fato perdida. Esteve em contato com várias pessoas ligadas ao ramo de motos antigas, à procura da bendita moto e ele conseguira assim? Tão facilmente? — Participo de alguns grupos de colecionadores de motos e de admiradores das mesmas. E num bate papo, descobri esse senhor que estava se dispondo da sua Harley — Quinn teve de segurar o riso. E as surpresas não paravam! O homem estava se tornando bem moderno! — Mas tem certeza de que é mesmo uma Harley sem modificações? O homem ficou quieto por um instante do outro lado da linha: — Senhor Dumas? — Bom, querida, eu realmente preferia que a visse pessoalmente. — Claro, é só me dizer onde ela se encontra... Ela buscou por uma caneta e papel para anotar o endereço. — Ótimo! Te espero às 14h00 em minha casa! — O quê? Mas o senhor já comprou? — Sim! — ele anunciava animado. Ela não questionou. Ficou surpresa, mas não questionou. Ele era um homem esperto demais para ser passado para trás. Mas se já encontrara sua peça tão desejada, por que ainda necessitava dela? Bom, só saberia ao visitá-lo. — Ok, às 14h00 estarei aí. — Obrigado, querida! Estarei ansioso a sua espera! Quinn se despediu enternecida de notar como o homem parecia uma criança diante de seu doce preferido. Tão logo desligou, Gwen aparecia à porta: — Ashton de novo! Ele é maluco, né? Fala de um jeito como se eu não quisesse passar suas ligações para você... — ela se deteve e pareceu ponderar — Ok, ele tem razão nisso! — riu, perversamente — Mas é que agora a coisa está ficando séria! Ele simplesmente não para de ligar! Está até bloqueando o aparelho, não consigo fazer ou retornar ligações! Disse que se não o atender agora, vai aparecer por aqui. Quinn bufou: — Maldito seja! Pode deixar, Gwen, eu vou atendê-lo. — Isso — a outra disse, gesticulando com a mão no ar, com seu jeito petulante — E o mande pastar! — Ele que force muito! — resmungou, rindo do gesto da amiga e pegando o aparelho telefônico de novo. — Linha dois — Dizia a assistente, já saindo e fechando a porta. Antes de clicar no número informado, Quinn respirou fundo. A última coisa que queria era ouvir a voz de seu ex. Mas ele parecia não entender que não desejava qualquer contato com ele. Ou fingia não entender. — Ashton? — Quinn? Eu não acredito que enfim me atendeu! — ele realmente parecia surpreso do outro lado da linha. — Sim, eu o atendi, mas principalmente para exigir que deixe minha assistente em paz! Ela só está cumprindo ordens, entendeu? — foi seca. — Essa garota não gosta de mim, Quinn! — seu ex retrucava com seu tom presunçoso. — Ela não é a única... — resmungou baixinho. — O quê? Eu não te ouvi, querida. Oh, como ela odiava quando a chamava de querida! Sempre soou tão falso. — O que você quer, Ashton? Eu tenho de trabalhar. — Preciso ver você! — foi direto e soava meio apreensivo agora. O que era estranho nele, que sempre fora seguro de si. — Ashton... — ela começou, num tom pesaroso. — Por favor, Quinn! Ele estava implorando? E o melhor, parecia ansioso. Ashton Dawson III estava implorando por ela! Isso era ótimo! — Só um jantar... — Estou com minha agenda cheia... — Um café, um sorvete, o que seja! Mas eu preciso mesmo, muito — enfatizava as últimas palavras — te ver! Contendo uma respiração pesada, Quinn conteve o desejo de desligar o telefone na cara dele. Não, o pedido dele não a comovia. Tudo o que passara com aquele homem a deixara insensível sobre tudo em relação a ele. — Ashton, eu vou ser sincera com você. Outra vez! Não temosnada que conversar! Nada! Eu já disse tudo o que tinha a lhe dizer naquela tarde... — Mas eu não disse! Você não deixou que eu me defendesse... Quinn soltou uma exclamação chocada. Ele era mesmo muito cara de pau! Doente! Mimado! — Se defender? — agora ela estava exaltada — se defender? Acha mesmo que você ainda precisava se defender? Eu vi, Ashton! Eu estava lá! — Quinn, eu... — O que vai me dizer? Que estava sendo atacado? Que você não estava fazendo aquilo por livre e espontânea vontade? Oh, por favor, respeite a minha inteligência, sim? Ele ficou em silêncio do outro lado da linha. Esperava tê-lo colocado em seu lugar. — Eu me arrependi... — retornava ele, sua voz quase inaudível. — Sim, se arrependeu porque eu o flagrei! Caso contrário, logo estaríamos casados e você continuaria... Com suas orgias! — Não, eu ia parar quando me casasse com você! Quinn quase riu, embora não fosse cômico. Ele era mesmo tão infantil! — Você sempre foi a única mulher de fato na minha vida, querida! As outras eram somente... Diversão! Meneando a cabeça, ela se sentia esgotada. Ele tinha esse poder sobre ela. Fazê-la se sentir cansada, deslocada. Às vezes até inútil. Mas essa fase tinha acabado. — Está dizendo que eu não era divertida? — não acreditou que essa pergunta havia saído de seus lábios. Era segura de si o suficiente para aquilo não a perturbar. — Não é isso, querida! Com você era diferente. Você era... Sagrada para mim! Meu bem maior, o meu tesouro! Ok, aquelas palavras haviam soado sinceras. E talvez houvessem tido alguma importância tempos atrás, quando se sentia um só troféu que ele gostava de exibir. Mas agora eram só palavras. — Ashton, eu realmente estou muito ocupada agora. Quando estiver com a agenda livre, eu te ligo, ok? E por favor, pare de ligar para o meu trabalho. — E antes que ele pudesse dizer algo mais, desligou. Revirou seus olhos, imaginando a cara de perplexidade que ele devia fazer agora, por ela ter tido a ousadia de desligar em sua cara. — Mas ela está... Praticamente destruída! — Quinn lamuriava, agora observando a Harley Davidson diante dela. Sim, você notava que era a bendita moto, mas estava amassada, com pneus furados e muito riscada. O senhor Dumas sorriu complacente, sempre acompanhado de um charuto: — Menina Quinn! — ele meneava a cabeça — Você não está olhando direito para ela. Quinn cruzou os braços e franziu o cenho, observando com mais atenção ao monte de ferro retorcido, pois era isso que ela via diante de si. — Ok, senhor Dumas! — ela cruzava os braços — Me diga o que o senhor vê então. O homem enlaçou seus ombros e começou, apontando a moto: — Eu vejo a história dela. Venha, olhe isso — ele mostrava o hodômetro da moto que mostrava sua quilometragem avançada — Vê? Ela já andou muito! Imagine por onde ela levou seu dono! Lugares que eu sempre sonhei ir, montado numa dessas e nunca o fiz! E agora já tarde demais! É isso que vejo nela! Eu imagino os caminhos que ela percorreu... — ele acariciava seu banco com tanta ternura, que o coração de Quinn se enterneceu — e agora eu a quero inteira, aqui comigo. Porque eu não pude participar do passado dela e suas histórias ficaram guardadas para sempre com seu antigo dono... Mas o final dela será aqui, junto de mim! Bom, ele a havia convencido. Agora fitava a moto com outros olhos. Sentia todo o sentimento que o velho homem já nutria por aquele Harley. — Meu Deus, senhor Dumas! — começou suavemente, enternecida — só agora consigo entender porque nenhuma outra das motos que lhe foi oferecida lhe agradou. Tinha de ser a moto! Ele sorria satisfeito e até mesmo emocionado: — Era isso mesmo, menina! Eu a estava procurando e ela a mim! Não importa o estado que tenha chegado, eu a aceito! Foi a vez de Quinn sorrir também, emocionada: — Pois eu vou em busca do melhor restaurador de motos que exista! — Não esperava menos de você, querida! Ao sair da casa do senhor Dumas, ela já sabia a quem procurar. Após umas algumas ligações, Quinn já se encontrava de frente a Harper’s Restauração de Autos e era recebida por seu dono. A moto seguia atrás dela, em uma caminhonete alugada para o transporte. — Senhorita Armentrouth! Há quanto tempo! — Olá, Jake. Mas por favor, apenas Quinn, ok? — Certo. Quinn. É muito bom vê-la de novo! Está ainda mais bonita! Como é possível? Jake era um galanteador. Um belo galanteador. Alto, de um porte atlético, os cabelos um tanto compridos que lhe caiam sobre a testa e o homem tinha duas lindas covinhas para tornar seu sorriso ainda mais sedutor. Da última vez que estivera ali, a pedido de um cliente, ela ainda estava noiva de Ashton. Já havia notado o quanto ele era bonito e charmoso, mas não lhe dera qualquer abertura, mesmo ele demonstrando interesse. Bom, agora já não havia noivado. E já que Zane estava fora de alcance, quem sabe não lhe dava uma chance? — Obrigada, Jake! — endereçou-lhe um belo sorriso — você é um sedutor, isso sim! — Sou apenas sincero e aprecio uma bela mulher quando a vejo. — Ele levou sua mão aos lábios, sem tirar os olhos dos dela. Quinn não fazia o gênero tímido. Não era uma convencida nem nada, mas sabia que era bonita. Assim, retribuiu o olhar dele, instigando-o. Ele deve ter percebido sua abertura, pois seu sorriso se tornou ainda mais largo: — Por favor, venha se sentar... — Oh, não. Tenho algo para lhe mostrar lá fora. — Ok. Por favor, vá na frente. Essa era velha. Sabia que a queria a sua frente para examinar o material. Se era assim, Quinn a atiçaria. Caminhou sinuosa até a frente da grande garagem. — Uau! O que você tem aqui? — ele exclamava assim que parou diante do caminhão que trazia a moto. — É de um cliente. Ele quer reformá-la. E eu logo me lembrei de que sua oficina é a melhor nesse quesito. — Obrigado por se lembrar de mim — enviou-lhe outro de seus belos sorrisos — tenho o cara certo para o serviço! — ele enfiou a cabeça pela abertura de uma porta, que dava para os fundos do lugar e berrou — Hey, Hudson! Traga essa sua bunda aqui para frente agora! Ele havia dito... — Hudson? — ela se viu inquirindo. — Sim, é um de meus melhores funcionários! O cara é um artista quando se trata de motos! rincipalmente Harleys. Ele é fã incondicional dessas belezinhas. Levou anos reformando a dele. Era apenas coincidência! Dizia a si mesma. Havia vários Hudsons por Nova Iorque. Mas a simples menção do nome dele ou do nome igual ao dele, a deixou sem ar. — Chamou, patrão! — uma voz com tom de divertimento soou. E foi quando o ar de Quinn realmente abandonou seus pulmões. Aquela voz era inconfundível! Então ela voltou-se de queixo caído para encarar a personificação de seus sonhos mais eróticos, a apenas alguns passos de distância dela. E não podia estar mais sexy! Vestia um macacão preto com a parte de cima amontoada em sua cintura, uma camiseta também preta, justa, moldando seu peito e seus braços definidos. Seu abdômen liso estava evidente e marcado pelo macacão. E ele trazia um sorriso zombeteiro nos lábios, enquanto encarava o patrão. Ela teve de engolir, pois sabia que salivava olhando todo aquele material: — Zane? — se viu dizendo, com voz esganiçada. O sorriso dele sumiu assim que ouviu seu nome e a fitou. Pareceu tão surpreso ou mais que ela. Oh, Deus! Era ela... Tão doce quanto uma visão, ali estava Quinn Armentrouth, encarando-o com seus belos olhos castanhos, quentes como chocolate o encarando. Ele não havia identificado sua cor na outra noite, pois estavam numa penumbra. Seus lábios estavam entreabertos e sua face delicada refletia sua surpresa. A simples imagem dela ali tão perto, em carne e osso tinha um impacto tão grande sobre ele! Um frio na espinha, a boca seca e o coração que parecia num galope frenético. — Quinn? Ela então esboçou um leve sorriso, fazendo o estômago dele se contrair.Era linda quando sorria. Por um instante ele simplesmente não conseguiu fazer nada, nem mesmo outro movimento além de encará-la. Só a vira uma única vez, então como era possível que houvesse sentido saudades daquele rosto? — Vocês se conhecem? — Jake perguntou quando percebeu que os dois não faziam nada mais do que se encarar. Percebeu que Quinn ficou sem graça, correndo os dedos sobre as orelhas, para ajeitar um cabelo que não estava fora do lugar: — Oh, sim... Zane me ajudou na noite passada. Foi um herói! — Espere! — Jake estalava, parecendo entender tudo — Quinn é a garota que falava mais cedo? Quinn? Por que diabos Jake a estava chamando pelo primeiro nome? Qual seria a real relação de um com o outro? Não seria a primeira vez que se viam? — Sim, é ela! — cortou-o seco. O fez para que não se estendesse muito no assunto e fazendo uma nota mental de lhe perguntar de onde conhecia Quinn e que interesse tinha nela — O que a traz aqui, Quinn? — Trabalho! — ela disse simplesmente. Ele franziu o cenho, parecendo não compreender. Era Jake quem explicava: — Quinn tem uma loja que vende antiguidades. De vez em quando ela traz algumas coisas aqui para serem restauradas... Ali estava ele de novo, chamando-a pelo primeiro nome! Que grau de intimidade teria com ela? Se não era a primeira vez que ela passava por ali, como nunca a vira antes? Bom, provavelmente porque ele sempre ficava enfiado em sua oficina. — E sei que você vai gostar do que ela trouxe! — Jake concluía, apontando uma caminhonete que só naquele instante ele notava. E foi só então, que seus olhos se deslumbraram com, ainda que muito danificada, bela Harley Davidson sobre a carreta: — Wow! Mas o que temos aqui! — exclamava subindo na traseira para examinar de perto. Quinn molhou os lábios, apreciando como ele se movimentava com graça, não fazendo mais que dois movimentos para subir no automóvel. Os musculosos de seus braços potentes se flexionavam a cada gesto, numa expressão de força. Suas mãos grandes deslizavam pelo corpo da moto e ela desejava tê-las deslizando sobre o seu... A voz de Jake a tirou de seu transe: — Sabia que ele gostaria! — se divertia ao ver o amigo, parecendo criança diante de um enorme brinquedo. Percebeu que Zane se dirigia a ela. — O que houve com essa gracinha? — Ah... — ela limpou a garganta, implorando para que não soasse rouca — eu na verdade não sei! Um cliente a comprou neste estado e a queria reformada. — Ele a comprou assim? Jake gargalhou da pergunta do amigo: — Não entendo a sua surpresa, Zane. Lembra-se como encontrou Delayla? O sorriso na face de Zane foi algo doce, como que para si mesmo. Quinn amou aquele sorriso quase encabulado. — Bom, mas eu ia fazer todo o serviço nela... Já aqui, o cara vai morrer com uma grana boa para tê-la como nova! — Ok, acho que entendi. Delayla é a sua Harley? — ela concluía. Zane franziu o cenho, parecendo confuso: — Como sabe que tenho uma dessas? — Eu disse a ela — Jake disse endereçando um sorriso seguido de uma piscadela a moça. Zane decididamente não gostou daquilo. Ainda mais quando Quinn retribuiu com doçura seu sorriso. Ele não estava flertando com uma cliente sua! Ainda que fosse aquela. Era contra sua própria política. Mas o que fazer se ela era realmente linda? Mas se ele estava nutrindo qualquer ideia de tê-la em sua cama, com toda certeza daquele mundo que ele seria um empecilho! Bem grande. Mas sentiu certa tranquilidade e até um certo convencimento quando ela quebrou contato visual com Jake para procurar por ele e nele se deter. E a forma como ela o fitava! Deixavam os pelos de sua nuca eriçados. Parecia esconder o que vinha em sua mente, mas seus olhos e seu sorriso tênue quase a denunciavam. Ok, Jake Harper era sim muito bonito. Mas assim que avistou Zane Hudson novamente, qualquer chance que pudesse ter pensado em dar lhe havia se esvaído. Sua atenção e todos os seus sentidos estavam voltados para aquele monumento coberto de músculos nos lugares certos. Esperava não parecer uma adolescente ansiosa, mas o que podia fazer se aquele homem a encantava? Uma mão pousando em suas costas e um limpar de garganta que foi próprio para atrair sua atenção, fez com que Quinn deixasse de fitá-lo e se voltasse para Jake. Nem era preciso dizer que ele havia odiado aquela maldita mão boba do amigo. Qual liberdade tinha para tocar nela? — Mas então, Quinn. Quer que Zane dê uma olhada naquela belezinha e lhe faça um orçamento? Ela meneou a cabeça, fazendo seu rabo de cavalo balançar. Nas duas vezes em que se viram, ela o estava usando. Gostaria muito de ver aquela cascata de cabelos castanhos soltas, correr seus dedos entre os fios e constatar se ainda cheiravam à maçãs verdes. — Sim, é exatamente isso! E, por favor, Zane... Oh, ele adorava ouvir seu nome pronunciado por aquela boquinha! Impossível não tentar imaginar como seria ele sussurrando em seu ouvido, com suas unhas bem-feitas fincadas em suas costas, enquanto se enterrava entre suas pernas... — Não tenha receio! Quero que faça o melhor orçamento para essa moto! O senhor Dumas dispõe de muito dinheiro e realmente quer investir nela. Ele diz que ela o escolheu, então... — ela deu de ombros. — Eu o entendo! — ele dizia, percorrendo a moto com olhos encantados — foi assim comigo e com Delayla também. — Bom, qualquer um pensaria que é loucura da parte dele, mas ver a paixão com a qual ele fala dessa moto... Realmente te convence! — Tenho certeza de que Zane também entende isso! Quando bateu os olhos em Delayla... Precisava ver, parecia uma criança diante de um picolé gigante! Quinn não pôde evitar o sorriso. Era bem assim que agora fitava Zane Hudson. Um grande, delicioso e suculento picolé gigante ao qual adoraria lamber... 5º Ela teve de baixar seus olhos, pois eles a denunciariam. “Comporte-se, Quinn!” — repreendia-se. “Está mais para uma ninfomaníaca do que uma adulta e saudável.” — Bom, então vamos ao meu escritório para que assine os papéis, certo? Zane estreitou os olhos. Era impressão sua ou Jake havia lhe lançado um olhar de provocação, enquanto dirigia Quinn para longe? E aquela maldita mão boba nas costas dela? Não gostou nada da sensação de possessão que sentia ao vê-la ser tocada por outro homem. Mesmo que seu melhor amigo. Sabia bem que no momento em que dissesse a ele que tinha interesse na garota, ele se afastaria. Mas... Tinha mesmo interesse nela? Bom, isso era meio óbvio, mas nada havia mudado desde que a virá antes. Continuava a não pertencer a seu mundo. Que tudo isso fosse para o inferno! Agora que estava claro que não podia e nem conseguiria evitá-la, ela seria sua! Nem que por uma única noite, teria Quinn Armentrouth em sua cama. Exploraria cada recanto daquele corpo, até se saciar de todo aquele desejo insano por aquele docinho. Enquanto eles sumiam rumo ao escritório do amigo, Zane suspirou num misto de alívio e agonia. Alívio porque afinal, tomara uma decisão. E agonia. Por temer tomar o caminho errado novamente. — Hey, companheiro — ele chamava o motorista da caminhonete — me dá uma mão aqui? Vamos descer essa belezinha. Quando Quinn retornou, Zane já havia descido a moto e a empurrava, sem muito esforço. A força daquele homem a impressionava. E admirou como suas costas eram largas. Antes que se visse estática a examiná-lo, voltou-se para Jake: — Acho que tudo está certo agora, não? — Sim, Quinn. E assim que Zane der o parecer dele, entramos em contato. — Ele era todo sorriso. Ela podia não olhar, mas sentia que seu tatuado se aproximava. Seu? — Eu vou te acompanhar até o carro... — Jake se oferecia. — Pode deixar, parceiro — era Zane quem chegava e se colocava entre os dois, fitando sério seu patrão — eu a acompanho — seu tom dizia que não era um pedido e sim um aviso. Jake fez menção de protestar, masZane o encarou, a espera da réplica. Mas o outro não se manifestou. — Quinn — Jake lhe estendia a mão, dando—se por vencido — foi muito bom te ver de novo! Ela não podia estar se sentindo melhor. Ser disputada, ainda que discretamente, por dois homens divinos. Não era todo dia que isso acontecia. — Digo o mesmo, Jake — Cumprimentou-o rapidamente e então era guiada por Zane até o grande estacionamento do lugar. Agora que já se encontravam sozinhos, ele parecia mais leve. — Não é estranho que já tenha vindo aqui algumas vezes e nós nunca tenhamos nos vistos? Ela pensou sobre aquilo. — Sim. Louco, não? — Bom — ele começava, fazendo um gesto com as mãos — se bem que uma garota como você, se cruzasse com um tipo como eu, nem me dignaria um segundo olhar... Quinn o fitou, franzindo o cenho, confusa: — O quê? Uma garota como eu? E que tipo eu seria? Ele dava de ombros, torcendo os lábios: — Hum... Esnobe, metida... Deixando uma exclamação ofendida sair de sua boca, ela cruzou os braços: — Oh, puxa! Que belo conceito faz de mim, não? Zane gargalhou, jogando sua cabeça para trás. Ela adorou o som da risada dele... — Só estou te provocando. Mas é óbvio que é uma garota com dinheiro, assim eu nem teria chance... — Meus pais têm dinheiro! — ela o interrompeu com o dedo em riste diante de si e disse, como se aquilo explicasse tudo. — E tem diferença? — Sim, porque eu tenho de trabalhar para ter o meu dinheiro! — Ok, se você está dizendo. — O tom dele era descrente. Ela revirou os olhos e riu da atitude dele. — Então você entende um pouco de mecânica, não? — ela o lembrou. Ele riu novamente, balançando sua cabeça: — Hã... Talvez um pouco mais que um pouco. — Há quanto tempo trabalha nesse ramo? — Bom, desde que me entendo por gente. Com Jake já há mais de dez anos. — Uau! Então você e Jake devem ser muito amigos. — Sim. Como irmãos! E quanto a sua relação com ele? Quinn pensou não ter ouvido direito: — Minha o quê? — De onde conhece o cara? — Hora, daqui mesmo! — Oh... — foi só a resposta dele. Ela o encarou, desconfiada: — O que quer dizer com esse “oh”? — Nada, esqueça. — Ok... — assim que alcançaram o pequeno e vermelho Corvette, ela acionou o alarme — aqui estamos de novo. Zane se curvou para abrir porta para ela, seu corpo grande ficando bem próximo do dela. Quinn não ousou se mover quando o sentiu tão perto. Aquele “perto” ainda não lhe era o suficiente. Desejava tanto poder tocá-lo. Sentir a textura da pele de seu rosto, sua barba rala. Então, quando ele se endireitou diante dela, não recuou um passo sequer. Quando seus olhos, que descobriu serem verdes claros, se detiveram em seus lábios, teve de se conter muito para não correr a língua sobre eles. — Sem beijo de despedida hoje? — sua voz era baixa e levemente rouca. Sorrindo de forma a erguer um canto de sua boca coberta de gloss, Quinn provocou: — Hum, não quero te deixar mal-acostumado... — Isso é prenúncio de que vamos nos ver de novo? — Parece que sim... — Gosto da ideia. — Eu também... — E também gosto da ideia de nos despedirmos com beijos... — os olhos dele passeavam sobre sua face, parecendo querer decorar seus contornos e depois voltavam a seus lábios — mesmo que no rosto. Quinn o olhou de soslaio, como se ponderando sua proposta. Então se colocava na ponta dos pés e lhe tascou um beijo rápido no rosto áspero pela barba. Quando ela já ia se afastar, Zane segurou seus braços com as mãos grandes, mantendo-a no lugar, muito perto de seu corpo grande, e então procurou seus olhos. — Quando tiver um orçamento — falava muito vagarosamente e, mesmo o assunto sendo trabalho, a forma como ele pronunciava cada palavra, indicava que não era exatamente o que ele queria dizer... Ou o que desejava fazer — entro em contato. Quinn se viu mordendo o lábio inferior. Oh, como desejava que a beijasse. Mas sabia que ali não era o lugar certo. E sabia também que agora que o havia reencontrado. Aquele beijo aconteceria. E temia ser ela a agarrá-lo, tamanha era sua necessidade dele. — Ok — aspirou fundo, tentando captar seu cheiro. Sentiu um misto de colônia, tinta, graxa e... Cheiro de homem. Da pele dele, de suas roupas, ela não sabia. Mas queria carregar aquele odor, porque naquela noite, quando tocasse seu corpo pensando nele, era daquela fragrância que queria lembrar: o cheiro de Zane Hudson — vou aguardar... Ansiosa — assim dizendo, colocou seus óculos escuros e entrou em seu carro e partiu. Zane ficou parado no lugar, mesmo depois de Quinn já ter desaparecido de suas vistas. Porra, que mulher sexy! Flertara com ele sem pudor algum. Com braços cruzados e pernas separadas, pensava no quanto havia sido difícil não beijá-la. Tinha certeza de que ela não iria repeli-lo. Muito pelo contrário. Podia notar na forma como o fitava, seus olhos cheios de desejo. Bem, estava decidido: teria de antecipar aquele encontro! Ou ficaria louco, pensando naquelas curvas bem-feitas envoltas naquele vestido justo. Porque agora também tinha uma certeza: nenhuma outra mulher que colocasse em sua cama, seria o suficiente para aplacar seu desejo por Quinn Armentrouth. Com tal pensamento, sorriu e voltou para a Harper’s, determinado. Quando passou diante do escritório de Jake, empurrando a danificada Harley, esse parou a porta e o observou: — Hey, o que está fazendo? — Hora, o que parece? Meu trabalho! — Mas você tem outras prioridades agora, Hudson. Outras motos na frente dessa. — Nada que Tracy não possa assumir. — Referia-se a um outro mecânico da equipe. — Eu? Mas... — o homem se manifestava. Mas bastou um olhar para o sério Zane, que era o responsável pelo setor de motocicletas, para deixar a frase morrer. Além de evitar bater de frente com o amigo, duas vezes maior que ele, lhe devia muitos favores. — Claro! Sempre cabe mais uma na garagem do velho Tracy... — É assim que se fala, amigão! — e Zane retomava seu caminho, tendo se detido para encarar o outro mecânico em desafio. As suas costas, sabia que seu amigo Jake estreitava os olhos a examiná-lo. E como imaginava, o chamado não tardou a chegar: — Hudson! Será que precisamos conversar? — Relaxa, mamãe! Sei o que estou fazendo... — sentindo que aquilo não era o suficiente para tranquilizar o outro, voltou-se e o encarou — está assim por causa da garota... Ou por minha causa? Jake se aproximou, tentando sorriso debochado, mas falhando terrivelmente: — E se eu disser que pelos dois? — Bom, então eu digo para relaxar. Tenho tudo sobre controle... — Mesmo? — Jake, ela não é Camille, ok? — assim, achando que tudo já estava esclarecido, retomou seu caminho. Mas antes falou em alto e bom tom — e trate de ficar longe da garota, entendido? A gargalhada de Jake o perseguiu. Enquanto isso, a caminho da Delicatessen de Eric onde ordenara a Gwen e Júlia, através de mensagem, que a encontrassem, Quinn havia abaixado a capota de seu Corvete e cantava a plenos pulmões com Joss Stone que estourava no rádio com While You’re Out Looking For Sugar. Mal podia esperar para contar as novidades para as amigas. Havia reencontrado Zane Hudson! E dessa vez ela não o deixaria desaparecer! E não sossegaria até ter suas pernas em volta daqueles quadris estreitos e se fartar de seus beijos! E se deliciar com cada pedaço de seu corpo quente e trabalhado. — Hey, eu não posso simplesmente abandonar meu emprego assim, no meio do expediente, sabia? — Gwen fingia reclamar, quando Quinn chegou, já se acomodando — eu tenho uma patroa muito sistemática, que não gosta dessas atitudes! — Pois tenho certeza de que ela não vai se importar hoje! E isso porque ela está muito feliz! — Hum, e qual o motivo dessa felicidade toda? — Júlia queria saber, bebericando um cappuccino. — Estão preparadas? — ela fazia suspense. — Ai, meus sais! Fale logo, mulher!— sua assistente usava de toda sua delicadeza. — Segurem-se nas cadeiras: nunca vão adivinhar quem encontrei, ou melhor, reencontrei hoje? As duas se entreolharam e exclamaram em uníssono: — Tatuado?! — Sim! — Mas como isso? — Júlia se inclinou para a frente, muito interessada. Quinn resumiu os acontecimentos para as duas, que ficaram de bocas-abertas. — Eu não acredito nessa coincidência toda! — Júlia ria — que sorte, garota! — Só espero que dessa vez você não deixe passar! — bufava Gwen — uma oportunidade desse tipo não costuma acontecer duas vezes na vida! — Com certeza que não vou desperdiçar essa segunda chance! — Deu seu número a ele? — Nem foi preciso. Ele terá de entrar em contato comigo para passar o orçamento. — E se o chefe gostosão, como você disse, for quem vai entrar em contato? Quinn sorriu de forma convencida: — Você não está entendendo, Júlia. Zane vai ligar! — Hum, confiança é tudo! — Gwen debochava. — Vocês não viram a forma como ele me olhava, meninas! Era quente! Por isso eu sei que ele vai ligar! Depois de passar horas estudando os danos na Harley, Zane estava satisfeito. Já tinha uma base do que seria necessário no conserto da moto. Na manhã seguinte, ele faria as ligações para seus fornecedores e então poderia dar um orçamento a Quinn. E logo poderia encontrá-la de novo. Ela não lhe saíra da cabeça o dia todo. Era linda, sexy e receptiva. Sabia que se tivesse tentado beijá-la, seria aceito. Suspirou. Se não estivessem no estacionamento de seu trabalho, correndo o risco de serem vistos. Correu as mãos pelo rosto. Que garota! E tinha de admitir; estava feliz em revê-la. Muito feliz. Não seria como com Camille. Ele tentava se convencer. Dessa vez não se atiraria de cabeça. Era atração física, uma química incomum que se resolveria com uma boa dose de sexo. E pensar em sexo com Quinn Armentrouth já fazia seu corpo reagir e ficar duro. Precisava malhar! Era isso. Cansar o corpo para tentar desligar a mente. Pensou em chamar Jake para acompanhá-lo, mas sabia que esse o encheria de perguntas. Assim, recolheu suas coisas e saiu o mais discretamente possível da Harper´s. 6º Dois dias depois, Quinn estava ansiosa. Zane não havia ligado. Ainda! E Gwen e Júlia não ajudavam, perguntando a todo momento se ele já o havia feito. A cada toque do aparelho sobre sua mesa era um sobressalto. Ela estava de dar pena. Tão ansiosa por um homem, como nunca antes. Já passavam das três da tarde quando sua assistente entrava toda esbaforida: — Quinn! — Gwen sacudia as mãos no ar. — O que foi, mulher? — ela se alarmou. — Acho que seu tatuado está aqui! Acho não! Tenho certeza! O nome dele não é Zane Hudson? O ar faltou aos pulmões de Quinn, por um momento. Ela esperava que ele ligasse, não que viesse pessoalmente! — Sim... Mas... — de repente ficou nervosa — o que ele está fazendo aqui? — Eu não sei, mas que é aquilo? Tão... Viril! Ainda mais com aquela jaqueta de couro... — ela juntou as mãos sobre o peito e depois se abanou, revirando os olhos — que homem! — Oh, droga! Eu não o esperava! — ela se agitou, alcançando os sapatos que haviam sido esquecidos sob a mesa. — Puxa, é a primeira vez que te vejo nervosa por causa de um cara! — a outra lhe piscava, cúmplice — mas eu te entendo, amiga! — Eu estou bem? Não estou toda amassada? — perguntava, correndo para seu banheiro e soltando os cabelos que estavam presos num coque frouxo e foi se examinar no espelho. — Está impecável, querida! — Mesmo? — ela alisava seu vestido azul-marinho — eu só vou retocar o batom e já vou... Não diga isso a ele! Só diga que já vou recebê-lo, ok? — Ok. Pode ficar tranquila. Eu faço companhia a ele, até que chegue... — e Gwen saia, deixando-a nervosa e sozinha. Zane estava ali! Viera procurá-la! Depois de algumas respirações, alisou o vestido uma vez mais e caminhou para a porta, aparentando uma calma que estava longe de sentir. Alcançando a loja, o vislumbrou. Aquele monumento de homem vestindo uma bela jaqueta preta de couro, calças jeans lhe emoldurando as coxas fortes e por que não dizer seu belo traseiro? Botas de solado grosso e um par de óculos tipo aviador encaixado na gola da camiseta de decote v completavam o traje dele. Sim, ele contrastava com o lugar e por isso atraia olhares dos demais clientes. Mas ele não parecia se importar, observando algumas peças com atenção. Ela sorriu e cumprimentou um cliente e outro até chegar a ele. Quando a notou próxima, lançou um longo e preguiçoso olhar por todo seu corpo. Quinn sentiu a temperatura do lugar subir alguns graus. — Hey. — Ele disse simplesmente, assim que ela parou a seu lado. — Hey. — Imitou-o. — Eu estou me sentindo um elefante numa loja de cristais... — confidenciou humorado. Quinn riu: — Então me acompanhe até minha sala — ofereceu — talvez se sinta melhor lá. — Claro. — Ele concordou e indicou que fosse a frente. — Eu não esperava por você — ela enfim confessou, já em sua sala, quando ele cruzou a porta e ela fechou-a — você poderia ter ligado... — Sim, eu podia — Ele disse simplesmente. Quinn sorriu disfarçadamente. Ele poderia ter ligado, mas preferiu vir pessoalmente, porque desejava vê-la: — Bom, isso é para você — Zane lhe estendia uma folha de papel com uma lista detalhada de cada item necessário na restauração e o total da nota — não vai ficar muito barato, mas posso lhe garantir que com esse material, aquela belezinha vai ficar como nova! — Uau! — ela exclamava, ao ver o preço — isso realmente não é barato. Mas vou passar todos os detalhes para o Sr. Dumas e vamos ver o que ele resolve. — Ok. Então é aqui que você esconde o verdadeiro tesouro? — ele dizia, apontando uma estante de vidro que ocupava toda uma parede e onde estavam expostos muitos colares, brincos e anéis com diamantes ou em ouro puro. Ela se aproximou, admirando as peças também: — Bem, na verdade, meio que é isso mesmo. Essas são as relíquias mais preciosas da Tesouros de Violet. Estão por aqui há muitos anos. Foi minha avó quem as adquiriu. Algumas delas nem está realmente à venda. — O monte de zeros atrás desse anel... Está certo? — ele se espantava. Quinn riu da expressão dele, quando notou que ele se referia a uma joia denominada La Gema: — Sim, está. E não é só pela sua bela pedra de esmeralda, mas também por sua história. — Esse anel tem uma história? E qual é ela? — ele cruzava os braços fortes em frente ao peito, suas pernas ligeiramente afastadas. Tão másculo. — Quer ouvir? — E por que não? — Ok. Bom, lá pelos anos de 1550, um conhecido barão do café, no México, chamado Arturo Gamboa tinha se apaixonado por uma camponesa. Ela se chamava Ana Quintanilha. Arturo começou a cortejar a jovem que se encantou também por ele. Quando decidiu pedi-la em casamento, mandou que fizessem um lindo anel, com uma grande pedra de esmeralda, pois queria que tivesse a cor dos olhos de sua amada: verde obviamente. O que acontece é que ele nunca teve a oportunidade de fazer o pedido e tão pouco colocar o anel no dedo de Ana, pois uma enchente destruiu o vilarejo em que ela vivia e dizimou toda sua família e região. — Puxa, isso é triste — ele comentou vago. Quinn se surpreendeu que ele realmente estivesse ouvido. — Sim... Triste. E dizem que ele nunca se casou. Passou anos procurando pelo corpo de Ana. Arturo queria que ela fosse enterrada com o anel... Mas, naquela época, imagine como era difícil, tudo era feito manualmente, sem ajuda de máquinas. Ele nunca a encontrou. E por isso a joia ganhou a fama de maldita. — E você acredita nisso? Ela admirou o anel, pensativa: — Não. Eu realmente não acredito nisso. Acho que é só um lindo anel. O que aconteceu com essas pessoas... Foi apenas o destino... Ao dar um passo atrás, ela se desequilibrou e Zane rapidamente espalmou suas mãos em seus braços, para lhe impedira queda. No movimento, suas costas acabaram coladas no peito amplo dele. Ele não fez nenhum movimento para se afastar. Tão pouco ela. E Quinn prendeu sua respiração ao sentir o nariz dele entre seus cabelos, aspirando profundamente: — Maçã verde... — ele murmurou, muito próximo. — É o meu shampoo! — ela também murmurou, adorando o jeito que os dedos dele lhe seguravam os braços. Com firmeza, mas, ao mesmo tempo, com muito cuidado. — Eu gosto. E eu me perguntava se seu pescoço tem o mesmo cheiro. — Como se dando permissão, Quinn curvou um pouco a cabeça para o lado, facilitando seu acesso. Zane sorriu suavemente e deixou seu nariz deslizar suavemente pela pele macia, delicada. Diante de seus olhos, viu essa mesma pele se eriçar. E constatou que o cheiro do pescoço dela era ainda melhor. Ele não soube identificar exatamente sua essência, mas era deliciosamente feminina, sensual. Tão Quinn! Adorou a reação dela a sua aproximação. Mais um passo e seu pau, já duro como rocha estaria colado ao bumbum arrebitado: — Porra, você cheira fodidamente bem! Oh, ela não esperava que ele fosse tão... Explícito em suas palavras. Mas tinha de admitir: gostou da forma como ele se expressou. Pareceu legítimo. Primitivo. — Hã... Obrigado. — Eu preciso te dizer uma coisa, Quinn. — Agora a boca dele estava junto a seu ouvido. Ele estava perto. Tanto que ela sentia as ondas de calor que emanavam do corpo dele. E ainda assim, ele não parecia perto o suficiente. E sua voz era baixa, rouca e grave, que ela sentia que a qualquer momento, podia estremecer de antecipação: — O quê? — Eu estou louco para te beijar, desde a primeira vez que a vi. Um sorriso nervoso brincou nos lábios de Quinn. Se ele soubesse... — Sério? — Muito sério! — E o que o está impedindo? Ela pode sentir o sorriso dele em sua orelha, seguida de uma pequena mordida. Pronto! O corpo dela quase entrou em convulsão e foi impossível esconder o estremecimento que passou pelo corpo dela. Quinn deixou uma exclamação frustrada escapar de seus lábios e como não podia deixar de ser, o sorriso dele se alargou. Maldito, sabia o poder que tinha sobre ela, sem nem mesmo ainda tê-la beijado. — Isso não foi justo... — sussurrou — Não? — ele inquiriu num tom desavergonhado. — Nem um pouco. — Então vamos corrigir isso — deixando sua mão deslizar pela face dela, fez com girasse, até ficar de frente para ele. As mãos de Quinn pousaram no peito dele e mesmo por sobre a camiseta, podia sentir seus músculos bem definidos. Ela colou todo seu corpo ao dele e podia sentir toda a extensão de sua rigidez junto a seu ventre. — Você é tão linda, Quinn! — ele sussurrou seus olhos vidrados em sua boca. Ele deslizou o polegar sobre os lábios dela e Quinn deixou a língua roçar no dedo dele. As sobrancelhas dele desceram, seus olhos se turvaram de desejo e ele gemeu baixinho e abafado. Então, sem premissa, Zane baixou sua cabeça e a beijou. Não procurou explorar, conhecer. Ele só tinha de beijá-la. Tomou posse de sua boca com a dele, exigindo, sugando, provando. E, bom Deus, ela era tão deliciosa quanto podia imaginar. Quinn sentiu todo o ar desaparecer de seus pulmões. Era só um beijo, mas parecia que lhe estava tirando os pés do chão. Uma mão dele estava em sua nuca, emaranhando os dedos em seus cabelos e a outra alcançava a cintura, puxando-a de encontro ao seu corpo. Parecia tão desesperado por aquele beijo quanto ela. Era voraz, faminto. Foi a vez dela gemer quando a língua áspera dele pediu passagem entre seus lábios. E prontamente permitiu, agora segurando o rosto dele entre suas mãos. Ele iria perde sua sanidade! Simplesmente não conseguia raciocinar com aquele corpo de curvas deliciosas coladas ao seu. A fricção que seus movimentos faziam junto ao seu pau. Sentia que podia explodir a qualquer momento, como um maldito adolescente virgem. Ela teria noção do que fazia? Provavelmente sim, pois ondulava seus quadris sutilmente contra ele. Era loucura. Explorou suas costas, apertando sua carne. Suas mãos alcançaram as curvas macias de seu bumbum e Quinn arfou e ficou na ponta dos pés. Quando ela mordiscou seu lábio inferior, Zane teve de conter uma exclamação. Afastou-se um instante para fitá-la. Era uma deusa sensual, seus olhos de chocolate quente ainda mais vivos, os cabelos bagunçados por suas mãos, a boca úmida e inchada por seu beijo. Irresistível. Ele queria poder jogá-la naquela mesa e a foder com força ali mesmo. Com um grunhido, Zane a empurrou até que suas costas estivessem coladas no vidro da enorme estante. Ela não pareceu se assustar. Deixou seus braços erguerem ao lado de seu corpo e o encarou de forma desafiadora. Zane entrelaçou os dedos aos dela e veio afundar sua cabeça no pescoço dela. Aspirou, mordeu e lambeu sua pele macia. Quinn jogou a cabeça para trás, se deliciando com a barba dele que lhe raspava a pele delicada. Seus dentes arranhando a curva delicada a fez ofegar. Um calor intenso a dominava, a queimava. Estava em chamas por aquele homem. As mãos grandes dele deslizaram por seus braços, lentamente, e continuaram um caminho de descida e ela prendeu a respiração quando elas passaram nas laterais de seus seios doloridos. Quase lamentou quando ele não os tocou. Enquanto lhe mordiscava o lóbulo da orelha, as mãos grandes e quentes lhe chegavam novamente as suas nádegas, puxando-a de encontro a sua possante ereção. Aquilo era muito bom! Não tentou pensar se aquilo tudo era um avanço de sinal, se devia detê-lo e colocar um limite. Se devia de alguma forma se dar ao respeito. Ela desejava tudo daquele homem. Se a despisse e tentasse possuí-la ali mesmo, ela não teria nenhuma força para resistir. Zane afagou de novo e de novo aquele bumbum macio, esfregando-a contra seu membro rijo. Mais um pouco e ele não resistiria e enfiaria a mão entre suas coxas para sentir seu centro. Da forma como reagia a seus toques e beijos, tinha certeza de que ela estava molhada e pronta para ele. Tal pensamento o deixou alucinado. Alcançando a barra do vestido dela, elevou-a suavemente, tocando suas coxas roliças no processo. Meteu uma coxa entre as pernas dela, sentindo sua boceta quente contra seu jeans. A forma como ela arfou e cerrou os dentes... Oh, bom Deus! Era sexy ao extremo. Segurou seu rosto de novo com uma mão e exigiu sua boca. Quinn estava praticamente montada na coxa forte, friccionando sua vagina necessitada nele. Mais um pouco e ela gozaria contra a perna máscula. Seu clitóris sensível pulsava. Era loucura o que Zane Hudson a fazia sentir. Sua mente estava enevoada, distante. Mas tinha plena ciência das mãos dele, de sua boca, de sua intimidade sendo esfregada contra ele. Nesse instante, o telefone em sua mesa soou. Zane não pareceu tomar conhecimento, continuando a devorar sua boca. Foi Quinn, mesmo com muita dificuldade, quem interrompeu o beijo, depositando suas mãos sobre o peito arfante dele: — Zane... O telefone... Eu preciso atender. — Murmurou contragosto. Ele ainda parecia vidrado em sua boca, segurando sua cabeça entre as mãos: — O quê? — O telefone — ela sorriu e apontou — eu tenho de atender. Zane pareceu buscar ar, acariciando os lábios dela de novo com seus polegares. — Zane? O telefone. Ele meneou a cabeça e a liberou, tirando sua perna dentre as dela. Quinn sorriu, um pouco encabulada, ajeitando a saia e caminhou a passos incertos até sua mesa. Devia ter caminhado com a elegância de uma gazela, pois não sentia firmeza em seus passos. — Sim? — ela atendia, tendo limpado a garganta antes, para limpar a rouquidão e não deixar transparecer seu tremor. Evitava olhar para Zane, quieto no mesmo lugar onde o deixara. Não fazia o tipo tímida, mas... Bom, estava se esfregando descaradamente com um homem que vira duas vezes na vida.