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DIREITO CIVIL - Direitos da personalidade - atualizada em 05-01-2023

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1 
 
DIREITO CIVIL – FLÁVIO TARTUCE 
AULA IV - DATA: 14.09.2020 
Material complementar utilizado: Curso Lesen (2020) 
Atualização: 05/01/2023 
 
Direitos da personalidade no âmbito psíquico: honra, imagem, privacidade e 
nome. É um rol exemplificativo. 
a) Honra: é o direito à boa fama; honorabilidade; é o respeito pessoal e social e 
exatamente porque diz respeito à boa-fama é que o direito a honra se desdobra 
em honra objetiva (o que os outros pensam de mim) e subjetiva (o que eu mesmo 
penso sobre minha pessoa). A honra é a respeitabilidade; é o conceito que cada 
pessoa tem de si mesma e que goza perante a sua comunidade, ou seja, conceito 
que as pessoas têm de nós. 
 Ela se bifurca em honra objetiva (é o que os outros pensam sobre cada 
um de nós) e subjetiva (é o que pensamos de nós mesmos). O direito à honra é 
protegido constitucionalmente. O direito à honra é um só e essa divisão é 
interna. Se uma só conduta atinge a um só tempo a honra objetiva e subjetiva, 
é devida apenas uma indenização, pois o direito à honra é um só que se divide 
em honra subjetiva e objetiva. 
 O direito à honra é um só e a sua violação enseja uma só indenização. 
Honra é um bem jurídico uno (único), de compreensão individual. 
 A pessoa jurídica não dispõe de honra subjetiva. Ela só dispõe de honra 
objetiva. No Estado democrático de direito não se fala em direitos absolutos, 
nem valores rígidos e inflexíveis. O direito à honra pode ser mitigado. 
 Exemplo de uma possibilidade de mitigação ao direito à honra: liberdade 
de expressão que também não é absoluto. 
 Aqui se admite a exceptio veritatis (exceção da verdade). Exceção da 
verdade, ordinariamente, não é admitida no direito civil, mas flexibiliza-se a 
proteção da honra quando se tratar de interesse público. Havendo interesse 
público, hipoteticamente é possível a flexibilização do direito à honra. 
 Súmula 37 do STJ: permite a cumulação do dano material e dano moral. 
2 
 
 
b) Imagem: É o direito à identificação. Imagem é a identificação da pessoa. É 
um só. Direito à imagem é um só, cabendo só uma indenização caso haja 
violação das três espécies de imagem. É um direito tridimensional porque ele 
tem três diferentes referenciais, tais como: 
a) imagem-retrato: são os caracteres fisionômicos. É a identificação de alguém 
por conta de suas características fisionômicas. É a exploração destas 
características. É o pôster da pessoa. 
b) imagem-atributo: são os adjetivos, qualidades e defeitos identificadores. 
Caráter emocional. 
c) imagem-voz: É o timbre sonoro. 
Importante! A pessoa jurídica só tem imagem-atributo. 
O direito à imagem no Brasil foi tutelado na Constituição e no código e é um 
direito complexo. Artigo 5º, incisos V, X e XXVIII da CF. 
 A CF conferiu autonomia ao direito à imagem e em razão desta autonomia 
podemos dizer que a pura e simples violação a imagem gera dano indenizável. 
É autônoma e independe da proteção da honra. Mesmo que a honra não tenha 
sido violada, é possível violar a imagem. Se as duas foram violadas, haverá 
cumulação de indenizações. Se alguém violou sua imagem mesmo sem ter 
afrontado outro direito da personalidade, já haverá indenização. 
 A proteção constitucional da imagem é autônoma e independente, o que 
significa que se alguém violou a imagem de outra pessoa, mesmo sem ter 
afrontado nenhum outro direito da personalidade, já há direito à indenização. 
 Todavia, apesar desta autonomia conferida ao direito à imagem, o CC 
violou gravemente o espírito protetivo da CF, misturando imagem e honra. 
Artigo 20 do CC. O CC ignora que o artigo 5º e estes incisos acima mencionados 
protegem o direito à imagem autonomamente. 
 Primeiro diploma é a Constituição Federal: artigo 5º, inciso V, X e XXVIII 
da CF. A CF diz que a imagem tem um tratamento autônomo e independente. 
Direito à imagem é autônomo e violando ele, enseja automaticamente uma 
indenização. 
3 
 
