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05 - Direitos da Personalidade

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Direitos da Personalidade
Tem base no art. 5º da CF e sua complementação nos arts. 11 a 21 do CC:
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 5º da CF, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 5º da CF, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 5º da CF, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição dos seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar, regulado por lei especial, ou com a autorização ou aprovação do Governo, quando precisa.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
	Art. 5º da CF, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
	Art. 5º da CF, IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
	Art. 5º da CF, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
	Art. 5º da CF, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)
	Art. 5º da CF, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Direito da Personalidade é a aptidão reconhecida pelo ordenamento jurídico à alguém, para exercer direitos e contrair deveres. São direitos fundamentais do ser humano, de natureza subjetiva extrapatrimonial, referentes à possibilidade de a pessoa humana defender seus direitos intrínsecos e suas projeções para o mundo exterior. 
Pessoa humana → dignidade → integridade → direito subjetivo de natureza privada
	Direitos da personalidade incidem sobre bens imateriais, bens incorpóreos. Ex.: vida, liberdade, próprio corpo, doação, imagem, privacidade, honra, nome, dentre outros.
	Seriam, portanto, direitos cujo objeto são bens jurídicos que se convertem em projeções físicas ou psíquicas da pessoa humana, por determinação legal, que os individualiza para lhes dispensar proteção (Orlando Gomes). A personalidade não é exatamente um direito, é um conceito básico sobre o qual se apoiam os direitos, não há um número fechado para elencar os direitos da personalidade em lei (Silvio de Salvo Venosa).
	Eles são, diante de sua especial natureza, carentes de taxação exauriente e indefectível. São todos indispensáveis ao desenrolar saudável e pleno das virtudes psicofísicas que ornamentam a pessoa (Gilberto Haddad Jabur).
 