— Eu odeio interromper a sua... Reunião — uma Gwen que beirava ao riso dizia do outro lado da linha — mas a senhora Stuarts está aqui. Quinn teve de engolir uma exclamação de surpresa ao sentir Zane atrás dela novamente. Logo ele fuçava em seus cabelos com o nariz, sua mão grande espalmada sobre sua barriga chata, puxando-a de encontro a sua virilidade ainda intumescida novamente. — E você sabe que ela faz questão de ser atendida somente por você! — prosseguia a assistente do outro lado. Mal conseguindo raciocinar com ele agora lhe tendo afastado os cabelos para o lado e estava mordendo seu pescoço, Quinn respondeu de forma abafada: — Me dê dois minutos, Gwen — e desligou. Tão logo o telefone pousou na mesa, Zane a fez voltar-se para ele e buscava novamente seus lábios. Quinn riu em sua boca, se deliciando com seu gosto, mas teve de afastá-lo. Ou ao menos tentar, pois empurrar seu tórax maciço era o mesmo que empurrar uma parede. — Eu tenho de ir... — se lamuriava, tentando se esquivar da boca exigente. — Não! — ele murmurava, mordiscando agora seu queixo. — Zane, eu realmente tenho de ir! Não posso passar a tarde fechada nessa sala com você... — ela segurava o rosto dele, exigindo sua atenção. Não resistiu e mordeu seu lábio novamente — mesmo que isso pareça muito atraente. Dando umas respirações, Zane forçou-se a dar um passo atrás: — Me desculpe... Não quero atrapalhar seu trabalho. Quinn lhe sorriu, vindo limpar o brilho que ficara ao redor da boca dele: — Você com certeza não me atrapalha... Ai! — ela se assustou quando ele mordeu seu dedo suavemente. Zane riu meio torto, mostrando seus dentes afiados e brancos. — Se você está assim, eu nem quero imaginar como eu estou! — deduzia ela, se encaminhando para o banheiro. — Meus Deus! — se espantou ao ver seu reflexo no espelho. Seus cabelos eram uma desordem só — uma olhada para mim, e todos saberão o que estivemos fazendo aqui dentro! Zane parava no batente da porta, apoiando um cotovelo ali e a examinando com olhar preguiçoso: — Para mim você está ótima... — Claro, você não tem esse problema! — apontava seu cabelo raspado. Ele riu abafado, correndo sua mão grande sobre cabeça. Quinn achou o movimento extremamente sensual. — Bom, aqui pode estar tudo certo, mas... — ele insinuou, levando seu olhar para seu pau ainda rijo. Quinn seguiu seu olhar e riu, desviando o olhar: — Você pode dar um jeito nisso? — pediu divertida, fazendo um gesto para as calças dele. — Hum... Acho que não. Ele tem vida própria. Ela passou por ele e revirou os olhos evitando tocá-lo. Se o fizesse, corria o risco de não sair mais daquela sala. — Bom, terá de fazer algo a respeito, pois eu realmente tenho de sair. Ver ele se contorcendo e tentando... Ajeitar seu brinquedo seria hilário, se não fosse sexy. Quase se ofereceu para ajudar... 7º Ela teve de esconder o riso e vestir sua melhor cara de paisagem ao deixar sua sala e caminhar para a loja. Achou melhor não olhar de novo para Zane alguns passos atrás dela. — Amy! — rumou para a senhora muito bem-vestida e coberta por belas joias que examinava algumas peças ao canto do salão — que bom vê-la! A mulher a acolheu num abraço carinhoso: — Querida! Cada vez mais bonita, menina! — São seus olhos! — Meu bem, sabe que minha netinha vai se casar, certo? — Claro! Será o evento do ano! — Pois espero que sim — dizia sem falsa modéstia. A família Stuarts era do ramo hoteleiro, tradicional e muito, muito abastada. E a única neta mulher iria se casar com um outro filho de magnata. Com certeza seria o evento do ano — Bom, eu dei aos noivos a viagem de lua de mel, mas queria algo especial que eles pudessem ter na casa deles. E logo me lembrei de você e sua linda loja, que tem artigos preciosos! — Puxa, que honra, Amy! Deixe-me apenas levar meu amigo até o carro e serei toda sua! Foi então que a mulher notou Zane próximo a elas. Seu olhar o percorreu todo, demoradamente, com muito interesse. Quinn novamente teve de conter um riso. — Senhora — Sabendo que era apreciado, Zane endereçou um sorriso torto e um curvar sutil de cabeça para a senhora. — Meu jovem — Amy retribuía, sem esconder disfarçar a admiração. — Eu volto logo — anunciou Quinn, segurando o braço dele e já pronta para seguir rumo à saída. — Zane? Quando ouviu uma mulher chamar por ele. E o sentiu ficar tenso sob seus dedos; e antes de se voltar lentamente, balbuciou um palavrão que ela nunca teria coragem de pronunciar em voz alta. Franzindo o cenho, notou como o queixo dele se retraiu ao fitar uma espantada Camille Fairfield. Ele parecia grudado ao chão, encarando-a como se fosse uma aparição. — O que faz aqui? — a outra inquiria seus enormes olhos verdes como os de um gato, fixos na mão de Quinn, ainda pousada no braço dele. — Estou trabalhando! — ele resmungou, parecendo muito pouco à vontade — Eu realmente tendo de ir, Quinn — e foi se encaminhando para a porta, sem olhar para trás. Quinn endereçou um sorriso rápido, que não foi retribuído à Camille e se apressou para segui-lo. Zane não diminuiu seus passos, mesmo quando notou que ela vinha em seu encalço. Muito estranho. Não gostou da forma como ele reagiu à outra mulher. De repente era como se ela, Quinn, não existisse. Mesmo depois de... Bom, de quase a ter fodido em sua sala. — De onde conhece Camille? — ela não resistiu a perguntar. Percebeu que ele tomou uma respiração profunda antes de murmurar sua resposta: — De muito tempo atrás. Bom, estava claro que ele não queria falar sobre o assunto. Quinn mordeu o lábio, sem saber direito como agir. Ela não o conhecia. Não sabia o que havia entre ele a socialite em sua loja. E Zane Hudson não parecia ser o tipo dela. Pensando nisso, ele também não era seu tipo, mas a atraia como mosca ao mel. Mas Camille era casada e já há alguns anos. Será? Meneou a cabeça e se impediu de fazer presunções. E nem perguntas. Não tinha esse direito. Quando ele enfim, se deteve ao lado de uma bela Harley, Quinn pensou que encontrara o motivo ideal para quebrar aquele clima tenso que se criara: — Uau! Então essa é Delayla? — ela assoviou em admiração — Minha nossa, é realmente uma beleza! Se a moto do Sr. Dumas ficar assim, ele vai ficar muito satisfeito! — Bom, ficara se eu puder usar todos os itens da lista que lhe passei — podia sentir que ele ainda exalava algum desconforto — Existem opções mais baratas, mas que no final não terão o efeito que seu cliente procura. Havia se recostado naquela máquina reluzente, poderosa, onde predominavam as cores prata, preto e alguns detalhes em azul. Também havia colocado seus óculos de aviador. Oh, Deus! Não poderia haver no mundo uma imagem mais sexy! Um macho alfa, em toda sua essência. Seus ombros largos evidenciados pela jaqueta de couro. Até mesmo a carranca que exibia no momento servia para completar o quadro. Teve de menear a cabeça para que seu queixo não caísse enquanto o admirava: — Eu entendo. Você é o especialista e eu confio em você! Vou passar todas suas sugestões ao meu cliente e vou informar a ele exatamente o que me passou — ela cruzou as mãos na frente do corpo, se sentindo estranhamente deslocada. E ela nunca se sentia assim. Zane a fitou. Talvez tendo percebido o quanto fora seco com ela, instantes atrás, suspirou pesadamente e buscou sua mão: — Eu gostaria muito de beijar você agora — falou baixinho. Um sorriso teimou em surgir na face dela. Aquele era o Zane que ela queria ver. — Mas eu acho que isso chocaria seus clientes... — Ou os deixaria com inveja — ela deu de ombro — Quem sabe? Ele também sorriu, parecendo mais leve agora: — Eu quero muito te ver de novo, Quinn. Que tal jantar comigo essa noite? O sorriso dela se tornou ainda mais largo. Com certeza de queria vê-lo naquela noite! — Sim, eu... — mas ela se interrompeu de repente— não, espera! — fechou os olhos, tomada pela frustração — Eu tenho que jantar com os meus pais. — Oh! — Zane exclamou baixinho em desapontamento. — Mas... — Quinn começou, com medo de que ele retirasse o convite — quem sabe podemos nos encontrar depois. E tomar um sorvete, quem sabe? A certeza que tinha era de estar com ele naquela noite! Mesmo que não rolasse uma noite quente regada a muito sexo, precisava de mais beijos como os trocados momentos atrás. — Isso seria ótimo! Explicou a ele onde ficava sua sorveteria preferida: — Pode me encontrar, lá? Digamos... Às 21h00? — Eu com certeza estarei lá, Quinn. — Falou docemente, seus dedos acariciando os dela. Zane pegou o capacete que estava no guidom da moto e o colocou. Logo ele dava partida e Quinn se afastou para que ele pudesse manobrar e então partir. Ela teve de conter para não dar saltinhos de alegria. Estaria com Zane novamente. Quando voltou a loja, surpreendeu-se ao ser interpelada de forma brusca por Camille: — O que há entre você e Zane? — a outra inquiria, sem qualquer preâmbulo. Quinn examinou a atitude dela. Suas mãos estavam pousadas em sua cintura fina, seu queixo erguido de forma ameaçadora. Dando um passo para trás para melhor encará-la, disse simplesmente: — Ele está prestando serviços para mim... — Que tipo de serviço? — interrompia Camille com uma ponta bem destacada de agressividade. Bom, elas não eram íntimas, se conheciam porque frequentavam o mesmo ciclo social. Mas sabia da fama de encrenqueira da outra. Só que Quinn não tinha medo de cara feia: — E você? De onde o conhece? — Isso não é da sua conta! — a ruiva bufou, seus olhos parecendo faiscarem. Relanceando um olhar à volta, percebendo que já estavam chamando a atenção das demais pessoas na loja, Quinn baixou o tom ao falar controladamente: — Se precisar de algo relativo às mercadorias, as meninas estão aí para auxiliá-la. Agora se me der licença — e lhe deu as costas, indo até a senhora Stuarts. Percebeu que a moça quase bufou de raiva. Não devia estar acostumada a ser ignorada. Tanto aquela sua atitude, quanto a reação de Zane ao vê-la ficaram na cabeça de Quinn. Qual realmente seria a relação entre os dois? Bom, mas no que isso importava? O passado de Zane não era da sua conta. Muito provavelmente não passaria tanto tempo ao lado dele, para se aprofundar dessa forma em sua vida. Ele era um cara interessante, extremamente gostoso, mas era só. Depois de passar longos sete anos em um compromisso monótono que terminara em desgosto, ela queria curtir um pouco a vida de solteira. Se divertir e ter uma boa dose de sexo no processo. E Zane Hudson era o homem certo para o serviço, pensava com um sorriso nos lábios. Zane pilotava quase às cegas. Quase voava, sua cabeça num turbilhão de emoções. Por que agora? Porra! Tudo que ele não precisava era de Camille em sua vida de novo. Não agora, não nunca! E, inferno, continuava tão ou mais linda, agora com aqueles cabelos ruivos escuros, quando antes era loiro e delicado. Aqueles olhos! Merda, mil vezes merda! Ela não tinha o direito de ainda o afetar daquela forma! Mais ainda por essa razão, precisava estar com Quinn. Ela era uma brisa em comparação ao furacão Camille. Bom, até certo ponto. Era também combustão pura, atiçara fogo em suas veias. Deixara claro, sem rodeios ou hipocrisia que o desejava também. Beijá-la havia sido algo tão perfeito, tão certo! E sabia com desespero, que precisava se enterrar em sua vagina quente. Não queria usá-la para limpar seu sistema da outra, mas seria necessário. Quinn Armentrouth seria a distração perfeita para aquela noite. Teriam um tempo bom juntos e cada um seguiria seu caminho. Assim seria, pois assim era melhor. — Hey, por onde esteve? Procurava por você. — Jake inquiriu assim que o viu entrar na oficina. — Fui ver um cliente... — respondeu vago. — Falando em cliente, tem o orçamento de Quinn pronto? — ele sorria, como se a lembrança da mulher lhe viesse à mente — quero passar a ela. Zane fechou ainda mais sua expressão, depositando o capacete e óculos sobre a bancada: — Ela era o cliente que acabei de visitar! — foi seco. Jake se espantou, abrindo os braços: — O quê? Foi vê-la? Podia ter ligado! — Eu sei! — Aliás, devia ter me passado as contas e eu — apontou para seu próprio peito — deveria ter feito a ligação! — Bom, mas eu já fiz a coisa toda, ok? — resmungou, deixando bem claro seu estado de espírito — e vê se para de me perturbar, cara! — Wow! O que houve? — o outro esboçou um risinho irônico — não foi bem recebido pela Quinn? — agora ele gargalhava com gosto, pensando ter adivinhado o acontecimento — botou você no seu lugar, meu chapa? Zane veio encará-lo, sua cara de zangado ainda mais dura: — Muito pelo contrário, meu caro! Jake torceu os lábios, erguendo as mãos ao alto, como se em rendição: — Se diz... Mas então, por que a cara de poucos amigos? Remexendo em suas ferramentas, sem nem mesmo saber o que procurava, fingiu não ouvir a pergunta do amigo. Mas sabia que esse não desistiria fácil. — Zane? Eu estou esperando, cara Com um suspiro pesado, voltou-se para o outro: — Não vai adivinhar quem encontrei na loja da Quinn. — Quem? — Camille. A expressão zombeteira do amigo se tornou imediatamente séria e por um momento ficou sem saber o que falar. — E? — perguntou, pouco depois — como foi? — Foi... Uma merda, isso que foi! — Zane jogou uma chave de roda sobre as outras ferramentas, fazendo barulho — achei que estava preparado para vê-la de novo. Depois de dois anos, realmente achei! — E não estava! Acho que isso é normal, cara. Com a história que vocês tiveram juntos... — Mas não é justo que ainda tenha algum efeito sobre mim! — ele se remoía — não depois de tudo o que ela fez a mim, não depois de... Tudo o que eu fiz a mim mesmo por causa dela! — Talvez seja por tudo isso que reencontrá-la tenha tido esse impacto em você. Trouxe essas lembranças a tona de novo. Mas tenha calma, homem! — a voz de Jake era grave — ela é casada agora. E mesmo que não fosse, você não precisa dela na sua vida outra vez! — Acha mesmo que precisa me dizer, irmão? — Bom, é que... O efeito Camille foi devastador em você. Só queria ter certeza de que... — Não vou ter uma recaída? Dupla, certo? Não confia em mim? — Claro, cara, confio sim. E como... Como ela está? Os ombros de Zane se se retesaram e deixou escapar outro suspiro: — Linda como o inferno! — E isso não ajuda em nada, certo? Decido dar fim aquela conversa, ele despiu a jaqueta e recolheu seu macacão que estava pendurado na porta de seu armário: — Amigo velho, eu preciso trabalhar um pouco, certo? — Certo — Jake balbuciou e saiu da oficina. Ele conhecia muito bem o amigo. Sabia quando devia deixá-lo sozinho. Às 19h00 ela terminava de se ajeitar para jantar com seus pais. Se fosse somente para se encontrar com Zane, optaria por algo mais sexy. Mas com uma mãe conservadora como a sua, só daria motivo para um bom sermão. Assim, vestiu uma saia de pregas estilo colegial, mas o cós era mais largo, moldando seus quadris. Era xadrez de azul, perto e branco. Era um pouco mais curta do que costumava usar e isso era de propósito. Uma camisa também branca, justa a seu corpo e um cardigã azul-marinho completavam o traje. Não abusou da maquiagem, mas colocou o gloss na bolsa, para retocar antes de se encontrar com Zane. Optou por chamar um táxi. Dessa forma poderia acontecer do Zane lhe oferecer carona, ela poderia convidá-lo para entrar e uma coisa podia levar a outra. Ela nunca fizera algo parecido, do tipo induzir um sujeito a sua cama. Mas que as “normas” de boa moça se explodissem! Queria aquele homem! E não seria hipócrita quanto a isso. Sentia como se já tivesse perdido muito tempo de sua juventude. Precisava recuperar o tempo perdido. Não que fosse transar com todo caraque lhe surgisse pela frente. Somente om aqueles que realmente lhe atraíssem. Pouco mais de cinco minutos depois, fitava incrédula a enorme Land Rover preta estacionada frente a casa de seus pais. Sabia bem a quem aquele carro pertencia: Ashton! Mas o que ele estava fazendo ali? Como se ela realente tivesse de se fazer aquela pergunta! — Bolando sua rota de fuga, querida? — era seu pai quem se aproximava. Ela suspirou desanimada. Sabia que com ele não precisava fingir: — Por que não me avisou que ele estaria aqui? — apontou para o grande carro. — Bom, sabe como sua mãe é. Seth era um bom homem. Mas dominado pela esposa. Quinn sempre teve pena dele por isso. O que ele tinha em bondade, tinha em falta de atitude em relação à mulher. — Quando será que ela vai entender que as coisas não vão mudar entre mim e ele? — Nunca. Ouviu que a esperança é a última que morre? — ele lhe sorriu e a enlaçou pelos ombros, beijando o topo de sua cabeça. Vamos, garota. É só por uma horinha ou duas. Só esteja preparada, ele trouxe os pais. Quinn bufou revirando os olhos. Gostava dos pais dele. Mas esses também queriam a volta do casal e não disfarçavam isso. Ao entrar, cumprimentou a todos, deu um beijo suave na face da mãe e teve de se esquivar de um beijo mais íntimo de Ashton, quando se aproximou. Ele não aprendia! Queria agir diante de seus familiares como se ainda estivessem juntos! Mostraria a ele como estava errado. Não foi surpresa que o único lugar com a louça do jantar disposta para ela fosse exatamente ao lado dele na mesa. O ímpeto de cometer uma rebeldia e puxar os pratos e talheres para outro canto, a mordeu, mas sabia que não teria essa coragem. Primeiro para não desafiar a mãe e criar um caso. Sabia que isso iniciaria uma discussão que poderia levar horas! E queria muito sair dali o mais rápido possível. E porque os pais dele não mereciam tal grosseria. Todos naquela mesa, com exceção de seu pai, que não sabia toda a verdade, mas que confiava no julgamento da filha, achavam que Ashton era o homem perfeito, totalmente de bem. Se desconfiassem. Com o jantar correndo, percebeu que ele simplesmente não parava de admirar suas coxas, bem expostas pelo cumprimento da saia. Ela quase riu. Nunca, enquanto estavam juntos, flagrara tal olhar faminto por parte dele. Num gesto feito premeditadamente para provocá-lo, Quinn cruzou as pernas lentamente. Era algo do tipo: Olhe o que você perdeu, idiota! Não precisou olhar para saber que ele estava de pau duro. Remexeu-se na cadeira, como se para se ajeitar melhor. Ela só não esperava que ele tivesse a ousadia de disfarçadamente pousar sua mão na perna dela, sob a mesa. Com um sorriso doce nos lábios, curvou-se para ele, falando baixinho para que só ele ouvisse: — Juro, que se não parar de me tocar nesse exato momento, vou furar sua mão com meu garfo! Percebeu como ele ficou sem graça e a obedeceu. Com certeza ainda achava que tinha algum poder de sedução sobre ela. Pobre coitado! Adoraria poder dizer em sua cara lavada que aquela saia tinha sim função de seduzir, mas não a ele! Examinando disfarçadamente seu relógio de pulso, constatou que já eram 21h10. Conteve uma bufada. Zane já devia estar a sua espera. Quando o jantar enfim terminou, Seth se levantou e sugeriu: — Que tal os homens irem à biblioteca provar um belo uísque, enquanto as damas colocam a conversa em dia? — Sinto que não poderei me estender mais — comunicava Quinn. Notou o olhar mortal que a mãe lhe endereçou, mas foi sutilmente ignorada — combinei de tomar um sorvete com Gwen e Júlia! — não teve outra opção senão mentir. — Posso ir com você? — convidava-se um ansioso Ashton. — É um encontro de meninas, Ash. — Fingiu um tom meigo. — Entendo. — A expressão dele murchou — então deixe-me lhe dar uma carona. — Não é necessário, eu pedi que o táxi viesse me buscar... — Eu faço questão! — ele insistia. Quinn teve vontade de dizer umas boas verdades na cara daquele convencido filho da... Mas não queria criar uma cena na frente de todos os familiares presentes. Assim, apenas sorriu a ele e disse: — Ok! — depois de se despedir dos demais e ouvir um sussurrado: preciso conversar com você! de Valentine, deixou a mansão. O sorriso satisfeito na cara de seu ex tinha um prazo bem curto para durar. Assim que as portas da casa foram fechadas, Quinn se voltou para Ashton: — Vamos deixar uma coisa bem clara aqui — era seca e direta — você não tem mais o direito de me tocar! E se convidar para o jantar com meus pais, foi golpe baixo! — Eu não me convidei! — se esquivava ele — o convite partiu de sua mãe! Ela fechou os olhos, suspirando: — Claro! Só podia! E uma outra coisa. Eu dispenso sua carona! — Mas como... — Pare de me cercar, Ash! — nesse momento o táxi estacionava no portão — pensei que havia entendido que acabou... — Não, não pode acabar assim! — ele buscou sua mão — não posso aceitar isso! Com um puxão, ela se libertou: — Já disse para não me tocar! E você não tem de não aceitar, é só entender! É fato e pronto! — Quinn... — seu tom era de súplica — precisa me perdoar! Já admiti que errei, droga! Voltando-se, o fitou num misto de pena e incredulidade. Então meneou lentamente a cabeça e disse: — Você não errou, meu caro. Você fez uma opção, agora conviva com ela. — E começou a se encaminhar para o carro. Ainda o ouviu gritar, exasperado: — O que vou dizer aos nossos familiares lá dentro? Sem se voltar ou parar de andar, ela deu de ombros: — Olha como estou me importando! Eram 21h30, quando enfim, conseguiu chegar à sorveteria. Temia que Zane tivesse perdido a paciência, pensando que ela não apareceria e ido embora. Mas ficou aliviada em visualizá-lo ao fundo da sorveteria. Sorriu-lhe e foi retribuída. Enquanto caminhava em sua direção, ela se deleitou em notar como ele lhe admirava as pernas. — Esperou muito? — perguntou assim que se aproximou. — Não muito. E valeu a pena... — falou baixinho, beijando suavemente sua face — que sorvete vai querer? — ele perguntou assim que ela se acomodou. — Hum... — Quinn notou que ele já degustava uma bela taça gelada — é de chocolate? — Sim. — Quero igual, por favor. — Espere aqui que vou buscar. Como sempre, ele se vestia informalmente num jeans lavado, camiseta preta e um casaco de moletom com capuz preto e tinha um boné na cabeça. A calça pendia de seus quadris e quando ele chegou ao balcão e apoiou seus cotovelos ali, o elástico de sua boxer ficou à mostra. Ela mordeu seus lábios. Sexy! Logo ele voltava. Os acentos da sorveteria eram estilo cabines dos anos 60, redondas. Em vez de se acomodar em seu lugar anterior, Zane depositou o sorvete na mesa e veio sentar-se bem perto dela, lançando o braço no encosto atrás da cabeça dela: — Acho que não disse o quanto você está linda — sussurrou em seu ouvido esfregando o nariz em seu pescoço — e esse seu cheiro não me saiu da cabeça, à tarde inteira, sabia? — Hum... — Quinn mordeu o lábio — só o meu cheiro não saiu da sua cabeça? — provocou. Achava simplesmente delicioso o jeito abafado que ele ria junto a seus cabelos: — Garota! Eu adoro esse seu jeito direto. Venha cá que vou lhe mostrar no que mais pensei à tarde toda... — e puxando-a de encontro a seu peito, reivindicou sua boca generosa, sugando-a, mordendo-a. Oh, sim, ela necessitava daquele beijo. Era como se seu cérebro entrasse em curto e descarregasse uma onda elétrica por todo seu corpo. Ele beijava com gula, exigindo, pressionando. Possessivo. Mas logo terminava com ele acariciando sua face. Precisavam ter consciência de que estavam num lugar público: — Como foi o jantar com seus pais? — interessou-se, sua mão pousando suavemente em sua perna, na altura do joelho. Quinn teve de fazer um grande esforço para pensar na resposta. Aqueles dedos grossos fazendo pequenos círculos em sua pele. Era detirar a concentração de qualquer uma. Mas enfim, torceu os lábios: — Já tive melhores... — e deslizou a língua sobre seu sorvete, provando-o pela primeira vez — não me entenda mal, eles não são ruins, mas... Bom, minha mãe é um pouco exigente! — Sei — ouviu-o balbuciar, sua mão subindo um pouco mais por sua coxa. Limpando a garganta e ainda tentando manter o raciocínio lógico, comentou que havia mais convidados, sem entrar em detalhes. Outra lambida sobre a massa gelada e sentiu-o deslizar a mão ainda mais, separando um pouco suas coxas. Oh, Deus, mais um pouco e ela não seria capaz de respirar. Um esticar de dedo e ele encontraria sua minúscula calcinha molhada. Tentando baixar sua própria temperatura, deu outra longa e lenta lambida em seu sorvete. Só que ela não sabia que Zane estava atento em cada gesto seu. Assim, ele apertou sua coxa com um pouco mais de pressão. Quinn primeiro fitou a mão grande em sua perna. Então o encarou e percebeu o que acontecia. Arqueando uma sobrancelha, terminou sua lambida, agora com mais vagar ainda. Vislumbrou a pupila dele se tornar maior, quase encobrindo o verde de seus olhos. — Você por acaso ouviu o que eu disse? — provocou-o. — Inferno, não! Eu não pude pensar em qualquer outra coisa, com você lambendo esse maldito sorvete... E antes que Quinn pudesse ter qualquer reação, Zane segurou sua nuca, buscando seus lábios ainda gelados pelo sorvete. Ok, eles estavam no meio de uma sorveteria e ele tomava sua boca com fome, numa cena quase erótica, mas ela pouco se importava. Enlaçou o pescoço dele e aproveitou o contato. Logo a língua dele reivindicava passagem e ela prontamente o permitiu, entreabrindo os lábios. Oh, como beijava bem aquele homem! Tentou equilibrar o sorvete em sua mão, mas sabia que ele logo escorreria e corria o risco de molhá-lo. Mas como interrompê-lo? Quando ele sugou sua língua, um gemido escapou do fundo de sua garganta. Quase lamentou quando ele quebrou o contato. — Melhor irmos embora, não acha? — sugeriu ainda junto a seus lábios, ofegante. — Acho... Acho uma boa ideia... — concordou rapidamente. Mas então, notou o estrago em sua mão, por conta do sorvete que derretera — mas primeiro preciso lavar minha mão. — Vá. Espere. Você veio de carro? — Não, vim de táxi... — Ótimo! Vou buscar o carro e te espero lá fora, certo? — Certo. Ao se fitar no espelho do banheiro, notou como seus olhos brilhavam. Até que não precisara usar de muita sedução com Zane. A forma com que ele a olhava, como se não pudesse se conter, a fazia se sentir uma mulher sexy. E aquilo fazia um bem enorme para o ego dela. Zane a aguardava na porta da sorveteria com o motor ligado. Quando a avistou vindo em sua direção, desceu rapidamente e deu a volta para lhe abrir a porta. Foi impossível não lhe admirar as longas e torneadas pernas. Porra, aquela saia! Fazia-o querer rezar em agradecimento por seu comprimento diminuto. Ela caminhava sinuosa, seu corpo esguio e quente, seus cabelos se esvoaçavam a cada passo... E até os seios dela pareciam seguir um compasso, num lento e delicioso sobe e desce. Oh, bom pai, ele tinha de foder aquela garota naquela noite! E como lhe agradava o jeito dela, sem qualquer frescura ou do tipo de garota que gosta de enrolar um cara, quando na verdade está tão cheia de vontade quanto ele. Sem hipocrisia. Ela o desejava e demonstrava isso. Quando o percebeu a fitá-la, deu um sorriso que fez o coração dele falhar uma batida. Era linda demais, uma tentação de mulher! — Olhe só isso! — exclamou admirando o Maverick — com certeza outra obra sua, certo? — Bom... — ele curvou os lábios num sorriso — eu entendo um pouco de mecânica, lembra? — Sim, sei... — Para onde agora, boneca? — ele perguntou lhe acariciando o queixo, quando já estava para entrar no carro. Dando de ombro e o fitando de forma languida: — Eu não moro longe. O sorriso de Zane se alargou e ele beijou seu pequeno nariz arrebitado: — É só me mostrar o caminho. 8º Não pôde deixar de notar que ele ficou surpreso por ela morar num bairro de classe média. Quando resolveu se mudar, decidiu que queria experimentar algo mais simples em sua vida. E aquele bairro residencial muito mais modesto de onde estava acostumada morar, se encaixava perfeitamente em seus planos. E algumas pessoas com certeza a chamariam de louca por levar um quase desconhecido para sua casa. Mas sentia que podia confiar nele. Ao chegarem, se atrapalhou com a fechadura, pois ele estava colado a suas costas, segurando seus quadris contra sua ereção proeminente, enquanto lhe mordia o pescoço: — Com problemas aí, docinho? — conspirava ele em seu ouvido, a provocando. — O que acha? Depois de algum tempo, conseguiu abrir a maldita porta e deu espaço para que ele entrasse: — Surpreso que minha casa não se pareça com o castelo da Barbie? — cutucou quando ele percorreu o ambiente pequeno da sala — Sim, porque... Como você disse? — fechava a porta depositando as chaves e a bolsa no aparador — Uma riquinha esnobe... Ele sorriu de lado, coçando o queixo, sem tirar os olhos dela: — Um pouco surpreso. Quinn também sorriu, mas de forma sensual, despindo o cardigã, lentamente. Zane estreitou os olhos, acompanhando seus gestos: — Mas acho que você não está aqui para admirar minha decoração, certo? — Com certeza não. — Zane avançou para ela, segurando sua nuca e cintura e a puxou com força contra seu peito. Esmagou seus lábios com os seus, num beijo guloso. O gemido de antecipação que veio do fundo da garganta dela fez os pelos de sua nuca se eriçarem. Ela se tinha nas pontas dos pés e correspondia com igual ardor a sua investida. — Você é tão linda, Quinn! — murmurou em sua boca, segurando suas ancas, esfregando-a em seu pau sofridamente duro — Sexy como o inferno! Você me deixa louco, garota! — Zane! — gemeu ela empurrando o boné dele fora de sua cabeça e segurando seu rosto entre as mãos, mordendo seu lábio inferior. — Você me quer, tanto quanto eu te desejo, não é, docinho? — Sim... — respondeu de pronto, sem qualquer hesitação — eu quero muito você, Zane Hudson. — E você me terá, Quinn Bee! — as mãos dele desceram para o bumbum macio, apertando-o uma, duas, diversas vezes. Ela até sorriu do trocadilho que ele fez com seu o nome, mas esse riso morreu rapidamente quando ele a apalpou daquela forma. Suas mãos eram tão grandes que suas nádegas cabiam quase que completamente nelas. Tinha de admitir, seu traseiro era um de seus pontos fracos. Adorava ser apertado e ele fazia isso com maestria. — Você não está usando calcinha, mulher? — se surpreendia ele enquanto a tocava. — Claro que estou. Só que ela é bem pequena — completou de forma desavergonhada. — Foda, eu preciso ver isso! E antes que pudesse imaginar, ele estava de joelhos ao seu lado erguendo sua saia. Sentiu-se exposta, mas não invadida. Na verdade, a ideia dele ali, vislumbrando aquela parte de sua anatomia. Era muito, muito excitante! Mordeu o lábio enquanto ele deslizava seus dedos por seus globos gêmeos, fazendo-a se arrepiar. — É a calcinha mais sexy que vi na minha vida! — agora mordia a pele delicada e depois a acalmava com pequenos beijos e um lento deslizar de língua que a fez ofegar — mas acho que não vamos mais precisar dela, benzinho — puxou-a abruptamente e logo em seguida, não passava de um pedaço de tecido sem qualquer outra utilidade. Oh, Quinn simplesmente adorou aquilo! Tão selvagem! — Hey! — fingiu retrucar — eu gostava daquela calcinha! — Sinto muito! — Zane redarguiu sem uma nota de remorso na voz, voltando para a boca dela. Suas mãos ainda estavam sob a saia dela e logo rumavam para seu centro que estava ansiosa por seu toque. Quinn segurou sua respiração quando ele a tomou na mão, segurando toda sua vagina. — Porra, garota! Tão molhada, tão pronta! — jánão a beijava, a fitava, observando suas reações a seu toque. Quanto a ela, estava em suspenso, temendo fazer qualquer movimento e se perder ali mesmo. Gravava suas unhas em sua jaqueta, suas pernas trêmulas como gelatinas. — Você me quer aqui, Quinn? — segurava ainda seu traseiro, mantendo-a firme no lugar, enquanto a tocava. — Sim! — murmurou — Mas eu também quero tocar você! Assim dizendo, Zane desceu o zíper do moletom. Para se despir, ele teve de tirar sua mão do meio das pernas de Quinn. Ela não lamentou, pois sabia que logo teria mais que a mão dele ali. Com movimentos atrapalhados e nervosos, Zane despiu também sua camiseta. Quinn ficou simplesmente maravilhada com a visão do peito nu dele. Era uma profusão de músculos muito bem definidos e um lindo pacote de seis em seu tanquinho. E pouco acima do cós de sua calça, um lindo V se esculpia em seus quadris. E contemplou sua tatuagem que vinha sobre seu ombro e que terminava em seu peitoral direito. Era algo fascinante! — Você é incrível, Zane! — não pôde se conter. Exclamou fascinada. Estendeu suas mãos diminutas frente àquele tórax trabalhado, louca para senti-lo. Era firme, mas que retesava sob seu toque. Quando fez menção de beijá-lo, ele segurou seus pulsos e a manteve afastada. Ela o fitou confusa: — Terá tempo para tudo isso mais tarde, gracinha, mas agora... — e, dois puxões depois, os botões de sua camisa voaram longe e ela estava com seu sutiã de renda exposto frente a um par de olhos famintos. Era tão primitivo! A deixava louca, ansiosa, excitada ao extremo. A boca dele estava de volta a sua pele, provando seu pescoço enquanto tomava um seio farto na mão, massageando-o com vontade: — Tão macia! Como o sutiã era de fecho frontal, logo era afastado para o lado se deleitando com a visão dos peitos palpitantes de Quinn. Ouviu-o grunhir alguma prece, ou mesmo um palavrão antes de se apossar de um mamilo rosado. Quinn deixou sua cabeça pender quando ele a sugou com força, uma, duas, três vezes. Logo a mão dele estava de novo no meio de suas pernas, e sem qualquer aviso, mergulhou entre suas dobras e ela ofegou com força. Agora suas unhas se gravavam nas costas largas. Mordeu seu ombro no processo, quando quase mudou sua boca para o outro seio e retirou o dedo e tornou a mergulhar, girando-o dentro de seu corpo. Era insano! Pura loucura. Ela estava alucinada. O grito de urgência que ouviu podia bem ter escapado de sua garganta. Devia deixar a mão dele ensopada, pois sabia que estava molhada como nunca antes, pronta, muito pronta para ele: — Zane! — se ouviu gemer alto — Eu preciso... — Do que você precisa, docinho? Quinn engolindo, buscando por ar, puxou o rosto dele para perto do seu, suplicando entre dentes: — Eu preciso que você me faça gozar! — nunca tinha dito tal frase em voz alta e aquilo era libertador. — Seu pedido é uma ordem, bonequinha! — foi o grunhido de volta. De repente, seus pés eram tirados do chão e era levada para o sofá. Quando o viu se ajoelhar a sua frente e erguer suas pernas para seus ombros, não teve tempo de protestar. Não que ela o fosse fazer. Quando a boca dele a tomou, Quinn não pôde evitar um grito, ao mesmo tempo de agonia e prazer. — Oh, Deus! Zane! — seus gemidos eram incessantes, torturados. Parecia tão possuído pela excitação, pela luxúria, provando-a, deslizando sua língua por toda a extensão de seu sexo. Então a mergulhava fundo. Quinn estava à beira de convulsionar. Suas costas se erguiam no ar, suas mãos cravadas na almofada sob sua cabeça. A cada movimento seu para fora do sofá era um puxão dele de encontro a sua boca. Não resistiu, ondulou suas curvas para ele. Lamentos escapando do fundo de sua garganta. — Isso, benzinho — estimulava ele, chupando seu clitóris, um dedo a invadindo — Esfregue essa bocetinha doce na minha cara! Abra-se para mim, querida. Podia morrer. Logicamente o obedeceu, serpenteando seu corpo, arfando a cada investida. Percebendo que ela estava próxima de vir, ele começou a fodê-la com sua língua, enquanto brincava com seu clitóris com o polegar. Quando os gritos dela se tornaram mais próximos e mais altos, soube que ela estava prestes a explodir e aumentou seu ritmo. Mais rápido e mais fundo. Ele não podia se conter. Queria colocá-la na borda para fazer ela cair longa e lentamente em uma espiral de prazer. Quinn experimentou a ausência quase total de sentidos, quando o orgasmo mais intenso que teve em toda sua vida a dominou. Cada simples nervo seu se contorceu e em seguida estremeceu violentamente para depois se tornar um amontoado de músculos frouxos e sem qualquer força. Enquanto ofegava muito, sentiu ele lambê-la longamente uma última vez. Seu corpo estalou e ela franziu o cenho, ainda tomada por tremores de menor intensidade. Zane começou a se levantar devagar, passando uma mão sobre a face. O contemplou por seus olhos entreabertos. O sorriso dele era satisfeito, pervertido, como se insinuando que ainda não havia acabado com ela. Oh, esperava mesmo que não! Então ele sentou-se no sofá e a puxou esparramada sobre seu colo. Por sorte era forte o suficiente para aguentá-la, pois ela era um pequeno pedaço de carne moldável e desmembrado. Enquanto a beijava uma vez mais, fazendo sentir seu próprio gosto, terminou de libertá-la do resto de suas blusas e sutiã. E então, moldava os seios em sua mão e beliscava os mamilos delicados. Quando ela tocou seu pênis, ele trancou os dentes. Esperava conseguir ter autocontrole o suficiente para não passar vergonha. Queria tanto estar dentro dela que doía. Quinn se surpreendeu com o que tocou. Zane parecia ter um eixo bem grosso e longo. Rápida e desajeitada, desafivelou o cinto dele e logo avançava para seu zíper. Então descia sua boxer... No momento em que seus olhos pousaram no pau dele, lindamente duro e apontando em sua direção. Sua boca encheu de água e sua vagina se contraiu, com urgência. Mas um pequeno detalhe lhe chamou a atenção: — Wow! O que é isso? — ela se espantou ao ver algo brilhando perto da ponta do eixo bem generoso dele. Na semiescuridão, pode ver-lhe o meio sorriso debochado: — Isso, bebê, é um pênis, o órgão sexual masculino. — Falava de forma didática, tentando impor um tom sério em sua frase. Mas ela não prestava atenção nisso. Como, se ele tomava seu belo equipamento em uma mão, fazendo um delicioso movimento de subir e descer? Ela teve de morder o lábio, para não substituir a mão dele pela sua. — E está fazendo festa para você… — concluía ele. — Eu sei bem o que é isso, seu bobo! — ela riu, um pouco nervosa. Nunca tinha estado com um homem tão sexy, tão seguro de si. E adorava o humor dele. Era quente. — Me refiro a isso — apontou, sem tocá-lo — nele. — Oh, fala disso! — ele tocou na pequena peça brilhante, que parecia ser feito de metal — se chama apadravya. — Apadravya — ela experimentou o nome — ok, me chame de leiga, mas eu nunca ouvi falar sobre isso! — É uma espécie de piercings. — Piercings? Aí? Eu já vi essas coisas em sobrancelhas, nariz, boca e mamilo. Mas no… Hã… Nele nunca. Dói? — Nop! Mas eu tenho de confessar que quando eu o coloquei… — ele coçou o queixo de barba por fazer — eu posso ter chorado como uma garotinha! — Isso eu posso imaginar. — É o nosso segredinho, ok? — piscou-lhe. — Ok. E… Isso não vai me machucar, quando estiver dentro de mim? — a perspectiva dele estar dentro dela num futuro muito, muito breve, a deixava arrepiada. — Não, docinho, com certeza não! — enfatizou-o com certeza. — Nenhuma outra garota reclamou antes? — Não, muito pelo contrário. Todas adoraram! De repente, pensar que ele estivera com outras mulheres a incomodou… O quê? Delete tal pensamento, Quinn! — Mas, se ele não é um adorno, visto que está escondido... Tem alguma função? — Sim. Dar prazer. — Foi direto, observando sua reação.Talvez percebendo sua quietude, ele lhe sugeriu: — Mas se estiver receosa, posso retirar… — ele parou com aquela perturbadora massagem em si mesmo e ela quase lamuriou. Era um lindo show de se ver. — Não, eu acho que quero provar… — Quinn se interrompeu, quando ele levantou uma sobrancelha, sugestivamente — experimentar… — enfim, ela escondeu o rosto entre as mãos, sem jeito — Oh, Deus, você entendeu! Ele jogou a cabeça para trás, numa gostosa e sexy gargalhada. Ela teve de olhar para aquilo. Zane Hudson rindo tinha o poder de fazer seu sexo pulsar e se apertar. — Eu posso tocar? — Será um prazer e quando digo prazer, é prazer mesmo! — Ok — Ela novamente se viu mordendo o lábio e estendendo a mão, vagarosamente rumo ao pau dele. Estava escuro, ela mal podia ver, mas sabia, mesmo na penumbra, que ele era grande. Mas quando o envolveu com sua mão, soube que era grande, macio ao mesmo tempo que duro, muito duro. No momento de seu contato, Zane arfou novamente jogando a cabeça para trás. As coxas fortes nas quais estava sentada estremeceram sob seu corpo. — Porra, mulher! Se eu não estivesse controlado, eu poderia gozar nessa sua mão, como um maldito adolescente! Sorriu tenuemente. Era delicioso a forma como ele reagia a ela. Fazia-a se sentir sexy, poderosa, como