 Se a prova perguntar “de acordo com o CC”, a proteção da imagem é 
condicionada (à violação da honra ou à exploração comercial) está correto, mas, 
se não houver a menção, vale o que está cravado na CF, já que na CF a proteção 
da imagem é incondicionada. Em questões discursivas, adotar a Constituição 
Federal. 
 Segundo diploma é o Código Civil em seu artigo 20. O CC neste dispositivo 
diz que a proteção jurídica ao direito à imagem não é absoluta, mas o que 
assusta neste artigo é que além de reconhecer que esta proteção não é absoluta, 
o CC estabeleceu que a proteção jurídica ao direito à imagem, depende da lesão, 
violação à honra (boa fama) ou quando tiver desvio de finalidade (fins 
comerciais). Portanto, é uma proteção condicionada, com base no CC. 
*** Função social da imagem: Sob a expressão social da imagem, a doutrina 
vem assinando a relativização do direito à imagem com o direito da 
personalidade. Não é absoluto, logo é possível flexibilizar o direito à imagem em 
proteção a outro direito que venha a ser violado. 
 Portanto, o direito à imagem admite flexibilizações em nome da 
administração da justiça e da manutenção da ordem pública. Isto é, a proteção 
da imagem comporta relativização em nome da administração da justiça e 
manutenção da ordem pública. 
 Ela pode ser flexibilizada em razão da liberdade de expressão e da 
imprensa. Pode flexibilizar em razão do consentimento do titular e em razão da 
função social da imagem (quando outro bem jurídico lhe for superior, mais 
importante; outro bem jurídico qualquer). 
 Portanto, é possível utilizar a imagem alheia, sem sua autorização, para 
garantir a ordem pública ou administração da justiça. 
Enunciado 279 da I Jornada de Direito Civil: 
É plenamente possível flexibilizar o direito à 
imagem em razão da liberdade de expressão e 
da liberdade de imprensa. Além da função social 
também será caso de flexibilização do direito à 
imagem as pessoas públicas (celebridades). 
*** Flexibilizam o direito à imagem: 
a) função social da imagem 
4 
 
b) pessoas públicas: 
c) pessoas que estão em lugares públicos (somente em captação de imagem 
pública) desde que não haja individualização e desvio de finalidade. REsp. 
595.600/SC – não pode ter desvio de finalidade (explorar economicamente) e a 
foto não pode ser individualizada, pois neste caso, não importa aonde quer que 
a pessoa esteja. 
 Pessoas que estão em lugares públicos e fatos jornalísticos também 
implicam na mitigação, flexibilização ao direito à imagem. A imagem de alguém 
que está em lugar público, pode ser captada de forma genérica e não de forma 
específica. O STJ vem reconhecendo que esta mitigação é genérica (REsp. 
85.905). 
 Mesmo nesta hipótese de pessoas que estão em locais públicos ou fatos 
jornalísticos, o direito está protegido. As pessoas públicas (famosas) também 
sofrem esta mitigação, flexibilização. 
 Todas estas hipóteses não admitem o desvio da finalidade do uso da 
imagem, portanto, não admite a exploração econômica da imagem. 
d) anuência do titular: Pode ser tácita. E não pode haver desvio de finalidade. 
A anuência do titular pode ser tácita, mas, ainda assim, não pode haver desvio 
de finalidade (Caso Cicarelli, em que a finalidade do vídeo passou a ser 
exploração comercial). 
 Sobre o consentimento do titular: O consentimento pode ser expresso 
ou tácito. O consentimento tácito é admitido para flexibilização ao direito à 
imagem. 
STJ, REsp 74.473: se há exploração econômica, o uso da imagem é indevida. 
OBS.: O nosso ordenamento constitucional reconhece no direito à imagem a 
possibilidade da ocorrência do direito de arena (imagem de um profissional é 
utilizada em razão do seu ofício e com isso ele tem direito à uma retribuição pelo 
uso de sua imagem – para fins trabalhistas o direito de arena vai compor a 
remuneração do indivíduo) de acordocom o artigo 7º da lei de direitos autorais. 
A cessão da imagem tem prazo máximo de 05 anos, renováveis. É prazo 
prescricional. 
5 
 
OBS.: O parágrafo único do artigo 20 restringiu a proteção dos lesados indiretos 
quando se tratar de direito à imagem. 
*** Se alguém utiliza a sua imagem, mas não viola a sua honra e nem há 
desvio de finalidade, haveria aqui uma violação à sua imagem? Mesmo que 
a utilização da imagem, mesmo na hipótese da utilização da imagem em que 
não tenha violado estes dois requisitos (honra e desvio de finalidade), caberá 
indenização do mesmo jeito, pois a CF foi mais ampla, pois ela (CF) protegeu a 
imagem de forma autônoma e independente. 
Direito ao esquecimento: O direito ao esquecimento também se relaciona com 
direitos fundamentais e tem forte apelo constitucional. Trata-se também de 
tema atual, havendo, inclusive, tema de Repercussão Geral no STF (Tema 786), 
o que por si só é um destaque relevante à matéria. 
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir 
que um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, 
seja exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos. 
O direito ao esquecimento também é chamado de “direito de ser deixado em paz” 
ou o “direito de estar só”. Nos EUA, é conhecido como the right to be let alone 
e, em países de língua espanhola, é alcunhado de derecho al olvido. 
No Brasil, o direito ao esquecimento possui assento constitucional e legal, 
considerando que é uma consequência do direito à vida privada (privacidade), 
intimidade e honra, assegurados pela CF/88 (art. 5o, X) e pelo CC/02 (art. 21). 
Alguns autores também afirmam que o direito ao esquecimento é uma 
decorrência da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). 
A discussão quanto ao direito ao esquecimento envolve um conflito aparente 
entre a liberdade de expressão/informação e atributos individuais da pessoa 
humana, como a intimidade, privacidade e honra. 
*** O direito ao esquecimento é uma criação recente? Não. Há muitos anos 
discute-se esse direito na Europa e nos EUA. 
*** Por que, então, esse tema está sendo novamente tão discutido? O direito 
ao esquecimento voltou a ser tema de inegável importância e atualidade em 
razão da internet. Isso porque a rede mundial de computadores praticamente 
eterniza as notícias e informações. Com poucos cliques é possível ler 
6 
 
