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Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 1 HIDROLOGIA 1. Introdução à Hidrologia 1.1 Histórico • Mesmo não conhecendo a origem da água e o funcionamento dos fenômenos naturais, as civilizações antigas puderam explorar os recursos hídricos através de projetos de irrigação como no Egito e Mesopotâmia, aquedutos para abastecimento de água na Roma e irrigação e controle de inundação pelos chineses; • Séc.15, Leonardo da Vinci e Bernard Palissy compreenderam melhor o ciclo hidrológico, pois a dificuldade era aceitar que a precipitação tinha volume maior que a vazão e que os rios são mantidos perenes (eterno) pelo retardamento do escoamento do subsolo; • Séc.17, Pierre Perrault, analisou a relação precipitação – vazão, constatando que a vazão era apenas cerca de 16% da precipitação; • Séc.19 inicia-se as medições sistemáticas de precipitação e vazão, como também o desenvolvimento da hidráulica; • A partir da déc. 30, elementos descritivos do funcionamento dos fenômenos naturais e fórmulas empíricas (observação/ experiência) de processos específicos. 1.2 Definição • A Hidrologia pode ser entendida como a ciência que estuda a água, como a própria origem da palavra indica (do grego): hidrologia = hydor (“água”) + logos (“ciência” ou “estudo”). • “Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e sua reação com o meio ambiente, incluindo sua relação com as formas vivas” (Definição do U.S. Federal Council of Service and Technology, citada por Chow, 1959, apud Tucci, 2000). • Ciência ampla, pode-se subdividir em áreas específicas: - Hidrometeorologia: trata da água na atmosfera; - Limnologia: estuda os lagos e reservatórios; - Potamologia: estuda os rios; - Oceanografia: estuda os oceanos; - Hidrogeologia: estudas as águas subterrâneas; - Glaciologia: trata da ocorrência de neve/gelo na natureza. Entretanto, cabe salientar que a maioria dos estudos envolve mais de uma das sub-áreas, já que os fenômenos e processos envolvendo a água na natureza (ocorrência, distribuição, propriedades físico-químicas, etc.) estão interrelacionados de tal forma que a explicação e o entendimento dos mesmos só são alcançados mediante a reunião dos conhecimentos das diversas sub-áreas. Conhecimentos Solo, Clima, etc. Sua importância é facilmente compreensível quando se considera o papel da água na vida humana. Fenômenos hidrológicos comuns como as chuvas e o escoamento dos rios pareçam conhecidos, devido à regularidade com que se verificam, os efeitos catastróficos das grandes cheias e estiagens; Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 2 A correlação entre progresso e grau de utilização dos recursos hidráulicos evidencia também o importante papel da Hidrologia na complementação dos conhecimentos necessários para melhor aproveitamento. Chamada também de Engenharia Hidrológica (Hidrologia em Recursos Hídricos) estuda o comportamento físico da ocorrência e o aproveitamento da água na bacia hidrográfica, quantificando os recursos hídricos no tempo e no espaço e avaliando o impacto da modificação da bacia hidrográfica sobre o comportamento dos processos hidrológicos. Algumas sub-áreas que tratam da análise dos processos físicos que ocorrem na bacia: Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 3 ❖ Nota: • Considera-se, atualmente, que a quantidade total de água na Terra, estimada em cerca de 1.386 milhões de km³, tem permanecido de modo aproximadamente constante durante os últimos 500 milhões de anos; • Entretanto, as quantidades de água estocadas na Terra sob as diferentes formas (ou nos diferentes “reservatórios”) variaram substancialmente nesse período; • Está apresentada a distribuição da água na Terra, conforme Shiklomanov (1997) apud Setti et al. (2001). • Assim, embora a Terra apresente 1.386 milhões de km³ de água, considera-se que o que está disponível ao uso humano é apenas 0,007% dessa quantidade. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 4 2. Ciclo Hidrológico 2.1 Introdução Água pode ser encontrada na atmosfera, na superfície da Terra, no subsolo e nos oceanos, mares, rios, lagos, etc. O movimento da água da natureza apresenta os processos de transformação da água definido como Ciclo Hidrológico. • É importante lembrar que a água está em constante movimento, constituindo o que se denomina de ciclo hidrológico. Esse ciclo tem o Sol como principal fonte de energia, através de sua radiação, e o campo gravitacional terrestre como a principal força atuante. 