nunca antes. Incentivada pelo leve tremor que ainda sentia nas pernas dele, na respiração pesada que lhe escapava do peito, Quinn acrescentou uma outra mão. Tocou-lhe a coroa grossa de seu pênis, sentindo a umidade de seu pré-sêmen. Em outras ocasiões, sentia nojo de entrar em contato com esse líquido… Mas nele, em Zane Hudson, a deixou louca, sua boca salivando, desejando prová-lo. Quem sabe numa outra oportunidade? Não, Quinn! Não haveria outra oportunidade. Aquilo seria uma transa de uma noite só. Eram completamente diferentes e não havia chance de mais que isso entre eles! Aproveitando sua umidade, a espalhou sobre a ponta e deslizou um pouco mais, até tocar o apadravya dele. Ele voltou a se contorcer, soltando uma maldição baixinha, grave. E de repente, as mãos dele estavam acolhendo sua cabeça, trazendo seus lábios bem próximos aos dele, onde ofegava: — Quer me fazer desmanchar nas suas mãos, mulher? — sussurrou, seus dentes cerrados. — Isso é bom? — Você não faz ideia! Quinn arqueou seu corpo rumo ao dele, agora imitando o movimento de subir e descer dele, sobre seu eixo, enquanto com a outra mão, circulava seu piercing e a glande dele. — E isso? — perguntou, lambendo seus lábios, de forma bem provocante. Ele grunhiu com selvageria, tomando seus lábios num beijo que fez sua boca doer. Mas quem se importava? Sabia que seu rosto de pele sensível ficaria vermelho, por conta da fricção da barba dele, mas... Oh, era tão bom! A língua dele era mesmo algo excepcional! A lambia, se enroscava na dela, instigando, buscando a sua para sugar com volúpia. Então ele interrompia o beijo bruscamente, acrescentando sua mão a dela em seu pau, fazendo-a apertar com mais força, impondo um ritmo mais acelerado, enquanto confessava ainda junto a sua boca: — Eu preciso dele enterrado — fez uma pausa, mordendo seu lábio e o soltando rapidamente — bem fundo em você! — Eu não vou protestar contra isso! — gemeu em resposta. Alcançando a carteira no bolso traseiro, buscou por um preservativo e logo o vestia: — Venha cá, benzinho — Com as mãos em seus quadris, a fez pairar sobre ele. Mas antes, levou alguns dedos à boca, deslizando-os em sua língua e depois veio esfregar na vagina dela, e isso sem deixar de fitá-la. Quinn arfou ao contato dele. Ainda estava muito sensível de seu orgasmo. Apoiou sobre os ombros dele, quando a direcionou rumo a seu lindo pau: — Oh, porra! — murmurava entre dentes, quando a ponta grossa encontrou resistência para entrar — Você é tão apertada… — Ou você que é muito grosso? — Uma ótima combinação, não acha? — ria, mas seu nervosismo era evidente. — Acho que não posso com tudo… — se agoniou ela. — Pode sim. Mas vamos começar lentamente, para que se acostume comigo. Logo galopará feito uma amazona! Quinn sentia sua pele reclamar contra a tentativa de invasão. Poucos centímetros haviam entrado e mesmo com a camisinha, pode sentir o frio do apadravya dele contra sua abertura quente. Era bom. Diferente, mas muito bom. Zane a segurava no ar, não deixando que seu pênis avançasse mais do que ela podia aguentar: — Tudo bem? — inquiria com tom contido, até um pouco preocupado. — Está tudo ótimo! — beijou-o para tranquilizá-lo. Não sentia exatamente dor. Era apenas um pequeno incômodo. — Mais? — oferecia ele. — Sim, mais! E mais alguns centímetros estavam dentro dela. Uma sensação poderosa a dominou. Seu corpo parecia feito para recebê-lo. — Mais? — voltava a dizer ele. — Sim, eu quero tudo, Zane Hudson! Quero você todo dentro de mim! — Você é uma mocinha bem gulosa, não? — provocava, deixando-a descer todo o caminho, vagarosamente. A boca dela se abriu em um “o” perfeito. Sentia-a se remexer para melhor acomodá-lo. Se soubesse que seus movimentos o estavam matando! Sua vontade era de investir contra ela com fúria! Porém, nunca faria isso. A última coisa que desejava era machucá-la. Queria fazê-la se dobrar de prazer. Mas o modo como ela mordia seu lábio, sua expressão concentrada em senti-lo, era de fazer qualquer ser mortal perder a cabeça. — Agora você me tem todo dentro dessa sua bocetinha gostosa, bonequinha! — grunhiu segurando as nádegas macias e espalhadas em suas coxas. — Tenho? — Quinn o abraçou, seus seios esmagados contra o peito dele. — Sim... Agora vamos à parte mais difícil. — E qual é ela? — Mover-se. — Assim? — e ela rebolou sobre ele. Zane cravou suas mãos em sua cintura fina e prendeu a respiração: — Exatamente assim! — seus dentes estavam cerrados, o maxilar tenso. Sim, o controle dele o estava traindo. — Mais? — imitou-o, erguendo uma sobrancelha. — Sim! — ria ele, sem conseguir relaxar — eu quero tudo! Quinn correu um dedo pelo queixo dele: — Você é um menino guloso... — Sim! Estou faminto por você! Segurando-a pelos quadris, ergueu-a até quase tirá-la de seu pau. Quinn cravou as unhas em seus ombros e mordeu o lábio quando a baixava de novo por todo seu comprimento: — Oh, Deus! Isso é muito bom! E Zane repetia o gesto, e de novo, e de novo... E Quinn arfava e se contorcia a cada estocada. Jogava sua cabeça para trás e gemia. Logo o ritmo era acelerado um pouco mais. Quando ela veio encostar a testa na dele, lambendo seus lábios de forma devassa, deu um puxão mais forte nela contra ele. — Sim! — ela murmurou em reposta. E logo Zane estocava com força e Quinn gritava de prazer. Que visão! Aquela mulher deliciosa cavalgando sobre ele! Sabia que não duraria muito, mas queria apreciar cada segundo. Ainda vestia a saia. Agora que era ela quem ditava o ritmo, apoiando-se em seus ombros, ergueu o tecido, amontoando-o em sua cintura fina, para ter uma visão de seu eixo sumindo dentro dela. Era tão estreita que parecia sugar seu pau, massageando-o no processo. Porra era muito bom! — Eu não disse, bonequinha? Uma verdadeira amazonas! — Oh, Zane! — lamuriava contra sua boca. Estava suada, trêmula. — Sim, Quinn Bee! Deixe-me te levar, querida — assim ele voltava a assumir o controle, rolando com ela sobre o sofá, as pernas dela se enrodilhando em seus quadris, para recebê-lo fundo. Zane esqueceu qualquer controle. A fodia com força, medindo o prazer dela por seus gemidos e gritos de êxtase. — Foda, garota! Você é gostosa demais! Sentiu-a enrijecer sob seu corpo grande e gritar mais uma vez seu nome. Com um grunhido selvagem, ele acelerou ainda mais suas estocadas quando Quinn começou a convulsionar, apertando-o ainda mais entre suas pernas. Zane urrou sua libertação no momento em que ela esticava seu pescoço para trás, seuslábios entreabertos, sua respiração suspensa. Sim, ela estava em meio a um lindo orgasmo. Ele pensou que nunca tinha gozado tanto em sua vida. Sentia os jatos quentes esvaindo ao longo de seu pau ainda tenso, seu coração batendo tão descompassado que achava que fosse explodir em seu peito. Esgotado, deixou-se cair sobre ela, sua cabeça repousando entre seus seios. Quinn parecia um ser desmembrado e tão ofegante quanto ele. Resmungou um gemido quando se retirou dela: — Tudo bem, docinho? — perguntava com uma nota de preocupação na voz. Teria perdido o controle? E se a tivesse machucado? Mas o longo e dengoso suspiro, acompanhado de um serpentear de corpo e um sorriso lânguido na boca o fizeram perceber que estava bem e satisfeita. — Acho que nunca estive melhor, Zane Hudson! 9º Zane riu aliviado e mordeu suavemente a lateral de seu seio saindo do meio de suas pernas. Ela fez uma careta, não sabia se de dor por sua partida: — Onde fica o seu banheiro, moça? — perguntou de forma preguiçosa. Apontou a direção, com gestos econômicos. Quando ele se levantou e seguiu para o rumo indicado, Quinn aproveitou para admirar seu traseiro bem-feito e suas costas largas. Foi então que notou outra tatuagem no quadril esquerdo. Com a pouca iluminação, não pôde ver detalhes, mas parecia ser idêntica a que já tinha. Que corpo tinha aquele homem! E fodia divinamente! Não se recordava de ter tido dois orgasmos tão intensos e deliciosos como os que lhe dera. Esticando os músculos ainda frouxos, levantou-se e caminhou para seu quarto. Desceu o zíper da saia e a deixou cair no chão, ao lado da cama. E então era seu corpo que desmoronava de bruços sobre o colchão. Enrolou-se no lençol e experimentava uma semiconsciência quando o sentiu parar à porta. Com seu corpo tão relaxado, não conseguiu fazer um único movimento. Quando ele se juntou a ela na cama, não sabia de devia abraçá-lo. Era uma situação nova a que vivia ali. Sim, tinha estado com outros homens depois do término com Ashton, poucos, mais tinha. Só que nunca os levara para sua casa. E nunca transara com eles no primeiro encontro. E naquele exato momento, não se tratava exatamente de um interlúdio romântico. Era apenas sexo entre um homem e uma mulher. Mas teve de admitir que adorou quando ele se enfiou sob seu o lençol e a puxou para seus braços, exalando satisfeito. Quinn sorriu e se aconchegou em seu peito amplo. O cheiro dele era viciante. Pele, sexo e macho. — Eu gostei da decoração — Ele soou divertido. Quinn olhou na direção em que apontava. A um canto da parede, junto à porta de seu armário, havia várias tábuas e sapatos espalhados. Ela riu e escondeu a cabeça sobre o lençol por um instante. — Me dê um desconto! Estou aprendendo a ser dona de casa, ok? — E aquilo. — Apontava. — Era para ser o meu armário de calçados, ok? Contratei o marceneiro, comprei todo o material que me foi exigido e cadê que ele apareceu? Zane riu e ela pensou que era o som mais agradável que ouvira: — Sei bem como são esses caras! Mas então, está aprendendo a cuidar de uma casa? — pareceu confuso. — Sim. Deixei a casa de meus pais há seis meses — brincava sobre o peito dele com um dedo, contornando o trecho de sua tatuagem que ficava em seu tórax — lá havia, ou melhor, ainda há uma empregada para cada coisa! E sozinha, estou tendo de descobrir como... Lavar minhas roupas, limpar uma casa... E comer! Meu Deus, essa é a pior parte! — ria — acabei por descobrir que não tenho nenhum talento ao pilotar um fogão! A mão dele deslizava para cima e para baixo em suas costas. Era delicioso! — Bom, cozinhar não é realmente para qualquer um... — Você cozinha? — perguntou, apoiando a cabeça nas mãos e sobre o peito dele para encará-lo. — Moro sozinho há muitos anos. Tive de aprender na marra — O dedo dele veio acariciar seu rosto, suavemente. — Oh, puxa! Eu invejo isso! Quem me salva às vezes é Emma, cozinheira da minha mãe. Ela prepara alguns pratos que posso congelar. Senão, tenho de recorrer a pizzas, comida japonesa... Enfim, se continuar nesse ritmo, vou engordar! Fato! Zane sorriu de lado: — Por hora, eu não vejo nada fora do lugar. Muito pelo contrário — relanceou um olhar para os seios fartos que estavam apertados contra seus músculos peitorais — Aprecio muito a vista. Quinn jogou a cabeça para trás, rindo também: — Diz isso agora! Espere para me ver daqui a seis meses! — ela se arrependeu da frase, mas disfarçou. Planos para dali a meses? Esqueça, mulher! Ela mordeu o lado inferior de sua bochecha, seu dedo agora contornando o maxilar firme e quadrado dele. E então, desenhou seus lábios finos. Ele era muito bonito. Um tipo de beleza rústica, um macho ao natural: — Na garagem, naquela noite... — começou pensativa — você disse que eu também o estava observando. O que exatamente você me viu observar? O sorriso dele se alargou como se recordasse a cena. Inflando seu peito, começou: — Bom, notei você assim que entrou naquele bar. A coisinha mais fresca que eu já tinha visto por aqueles lados... — Fresca? — Quinn se empertigou. Após uma curta gargalhada, tentou se explicar: — Fresca do tipo... Tanto as mulheres como homens vestiam jeans e couro naquele lugar. Aí você chegou... Toda cheia de estilo. Bem vestida, entende? Bom, você me pareceu bem agradável aos olhos. — Hum — ela relaxou, voltando-se a se ajeitar confortavelmente junto ao corpo rijo, mas, ao mesmo tempo, acolhedor — assim está melhor! — Tenho certeza de que sabe que chamou a atenção de todos no lugar, não? — Fiquei desconfiada. Não é o tipo de lugar que realmente costumo frequentar. — Deixou até aquele pirralho do garçom meio desorientado! — Oh, ele era um fofo! Deu-me até o número dele num guardanapo! Zane bufou: — Pirralho! Pirralho com fé! Quinn riu com gosto. — Então — ele prosseguia — essa coisinha linda entra naquele bar — dizia correndo um dedo pelo braço dele. Quinn franziu o nariz, divertida — claro que eu conferi o belo material. Mas sem qualquer expectativa de que você me notasse. “Mal sabia ele!” Pensava ela. — Mas qual não foi minha surpresa, ao flagrar esses lindos olhos de chocolate quente sobre mim! — ergueu um dedo, fazendo um pouco de suspense — mais especificamente em uma certa parte da minha anatomia... Quinn deixou uma exclamação escapar de sua boca e seu queixo caiu. — Como se me medindo mentalmente... — Não! — gritou, ela, escondendo a cabeça sob o lençol de novo e dessa vez ficando lá — Você não viu isso! Zane gargalhava com gosto: — Oh, sim. Eu vi isso! — Não, não viu! — rebatia muito envergonhada. — Depois desse flagra, eu tive de correr, me esconder, pois senão, teria uma noção muito boa do tamanho do meu eixo! Você me deixou bem duro com esses olhares cobiçosos sobre mim! Quinn deixou apenas os olhos de fora, perscrutando-o de forma desconfiada. Então descobriu-se e fez beicinho. Que ele achou altamente beijável. — Não pense que sou do tipo que sai por aí... Examinando as partes baixas dos homens! — se defendeu, fingindo ultraje — é só que você me chamou a atenção com todo esse seu tamanho... Porte, eu quero dizer! — corrigiu-se rapidamente, fazendo-o rir de novo. E acrescentou em tom de confidência, quase que para si mesma — e porque já fazia um algum tempo que eu não tinha um sexo de qualidade! — Hum! — Zane franziu o cenho divertido — e tivemos um “sexo de qualidade” hoje? Quinn gargalhou. Mas pensou por um segundo, que ele podia não ter ouvido sua declaração final. Sim, podia afirmar que fora a melhor transa de sua vida! — Nem vem que eu não vou encher a sua bola! De jeito nenhum! Com um movimento rápido de corpo, Zane estava em cima dela, pressionando-a contra o colchão com seu peso: — Eu sempre posso usar de persuasão — ameaçou de forma sexy. Quinn lhe enviou um olhar falsamente inocente, enquantosuas pernas enlaçavam os quadris dele: — E quem poderá te impedir? Logo podia sentir o pau dele simplesmente criar vida junto a suas coxas e logo se flexionava em suas carnes macias. Zane mergulhou sua cabeça em seu pescoço, beijando e mordiscando enquanto fazia um delicioso movimento de subir e descer com o quadril. Agora todo o eixo dele se esfregava em sua vagina, que ainda estava bem sensível pela última vez. Mas era algo tão bom que ela correu as unhas pelas costas dele, languidamente, sua cabeça indo para trás. — Hum — gemeu longamente. Sentiu Zane sorrindo, subindo por sua mandíbula até encontrar sua boca. Mordeu seu lábio, com um pouquinho mais de força. Não a ponto de causar dor, mas de deixá-lo sensível. Então, sem deixar de lhe fitar os olhos, lambeu lentamente o lábio delicado e a forçou até que entreabrisse a boca. Então mergulhava a ponta da língua devagar e em seu recanto úmido, para em seguida retirá-la, provocando-a. Quinn estreitou seus olhos, desafiando-o: — Ainda não me sinto impelida a dizer nada! — Mas eu ainda nem comecei! — assim dizendo, beijou-a vorazmente, deixando-a sem ar. Quinn gemeu junto a sua boca, entregando-se. Ele sabia beijar! Dominava numa dança sensual, provando, deixando-se provar e depois assumindo de novo o controle. Quando ela pensou que podia se viciar naquele beijo, Zane deslizou para explorar seu pescoço esguio, não se detendo muito tempo ali. Logo enchia seu colo de pequenos beijos e então estava admirando seus seios palpitantes. — Olhe para essas meninas! — sussurrava, uma mão correndo entre seus vales, fazendo a pele dela se arrepiar e ansiar por mais e mais — tão lindos! Quinn sorriu e mordeu o lábio, enquanto o sentia beliscar um mamilo. Mas o riso sumiu abruptamente quando o sentiu abocanhar o outro. Ele o chupou e o soltou e tornou a sugar para sua boca e depois correu a língua em volta do biquinho intumescido, sempre a fitando nos olhos. Era erótico. Ela se contorceu debaixo dele e gemeu de forma manhosa. Umedecendo os dedos em sua boca, os levou ao clitóris dela, fazendo-a arfar e prender a respiração. Zane se deleitou em vê-la erguer seu belo corpo da cama, enquanto fazia movimentos circulares em seu pequeno botão delicado. — Oh, Zane! — ela balbuciava. — Disposta a falar agora, docinho? — Zane provocou com voz suave e rouca. Quinn voltou a morder o lábio, um sorriso na boca: — Falar? Eu estou me esforçando para me manter lúcida, homem! Ele deu uma daquelas risadas abafadas junto a seu seio, antes de o lamber longa e lentamente: — Você está me deixando mais curioso e isso só me fará mais determinado, querida... — Ok... Eu digo algo... — se curvou até estar cara a cara com ele — você é melhor que o Hulk... Zane deteve seus movimentos, fitando muito confuso: — Hulk? Ela riu alto e o instigou a prosseguir: — Não pare e eu falo! E ele voltava a atormentá-la com seus deliciosos dedos e boca: — Sou todo ouvidos, benzinho. — Murmurou com um mamilo túrgido entre seus lábios. — Hulk é meu vibrador! — confessou, sem olhá-lo. Encantou-se com a risada dele junto ao seu peito: — E a coisa só melhora! — E em seguida, Zane pergunta com a sua mão passeando por suas carnes macias — Está dolorida, bonequinha? Quinn remexeu seu quadril em direção ao seu toque: — Um pouquinho... — soerguendo o corpo, o suficiente para provar os lábios deles, sussurrou ao que uma boa lubrificação não resolva. Zane devorou sua boca com gula, os dedos emaranhados em seus cabelos bagunçados: — Vejamos o que podemos fazer a respeito. E antes que Quinn pudesse raciocinar, ele descia sobre seu corpo e suas pernas estavam de novo sobre os ombros dele. Ficou em suspenso, aguardando o toque, mas ele não veio imediatamente. Sentiu primeiro o toque suave de sua mão, seus dedos separando suas dobras. Então a voz dele, baixa e parecendo encantada soou: — Você tem uma linda bocetinha, Quinn Bee. Ninguém, nunca havia elogiado sua... Bom, aquela parte de sua anatomia. Nesse momento, agradeceu intimamente a Gwen que a convencera de fazer uma depilação estilo brasileira, chamada biquíni. Logo sentia a boca dele tomar seu clitóris, sugando-a levemente e o soltando em seguida, como se estivesse conferindo o resultado do que fizera: — Sim, linda e gostosa, muito gostosa, bonequinha — assim sussurrando, deixou uma mão pousar sobre seu ventre chato e a outra a puxava pela coxa, tomando-a de vez em sua boca. Quinn se esqueceu de como se mandava ar para seus pulmões. Era muito bom! A cada açoite da língua dele era uma dimensão que ela ultrapassava. Ficou imóvel, somente absorvendo as sensações alucinantes. A certo momento, apoiou-se sobre seus cotovelos para vislumbrar o trabalho dele. Era a coisa mais erótica que já vira. Aquele homem extremamente sexy, fitando-a enquanto a fodia magicamente com sua boca. Ela não conseguiu encontrar uma única palavra para dizer a ele. Nem precisava. Os olhos dele brilhavam com luxúria pura, investindo mais e mais, atento as reações dela, apertando-a, deixando as marcas de suas mãos cravadas em suas coxas. Quinn só fazia gemer e se surpreender quando seu corpo se convulsionava, e como um ímã, era atraído cada vez mais para ele. Então ela gemia alto, chamando pelo nome dele e desabava sobre o colchão, esgotado, trêmulo. Sentiu-o lambê-la uma vez mais e então se afastar. Mas tão rápido quanto ele se fora, estava de volta, já vestindo uma camisinha em seu membro lindamente duro: — Acho que já está o suficiente molhada para mim, não, bonequinha? Quinn mordeu a ponta da língua e o chamou com as mãos: — É o que vamos descobrir agora, não? — Com certeza! — assentiu beijando-a ao mesmo tempo em que se ajeitava entre suas pernas novamente. Quando sentiu a ponta do pau dele, num conjunto com seu apadravya, Quinn interrompeu o beijo por um instante: — Devagar no começo, certo? — sugeriu com um pouco de receio. Ele era grande, tinham de ir com calma no começo. — Claro, docinho! Terei todo o cuidado do mundo — prometeu, já a penetrando, bem suavemente — Minha última vontade é fazer você sentir dor — ergueu uma de suas pernas, forçando um pouco mais sua passagem, relaxando-a com suas palavras ditas em sussurros junto a seus lábios — Até que eu esteja, como agora — um último movimento de quadril — Enterrado em você, coisa gostosa! — Sim — Quinn sorria, suas mãos descendo pelas costas dele e detendo-se em seu bumbum firme, cravando suas unhas ali — E eu gosto disso. — Porra, garota, você é tão sexy que me deixa louco! — ele admitia, mordendo seu pescoço, começando a se mover com cautela, seu maxilar contraído e centrado em se conter. Mas ela se serpenteou sob seu corpo grande, pedindo mais dele. E Zane foi aumentando suas estocadas até estar num ritmo alucinado dentro dela. Quinn agarrava-se em seus ombros, recebendo-o, gemendo seu nome, mordendo seu queixo. Logo a respiração dela se tornava irregular, suas curvas se arqueando de forma desconexa, seus lábios entreabertos. E Zane tinha de olhar para tudo aquilo, pois era lindo demais. Quando ela atingiu seu orgasmo, cravou os dentes em seu ombro, o suficiente para deixá-lo marcado. E ele simplesmente perdeu a cabeça com isso. Sentando-se, sem se desconectar dela, segurou suas duas pernas, coladas a seu peito e investiu com força, grunhindo como um selvagem descontrolado. Quando gozou, sentiu como se seu cérebro entrasse em curto. Manteve-a bem apertada junto dele, seu pau bem fundo nela, até que sentiu o último jorro de sêmen abandonar seu corpo. Completamente esgotado, deixou-se cair de lado, retirando o preservativo, amarrando sua ponta e jogando-o num cestinho de lixo providencial ao lado do criado-mudo. Ele não se encontrava em condições de fazer uma caminhada até o banheiro dessa vez. Acolheu Quinn que se aninhava em seu peito, suspirandolevemente: — Só uma questão — ela começava. Sua voz era muito suave e sonolenta — Como pude viver tanto tempo sem um apadravya em minha vida? Zane reuniu um resquício de força para rir, apertá-la na curva de seu braço e beijar o topo de sua cabeça: — Isso é um mistério! — balbuciou quase dominado pelo sono. Sabia que não devia adormecer ali. Mas ao que parecia, Quinn já desabara. Ele iria somente tirar um cochilo. O dia ainda não havia amanhecido por completo. Quinn pôde notar isso pelas cortinas entreabertas. Estava cansada, mas extremamente relaxada e por que não dizer, feliz? Sorrindo, o primeiro pensamento que lhe veio à mente foi: Agora sim eu sou uma mulher que foi bem fodida! Mordeu o lábio para segurar o riso e voltou-se lentamente para se aninhar novamente ao peito de Zane... Mas encontrou o lugar ao seu lado vazio. Franzindo o cenho, apoiou-se em seus cotovelos e apurou os ouvidos para tentar ouvir algum som. Nada. Nem mesmo o chuveiro parecia ligado: — Zane? — chamou e aguardou. Não houve resposta. Livrando-se do lençol, deixou a cama e rumou para a sala à procura dele: — Zane? — tornou a chamar. Definitivamente ele não estava ali. Ela mordia a unha do polegar, pensativa. Ele havia ido embora sem se despedir? Mas por quê? Ela bufou e foi para o banheiro. Bom, o que esperava? Que ele ficasse para dividir o café da manhã com ela? O pensamento incômodo de que gostaria daquilo se apossou dela. Meneou a cabeça frente ao enorme espelho. Agora você é uma mulher moderna! Teve uma noite de sexo quente com um quase desconhecido. E que noite! Somando todas as outras que passara com seu ex, nem de perto se assemelhavam ao que tinha desfrutado nos braços de Zane Hudson. Fechou os olhos recordando dos detalhes. Seu corpo dava sinais de que gostaria de mais. As únicas evidências de que ele estivera ali, além do cheiro dele em seu corpo, eram os três preservativos dispensados no cesto do banheiro. E havia o outro no cestinho do quarto. Examinando-se melhor no espelho, notou alguns hematomas em seu pescoço e uma mancha arroxeada em um de seus seios. Não conseguiu evitar um sorriso, apesar de sua aparência deplorável. — Bem fodida — Gemeu, não por dor, mas por frustração. Adoraria que ele tivesse ficado. No mesmo instante, se achou infantil. Não tinha sentido ele ficar e sabia bem disso. Mas se Zane gostara tanto da noite que tiveram juntos, quanto ela, possivelmente a procuraria de novo. Ergueu um ombro, roçando seu queixo nele. E com certeza ela aceitaria um convite para uma segunda rodada. 10º — Hey, Hudson? O que há, homem? É a terceira vez que erra a nota da música! E olha que essa é uma das suas músicas preferidas! Zane levantou os olhos e fitou Carter, o vocalista da banda onde tocava guitarra. Por um instante, não entendeu o que ele falava. Enfim suspirou, correu as mãos pela nuca: — Desculpe, cara! Minha cabeça está um pouco longe hoje... — Sei! — provocava Stevie, o baixista — isso aí só tem um nome: mulher! — Não enche! — grunhiu entredentes, deixando seu mau humor transparecer. O outro riu indo buscar uma garrafa de água na geladeira. Fazia parte dessa banda, Os Infernais, onde tocavam por diversão, sem grandes aspirações. Ensaiavam na garagem da casa de Carter aos sábados. Adorava aquelas horas e as que faziam shows, em festas de amigos e pequenas casas noturnas na cidade e redondezas. Mas naquele dia não estava com cabeça. Não conseguia se concentrar. — Eu sei de uma coisinha que te fará se sentir melhor — insinuava Matt, o baterista. Sabia do que ele estava falando. A maioria dos caras da banda eram chegados em remédios e outras drogas ilícitas. Zane estava fora dessa onda. Já há alguns anos. Entendendo o silêncio do amigo, Carter ralhou com o outro: — Você sabe que ele não curte mais essas paradas, Matt! Deixe o cara em paz! Bom, vamos fazer uma pausa, ok? Meia hora? — sugeria. Zane bateu em seu ombro em agradecimento e rumou para o banheiro. Lá chegando, jogou água no rosto e se fitou no espelho. Já faziam três dias desde que ficara com Quinn. E simplesmente não conseguia tirá-la da cabeça! Tinha esperança de que depois de passar a noite com ela, faria com que toda aquela atração ao menos diminuísse. Ledo engano! Só fizera aumentar. E percebeu isso, horas depois de foder com gosto aquele corpinho receptivo e quente. Acordou no meio da noite e lá estava ela, nua em pelo, deitada ao seu lado. Era tão linda, mesmo dormindo. Quatro transas e ele se via de novo duro, ansioso por estar de novo dentro dela, provar de seu sexo delicioso, doce... Um gosto que ainda sentia em sua boca. Ele não era assim. Uma, duas transas com a mesma mulher na noite já lhe eram o suficiente. Mas com Quinn... Parecia que ele nunca conseguiria o suficiente. E isso o deixara assustado. Não queria de novo esse tipo de dependência de uma mulher. Por isso partira sem se despedir, sem deixar qualquer recado. E estava decido a não procurá-la mais. A sensação de ter sido um canalha com Quinn o atormentava. Correu a mão pela cabeça raspada, pela milésima vez naquele dia. Estava realmente inquieto. Eles não haviam acordado um segundo encontro. Era para ser uma noite, de sexo quente, selvagem e descompromissado. E assim fora. Mas infelizmente deixara um gosto de quero mais na boca e por todo o corpo de Zane. Mas mulheres como Quinn Armentrouth não eram o tipo que desejaria uma segunda noite com homens como ele! Sim, sabia que ela havia gostado e muito das horas que desfrutaram juntos, porque ela fazia questão de demonstrar isso, seja em sua entrega total ou seus gemidos de prazer, mas isso não significava que o queria em sua vida. E ele também não devia desejar algo mais com a garota. De certa forma, a tinha usado como válvula de escape para tirar Camille de sua cabeça, após o fatídico reencontro. No entanto, sequer se lembrara da existência da outra nos momentos em estivera nos braços de Quinn. Que mulher! Sexy como um inferno, quase o levara à loucura! É fácil de conversar! Apesar de sua posição social, era sem frescuras, bem- humorada. Oh, sim, ele adoraria uma segunda rodada. E se policiava a cada segundo para não discar o número dela, roubado dos arquivos de Jake. Tantas outras estivera a ponto de deletar, mas a coragem sumia no segundo seguinte. “Você é uma piada, Zane Hudson! Ficar de quatro por uma mulher que não deve! É um sadomasoquista mesmo!” — ele pensava. — E Zane Hot? Já te ligou? — Gwen perguntou, quando deram uma pausa na malhação. Quinn suspirou e torceu a tampa de sua garrafinha de água: — Inferno! Não! — ela olhou adiante, para nenhum ponto específico da academia lotada na manhã de sábado. — Não sei do que está reclamando! — Júlia vinha, segurando as pontas de sua toalha envolta do pescoço — não era você quem fantasiava com uma noite com um desconhecido? Sexo quente, sem amarras ou compromissos? — Verdade! — Gwen concordou, alongando as costas — conseguiu o que queria, não? Quinn mordeu o lábio, pensativa: — Sim... Mas acho que acabo de perceber que não sou esse tipo de garota! — meneou a cabeça, tomando um gole de água — ou talvez a noite com Zane tenha sido tão... — ela se interrompeu, revirando os olhos — oh, Deus, eu nem sei como classificar! Mas o que sei é que nunca me senti tão mulher como quando estava com ele! Aquelas mãos, aquele corpo rijo e macio ao mesmo tempo! E claro, aquela boca que ele sabe como usar! — insinuou, com um sorriso malicioso, dando de ombro para a loira. — Ok, ostente, morena! Um dia Júlia e eu teremos nosso Zandelicius para esfregar na sua cara! — Mas isso está demorando, não, amiga? — retrucou a outra, torcendo o nariz. Gwen bufou: — Sim, um pouco... — Mas você sabe onde ele trabalha — constatava — Daí para conseguir o telefone dele é um passo. — Isso é bem verdade. Por que não ligapara ele? — E parecer desesperada? — Quinn quase gritou, dando-se conta a tempo do lugar onde estavam e se controlando a tempo. — Mas você está desesperada! — Júlia foi lógica e sarcástica. — Só que ele não precisa saber disso! — gesticulava — Essa é toda a verdade: estou frustrada porque eu queria mais e ele foi embora quando teve o suficiente. O fato de não ter entrado em contato deixa isso bem claro! — foi a vez dela bufar e voltar a revirar os olhos — Eu decididamente não sou mesmo mulher de uma noite só! Não sou tão moderna assim. E para Zane Hudson foi fácil ir embora, sem olhar para trás! E talvez isso seja normal para ele, para todos os homens! Desde que me entendo por mulher, eu estive presa com o idiota do Ashton! Então não sei bem como é não estar num relacionamento! Se for normal para os caras darem uma e depois saírem de fininho, como se nada tivesse... Valor. E eu pensei que Zane seria diferente, sabem? Nós não só... Fodemos a noite toda! — acrescentou baixo para as amigas — Nós conversamos, entendem? Achei realmente que ele não seria esse tipo de cara! — E está brava com ele por isso, certo? — Gwen resumia. Voltou e suspirou, sentando-se: — Sim, eu admito. Estou brava com ele! Eu achei que tivesse sido algo especial... Mas aí vai a minha inexperiência — ela fez aspas com os dedos — em encontros de uma noite só! Talvez eu não devesse, pois sou uma mulher evoluída, mas... Estou me sentindo usada — confidenciou. — Zane Tesudo não lhe fez nenhuma promessa, Quinn... — Júlia insistiu em lembrar. — Eu sei! — bufava — E é por isso que estou brava comigo também! Por esperar que... Sei lá! Que ele se importasse de alguma forma! — se levantava inquieta — Maldição, eu preciso tirar esse homem da minha cabeça! — E eu sei um jeito! — sua assistente levantava um dedo — Arranjado outro homem a altura! — Sim, como se isso fosse fácil de acontecer! — balbuciou Júlia. — Merda! — Quinn deixou escapar, exasperada. — Somos bonitas, gostosas! — Gwen também deixava sua frustração transparecer — Por que essa dificuldade em encontrar um homem? — É que quando encontramos são uns safados como Ashton! — a loira acrescentava. — Ou porque esse homem também quer outro homem! Concorrência desleal! — ria a assistente, com humor. As três gargalharam alto, chamando a atenção, mas pouco se importaram com isso: — Ou um gostoso como Zane Hudson, que só quer te foder por uma noite! — elas seguiram para as esteiras, subindo cada uma na sua, enquanto Quinn prosseguia — É, a vida não está fácil! O problema é que só ontem consegui conversar com o Sr. Dumas, porque ele estava viajando. Ele concordou com a reforma da moto e agora terei de ir a Harper’s para acertar os últimos detalhes. — Então verá o Zane? — Júlia imprimia velocidade em seu aparelho. — Não se eu puder evitar! As coisas que fizemos naquela noite... E depois ele simplesmente deu as costas, como se nada tivesse acontecido? Não, com certeza não quero vê-lo! — Não é meio infantil da sua parte? — Gwen apontava — Está misturando trabalho com a vida pessoal. — Sim, mas eu tenho um orgulho para zelar, certo? E a vergonha de olhar para ele, depois de tudo que deixei que fizesse comigo? Em uma noite, Zane Hudson conheceu meu corpo como Ashton não fez em sete anos! — Uau! — Gwen se abanava — E a egoísta, vai guardar todos esses detalhes só para ela! Não será meio impossível não encontrá-lo, uma vez que trabalha lá? — O que tenho de tratar, posso tratar com Jake. — O bonitão que estava interessado em você? — Sim, ele. — Vadia! Com dois homens na manga e nós sem nenhum. Isso não te deixa furiosa, Júlia? — Mas agora eu não quero mais o Jake — Quinn interrompia — Depois de estar com um homem como Zane... Droga, eu espero um dia me recuperar disso. — Wow! Wow! Wow! — repetia vez após vez o Olly, personal trainer com quem Zane estava praticando sua aula de Muay Tai, enquanto tentava se esquivar dos golpes furiosos do aluno — Amigo! Amigo! — agora ele erguia as mãos em pose defensiva. Zane parou depositando as mãos nos quadris, extremamente ofegante. Riu do amigo que se livrava das luvas aparadoras de socos, sacudindo os braços após isso. — Muito duro para você, professor? — provocou também despindo suas luvas. — Hoje eu admito! Joguei a toalha! Você me pareceu muito mais empenhado em me socar nesse treino! Fiz algo errado e não estou me recordando? — brincava. O outro riu novamente, meneando a cabeça: — Não, você não fez nada. É só que eu precisava gastar um pouco de energia... — Sim, percebi isso! E a causa seria... Falta de sexo? — Olly apontou, servindo-se de água e oferecendo uma garrafa a Zane. — Não — ele respondeu, tomando vários goles do líquido e deixando um pouco cair sobre seu rosto suado — Não é falta de sexo — E sim de um sexo específico, poderia dizer. — Ok, por que avisto três lindas coisinhas no bar que adorariam resolver seu problema, se fosse um problema, claro! — o personal indicava as garotas que os olhavam com interesse — Já que sou casado e elas sabem disso, tudo aquilo é para você, bastardo sortudo! Zane olhou na direção das moças e lhes endereçou um leve menear de cabeça, sendo retribuído por risinhos e acenos. Eram realmente bonitas e com corpos sarados que elas faziam questão de mostrar com orgulho. Mas, estranhamente ele não sentiu- se atraído por nenhuma delas. Só conseguia pensar em Quinn. O que já não lhe era surpresa. — Eu passo, amigo! Não é o que eu estou procurando! — Não? Falou, bastardo! Ainda se dá o direito de escolher! Não pôde impedir de rir novamente: — Sabe quando você tem a noite perfeita, com a garota perfeita? Que tem a sensação de que depois dela, nenhuma outra vai ser boa o suficiente? Olly sorriu: — Sim! Por isso me casei com a garota perfeita! Isso se chama amor! — constatava. Zane bufou humorado: — Não, cara! Não é para tanto. Mas foi a noite mais incrível e... Porra, a garota não me sai da cabeça! — E por que não liga para ela? Antes que ele pudesse responder, Olly foi chamado por um aluno. Dando uns tapas no ombro do amigo, ele partiu, deixando Zane perdido em seus pensamentos. Bem queria ligar para Quinn! Só mais uma noite perdido naquele corpo não seria nada, nada mau! No entanto, àquela altura, a garota devia estar furiosa com ele, por não ter entrado em contato antes. Suspirou fortemente. Talvez sua oportunidade já tenha passado, pensava. E para piorar, Camille voltara a ligar. Algum tempo atrás, ansiava por ouvir a voz dela. Agora não mais. Não retornava. Assim, ela passou a enviar mensagens possessivas, do estilo: O que você tem com a Armentrouth? Ou o que vocês estavam fazendo juntos naquela sorveteria? E quando percebeu que de fato não seria respondida, lançou mão de ameaças, como: Você não sabe com quem está se metendo? Isso não vai ficar assim! Você ainda vai se arrepender por me ignorar! Nem estranhou o fato de a garota saber onde estivera e com Quinn. Sabia que ela tinha muitas ligações. Recolhendo suas coisas, rumou para o vestiário. Para isso, teria de passar diante do bar. — Moças! — cumprimentou com um sorriso torto. — Já para o chuveiro, Zane? — perguntou uma delas num tom bem sugestivo. — Sim, já deu para mim hoje. — Deixe-nos saber se precisar de ajuda, querido. — Oferecia outra. Ele apenas sorriu em retribuição. Não era tímido e com certeza em outras épocas teria aceitado o convite velado das garotas. Mas não naquele dia. E às vezes se assustava com o desprendimento das mulheres modernas. Mesmo já tendo usufruído disso antes, muitas vezes. Na segunda-feira, logo pela manhã, depois de um fim de semana que se arrastou, Quinn já estava na porta da Harper’s. Sairia com as amigas para se distrair, mas fora em vão. A cada toque ou vibrar de seu celular, uma ponta de esperança se apossava dela. E ao constatar que nãoera Zane Hudson ligando, ficava furiosa consigo por ainda esperar por aquilo, passados tantos dias do encontro deles. E para piorar, começara a receber mensagens com tons ofensivos, chamando-a de vadia, vaca, coisas do tipo. Não conhecia o número. Nem tentou responder. Não tinha paciência para esses joguinhos. Só podia constatar que o sujeito era um galanteador, que fazia todas as mulheres que usava se sentirem as únicas, especiais! Cachorro! Ela bufava para si mesma, descendo de seu Corvette e já visualizando o Maverick no estacionamento. Esperava realmente não o encontrar! Mas se o fizesse, temia despejar na cara dele umas verdades! Revirou os olhos, seguinte para a loja. Ela nem mesmo tinha o direito de dizer o que queria para ele! Nem se conheciam, Zane sequer sabia o que esperar dela. E, muito facilmente, fora Quinn quem o convidara para sua casa. E lá estava de volta naquele sentimento bipolar de se odiar e odiar o homem! Ele não tinha o direito de ser tão gostoso, de fazê-la gozar tantas vezes seguidas, fazê-la se comportar como uma cadela no cio, para depois simplesmente sumir! Retirando os óculos de sol, reformulou o pensamento: não queria encontrar Zane Hudson na sua frente! O celular vibrou e ela logo olhou para o visor. Era outra mensagem: Eu vou pegar você, sua vadia! Quinn franziu o cenho. Aquela era a primeira mensagem com tom de ameaça que recebia. Mal contendo uma exclamação, guardou o aparelho. Tinha de lidar com as ligações do insistente Ashton e agora aquilo? Parecia que estava entrando em um inferno astral! Ao entrar, foi com alívio que notou que a grande porta de correr que levava à oficina, estava fechada. Seguiu rapidamente para o escritório de Jake, encontrando-o a sua mesa e melhor, sozinho: — Olá! — cumprimentou para chamar a atenção. — Quinn! — ele abria um largo sorriso ao vê-la — Isso é que é jeito de se começar o dia! — Sempre galanteador... — O que fazer se você parece estar cada dia mais bonita! Vamos, entre — Dizia, estendendo a mão para ela. Quinn aceitou seu gesto, sorrindo. Antes tivesse se envolvido com Jake Harper! Ele não parecia interessado em uma única noite de foda. Mas o que sabia sobre isso? E tinha de admitir: não se arrependia da noite que desfrutara com Zane. Só queria mais... — Aceita um café? — Ah, não! Na verdade essa é uma passagem bem rápida. Tenho um outro compromisso, então serei muito breve... — O que é uma pena — Interrompia o homem. Uma coisa precisava reconhecer, o cara era bonito. Com seu sorriso torto e covinhas, devia fazer estrago em corações alheios. — Eu só vim dizer que meu cliente concordou com a reforma... — Hey, isso é muito bom! Deixe-me chamar Hudson, ele vai adorar a notícia... — Não! — ela quase gritou. Mas então, notando que deixara o outro um tanto espantado com sua reação, sorriu de forma doce — Realmente estou com pressa, Jake. O Sr. Dumas concordou com todo o projeto proposto e... — fuçava na bolsa — mandou a metade do pagamento e o restante na entrega — estendeu a ele um envelope com o cheque pomposo. — Ok. Passarei todas as informações para Hudson e dizer que já pode começar a transformação naquela belezinha. — Ótimo! Bom, acho que por hora é tudo, certo? E tão rápido quanto chegou, Quinn partia. De alguma forma aliviada e decepcionada. A grande verdade era que queria ver Zane. 11º Zane terminava de vestir seu macacão no vestiário, com os demais caras quando Jake adentrou: — Caras, essa Quinn Armentrouth, além de ser bem jeitosa — ele imitava o formato de um corpo sinuoso com as mãos, e tinha um sorriso pervertido no rosto — ela cheira deliciosamente bem... Ele logo se empertigou: — Onde viu Quinn? E