reportagens sobre fatos ocorridos há muitos anos, inclusive com fotos e vídeos. 
Enfim, é quase impossível ser esquecido com uma ferramenta tão poderosa 
disponibilizando facilmente um conteúdo praticamente infinito. 
No Brasil, o direito ao esquecimento voltou a ser palco de intensos debates em 
razão da aprovação de um enunciado nesse sentido, VI Jornada de Direito Civil, 
além de o STJ ter julgado dois casos envolvendo esse direito há pouco tempo. 
*** O direito ao esquecimento aplica-se apenas a fatos ocorridos no campo 
penal? A discussão quanto ao direito ao esquecimento surgiu, de fato, para o 
caso de ex-condenados que, após determinado período, desejavam que esses 
antecedentes criminais não mais fossem expostos, o que lhes causava inúmeros 
prejuízos. No entanto, esse debate foi se ampliando e, atualmente, envolve 
outros aspectos da vida da pessoa que ela almeja que sejam esquecidos. 
É o caso, por exemplo, da apresentadora Xuxa, que, no passado, fez um 
determinado filme do qual se arrepende e que ela não mais deseja que seja 
exibido ou rememorado, por lhe causar prejuízos profissionais e transtornos 
pessoais. 
Pode-se imaginar, ainda, que o indivíduo deseje simplesmente ser esquecido, 
deixado em paz. Nesse sentido, podemos imaginar o exemplo de uma pessoa 
que era famosa (um artista, esportista, político etc.) que, em determinado 
momento de sua vida, decide voltar a ser um anônimo e não mais ser 
incomodado com reportagens, entrevistas ou qualquer outra forma de exposição 
pública. Em certa medida, isso aconteceu na década de 1990, com a ex-atriz 
Lídia Brondi e, mais recentemente, com Ana Paula Arósio, que, mesmo tendo 
carreiras de muito sucesso na televisão, optaram por voltar ao anonimato. Essa 
é, portanto, uma das expressões do direito ao esquecimento, que deve ser 
juridicamente assegurado. 
Assim, se um veículo de comunicação tiver a infeliz ideia de fazer um especial 
mostrando a vida atual dessas ex-atrizes, com fotógrafos e câmeras 
acompanhando seu dia a dia, entrevistando pessoas que as conheciam na 
época, mostrando lugares que atualmente frequentam etc., elas poderão 
requerer ao Poder Judiciário medidas que impeçam essa violação ao seu direito 
ao esquecimento. 
Direito ao esquecimento e Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil 
do CJF/STJ: Em março de 2013, na VI Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, 
7 
 
foi aprovado um enunciado defendendo a existência do direito ao esquecimento 
como uma expressão da dignidade da pessoa humana. Veja: 
Enunciado 531: A tutela da dignidade da 
pessoa humana na sociedade da informação 
inclui o direito ao esquecimento. 
Apesar de tais enunciados não terem força cogente, trata-se de uma importante 
fonte de pesquisa e argumentação utilizada pelos profissionais do Direito. 
*** O STJ acolhe a tese do direito ao esquecimento? Sim. A 4ª Turma do 
STJ, em dois julgados, afirmou que o sistema jurídico brasileiro protege o direito 
ao esquecimento (REsp 1.335.153-RJ e REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, julgados em 28/5/2013). Tese confirmada no ano de 2018: STJ. 
3a Turma. REsp 1660168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
08/05/2018 (Info 628). 
*** Como conciliar, então, o direito ao esquecimento com o direito à 
informação? Deve-se analisar se existe um interesse público atual na 
divulgação daquela informação. Se ainda persistir, não há que se falar em 
direito ao esquecimento, sendo lícita a publicidade daquela notícia. É o caso, 
por exemplo, de “crimes genuinamente históricos, quando a narrativa 
desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável” (Min. Luis Felipe Salomão). 
Por outro lado, se não houver interesse público atual, a pessoa poderá exercer 
seu direito ao esquecimento, devendo ser impedidas notícias sobre o fato que já 
ficou no passado. 
O Min. Luis Felipe Salomão também ressaltou que “ressalvam-se do direito ao 
esquecimento os fatos genuinamente históricos – historicidade essa que deve 
ser analisada em concreto – cujo interesse público e social deve sobreviver à 
passagem do tempo” (REsp 1.334.097). 
A 4a Turma do STJ enfrentou o tema direito ao esquecimento em dois casos 
recentes: • A situação da “chacina da Candelária” (REsp 1.334.097); • O caso 
“Aída Curi” (REsp 1.335.153). 
Direito ao esquecimento x direito à memória: O reconhecimento do “direito 
ao esquecimento” passa por outro interessante desafio: como conciliá-lo com 
o chamado “direito à memória e à verdade histórica”? Em que consiste o 
direito à memória? Quando um país faz a transição de um regime ditatorial 
8 
 