1. Características
1.1. Art. 11 do Código Civil;
São inatos, extrapatrimoniais, vitalícios, absolutos, indisponíveis, intransmissíveis, impenhoráveis, imprescritíveis. Ou seja, não se pode renunciar a sua liberdade por ato de própria vontade, ceder seu nome para outrem, vender um órgão de seu corpo etc.
· Inatos ao ser humano, que os possui desde a concepção;
· Extrapatrimoniais, que não poder ser aferidos pecuniariamente;
· Absolutos, (possuem eficácia universal) e erga omnes (ninguém pode infringi-los);
· Vitalícios, pois permanecem com a pessoa por toda a vida e até mesmo além dela;
· Indisponíveis, ou seja, irrenunciáveis, podendo seu titular excepcionalmente fazer a cessão de alguns desses direitos (ex.: direito de autor);
· Intransmissíveis, ou seja, não podem ser transmitidos a outrem;
· Incomunicáveis, não poder ser objeto de condomínio ou comunhão;
· Impenhoráveis, não podem ser objeto de execução judicial pela própria natureza do bem;
· Imprescritíveis, podem ser defendidos a qualquer tempo porque não prescrevem nem se extinguem pelo não uso.
1.2. Direitos Físicos/Integridade Física:
1.2.1. Art. 13 do CC/2002:
Ninguém pode ser constrangido à invasão de seu corpo contra sua vontade.
Lei n. 9.434/97: 
Art. 9º. É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea. (Redação dada pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001).
§ 3º Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.
	Tratamento médico: colisão de direitos fundamentais – teoria da ponderação de Robert Alexy.
Enunciado (Jornadas de Direito Civil – CJF Enunciado 276) 
O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a conseqüente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil.
1.2.2. Art. 14 do CC/2002:
Lei n. 9.434/97: 
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada pordois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
§ 1º Os prontuários médicos, contendo os resultados ou os laudos dos exames referentes aos diagnósticos de morte encefálica e cópias dos documentos de que tratam os arts. 2º, parágrafo único; 4º e seus parágrafos; 5º; 7º; 9º, §
§ 2º, 4º, 6º e 8º, e 10, quando couber, e detalhando os atos cirúrgicos relativos aos transplantes e enxertos, serão mantidos nos arquivos das instituições referidas no art. 2º por um período mínimo de cinco anos.
§ 2º Às instituições referidas no art. 2º enviarão anualmente um relatório contendo os nomes dos pacientes receptores ao órgão gestor estadual do Sistema único de Saúde.
§ 3º Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica.
Art. 4º A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001).
	Em caso de omissão do falecido em vida, a família decide. 
1.2.3. Classificação:
· Direito de recusa de tratamento pelo paciente;
· Art. 15. do CC;
· Consentimento do paciente;
· Responsabilidade médica;
Em decorrência, não configura constrangimento ilegal. O médico, para salvar a vida do paciente, de perigo iminente, promover a transfusão de sangue, se cientificamente recomendada para esse fim. 
	O profissional de medicina, de qualquer especialidade, está submetido ao Direito brasileiro. Tanto assim, as normas da deontologia médica devem ajustar-se a ele. Então, não obstante, ser adepto de Testemunha de Jeová, antes de tudo, deve cumprir a legislação vigente do país. Comparativamente, seria o mesmo que o Juiz de Paz (agente do Estado), porque católico, recusar a celebração de casamento porque um dos nubentes é divorciado, o que é proibido pelo Direito Canônico. Hoje, tal pessoa pode, consoante as leis brasileiras, celebrar novo matrimônio. 
1.3. Direito de Imagem
1.3.1. Art. 20 do CC/2002.
RETRATO: características fisionômicas e/ou características identificadoras;
ATRIBUTO: comportamento;
VOZ
Exemplo: divulgação de imagem de cunho jornalístico; divulgação de imagem com pessoa protegida pelo programa de assistência a vítimas e testemunhas (Lei n. 9.807/99).
1.4. Privacidade
1.4.1. CF, art. 5º, V, X, XI, XII e LX;
1.4.2. Art. 21 do CC/2002;
1.4.3. Preservação da intimidade:
1.4.3.1. Vida íntima: amorosa, sexual, familiar;
1.4.4. Honra: objetiva (coletividade – prestígio social); subjetiva (autoestima);
1.4.5. Integridade espiritual: inteligência e liberdade.
1.5. Nome
NOME CIVIL: é o sinal que designa a pessoa e a individualiza na sociedade indicando sua procedência familiar. 
1.5.1. Elementos do nome:
1.5.1.1. Prenome: nome individual;
1.5.1.2. Sobrenome: patronímico, cognome e nome familiar (relacionado à ascendência);
1.5.1.3. Agnome: diferenciador da pessoa com nome igual na mesma família: filho, neto, sobrinho, júnior. 
Obs.: admite-se a pluralidade de prenome e sobrenome.
	Portanto, o nome é um atributo da personalidade, é um direito que visa proteger a própria identidade da pessoa, com o atributo da não patrimonialidade. Note que estamos tratando do nome civil; O nome comercial tem conteúdo mercantil e, portanto, patrimonial.
	Como direito da personalidade, o nome guarda suas principais características: indisponibilidade, inalienabilidade, imprescritibilidade, intransmissibilidade, irrenunciabilidade, entre outras. Vimos que é atributo obrigatório de todo ser humano e que, em nosso meio, é, em princípio, imutável, ressalvas as exceções (Silvio de Salvo Venosa).
1.5.2. Pseudônimo:
Apelido civil. Usa a mesma proteção ao nome desde que utilizada para fins lícitos. Ex.: Machado de Assim, como “Victor de Paula”, “João das Regras” e “Dr. Semana”.
1.5.3. Meio Artístico:
No meio artístico, o nome é considerado um patrimônio, protegido pela Lei n. 9.610/98 (direitos autorais).
Lei n. 9.610/98: Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.
1.5.4. Princípio da Inalterabilidade do Nome:
Tendo em vista a necessidade e segurança pública jurídica, o nome civil é em regra inalterável nos termos do art. 58. LRP (Lei dos Registros Público). Trata-se de questão de ordem pública.
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998)
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999)
	Assim, pelo lado do Direito Público, o Estado encontra no nome fator de estabilidade e segurança para identificar as pessoas. Pelo lado do Direito Privado, o nome é essencial para o exercício regular dos direitos e do cumprimento das obrigações. 
	Tendo em vista essa importância, o Estado vela pela relativa permanência do nome, permitindo que apenas sob determinadas condições seja alterado (Silvio de Salvo Venosa).
1.5.5. Exceções
O art. 58 da Lei de Registros Púbicos dispunha originalmente que prenome era imutável. Após, advieram alterações legal, propiciando substituição por apelidos públicos notórios. Mudança do prenome por evidente erro gráfico (no próprio cartório); Em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público (delação premiada); Não se admite a adoção de apelidos proibidos por lei; Etc.
1.5.5.1. Prenome:
1.5.5.1.1. Pela Via Judicial:
· Situação vexatória;
· Erro gráfico;
· Apelido civil (apelido notório);
· Adoção;
· Tradução.
1.5.5.1.2. Pela transgenitalização: mudança de sexo (vide decisão STF)
1.5.5.1.3. Por vontade própria: (LRP, art. 56. – O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será pública pela imprensa).
1.5.5.2. Sobrenome: Adoção; Casamento; Reconhecimento de paternidade/maternidade; Divórcio; União Estável.
“O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa.
A Lei de Registros Públicos (n. 6.015/1973) permite, uma vez que se constate ser o prenome capaz de submeter seu titular a situações vexatórias, a sua alteração.
Diante da situação fática posta no dia a dia das pessoas transexuais ficará evidente sua exposição a eventual discriminação caso seus pleitos de reassentamento não sejam concedidos, violando-se, na espécie, a dignidade da pessoa humana”. (STF – RE 670.422, RELATOR: DIAS TOFFOLI, J. EM 15/08/2018).
· O oficial do registro tem o dever de recusar-se a efetuar registros de nomes “curiosos”; e, no caso de insistência, o registrante, deve submeter, sob forma de dúvida, o caso ao juiz competente.
1.5.6. Proteção ao nome:
1.5.6.1. Arts. 17, 18 e 19 do Código Civil de 2002.
Ninguém pode, sem qualquer razão, utilizar-se ou mencionar o nome alheio com finalidade de expô-lo a chacota. Note que, por vezes, tão íntima é a relação do nome com a pessoa que o porta, que haverá crime contra a honra da pessoa e não propriamente um ataque ao nome desta (Silvio de Salvo Venosa).
1.6. Tutela dos Direitos da Personalidade
· Se ameaçados ou lesados os direitos da personalidade, há possibilidade de exigirque se cesse e demandar perdas e danos, o que mais ocorre danos morais;
· Medida liminar (tutela de emergência) para casos de utilização indevida de nome, de imagem, invasão de privacidade etc. Vide art. 461, CPC – multa, remoção, busca e apreensão, força policial etc.
· Legitimidade: a própria pessoa atingida; se falecida a pessoa atingida, sua família – vide art. 12, parágrafo único, CC.

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