como sabe que ela cheira bem? — Bom, ela acabou de sair do meu escritório... — Ela esteve aqui? — Sim, há pouco. Se for até minha sala, ainda poderá sentir o cheiro dela. — E ela perguntou por mim? — O quê? Não! Aliás, ela parecia ansiosa para ir embora logo. Mas por que diabos ela perguntaria por você? — Por nada — Dissimulou, terminando de subir seu zíper, notando que a conversa era acompanhada por todos ali com interesse: Jake lhe relanceou um olhar desconfiado, mas depois prosseguiu: — Ok, então, prosseguindo. Seria estranho se, depois de terminarmos a restauração da belezinha Armentrouth, eu a convidasse para um jantar? Antes que pudesse se controlar, Zane se encontrou a quase um nariz de distância do amigo e patrão, sua expressão bem fechada: — Não se aproxime de Quinn, está me ouvindo? — avisou. Jake não retrocedeu e o encarou: — Opa, agora isso soou possessivo! Minha sala! — ordenou firme. Quando chegou a sala do patrão, Zane o encontrou com braços cruzados e expressão fechada. — Agora desembuche, homem! O que houve entre você e Quinn Armentrouth? Por que ela parecia estar ansiosa para sair daqui o mais rápido possível e quase teve um ataque quando disse que te chamaria? Mal contendo uma exclamação, Zane correu uma mão pela nuca, pela enésima vez. Estava fodido! Aquilo só o confirmava o que já desconfiava. Quinn estava furiosa com ele! — Cara, eu estou esperando! — Bom... Naquele dia em que fui levar o orçamento para ela... Nós nos encontramos para tomar um sorvete e... Passamos a noite juntos! É isso! Esperou pelo sermão, mas estranhamente ele não veio. Então encarou o amigo que tinha uma expressão entre divertida e confusa no rosto: — O que é, Jake? — inqueriu, irritado. — Eu pensava que você não deve ter dado o seu melhor, irmão! Ou que perdeu a mão. Porque a mulher não parecia muito satisfeita... — incitou o outro, mal segurando o riso. — Porra, cara! Eu aposto suas bolas como a deixei bem satisfeita! E várias vezes, só para constar. — Então por que ela parecia querer fugir de você, como o capeta da cruz? Ele meneou a cabeça, irrequieto, indo para janela: — É que eu... Meio que fui embora durante a noite. E não liguei para ela, desde então. — Uau! Você não fez isso com aquela gracinha, homem! Isso é tão... Cafajeste! — É, eu sei — Zane admitiu, sentindo a culpa aumentar. — Por que então agiu dessa forma? Eu não posso acreditar que a noite tenha sido assim tão terrível! Estamos falando de Quinn Armentrouth! Aquela mulher é um espetáculo! Se você não fosse um fura-olho, eu estaria atrás dela, dentro de pouco tempo... — Hey, não fui fura-olho! Tecnicamente ela me escolheu — sorriu convencido, os braços abertos e polegares apontados para si. — Sim, e olha a merda que você fez! — retrucou Jake, parecendo ter seu orgulho ferido. Zane ficou sem graça e sentou-se apertando os dedos com a palma com força: — Você não entende... — Me explique! — o amigo se encostava-se a sua mesa de trabalho, cruzando os braços à espera. — Quinn é mesmo especial. As coisas que ela provoca em mim... Foi tudo muito intenso e de forma muito rápida! Eu tenho de admitir que fiquei assustado com o que sentia... Então me afastei. — Para Zane era um alívio enfim falar sobre aquilo com alguém. E sabia que a melhor pessoa para tal era seu grande amigo. Jake o fitava, como se ponderando suas palavras. Então tomou uma quantidade de ar e foi se acomodar em sua cadeira: — Olha, cara. Eu, mais que ninguém, me preocupo com o seu emocional. Por tudo o que aconteceu... E sabemos que Quinn... Bom, ela pertence a outro mundo. Mas você não se relaciona mais profundamente com ninguém há muito tempo. E acho que um dia vai desejar ter uma família, certo? Então terá de encarar esse seu medo de se envolver. Meu chapa, nem todas as mulheres são como Camille. Ele tocou no ponto específico em que Zane temia. Quando o fim daquele dia chegou, tudo o que Quinn desejava era um longo banho. Assim, logo ao chegar em sua casa, rumou diretamente para o banheiro e ligou as torneiras de água quente da banheira. Colocou um pouco de sais de banho e despiu-se, colocandotodas as peças no cesto de roupa suja. Já não deixava tudo largado a esmo. Teria de recolher de qualquer forma. Colocou os sapatos no canto onde deveria ser sua sapateira. Deveria, mas ainda era um monte de madeira entulhada. Maldito marceneiro! Logo desfrutava da deliciosa e morna sensação de ter seu corpo envolto na água morna. Suspirou ajeitando os fones de ouvido e clicou em seu celular para que Andrew Belle começasse a cantar In my vains. Fechou os olhos para apreciar a melodia. Amava aquela música! Tinha o poder de deixá-la relaxada. Mas então chegava o refrão onde ele dizia: Oh, você está em minhas veias, E eu não consigo te tirar... Ela abriu os olhos imediatamente e um suspiro frustrado escapou de sua boca. Por que aquilo a fazia lembrar de Zane Hudson? Por que sentia saudades de um homem que mal conhecia? Antes que tivesse tempo de ponderar, ouviu um grande estouro vindo da parte da frente de sua casa. Assustada, saiu da banheira e enrolou-se na toalha mais próxima e rumou na direção de onde viera o som. Ao chegar à sala, encontrou a janela estilhaçada, cacos de vidro desta estavam espalhados por todo o sofá e chão. E ali localizou o tijolo que causara toda a bagunça. E havia sido embrulhado em uma folha de papel. E um Deixe meu homem em paz, sua vagabunda! Lia-se nele. Ainda atordoada, olhou para fora, através do que sobrara da janela e vislumbrou ninguém menos que Camille Fairfield lhe sorrindo de seu excêntrico Porsche negro. Ela lhe sorriu de forma maléfica e então saiu cantando pneus. Aterrorizada demais para ter qualquer reação, Quinn somente ficou a observá-la desaparecer de seu campo de visão. Então, como se despertando de um devaneio, correu para a porta, escancarando-a. Mas deu com uma caixa de sapato deixada ali. Tinha um enorme laço vermelho a enfeitá-la. Deu vários passos para trás, assustada. Sabia-se lá o que tinha ali dentro. Correu de volta para dentro e bateu a porta. Mordendo uma unha, um gesto que se repetia sempre que estava nervosa, pensava no que devia fazer a seguir. Num estalo, soube a atitude que devia tomar. Buscou pelo celular e ligou para a Harper”s. Era pouco mais de cinco horas e o pessoal, incluindo Zane, ainda deveria estar por lá... Esperava. Foi com alívio que ouviu Jake atendeu: — Harper’s Restauração de Autos. — Jake! — suspirava, tomando uma respiração — é Quinn. — Hey, Quinn... — ele pareceu estranhar — em que posso ajudá-la? — Zane Hudson ainda se encontra por aí? Houve um breve silêncio do outro lado da linha: — Bom, acho que ele está no vestiário. Quer falar com ele? — Sim, por favor. Eu aguardo na linha, ok? — Em primeiro lugar, se eu estou ligando, é porque estou realmente furiosa! Foi o que ela soltou, assim que Zane atendeu ao telefonema. Mesmo soando tão furiosa, adorou ouvi-la. Se estava ligando para acabar com a raça dele, bem, aguentaria todo seu desabafo e depois se desdobraria para conseguir seu perdão. Pois era só ouvir sua linda voz e ele já estava duro. — Quinn... — Porque diabos sua amante psicopata está me atacando? Zane ficou realmente confuso e alerta: — Amante? Mas do que é que você está falando? — Camille Fairfield! — o silêncio do outro lado da linha disse muito à Quinn. Sentiu uma pontada de decepção. Ele não estava negando ser amante da louca... — Ela atacou você? — a voz dele soou preocupada, exaltada — Como? Você está bem? É ele não estava negando! — Não, eu não estou! — esbravejava, vendo sua raiva aumentar em muitos graus — Estou furiosa! Ela estilhaçou minha janela com um tijolo! E ainda deixou um recado, exigindo que eu deixe o homem dela em paz! — Mas que porra! — exclamava do outro lado — Você está ferida, Quinn? — perguntou já um pouco mais controlado. Sim, ela estava. De alguma forma, sentia-se muito ferida por dentro: — Não! — bufou simplesmente — Mas ela deixou uma caixa na minha porta e sabe-se Deus o que há dentro! Pode ter um animal peçonhento. Ou uma bomba! — Escute, Quinn — falava pausadamente — fique o mais longe que puder dessa caixa, me entendeu? — Ok — retrucou contragosto. — Eu estou a caminho... — O quê? — ouviu-a exclamar — Não! De jeito nenhum! Eu não preciso de você aqui! Aquilo foi como levar um soco certeiro, bem no estômago. Mas ele não desistiu. E não desistiria até vê-la e saber se realmente estava bem. — Quinn, como disse, não sabe o que pode conter nessa caixa! Por favor, afaste-se e espere por mim... Ok? — esperou tenso pela resposta dela. Ela bateu o pé mordendo o lábio. Tinha de admitir que estava assustada quanto ao pacote em sua porta. Mas queria Zane em sua casa de novo? Bom, no momento ele era tudo com o que podia contar... — Ok — balbuciou, desligando o celular e correndo para seu quarto. Não sabia identificar se estava ansiosa pelo acontecido ou porque veria Zane Hudson novamente, pensava enquanto se vestia. Ela nem sequer havia tirado a espuma de seu corpo, ao sair da banheira. Precisaria tomar outro banho depois. Num tempo de menos de cinco minutos, já se encontrava frente a porta de Quinn. Ficara muito assustado quando dissera que fora atacada por Camille. Sabia bem do que aquela garota era capaz. Logo localizou a caixa. Alcançando um graveto na calçada, fuçou e fuçou, com cuidado, até conseguir tirar a tampa. O que encontrou lhe causou ânsia. Havia um bicho, provavelmente um gato que fora atropelado, com certeza. E não duvidava de que sua ex tivesse feito tudo aquilo ao pobre animal, somente para assustar Quinn. Sobre o que restara do felino, havia um bilhete com os dizeres: Afaste-se ou o mesmo acontecerá a você. — Psicopata! — murmurou, mal contendo a raiva. Fechou a caixa rapidamente e colocou a caixa na lata de lixo mais próxima. Então foi à procura de Quinn. Encontrou a porta destravada e foi entrando, chamando por ela: — Quinn? — observava a bagunça que os estilhaços da janela faziam no chão da sala — Quinn? Onde você está? — Aqui — Ela respondeu, abrindo a porta de seu quarto com cautela. — Você está bem? — rumou até ela com passos largos, segurando seus braços e a examinava em busca de qualquer tipo de ferimento. — Assustada, mas inteira — Respondeu parecendo contragosto. Percebeu que evitava fitá-lo nos olhos. Mesmo assim, sem pensar, tomado pelo alívio de vê-la bem, ele a apertava firme em seus braços. Quando ela começou a se desvencilhar de seus braços, ele relutou um pouco, mas a deixou ir. Era óbvio que não queria que a tocasse. Inferno! — Aquela mulher é uma sádica! — dizia Quinn, caminhando para a sala. — Tem certeza de que foi ela? — Sim, porque ela ficou parada ali na frente, até ter certeza de que eu a visse! — Porra! — deixou escapar, correndo uma mão pela nuca. — Espere — se detinha, com uma suspeita — As mensagens que eu estava recebendo... Como não me toquei antes? Eram dela! Zane meneou a cabeça, parecendo bem chateado: — Isso é bem a cara dela! Então Quinn parava a um canto da sala, cruzando os braços, tendo uma expressão fechada em sua face bonita. Deus, como adoraria beijar aquela boquinha que agora tinha um lindo biquinho! — Viu a caixa? — Sim. — E o que tinha dentro? — Um animal morto — achou melhor deixar a nota e fora. Ela já parecia estar carregada de horror o suficiente. — Porque ela faria isso? — alfinetou — não disse a ela que não somos um casal? — Eu não devo satisfações da minha vida para ela... — falou baixinho. — Avisou isso também? — atacou, sua voz expressando sua raiva — Porque ela está me perseguindo por algo que não tenho culpa! Zane exalou, frustrado. Era horrível ver aquele olhar de repúdio nos olhos de chocolate quente. “Você é mesmo um idiota, Zane Hudson! Merece esse tratamento! E ainda tem Camille!” — Acha que devo ligar para a polícia? — inquiria ela, um pouco mais controlada. — Bom, pode tentar, mas duvido que dê em algo. Sendoo pai dela um juiz importante em Nova Iorque... Eu vou falar com ela... — Sim, é melhor esclarecer as coisas! — balbuciou Quinn, sentindo-se incomodada por saber que ele se encontraria com a ruiva. Bom, mas ao que dera a entender sobre a outra é que eles não só conversavam. A raiva voltou a dominá-la, e começou a recolher os cacos do chão, meio às cegas. — Pare! — protestou Zane, segurando sua mão — Você vai se machucar! Foi notória a velocidade com a qual ela desvencilhou sua mão de seu toque. Como se tivesse levado um choque. Zane mal escondeu um suspiro exasperado. Franziu o cenho numa carranca. — Tem uma vassoura e pá? — Na cozinha — ela foi vaga, evitando encará-lo. Quando ele saiu, Quinn deixou o ar sair de seus pulmões. Inferno, inferno, inferno! O toque dele parecia fazer sua pele e todo seu corpo formigar. Era como se uma corrente elétrica lhe percorresse cada poro... Estava sendo muito, muito difícil não voar no pescoço dele e lhe reivindicar um beijo. Que rasgasse toda a sua roupa e a possuísse ali no sofá como na primeira vez. Quando ele retornou, ficou quieta num canto, observando-o recolher toda a sujeira com muito jeito. Percebeu que ele estava tenso, por seu belo maxilar contraído. — Ouça, eu acho que não é uma boa ideia ficar aqui sozinha essa noite — dizia ele, ao retornar, depois de se livrar do lixo — talvez devesse ficar comigo essa noite... — AH! — ela bufava, sarcástica — Isso é que não! Eu entendi que fui apenas uma noite de foda, ok? Não precisa fingir que se importa mais que o necessário, Zane Hudson! — deixou escapar. Eles se fitaram por um instante, mas Quinn desviou o seu olhar, já arrependida de sua explosão. — Porra! Mas então vá para a casa de seus pais, um amigo. Realmente não acho que deva ficar aqui sozinha. Quinn pensou. Júlia não estava na cidade e Gwen dividia um minúsculo apartamento com a irmã. Ficar com seus pais? Com sua mãe a enchendo de perguntas, afirmando que Ashton era o homem certo para ela e insistindo para que voltasse para casa? Não, isso é que não! — Eu vou para um hotel, então... — Hum, essa ideia também não me agrada. — Por que? Ela não vai me encontrar num hotel! — Você não a conhece como eu, Quinn. Ela tem... Contatos! Se quiser te encontrar, ela vai. — Contatos? — foi sarcástica — Com a máfia? O silêncio dele a deixou alarmada: — Zane? — Algo do tipo — ele soou vago. Quinn mordeu o lábio, agora ainda mais irritada e assustada. Maldita Camille! Suspirou exasperada: — Eu vou para a casa dos meus pais, então... — Ok — ele não pareceu aliviado com sua resposta — precisamos fechar essa janela, antes de ir. Ainda tem aquelas madeiras no seu quarto? — Sim, ainda estão lá! — E tem martelo e pregos? — No quartinho nos fundos do quintal. Acho que vai encontrar o que precisa lá. — Certo. Nesse meio tempo, vá separar as coisas que quer levar. Vou te deixar na casa de seus pais. E isso não é discutível! — já acrescentou firme, quando percebeu que ia começar a protestar. Enquanto procurava as ferramentas, Zane se martirizava. Por sua causa Camille estava fazendo toda aquela bagunça na vida de Quinn. Aquela mulher! Só trazia problemas! Não desejava se aproximar dela, mas o teria de fazer. Obrigaria ela a deixar Quinn em paz. Sabia que seu receio de uma reaproximação, se devia ao medo de todas as coisas que poderia sentir quando estivesse perto da ruiva. O poder que ela tivera sobre ele no passado quase o destruíra. Era algo louco, intenso, que o deixava fora de si. Mas também entendia que um pouco disso tudo, que tal atração era elevada por conta de estar quase que o tempo todo alto ou bêbado. Já não era o mesmo homem daquela época. Estava mais senhor de si, capaz de raciocinar com lucidez. Esperava que tudo isso contasse quando tivesse frente a frente com Camille Fairfield. Quinn separava algumas peças de roupa quando Zane parou à soleira, parecendo sem jeito: — Hã... Eu vou... Pegar as madeiras... Ela não conseguiu dizer nada. Era muito estranho. Da última vez que estiveram juntos naquele quarto... As coisas que haviam feito. Não o encarou. Sabia que estava corando. E não era mulher disso. Mas também nunca deixara um quase estranho a levar daquela forma. Zane recolheu algumas tábuas e deixou o cômodo rapidamente. Era torturante demais estar junto dela ali. O cheiro, a cama grande, o corpo nu e quente de Quinn. Maldição! Estava duro, doloridamente duro. Descontou toda sua tensão nas marteladas na pobre janela. Quieta no canto, Quinn o admirava. Havia chegado de jaqueta de couro, mas a despira, graças ao bom Deus, para fazer os reparos. Se não podia tocar, podia se deslumbrar com seus músculos lindamente esculpidos trabalhando. Suas costas, seus braços e até mesmo seu belo traseiro faziam um show particular para seus olhos. E lá estava, quente, palpitante, sentindo sua vagina como só sentia quando estava junto de Zane Hudson! Pulsava e se encharcava, como se chamasse pelo pau dele! Tentando controlar sua respiração irregular, pensava em como seria se tivesse coragem de pular sobre aquele homem e exigir que a tomasse naquele exato momento. Mas obviamente não o faria! Tinha o orgulho maior que seu tesão. Não seria usada novamente e se ele não estava lhe dando qualquer satisfação de nada, não seria ela a inquirir isso! Depois de ajeitar o necessaire e uma pequena mala no banco de trás de seu Maverick, Zane abriu passagem para que ela entrasse. Tão perto, era impossível não sentir o cheiro de sua pele, seus cabelos, presos num rabo de cavalo displicente. Ele aspirou sua essência, contendo-se a muito custo para não afundar seu rosto na curva sensual de seu pescoço, para melhor apreciação. Tinha uma expressão fechada, indicando que não estava para conversas. Por tudo isso, a viagem foi feita em quase total silêncio, sendo apenas quebrado quando ela lhe indicava a direção a ser tomada. — Boa noite, Ted — Quinn cumprimentava um homem robusto, vestindo um terno preto, ao se deterem na portaria de um luxuoso condomínio. — Boa noite, senhorita Armentrouth. — Meus pais estão em casa? — Estão sim, senhorita. Quer que os avise da sua chegada? — Não, não é preciso. Obrigada, Ted. — Não por isso. — Zane não pôde deixar de notar o olhar especulativo que o sujeito lhe lançou. Ignorou. O que podia pensar o cara, com uma bonequinha linda e delicada ao lado de um brutamonte mal-encarado como ele? Zane deixou escapar um longo assovio ao admirar a casa dos pais de Quinn: — Quantas pessoas moram aí? Um Esquadrão? — Apenas meus pais... Bom, os empregados ocupam os quartos dos fundos, no térreo. — Uau! — Depois de me mudar para a minha casinha de um quarto só, foi que percebi que não necessitava de tanto espaço assim. — Você não ficava perdida aí dentro? — ele brincou. Quinn sorriu também: — Não. Eu cresci aí. Zane notou que ela não estava fazendo qualquer movimento para descer do carro, enquanto fitava a casa pensativa. Não parecia animada com a ideia de ficar por ali. — O que vai dizer a eles? — inquiriu, falando suavemente. — Eu não sei. Talvez que estou dedetizando a casa... — Por que tenho a impressão de que não quer ficar por aqui? Deixando um longo suspiro lhe escapar pelos lábios, viu-a se encolher no acento: — Não conhece minha mãe! Vai me encher de perguntas... — Bom, o convite para que venha comigo ainda está de pé. Ela o encarou, com desconfiança. Depois fitou a casa novamente. Enfim voltou-se no acento para ficar cara a cara com ele: — Se eu for para sua casa, que fique claro que não vou dormir com você! Ele não respondeu de pronto. Depois balbuciou algo como Você não tem de se preocupar com isso. E arrancou com o carro. Quinn quase bufou. Odiava bancar a “mulherzinha”, mas queria deixar claro que não se submeteria de novo aquela situação. Ou fazia isso para que ele não tentasse,pois podia não resistir. Zane morava num bairro humilde, mas muito charmoso. As casas eram pequenas, mas com lindos jardins diante delas. Ele estacionou de frente a uma casa onde tinha pedras escuras ao longo de todo o rodapé da varanda. Era muito charmosa. Ao entrarem, Quinn ficou desconfortável em perceber que, ele sendo homem, mantinha sua casa mais organizada que a dela. Via-se que era uma casa tipicamente masculina. Os tons escuros imperavam, do preto ao cinza. Dois sofás antigos, já bem gastos, davam um ar de “lar” à sala. Havia muitos discos de vinil na enorme estante de mogno. Uma televisão gigantesca e um consolo do último tipo abaixo dessa. Havia alguns instrumentos musicais a um canto também. Não teve muito tempo de examiná-los, pois Zane parava a seu lado, trazendo suas coisas: — Sua casa é muito aconchegante — Comentou. — Obrigado. — Você tem dois quartos aqui? — Hã... Sim, mas um deles está cheio de tralhas. — Então como vamos dormir? — Você fica com o quarto e eu me ajeito no sofá. Ela olhou para o móvel. Era sim aconchegante, mas pequeno. — Você não vai caber ali! — constatou. — Não se preocupe comigo. Dou um jeito — E começou a despir a jaqueta. O movimento fazia sua camiseta se moldar ao peito largo e se erguer um pouco, deixando seu abdômen a vista. Notou que isso prendia a atenção dela. Decidiu se exibir, fazendo cada gesto pensado, flexionando os músculos, tudo muito vagarosamente. Viu os olhos dela se tornarem turvos e então mordia um canto do lábio. Era sexy! E era um bom sinal, claro! Quem sabe? Talvez notando que o degustava com os olhos, Quinn cruzou os braços e virou-se bruscamente. Mas logicamente ele não perderia a oportunidade. Alguns passos e estava às costas dela, e colocou as mãos com cautela em seus braços. Ela sobressaltou, mas não se moveu. Outro bom sinal. Quinn fechou os olhos ao senti-lo tão junto de seu corpo. Oh, bom Deus! Logo podia sentir seu membro rijo contra a curva de seu bumbum. Sim, ele estava duro, deliciosamente, tentadoramente duro! E o nariz dele fuçava suavemente em seus cabelos, causando pequenas ondas de arrepios por sua pele. — Ou nós podemos dividir aquela cama. O que acha, bonequinha? As pernas dela ameaçaram virar gelatinas, ao ouvir ele chamá-la daquela forma. Mais um pouco e logo estaria entregue. Não! Ralhou consigo mesma, de repente. Não ia se entregar assim tão fácil dessa vez! Endireitando suas costas e assumindo uma postura rígida, perguntou de forma acusativa: — Foi com essa intenção que me trouxe para cá? Seduzir-me? Ao ouvir tais palavras, Zane automaticamente soltou-a, deu um passo atrás, as mãos pairando abertas ao lado do corpo dela: — Não! — respondeu seco — Não foi por isso. Foi só um momento de fraqueza... Eu achei... Desculpe-me, não vai acontecer de novo. Prometo... Não tocar em você novamente! Eu... — ele começou a se afastar, parecendo sem jeito — Acho que vai querer tomar um banho, certo? — e ele sumia por um corredor. Quinn quase lamentou seu afastamento. Bom, na verdade ela estava mesmo lamentando. Mas as coisas não podiam ser do jeito que ele desejava. Não seria a transa da noite novamente! Ah, não seria mesmo! Embora seu corpo implorasse por ele. Seus mamilos estavam rijos e doloridos sob o sutiã. Fechou a blusa rudemente. Corpo traiçoeiro, o seu! No entanto, tinha de ter orgulho próprio. Precisava manter em mente, que Zane Hudson usufruíra de seu corpo por toda uma noite e partira sem qualquer satisfação. E Zane não estava dando nenhuma explicação sobre aquilo. Ou talvez fosse considerado normal para o modo de ele agir com suas mulheres. E ainda havia Camille Fairfiled! Era outra explicação que lhe estava sendo negada: qual a relação dele com a ruiva? — Quinn? — ele chamava de algum lugar do fundo do pequeno corredor. — Estou indo — Pegou sua pequena mala e seguiu sua voz. Passou por ele no corredor, que lhe indicava a porta aberta do banheiro, de queixo erguido. Achou ter visto um sorriso divertido nos lábios dele, mas ignorou-o. Havia trazido suas coisas, como sabonete, xampu e creme hidratante, assim como escova de dente e pasta. Tomou um banho rápido, esfregando com a força de sua frustração. Como queria aquele homem! Inferno! Lastimava-se enquanto aplicava seu creme na pele. Se ele ao menos lhe desse uma justificativa! Ou possivelmente não achava que lhe devia uma! Bufou. Vestiu seu pijama de oncinha, calçou suas pantufas e recolheu seus pertences, jogando-as no nécessaire. Saindo para o corredor, não estava preparada para o que encontrou. Zane estava parado à porta de seu quarto, que fazia frente a do banheiro, vestindo somente seu jeans desbotado. Até os sapatos haviam sido descartados. Os pés estavam cruzados na altura dos tornozelos, uma mão coçava o queixo e outra enfiada no bolso frontal. O ar dela se esvaiu e seus olhos se detiveram, teimosamente, no peito amplo a sua frente. Zane, que tinha os olhos baixos, os levantou lentamente para fitá-la preguiçosamente. Então sabia que havia caído numa armadilha. Talvez não planejada, mas como poderia Quinn resistir a tudo aquilo? Mas de repente as feições dele se tornaram duras, seus olhos verdes mais escuros: — Porra, esse seu cheiro! — grunhia, vindo em sua direção. — O que tem ele? — ela se alarmava, dando um passo atrás, voltando para dentro do banheiro, seu necessaire caindo no processo, até dar com as costas na parede de azulejo. E ele parecia um animal enjaulado, avançando rumo a sua presa, faminto. — Me deixa louco! — então a segurava com força pelos braços, afundando a cabeça em seu pescoço. — Zane! — protestou com voz sumida — Você prometeu não me tocar de novo... — Inferno, eu sei bem o que eu prometi! — parecia torturado. — Então? — Esqueça! Eu vou ficar louco se eu não te beijar agora! — agora seu nariz fuçava em seu cabelo, assim como seus dedos se emaranhavam neles, parecendo desesperado por absorver a essência do cheiro dela. No entanto, logo em seguida, estacava no lugar, respirando pesadamente. Em seguida encostou a testa no ombro dela, parecendo tentar se controlar muito ofegante. De repente, socou a parede ao lado da cabeça dela, fazendo ela sobressaltar-se. Talvez percebendo que a assustou, Zane pousou as mãos em seus braços, falando pausadamente: — Me desculpe! Eu não queria assustar você. Está segura comigo, pode ficar tranquila. — E começou a se afastar... 12º — Você não me ligou! — deixou a acusação escapar, enfim, fazendo- o estacar frente a ela — Eu não sei como trata suas mulheres, Hudson, mas eu não gostei de ser tratada assim! Até tentei me enganar, fingir que podia... — dizia rapidamente, se atropelando nas palavras — ter um lance de uma única noite, mas eu não sou assim! E quando acordei e você havia partido, sem nem mesmo se despedir... Eu me senti usada! — confessou por fim. O viu franzir o cenho, e quase unir suas sobrancelhas: — Oh, porra! — exclamava — Eu não queria que se sentisse assim, Quinn! — realmente estava mal pelo que a fizera sentir. Envergonhado era a palavra — Se eu... Sai, daquela forma tão sorrateira, foi porque... Eu acordei no meio da noite. Você ali, tão colada a mim! — seu olhar percorreu o corpo dela, coberto por aquele fofo pijama de oncinha. Era quase infantil, mas nela, até aquilo se tornava sexy — O cheiro do seu corpo me deixando louco! — desejava muito, mas evitou tocá-la — E tudo o que eu podia pensar era... Em me enfiar entre suas pernas e te sentir na minha boca. E então te possuir novamente, até a exaustão. Quinn mordeu o lábio. O olhar faminto que ele tinha nos olhos, as coisas que dizia, deixavam suas pernas tão firmes como manteiga: — Bom, eu acho que eu não ia te impedir e você devia saber disso. — Acontece que eu também sabia que só isso não seria o suficiente — seu tom agora era mais baixo e grave — E, Quinn...— usou de sinceridade num desabafo — eu não posso me apegar a você... Notou o olhar perdido dele, como o de um garotinho assustado: — Não estou pedindo que se apague a mim, Zane! Não estou pedindo sequer um compromisso! Eu também não estou pronta para outro relacionamento agora. Só... Realmente não gostei da forma como você fugiu da minha cama daquela forma! Zane esboça um sorriso ao ouvir a frase dela, mas logo ficou sério novamente, recebeu o olhar ameaçador de Quinn: — Se eu não saísse da sua cama naquele momento, é possível que ainda estivéssemos nela... Percebi um pouco tarde demais que fui um babaca! Fiquei assustado com a intensidade do que sentia quando seu corpo estava colado ao meu... — Isso é verdade? — Sim, juro que é, Quinn Bee! Os dias se passaram e julguei ser tarde para ligar — foi então que tocou a face dela, deslizando um dedo por sua extensão e se detendo em seu queixo — Você pode me perdoar, bonequinha? — usou seu tom mais sedutor de voz, baixo, quase rouco. — Pelo quê? — fitava a parede atrás dele, os braços cruzados sob os seios, numa expressão irredutível. Ele voltou a sorrir. Percebeu que suas desculpas seriam recusadas se não dissesse as palavras. Era um bom sinal de que seu humor estava voltando: — Por eu ter sido um babaca, idiota! E não, não é daquele modo que trato minhas mulheres! — inclinou sua cabeça, seus olhos fixos nos lábios dela — se você me permitir... — Não tão rápido, marujo! — o deteve colocando o dedo indicador em seu peito — Primeiro me diga. O que há entre você e a Fairfiled? Não sabia se ia gostar da resposta. Ainda mais quando o maxilar dele ficou rijo a menção do nome da outra. — Não tenho nada com ela, Quinn! — respondeu de forma seca, como se não gostasse de tocar naquele assunto. — Como não, Zane? Ela me advertiu de várias formas para ficar longe do “homem dela!” — Uma coisa sobre Camille, ela é louca, ok? Tive um relacionamento com ela, mas foi há muito tempo. Perscrutou a face dele, tentando descobrir se dizia a verdade: — E por que eu devo acreditar em você? — Bom — seu polegar roçava no lábio inferior dela — eu acho que terá de confiar em mim. Deveria? Não o conhecia de fato. Mas o que sabia era que o desejava e muito! — Bom, eu acho que vou ter de te dar um voto de confiança — Quinn arqueou sua pélvis para frente, encaixando os dedos nos passantes do jeans dele, puxando-o para se roçar na protuberância nas calças dele — porque você tem algo que eu preciso muito. Zane sorriu, apoiando os cotovelos na parede, ao lado da cabeça dela: — E o que seria isso, doçura? Quinn não se fez de rogada, deslizando a mão entre eles, até alcançar o membro teso que pulsou ao seu toque. Zane soltou um gemido abafado e ofegou. — Talvez eu tenha sentido falta do seu apadravya. Ele acolheu sua cabeça entre seus braços, roçando o nariz no dela. A expressão sensual que Quinn tinha na face, enquanto seus dedos subiam e desciam sobre o contorno de seu pau torturadamente duro, era algo que o estava deixando louco: — Só dele, bonequinha? — investigou seus lábios muito próximos aos dela. — E de suas mãos... — sussurrava — sua boca... — Então deixe-me colocá-las em ação — Assim dizendo, espalmou suas mãos grandes no bumbum macio, puxando-a mais e mais para si. Tomou os lábios com os seus, devorando-os. Quinn bebeu seu beijo, ansiosa. Suas mãos se enroscaram no pescoço dele, empurrando-se contra ele. Nunca estaria perto o suficiente. O corpo dele era quente, aconchegante. Quando os dedos grossos se esgueiraram no cós da calça, depois da calcinha e acolheram seu sexo úmido na palma da mão, foi à vez dela gemer em sua boca, mordendo seu lábio inferior. — Tão molhada! Tão pronta! — murmurava Zane, deslizando um dedo para dentro de sua vagina e o retirando em seguida. Repetiu o gesto várias vezes, sempre a fitando nos olhos. Quinn por sua vez, segurava o rosto dele entre as mãos, não desviando seu olhar. Sua boca se abria num “o” perfeito, cada vez que investia. — Você gosta, bonequinha? — indagou, afagando um seio sob a blusa, instigando seu mamilo sensível, ansioso por ser provado — Gosta do meu dedo dentro de você? — Sim! — sussurrou de volta, rebolando de encontro ao seu movimento — Mas me tortura! Eu quero seu pau aí, Zane! — assumiu entre dentes. As pupilas dele se dilataram ao ouvir seu pedido. Retirou a mão e a beijou com volúpia, esmagando-a contra a parede: — Oh, e você o terá, Quinn Bee! Todinho, bem fundo em você! — ele prometeu, agarrando a frente da camisa de seu pijama e a puxando bruscamente, fazendo meia dúzia de botões voarem. Ela exclamou pelo susto, mas em seguida ria de puro deleite. Então ele estava mordendo seu pescoço, seu ombro, enquanto a livrava da peça. Afastou-se um instante para examiná-la: — Não me canso de admirá-los! — tomou ambos os seios fartos em suas palmas, sentindo seu peso, sua textura — Tão perfeitos, tão lindos! Quinn arqueou as costas, os oferecendo a ele. Zane rapidamente aceitou sua oferta, tomando um bico rijo entre seus lábios, gemendo no processo. O outro continuava a ser afagado por seus dedos. Enquanto era sugada, quase que com selvageria, ela buscou pelo jeans dele, alcançando o botão, soltando-o e então era o zíper que descia. Manobrando a boxer para baixo, enfim tomou o pênis grosso, longo, como nunca tinha sentido antes, sob seu tato. Tanto ela quanto Zane gemeram ao contato. O membro dele parecia ter vida própria, pulsando e, como se ainda fosse possível, aumentando seu tamanho. Sua mão deslizava por todo o comprimento. Macio e deliciosamente duro ao mesmo tempo: — Zane! — murmurou, suplicante — Eu preciso! Agora! Em instantes, o restante das roupas deles desapareciam e ele fazia bagunça no pequeno armário do banheiro, derrubando seu conteúdo na pia, em busca da caixa de preservativos. Quinn deu graças ao bom Deus ele ainda ter um pouco de lucidez para se atentar aquele detalhe... Porque, tinha de admitir; estava sedenta demais por tê-lo dentro dela, que não pensara na bendita camisinha. Encontrando o que queria, Zane pegou um e descartou a caixa no chão mesmo. Com gestos rápidos e precisos, ele colocou a peça de látex em torno do pênis mais lindo que ela já vira. Então estava de volta para ela: — Quer sentir, de fato, o que meu apadravya pode lhe dar, bonequinha? Quinn o beijou, apertando seus seios no tórax trabalhado: — Sim! Me mostre todo o seu potencial, Hudson. — Será um prazer, benzinho — agarrando-a pelo quadril, virou-a de costas, num gesto que a pegou de surpresa — Abra-se para mim, Quinny — pedia junto ao seu ouvido, baixinho, já separando suas pernas com o joelho — Assim mesmo, minha linda. Quinn se arrepiava aos comandos dele, trêmula, ansiosa por senti-lo: — Agora traga esse lindo traseiro para perto de mim — com uma mão em seu ventre, puxou-a delicadamente para trás. Ela sabia que estava exposta, mas isso pouco importava. Sua respiração entrecortada era só um exemplo de sua excitação, elevada ao extremo. — Porra, Quinn! Você tem um lindo e redondo bumbum! — Zane murmurava, seus dedos emaranhados em seus cabelos, puxando-os para pousar em seus lábios, em sua testa, enquanto a outra mão acariciava uma, depois a outra face de suas nádegas — Será que um dia você vai me deixar fodê-lo? Ela arfou. Pensou que não era hora de dizer que nunca tinha feito aquilo. A ideia antes sempre lhe pareceu chocante. Mas imaginar-se fazendo aquilo com Zane... A boca dela ficou seca. Segurando agora seu queixo, exigiu seus lábios, esmagando-os, devorando-os. Encontrou seu clitóris ultrassensível, esfregando seus dedos em movimentos rápidos, causando pequenos espasmos em uma Quinn a beira do êxtase, sem nem mesmo ter sido penetrada. Zane a manteve no lugar, pressionando-a contra seu pau. Então um dedo a invadia de novo, testando-a, preparando-a para ele: — Você me quer aqui,Quinny? Você me quer enterrado fundo em você, bonequinha? — murmurava contra sua face. — Zane! Oh, Deus, sim! Por favor! — Por favor, o que, docinho? Ela voltou sua cabeça, encarando-o com olhos fulminantes de desejo. Ele estava brincando com ela, levando-a à borda. E Quinn precisava de um grande salto: — Me foda, Zane Hudson! — ordenou, entredentes — Agora! Dessa vez ele não ousou sequer sorrir. Entendia a urgência dela, porque era igual à sua. Separando suas dobras com os dedos, encaixou a cabeça larga de seu pênis em sua abertura. Quinn não conseguiu conter uma exclamação. Nem sabia o que havia dito, mas a surpresa da agradável sensação dele tão perto de possuí-la a entorpecia. O queria inteiro, todo seu comprimento, e, mesmo sua vagina reclamando, inclinou ainda mais os quadris para trás, querendo tomar mais dele. — Devagar, docinho — acalmava Zane, segurando-a pela cintura — Bem devagar. Eu não quero te machucar. E você é fodidamente apertada! E tentou ser o mais gentil possível, dentro de seu próprio martírio. Nunca desejava tanto foder uma mulher, desenfreadamente como o queria fazer com aquela coisinha deliciosa junto ao seu corpo. Quinn podia sentir o piercing dele. Por. Cada. Centímetro! Seu julgamento? A sensação era extasiante. Se havia alguma dúvida de que existia o ponto G, acabara de elucidá-la. Porque ele ainda nem estava se movendo e ela já se sentia perto de uma explosão, de um orgasmo de lhe tirar da órbita. Quando estava todo dentro dela, Zane o retirou, quase que completamente e ela lamentou. Mas logo ele voltava a meter-se todo para dentro de suas carnes macias. Lançando a cabeça para trás, Quinn gemeu alto: — Foda! — Zane grunhia junto aos seus cabelos. E então repetia sua retirada e de novo a tomava, devagar no começo, mas logo investia com vontade. Segurando seu quadril fortemente, para mantê-la no lugar. — Oh, Deus! — contorcia-se ela, sua mente enevoada, distante. A cada arremetida contra seu traseiro, era uma milha a mais que ela se afastava da terra — Zane! — exclamou, sentindo próxima a onda que a levaria de vez. — Sim, Quinny! — ele investiu ainda com mais força, suas bolas batendo nas coxas roliças dela. Torcendo os cabelos dela em seu pulso, puxou-os para poder ter acesso à sua boca, devorando-a. E seus dedos encontraram novamente seus clitóris, o estimulando, sem parar suas estocadas. Quinn arfou, mordendo seu lábio: — Isso, benzinho — incentivou, sabendo que estava chegando ao êxtase — Deixe vir. Goze para mim, Quinn! — ordenou entredentes. Ela não pôde evitar os gritos que saíram de sua garganta, quando um orgasmo devastador a atingia. Zane a mantinha cativa, parecendo querer beber esses gritos. Algumas arremetidas mais e ele urrava sua libertação dentro dela, estremecendo fortemente. Ainda bombeou uma ou outra vez, parecendo não desejar o fim daquela sensação. Então ele sorria junto a sua boca, ofegante, esgotado, mas muito satisfeito. Quinn tentou retribuir, mas nem para isso tinha forças. Se não fosse o corpo dele pressionando-a contra a parede, com certeza não se sustentaria de pé: — Tudo bem por aí, docinho? — ele perguntou em seu ouvido. — Não — foi sua resposta sussurrada e fraca. Sentiu Zane ficar tenso atrás dela e não pôde evitar rir baixinho. Então voltou-se, enlaçou seu pescoço e o fitou, com olhar preguiçoso: — Meus ossos e músculos foram transformados em gelatina. Ele suspirava aliviado, encostando a testa na dela: — Mulher, você me assustou! Eu pensei que a tinha machucado! Posso ter sido um pouco bruto... — acariciava sua face, com ternura. — Sim, você foi bruto — Quinn o beijou suavemente — Mas eu gostei. Muito! Zane sorria satisfeito. Afastou-se um instante para se livrar da camisinha e a puxou para o chuveiro com ele: — É como eu disse... — começou, abraçando-a — me assusta o que sinto quando seu corpo está perto do meu! Eu perco o controle! — Sinto algo parecido, não se preocupe. E isso é bom, porque podemos nos divertir um pouco. Acho que provamos que somos bons juntos, não? — Oh, sim! Somos muito bons juntos, Quinn Bee. Ela sorriu diante do apelido. Nunca fora de apelidos, mas adorava os que ele lhe dava: — Agora, seja honesto comigo — inquiria, agora já bem instalados na cama grande dele, com o queixo apoiado em seu peito — Me trouxe até aqui com a pior das intenções, não foi? Zane sorriu de forma marota: — Pelo contrário, bebê. Foi com a melhor das intenções. De jeito nenhum! Eu não preciso de você aqui! — Imitava-a, fazendo trejeitos afeminados. Quinn jogou a cabeça para trás, rindo alto: — Eu não falo assim, tão afetado, ok? Estava furiosa naquele momento! Eu nunca imaginaria que terminaria a noite de volta a uma cama com você! — Não mesmo? — provocava ele. Com olhos estreitados e mordendo o lábio, o fitou de soslaio. Por fim admitiu: — Bem, digamos que eu almejava isso. Mas tinha de me preservar, ao menos até arrancar um pedido de desculpas seu! Hey! — ela pulava da cama de repente — Que horas são? — antes mesmo de esperar a resposta, já saia do quarto, anunciando — Preciso do meu celular. Meu pai me liga toda noite para desejar boa noite, se não atendo, já viu. Fica todo preocupado – terminava, em tom alto, já que se encontrava na sala. Ela aproveitou e vestiu sua calcinha que estava jogada no chão do banheiro e retornou ao quarto, com o celular nas mãos: — Porra, garota! Você é muito gostosa! — ele dizia quando ela veio sinuosa, suas curvas expostas, os seios fartos, firmes desnudos e sentou-se sobre suas coxas. Quinn jogou os cabelos para trás, orgulhosa e sem pudor algum em mostrar seu corpo. Sorriu-lhe provocante, deslizando suas unhas do pescoço dele, por tórax definido e por seu tanquinho rasgado: — Você também é muito bom de se olhar. Ele beliscou lhe um mamilo, em resposta: — Por que a calcinha? Planejo tirá-la daqui a pouco... — Bom, eu achei que seria meio estranho, atender ao telefonema de meu pai, completamente nua. Zane riu, meneando a cabeça: — Se ele demora a ligar, iria