para um Estado democrático, ele deverá passar por um processo de mudança e 
adaptação chamado pela doutrina de “Justiça de Transição”. A Justiça de 
Transição significa uma série de medidas que devem ser tomadas para que essa 
ruptura com o modelo anterior e inauguração de uma nova fase sejam feitas 
sem traumas, revanchismos, mas também sem negar a existência do passado. 
Podemos citar como providências decorrentes da Justiça de Transição: a) a 
reforma das instituições existentes no modelo anterior; b) a responsabilização 
criminal das pessoas que cometeram crimes; c) a reparação de vítimas e 
perseguidos políticos; e d) a busca pela verdade histórica e a defesa do direito à 
memória. 
Em se tratando de Brasil, podemos conceituar o direito à memória e à verdade 
histórica como sendo o direito que possuem os lesados e toda a sociedade 
brasileira de esclarecer os fatos e as circunstâncias que geraram graves 
violaçõesde direitos humanos durante o período de ditatura militar, tais como 
os casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de 
cadáveres etc. 
O direito à memória também encontra fundamento no princípio da dignidade 
da pessoa humana e no compromisso do Estado constitucional brasileiro de 
assegurar o respeito aos direitos humanos (art. 4o, II, da CF/88). 
O direito à memória foi regulamentado pela Lei n. 12.528/2011, que criou a 
Comissão Nacional da Verdade, destinada a apurar as circunstâncias em que 
ocorreram violações a direitos humanos durante o período de ditadura militar. 
*** O direito ao esquecimento impede que seja exercido o direito à 
memória? Não. O direito ao esquecimento não tem o condão de impedir a 
concretização do direito à memória. Isso porque as violações de direitos 
humanos ocorridas no período da ditadura militar são fatos de extrema 
relevância histórica e de inegável interesse público. Logo, em uma ponderação 
de interesses, o direito individual ao esquecimento cede espaço ao direito à 
memória e à verdade histórica. 
O direito ao esquecimento e os desafios impostos pela internet: Como já 
exposto anteriormente, a internet praticamente eterniza as notícias e 
informações. Com poucos cliques é possível ler reportagens sobre fatos 
ocorridos há muitos anos, inclusive com fotos e vídeos. Esses dados são 
9 
 
rapidamente espalhados e ficam armazenados em servidores espalhados ao 
redor do mundo, muitos em países que não mantêm tratados internacionais de 
 
cooperação judiciária. 
Diante disso, atualmente, é impossível garantir, na prática, o direito ao 
esquecimento na internet. Existe até mesmo um ditado que afirma que “uma 
vez online, para sempre online”. Em outros termos, depois que algo foi para a 
internet, é impossível retirá-lo. 
Justamente por isso, o Min. Luis Felipe Salomão menciona que, “em recente 
palestra proferida na Universidade de Nova York, o alto executivo da Google Eric 
Schmidt afirmou que a internet precisa de um botão de delete. Informações 
relativas ao passado distante de uma pessoa podem assombrá-la para sempre, 
causando entraves, inclusive, em sua vida profissional, como no exemplo dado 
na ocasião, de um jovem que cometeu um crime em relação ao qual as 
informações seriam expurgadas de seu registro na fase adulta, mas que o 
mencionado crime poderia permanecer on-line, impedindo a pessoa de 
conseguir emprego” (REsp 1.334.097). 
Em julgado de 2018, o STJ, afirmou o seguinte: em regra, os provedores de 
busca da internet (ex.: Google) não têm responsabilidade pelos resultados de 
busca apresentados. Em outras palavras, não se pode atribuir a eles a função 
de censor, obrigando que eles filtrem os resultados das buscas, considerando 
que eles apenas espelham o conteúdo que existe na internet. A pessoa 
prejudicada deverá direcionar sua pretensão contra os provedores de conteúdo 
(ex.: sites de notícia), responsáveis pela disponibilização do conteúdo indevido 
na internet. Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária 
a intervenção pontual do Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, 
nos bancos de dados dos provedores de busca, entre dados pessoais e 
resultados da busca, que não guardam relevância para interesse público à 
informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do 
tempo. 
Nessas situações excepcionais, o direito à intimidade e ao esquecimento, bem 
como a proteção aos dados pessoais, deverão preponderar, a fim de permitir que 
as pessoas envolvidas sigam suas vidas com razoável anonimato, não sendo o 
10 
 