2.2 Definição É o fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à gravidade e à rotação terrestre; A superfície terrestre abrange os continentes e os oceanos, participando do ciclo hidrológico a camada porosa que recobre os continentes (solos e rochas) e o reservatório formado pelos oceanos. Parte desse ciclo é constituída pela circulação da água na própria superfície terrestre, isto é: a circulação de água no interior e na superfície dos solos e rochas, nos oceanos e nos seres vivos. A atmosfera também possui uma diversidade de condições físicas importante, entretanto, a maioria dos fenômenos meteorológicos acontece na fina camada inferior da atmosfera (8 a 16 km de espessura - troposfera), onde está contida a quase totalidade da umidade atmosférica, cerca de 90%. O ciclo é o modelo pelo qual se representam a interdependência e o movimento contínuo da água nas fases sólida, líquida e gasosa, em que a água do planeta está em contínuo movimento cíclico; • A água muda de estado ou de posição com relação à Terra, seguindo linhas principais desse ciclo (precipitação, escoamento superficial ou subterrâneo, evaporação), mantendo no decorrer do tempo uma distribuição equilibrada, do que é uma boa evidência a constância do nível médio dos mares. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 5 Os componentes do ciclo hidrológico são: Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 6 2.3 Descrição Geral O equilíbrio médio anual, em volume, entre a precipitação e a evapotranspiração, que são os dois fluxos principais entre a superfície terrestre e a atmosfera, em nível global é: P = E = 423 x 10¹² m³/ ano Evaporação direta oceanos = 361 x 10¹² m³ (85% do total evaporado), sendo os 15% complementares, 62 x 10¹² m³ devido à evapotranspiração dos continentes; Precipitação aos oceanos 324 x 10¹² m³ por ano (77% do total precipitado), cabendo aos continentes receberem os restantes 23% ou 99 x 10¹² m³; A diferença entre o que é precipitado anualmente nos continentes (99 x 10¹² m³) e o que é evapotranspirado pelos continentes (62 x 10¹² m³) corresponde ao escoamento para os oceanos (37 x 10¹² m³). 2.4 Balanço hídrico A bacia hidrográfica é o melhor espaço de avaliação do comportamento hídrico, pois tem definido o espaço de entrada, a bacia, o local de saída e a seção de rio que define a bacia hidrográfica (TUCCI, 1993). Conhecendo essas características, podemos aplicar a equação da continuidade da massa, que afirma que o volume de água de entrada menos o volume de águade saída, deve igualar a variação dos estoques de água na área em um determinado período de tempo. ∆V = variação de volume no tempo, que consideraremos de um mês (m³); ∑I = somatório dos volumes de água que entram no sistema isolado (m³); ∑O = somatória dos volumes de água que saem do sistema isolado (m³); É o resultado da quantidade de água que entra e sai de um sistema em um determinado intervalo de tempo. Escala global, “o balanço hídrico” é o próprio “ciclo hidrológico”, cujo resultado mostrará a quantidade de água disponível no sistema (solo, rios, lagos, vegetação úmida e oceanos), ou seja, na biosfera, apresentando um ciclo fechado. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 7 Dessa forma, as entradas e saídas podem ser determinadas abaixo. Fonte: Tomaz, 2006. Numa bacia o balanço hídrico é determinado por (TUCCI, 1993): a. Equação – Balanço hídrico S(t+1) e S(t) = quantidade de água no tempo t+1 e t; P = precipitação na área da bacia no intervalo; E = evapotranspiração real no intervalo de tempo na bacia; Q = vazão de saída no intervalo de tempo Dt. Quando o período de avaliação (Dt) é muito longo a diferença de armazenamento (S) pode ser considerada desprezível e, dessa forma temos: b. Equação – Balanço hídrico P = precipitação na área da bacia no intervalo; E = evapotranspiração real no intervalo de tempo na bacia; Q = vazão de saída. A vazão Q no tempo é o hidrograma de saída da bacia e representa o escoamento superficial (superfície das bacias) e subterrâneo (gerado pelos aquíferos) hidrograma de saída (Tucci, 2009). Entrada de água Saída de água Chuva Evapotranspiração Orvalho Escoamento superficial Escoamento superficial Escoamento Subsuperficial Escoamento Subsuperficial Drenagem profunda Ascensão capilar
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