te pegar no meio de algo bem mais embaraçoso. Ela deu de ombros: — Um risco que corro — ela indagou de repente — Quando começou a malhar? Seus olhos examinavam atentamente os seios palpitantes dela, o desejo estampado neles: — Bem cedo. Acho que com dezesseis anos. Quinn arqueou seu corpo para mais perto dele, para contornar os músculos dos ombros, então seu belo peitoral. Zane, por sua vez, aproveitou para tomar os seios dela em suas mãos, massageando-os suavemente. — E você deve malhar pesado, não? — ela falou, pausadamente, adorando o que ele lhe fazia — Para ser assim tão definido. — Bastante — agora os polegares dele roçavam o mamilos escuros, deixando-os eriçados — Eu gosto. É algo que me tira o estresse. — Ok — sua pele se arrepiava sob os comandos dele. E já desejava que ele os tomasse em sua boca e os sugasse até a exaustão — E quanto a essa tatuagem — seus dedos contornavam os desenhos, vagarosamente, os olhos dele acompanhando seu trajeto — Quando a fez? Zane deixou os seios dela e ela quase lamentou. Ele a pegou pelos quadris e encaixou sob seu pau, que estava sob o lençol, já duro como pedra novamente. Ainda a segurando, fazia com que deslizasse para frente e para trás sobre seu eixo. — Assim que completei meus dezoito anos. Foi o presente que dei a mim mesmo. Quinn adorou o contato. Mais um pouco para cima e seu clitóris entraria na brincadeira. Sabia que se isso acontecesse, ela não duraria muito. Então aceitou o ritmo dele que a estava deixando molhada e pronta para recebê-lo de novo, num futuro não muito distante, esperava. — E o que ela significa? — ela não sabia como ainda conseguia raciocinar. Zane olhou pensativo para o desenho negro ao longo de seu braço, pensativo e parou de movê-la sobre ele. Quinn cogitou reclamar, mas a expressão dele a deteve. Estava sério: —Eu estava numa época em que me encontrava meio perdido. E vi esse desenho no portfólio do tatuador e de alguma forma, parecia que ele representava o momento em que eu estava passando. Labirintos, caminhos sem saída... Sem saber direito o que faria da minha vida. Ao mesmo tempo em que me lembrava de um olho de um tigre — ele apontava o ponto que realmente se assemelhava com o olho do felino, que ficava bem em cima de seu peito, no lado esquerdo — voraz, com vontade de viver. Era exatamente o que eu procurava. Então, alguns anos depois, quando eu já sabia o rumo que queria dar a minha vida, fiz essa — ele mostrava a outra tatuagem, a qual ela ainda não tivera muito tempo para examinar. Essa se estendia de seu quadril direito, até sua coxa forte, seguindo o mesmo tom da anterior, mas um pouco diferente em seus traços, mais parecendo um rascunho de um grande pássaro — que para mim representa liberdade. Que posso voar para onde quiser ir, sem amarras ao passado. — Uau! — declarava, encantada com a narrativa dele — é uma bela descrição! Zane riu um pouco encabulado. Nunca tivera de explicar as origens e o porquê de suas tatuagens: — Penso que não se deve fazer uma tatuagem simplesmente porque decidiu no momento. Isso é uma marca, vai te acompanhar pelo resto da vida. Tem de ser bem pensado. — Nunca se arrependeu de tê-la feito? — Nunca! — afirmou com veemência — Elas têm esse significado para mim. Marcam épocas que quero lembrar sempre. — E planeja fazer outras? — Não. Acho que está bom assim, não? — ele olhou para todo seu peito, fazendo- o inflar, com um sorriso convencido nos lábios. Quinn sorriu, admirando-o. Ele sabia que era irresistível. — Sim. Está ótimo assim — ela se mexeu sobre ele, provocando-o — Se eu fosse tatuar algo no meu corpo, o que acha que combinaria comigo? Zane deu uma bufada, enquanto a apertava contra seu pau novamente: — Sua pele é perfeita assim, Quinn. Ela revirou os olhos: — Falando hipoteticamente, Zane. O que acha que combinaria comigo? Zane examinou seu corpo lentamente. Quinn não se fez de rogada, voltando a jogar os cabelos para trás, empinando os seios para afrente. Ele apreciou seu gesto, acariciando suas coxas com as mãos grandes: — Cerejas — disse de repente — Duas únicas cerejas — ele deslizou o polegar sobre seu quadril esquerdo, pouco acima da calcinha, que era baixa — Bem aqui, onde só eu possa ver — seu tom era rouco, sexy — e lamber. E admirar, enquanto te fodo com minha boca — fitou-a sério e Quinn prendeu o ar. 13º — Ok. Você sabe como deixar minhas pernas feito gelatinas. Agora eu me vejo tentada a fazer uma — segurou o rosto dele entre as mãos e o beijou, remexendo seus quadris sobre ele, provocando-o. Zane, por sua vez, espalmou suas mãos grandes no bumbum dela, apertando-o, esfregando-a em seu membro para lá de rijo: — Você não precisa ter uma tatuagem para que eu te foda com minha boca, Quinn — murmurou contra seus lábios — Isso é sempre um prazer. Ela gemeu e aprofundou ainda mais o beijo, apertando-se contra seu corpo grande. Aquela voz dele, a perspectiva de sua boca... Lá, a deixavam tonta de antecipação. Aquele homem era combustão pura e incendiava suas veias. Beijou sua face, mordiscou seu queixo, descendo por seu ombro, traçando alguns contornos de sua tatuagem com a língua e continuou sua descida. Notou que Zane tinha os olhos estreitados, respiração suspensa, observando-a: — Tenho outra curiosidade — dizia enquanto enfiava a mão sob o lençol, agarrando o pau dele. Ele arfou e soltou uma exclamação, quando ela o manuseou com um movimento lentamente doloroso: — O que você quiser, minha deusa! Quinn lhe sorriu maliciosa, o descobriu, seus dedos girando em torno de seu piercing: — Seu apadravya. Quando decidiu colocá-lo? Notou que o maxilar dele ficou rijo e temeu ter feito uma pergunta inoportuna: — Zane? — investigou, sem parar suas carícias. — Bom, eu temo que não vá gostar muito da resposta, bonequinha. — Arrisque — sugeriu, dando de ombros. Ele acariciou sua face, parecendo tentar escolhe as palavras: — Foi uma sugestão da Camille... Quinn bufou e girou os olhos: — Bom, então nesse caso eu devia agradecê—la! — foi sarcástica — você disse que a Camille é louca... Diga-me uma verdadeira loucura que ela tenha feito. — Hã... Fora ela ter quebrado sua porta? Deixe-me ver... Uma vez ela cismou que uma garota estava flertando comigo. Ela pôs fogo no cabelo da garota! — O quê? Você está brincando! — Não, não estou — ele realmente estava muito sério — Por sorte conseguimos apagar sem causar um dano mais sério à menina. — Algo mais? — Quer mais? — Zane riu, mas sem humor — Bom, uma noite ela chegou de surpresa na minha casa e simplesmente deduziu que eu havia traído ela, que a casa estava com o cheiro de outra mulher. Eu neguei, afinal, nada tinha realmente acontecido. Ela riscou meu Maverick. Todo ele! — Oh! Eu imagino o quanto você tenha ficado furioso com isso... — Furioso? Eu fiquei cego de raiva! E ainda por cima eu estava... — ele se interrompeu, parecendo não saber se devia continuar — eu estava bem alto, então eu parti para cima dela. Acho que só não a agredi porque Jake estava em casa. E isso não é tudo. Ela realmente não bate bem, Quinny. Por isso peço tanto que não se aproxime dela. Alto? O que ele queria de fato dizer com aquilo? Não questionou, mas sabia que aquilo iria assombrá-la: — Mas vocês não chamaram a polícia para ela? Zane passou a mão na nuca, parecendo desconfortável: — Bom, além de ela ser filha de um futuro juiz, na época, tanto eu, a garota do cabelo ao qual ela colocou fogo e a própria Camille... Bom, nenhum um de nós queria muito a polícia por perto. Foi... Um tempo meio tenebroso de nossas vidas, Quinn. — Eu... Eu entendo — Mas a verdade era que não entendia não. — Eu não me lembro de muita coisa daquele período, mas o pouco que me vem à mente, alguns flashes... Eu realmente não gosto do que eu era! — ele a investigava, estudando suas reações. — Não tem de falar sobre isso se não quiser, Zane... — Sim, eu preciso. Você precisa saber como eu era. Eu não sei como não terminei morto, ou matando alguém! Vivia fora de mim. Eu tinha “muitos amigos” dos quais eu não precisava. E os quais me incitavam a fazer coisas que eu nunca faria se estivesse no meu normal. E não sei como não perdi aqueles que realmente me importavam. E nesse período, eu estava com a Camille. A força do eu sentia por ela... Isso mexeu com a minha cabeça e isso foi o que me fez afundar no mesmo buraco que ela. Quinn de fato não gostou daquela declaração. A força do que eu sentia... — E quando ela me deixou... Estive à beira de cometer uma loucura. Se não fosse Jake estar ali e me estender a mão... — Eu entendi, Zane! — ela o interrompeu. A verdade era que não queria ouvi-lo falar daquela mulher. — E é por tudo isso que peço que fique longe daquela mulher, Quinn Bee. Ela é realmente perigosa... Quinn realmente não queria falar ou ouvir sobre Camille. E a única forma de encerrar aquele assunto, sem dizer as palavras, ela sabia bem. Assim, sem aviso prévio, deixou sua língua deslizar longa e lentamente pelo pênis deliciosamente ereto em sua mão: — Porra! — Zane grunhiu, pego de supressa, seu quadril se arqueando para fora da cama. Sorrindo de lado, ela ficou feliz em ter alcançado seu intuito. Ele não estava mais falando da ruiva: — Algum problema, grandão? — Quinn o provocou, falando mansamente, e voltando a deslizar a língua por sua extensão tesa. — Não! — ele bufou, rapidamente, o maxilar fortemente contraído e respiração irregular — nenhum, bonequinha... — Ótimo! — Baixando seus olhos para o pau dele, ela de fato o admirou. Seu apadravya... Visto de perto, podia até ser algo assustador. Mas ela sabia do prazer que aquele pequeno apetrecho lhe proporcionava. E ele era grande,bem grande. Nunca caberia inteiro em sua boca. Lambendo os lábios, dirigindo um rápido olhar para um tenso e expectante Zane, o tocou com a ponta da língua, brincando um instante com seu piercing, mas logo em seguida, o tomou em sua boca, gemendo no processo. Zane não pôde evitar a torrente de palavrões que escaparam de sua boca. Mas era humano! E ter a boca de Quinn em volta de seu pau. Era a sensação mais alucinante de sua vida! Ela tinha o belo traseiro erguido enquanto sua cabeça estava para baixo, para que o saboreasse. O que fazia com maestria. Queria ter uma visão melhor daquela linda bunda, mas estava oposta a ele. Juntou os cabelos dela com as mãos, fazendo um rabo de cavalo e o segurando para assistir melhor a cena. Ela sugava com gosto, hora se detendo na coroa rosada de seu pênis, lambendo-o... E quando fazia isso.... Suas bolas se retorciam e seu baixo- ventre se contraia: — Assim, meu bem — a incentivava — Oh, Deus! — sua cabeça pendia para trás, seus olhos se fechavam, quando ela gemeu junto a sua carne e o sugava lentamente outra vez — Oh, Quinn! Essa sua boca — puxando-a pelos cabelos, a trouxe para um beijo intenso, sentindo seu gosto nela. Quando a soltou, ela voltou a tomar seu membro na boca. Zane ofegou. Agora usava uma mão para manuseá-lo, gemendo e se contorcendo, parecendo tão alucinada quanto ele. Não duraria muito! Sabia disso! Seu inconsciente o incitava a meter com força naquela boca e teve de se controlar muito para não o fazer. Ao contrário, mantinha-se quase imóvel, apreciando cada mínimo detalhe: — Quinn!— seu corpo todo ficou rígido, muito perto da explosão. Queria avisá-la do que estava prestes a acontecer, assim como também adoraria gozar na boca dela. Mas não o faria sem o consentimento dela. E ele tentou afastá-la, colocando mais pressão no aperto em seus cabelos, na tentativa de puxá-la, mas Quinn resmungou e libertou-os, continuando a degustá-lo. Bom, esse era um consentimento. Dessa forma, Zane assistiu ao mais belo espetáculo da terra; ela o sugava com paixão, sua língua fazendo um estrago, tanto lá embaixo, quanto na mente dele. Não foi muito longe. Logo Zane se libertava diretamente na garganta dela. Mesmo durante sua empreitada rumo ao orgasmo, teve ciência de examiná-la, para ver se não havia nenhum tipo de desconforto por parte dela. Podia bem ter se arrependido no meio do processo. Mero engano. Quinn parecia compenetrada em terminar e de forma esplêndida o que tinha começado. Não o soltou, até fosse um amontoado de músculos soltos sobre a cama e que houvesse sugado sua última gota. Então o soltou, sorrindo como uma gata saciada, deslizando os dedos pelos cantos de seus lábios e veio se aconchegar na curva de seu braço e ombro. Só faltou ronronar, mas soltou um longo suspiro languido: — Ainda bem, grandão? Zane deixou uma longa respiração escapar. Colocando um braço sobre a nuca, beijou o alto da testa dela: — Você sugou a minha alma! — Eu não acredito que você disse isso! — Quinn gargalhou. Eram quase quatro horas da manhã, quando Quinn acordou sedenta... Por água. Zane insistira em pagar pelo que ela havia feito por ele, na mesma moeda. E a brincadeira se estendera por horas, até caírem esgotados, suados e ofegantes um nos braços do outro. Ele era insaciável... E ela amava isso! Ok, amar era uma palavra forte. Adorava aquilo! Voltou-se delicadamente, encontrando-o ao seu lado, deitado de barriga para baixo, seu longo e tonificado corpo exposto, já que ela lhe roubara todo o lençol. Não pôde evitar admirá-lo, suas costas largas, seu traseiro bem-feito e suas pernas muito compridas e trabalhadas. Resistiu ao impulso de tocá-lo. Não queria acordá-lo. Ainda. No fundo, tinha esperanças de uma rapidinha, antes de ir para casa. Muito devagar, deixou a cama e então o quarto. Recolheu a calcinha e a camisa dele no caminho e as vestiu na sala. Sorrindo como boba, pensou que nunca se recuperaria daquela noite nos braços de Zane Hudson. Caminhou em busca de água e tentou não pensar no que seria dali para frente. Pensamentos como o que de fato Camille significava para ele, o assunto sobre estar “alto”. E principalmente o que ele dissera sobre não querer se apegar a ela e que não procurava um relacionamento. Tudo isso girava na cabeça dela, agora que estava fora daquela nuvem de luxuria que seu corpo andara mergulhado. Ela sabia estar com um homem e não se relacionar com ele? Como é que isso funcionava? Principalmente para ele. Será que... Seria possível que ele ainda a procuraria, mas também teria outras mulheres? Inconscientemente ela franzia o cenho. Não gostava de compartilhar. Com certeza não gostava. E também não estava interessada em sair com mais ninguém, além do homem enorme jogado na cama a poucos metros dela. Sorriu brevemente da lembrança, mas esse mesmo sorriso morreu rapidamente. Obviamente não queria ser a chata e o encher de perguntas sobre o futuro. Bufou, caminhando sem notar para a sala. Esperava não trocar os pés pelas mãos. Se envolver demais pelo moreno tatuado e ter seu coração partido de novo. Além de um belo macho, era engraçado, carinhoso e fodia magistralmente muito bem! Belas combinações para um homem e muitos riscos para a saúde mental de uma mulher como ela. Um movimento chamou sua atenção. Zane se detinha no batente da porta, vestindo uma boxer branca. Sexy como o inferno, coçando preguiçosamente o peito: — Por um momento eu pensei... — ele começou, seu tom rouco de quem acabara de acordar. — Que eu tivesse ido embora? — Quinn socou o ar, fingindo raiva — Droga, porque eu não pensei nisso? Seria um ótimo castigo pelo que fez comigo! — Eu acho que já pedi desculpas... De várias formas! — Será preciso muitas outras noites como essa para que eu te desculpe! — Quinn quase se arrependeu pelo que havia acabado de dizer. Várias noites? Melhor ir com calma. Mas Zane sorriu e veio enlaçar sua cintura, acariciando seu rosto e ela ficou mais tranquila: — Isso nem será um castigo — trouxe seu rosto para perto, beijando-a docemente, provando seu lábio inferior e depois o superior. Logo investia, invadindo seu recanto úmido, buscando sua língua. Quinn era receptiva, aceitando suas investidas e as devolvendo: — Mas o que está fazendo aqui e não na minha cama? — Eu senti sede e não quis te acordar por isso. Estava voltando e parei uma instante para admirar seus instrumentos — mentiu e mostrou as peças dispostas em seus devidos pedestais — São lindas! Zane as fitou parecendo orgulhoso: — Me custaram uma boa grana! — E elas estão aqui de enfeite, ou você toca mesmo? — provocou. Zane bufou com despeito, fazendo-a se sentar no sofá e pegando a guitarra: — Com toda certeza de que ela não é só um enfeite! — e se acomodava na mesinha de centro, frente a ela — Eu tenho uma banda, sabe? — Tem? — Quinn se surpreendeu. — Sim. Tocamos só por diversão, na casa de amigos e em algumas boates na cidade e redondezas. — Hum, e pela sua aparência, country não é o que você toca. — Gosto de ouvir de tudo um pouco, mas o que tocamos mesmo é rock. Quinn fez uma careta: — Hum, não sou muito uma garota de rock. Eu gosto de música clássica, pop, jazz... E eu curto Britney Spears! — anunciou num tom de desafio, o queixo erguido. — Britney Spears, garota? — agora era Zane quem fazia careta. — Sim, eu gosto e assumo isso! — deu de ombros, rindo — mas o que amo mesmo é jazz. Frank Sinatra e atualmente Michael Bubblé. — Ok, jazz-girl! Mas o que toco não é hard rock, apesar de curtir também. Toco muito clássicos do rock. Por exemplo essa — ele começou a dedilhar alguns acordes na guitarra — Impossível que você não goste dessa! E então ela reconheceu Waiting for a girl like you – Foreigner. Impossível não sorrir. Os acordes eram bem suaves e quando ele começou a cantar a letra... Um longo e lânguido arrepio lhepercorreu a coluna. Tinha uma voz linda, falando, sussurrando em seu ouvido, mas cantando, era de deixar qualquer calcinha molhada. Fora que a letra tinha um quê de haver com eles no atual momento... Esperando Por Uma Garota Como Você Por tanto tempo, tenho procurado tanto, Estou esperando há tanto tempo Às vezes não sei o que vou achar Só sei que é questão de tempo Quando você ama alguém, Quando você ama alguém, Parece tão certo, tão verdadeiro Preciso saber se você sente isso também Talvez eu esteja errado Você me diria se eu estivesse forçando a barra Esse meu coração já foi machucado antes Dessa vez quero ter certeza Estava esperando por uma garota como você entrar na minha vida Estava esperando por uma garota como você, a cujo amor sobreviverei Estava esperando, alguém novo Pra me fazer sentir vivo Yeah, esperando por uma garota como você entrar na minha vida Você é tão boa, quando fazemos amor pode-se entender É mais que um toque ou uma palavra que dizemos Somente em sonhos isto poderia ser desta forma Quando você ama alguém, sim, Eu realmente amo alguém Agora, sei que é certo Do momento em que acordo até o fim da noite Não tem outro lugar onde eu gostaria de estar Do que aqui te abraçando, ternamente Estava esperando por uma garota como você entrar na minha vida Estava esperando por uma garota como você, a cujo amor sobreviverei Estava esperando, alguém novo Pra me fazer sentir vivo Yeah, esperando por uma garota como você entrar na minha vida Estava esperando, Esperando por você, ooh, Estava esperando Estava esperando (estava esperando alguém como você, estava esperando) Você não vai entrar na minha vida? Quando ele terminou, fazendo um gracejo, ela jogou a cabeça para trás, numa gargalhada deliciada: — Ok. Dessa eu gosto. E agora ainda mais — declarou, segurando o rosto dele entre as mãos e o beijando com carinho — Você já deve ter pego muitas garotas tocando para elas, não? Ele deu um risinho suave e piscou para ela, com cara de culpado, mas sem vergonha, coçando o queixo: — Bem, sim, eu já baixei muitas calcinhas assim... — Seu cachorro! — ela o encarou, injuriada e deu-lhe vários tapas no peito — Que fique claro que comigo não foi assim! — Bom, a sua eu tirei antes de cantar... — alfinetou sem pena Quinn fechou os olhos e gemeu: — E eu me odeio por isso! Bom — ela se punha de pé e o puxava para ocupar seu lugar no sofá — Mas agora que você me mostrou algo que sabe fazer, eu vou te mostrar algo que eu sei fazer... — Vai me chupar? — ele sugeria, abandoando a guitarra ao lado e sua mão grande deslizando sobre seu pau que já ameaçava uma ereção. Quinn riu revirando os olhos, se colocando de pé: — Eu já fiz isso, seu tarado! — Não me importo em repetir a dose. Finjo que é a primeira vez de novo... — Não! — ela o cortou. 14º — E se eu pedir, por favor? — Seja um bom garoto e se comporte! E quem sabe depois? — deixou a sugestão no ar, olhando-o por sobre o ombro, enquanto se encaminhava para o centro da sala. Então, limpando a garganta, ela parou ereta frente a ele, os braços flexionados com as palmas para baixo e pés voltados para fora. Zane franziu o cenho, não entendendo o que ela planejava fazer. Agora ela esticava os braços, separando as pernas. O que se seguiu diante dele o impressionou. Quinn graciosamente se punha nas pontas dos pés, queixo erguido e dava pequenos saltos de um pé para o outro, sempre complementando com os braços. A postura dela se assemelhava a uma ave graciosa, até mesmo os gestos que fazia com as mãos o arremetia a isso. Suas longas pernas estavam desnudas e a blusa dele que vestia, subia com os gestos, expondo suas coxas firmes e bumbum arrebitado. Era uma perfeição. Zane sorria assistindo fascinado do sofá, os giros elegantes e delicados que dava agora. Segurando agora a ponta de um pé, ela o elevou até sua longa perna estar rente a seu corpo. Ele não pôde se conter, torceu a cabeça para um lado, admirando toda sua flexibilidade. E também não pôde evitar um assobio agudo, fazendo-a sorrir. Para completar, Quinn deu vários giros no lugar, esticando e recolhendo uma das pernas, até por fim, terminar no chão, com um belo e perfeito espacate. Zane aplaudiu e voltou a assoviar, enquanto ela se levantava com toda graça e se curvava num cumprimento: — Uau! Isso foi incrível, bonequinha! E eu achando que estava arrasando ao dedicar uma guitarra — dizia, de fato admirado, quando ela veio se sentar na mesinha a sua frente — Essas coisas todas que você fez... — gesticulava com as mãos, tentando descrever os passos dela, fazendo-a rir — o que posso dizer? Uau! — Obrigado, gentil senhor — Agradecia, fazendo um gesto que ele já estava se acostumando e que parecia ser uma mania dela, morder a língua antes de uma frase. Além de tudo era muito sexy, como agora, quando ela torcia os braços, dedos entrelaçados e um ombro erguido, como se estivesse encabulada. — Mas fiquei pensando... Você deve ficar uma delícia naqueles collants bem apertadinhos de ballet! Dando de ombro, torceu os lábios: — Já me disseram que não fico mal. — Eu imagino! — Agora, eu estou tentando imaginar você também naqueles collants masculinos — não conteve-se e começou a rir, olhando para o pênis volumoso dele sob a boxer. Zane seguiu seu olhar: — Acho que seria muita exposição. — Indecência! — E seria assustador para alguns... — ele deslizou sua mão grande por todo seu eixo, que agora ameaçava se armar, de forma convencida. — Não me assustou! — Nem um pouquinho? Nem mesmo da primeira vez? Quinn olhou para cima, como se recordando: — Ok, talvez um pouquinho, senhor pênis enorme! — dramatizou ela. — Eu gostei desse apelido! — ele coçou o queixo. Bufando, ela revirou os olhos: — Homens e seus brinquedos! — Onde, como aprendeu tudo isso? Essa dança? Quinn suspirou, como se tentasse se lembrar: — Acho que danço balé desde que comecei a andar — abraçou um joelho, trazendo-o até seu peito — sabe? Era sonho da minha mãe ser uma bailarina clássica profissional. Mas ela infelizmente não tinha o talento necessário. Assim, com o meu nascimento, transferiu seu sonho para mim! E logo me colocou para dançar. Eu gostava, quando criança. Mas depois de algum tempo começou a ficar uma coisa séria, não mais uma diversão. Minha mãe me impediu de ir a várias festas de amigos, porque no dia seguinte, havia algum teste. E o pior; começou a regrar, de forma sufocante, o que eu comia! E, você não entende, eu adoro comer! — riu de si mesma — mas era o sonho dela e não tinha coragem de dizer nada. Tudo ficou tão sufocante! E aos meus doze anos, uma grande companhia russa veio para a cidade para fazer audições. Nossa, minha mãe ficou eufórica! E eu sabia que ia passar naquele teste! Não só por causa do meu talento, que era razoável, mas porque minha mãe era muito amiga do diretor da companhia. Fiquei simplesmente desesperada! Sabia que depois desse passo, não haveria volta! Estava tão tensa, que num salto cai de mau jeito e machuquei meu joelho. Não foi nada sério, mas por sorte, o médico que me atendeu no hospital era o meu padrinho e eu implorei para ele que dissesse que era coisa grave e que eu não poderia mais dançar! — Garota má! — ralhou Zane, fingindo reprovação. — Hey! Eu me senti mal por aquilo, ok? Mas era a minha vida, eu tinha de agir! — E seu padrinho te ajudou! — Sim. Contragosto, mas ajudou. Ele sentiu todo o meu desespero. — E como sua mãe ficou com isso? — Pode imaginar? Devastada! Tanto que quase mudei de ideia e contei a verdade. Quase! Eu gostava e ainda gosto de dançar balé, mas não era o que eu queria fazer como carreira! — seu semblante ficou sério ao continuar — eu amo minha mãe, mas... Bom, ela pode ser bem opressiva quando quer. Um dos fatores de eu ter saído de casa, foi para tentarevitar ficarmos batendo de frente uma com a outra — percebendo que estava divagando, suspirou e lhe inquiriu — mas e você? Não me falou nada da sua família. — Bom, tenho uma irmã que mora em Atlanta. Meu pai morreu há alguns anos. — Oh, sinto muito. E sua mãe? Quinn notou que ele evitou seu olhar e um músculo no pescoço dele pareceu saltar e seu maxilar ficou tenso. Mentalmente, tentou descobrir se havia dito algo errado. — Eu não tenho mãe. Foi a resposta seca que recebeu e decidiu não questionar, além disso. Mas o silêncio, que era uma novidade entre eles, imperou por um instante. Mas logo Zane suspirava e esfregava as mãos em suas coxas musculosas: — Sabe o que notei agora? — O quê? — Que já devem fazer, pelo menos, vinte minutos que não a beijo! — seu semblante era teatralmente sério. Quinn torceu os lábios e meneou a cabeça, negativamente: — Falta grave, grandão! Muito grave! Ele sorriu, chamando-a com dois dedos: — Então traga esse corpinho delicioso até aqui, porque eu já estou sedento por sua boca, docinho! — ordenou. Toda sinuosa, Quinn começou a se levantar, lentamente, para apreciação de seu olhar quente, que vagueava por todo seu corpo. Apoiou as mãos nos joelhos dele, lhe oferecendo os lábios. Ele os aceitou, beijando-a e mordiscando, lançando longos arrepios por toda a espinha dela. Logo as mãos estavam em sua cintura e descendo para seu traseiro, puxando-a esparramada sobre seu colo. Ajeitou seu corpo grande, deslizando-o para a beirada do sofá e suas costas apoiadas no encosto. Assim, Quinn tinha seu pau rijo bem em contato com seu clitóris. E o maldito devia saber disso, pois começou a massagear seu bumbum, de forma a estimulá-la: — E ainda não me esqueci do; Quem sabe depois? — murmurava junto a sua boca. Quinn jogou a cabeça para trás, numa gargalhada sonora. Zane aproveitou esse movimento para abocanhar um mamilo sob a blusa, mordendo-o: — Homem insaciável! — O que eu posso fazer se você é muito boa com essa sua boca também? — emaranhando os dedos entre seus cabelos, buscou novamente seus lábios, provando- os com fome. Ela sorria entre o beijo, rebolando sobre ele: — Bom, se fizer um bom trabalho, posso pensar no seu caso... — Faço o que desejar, minha boneca! — Bom! Comece me beijando outra vez... — Posso fazer outras coisas também — Sugeria, enfiando as mãos sob a blusa, acolhendo os seios fartos em suas mãos e provocando o mamilo já rijo. Quinn apoiou as mãos ao lado do corpo dele, no encosto do sofá, agora fazendo um longo e lento movimento, para frente e para trás, deslizando toda sua boceta na extensão tesa do pau dele. Era muito bom! — Bom, você sabe. Posso ser muito bom com a minha boca também. Ela bufou e voltou a revirar os olhos: — Bah! Muita conversa e pouca ação, apadravya boy! — incitou-o. Zane parou suas carícias e a encarou, parecendo ofendido: — Isso foi um desafio, bonequinha? — Entenda como quiser! Antes que concluísse a frase, foi jogada sobre o sofá e ele estava sobre seu corpo. Ela deixou um grito de surpresa escapar da boca: — Eu nunca fujo de um desafio, Quinn Bee! No entanto, quando Zane se abaixou para atacar sua boca, o estômago roncou ruidosamente. Quinn arregalou os olhos. — Me desculpe! — ela escondia sua cabeça no ombro dele, rindo constrangida — Mas você sabe que não foi de propósito! A verdade é que não comi nada desde o almoço... — Quem deve desculpas sou eu bonequinha — acariciava seus cabelos, como que confortando-a — Fiquei fodendo esse seu lindo corpinho quase que por horas e nem sequer ofereci te alimentar! Essa sim é uma falta grave! — Não que eu estivesse reclamando... — Quinn deu de ombros, o encarando de novo — mas é que realmente a fome me apertou agora! — Ok. Então tire toda sua delícia de cima de mim que vou te alimentar decentemente! — anunciou, batendo em seu bumbum — vou preparar algo para você comer... — O quê? Você vai cozinhar para mim? — ela exclamava, surpresa. — Claro! Acho que tenho ingredientes para uma omelete na geladeira... — Eu amo omelete! — Quinn exaltou, pulando nas costas dele, quando este se colocou de pé. Zane ria gostoso, carregando-a para a cozinha, que era dividida da sala por um balcão. A depositou nesse, enquanto abria a geladeira: — Ovos... Queijo, tomates, alguns temperos... — colocou os ingredientes ao lado dela, que esfregava as mãos — Acho que é isso. — Para mim, parece perfeito! — Ok, então você corta os tomates... — os entregou a ela, depois de lavá-los, que os encarou como se fossem bolas de fogo. — Tem certeza? Zane colocou uma mão na cintura e a outra sobre os olhos, meneando a cabeça: — Meu Deus! Qualquer um pode picar tomates, Quinny! — Se você diz... Ainda meneando a cabeça, ele voltou-se para pegar uma tigela onde quebrou os ovos, com uma desenvoltura que deixou Quinn de queixo caído. E ficou tentando descobrir de que forma começar a cortar os tomates. Dando de ombros, começou como achou que deveria. Ficou admirada em como ele parecia saber exatamente o que fazer numa cozinha. Sentiu-se envergonhada. Como mulher, ela devia entender daquelas coisas... — Bonequinha... — Zane interrompia seu devaneio, fitando os tomates esquartejados que estavam de frente a ela — eu vou rechear a omelete com isso aí. Não ao contrário. Pique em tamanhos menores, ok? — Pique em tamanhos menores! – balbuciou, o imitando, fazendo careta — Eu disse que não sabia fazer isso! Aí! — gritou surpresa, quando um tapa estalado lhe acertou o traseiro. — Não reclame e corte direito, mulher! — Chauvinista! Ele voltou a rir e ela lhe mostrou a língua, num gesto de rebeldia. Depois de dispor os pratos sobre o balcão, ele disse em tom de desculpa: — Eu não tenho nada alcoólico em casa, mas tenho suco de laranja, uva... — Uva está ótimo! Momentos depois degustavam a iguaria. Ela, faminta, gemia de contentamento a cada garfada, deixando Zane tão encantado, que mal tocava em seu prato: — Sendo uma draga dessa forma, como se mantêm tão gostosa? — provocava. Quinn levou uma mão à boca, para conter o riso e segurar o alimento, já que essa estava cheia: — Você não tem noção do que tenho passado desde que sai da casa dos meus pais! Eu tenho quase passado fome, então acredite, quando encontro uma boca livre, eu de fato aproveito! — Pobre garota rica! — ironizava ele. Quinn apontou o garfo em direção a ele, enquanto terminava de mastigar. Depois o ameaçou: — Se sua canela estivesse ao meu alcance... — Você não existe! — ponderava Zane, sentindo seu encantamento por aquela garota aumentar cada vez mais. E ele não sabia se isso era bom. — Cale a boca e coma, senão vou atacar a sua parte também! Zane meneou a cabeça, divertido, voltando para seu prato, pensando que daria sua porção com gosto para ela. Sentiu que daria a ela o que quisesse. Outro pensamento bem perturbador. Depois de limpar seu prato, estando saciada, Quinn suspirou e espreguiçou-se, não conseguindo controlar um bocejo. Procurou por um relógio e o encontrou sobre a geladeira: — Meus Deus, já passam das cinco da manhã! — se espantou. — Parece que sim — franzindo o cenho, Zane pensou que nunca o tempo havia passado tão rápido. E pensou que logo, Quinn iria embora. E depois? Ela veio se apoiar no balcão ao lado dele, encostando a cabeça em seu ombro: — Eu realmente preciso de algumas horas de sono, Zane! Não quero parecer um zumbi na loja amanhã! Hoje, aliás! — Eu entendo, bonequinha — levantou-a nos braços, e rumou para o quarto — Eu vou te colocar na cama, talvez cantar uma cantiga para te fazer dormir... — Hum, com essa voz sexy, melhor não. Senão dormir será a última coisa que vou querer fazer. Porém foi impossível deitar e de fato dormir. Quando Zane a beijou, o seu beijo de boa noite, logo se enroscava em seu pescoço e um simples beijo de boa noite se tornava profundo e as mãoscomeçavam a explorar... Não demorou muito e seus corpos estavam nus e Zane no meio das pernas dela, abrindo espaço entre suas dobras molhadas para seu pau duro, deliciosamente duro. Mas daquela vez diferente. Foi tudo muito calmo, ele muito carinhoso, beijando sua face seu queixo e então sua boca. Falava baixinho, muitas vezes indecências, fazendo a rir de puro deleite. Então seus movimentos eram mais rápidos, as palavras morreram e os olhares estavam presos, das bocas escapavam gemidos agoniados de prazer. Quinn sentiu cada detalhe de seu êxtase, contendo-se com muito custo para manter os olhos abertos e ainda o fitando. Quando ele gozou, urrando sua libertação, jogou sua cabeça para trás, mas ela o trouxe de volta, buscando seus lábios, bebendo seus gemidos. Logo adormecia, esgotada e feliz nos braços dele. Descendo do Maverick, Zane contornou o carro para abrir a porta para ela: — Vai mandar que consertem essa janela hoje, certo? — Vou sim, Grandão — ela descia e o enlaçava pelo pescoço, tascando um beijo estalado em sua boca que estava esticada numa linha fina: — Não se preocupe — o tranquilizava — Aquela louca não vai voltar. Zane riu com ironia, recostando-se no carro e circulando sua cintura fina com um braço e a colocando em seu corpo: — Acho que não estamos falando da mesma louca... — Nossas famílias são muito próximas, embora nós duas não! Acho que ela não faria nada que prejudicasse essa relação. Ela não é burra! E Bruce, o marido dela está se candidatando a deputado. Não perdoaria um deslize do tipo de um escândalo desses! — Mesmo assim, ela veio atrás de você, te ameaçou! — Creio que pensou que isso me afastaria de você, de uma vez por toda — sorriu maliciosa — Mal sabe ela. Zane fitou seus rosto bonito e acariciou sua face lisa: — Foi uma noite incrível, bonequinha... Quinn jogou a cabeça para trás, numa risada cristalina: — Eu não esperava que dissesse o contrário, meu caro! — ela deslizou a língua sensualmente pelos seus lábios — Eu dei — fez uma pausa proposital, provocando-o — meu melhor, na noite passada! Emaranhando os dedos nos cabelos dela, os puxou, fazendo-a erguer sua cabeça: — Sim, você deu — não concluiu a frase, devolvendo sua provocação. Então a beijava, tendo seus olhos ainda abertos, assim como ela. Um sorriso foi inevitável: — Eu realmente tenho de entrar agora, se não quiser chegar atrasada na loja... — E eu preciso investigar se ainda tenho um emprego, visto que devia estar nele há meia hora atrás! Ligo para você, mais tarde... — É bom mesmo! — ela se fingia de brava, segurando a gola da jaqueta de couro dele — Porque agora, eu sei onde você mora! — completou, entredentes. — Oh, não! Uma maníaca no meu pé já o suficiente! — balbuciou — Agora tire esse corpinho gostoso de perto do meu, antes que eu mude de ideia, te jogue sobre meus ombros e a leve para dentro e a foda de várias maneiras, por todo o dia. Quinn mordeu os lábios e estreitou os olhos, como se ponderasse a ideia: — Não me provoque, garota! Sou bem capaz de fazer isso! Sorrindo, mas muito contra gosto, se afastou do corpo rijo dele: — Foi uma noite incrível para mim também, Grandão — Admitiu por fim. — Quer dizer que tivemos um sexo de qualidade? Foi impossível não rir da lembrança dele. — Sim, muito sexo da melhor qualidade! Tanto que é possível que eu guarde o Hulk no fundo da gaveta, por enquanto... — Pobre Hulk! Perdeu seu parque de diversões! Não que eu me sinta culpado! E o melhor é que podemos repetir sempre! — segurou o rosto dela entre as mãos dando- lhe um longo beijo faminto. Em seguida a soltou e deu um tapa em seu traseiro: — Agora vá, bonequinha. Ela caminhou sinuosa até a porta e Zane deixou-se ficar, recostado no Maverick, admirando o balanço sensual de seus quadris. Quando ela fechou a porta, ele já se encontrava duro de novo. Sorriu colocando seus óculos escuros tipo aviador e tomou lugar na direção, rumando para a Harper’s, esperando encontrar Jake de bom humor. No caminho, não conseguia para de sorrir, ao lembrar-se dos acontecimentos da noite passada. Quinn era quente, sexy como o inferno e divertida. Que mulher! A sensação de estar enterrado em sua bocetinha quente. As expressões que ela fazia, enquanto arremetia contra seu corpo delicado. Correu a mão pelo rosto, contendo o ímpeto de dar meia volta no carro. Tentou não pensar em como seria dali pra frente. Havia dito a ela que não queria se apegar... “Parece que já é tarde demais, meu camarada!” — dizia a sim mesmo, enquanto manobrava o carro numa curva. “Parece que Quinn Armentrouth te pegou de jeito, chapa!” — suspirou, resignado. Conhecia aquele sentimento. E não sabia se ele era bem-vindo. Outros adoravam aquela sensação, mas ele passara por algo parecido e não terminara bem. Foi então que se lembrou de que precisava fazer algo. Parando o Maverick no meio-fio, sacou o celular. Discou uns números que sabia de cor. Ao terceiro toque, Camille atendia: — Zane? Meu amor, eu não acredito que finalmente está me ligando! Eu senti tanto a sua falta! Ela continuava a falar e ele esperou sentir a boca seca, seu coração descompassado e seu pau rijo ao um ponto doloroso, que era o que acontecia no passado, quando falava com ela. Não sentiu nada. Um sorriso de surpresa brotou em seus lábios. Era como se tivesse sido libertado de uma clausura que lhe tomara anos! Camille Fairfields já não tinha mais poder sobre ele! Aquela dependência, como todas as outras já era! — Camille... — tentou interrompê-la, mas sem sucesso. — Eu quero te ver, Zane! — sua voz agora era pastosa, quando antes considerava extremamente sexy — me diga onde você está e irei ao seu encontro... — Camille! — a cortou, de forma seca e brusca — Não estou ligando para falar de nós! — Zane? — parecia muito surpresa com seu tom — Por que está falando comigo assim? — Só quero lhe pedir uma coisa, garota. Deixe-me em paz! E por favor, pare de perseguir a Quinn! Está me entendendo? Ouve silêncio do outro lado da linha. Mas então, soando incrédula, ela começou: — Está me ligando para falar da Armentrouth? Ela foi se queixar com você? Aquela vaca... — Não ouse, Camille! Não vou permitir que faça mal a ela, fui claro? Não me procure mais, não me ligue, não me mande mensagens! Deixe-me em paz! — repetiu, enfatizando cada palavra — Você me deve isso! Outra vez o silêncio, mas dessa vez, ele podia ouvir a respiração ofegante dela. E logo uma torrente de xingamentos e ameaças se fez ouvir. E ela gritava. Tão alto que ele teve de afastar o aparelho do ouvido. — Você está fodendo com aquela desgraçada, não é? Você não pode me trocar por ela! Você me ama! Me. Ama! Sabe disso! — Não mais, Camille... — Seu merda! Não finja que não sente mais nada! Tudo o que nós passamos... — Eu espero um dia, você possa me esquecer! — Seu cretino! Maldito! Eu mato você e mato aquela vagabunda... Zane fechou o semblante: — Se ousar se aproximar de novo da Quinn — falava pausadamente e fez uma pausa para se controlar — nem sei do que sou capaz de fazer com você! — ela voltou a esbravejar, mas dessa vez, ele ignorou e concluiu — Eu espero ter sido claro com você! E desligou. Estava aliviado. Era fato. Estava livre de Camille. 