fato desabonador corriqueiramente rememorado e perenizado por sistemas 
automatizados de busca. 
No caso concreto, o STJ determinou que deveria haver a desvinculação da 
pesquisa com base no nome completo da autora com resultados que levassem 
às notícias sobre a fraude. Em outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: o 
Google não precisa retirar de seus resultados as notícias da autora relacionadas 
com a suposta fraude no concurso. Mas para que esses resultados apareçam 
será necessário que o usuário faça uma pesquisa específica com palavras-chave 
que remetam à fraude. Por outro lado, se a pessoa digitar unicamente o nome 
completo da autora, sem qualquer outro termo de pesquisa que remete à 
suspeita de fraude, não se deve mais aparecer os resultados relacionados com 
esse fato desabonador. Assim, podemos dizer que é possível determinar o 
rompimento do vínculo estabelecido por provedores de aplicação de busca na 
internet entre o nome de prejudicado, utilizado como critério exclusivo de busca, 
e a notícia apontada nos resultados. O rompimento do referido vínculo sem a 
exclusão da notícia compatibiliza também os interesses individual do titular dos 
dados pessoais e coletivo de acesso à informação, na medida em que viabiliza a 
localização das notícias àqueles que direcionem sua pesquisa fornecendo 
argumentos de pesquisa relacionados ao fato noticiado, mas não àqueles que 
buscam exclusivamente pelos dados pessoais do indivíduo protegido. STJ. 3a 
Turma. REsp 1.660.168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco 
Aurélio Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 628). 
Atualize os Infos 527 e 670 do STJ: É incompatível com a Constituição a ideia 
de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em 
razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e 
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou 
digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e 
de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros 
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, 
da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas 
previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. 
Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 
1005). 
Para o STF, o que é o direito ao esquecimento? Direito ao esquecimento é a 
pretensão apta a impedir a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente 
11 
 
obtidos, mas que, em razão da passagem do tempo, teriam se tornado 
descontextualizados ou destituídos de interesse público relevante. Foi sob essa 
perspectiva que o STF decidiu o tema. 
O “direito ao esquecimento” caracteriza restrição excessiva e peremptória às 
liberdades de expressão e de manifestação de pensamento e ao direito que todo 
cidadão tem de se manter informado a respeito de fatos relevantes da história 
social, bem como equivale a atribuir, de forma absoluta e em abstrato, maior 
peso aos direitos à imagem e à vida privada, em detrimento da liberdade de 
expressão, compreensão que não se compatibiliza com a ideia de unidade da 
Constituição. 
O ordenamento jurídico brasileiro está repleto de previsões constitucionais e 
legais voltadas à proteção da personalidade, com repertório jurídico suficiente a 
que esta norma fundamental se efetive em consagração à dignidade humana. 
Em todas essas situações legalmente definidas, é cabível a restrição, em alguma 
medida, à liberdade de expressão, sempre que afetados outros direitos 
fundamentais, mas não como decorrência de um pretenso e prévio direito de ver 
dissociados fatos ou dados por alegada descontextualização das informações em 
que inseridos, por força da passagem do tempo. A existência de um comando 
jurídico que eleja a passagem do tempo como restrição à divulgação de 
informação verdadeira, licitamente obtida e com adequado tratamento dos 
dados nela inseridos, precisaria estar prevista, de modo pontual, em lei. 
Mesmo se reconhecendo que não existe direito ao esquecimento, a honra, 
privacidade e direitos da personalidade permanecem protegidos por outros 
instrumentos A ordem constitucional protege a honra, a privacidade e os 
direitos da personalidade e oferece, pela viada responsabilização, proteção 
contra as informações inverídicas, ilicitamente obtidas ou decorrentes do abuso 
no exercício da liberdade de expressão. Essa proteção se estende tanto para o 
âmbito penal como cível. 
Direito ao nome: Direito à identificação social. Espécie de etiqueta que se 
coloca nas pessoas para que as mesmas sejam identificadas. É direito da 
personalidade. Afasta-se com isso toda teoria que procura imputar ao homem o 
direito de propriedade. Nome não é propriedade e sim direito da personalidade. 
O nome é o instrumento que identifica a pessoa no meio social. “É o nome que 
identifica a pessoa nos circuitos familiar, profissional e social, daí exsurgindo a 
12 
 