15º Zane tentou passar despercebido quando chegou ao Harper’s. Tentou. Mas Jake apontou na porta de seu escritório, assim que o avistou: — Mas olhem quem resolveu dar o ar de sua graça? Colocando dois dedos sobre os olhos, Zane sorriu. Ao menos a voz do amigo aparentava bom humor. Assim voltou-se, com braços abertos: — Prometo compensar com hora extra, patrão! — Oh, sim você vai! — concordou, se aproximando — Olhe para a cara desse bastardo filho da mãe! Além de se atrasar, tem a ousadia de me aparecer aqui com essa cara de fodi à noite toda! E o pior: com certeza com aquela gracinha da Quinn Armentrouth!Ele não se deu trabalho de negar, coçando o queixo e carregando um sorriso preguiçoso nos lábios. Ao adentrar na loja, Quinn fez sinal para que Gwen a acompanhasse até sua sala. A outra estreitou os olhos, diante de sua expressão. No caminho, havia mandado mensagem para Júlia, pedindo que as encontrasse. — Hum, essa sua cara... — Querida, Gwen! Não me traga nada muito estressante hoje! — dizia com modo exageradamente afetado — Pois tive uma noite muito — enfatizou a palavra — agitada, então... Posso estar um pouco lenta, entende? — sorriu maliciosa. A morena estacou de queixo caído: — Você se encontrou com Zanedelicius?! — O quê? — Júlia também estacava, carregando a cesta do café da manhã — Esteve com Zane Hot? Mas como? Não estava com raiva dele? — Não entendi... — Jake franzia o cenho, confuso — a garota estava te evitando, fui testemunha disso! Até fiquei esperançoso, ao notar que ela fugia de você como o diabo da cruz... — O que posso fazer, se ela não resiste ao tatuado aqui? — Zane voltava a abrir os braços, seu peito parecendo ainda maior, com seu tradicional sorriso convencido na cara. — O que posso fazer, se não resisto àquele tatuado? — Quinn dava de ombros. — Ok. Mas comece a falar tudo. — A loira depositava a cesta no aparador e elas a cercavam, recolhiam cada uma um bolinho e se espalhavam pelas cadeiras da sala, Quinn na sua, atrás da mesa. — Como foi que o perdoou, assim tão fácil? — Bom, eu fui sincero, só isso — Zane concluía, já na sala do amigo, bebericando um café — e é claro, joguei meu charme — deu uma piscadela. — Seu safado! Mas por que ela te ligou, se parecia que preferia um cão raivoso em sua frente, a você? — Isso foi por causa da Camille... — Camille? — Júlia e Gwen exclamavam em uníssono. — O que ela tem a ver com tudo isso? — sua assistente indagava. — Acho que me perdi na história. — A outra balbuciou. — Bom, é que Zane e ela tiveram uma história no passado... — Mentira! — a morena a interrompeu. — Não é! E mais, ela não gostou de me ver com Zane. Assim, como represália, ficou mandando mensagem com ameaças e ontem, logo que cheguei em casa... ... Zane concluiu o acontecido e notou o ar de preocupação estampada na face de Jake: — Eu não acredito que essa mulher quer voltar para sua vida! Depois de tudo o que ela fez? Depois de eu ter de limpar a bagunça em que ela o deixou? — parecendo ter se arrependido do que dissera, o outro comprimiu os lábios — sinto muito, cara. Eu não queria... — Você tem toda razão, amigo. Não se preocupe. — O que de fato me preocupa é... O que você está sentindo, com a reaproximação dessa mulher? Zane se colocou de pé e começou a caminhar pela sala, pensativo. Entendia onde o outro queira chegar: — Também temi quando a reencontrei, Jake. E minha primeira impressão foi de... Pânico, acho. Levei muito tempo para superar o que sentia e então ela ressurge... Mas ter Quinn do meu lado me ajudou muito — não conseguiu evitar um sorriso — ela é... Bem, eu não posso colocar em palavras o que sinto quando estou com ela, mas o fato é que nem me lembro que existe uma tal de Camille por aí — agora seu sorriso era aliviado, tranquilo. — Mas o que diz Bruce a respeito de a mulher dele estar atrás do ex-amante? — Júlia redarguia. Gwen bufou, sarcástica: — Do que está falando, garota? Qualquer um sabe que esse casamento é pura fachada! Repare que ela nem usa o sobrenome do marido! E que Bruce Silverstone, com todo aquele porte másculo, adoraria desfrutar de Zane, ao invés da própria esposa. As outras riram: — Você é má, mulher! — Quinn ralhou — Quero mesmo morrer sua amiga. — Não disse nenhuma mentira — retrucava a morena, dano de ombro e atacando seu bolinho. — Bom, o fato é que aquela louca quebrou minha janela, deixou um bicho morto em minha porta, como aviso! — Mal sabe ela que só ajudou a unir o casal... — Júlia ponderou. — E não é mesmo? — Quinn sorriu largamente. — Agora eu não sei se fico aliviado ou duplamente preocupado... — Jake coçava o queixo quadrado. — Quem ficou sem entender agora fui eu. Me sinto livre de Camille Fairfield! Isso não é bom? — Sim, mas e quanto a você e Quinn Armentrouth? — O que tem ela? — São um casal agora? — Eu realmente não sei onde está querendo chegar, irmão. — Que você tem a tendência de se jogar de cabeça num relacionamento. — Isso não é verdade! — rebateu Zane — Eu só tive uma relação longa em minha vida. — Sim, e olhe no que resultou. — Você não pode de forma alguma comparar uma com a outra, Jake! Camille era nociva, um uma louca descontrolada! Quinn é como... Eu posso respirar ao lado dela. Ela é linda, divertida... Quente... — de novo sorria. — Ok, você não tem permissão de me falar da sua vida sexual com aquela gracinha! Ou me quer fantasiando com sua garota? — Não! — foi seco — Não quero nem que pense em Quinn! Porque ela está comigo agora! — Então são um casal? — Júlia inquiria com olhos sonhadores. Quinn foi pega de surpresa pela pergunta. Bufou, procurando as palavras: — Eu não sei! O que é ser um casal? Nós passamos duas noites juntos e... Foi muito bom! E em contra partida, passei sete anos com Ashton e não sei se posso considerar aquilo como uma relação saudável! — Você está fascinada por ele, Quinn! Qualquer um pode ver isso! Está muito diferente de quando estava com Ashton... — Isso é totalmente verdade! — concordou com Gwen — porque meu ex-noivo era grudento, mandão e um... Merda na cama, sejamos realista! Ao menos comigo! — reforçou — Zane me trata como mulher de verdade! Ele sabe o que fazer com suas mãos, com sua boca... Usa sua força, sem, no entanto, me machucar e sabe ser terno, mesmo num homem daquele tamanho — ela narrava, com olhos sonhadores, sem perceber a troca de olhares das amigas — me faz sorrir... Até cozinhou para mim... — interrompe-se bruscamente, ao notar as expressões de Júlia e Gwen — o quê? — Melhor não se apaixonar pelo moço tatuado aí, queridinha! Não quero nem ver a cara da titia Valentine quando for apresentá-lo à família... — Melhor não se apaixonar? — sua assistente ria irônica — Estou achando um pouco tarde para esse aviso — e se punha de pé. — Hey! Meninas, acalmem-se! Eu estou sim encantada, porque nunca fui tratada assim antes — se esquivava — só vamos ver onde tudo isso dá, ok? Não estou planejando pedi-lo em casamento... — resumiu, com um sorriso malicioso — mas, com certeza, vou usufruir muito daquele corpinho... — Corpinho? Jesus, me abane! É um insulto chamar tudo aquilo de corpinho! — Puxa! — Júlia se lamentava — Só eu que não o vi ainda! — retirando sua câmera fotográfica da frasqueira, fez sinal para que se juntassem — S selfie do dia, moças. Júlia tinha um estúdio fotográfico no centro da cidade, não tinha mais de um ano. Mas por ser filha de uma ex-modelo famosa, já tinha uma clientela boa e já estava ficando conhecida no meio, pois era muito boa no que fazia. As três se abraçaram e forçaram sorrisos e Júlia clicou, esticando o braço com a máquina em punho. — Cadela! — resmungava, enquanto olhava a foto na tela da câmera último tipo — Eu nem precisarei tratar a imagem dela! Olha essa pele? — mostrava para Gwen. — Sim, pele de quem está com a foda em dia! Eu a odeio! — dizia entredentes. Quinn gargalhou, puxando a máquina para verificar: — Também amo vocês, meninas! E eu nunca precisei de retoques em minhas fotos, ok? — fingiu-se indignada. Júlia e Gwen reviraram os olhos e caíram na risada: — Mal sabe ela... — a fotógrafa alfinetava. Ao longo do dia, tentou não pensar na pergunta de Jake. Se eram um casal. A única coisa que sabia era que desejava muito estar com Quinn. Sentir seu corpo fodidamente delicioso. Admirar seu sorriso fácil, em seu rosto bonito. Em uma coisa Jake tinha razão, estava se apegando muito rápido a ela... Mas era outra coisa na qual não queria pensar.Dedicou-se a moto do sr. Dumas. Amava de fato o que fazia e sabia como trabalhar com aquelas máquinas. Deixaria aquela belezinha com uma joia novamente! Era difícil não comparar o que tinha com Quinn e com seu relacionamento com Camille. Olhando para trás, podia ver que aquilo nunca fora amor. Fora semelhante a uma doença. Uma obsessão que quase lhe tirara a vida. Quando a conheceu, achou a mulher mais linda que já vira. E tinha de admitir que muito do que o prendera a ela, fora o sexo. Camille era vulcão, insaciável e criativa. Até por causa dessa criatividade, lhe arranjara um apadravya. Não pôde evitar um sorriso. Quinn gostava muito de seu piercing. E ele adorava a forma como ela reagia a ele. Gostou da forma como seus pensamentos não mais pairavam sobre a ruiva. E também se agradou de notar como era diferente pensar em Quinn. Ela lhe fazia bem. Tinha ciência que se aquilo se tornasse uma relação, algo mais forte e algo que não o desagradaria, teriam muito o que enfrentar. Ele não era exatamente o tipo de homem que uma ricaça da alta sociedade desejaria para sua filha. E como a própria Quinn citara, a mão dela não era a pessoa mais fácil do mundo. Mas também não sabia o que se passava com a cabeça de sua bonequinha. Era fato que gostava de foder com ele. E parecia apreciar sua companhia, além da cama, mas daí a desejar que aquilo se tornasse algo mais. Sim, era fato! Estava se apegando rápido demais a ela. E uma vozinha lá em seu interior lhe advertia para que se preservasse. Suspeitava de que se seu coração se quebrasse agora, talvez nunca mais se recuperasse. Já passavam das nove quando o celular tocou na casa de Quinn. Se jogando no sofá, agarrou o aparelho. Era Zane! A foto que ela tinha tirado estampava o rosto dele na tela com um sorriso largo e satisfeito depois da foda. Tomando um tempo para controlar sua respiração ofegante, pensou que ansiava muito por ouvir a voz dele. Então atendia, com uma calma que estava longe de sentir. Agora entendia o dito borboletas no estômago: — Alô? — Hey, bonequinha — Ele soava preguiçoso, fazendo os pelos da nuca dela se eriçarem. Lembrou daquela voz lhe dizendo indecências ao pé do ouvido: — Quem é? — fingiu-se de desentendida. O riso abafado dele era delicioso: — Bom, sou alto, careca, tatuado e sexy como o inferno... — E modesto também? — Sim, muito! E faço algo que te deixa muito satisfeita... — Hulk! Você se tatuou e agora fala? Zane grunhiu do outro lado: — Vai ver o que farei com esse Hulk, quando colocar minhas mãos nele! — ameaçou. — Isso nunca vai acontecer, grandão. Então você me ligou? — Claro! Não queria correr o risco de ser esquecido... — Sem querer te deixar ainda mais modesto, posso dizer que não corria esse risco. — Bom, isso faz um bem enorme para meu ego. O que está fazendo agora? — Hum, vegetando no sofá. — E o que está vestindo? — baixou um tom de sua voz, deixando-a rouca. — Eu? — ela olhou para si e resolveu ser sincera, até para provocar ele — A parte de cima de um pijama, meias e uma daquelas calcinhas bem grandes. Aquelas estilo vovozinha, sabe? Que cobrem todo o bumbum? Ele suspirou longamente: — Você deve estar uma delicia! Quinn gargalhou com gosto: — Acho que não entendeu, grandão! Eu disse que estou vestida como uma velha! — Bonequinha, eu sei o quanto sua bocetinha apertada é quente em volta do meu pau. Então, mesmo que estivesse envolta em uma cortina, eu te acharia a coisa mais sexy desse mundo! Arfando, ela mordeu o lábio: — Ok, você sabe como me deixar de calcinha molhada, apadravya boy. — Não fale isso, gostosa, pois me deixa com água na boca! — É mesmo? — provocou — e o que você gostaria de fazer a respeito? — Deixar você ainda mais molhada, com a minha língua... — ele respondia de pronto. Engolindo em seco, Quinn roçou as pernas uma na outra, sentindo sua vagina reagir às palavras dele: — Zane — não pôde evitar gemer. — Bonequinha, você pode fazer algo por mim? — O que você quiser, Grandão... — Quero que se toque... — Oh, meu Deus! Jura que faremos sexo pelo telefone? — jogou a cabeça para trás, de puro deleite, levando uma mão à boca. — Parece que estamos nos encaminhando para isso... — Hum, eu gosto da ideia! Ainda mais porque será minha primeira vez... — Então vamos fazer isso de forma quente — soou carregado de promessas. — E vai se tocar para mim também? — Você quer? — Quero! — Ok. Espere. Quinn se ajeitou no sofá, ouvindo um farfalhar de roupas, um zíper descendo e algo como sapatos sendo jogados contra uma parede, tudo de forma bem apressada. Então o som de um corpo desabando sobre algo macio: — Estou pronto para você, bonequinha. — Está nu? — Completamente! — E duro? — Como uma rocha! Somente o som da sua voz o deixa assim. — Hum... Aguardando instruções... Grandão. — Certo. Sua blusa tem botões? — Sim, muitos deles. — Então comece a desabotoá-los, bem devagar. — Bem, não se sinta desconfortável se eu não falar muito. Acho que estou um pouco nervosa... — Você não tem de falar nada, bonequinha. Eu ouço sua respiração e esse som arrepia minha pele. Já está com sua blusa aberta? — Sim. — Agora tome um seio em sua mão. Apalpe-o suavemente. Está fazendo isso, Quinn Bee? — Estou... — E é bom? — Sim... Mas seria melhor se fosse a sua mão. — Teremos essa oportunidade. Pegue essa pequena cereja que o coroa e a segure entre os dedos. Quero que o belisque e o torça, sem causar dor. Depois faça o mesmo com o outro, bem devagar, apreciando cada instante. Está me seguindo, docinho? — Estou — obedecia cada pedido dele, seu corpo languido, sensível, queimando por ele. — Bom! Deixe sua mão descer suavemente sobre sua pele, até a sua linda boceta, meu anjo. Não tire sua calcinha ainda... — Zane... — Estou aqui, bebê. Tome sua vagina quente na palma da sua mão. Ela está molhada, meu bem? Pode sentir? — Sim. Estou molhada. — Oh, porra! — foi um alívio perceber que ele parecia tão torturado quanto ela — Isso é tão sexy! — Você está se tocando? — Com toda certeza, Quinny! Estou acabando com meu amigo aqui, louco para enterrá-lo fundo em você! — Não o judie muito. Sinto que vou precisar muito dele. — Ele é todo seu, delícia! Ainda está tocando sua bocetinha, minha linda? — Oh, sim, estou! — Tire essa calcinha de vovó! — ordenou. Quinn riu suavemente, obedecendo rapidamente: — Pronto. — Agora deslize seus dedos por suas carnes macias. Você deve estar cremosa e receptiva, do jeito que meu pau gosta. Quinn arqueou as costas para fora do sofá, manipulando seu clitóris, o corpo dando sinais de que um longo e delicioso orgasmo se aproximava: — Sim! Cremosa, receptiva e se contraindo por você! — balbuciou roucamente. — Porra, bonequinha! — ele parecia grunhir entredentes — Não me fale essas coisas, ou então vou gozar antes do planejado. Eu nunca me permitiria ir antes de você! — Oh, Zane! Eu estou tão perto — gemia, engolindo em seco, na ânsia de tê-lo sobre ele, a preenchendo, fazendo-a ainda mais molhada. — Eu também, meu anjo — A voz dele soava entrecortada e isso devia ser pelos golpes que estava dando em seu pênis duro. O que não daria para que ele estivesse ao seu alcance, para rodear seus dedos em torno de seu eixo. Quem sabe correr sua língua por todo ele e então o tomar em sua boca. Gemeu o nome dele outra vez, escondendo o rosto no encosto do sofá: — No que está pensando, Quinn? — Que eu poderia chupar você! — as palavras saíram de sua boca de forma direta. Quem gemia agora era ele, abafado, em agonia: — Foda, garota! Me diz essas coisas e eu fico louco aqui! Eu devia levar você e não o contrário. — Você está... — interrompeu-se, uma onda a varrendo, lhe dizendo que ela quebraria logo — eu estou... Oh, Zane, eu vou... — Sim, bonequinha! Me deixe beber seus gemidos! Então ela gozava e como imaginara,longa e deliciosamente, não se importando com os sons que lhe escapavam da garganta. Sabia que ele podia ouvir e por isso os deixou fluir. Tomada por tremores involuntários, acabou por deixar o celular cair de seu ouvido. Por alguns instantes, ficou muito quieta, a cabeça vazia, somente usufruindo dos últimos espasmos que tomavam seu corpo. Então lembrou-se de que não o ouvira gozar. Quando retomou o celular, pôde constatar, pela respiração ofegante dele, que realmente havia perdido o fato: — Desculpe! Deixei o telefone cair. De novo ria de forma preguiçosa, fazendo o corpo ainda sensível reagir, se arrepiando: — Eu notei. Mas pude apreciar o show. — O show? — Sim. Os sons que você fazia. Eu vou ter de me lavar, porque fiz uma grande bagunça aqui por causa disso. Ouvir você gozar é simplesmente mágico! Me fez explodir instantaneamente. Agora o que acha de se vestir... 16º — Me vestir? — ela o interrompia, saindo de seu torpor — Depois de tudo o que disse, depois de me deixar como que desossada nesse sofá, você quer que eu me vista? Isso não é meio contraditório? Não vai terminar o que começou? Porque, meu querido, isso só me atiçou, está me entendendo? Ouvir a gargalhada sonora do outro lado da linha a fez sorrir. Simplesmente adorava o som de sua risada: — Meu bem, você já jantou? — Zane inquiria, ainda divertido. — Não — Quinn começou, sem entender o que aquilo tinha a ver com... Bem, com as necessidades dela — Estava em dúvida entre um pão amanhecido e macarrão instantâneo — torceu os lábios, enquanto recolhia a calcinha e a girava nos dedos, ainda largada no sofá. — Bom, então, se for uma boa mocinha e se vestir, vou te levar para jantar... — Vai? — ela se iluminava. — Sim. E depois de deixá-la alimentada, cuidarei das suas outras necessidades — prometeu — Porque eu não quero seu estômago atrapalhando meus esquemas outra vez! — Seu cachorro! E eu aqui, achando que você queria zelar pelo meu bem-estar! — Oh, isso também, querida! — O que devo vestir? Não sei onde vai me levar. — Depende do que queira comer. — Por favor, eu preciso de um belo cachorro-quente com fritas! — exclamava, fazendo-o rir de novo. — Sério, eu não consigo entender como você ainda tem esse seu corpinho tão delicioso, da forma como come! — Já disse, me exercito muito! — Sim, e hoje eu vou fazer você se exercitar muito, Quinn Bee. — Adicionou, malicioso — Vou cobrar isso, grandão! Mas então, o que devo vestir? — Hum... Um jeans bem colado... — Você gosta do meu traseiro num jeans, não é? — provocou. — Querida, eu gosto do seu traseiro de qualquer jeito, mas principalmente nu. Adoro apertá-lo enquanto estou te fodendo... — Melhor parar por aí, ou vou exigir outra sessão daquela de a pouco. — Não, a próxima sessão, com certeza não terá distância alguma nos separando. Bom, eu estou indo para um banho. — Também vou... — Hey, vista uma jaqueta quente, ok? — Por quê? — Porque você vai montar... — deixava a frase em aberto, deliberadamente. — Montar? Hum, você sabe que sou boa nisso. — Oh, sim, eu sei bem disso! Uma exímia amazona! Mas hoje você vai montar na minha moto... E mais tarde pode, com certeza, me montar, bonequinha. Você é sempre bem-vinda! Quinn puxou o ar, sentindo-se muito quente: — Ok, grandão! Pare de promessas e deixe-me ir para o meu banho! Ou sei onde essa conversa vai terminar! Zane desligou, mas não conseguia arrancar aquele sorriso bobo da cara. Pegando a camisa do chão, limpou seu peito, abdômen e coxas do seu sêmen desperdiçado. Mas muito em breve teria o corpinho gostoso de Quinn junto ao seu e então não haveria nenhum desperdício. Correu o tecido sobre seu membro ainda esboçando algum intumescimento e voltou a sorrir: — Você é um filho da mãe sortudo, cara! Ao ouvir o ronco da moto a chamando da rua, Quinn teve de se conter para não sair saltitante ao seu encontro. Ao contrário, esticou a jaqueta de couro azul escura, ajeitou os cabelos presos num rabo de cabelo e só então saiu, parecendo a calma em pessoa. Mas seu coração, que já estava descompassado, deu um salto ao dar com ele, recostado em sua moto. Todo de negro, perigosamente sexy. Mesmo na penumbra, era possível ver sua barba por fazer, escurecendo o queixo bem-feito. Um canto dos lábios finos se ergueu, num sensual sorriso, enquanto a examinava, desde suas botas de salto, seu jeans claro, muito justo a suas curvas e seu rosto com pouca maquiagem. Com um gesto de dedo, pediu que girasse, para admirá-la melhor. Quinn o fez, com desenvoltura, arrebitando o bumbum, quando notou que sua atenção estava ali: — Realmente, seu traseiro fica uma delícia nesse jeans. — Eu sei! — concordou, dando de ombros. Zane meneou a cabeça: — Depois eu é que não sou modesto! — balbuciou, colocando-se de pé. Quando estava próxima, Quinn apoiou as mãos em seus ombros, encostando o no dele: — Olá, grandão. — Olá para você, coisinha gostosa. Você está linda! — sussurrou, bem perto de sua boca. — E você está tentador! — e segurando seu rosto entre as mãos, beijou seu sorriso. E como se não estivessem em uma calçada, ao alcance de olhares alheios, Zane deixou suas mãos correrem pela cintura dela, até seu bumbum, o qual apalpou e então a puxou para junto de sua ereção. Arfou junto a seus lábios, com o gesto. Ignoraria fácil sua fome por uma rapidinha... E até pensou em convidá-lo, mas logo se afastava, mesmo parecendo contragosto: — Sua carruagem, madame. — Apontava a moto. — Obrigado, gentil senhor! — curvava-se. — Mas primeiro... — Estendia-lhe o capacete. Enquanto colocava o equipamento, Zane lançou sua longa perna e tomou o comando da moto. Assim que a viu pronta, estendeu uma mão para ajudá-la: — Enfim vou montar Delayla! — Agora coloque seus braços a minha volta e segure-se firme, entendeu? — Ele sugeria. — Assim? — Quinn enfiou as mãos sob sua jaqueta, encontrando os músculos rijos de seu abdômen trabalhado, cobertos pela malha de sua camiseta. Pode sentir que ele sorria, esfregando seus braços: — Melhor impossível. Quando acelerou, ainda sem sair do lugar, Quinn sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Fazia anos que não andava de moto, ainda mais uma tão potente. Mas estar colada ao corpo quente de Zane a deixava um pouco mais tranquila: — Segure-se, bonequinha. Nós vamos voar! — colocou Delayla em movimento. Um pouco nervosa, agarrou-se, se é que era possível, ainda mais a ele. Sentiu que Zane ria de sua reação e ela lhe beliscou uma costela e baixou sua viseira. Não se surpreendeu ao notar como dominava a máquina. Cortava o trânsito facilmente, manobrando com desenvoltura. Tinha de admitir que a sensação de liberdade era muita e boa! Logo estacionavam de frente a uma lanchonete bem simpática e movimentada. Nunca estivera ali, porque... Bem, não era o tipo de lugar que costumava frequentar. Mas estava muito animada por ele a introduzir em seu meio. Depois de pendurar os dois capacetes no guidom de Delayla, e depositar um beijo estalado em sua bochecha, Zane veio lhe enlaçar a cintura, de forma possessiva. Logo se acomodavam em uma mesa surgida do nada, dada à quantidade de pessoas no lugar. Notou que ele parecia ser bem popular. Muitos o cumprimentavam pelo nome, com camaradagem. E obviamente também era muito conhecido pelas mulheres, que distribuíam sorrisos melosos para ele e a ela dirigiam olhares hostis. Quinn revirou os olhos. Sendo bem resolvida e segura de si, não se sentiu ameaçada. Até porque Zane não dispersava muita atenção às outras, seus olhos a devorando a cada instante. Logo o garçom chegava e ela pediu um belo cachorro quente com molho e fritas. Quando o jovem perguntou o que beberiam, sugeriu: — Cervejas? O viu abriu a boca, mas pareceu um tanto sem jeito. Não entendeu porque, mas não questionaria: — Sem álcoolpara mim. Um refrigerante está ótimo! — decidia. — Bom, então me traga um suco de laranja, ok? — Quinn resolvia. — Você não precisar deixar de beber por minha causa. — Zane dizia, assim que voltaram a ficar sozinhos. — Tudo bem por mim. Eu não sabia que você não bebia. — Meu pai era alcoólatra — começava, ainda parecendo não muito desconfortável — Mas eu não tinha nenhum problema com isso, até... — coçava a nuca, deixando a frase inacabada, como se não tivesse certeza de que devia concluí-la. Acontece que Quinn era muito esperta e deduziu tudo: — Até conhecer Camille! — sentiu vontade de gritar de frustração. Não gostava da forma como aquela mulher sempre parecia estar entre eles. — Bem, é isso. Acho que um vício influiu no outro. — Não a fitava. — Zane, não tem de falar sobre isso, está bem? — tentou tranquilizá-lo. Com um suspiro exasperado, ele tomava sua mão entre as dele: — É que você sabe muito pouco de mim, Quinny. E eu quero realmente que saiba quem eu fui... Mas que mudei completamente, ok? Parecia tão desarmado, mesmo num homem tão grande como era: — Ok. — Concordou docemente. Logo estavam desfrutando da refeição. Zane não conseguia parar de admirá-la devorar seu lanche. Fez algumas piadas sobre isso, mas ela o ignorava, dando de ombro. Mais tarde um pouco, quando ela já se encontrava saciada e desfrutando de um belo sundae, inquiriu com cuidado: — Por que quis vir comer um cachorro-quente? — Hum, acho que não entendi sua pergunta... — Bom, poderia comer o que quisesse... Mas fiquei pensando... Será que não escolheu comer esse lanche, por achar que eu não teria condições de levá-la aos lugares chiques que costuma frequentar? Percebeu que havia dado um tiro no pé, tão logo terminou a frase. Quinn engoliu restante de sorvete que estava em sua boca com dificuldade, parecendo muito surpresa e suas feições também mudaram. Seus olhos fixaram-se em seu copo e sua linda boca se curvou para baixo. E ele desejou engolir cada palavra de merda que saíra de seus malditos lábios! — Bom... — começava ela — Isso é... Estranho, porque... Tal ideia nem me passou pela cabeça, Zane. Definitivamente não gostou da forma como seu nome soou na voz dela. Foi mais intenso do que se ela tivesse esbravejado: — Quinn... Você ficou chateada! — constatava — Porra! Eu sou mesmo um imbecil sem jeito com as palavras! — Eu não gosto da forma como fica me lembrando de que sou rica! — Quinn redarguiu seca — Parece que esse fato te incomoda. E eu acho que você terá de aprender a lidar com isso, caso contrário, teremos problemas! — cruzou os braços e montou uma bela carranca. Zane não pôde deixar de achá-la linda com aquele biquinho, mas se sentiu mal por aborrecê-la: — Ok, bonequinha! Esqueça tudo o que eu disse, está bem? Foi uma ideia idiota que me cruzou a cabeça... Eu nem devia ter tocado nesse assunto! Ela suspirou, evitando encará-lo: — Hey! — Zane a chamava, segurando seu queixo de leve, mas, ainda assim, ela não o fitava — Olhe para mim, docinho. — Não! — apenas resmungou. Foi então, a vez dele suspirar exasperado. Abandonando sua cadeira, que ficava de frente à dela, sentou-se ao seu lado, envolvendo-a em seus braços: — Pode dizer, eu fui um grosso insensível! — Você foi um grosso e insensível! — repetia, ainda num balbucio e sem lhe dirigir o olhar. — Está se sentindo melhor agora? — Não! — O que eu posso fazer para que esqueça tudo isso? — colou sua boca ao ouvido dela, mordendo seu lóbulo, suavemente e sussurrou — Eu faço qualquer coisa, bebê. É só dizer — continuava sua exploração, agora pelo pescoço dela, se animando ao notar como os pelinhos de sua nuca se eriçavam ao contato. Estava se fazendo de dura, queria continuar brava, mas a barba rala roçando sua pele delicada, os dentes que a mordiscavam, a língua que a lambia delicadamente, desarmavam-na deixando seus músculos feito gelatina. A atração que sentia por aquele homem a dopava! O cheiro másculo da colônia dele inebriava-a. Quando voltou a segurar seu queixo, forçando-a a fitá-lo, tentou resistir, mas foi impossível, já que lhe sussurrava pedidos de desculpas e continuava a lhe distribuir pequenos beijos pela face: — Vamos! É só pedir e eu faço qualquer coisa que queira... — Eu vou pensar em algo bem diabólico, está me entendendo? — prometeu, já pronta para sorrir para ele. Zane bufou, mas estava aliviado: — Você vai, não é? — Pode apostar, querido! — reforçou, correndo o indicador sobre a boca dele, pouco antes de tomar seu lábio inferior entre os dentes e o soltar vagarosamente, sem deixar de fitá-lo. Então o lambia, de forma provocantemente lenta, vendo as pupilas dele se dilatarem, segundos antes de segurá-la pela nuca e a tomar num beijo possessivo. Bom, com certeza não era o tipo que se incomodava com demonstrações de carinho em público e Quinn, quando antes se policiava quanto a isso, já não tinha tanta inibição. Era muito bom beijar aquele homem! Parecia certo, perfeito! O contato de sua língua buscando a sua, sugando-a, reivindicando-a, como se lhe pertencesse por direito. O pensamento, surgido, sabe-se lá de onde, a assustou. Sua reação a ele, mais se assemelhava a sentimentos, do que a uma simples atração física. O problema era se podia ter reciprocidade ali. E de novo se viu surpresa com os rumos que tomavam sua mente. Devia estar aterrorizada com o fato de poder estar se apaixonando e tudo o que conseguia pensar era se podia acontecer o mesmo com ele! Mas recordou-se do que ele dissera, que não queria se apegar a ela. Ele conseguiria separar as coisas? Se sim, esperava ser capaz do mesmo. Com certeza não queria se ferir de novo! — Algo errado, bonequinha? Viu-se saindo do breve devaneio ao som da voz dele: — O quê? — Por um instante você não estava mais aqui... Quinn colocou seu melhor sorriso nos lábios, enlaçando o pescoço dele: — É que eu estava pensando num bom castigo para você, grandão! Ele meneou a cabeça, resignado: — Ok! Se terminou — apontou a mesa — podemos ir? — Já? Por que a pressa, Grandão? — Tenho uma surpresa para você. Minutos depois, ele parava a moto num grande e deserto estacionamento de um supermercado. Quinn desceu, olhando a volta, curiosa: — Mas o que estamos fazendo aqui? Não tem a fantasia de fazer sexo ao ar livre num lugar como este, tem? — brincou. No entanto, quando ele desceu da moto, retirando o capacete vagarosamente e a encarando demoradamente, depois percorrendo todo seu corpo com um olhar malicioso, o sorriso morreu nos lábios de dela: — Zane? — chamou, começando a ficar nervosa. Recostando em Delayla, ele coçou o queixo, ainda misterioso: — Bonequinha — falava baixinho e de forma misteriosa — você não faz ideia do que farei com você... 17º — Ora, vamos, linda! — Zane a volteava, correndo sua mão grande sobre sua barriga lisa e então parava nas suas costas, falando em seu ouvido — por que não, bonequinha? Só estamos você e eu aqui. Com Delayla por testemunha... — Você está me assustando, Zane! — Quinn tentou se desvencilhar do abraço, sem muito empenho. Ainda mais se ele roçava sua ereção poderosa em seu bumbum. Mordendo o lóbulo dela, prosseguia: — Não pensei que fosse covarde, Quinn Bee... — Grandão, eu não quero ser presa por atentado ao pudor! Não resistindo mais, Zane caiu na gargalhada, junto aos cabelos dela: — Zane? — estranhava. — Relaxe, preciosa! Eu não sou nenhum pervertido... — ao dizer isso, a encarou e ela tinha uma sobrancelha arqueada, como se contestasse o que ele dizia — Ok! — se viu corrigindo — Eu sou um pervertido, mas não a tal ponto! Aliviada Quinn suspirou, olhando em volta: — Mas então, o que estamos fazendo aqui? — Já pilotou uma moto antes? — Não. — Então... Chegou a hora! — comunicou, aproximando-se de Delayla. Os olhos dela se arregalaram. Sua expressão eratão doce, como a de uma criança que recebia um enorme presente. Zane desejou beijá-la mil vezes e guardar aquela imagem na mente. Com as lindas imagens de quando fazia amor com ela, principalmente quando a fazia gozar. Ou mesmo quando o montava. Ou então... Bom, só o fato de ter Quinn ao seu lado era incrível. É algo que realmente queria preservar. — Vai me deixar pilotar a Delayla? — parecia incrédula. — Sim... E é por isso — correu uma mão sobre o banco da Harley, lentamente — que espero que cuide bem dela. Quinn já estava pronta para responder que tomaria cuidado, mas ele se dirigia à máquina, e não a ela: — Certo, garota? Ela se sentiu enternecida. Da forma como Jake falara do apreço dele pela moto, imaginava quanto podia estar lhe custando tal oferta. Caminhou até ele e segurando-o pela gola da jaqueta, trouxe sua boca para perto da sua: — E eu também prometo cuidar bem dela, grandão. Zane lhe respondeu com uma piscadela sexy, fazendo seu baixo-ventre se contrair. Oh, precisava beijá-lo e o fez, colando seu corpo longo a cada centímetro do dele. Como muitas outras vezes, o beijo foi faminto, mas dessa vez era ela quem dominava, explorando, exigindo. Ouviu o gemido surpreso e abafado de Zane, que lhe enlaçava a cintura fina e aceitava o ataque. — Se eu soubesse que essa seria sua reação a oferta de pilotar Delayla, já o teria feito há muito tempo. Quinn balbuciou alguma coisa, enquanto lhe mordiscava o queixo. Zane sentia os pelos de sua nuca eriçados, seu pau pulsando dentro das calças. Enfiando a mão sob a jaqueta dela, colheu um seio, apalpando-o suavemente, o polegar instigando o mamilo que inchava ao toque: — Bonequinha, se continuar a me atacar dessa forma, vou repensar a ideia de sexo ao ar livre... Quinn sorriu e depois de um último beijo nos lábios dele, se afastou, contragosto: — Não vamos correr esse risco, certo? — esfregando as duas mãos, examinava Delayla com interesse — Por onde vamos começar? — Deixe eu me endireitar primeiro — resmungava, enquanto ajeitava o pau duro sob a calça, com uma mão, tendo de arquear o quadril para isso. Ela teve de morder os lábios para não rir ou se oferecer para ajudá-lo... — Isso dói? — perguntou com inocência. — Ah... Um pouco. Se eu não gozar nas próximas horas, posso nem mesmo conseguir dormir... — respondeu, sugestivamente. — Oh, pobrezinho! — Quinn fez biquinho, deslizando o dedo sob o queixo dele — Prometo cuidar... — pausou propositalmente, continuando de forma sexy — de você mais tarde. Não quero você com dor, Grandão! — Eu vou cobrar isso, com toda certeza! — deu um tapinha no traseiro dela, enquanto lhe estendia o capacete — agora coloque isso de volta. — Certo... Mas e se eu fizer algo... Digamos ruim com a Delayla? — Bom — indicava que subisse na moto e assim que se acomodou, sentou-se atrás dela — não pretendo deixar que nada aconteça, nem a você, nem a ela, mas... Ainda bem que sou mecânico! Ela riu com gosto: — Sim, isso pode ser providencial — remexeu-se no assento, esfregando-se nele, intencionalmente, claro. — Garota, estou começando a achar que você gostou da ideia de transar aqui mesmo! — Não! — exclamou, afastando-se imediatamente. — Pois é o que vai conseguir, se continuar me provocando! Quinn prestou muita atenção a tudo o que lhe era explicado. Estava nervosa e por conta disso, ria muito. Zane ficava a cada momento mais encantado. Era muito fácil esquecer todas as preocupações, todas as diferenças que havia entre eles, com ela tão feliz junto ao seu peito. Quando enfim, conseguiu colocar aquela máquina enorme em movimento, não pôde conteve um gritinho de contentamento: — Tente não se empolgar demais e perder o controle, Quinny... — advertia-lhe. — Ok. Essa velocidade está boa? Ele riu com gosto. Não passavam dos 20 km por hora: — Bom, eu acho que aquela lesma ali vai nos ultrapassar! Pode aumentar um pouco, mas devagar e não demais, certo? — Wow! — exclamava Quinn, quando a Delayla deu um solavanco. — Com calma, bonequinha. — Suas mãos estavam fortemente encaixadas em sua cintura, lhe transmitindo segurança. Após alguns minutos, já dominava até bem a máquina: — Uma exímia amazonas e agora uma bela motoqueira! — disse-lhe, quando pararam e já retiravam os capacetes. — Hum — fazendo um gracejo, ela descia da moto — Eu aprendo rápido, meu caro! — Percebi isso... — sorria malicioso — agora vamos para minha casa, para ver o que mais você pode aprender... — aproximava-se para um beijo. — Não tão rápido, grandão! — o deteve, com um dedo em riste no peito dele — Quem está em débito aqui é você! — então, como se uma ideia lhe cruzasse a mente, seus olhos se arregalaram e um largo sorriso lhe tomou os lábios — E eu acho que já sei como você pode pagar sua dívida! — Oh, Deus! Por que sinto que estou ferrado? — Você, meu querido — enlaçou o pescoço dele, ainda sorrindo diabolicamente — fará um strip-tease para mim! — O quê? — Zane se esquivou dela, rindo — Está brincando, certo? — Não, não estou! — cruzando os braços, o encarou decidida — É o preço que terá de pagar, se não quiser... Dormir com dores. Zane encaixou as mãos nos quadris estreitos, rindo de puro escárnio e meneando a cabeça: —Ok! Se é isso o que quer... — alcançando sua cintura, puxou-a bruscamente contra o peito — é o que terá, bonequinha! Mas eu aviso: — deslizou um dedo sobre os lábios dela — corre um sério risco de se apaixonar por mim, depois disso! Antes que ela respondesse, beijou-a rápido e duramente e se afastou. Ainda meio tonta, o vislumbrou subir a moto e apontar que o seguisse. Minutos depois, já se encontravam na casa dele. Todo misterioso, tascou-lhe outro beijo na boca, pedindo que o esperasse na sala: — Não está fugindo, está? — provocou. Zane bufou: — Benzinho, se vou fazer isso, será bem-feito. Assim, se acomode e espere o show — E sumiu rumo ao quarto. Quinn esfregou uma mão na outra, sentindo a excitação atingir as alturas. Correu para apagar as luzes, deixando apenas um abajur aceso. Descalçou as botas, despiu seu jeans para ficar mais confortável e sentou-se no meio do sofá, ansiosa. Não estava acreditando que Zane faria mesmo aquilo! Então, ele surgia, recostando-se no batente da porta. Tinha um chapéu enfiado em sua cabeça, escondendo seu olhar. Uma camisa preta, com os pulsos abertos. Um jeans claro e justo, emoldurando suas coxas fortes. Sexy. Como. O. Inferno. Sacou o celular e os acordes de uma música tomou o ar. Conhecia a canção. Era Closer, com Nine Inch Nails. Ela nunca tinha achado aquela música sensual. Nem era de seu gosto, mas quando Zane ergueu sua cabeça, de lado, somente o suficiente para lhe dirigir uma piscadela mortal, Quinn teve de reformular sua opinião. Então ele encaixava os polegares no cós de sua calça e começava a mover seus ombros largos ao ritmo da batida. E escorregava seus pés sobre o chão, dando um giro e parando de costas para ela, no meio da sala. Ela quase suspirou, não conseguindo evitar admirar o traseiro bem-feito dele, delineado pelo jeans. Oh, bom Deus! Ele o balançava de um lado paro o outro, ainda seguindo o ritmo. Desejou apertá-lo e muito! E agora virava-se lentamente, correndo os dedos sobre a aba do chapéu e descendo por seu rosto, detendo dois dedos sobre os lábios e lhe enviando um beijo. Quinn fingiu pegá-lo no ar e o levou a boca. Os dentes brancos dele surgiram. Mas era o sorriso mais pervertido que já tinha visto em sua vida. Sentia-se vibrar. O homem era quente! Ficou encantada em ver que mesmo com todo aquele tamanho tinha tanta desenvoltura para dançar, e ele o fazia maestria! Os botões saiam de suas casas muito lentamente. Ela se deleitava com cada centímetro de pele que aparecia. Sua tatuagem surgindo, como a marca registrada de seu homem. A camisa deslizava por seus ombros e Zane fazia seusbelos e trabalhados músculos peitorais se flexionarem, um, depois o outro. Gostaria de ter exclamado: porra! Aquele sujeito estava colocando fogo em suas veias! A camisa voava em sua direção e Quinn a agarrou levando-a imediatamente junto a seu nariz, para aspirar à essência dele. Um cheiro que era uma mistura de perfume masculino e algo mais. O cheiro de Zane, másculo, cru... Macho! Quando a batida da música chegava ao seu ápice, vislumbrou-o deslizar suas mãos grandes sobre seu abdômen trincado e seguir para suas coxas... Puta que pariu! Ele estava duro! Quinn salivou e deixou a língua deslizar sobre seus lábios, muito lentamente. Estava deixando ela faminta! Nesse trecho da letra, o cantor dizia: Quero te foder como um animal... Zane tocou o pau rijo e destacado no jeans e repetiu esse trecho da música para ela, enfatizando o te foder, olhando fixamente para ela. Quinn esqueceu-se de como era respirar. E sentiu seu sexo pulsar, estava molhada, cheia de uma necessidade que só ele poderia satisfazer. Muito calmamente, ignorando o desejo quase desesperado que despertava nela, agora ele desabotoava o cinto, tão devagar, que parecia a calma em pessoa. Não pôde evitar um riso nervoso. Estava pagando por sua ousadia! Então vinha em sua direção, sem tirar os olhos dos seus, parando diante dela. Quando o cinto já estava fora, enrolou suas pontas firmemente em suas mãos e passou-o em torno do pescoço dela. O trecho: Quero te foder como um animal, se repetia e Zane fez o gesto com os quadris, como se estivesse metendo com força contra ela. Oh, sim! Zane Hudson estava fodendo com o cérebro dela! Quinn estendeu as mãos para tocar sua ereção, mas ele se esquivou, fazendo que não com um dedo. Ela fez beicinho. De novo se tocava, para cima e para baixo, por toda sua extensão, fazendo-a roçar uma perna na outra, para conter um pouco do frisson que rolava entre elas. Então, o botão estava fora e o zíper descia. Diante do olhar ansioso e guloso de Quinn, ele se deteve, sorrindo diabolicamente. Então a chamou com dois dedos. Não se fazendo de rogada, colocando-se de pé e se rebolando toda ao ritmo da música. Zane abriu os braços para recebê-la. Colou suas costas ao peito largo, suas mãos apoiadas nas coxas rijas e claro, roçando seu bumbum no membro duro dele. Zane gemeu e lhe mordiscou a orelha: — Está gostando do show, bonequinha? — Oh, bom Deus! Não sabe o quanto! Você está quase me fazendo subir pelas paredes, grandão! Espalmando sua mão grande sobre seu ventre, apertou-a ainda mais junto ao seu pau que latejava por ela: — E veja como eu estou com você me devorando com os olhos dessa forma... — Ah, eu vou te devorar de outro jeito, Zane Hudson! — voltando-se, buscou sua boca, sugando, exigindo, gemendo no processo — Eu te quero tanto! — murmurava contra seus lábios — Agora deixa eu despir o resto, antes que eu enlouqueça de desejo... — Sou todo seu, Quinn Bee. — erguia os braços, rendido ao ataque dela. Nenhum dos dois se atentava de