sua importância como traço individualizador que molda e projeta a sua 
personalidade” (JAMES, Eduardo Oliveira – Código Civil Anotado e Comentado 
– Editora Forense). 
É uma espécie de etiqueta que nos colocam quando nascemos. É a identificação 
da pessoa. Serve para individualizar alguém. É uma forma de individualização. 
Temos que analisar o seu caráter personalíssimo (ou seja, nome é direito da 
personalidade). 
O nome encontra-se protegido pelo Código Civil e pelas leis especiais, e emerge 
do princípio da segurança jurídica. Protege-se a sociedade evitando-se que a 
pessoa mude seu nome, sem fundamento, prejudicando terceiros, tanto na 
esfera criminal quanto na esfera cível. Diante disso, o nome é protegido pelo 
princípio da imutabilidade do nome. Todavia, esse princípio não é absoluto. 
Toda pessoa humana, após um ano de atingida a maioridade civil tem o direito 
de modificar seu nome imotivadamente. É prazo decadencial, não se suspende 
e não se interrompe. É o único caso no sistema jurídico de mudança imotivada 
de nome. 
Elementos componentes do nome: artigo 16 do CC. 
a) Prenome: Identifica a pessoa. Pode ser simples ou duplo. Tem caso em que 
o prenome será composto, duplo; é o caso de gêmeos que tenham o mesmo nome 
(João Pedro e João Manoel). Prenomes duplos diferenciados. Os pais indicam e 
o titular confirma ou não após a maioridade. 
b) Sobrenome (patronímico): Identifica a origem familiar. Indica o parentesco. 
Antigamente conhecido como patronímico de família (mudança ocasionada pelo 
princípio da operabilidade) é o identificador familiar. 
c) Agnome: É partícula diferenciadora para pessoas que tenham o mesmo nome 
e pertençam a mesma família. 
 O agnome é aquela partícula que serve para diferenciar os entes da 
mesma família. Elementos secundários que serve para identificar os entes da 
mesma família e que possuem o mesmo nome. Nenhum título acrescenta o 
nome. É o elemento que identifica, dentro de uma mesma família, pessoas com 
o mesmo prenome e sobrenome. Se o patriarca se chama Antenor Zuliani, seu 
filho vai se chamar Antenor Zuliani Filho, e seu neto se chamará Antenor Zuliani 
Neto. 
13 
 
Não é cabível, sem motivação idônea, a alteração do nome de menor para 
exclusão do agnome “filho” e inclusão do sobrenome materno. 
Exemplo hipotético: Carlos Barbosa e Helena Garcia tiveram um filho e 
deram-lhe o nome de Carlos Barbosa Filho. Vamos analisar cada uma das 
partes que compõem o nome desta criança. 
Carlos e Helena se divorciaram. Helena ingressou com ação judicial pedindo 
para que fosse incluído seu sobrenome (Garcia) no nome do filho e que, como 
consequência, fosse excluído o agnome “Filho”. Em outras palavras, Helena 
pediu que o nome de seu filho passasse a ser Carlos Garcia Barbosa. 
Helena argumentou que essa alteração teria o objetivo de atender ao melhor 
interesse da criança, por propiciar sua melhor identificação e gerar um maior 
estreitamento de laços para com a família materna. 
O STJ entendeu que o pedido não se baseava em motivo idôneo e negou a 
alteração. Aquele que recebe o nome de seu genitor acrescido do agnome 
“filho” ou “filha” não tem nenhuma mitigação do vínculo com as famílias de 
seus genitores, tampouco sofre constrangimento por não ter os mesmos 
sobrenomes de eventual irmão, pois não é função do nome de família estreitar 
ligação afetiva. Além disso, os nomes da mãe e dos avós maternos constam 
na certidão de nascimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1731091-SC, Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723). 
 
Obs: penso que o entendimento acima foi superado pela Lei 
14.382/2022, que deu nova redação ao art. 57 da Lei 6.015/73. Veja a 
atual redação do dispositivo: 
 
Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida 
pessoalmente perante o oficial de registro civil, com a apresentação de 
certidões e de documentos necessários, e será averbada nos assentos de 
nascimento e casamento, independentemente de autorização judicial, a fim 
de: 
I - inclusão de sobrenomes familiares; 
II - inclusão ou exclusão de sobrenome do cônjuge, na constância do 
casamento; 
III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade 
conjugal, por qualquer de suas causas; 
14 
 
IV - inclusão e exclusão de sobrenomes em razão de alteração das relações de 
filiação, inclusive para os descendentes, cônjuge ou companheiro da pessoa 
que teve seu estado alterado. 
 