que a música já havia cessado. Metendo as mãos entre o jeans e a boxer preta que o vestia, apertou seu traseiro, como ansiara antes, sorrindo travessadamente. Mordeu seu lábio inferior, então descendo por seu queixo, seguindo a linha bem-feita de sua mandíbula. Adorava o sabor da pele dele. Enquanto descia sua calça, sua boca continuava a explorar agora sua garganta, logo seu peitoral arfante. Provocou um mamilo túrgido e voltou a sorrir quando ele deixou uma exclamação lhe escapar. Agora seus dedos estavam encaixados no cós da boxer e seus joelhos bateram no chão, segurando o olhar de expectativa dele. Quando seus lábios roçaram em seu abdômen, ele prendeu a respiração: — Porra, Quinn! Você quer me deixar louco, mulher? — Minha vez! — deu de ombros, prosseguindo com sua exploração. Mais um puxão e o pênis enorme, rijo, lindamente rijo, saltou diante dela. Admirou-o bem, como nunca o fizera antes. Era grosso, com sua ponta rósea, adornado com seu belo apadravya. Veias grossas saltavam aqui e ali... E sim! Era deliciosamente grande.. Correndo a língua sobre seus lábios, uma vez mais, fitou-o por um instante, encontrando sua expressão turvada de desejo: — Você é lindo, Zane! — e o tomou no interior de sua boca. Sentiu-o arfar e soltar um palavrão, mas ela não se importou. Aliás, gostava do palavreado chulo que usava quando transavam. Era másculo, natural, demonstrando de fato tudo o que sentia. Os dedos dele vieram enrolar em seu rabo de cavalo e sabia que devia estar se controlando para não puxar sua cabeça, e assim o foder fortemente com sua boca. Mas também devia saber que não seria capaz, nem em duas vidas, tê-lo inteiro em sua boca. Para compensá-lo de tal possível frustração, enrolou sua língua em torno de seu eixo e voltou a suga-lo. Sentia o piercing dele roçar no fundo de sua garganta: — Oh, Quinn! — ele gemia, sentindo os joelhos feitos de gelatina. Sua bonequinha sabia usar a língua, porra, como sabia! Zane assistia ao espetáculo, seu cérebro fritando com a imagem sensual da deusa Quinn, com sua linda boca em torno dele: — Olhe para mim, olhos de chocolate quente! Ela obedeceu e quase se sentiu explodir, com a sensualidade devassa que encontrou em sua expressão: — Porra, Quinn! Eu não posso com isso! — com cuidado para não a machucar, retirou seu membro da boca dela e logo em seguida a puxou de pé. Tomou sua boca com fome, enquanto suas mãos encontraram a frente da blusa dela. Não havia tempo para delicadeza. Queria ela nua. Precisava estar dentro dela imediatamente, senão enlouqueceria. Assim, não hesitou em rasgar em pedaços a blusa dela. Tão pouco ela pareceu se importar, recebendo seus beijos com igual fervor. Logo o sutiã também estava fora do caminho e não demorou e a calcinha tinha o mesmo destino da blusa. Puxando-a pela cintura fina, levantou seus pés do chão e a levou para o sofá. Depositou-a escancarada e ajoelhou-se entre suas coxas. Enquanto sacava um preservativo tirado do bolso traseiro da calça, ainda embolada em seus pés, não pôde evitar admirar o sexo dela. Tinha lábios róseos, transbordando umidade, inchado, pronto para ele: — Eu já disse que você tem uma bela bocetinha, não, bonequinha? Ela apenas meneou a cabeça, arfando quando ele tomou sua vagina em sua mão, esfregando, espalhando seu creme, preparando-a para recebê-lo: — E me deixa doido para prová-la, foder com a minha boca... Mas agora que preciso mesmo estar dentro dela! Não faltará oportunidade para que eu a aprecie, como merece Quinn envolveu suas pernas nos quadris dele, quando se ajeitou e preparou-se para penetrá-la: — Sim — balbuciou ao senti-lo em sua entrada. Tinha o ímpeto de puxá-lo e fazê-lo entrar com força, com todo o tamanho da fome de seu desejo por ele. Mas sabia que Zane, mesmo a beira de seu controle, o que podia notar por seu maxilar contraído, as veias pulsando em seu pescoço e suas mãos apertando-a com força, que não faria isso. Nunca a machucaria. E era isso que a encantava sobre ele. A protegia, apesar de seu martírio. Zane separou os lábios dela e encaixou a ponta úmida de seu pênis vibrante. Devagar, a despeito do que desejava, sempre devagar. A forma como ela moveu seu quadril para ele... Oh, Cara! Poderia arremeter fundo e sem piedade, se não fosse seu zelo em não machucá-la: — Oh, Quinn! Eu amo como sua bocetinha é apertada! Como ela suga o meu pau! Como se pertencesse a ele... — o que havia acabado de dizer? Ah, merda! Era o que sentia. Que havia nascido para foder com Quinn Armentrouth. Pertencia-lhe de todas as formas possíveis. Não era só seu corpo ali. Sentia que sua alma havia sido completamente tomada, dominada por essa sensação mágica de fazer o certo. Vislumbrou seu membro desparecer dentro dela, centímetro a centímetro. Inferno, como era quente! Ergueu seu quadril do sofá, fazendo-arecebê-lo todo. O jeito que sua garota se contorcia, as mãos tocando os próprios seios... Que imagem! Quando sabia que ela estava pronta, aumentou seus movimentos, sentindo suas bolas baterem no traseiro sexy. — Zane! — Sim, bonequinha! — seu polegar veio encontrar o clitóris sensível, manipulando-o. Quinn gritou, seu corpo convulsionando: — Oh Deus! Zane! — rebolando contra ele, veio segurar seu rosto entre as mãos, os dentes cerrados contra a boca dele — Sim! — Quinn! Você é minha! — exclamava possessivo, abraçando a cintura dela, metendo com toda a força de que era capaz, fora de controle. Uma vez e outra, até não poder parar mais, golpeando-a e sendo aceito — Minha! — Sim! Sentiu quando ela gozou. O grito que veio do fundo de sua garganta, o jeito que seu corpo estremeceu junto ao dele, então a languidez que a tomava, seus lábios entreabertos, e olhos fechados... Um conjunto perfeito! Era tão linda, fodidamente linda, no sentido literal. Foi impossível se segurar muito, além disso. Quinn cravou as unhas em suas costas e Zane mordeu seu ombro, arremetendo uma última e longa vez. O gemido trêmulo de Quinn em seu ouvido era música. Abraçou-a junto ao peito, mantendo-a ali, sentindo o coração dela tão descompassado quanto o seu. Era preciosa, aconchegante. Desejou que aquele instante nunca chegasse ao fim: ter o corpo quente de sua bonequinha entrelaçado ao seu, suado e relaxado. No silêncio da noite, o único som que ecoava pela casa, era o de suas respirações ofegantes. Tudo parecia tão perfeito! Como nunca antes. 18º Quinn pensou que a vida não poderia estar melhor. Já havia pouco mais de um mês que Zane e ela estavam juntos. Não davam um nome ao que tinham. Apenas curtiam o tempo que passavam juntos. E era muito bom! E não somente sexo. Conversavam muito, sobre tudo. Mas sentia que ele não gostava muito de falar do passado e ela também não o inquiria muito sobre isso. Principalmente por não querer saber muito do que houvera entre ele e Camille. E essa parara de atormentá-la, não mais lhe enviando mensagens ou fazendo visitas sinistras. O que era um alívio. Até Ashton deixara de ligar. Devia estar furioso com ela. Que apreciava muito o fato! E Blane a recompensou, achando verdadeiros tesouros, para desculpar-se da mancada que dera: — Quando é que vai aceitar jantar comigo, Quinn? — perguntava, da sua forma preguiçosa, esparramado no sofá da sala dela, No Violet, enquanto examinava joias que haviam pertencido a Elizabeth Taylor. Ela riu, debochando dele: — Sabe que não misturo negócios com prazer, meu caro. E você é meu empregado, lembra? — Ok, então eu me demito! — Sim, claro! E vai viver de que, se lhe pago uma verdadeira fortuna pelo seu trabalho? O moreno suspirou exasperado: — Não se pode ter tudo... — balbuciou. — Mas, espere. E a mulher que havia conhecido naquele dia em que me esqueceu? Não era amor de verdade? — o provocou. Blane torceu os lábios, fazendo pouco-caso: — Não, foi apenas sexo mesmo... — Oh, Deus, você não presta! E ainda me pergunta por que não aceito sair com você! Mas o tempo de calmaria estava perto de acabar. Ao retornar do almoço, deu com a ruiva, acomodada em sua cadeira, com os pés cruzados sobre sua mesa. Teve de piscar algumas vezes para se certificar de que enxergava bem: — Como é que entrou aqui? — pensou que Gwen ainda não devia ter regressado, pois ela nunca permitia a invasão da outra. — Você devia selecionar melhor seus seguranças, benzinho. Foi só mostrar um pouco mais do meu decote que aquele palhaço ficou todo bobo e foi dar uma olhada no pneu do meu carro... E assim, cá estou eu! — Não acha que é muita ousadia a sua, aparecer aqui, depois do que fez na minha casa? — Foi um aviso, querida. Mas parece que você não entendeu muito bem... E correu como uma idiota para o Zane... — Eu pensei que ele tinha conversado com você. Os olhos da ruiva faiscaram e ela se colocou de pé, vindo em sua direção de forma intimidante. Mas Quinn não se moveu, limitando-se a cruzar os braços e elevando seu queixo: — Eu pensei que tinha sido clara! Não quero você perto do meu homem! Examinou a postura da outra. Qualquer outra estaria apavorada, diante de imensos olhos verdes vibrantes, narinas dilatadas e uma expressão assassina na face. Mas além do verde de sua íris, havia o vermelho que nublava também seu olhar. E sabia bem o que causava aquilo. A garota estava chapada. Só podia sentir pena... E alívio por Zane não mais estar nessa onda. — Em primeiro lugar, ele não é mais seu homem. E me diga, o que Bruce pensa sobre isso? — Bruce é um merda! Não se mete na minha vida e eu não me meto na dele. Você não entende, Quinn! — a outra corria as mãos sobre seus cabelos vermelhos — sou uma infeliz! A única época em que me lembro de ter sido feliz foi quando estava com Zane. Eu o amo... — Se é assim, por que o deixou? — retrucou de pronto. — Não que isso seja da sua conta, mas eu fui ameaçada! — E desde quando você se acua diante de uma ameaça? — zombou da outra. — É porque... A ameaça não era direcionada a mim. E sim a Zane. Quinn tentou disfarçar, mas a garota conseguia sua atenção. E diferente de antes, não parecia afetada. De alguma forma, sentia que estava sento sincera: — Meu pai descobriu que estávamos juntos. E disse que se eu não o deixasse e me cassasse com Bruce... Ele acusaria Zane de tráfico. Ela se odiou, mas tinha de tirar aquela dúvida da cabeça: — E Zane... O fazia? — Não, queridinha. A gente só usava... — riu sarcástica e meio fora de controle — e muito! Quinn revirou os olhos e Camille limpou a garganta, voltando ao seu tom sério: — Mas meu pai tinha os meios de fazê-lo, montar toda uma situação para incriminá-lo. Então eu fiz o que ele me exigia... E me casei com o paspalho do Bruce! Podia entender toda a revolta pela qual Zane havia passado. Ter sido trocado por um mauricinho... Por isso, às vezes, ele apontava as diferenças entre os dois, com ironia. Sentia-se ainda preterido: — E contou tudo isso a Zane? — Não. E eu me arrependi completamente de não ter feito, de não ter lutado pelo amor dele... Mas eu temia muito pelo que meu pai teria feito! E eu não podia suportar ver o homem que eu amava sofrer por minha causa! — De qualquer forma, ele sofreu! — rebateu amarga. — Mas não tanto quanto se tivesse ido para uma prisão! Quem sabe se ele sobreviveria lá dentro? A ideia aterrorizou a mente de Quinn. Um arrepio de insinuou em sua coluna. Zane em uma penitenciária? Não queria nem mesmo pensar em tal hipótese. Dessa forma, se compadeceu de Camille, por tudo o que tinha passado. Talvez sentindo sua súbita fraqueza, veio rogar para ela: — Mas eu quero concertar meu erro agora, Quinn. Eu o amo e quero lutar por ele! Contra todos, inclusive meu pai... Ou você. Sabe que ainda tem muito de mim em Zane! Ele não me esqueceu, estou impregnada sob a pele dele... Mantendo seu olhar fixo na parede, tentou fervorosamente fingir que aquelas palavras não a atingiam, mas era difícil. Sabia que fugia de conversar sobre a ruiva com Zane, por medo de enxergar que ainda havia sentimento ali. Tudo entre os dois era tão recente. E ele havia sofrido muito e por muito tempo pela outra. Era sim, possível, que ainda tivesse algo ali por ela. Isso a feria, mas era um fato que podia ser real. — Então, se você se afastar... Fitou a rival de frente: — Eu poderia tentar de novo! Eu preciso dele, Quinn! — sua voz soou desesperada, embargada — Não sabe como tem sido a minha vida! Só ele pode me salvar... Oh, Deus! A outra estava à beira das lágrimas. Teve de se afastar, ou então cairia na besteira de consolá-la: — Ouça, Camille. Sinto muito pelo que passou e... Pelo que ainda passa — postou-se atrás de sua cadeira e apoiou suas mãos em seu espaldar — e não posso impedi-la de procurar por Zane...— não acreditou que estava dizendo aquilo. Afinal, estava abrindo uma brecha para a outra. Mas ele merecia saber a verdade dela, que não havia sido rejeitado. E com isso, correria sim, o risco de perdê-lo... A hipótese a aterrorizou — e contar tudo o que aconteceu. Teve o vislumbre de um sorriso na face da outra. “Não tão rápido, ruiva,” pensou. — Mas, — enfatizava — se ainda assim, se depois de conversarem, ele vier a minha procura, — encarou-a com decisão — saiba que vou lutar por ele! Manteve-se olhando a outra. Que se demonstrava incrédula, e em segundos, raivosa. Camille avançou furiosamente em sua direção, socou o tampo de sua mesa, dizendo entredentes: — Vamos ver quem ganha essa, coisinha! Se você ousar ficar no meu caminho, eu a esmago! — Uma coisa que precisa saber sobre mim, Fairfield — aproximou-se até quase ficar nariz a nariz com a outra — não tenho medo de você! Meia hora depois que Camille tinha partido, bufando e pisando duro, ela se perguntava se havia feito a coisa certa. Mas Zane tinha direito de escolher. E se aquilo tinha de acontecer, que fosse logo agora, no começo. Não quando já estivesse apegada demais. Mas então, se perguntava também: Já não estava apegada o suficiente para sofrer, caso ele. Suspirando frustrada, decidiu que agora tinha de esperar. Se ele ainda a procurasse, então tudo bem. Caso contrário, teria de sobreviver. Quando parou frente ao escritório de Jake, Zane não acreditou em seus olhos. Ali não estava outra senão Camille Fairfield. Estacou a porta. Ainda não o tinha visto, distraída, olhando pela janela. Depois de quase um mês de silêncio, eis que simplesmente aparecia. Seus cabelos tinham ganhado um tom mais avermelhado do que se lembrava, mas sua postura era a mesma. Cabeça erguida, boca carregada de um batom vermelho, um pouco retorcida, como se estivesse sempre descontente com alguma coisa. Seu olhar era carregado de arrogância. Ela definitivamente não tinha a elegância e suavidade de Quinn. Jake, em pé atrás de sua mesa, recostado a estante, fitava o chão, parecendo preocupado. Quando entenderia que já era um homem crescido e que sabia cuidar de si mesmo? Mas tinha de ponderar também. O homem havia estado ao seu lado quando enfrentou toda aquela crise. Era normal que ficasse apreensivo. — Zane, amigão... — foi o primeiro a notá-lo — disse que você estava ocupado, mas... Assim que o viu, Camille se endireitou, sorrindo largamente e veio ao seu encontro, parando perto demais. Se antes adorava o perfume dela, agora ele somente o arremetia a tempos que desejava deixar enterrados: — Eu tinha de vê-lo! Para que dissesse tudo aquilo na minha cara... — Zane... — chamava de novo o amigo. — Está tudo bem — tranquilo o outro — Eu falo com ela. — É isso aí, Jake – a ruiva dizia, prepotente, sem deixar de fitá-lo — Não precisamos de você aqui! Nem mesmo ele notou a saída do patrão. Estava fitando a mulher que um dia fora sua razão de viver. Agora não passava de uma desconhecida. — O que está fazendo aqui, Camille? — inquiriu, calmamente. — Eu precisava te ver, querido! — declarou com muita ênfase, segurando o rosto dele entre as mãos, muito próxima de sua boca — eu estava com tanta saudade... — Camille! — Zane a segurou firmemente pelos pulsos, procurando seus olhos. Ela estava agitada e ele bem sabia o que a deixava assim: — Você voltou a usar? — estava incrédulo. A garota se desvencilhou com um puxão, afastando-se e evitando encará-lo: — Não sei do que está falando... — Sabe sim, garota! — O quê? Vai dizer que nunca mais experimentou, meu caro? — Não! — foi direto e seco — Quase morri, tentando me livrar daquilo! Consegui sair do inferno, por que quereria voltar para lá? — Não sabe tudo o que passei! Você não tem a vida que eu tenho... — Acredita que a minha é fácil? É uma luta por dia — interrompeu-se. Tinha vontade de colocar para fora, tudo o que ainda estava entalado em sua garganta. Mas, mesmo dentro de sua atitude arrogante, Camille parecia frágil. — Eu não uso sempre, Zane... — a ouviu murmurar, sua voz soando infantil, quase como uma desculpa. — É um caminho sem volta — rebateu, amargo. — Ou você está fora... Ou não está! — Eu não vim para falar disso! — fugia do assunto — é sobre aquela ligação. Falar tudo aquilo através de um aparelho é muito fácil — sua voz adquiria um tom baixo, macio, enquanto seus enormes olhos verdes o examinavam, de forma languida. Algum tempo atrás, todo aquele conjunto o teria deixado de joelhos aos pés dela. Ainda mais com as mãos dela de unhas longas e bem-feitas, agora passeando sobre seu peito. Zane ficou ali, deixando-se tocar e mesmo quando o corpo longilíneo da ruiva colou-se ao seu, ele não sentiu nada. Não havia mais aquele fascínio de antes. Camille Fairfield já não exercia qualquer poder sobre ele. — Quero ouvir você repetir tudo, agora, na minha cara! — sua boca vermelha, antes tão convidativa, estava a milímetros da sua. Sim, ela era linda, extremamente sexy, mesmo seus olhos exibindo um tom vermelho, que sabia de onde vinha. Mas só conseguia sentir pena da garota. Compaixão pela dependência que ainda enfrentava. — O que você veio fazer, — começava, bem devagar — é testar seu poder sobre mim. Achou que eu ainda me rastejaria, implorando sua atenção, como já aconteceu antes — viu a surpresa começar a surgir na expressão dela — Veio me impor sua presença, crente que assim eu me acovardaria e cairia de novo nas suas graças — segurou os pulsos dela, tirando suas mãos e sobre ele — mas isso não vai acontecer, Camille. — O quê? Zane, eu sei que acredita que eu o troquei por outro, mas não foi como pensa... — Isso já não me importa! — Mas você precisa me ouvir, saber de toda a verdade! — balbuciava ela, os olhos arregalados, desesperada. — O homem que você deixou, dois anos atrás, já não existe mais. Ele era um doente, completamente dependente... De todas as formas possíveis. Mas isso de fato acabou, Camille. A sua verdade já não me interessa! — Só pode estar brincando comigo! Você era louco por mim! Me amava! — ela já começava a se alterar, como bem desconfiava que aconteceria — Isso não pode ter mudado tão rápido assim! — Eu fui ao inferno, por sua causa! — declarou entredentes — Não é algo que eu queira de volta. — Mas não precisa ser daquele jeito! — o tom dela era de súplica, de novo segurando seu rosto, procurando seu olhar, quando ele se esquivava — eu posso mudar! Faço o que você quiser, Zane! Eu amo você! Sinto tanto a sua falta! Se me der uma oportunidade... Por favor, amor! — tentava beijá-lo, desesperada. — Camille... — Me dê só uma chance... Por favor! — Camille! — Zane já estava sentindo a paciência se esvair, enquanto ainda tentava escapar dos beijos dela, sem ser rude demais. — Você era louco por mim, isso não pode ter morrido completamente! Eu sei... — Já chega, Camille! — foi ríspido dessa vez, fazendo cessar seu ataque. Estava ofegante, quando se afastou para o outro lado da sala. Correu as mãos pela nuca, em busca de controle. A mulher trêmula, estática parada a metros dele parecia desamparada. Zane sentiu muito, mas já não queria fazer parte do mundo dela. Não poderia reconfortá-la: — Não está se esquecendo de um pequeno detalhe, minha cara? Você é casada! — Um casamento de aparências... — ouviu-a murmurar. — Sinto muito saber disso. Mas não muda minha posição. — Está me desprezando por causa daquela vaca, não é? — concluía, com raiva. — Não recomece, Camille. Apenas vá embora! — Acha mesmo que isso vai dar certo? Que aquela dondoca vai assumir você para a família dela? Tentou ignorar suas palavras, fingir que não o atingia: — Não estamos pensando nisso ainda. — Não conhece os pais dela! Se acha que meu pai era ruim, espere até conhecer Valentine Armentrouth! Ela vai dizimá-lo, meu caro! Nunca vai permitir quea filhinha dela se relacione com um tipo como você! — Acho que nós já terminamos por aqui... — caminhou rumo à porta, mas foi interpelado pelos socos que a ruiva começou a desferir em seu peito, enquanto esbravejava. — Não pense que vou deixá-los em paz, seu cretino! — e assim começou uma profusão de insultos e ameaças, típico dela. Zane de fato não estava surpreso com a explosão. Não seria a mesma Camille Fairfield de tempos atrás, se aquilo não acontecesse. Aquela altura, praticamente todos os funcionários da loja se encontravam do lado de fora da porta de vidro, observando a cena. Estavam dando um show! — Eu vou acabar com aquela vagabunda! Vou matá-la... Enquanto as ameaças eram dirigidas contra ele, podia lidar. Mas quando ela ameaçou machucar Quinn, a fúria o tomou. Segurando seus pulsos com uma mão, empurrou-a até deixar suas costas presas junto à parede e fez com que o fitasse, segurando seu rosto com a outra mão: — Escute bem, garota! Você desgraçou com a minha vida uma vez! Eu me recuperei e estou seguindo em frente! E juro, — seu rosto muito perto do dela — se ousar se aproximar da Quinn, se ousar machucá-la de qualquer forma... Eu vou atrás de você, garota! Deixe-nos em paz! — Zane! — Jake chamava da porta. Instantaneamente soltou a moça, que parecia aterrorizada com o súbito ataque. Até sentiu-se culpado ao ver as marcas bem desenhadas de sua mão no rosto pálido. Mas ouvir que faria mal a sua bonequinha... O deixou cego! Muito ofegante, encarou o amigo por um instante, antes de deixar a sala, pisando duro. Cortou caminho entre a pequena multidão do lado de fora e rumou para sua sala, trancando-se lá. 19º Estava inquieto demais. Era o efeito Camille. Mas dessa vez, mais letal. E o sentimento envolvido na história era outro. Aquela descontrolada! Ah, se ousasse se aproximar de Quinn! Não era um sujeito violento, mas acabaria com a raça de qualquer um que machucasse sua bonequinha! Não podia ficar ali! Sentia-se acuado, enjaulado. Cruzando os dedos junto à nuca, puxou algumas respirações procurando se acalmar. De repente, soube bem qual seria a única coisa que o acalmaria no mundo. Sacando o celular, discou o número... Já estava no finalzinho do expediente quando o celular de Quinn tocou sobre sua mesa, fazendo-a sobressaltar. Mas em seguida um sorriso lhe brotou quando o rosto de Zane pipocou na tela. Atendeu mais que depressa: — Hey, grandão! — Quinn, onde você está? Ela estranhou. A voz dele parecia carregada de urgência. Era um bom ou mau sinal? — Ainda na loja. Por quê? — Eu preciso te ver! Estou indo para sua casa. Encontra-me lá? Não teve nem de pestanejar: — Sim! Despediu-se rapidamente de Gwen, pedindo que terminasse de fechar a loja e partiu. A outra nem perguntou o porquê de sua pressa. Pelo sorriso na cara de Quinn, já devia ter uma ideia. Logo estacionava seu Corvette ao lado da Harley reluzente. Zane a esperava no alpendre, suas mãos apoiadas na madeira do teto, fazendo-o parecer ainda mais alto. Ao vê-la, um breve sorriso lhe cruzou a face: — Hey — cumprimentou-o, buscando pela chave na bolsa. Antes mesmo que terminasse sua frase, ele a segurou pela nuca, puxando sua cabeça e a tomando pela sua boca, com a mesma urgência que parecia carregar na voz, instantes antes. Quinn gemeu de surpresa, mas aceitou o assalto, enquanto ele provava seu lábio inferior, então o superior. Logo reivindica passagem, sua língua a invadindo. Ela o sugou, deliciada. Era bom beijar aquele homem. Ainda mais depois da visita tensa de mais cedo. E podia imaginar que a ruiva também o procurara. E por isso ele estava ali. Ali, a sua procura! Pensava, sorrindo junto à boca dele. Mas, tão abruptamente quanto começara, o beijo terminava. E um apressado Zane tomava as chaves de sua mão. E antes que a porta batesse fechada, era empurrada contra ela e prensada contra a mesma e o peito arfante e largo de Zane. E então seus beijos selvagens estavam de volta, exigindo sua total atenção. Ela não tinha de perguntar nada. Seus corpos falavam por si. Os temores desapareceram, assim que a língua de Zane voltou a lhe invadir a boca. O mundo deixava de existir, toda vez que ele fazia isso. Com um gemido baixinho, enfiou as mãos sob a jaqueta e então sua camiseta, alcançando suas costas e fincando suas unhas ali. Recebeu um leve grunhido e uma mordiscada no lábio como resposta. Tudo o que passava pela mente de Zane naquele momento era que faria tudo por sua bonequinha. A protegeria do que fosse e principalmente de Camille Fairfield. Quinn Armentrouth já não era simplesmente uma foda. Era sua amante, amiga... Era essencial. Aprofundou o beijo, emaranhando seus dedos nos cabelos com cheiro de maçã verde, que ele adorava. Buscou sua língua, sugando-a, absorvendo o gosto delicioso daquela mulher. Suas curvas coladas ao seu corpo, entregue, aberto e o aceitando sem restrições. Abraçou-a forte, como se não pudesse ter o suficiente. Precisava dela, sexualmente, emocionalmente. Isso era assustador e ao mesmo tempo libertador. Ela lhe pertencia, assim como seria todo e completamente dela, se assim o desejasse. Minutos depois, totalmente ofegante, deu fim, lentamente ao beijo, com inúmeros outros beijos curtos: — Oi, bonequinha... — Hum, você notou que eu estava aqui? Ela sorria daquela forma que o dominava, encantava e o colocaria de joelhos. Era linda demais. Num gesto que nem lhe pareceu exigir força, puxou-a pela cintura, tirando seus pés do chão e fazendo com que lhe envolvesse os quadris. E podia sentir sua proeminente ereção: — Ele notou você. Ganha vida, a simples menção do seu nome, gostosa! — espalmando as mãos em seu traseiro, a esfregou contra si — Por que e é que você não está de saia, mocinha? Meu pau agradeceria muito, nesse momento... — Você sabe. Eu sempre posso despir a calça... — É o que vamos tratar agora! — com movimentos rápidos, colocou-a no chão, que já foi chutando seus sapatos scarpin para longe, enquanto ele encontrava seu zíper. Por sorte, era uma calça de brim, social e solta, não um jeans colado. Logo a peça estava no chão, junto com sua minúscula calcinha de renda. Agora Zane fuçava em seu cinto, muito apressado. Quinn segurava seu rosto entre as mãos, beijando e rindo ao mesmo tempo em que ele se enrolava para descer a calça. Seu pau majestoso saltou para cumprimentá-lo. Sem muita gentileza e sem despir completamente a peça de roupa, ele tratou logo de vestir uma camisinha e em seguida, a reivindicava novamente. A içou para que voltasse a lhe envolver os quadris. Com um braço em torno de sua cintura, segurou-a firme no ar. Então deslizou uma mão sobre os lábios e então sobre a vagina quente dela, espalhando umidade. Quinn arfou, cravando suas unhas na jaqueta de couro dele. E então ele enfiava um dedo, depois outro, tratando de lubrificá-la: — Eu acho que agora você está pronta para mim — murmurou entredentes, encaixando a ponta de seu membro vibrante entre suas dobras. Ela o fitou, seus olhos turvados de um desejo insano, enquanto o sentia deslizar cada milímetro de seu eixo para dentro dela. A sensação de preenchimento, seu corpo reclamando da intromissão e então se amoldando a ele. Era tudo muito perfeito! — Eu precisava estar dentro de você, Quinn! — sussurrou de forma grave, seus olhos fixos nos lábios dela. — Eu com certeza não estou reclamando, Grandão — interrompeu-se quando ele a elevava, com outra estocada poderosa e longa — Isso é bom! — Você gosta do meu pau nessa sua bocetinha quente, Quinn Bee? — inquiria ele, seu maxilar contraído, as veias de seu pescoço largo saltando feito loucas. — Sim! — foi só o que conseguiu balbuciar, antes de receber outro golpe certeiro e profundo. Qualquer outro pensamento racional a deixou a partir daquele momento. Tudo que importava era aquelehomem esculpido em músculos, retirando-se quase que completamente de seu corpo, para novamente a invadir. Erguendo suas mãos, as espalmou na parede atrás de sua cabeça, oferendo sua pélvis para ele, abrindo-se, oferecendo-se a Zane Hudson. Seu homem. — Eu acho que já disse isso, — ele murmurava contra seus cabelos, momentos depois, já acomodados na cama, com Quinn preguiçosamente espalhada sobre seu peito — mas quero que tome cuidado com a Camille... — Hum, ela também foi te procurar, certo? Zane a fez girar o corpo para encará-lo: — Por quê? Ela foi atrás de você? E o que aquela louca queria? — O de sempre: fique longe do meu homem, blá, blá, blá! — Maldita! — Vocês conversaram? Ela te disse... — Quinn, eu não tenho interesse algum ao que quer seja que aquela mulher tenha a me dizer! Só quero que nos deixe em paz! — e completou de modo sisudo — é melhor que proíba a entrada dela na sua loja. Quinn mordeu o lábio para não rir da proteção exagerada dele: — Não precisa tanto, Zane! E eu não tenho medo dela! Acho que fala muito e age pouco... — Você não a conhece como eu, Quinny! — segurando seu queixo, forçou-a a olhar para ele — prometa-me que vai tomar cuidado. — Sim, senhor, senhor! — afirmou de bom humor, batendo uma continência — tomarei cuidado. Eu bateria meus calcanhares também, mas eles estão presos sob os seus, então... — Você — Zane começava de forma lenta, perigosamente lenta — não está me levando a sério? — Claro que estou, meu senhor! — exagerava ela, mal contendo o riso. — Não, você não está! E por isso, — num movimento rápido, girou o corpo, sentando-se sobre os quadris dela e lhe segurando ambos os pulsos ao lado de sua cabeça — acho que vou ter de lhe ensinar um pouco de disciplina, mocinha! Quinn ria tanto que mal conseguia falar: — Não, meu senhor! — se debatia — prometo me comportar! — Tarde demais, senhorita! Ela resolveu entrar na brincadeira. Colocando um sexy sorriso em seus lábios, moveu-se sinuosa sob ele, projetando os seios alvos para cima, prendendo o olhar guloso dele ali: — E que tipo de castigo acha que mereço, Grandão? — Um tipo de castigo que acho que você não vai gostar... Lançando um lento e malicioso olhar sobre seu belo tórax, seu abdômen trincado e seu majestoso pênis, já bem desperto, ela o provocou: — Hum, eu duvido que eu não vá gostar. Dias depois, Quinn acabara de sair do banho, deixando Zane ainda sob a ducha. Terminava de se vestir quando uma batida suave se fez soar na porta da frente. Estranhou. Quem bateria à porta dele àquela hora da manhã? Não eram oito horas ainda. Como ele ainda estava no banho, resolveu atender. Deu com uma mulher que aparentava ter cinquenta anos. Que a encarava com curiosidade: — Pois não? — Aqui é a casa de Zane Hudson? — Sim. A transformação no rosto da mulher foi surpreendente. Iluminou toda sua face clara e tornou seu sorriso ainda mais largo: — E ele está em casa? Ainda estranhando um pouco a reação da mulher, inquiriu: — A quem devo anunciar? — Minha mãe! — disparava um incrédulo Zane, escancarando a porta que Quinn segurava. O queixo dela caiu. Ele havia lhe dito uma vez que não tinha mãe! Vestia apenas o jeans, os pés descalços, o dorso ainda molhado, como se tivesse se vestido muito rapidamente. Estava entre os dois que se encaravam. Zane com as sobrancelhas unidas, lábios numa linha reta. Não parecia muito feliz com a visita. Já mulher, o olhava fascinada. Era como se não o visse há muito tempo: — Olá, Zane! — ela balbuciou. Sua voz era carregada de emoção — você está tão... — O quê? Parecendo um monstro? — apontava para seu peito nu, mesmo na defensiva. — Não! — a mulher rebatia, chocada — você está um homem lindo! Tão grande! Percebeu que Zane ficou desarmado por um instante, mas não deu o braço a torcer: — O que você está fazendo aqui? — sua pergunta soou seca. Quinn realmente estava desconfortável por presenciar a cena. Apesar de que naquele momento, nenhum dos dois parecia notá-la ali parada: — Será que eu poderia entrar? Prometo que serei breve. Por um instante, pensou que Zane lhe diria um sonoro não. Mas então, se afastou da porta, abruptamente, deixando a critério dela decidir se entrava ou não. Coube a Quinn lhe indicar que entrasse. Trocaram um breve sorriso enquanto se cruzaram. Era estranho. A mulher de alguma forma, parecia avaliá-la. Na sala, ele andava de um lado para o outro, inquieto. Que situação! A única coisa que podia deduzir até o momento, era que não se viam há muito tempo. E que Zane muito provavelmente preferia que continuasse assim. Então ele se sentava esparramado no sofá, sua cara ainda de poucos amigos. Novamente foi Quinn quem lhe indicou que se acomodasse na poltrona oposta a ele. Sem saber exatamente o que fazer, sugeriu: — Eu vou passar um café — e deixou a sala. A casa era pequena e mesmo que tentasse não ouvir, era impossível. Apesar de eles não estarem conversando muito. — O que está fazendo aqui? — Zane repetia a pergunta. — Queria muito te ver... — Depois de todo esse tempo? — seu tom ainda era seco e um pouco grosseiro. — Eu tenho te procurado por muito tempo, meu filho! — a mulher parecia na defensiva. De repente lhe ocorreu que ela nem sabia o nome da mãe dele e que ele não fizera questão de apresentá-las. Por sorte, Zane tinha uma moderna máquina de café expresso. Rapidamente preparou três xícaras e voltou para a sala. Serviu aos dois, que no momento estavam em completo silêncio, cada um olhando para um canto do chão. Parada ao lado do sofá, Quinn realmente se sentia uma intrusa: — Eu acho... Que vou para casa e deixar vocês conversarem mais à vontade... Assustou-se quando Zane buscou rapidamente sua mão, puxando-a para sentar-se a seu lado, dizendo rispidamente: — Você não tem de ir a lugar algum! Ok, seu tom era sim ríspido. Mas sentia sua mão gelada, levemente suada. Ele não queria que ela fosse embora. Precisava dela ao seu lado. Um homem tão grande, de expressão fechada, mas que de alguma forma, estava se sentindo inseguro. Obviamente que sendo assim, não sairia do lado dele de forma alguma, mesmo estando tão desconfortável: — Sou Quinn Armentrouth — Estendia a mão, enfim se apresentando à mulher, já que obviamente Zane não tinha intenção de fazê-lo. — Emma Taylor – retornou o cumprimento e então sua atenção se voltava de novo para o filho e sua cara fechada — Zane, eu não esperava ser recebida com flores... — Ainda bem! — ele era sarcástico, uma forma que nunca o vira antes — Porque você não pode esperar voltar depois de vinte dois anos e realmente esperar flores! Ainda mais se abandonou seus filhos, que a idolatravam, para ficar com outro homem! — acusou, sem qualquer piedade. O queixo de Quinn voltou a cair. O que ele dizia era muito sério! E agora ela entendia um pouco a reação dele à mulher. E quando seus olhos se voltaram para Emma, ficou preocupada. A outra estava muito pálida, seus olhos arregalados de espanto, parecendo mesmo em choque: — Foi o que seu pai lhe disse? Que os abandonei por outro homem? — É tudo o que sei! É com o que cresci sabendo. Emma engoliu em seco, observando sua xícara de café: — É uma pena que Carl tenha sido tão... Olha, meu filho, você devia exigir que ele lhe contasse a verdade! — A verdade? — ironizou ele — existe outra verdade? — Sim, existe e Carl devia lhe dizer toda ela! — Bom, infelizmente isso não será possível! Ele morreu, pouco tempo depois de você o abandonar. Foi consumido pela bebida! — seu tom era acusativo. — Oh! Eu sinto muito! Eu não sabia... Sinto muito por isso! — a mulher pareceu abalada — Mas e sua irmã? Nunca lhe disse nada? — O que tem Anna a ver com isso? — Ela era mais grandinha. Via mais as coisas. Você era pequeno. Eu tentava te poupar de certas situações. Zane perscrutou a face daquela agora desconhecida.O que ela estava dizendo? Que não tinha abandonado por outro homem? Que toda a dor de ser deixado por uma mãe a quem amava demais, tinha sido em vão? — Por que não conversa com ela, Zane? — rogava baixinho – e eu preciso muito vê-la! O investigador que contratei para encontrar vocês não a localizou. Pode perguntar a ela, se aceita me ver? Ele não respondeu de pronto. Então depois de um suspiro, falou parecendo contragosto: — Vou falar com ela. O alívio na expressão de Emma foi visível: — Obrigado! E peça que lhe conte sobre... Tudo o que ela possa ter visto, ok? — então, se colocando de pé, anunciou. — Bom, eu só vim para saber como você estava. Mas gostaria muito de te ver de novo. Você almoçaria comigo amanhã? Quinn apertou os dedos dele, que estavam entrelaçados com os seus. Como se houvesse esquecido do contato, Zane baixou seu olhar para as mãos unidas. Sim, ela estava apelando para que aceitasse o convite. No fundo, sabia que ele precisava de respostas. Depois de um instante, respondia: — Ok. — Ótimo! Como Zane não fez um único movimento para acompanhá-la até a porta, Quinn o fez. Não era uma atitude muito educada dele, mas podia compreender. O que lhe constava, aquela mulher ainda o havia abandonado e não merecia seu respeito. Assim que as mulheres rumaram para a porta, Zane foi para a cozinha. Já do lado de fora, Emma estendeu a mão para Quinn: — Sei que Zane não é casado, mas fico feliz que tenha uma namorada como você — disse, surpreendendo-a — Me parece uma garota legal! Um pouco sem jeito, Quinn sorriu. Era a primeira vez que era chamada de namorada de Zane. E aquilo lhe soava bem! — Obrigado. E eu torço para que se entendam. — Ao que parece, não será uma tarefa fácil, mas eu não vou desistir até ter de volta o carinho do meu filho. Depois de mais algumas trocas de gentilezas, a mulher partiu. Zane simplesmente não estava acreditando que aquilo estava acontecendo! Era surreal demais! Depois de vinte e dois anos, sua mãe reaparecia do nada, sem nunca antes ter entrado em contato! Saia do banho, quando ouviu a voz dela. Reconheceu-a de imediato. Era a mesma que o abençoava ao dormir, que lhe desejava que tivesse uma boa aula, quando deixava-o no colégio. A mesma que lhe dava broncas quando fazia uma arte e a mesma que o acolhia, sempre que se machucava ou adoecia. Agora, quebrando alguns ovos em uma frigideira, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ainda estava aturdido. O que ela quisera dizer, com descobrir as verdades? Anna sabia de algo que ele não? Teria sentido todo aquele rancor, magoa da mulher que lhe fora a pessoa mais importante no mundo, sem uma razão plausível? Não sabia identificar o que sentia no momento. Raiva, frustração. Saudade. Emma não havia mudado muito, a não ser claro que estava mais velha. Continuava com sua fala doce, pausada. Feições suaves, agora marcadas por discretas rugas. Até seu cabelo cacheado parecia levar o mesmo corte, curto à altura dos ombros. E tinha uma aliança em sua mão esquerda. Estava casada de novo, óbvio! E podia bem ser com o homem com quem partira, ao deixar sua casa. Mal segurando um suspiro exasperado, sentiu-se meio idiota, ao notar que de fato sentira falta dela. E que essa saudade não era maior do que a raiva que devia sentir da mulher. E não queria se deixar enganar pela expressão sofrida que a outra carregava na face. E desejava ter ignorado quando notou que ela parecia muito querer abraçá-lo. Só notou que os ovos estavam queimados, quando o cheiro lhe alcançou o nariz. Furioso, jogou todo seu conteúdo na lixeira mais próxima. Pegava mais ovos na geladeira, quando Quinn o deteve, encostando-se no batente da porta. Seu olhar era inquiridor, mas não disse nada: — Eu sei que você tem um monte de perguntas, Quinn, mas eu não estou pronto para respondê-las agora. Ela suspirou e veio se apoiar no balcão: — Ok! Vou tentar engolir minha curiosidade então! Enquanto pegava outra panela no armário, olhou-a de soslaio. Suas sobrancelhas estavam erguidas e ela mordia os lábios. Devia estar se contendo a muito custo para não o encher de perguntas. Ele riu. Estava encantadora com aquela expressão e percebeu que não poderia negar nada a ela: — Não tem muito que falar, Quinny. Você ouviu: ela abandonou sua família por outro homem e nunca olhou para trás e fim! — Sei. Sinto muito por isso, querido — veio deslizar sua mão pela face de barba por fazer dele — eu não fazia ideia. Zane fechou seus olhos por um instante, junto ao toque. Mas, com um suspiro, afastou para o fogão. O gesto dela o deixava desarmado e não queria parecer um bebê chorão: — Não é um assunto que eu goste de comentar, meu anjo. — E sobre o que ela falou? Que devia procurar respostas com sua irmã? — Quinn se sentava na bancada ao lado do fogão, para poder sondar a face dele. — Não posso acreditar que haja algo que minha irmã tenha me escondido. — Mas vai procurá-la, certo? — Você com certeza acha que eu devia. Não é? — Sim, eu acho. Você sabe que precisa dessas respostas, não e verdade? Até posso te acompanhar, se quiser — se ofereceu, arqueando as sobrancelhas rapidamente — e conhecer minha cunhadinha! – brincou. Zane riu com gosto, pela primeira vez naquela manhã: — Cunhadinha? Foi a vez dela gargalhar, daquela forma que o fazia para tudo para admirar, jogando sua cabeça para trás: — Sim, sua mãe já me aceitou. Me