Conforme ressaltado, o nome se sujeita ao princípio da imutabilidade do nome. 
No entanto, essa imutabilidade não é absoluta. 
Dispõe a Lei de Registros Públicos, no art. 56, que: “o interessado, no primeiro 
ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por 
procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de 
família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa”. Significa 
que, entre os 18 e 19 anos, a pessoa pode, administrativamente, alterar o nome, 
desde que isso não prejudique a sua identificação no seio familiar. 
A lei traz no art. 57 que a alteração posterior de nome, ou seja, após o primeiro 
ano da maioridade, somente por exceção e motivadamente, após audiência do 
Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o 
registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa. 
Em uma leitura rápida de ambos os dispositivos é possível extrair a tese de que 
no primeiro ano da maioridade seria possível a alteração do nome 
administrativamente, enquanto, após esse primeiro ano, somente mediante 
ação judicial, com presença do Ministério Público. 
No entanto, a posição da ARPEN (Associação dos Registradores de Pessoas 
Naturais do Estado de São Paulo) defende a tese de, em ambos os casos, a 
modificação depende de sentença judicial. O requerimento deve ser efetuado 
através de processo a ser manejado em juízo, assim como no caso do art. 57. O 
que muda é que na hipótese do art. 56 a modificação, realizada no prazo legal, 
não precisa ser justificada. Na hipótese do art. 57 a alteração só pode se operar 
por exceção e justo motivo. 
Por fim, a jurisprudência, interpretando tal dispositivo, chegou à conclusão de 
que essa alteração é somente do sobrenome, não se permitindo a alteração do 
prenome, e sempre, preservando a identificação familiar. Assim, seria possível 
modificar a ordem dos nomes; incluir sobrenome de família que não foi colocado 
pelos pais; retirar sobrenome que o titular acredita não se identificar, dentre 
outros casos. 
15 
 
Sobre a possibilidade de se alterar o prenome, o art. 56 utiliza a expressão nome, 
o que engloba todos os elementos. Todavia, é pacífico que a alteração do 
prenome somente seria possível diante do procedimento previsto no art. 57, 
apresentando um justo motivo. 
É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai 
informou, perante o cartório de registro civil, nome diferente daquele que havia 
sido consensualmente escolhido pelos genitores. No caso concreto, havia um 
consenso prévio entre os genitores sobre o nome a ser dado à filha. Esse acordo 
foi unilateralmente rompido pelo pai no momento do registro da criança. Em 
palavras mais simples, os paisda criança haviam ajustado um nome, mas o 
pai, no momento do registro, decidiu alterar o combinado. Trata-se de ato que 
violou o dever de lealdade familiar e o dever de boa-fé objetiva e que, por isso 
mesmo, não deve merecer guarida pelo ordenamento jurídico, na medida em 
que a conduta do pai configurou exercício abusivo do direito de nomear a 
criança. Vale ressaltar que é irrelevante apurar se houve, ou não, má-fé ou 
intuito de vingança do genitor. A conduta do pai de descumprir o que foi 
combinado é considerada um ato ilícito independentemente da sua intenção. 
Houve, neste caso, exercício abusivo do direito de nomear o filho, o que autoriza 
a modificação posterior do nome da criança, na forma do art. 57, caput, da Lei 
nº 6.015/73. Nomear o filho é típico ato de exercício do poder familiar, que 
pressupõe bilateralidade e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz 
solucionar eventual desacordo entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a 
autotutela. STJ. 3ª Turma. REsp 1905614-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 
julgado em 04/05/2021 (Info 695). 
Ainda sobre a relativização do princípio da imutabilidade do nome, permite-
se a alteração nas seguintes hipóteses: exposição ao ridículo; erro de grafia 
crasso; adequação de sexo (transgenitalização); introdução de alcunha (alcunha 
também é conhecida como apelido ou cognome); introdução do nome do cônjuge 
ou convivente; introdução do nome do pai ou da mãe no caso de adoção do filho; 
tradução de nome estrangeiro, e por fim, proteção de testemunhas. 
Mudança de nome do transgênero: O transgênero, conforme mencionado, 
possui algumas características físicas sexuais distintas. Durante certo tempo 
houve debate para saber se seria necessária a cirurgia de mudança de sexo para 
ser permitida a alteração do nome ou não. Inicialmente, o Superior Tribunal de 
Justiça decidiu que: 
16 
 
O direito dos transexuais à retificação do 
prenome e do sexo/gênero no registro civil não 
é condicionado à exigência de realização da 
cirurgia de transgenitalização. STJ. 4a Turma. 
REsp 1.626.739 RS, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608). 
O Supremo Tribunal Federal avançou na matéria e, na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 4275, decidiu que os transgêneros que assim o 
desejarem, independentemente da cirurgia ou realização de tratamentos 
hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do 
gênero (sexo), diretamente no registro civil. 
E, mais recentemente, houve reafirmação da jurisprudência no julgamento do 
Recurso Extraordinário 670.422, julgado sob o regime da repercussão geral. 
Portanto, o transgênero pode mudar de nome sem necessidade alguma de 
cirurgia ou qualquer tratamento. 
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e 
de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada 
além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal 
faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. 
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada 
a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará 
nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de 
inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação 
judicial. 
 