chamou de sua namorada! — Oh, e você é minha namorada agora? — Zane parou o que fazia e veio parar diante dela, as mãos apoiadas ao lado das coxas dela. — Bom, — erguendo a barra da saia, para então separar os joelhos e o puxar pelos passantes da calça, para que se encaixasse entre eles, cruzou seus calcanhares no traseiro dele — se não sou sua namorada, o que eu sou? — Uma amiga com benefícios? — sugeriu de forma bem cafajeste, somente para provocá-la. — Uma amiga?! Você está brincando comigo, não, Zane Hudson? — ela o beliscou em um mamilo, fingindo-se de brava. — Ai! — exclamou de dor e pegou as mãos delas, segurando-as junto a suas costas. Então a puxava junto a seu peito, ela tendo de erguer a cabeça para encará-lo — Você pode ser muitas coisas para mim, bonequinha! E uma única palavra não poder definir isso — e beijou-a docemente. Não havia erotismo naquele beijo. Havia carinho, sentimento. Ao menos era o que Quinn sentia. Seu coração dava pulos, ao efeito da confissão dele. Oh, homem! Ele estava transformando seus músculos em gelatina ao som de sua voz, e seu cérebro funcionava a marcha lenta quando a beijava como agora. — Agora trate de me soltar, garota. Eu preciso te alimentar, lembra? — dizia ele, desvencilhando das pernas dela. Bufando e revirando os olhos, Quinn desceu do balcão e encostou-se na parede oposta a ele: — Você sabe, quando me beija assim, me deixa faminta, mas não de comida... — insinuou. — Mais uma sugestão do tipo e vou te arrastar para aquele quarto e a foder pelo dia todo. — É uma promessa? — Não brinque com fogo, bonequinha! Estou tentando ser gentil aqui — Apontava a comida. Quinn voltou a bufar: — Oh, sim! Com a delicadeza de um animal! De costas para ela, Zane se deteve abruptamente, seus ombros se enrijecendo. Quinn se empertigou, temendo tê-lo ofendido: — Zane... Eu... Ele começou a se voltar, lentamente, muito quieto e a encarou. Ela se encolheu junto à porta. — Animal? Eu? — falou, perigosamente sério. — Zane, era só uma brincadeira... — Eu vou lhe mostrar quanto animal eu posso ser! Então, diante dos olhos dela, Zane começou a se abaixar, até ficar de quatro... Patas? Sua posição era exatamente como a de uma grande pantera-negra. Ainda mais quando ele levantou os cantos de sua bela boca, lhe mostrando os dentes e rosnando para ela? — Zane? — ela chamou, num misto de surpresa e receio. Ele voltou a rosnar, dessa vez mais alto, estreitandoseus lindos olhos verdes e deu um passo, com a mesma graciosidade que o animal verdadeiro faria, seus músculos se flexionando a cada movimento. Era estranhamente belo e fodidamente sexy. Quinn soltou um riso nervoso, recuando um passo, enquanto ele avançava outro, olhando-a como se fosse a presa. — Você só pode estar brincando. Zane rosnou de novo e mais alto, antes de saltar e avançar para ela. Quinn gritou de surpresa e se pôs a correr pela casa, com ele em seu encalço. Seus saltos também se assemelhavam muito aos de um grande felino, jogando as mãos na frente e depois dando impulso com os pés. Quando se viu encurralada no canto da sala, Quinn estendeu as mãos a sua frente, para se defender, ainda entre o riso e o nervosismo. Ele se deteve, espreitando-a. Com outro rosnado, como se avisando que ela devia ficar quieta, foi se aproximando até estar diante dela. Começou a “farejá-la”, desde seus pés, subindo por suas pernas, lentamente. Deteve-se um pouco mais de tempo em seu sexo, esfregando seu nariz ali. Quinn deixou um gemido escapar. Mesmo por sobre as roupas, o contato dele com seu clitóris a excitou. Recebeu outro rosnado e um olhar predador. Ela segurou a respiração. Então ele continuou sua inspeção, Quinn acima, contornando um seio dela com o nariz. Logo lhe alcançava seu pescoço e ela curvou seu pescoço para lhe permitir mais acesso. Agora ele colava o corpo ao dela, deixando-a bem ciente da ereção potente sob suas calças. Rosnou uma vez mais junto ao seu ouvido e deteve-se ali: — Isso foi animal o suficiente para você, Quinn Bee? — sua voz tinha uma nota de humor. Ela mordeu o lábio, suspirando. Então começou a estapear o peito dele, rindo: — Seu bobo! Me assustou! Zane se defendia do ataque dela com os braços, rindo abafado: — O que pensou? Que eu ia me transformar num lobo? — Eu não sei! Você parecia mesmo um animal, com todos os trejeitos de um! Já assistiu Beaty and the Beast? — Bom, eu tenho outras habilidades animais — ele enlaçava a cintura fina dela, esfregando seu membro teso no ventre dela. Quinn arqueou as sobrancelhas, fazendo desenhos desconexos na frente do peito dele, muito interessada agora: — Mesmo? — Sim... Lamber é uma delas... — como demonstração, deslizou a língua áspera pelos lábios dela. 20º — Mas afinal, o que foi isso tudo que você fez? — ela perguntava, gesticulando e mostrando onde ele passara. Zane riu, acariciando a face dela: — Se chama ginástica animal, onde imitamos os animais, claro. — Nossa! — Quinn lhe enlaçou o pescoço, arqueando seu quadril para frente, encostando-se a ele — isso foi sexy! — Deixa eu te levar ali para o meu quarto, que eu vou lhe mostrar o que é sexy e animal... — e pegando-a de surpresa, jogou-a sobre um ombro e a levou. — Vai procurar sua irmã? — sua voz soava sonolenta, cansada, após acasalar com seu enorme felino. — Sim, vou — ele tinha uma mão sobre a cabeça e a outra acariciava os cabelos de Quinn, deitada sobre seu peito. Aspirou seu cheiro. Maçã verde. Ele adorava! — Ligarei para Jake e explicarei que tenho de viajar. — Onde sua irmã mora? — Em Boston. — Você é de lá, ou nasceu aqui em Nova Iorque? Zane riu de forma preguiçosa, do jeito que ele a deixava arrepiada: — Moça, eu vim de Tucson, Arizona. — Moço, você está um bocado longe de casa! — Se eu for te contar, por quantas mudanças passei. Acho que morei em quase todo canto desse país. — Por que se mudou tanto? — Bom, depois... Que minha mãe saiu de casa, meu pai ficou meio perdido. E não ficávamos mais de um ano em uma mesma cidade. Depois que ele morreu, Anna e eu nos mudamos para Boston. Ela se casou e quando completei dezoito anos vim para Nova Iorque. — Eu só posso dizer: ainda bem que você veio para Nova Iorque! — enroscou-se ainda mais a ele, envolvendo seu pescoço. — Bom, são umas boas quatro horas daqui a Boston. Vai pegar avião? — Não, acho que prefiro dirigir. Pensar um pouco. — Eu falei sério quando disse que iria com você, se quiser. — Encarou-o, apoiando a cabeça nas mãos cruzadas sobre o tórax rijo dele. — Não quero atrapalhar o seu trabalho, meu anjo. E vou ficar bem, não se preocupe. — Ok... Eu espero que encontre as respostas que precisa. E quem sabe se entenda com sua mãe? — Isso é... Tão surreal! Eu sofri por anos, achando que ela poderia ter abandonado a mim e a minha irmã... Odiando-a! O que pode mudar tudo agora? Quinn ficou pensativa: — Eu fico imaginando você, um garotinho, perdendo a mãe desse jeito... Ele ficou quieto e ela sentiu o peito dele arfar lentamente: — Foi complicado! Meu pai sempre foi um homem difícil e assim eu me apeguei muito a ela. E quando isso aconteceu... Eu me senti tão traído quanto meu pai. Ferido de morte. Para um garoto de nove anos, ouvir seu pai aos berros te dizer... Sua mãe não te amava! Ela fugiu com outro e te deixou aqui! Ele suspirava e Quinn teve a impressão de que a voz dele estava embargada. Oh, Deus, se ele chorasse, o que faria? — Foi a última vez que falei com ele sobre minha mãe. Foi a última vez que falei sobre ela com qualquer um! — Talvez por isso sua irmã não tenha lhe dito nada. — Eu não sei. Anna sofreu tanto quanto eu. Garanto isso. Já era uma mocinha e perdeu sua referência feminina... Nós ficamos mais próximos depois disso. Mas não falávamos dela. Acho que porque era doloroso para os dois. — Eu nem posso imaginar isso! Você acha que ela vai querer ver a mãe? — Não sei. E também não sei se quero vê-la de novo. Dependendo do que Anna disser. — Tudo vai se resolver, vai ver. — Espero! Mas agora, — ele pulava da cama e segurava os pés dela, puxando-a — Vamos tomar um banho que eu tenho de terminar de preparar o café, ou vai chegar atrasada na sua loja! — assim concluindo, pegou-a da cama e a jogou sobre os ombros novamente, levando-a rumo ao banheiro. — Sempre um cavalheiro... — resmungou ela aos risos. — Sempre! Quinn enrolou-se na única toalha disponível no banheiro. Torceu seus cabelos para retirar o excesso de água e saiu para o quarto. O cheiro vindo da cozinha estava divino, fazendo seu estômago reclamar. Sorriu ansiosa por desfrutar da refeição feita por Zane. Procurou outra toalha no quarto. Encontrou uma sobre a cama, a que ele havia acabado de usar. Estava muito molhada. Obviamente, pois Zane era um homem grande. Para secar todo aquele corpo, teria mesmo de ser uma peça enorme. Resolveu buscar por outra dentro no guarda-roupa dele. Bingo! Só estranhou ela estar na última prateleira... Mas ao puxá-la, levou um susto. Dentro dela, embrulhado com muito cuidado, havia uma dezena de fotos, que se espalharam pelo chão. Abaixou-se para recolhê-las rapidamente, antes que ele aparecesse e pensasse que estava bisbilhotando... Mas estacou ao notar de quem eram. Camille. Algumas de Zane, mas ela estava na grande maioria. E o pior, eram fotos íntimas, onde a ruiva posava nua sorrindo largamente para a câmera... E sabia bem quem estava com o dedo no clique. Eram fotos das mais variadas: ela em frente ao espelho, sentada no sofá... Na cama, chamando por ele. Algumas dele, durante o banho, comendo, massageando os pés dela... E essa, em que Camille estava de frente pra ele, de joelhos. E fuçava em seu zíper com um sorriso devasso na cara. Não havia como disfarçar o volume em suas calças. Sabia que não devia continuar a olhar, mas era mais forte que ela. Mas foi quando Zane a chamou da sala: — Quinn? O café está pronto. Com o susto, deixou as fotos caírem de novo: — Eu... Eu já estou indo! — gritou de volta, gaguejando. Rapidamente recolheu tudo, com medo de que ele surgisse a qualquer momento. E um outro baque: o nome Cami estava bordado na toalha. Era a tolha daquela vaca! E ele a guardava! Se duvidasse, ainda tinha o cheiro dela! Piscou repetidas vezes, para tentar conter lágrimasque ameaçavam rolar. Por que ele guardava aquilo tudo? Será que passava horas olhando para aquelas imagens? Ou cheirando a peça, em busca da essência da ruiva? Devia confrontá-lo? Possivelmente não. Ele pensaria que estava fuçando em suas coisas. E achava que poderia não gostar da resposta. Ou mentiria para ela, de qualquer forma, aquilo não tinha como terminar bem. — Inferno! — fungava, enquanto vestia suas roupas, desesperada para sair dali. E ainda havia o fato de que ele estava no meio daquela situação com sua mãe e irmã! Não seria justo criar uma situação agora: — Idiota! — disse para sua imagem refletida no espelho, por ainda pensar no bem- estar dele. Tomando algumas respirações, enrolou os cabelos ainda úmidos e os prendeu em um nó, no alto da cabeça, ergueu o queixo e logo estava na sala. Percebeu que ele conversava com Jake pelo telefone. Quando a encarou, suas sobrancelhas se uniram, como se notasse algo em sua expressão. Tapando o bocal do celular, lhe perguntou: — Algo errado? Teve de conter o ímpeto de lhe gritar uns bons desaforos, mas conteve-se. Quando ele retornasse e resolvesse seus problemas, aí então seria a hora de conversar. Ou não... — Tudo certo! Mas eu já vou indo... — Não vai tomar café? — Não, tenho mesmo de ir. Problemas na loja. Ele pareceu não gostar e ainda estar desconfiado, mas concordou, chamando-a com os dedos para um beijo. Um pouco contragosto, Quinn foi até ele. A angústia de pensar que aquele seria o último beijo trocado com ele, a dominou. Assim, tomou o rosto dele entre as mãos e o beijou longamente, absorvendo seu gosto. Maldita vontade de chorar! Não era chorona, mas estava à beira de um pranto. Por isso precisava sair dali logo. — Bebê, está mesmo tudo bem? — inquiria ele de novo, tocando sua face. Forçando um sorriso, Quinn se afastou, antes que as lágrimas rolassem na frente dele: — Tudo certo! Boa sorte com sua irmã — Desejou, já rumando para a porta. — Eu te ligo mais tarde, ok? Ela não respondeu, apenas meneou a cabeça de leve. Assim que se encontrou em seu Corvette, enviou mensagem para Júlia, que a encontrasse na loja. Precisava de suas amigas e fiéis escudeiras com urgência. Zane esqueceu-se de que estava no meio de uma ligação. Estava enganado ou vira lágrimas nos olhos de Quinn? Mas como? Por quê? Seria sua imaginação? Já se preparava para correr atrás dela e a interrogar melhor, quando a voz de Jake do outro lado da linha o trouxe de volta: — Zane? Ainda está aí? — Hã... Sim — respondeu, enquanto via o carrinho vermelho de Quinn partir — aqui. Uma sensação estranha o invadiu... E o beijo que lhe dera? Como se estivesse se despedindo... — Cara, você está ou não comigo? — Jake ria do outro lado. — Sim, sim, estou aqui. É só que... — como explicaria o que nem ele mesmo estava entendendo? — nada, irmão. Esqueça... Depois de uma breve passada em casa para escovar os cabelos e trocar de roupa, voou para a loja. Precisava de uma grande xícara de café, um donutts gigante de chocolate e colo. As imagens de momentos antes ainda estavam em sua cabeça. Não podia aceitar. E se ele de fato não esquecera a outra? Se ela fosse apenas um passatempo, uma forma de manter a outra fora de seu sistema, pelo menos por algumas horas? Podia aceitar isso? Sabia que a resposta era não. Não queira ser estepe para ninguém. Queria Zane Hudson inteiro, não só seu corpo, mas sua alma, seu coração. Revirando os olhos para enganar as lágrimas que lhe ardiam nos olhos, arrancou rumo à loja. Júlia e Gwen já a guardavam em seu escritório: — Opa, você está com uma cara de cansada e não do tipo: Estive fodendo com meu Zanão a noite toda! — sua assistente deduzia. — O que houve, mulher? A loira, que ocupava sua cadeira quando chegou, colocou-se logo de pé lhe estendendo um copo plástico com um fumegante café preto: — O que houve, amiga? — repetia ela, parecendo preocupada. Quinn se deixou cair na cadeira com exaustão. Explicou a elas rapidamente o que havia encontrado no armário de Zane. Ao fim, as duas se entreolharam, parecendo não saber direito o que dizer: — Hã... Quinn... — Gwen começava. — São só fotos antigas... — Só fotos? Você não as viu! Eram... Fotos quase pornográficas, senão totalmente pornográficas. Até onde olhei, eram bem... Ousadas! — Ok! Não vou colocar panos quentes! — Júlia explodia — por que ele guardaria essa droga toda, se diz não suportar a vermelhinha? Logo recebia uma cotovelada de Gwen: — Ai! — Ela está certa! Por que ele guardaria, senão para... Matar a saudade? — Amor, minha chefa, querida! Vai entender os homens Talvez ele simplesmente as tenha esquecido ali! Quinn suspirou, se afundando mais na poltrona: — Eu não sei, mas quanto mais penso, mais chego as conclusões que não gosto... — Não disse nada a ele, certo? — a loira inquiria. — Não. Ele está nessa situação toda com a mãe dele. Como elas não entenderam nada, explicou também esse acontecido: — Wow! Momento errado! — Júlia balbuciou, meio sem saber o que dizer. — Momento errado ou não, devia ter tentado falar com ele. Agora fica com essa cabeça cheia de ideias. — Gwen, você não entende? Não sei muito, mas sei que a história deles foi intensa. Ninguém sai de um tipo de relacionamento como esse sem marcas! E as coisas que aquela ruiva vadia me disse... — Não se ligue com que VaCamille diz! — repreendia a morena — ela não passa de uma drogada, empata namoro de uma figa! Suspirando desanimada, Quinn deixou o café de lado e debruçou-se sobre sua mesa: — Sabe, com Ashton... Foi difícil, mas... Eu sabia que já não existia amor, ao menos da minha parte... — Nem da dele, para ter feito o que fez... — balbuciou Gwen que agora era cutucada por Júlia — ai! Como se elas não a tivessem interrompido, prosseguiu: — Foi um alívio quando terminou. Mas com Zane... Ah, droga! Não sei se aguento tudo isso! — segurou as mãos entre as cabeças — Tudo entre nós é tão intenso! E sinto que está se encaminhando para algo mais forte. Eu acho que talvez seja melhor parar por aqui, antes que eu me machuque mais. — Vai deixar aquela cadela magrela vencer? — a loira cruzava os braços sobre os seios. — Não se trata de ganhar ou perder — involuntariamente, o queixo de Quinn tremia — Se trata de me preservar. — Não está se precipitando, chefinha? — O que sei é que estou apavorada! Deus sabe o quanto me dói pensar em ficar longe de Zane. Mas não sei se posso viver à sombra daquela mulher... O celular dela começou a tocar. Mesmo sem olhar, sabia que era ele. Então as três ficaram a encará-lo através da tela do aparelho: — Mas que merda! O bastardo tinha de ser lindo? — Gwen reclamou — Olha esses dentes! — Você não está facilitando, garota! — Júlia a reprovava — Quinn? Não vai atender? — Eu não sei o que dizer a ele. Antes que pudesse pensar, sua assistente atendia, deixando-a aterrorizada: — Alô? Zane? Como vai? É Gwen. Quinn? Oh, sinto muito, ela acaba de entrar em uma reunião. Sim, eu aviso — desligou e simplesmente entregou à chefe — Dessa eu te livrei, mas ele pediu que ligasse para ele, assim que possível. Ela apenas conseguiu suspirar, mordendo o lábio. Já fazia duas horas que Zane estava na estrada e aquela sensação de que havia algo errado não o abandonava. Decidiu parar em um posto logo à frente, para esticar as costas e claro, ligar de novo para Quinn. Enquanto abastecia o carro, discou os números nervosamente. Depois de muito chamar, caiu na caixa postal: — Mas que porra! — murmurou entredentes, olhando para o aparelho em sua mão. Ainda arriscou mais três vezes, com o mesmo resultado. Resolveu deixar recado: — Hey, bebê. Estou na metade do caminho. E mudei de ideia, essa viagem está um tédio sem você! Queria que estivesse aqui. Liga pra mim, ok? Ao fim, espalmou as mãos nos quadris, sentindo o ímpeto de pegar a estradade volta. Mas seria perda de tempo. Chutando o pneu do Maverick, decidiu retomar a estrada, mas se sentia frustrado. Poucas horas depois, estacionava de frente à casa de sua irmã. Estava simples como antes, tão aconchegante quanto se lembrava. Depois de duas batidas breves na porta, ela foi aberta, que sempre esteve destrancada, pois o bairro era bem família e seguro: — Alguém em casa? Uma Anna de olhos arregalados surgia da cozinha: — Zane? Mas como? Indo até ela, abraçou-a brevemente. Eram unidos, mas não tão expansivos em carinho: — Olá, mana! Como está? — Surpresa! Se tivesse me dito que viria, teria feito aquela torta de maçã que tanto gosta! — ela indicava que a acompanhasse até a cozinha. — Mas você sabe, pode fazer enquanto conversamos... — sugeria sorrindo. — Sempre espertinho! Mas o que o trouxe até aqui? — agora ela parecia desconfiada. — Alguma emergência? — Acho que podemos colocar assim — dizia, sentando-se na cadeira que ela indicou. — A mãe foi me procurar. Viu a cor sumir do rosto da irmã. Então ela engolia em seco e vinha se sentar frente a ele: — Sério? Depois de tanto tempo? — Sim. E quer muito te ver. — Quer? Por que agora? O que mudou? — Ela disse que tem nos procurado há muito tempo. Você quer vê-la? — Hum... Eu não sei. — Anna, quando eu a acusei de nos deixar por outro homem, eu achei que ela fosse desmaiar, de tão pálida que ficou. — Você disse isso a ela? — a irmã exclamou, chocada. — Sim, eu disse porque foi a informação com a qual eu cresci. E então me sugeriu que procurasse a verdade com o pai. Quando informei sobre sua morte, me disse então que procurasse você. O que ela quis dizer com isso, Anna? Nossa mãe não nos deixou por outro homem? Viu a irmã suspirar profundamente, se ajeitando na cadeira: — Era isso que o pai queria que eu acreditasse também. E, juro, não sabia que você pensava assim. Mas eu estava lá, era mais grandinha e via as coisas. — Meu deus, Anna! Não me deixe confuso! O que afinal você quer dizer com tudo isso? — Zane, você era novo e a mãe tentava te preservar. Mas eu via as brigas extensas que ocorriam naquela casa! — Eles brigavam? Quando? Como eu não via isso? — Você estudava, tinha seu treino de futebol. Só estava em casa à noite. E ela evitava a todo custo que visse essas cenas. Sempre ele chegava bêbado em casa, a mãe dava um jeito de nos levar para algum lugar, seja jantar na vovó ou comer um simples cachorro-quente em algum lugar. Quando voltávamos, o pai já estava dormindo. Acho que ela não queria que tivesse uma imagem ruim dele... — Mas acha que foi por isso que foi embora? — Na noite anterior a partida dela, o pai fez algo que nunca, mesmo com tantas brigas, tinha feito antes — sua voz era grave. — Ele bateu nela. — Ele bateu nela? — Zane repetiu, sentindo uma grande revolta o tomar. — Sim, ele o fez. Deixou uma marca no rosto dela, — Anna gesticulava, apontando o rosto, como se ainda estivesse vendo o acontecido — roxa, enorme! Eu nunca a vi chorar tanto! — Meu Deus, Anna! Por que não me contou isso? — Eu não sei! Você nunca me perguntou e eu também não tinha vontade de falar! Não queria relembrar. Na manhã em que ela partiu, eu sentia de alguma forma que algo ruim ia acontecer. Assim eu não fui à aula. Se eu soubesse que seria a última vez que a veria... — os olhos dela estavam marejados, e sua voz embargada. Depois de limpar a garganta, prosseguiu — ela deixou você na escola e veio falar comigo. Chorava muito. Disse que estava indo, mas que era para buscar um futuro melhor para nós todos. E que voltaria logo para buscar você e eu. Mas então, o pai não parava de nos levar de um canto ao outro nesse país e acho que isso era premeditado para que ela nos perdesse de vez. Zane levantou-se, cruzando os dedos junto a nuca, exasperado. Respirava rapidamente. Era muito informação para processar: — Tem ideia do que passei todos esses anos, fingindo para mim mesmo que não me importava se ela tinha ido embora? Fingindo que não sentia sua falta? E tentando descobrir se a culpa era minha por ela ter ido? — Hey, de onde tirou essa ideia? — Anna se levantava, vindo esfregar as costas dele, como fazia quando ele era pequeno. — Eu era uma criança! Estava perdido, confuso. — Eu estou me sentindo culpada agora! — Anna disse em voz baixa e fitando o chão. Zane deixou uma longa respiração lhe escapar dos pulmões. Penalizou-se ver a irmã daquele jeito. Então a puxou junto ao peito, beijando o alto de sua cabeça: — Não se sinta assim, querida! De certa forma éramos pequenos e não sabíamos bem o que fazer. Mas talvez agora seja nossa chance... De dar o perdão a ela. Fungando, Anna levantou seus olhos para ele: — Você acha que consegue? Ele deu de ombros: — Não sei. Preciso ouvir o que ela tem a dizer primeiro, mas... Estou disposto a tentar. E você? — Acho que também. 21º Anna o convenceu a passar à noite. Disse que seus sobrinhos, Ryan de nove e Tyler de onze iriam adorar vê-lo. Assim como seu marido David. E foi bom ver o cunhado e os meninos, mas estava inquieto. Ainda não conseguira falar com Quinn. Sempre caia na caixa postal e ela não havia retornado suas ligações. Inferno! O que havia de errado? Viu-se repassando os acontecimentos da manhã, tentando entender se de alguma forma, podia ter feito algo errado. — Quinn? — e lá estava de novo deixando mensagem em sua caixa postal — Estou começando a me preocupar, meu anjo. Por favor, ligue para mim, ok? Quinn estava encolhida numa poltrona, no canto da sala escura, sendo iluminada apenas pela luz da rua. Zane não parava de ligar. E ela estava se sentindo perdida, sem saber se devia responder. Mas o que diria, se o atendesse? Sabia que não poderia conversar com ele simplesmente, sem falar das fotos. E a cabeça dele já estava cheia demais para mais aquilo. Continuava a se sentir idiota por estar preocupada com ele, se sentindo traída. Cada foto daquela mulher era como uma faca enfiada em seu peito. E como em flashes, revivia cada detalhe daquelas malditas fotos. As palavras da outra ecoando em sua mente: Sabe que ainda tem muito de mim em Zane! Ele não me esqueceu, estou impregnada sob a pele dele... E se ela tivesse razão? E se Zane de fato ainda não a houvesse esquecido? Odiava se sentir tão insegura! Estava perdida! Já não conseguia se imaginar sem seu Grandão! E sabia bem que já não era mais só sexo. Estava encantada com tudo sobre ele. Mesmo seu passado complicado não era suficiente para fazê-la desejá-lo menos. Uma noite sem ele e já sentia muito sua falta. De seu cheiro, seus beijos. Sua voz. Da forma como a chamava de bonequinha. Sorriu. Amava quando a chamava assim! Sentia-se pequena, delicada. Cuidada. Oh, aquele homem mexia com sua cabeça e com seu coração. E tristemente, como não fazia há muito tempo, sentia lágrimas quentes rolar por seu rosto. Nem mesmo quando descobrira a traição do ex ela derramara uma única gota. E agora, diante da possibilidade de não mais ter Zane em sua vida, seus braços... Oh, Deus, era desesperador. Logo pela manhã, Zane já pegou a estrada. Precisava estar no serviço, ao menos no período da tarde. Não era justo com Jake, que o deixasse na mão por dois dias inteiros. E tinha ainda maior necessidade de ver Quinn. Definitivamente algo estava errado. Preferiu não ficar fazendo divagações, pois não ia chegar a nada. Até porque simplesmente não fazia ideia do que poderia ter acontecido. Quando chegou à casa, passavam pouco das onze da manhã. Sacando o celular, ligou novamente para Quinn e de novo sem sucesso. E também tentara a loja, mas era sempre informado de que ela estava em reunião, ou atendendo um cliente ou ainda não se encontrava. Pedir que lhe retornasse já não adiantava mais. Suspirou profundamente, frustrado. Aquele silêncio o estava deixandolouco! Sua vontade era de correr até onde ela estivesse naquele momento e a interrogar. Por mais que tentasse entender, não via razão para a distância dela. Mas não poderia ir atrás dela, como gostaria. Tinha aquele almoço com sua mãe. Era um assunto que precisava ser resolvido. Ligou no número que havia sido deixado com Quinn e perguntou se poderia encontrá-lo em meia hora. Ela assentiu com entusiasmo. Passou-lhe o endereço de um restaurante não muito longe. Tomou uma ducha longa, para tentar também refrescar sua cabeça. Só conseguia pensar em sua bonequinha e no pavor de não mais a ver. Sim, porque ela podia ter simplesmente se cansado dele. Um cara com passado complicado, uma ex que era psicopata e uma mãe que aparecia do nada. Não era exatamente um exemplo de homem! A água tépida corria sobre suas costas largas, mas não faziam o efeito desejado de relaxá—lo. Socando a parede, deixou o banho. Minutos depois, chegava ao restaurante, onde sua mãe já o esperava, com olhar ansioso: — Oi! Que bom que veio, que me ligou. — Dizia, seu nervosismo transparecendo. — Sem problema. — Balbuciou, acomodando-se na cadeira de frente a ela, depositando o celular sobre a mesa. Não queria arriscar perder uma ligação de Quinn, mas a verdade era que já não esperava que ligasse. — Você viu sua irmã? — foi a pergunta ansiosa de Emma. — Sim, fui falar com ela. — E como ela está? — Está ótima! — Como reagiu, quando soube da minha volta? — Posso dizer que ficou confusa. — Entendo — ela baixou seu olhar, enquanto apertava os dedos uns contra o outro — Isso significa que ela não quer me ver? — Pelo contrário, ela quer sim — Tentou logo a tirar daquele tormento. O sorriso brincou nervoso na face da mulher. E Zane tinha de admitir: também estava emocionado. Estar próximo ao fim daquele tormento e não conseguir falar com Quinn estava acabando com ele. — E você conversou com ela? — Sim. Ela... Me contou das brigas e que... Carl... Agrediu-a. Viu Emma fechar os olhos e teve a impressão de ter ouvido um gemido agoniado, como se as lembranças a atingissem: — Por que não me contou essas coisas na época? Para mim vocês não eram um casal perfeito, mas pareciam normais! — Eu não queria que você visse aquilo tudo. Era tão novo! Não queria que Anna visse também, mas ela sempre estava presente... Não pude poupá-la daquele tormento. — Você foi embora com outro homem? — ele mesmo se assustou com a rapidez com que essa pergunta saltou de sua boca. Pacientemente, como se já esperando por aquilo, sua mãe sorriu de forma compreensiva, como fazia, quando ele era criança: — Não! — foi direta — Não saí de casa para ficar com outro homem. De fato, demorei muito para me relacionar depois que parti. Mas você deve estar querendo saber para onde fui, certo? — Sim, muito. Até onde eu acreditava em uma coisa. Hoje já não sei de nada! — Lembra que eu trabalhava para um jovem advogado? — Acho que sim. — Bom, ele recebeu uma proposta de ir trabalhar na Inglaterra. E me pediu que fosse com ele. No início, disse não. Mas depois daquela briga com seu pai... Eu repensei e aceitei. — Mas por que não nos levou? — não pôde evitar o tom acusativo em sua voz. — Eu não tinha como! Seria uma estrangeira num país desconhecido, sem dinheiro! E eu sabia que com a mudança, eu teria um salário muito melhor e poderia dar uma vida confortável a vocês dois. Eu disse a Anna que voltaria logo e voltei, dois meses depois. Meu patrão já tinha arranjado toda a papelada, passaportes, inclusive. Carl só teria de concordar em me deixar levá-los. Mas quando fui buscá-los, não os encontrei. Já haviam se mudado e ninguém sabia para onde, nem mesmo os poucos parentes que tínhamos. Contratei uma agência de detetives para procurá-los, mas sempre que chegava perto, era tarde demais! Vocês já não estavam mais lá. — Nós nunca moramos mais que um ano em uma mesma cidade. E acho que Carl o fazia de propósito, pensando agora. Todas essas mudanças eram para que eu não os encontrasse. — Sim, creio que sim. Quando parti, avisei que voltaria para buscar minhas crianças. Mas Zane, — ela estendeu a mão e segurou a dele sobre a mesa — não teve um dia, durante todos esses anos, em que eu não tenha me arrependido de não levá- los comigo! E eu nunca parei de procurá-los! — enfatizava — Nunca! Mas há pouco tempo descobri que a agência de detetives que havia contratado, estava me enganando! Eles perderam o rumo de onde vocês estavam e diziam que ainda os procurava, mas em anos, nunca mais me trouxeram resultados. Desconfiei, e eu acabei descobrindo que estavam trapaceando. Até estou processando-os por isso. Então, no começo desse ano, contratei outra agência. E há uma semana, me informaram que haviam te encontrado! — seu sorriso era largo agora — Foi o dia mais feliz nesses anos todos! E sabia, que se você aceitasse me ver, eu teria a chance de encontrar sua irmã também. Você me entende, filho? — seu tom era suplicante. Zane deixou seus olhos pousarem nas mãos que seguravam a sua sobre a mesa. Percebeu que já não havia rancor. Entendeu os motivos dela. Infelizmente o destino brincara com eles, os afastando. E um mal-entendido o fez se ressentir com sua própria mãe por anos. Mas aquilo estava para ser mudado: — Sim, eu entendo — tocou a mão dela, acariciando-a e acalmando-a — Entendo sim. — Oh, graças ao bom Deus! — ela suspirava aliviada — Eu sei que vamos ter de nos conhecer de novo. E vamos levar tudo ao seu tempo, meu filho. Responderei suas dúvidas, qualquer uma que tiver... E a conversa foi longa e esclarecedora. Zane acabou descobrindo que ela havia se casado cinco anos depois de partir e que tinha um casal de irmãos adolescentes agora. Que sua mãe se tornara uma decorada de certo sucesso na Inglaterra. Disse-lhe também, que estava em uma boa situação financeira e que poderia ajudá-lo se o necessitasse: — De forma alguma quero seu dinheiro! — recusou firme — Vivo bem com o que tenho... — ele se interrompeu assim que seu celular vibrou na mesa. Mas suspirou desanimado. Não importava quem era só que não era Quinn: — Está esperando uma ligação? — Não... Quero dizer, sim, — Ele correu a mão sobre o rosto, sem conseguir esconder sua exasperação. — É daquela moça bonita que estava na sua casa? — Emma foi perspicaz. — Gostei muito dela, sabe? Muito simpática e educada. Zane não pôde evitar de se lembrar dela: — Ela é realmente especial! — É sua garota, certo? — Ah... — ficou sem saber o que dizer por um momento. O que fazia dela sua garota? Não parar de pensar nas horas em que ficavam juntos? Adorar seu corpo quente e aconchegante? Se inebriar com o cheiro que emanava daquela pele sedosa? Estar a ponto de enlouquecer, só de pensar que nunca mais faria amor com ela? Nem veria seu sorriso sedutor? Provaria de seus lábios doces? Não poder mais admirá-la enquanto dormia ao seu lado? Não acordar com a essência de maçã verde se desprendendo dos cabelos dela? Não sabia se conseguiria viver sem tudo isso. Então, de toda forma possível, Quinn era sim sua garota. Era a garota — Sim, ela é! — resumiu. Já fazia duas horas que estava em casa e Quinn estava ansiosa, nervosa, muito agitada. Sabia que a qualquer momento, Zane bateria a sua porta. Ele disse que o faria, em uma de suas inúmeras mensagens. Mas quanto mais se recordava das fotos, mais furiosa e magoada ficava. Tentava imaginar qual seria sua explicação para elas estarem ali e nenhuma delas agradava-a. E também sabia que poderia se portar como uma idiota perto dele! Bastaria que lhe sorrisse da forma preguiçosa que deixava sua calcinha molhada, ou que a tocasse que estaria entregue! E não queria bancar essa garota! Uma boba apaixonada que se rende tão facilmente. E com o tamanho da saudade que estava de seu grandão, era bem isso que poderia acontecer! Sendo assim, ligou paraGwen e Júlia: — Meninas, eu preciso de uma noitada! Quem topa? Zane já havia esmurrado a porta, gritado por Quinn até os vizinhos reclamarem. Era fato: ela não estava em casa. Isso o deixou furioso e intrigado. Havia avisado que viria e se ela não estava ali, logicamente o estava evitando, deliberadamente! Sem conseguir se conter, chutou fortemente a porta, deixando a marca de sua bota na madeira. Sentou-se em Delayla, correndo as mãos sobre sua cabeça e deixando os dedos cruzados na nuca. Onde a encontraria? Por que agora estava fugindo dele? Inferno, o que ele poderia ter feito para causar essa bagunça? Quinn não era o tipo de garota que fazia essas coisas! Era centrada, bem resolvida. Algo estava bem errado e desconfiava que poderia ter sido culpa dele... Mas que porra poderia ter feito? De repente, seu celular começou a vibrar e mais que rapidamente ele o retirou do bolso dianteiro da calça, pensando ser ela. Suspirou já pensando em devolver o aparelho no bolso, ao ver que era de Camille. Mas sua curiosidade falou mais alto. O que aquela louca ainda tinha para lhe dizer? Por que será que prevejo problemas no paraíso? Começava sarcástica, claro. O que ela queria dizer? Prosseguiu a leitura: Será que está procurando aquela cadela afetada da Quinn? Ok, ela tinha conseguido a atenção dele. Porque não a procura naquela sorveteria em que a levou? Acho que vai ter uma surpresa, otário! A essa altura, Zane já bufava de raiva. Não devia cair na dela. Mas, inferno, aquela vagabunda o tinha deixado extremamente curioso. Ponderando se devia compactuar com as sandices da outra, acabou por decidir verificar. O que poderia encontrar? Colocando o capacete, imprimiu toda velocidade capaz que Delayla obtinha. A cabeça de Zane estava a mil. Quinn estaria lá? Sozinha? Ou pior; acompanhada? Não, ela não faria isso... Faria? Teria se enganado tanta assim sobre o caráter dela? Em poucos minutos parava em frente ao estabelecimento lotado. E para infelicidade dele, não foi difícil localizar Quinn... Acompanhada por outro homem que segurava sua mão. O sangue ferveu em suas veias. Ela havia cansado de brincar com ele e já arranjara outro brinquedinho? E para piorar a merda da situação, o outro parecia ser um grã- fino, um filhinho de papai cheio da grana. Contraindo o maxilar, vislumbrou as mãos unidas. Não podia ver a face de Quinn, de onde estava, mas ela não parecia ter pressa em liberar-se do contato. Aquele idiota não tinha o direito de tocar nela! Era sua garota, inferno! Ao menos era assim que pensava, dois dias antes. A vontade de arrancar a cabeça do sujeito só aumentou quando esse acariciou de leve o braço dela. Sem hesitar, caminhou a passos duros até a mesa. Quinn não conseguiu disfarçar outro suspiro enfadonho. E resistia a muito custo em não dar um puxão em sua mão que Ashton insistentemente segurava. Só não queria fazer uma cena no meio do salão repleto de conhecidos. Sabia que de qualquer forma seriam o assunto do dia seguinte, mas que não fosse por causa de um escândalo. Pois o que de fato tinha vontade era de esfregar o restante de seu sorvete derretido na cara de seu ex. presunçoso. — Quando disse que íamos ter uma noitada, — resmungará Gwen, quando entraram na sorveteria — pensei que seria regada a bebidas, dança e quem sabe sexo quente com um desconhecido, não à... Sorvete? — ela apontava o enorme cartaz no alto do estabelecimento. — Amiga, estou mal e se começar a beber, acho que não paro mais! Então, prefiro boicotar minha dieta que meu cérebro! Mas, para sua total infelicidade, Ashton apareceu do nada e insistiu em conversar com ela. Bastou um olhar a volta para perceber que todos seus conhecidos estavam espalhados pelo lugar e os encaravam com curiosidade. Não teve outra saída a não ser aceitar. E então era a mesma ladainha de sempre, que estava arrependido, que a amava, que a queria de volta... Sobressaltou-se, ao que Zane se materializou ao lado da mesa, com cara de poucos amigos: — Quinn! — disse de forma seca, seus olhos a queimando. — Zane? — não conseguiu evitar exclamar. Quando os olhos dele pousaram em suas mãos unidas, retirou-a imediatamente. O que ele estava fazendo ali? E, oh, Deus, como sentira sua falta! Parecia cansado, o queixo sombreado pela barba crescida. Ainda assim, tão lindo! Só percebeu que ficaram se encarando mutuamente, quando Ashton limpou a garganta para chamar a atenção deles para si: — Hã... Ashton, esse é Zane Hudson — viu-se forçada a apresentá-los — Zane, Ashton Dawson... — O noivo dela! — dizia o outro, colocando-se de pé e estendendo a mão, de forma arrogante. Zane curvou a cabeça, suas sobrancelhas quase unidas, encarando-a de forma interrogativa, ignorando solenemente o homem a sua frente e sua mão pairada no ar: — Ex! — Quinn se apreçou em corrigir — Ex-noivo! — Mas estou fazendo de tudo para que me aceite de volta... Então, se não se importa, amigão... — E se eu me importar? — Zane o encarou, seu maxilar contraído, um olhar mortífero, os punhos cerrados — e eu, com certeza, não sou seu amigão! Notou quando Ashton engoliu em seco, mas manteve o olhar travado em seu oponente. Eram quase da mesma altura, mas Zane tinha o dobro de sua massa em músculos. E se resolvesse acertar seu ex.... Ele não teria chance nenhuma. Notou que toda a sorveteria os encarava com interesse, naquela altura. Teve de intervir: — Garotos, por favor. Comportem-se! — Eu preciso falar com você, Quinn! — Zane foi direto, encarando-a de forma autoritária. Foi o estopim para Quinn. Como usava aquele tom com ela e em público? Cruzando os braços de forma petulante, o que não era de seu feitio e só faltando bater o pé, retrucou: — No momento não posso! Zane estreitou seus olhos, parecendo não acreditar naquilo tudo. Então seu olhar voltou a um Ashton que não disfarçava sua satisfação. Temeu que seu ex. pudesse perder o queixo, tamanho era a raiva com que Zane o encarava. Mas esse, depois de lhe dirigir um olhar frio, começou a se encaminhar para a saída a passos duros. Mas Quinn não resistiu e seguiu em seu encalço, quase tendo de correr para alcançá-lo, já no estacionamento: — Hey, como me encontrou? — foi tudo o que conseguiu pensar em dizer, para chamar sua atenção. — Isso realmente interessa? — então ele parava abruptamente, encarando-a — Ele era a razão de você não responder minhas chamadas, minhas mensagens patéticas? Ela definitivamente não podia suportar mais e explodiu: — Trate de maneirar esse tom comigo, Grandão! Então se acha no direito de ficar enfurecido a me ver conversar com meu ex? — cuspiu as palavras, sem conseguir evitar o fato — E o que eu deveria pensar, quando encontro fotos, quase pornográficas daquela branquela no seu armário? — e lá estava ela, jogando os fatos na cara dele. — O quê? — ele de fato pareceu surpreso — De que fotos está... Mas quando se interrompeu sua expressão se suavizando e então ele empalidecia, ela soube: — Parece que lembrou-se agora, certo? Zane ficou quieto e evitou seu olhar. Não era necessária uma confissão: — Onde as encontrou? — seu tom era baixo. — Não estava bisbilhotando, se é o que pensa — continuou atacando, já fora de controle — Eu procurava uma toalha e encontrei aquela. Mas ela já tinha dona: Cami! A forma como continuava fazia com que ele evitasse encará-la... Talvez para que não visse culpa em seus olhos? Bem, ele não estava necessariamente se defendendo. — Ah! Quer saber? — erguia as mãos, exausta, consumida pela situação — Eu não posso fazer parte disso! Você que resolva o que de fato deseja! — e para sua infelicidade, as lágrimas ameaçavam aparecer, aterrorizando-a — Não quero falar sobre isso! — deu-lhe as costas, para que não visse seus olhos marejados — Tenho de voltar... — Claro! — ele soava sarcástico — Por que desperdiçar