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar 
de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos 
para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados 
pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. 
STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 
(repercussão geral) (Info 911). 
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de 
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou 
17 
 
patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero (sexo) 
diretamente no registro civil. 
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de 
gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da 
pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, 
nunca de constituí-la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de 
gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação 
firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental 
subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil 
pela via administrativa ou judicial, independentemente de procedimento 
cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito 
fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. STF. Plenário. ADI 
4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, 
julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892). 
A chamada Lei Clodovil (Lei no 11.924/09), em homenagem ao Deputado 
Federal e apresentador de Televisão, modificou o art. 57, incluindo o § 8º, 
permitindo-se que o enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável, poderá 
requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o 
nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa 
concordância desses (autorização e justo motivo), sem prejuízo de seus apelidos 
de família. REsp. 66.643 (acréscimo do nome do padrasto). 
Além desses casos permitidos pela Lei de Registros Públicos, a jurisprudência, 
a cada dia que passa, enaltecendo o princípio da dignidade humana, tem 
flexibilizado mais o princípio da imutabilidade do nome. 
O STJ, recentemente, entendeu que no caso de abandono afetivo e econômico 
por parte de genitor, o filho poderá fazer requerimento de retirada no nome de 
identificação familiar desse pai ou mãe. (STJ, REsp n. 1.304.718/SP). 
A jurisprudência do STJ tem entendido que há necessidade de motivação para 
alterar o nome (Tese 5, JTSTJ – Edição 138). 
Jurisprudência em Teses – STJ – Edição 138 
– Disponível neste link. Tese 5 – “A regra no 
ordenamento jurídico é a imutabilidade do 
prenome, um direito da personalidade que 
designa o indivíduo e o identifica perante a 
18 
 
sociedade, cuja modificação revela-se possível, 
no entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem 
como em determinados casos admitidos pela 
jurisprudência.” 
Obs.: A Lei de Registros Públicos (art. 565) prevê o prazo decadencial de 1 ano, 
contado da maioridade civil, para o interessado requerer a alteração do nome. 
Entretanto, o STJ tem entendido que esse prazo não se aplica em casos de lesão 
à dignidade. 
O mesmo STJ também entendeu que é possível a retificação do registro civil 
para acréscimo do segundo patronímico do marido ao nome da mulher durante 
a convivência matrimonial. 
Não se desconhece que a princípio, o propósito de alteração do sobrenome se 
revela mais apropriada na habilitação para o futuro casamento, quando o 
exercício do direito é a regra. Contudo, não há vedação legal expressa para que, 
posteriormente, o acréscimo de outro patronímico seja requerido ao longo do 
relacionamento, por meio de ação de retificação de registro civil, conforme 
artigos 57 e 109 da Lei no 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos), especialmente 
se o cônjuge busca uma confirmação expressa de como é reconhecido 
socialmente, invocando, ainda, motivos de ordem íntima e familiar, como, por 
exemplo, a identificação social de futura prole. 
Em contrapartida, ainda dentro desse tema, existe a proteção que o 
ordenamento jurídico confere ao pseudônimo (CC, art. 19). O pseudônimo é 
nome adotado por autor ou responsável por uma obra (literária, artística ou 
científica, ou de qualquer outra natureza), que não usa o seu nome civil 
verdadeiro ou o seu nome consuetudinário, por modéstia ou conveniência 
ocasional ou permanente, com ou sem real encobrimento de sua pessoa. Naverdade, nos termos do art. 5º, VIII, “c” da Lei dos Direitos Autorais, aquele 
autor que se oculta sob nome suposto. 
A discrepância entre a assinatura artística e o nome registral não 
consubstancia situação excepcional e motivo justificado à alteração da grafia 
do apelido de família. 
 
Caso concreto: o sobrenome do artista plástico Romero Britto, mundialmente 
conhecido, é grafado com apenas uma letra “t” (Brito). Sua assinatura 
19 
 
artística, contudo, é feita com duas letras “t” (Britto). O artista ajuizou, então, 
uma ação pedindo a alteração do seu patronímico (de Brito para Britto). O 
pedido não foi acolhido. Como o sobrenome é também uma característica 
exterior de qualificação familiar, não é possível a sua livre disposição. Assim, 
o indivíduo não pode alterar o patronímico (apelido de família) para satisfazer 
interesse exclusivamente estético e pessoal. 
A modificação pretendida alteraria a própria grafia do apelido de família e, 
assim, representaria violação à regra registral que exige a preservação do 
sobrenome, com o objetivo de indicar a estirpe familiar, o que tem relação com 
o próprio interesse público. 
A discrepância entre a assinatura artística e o nome registral não se 
consubstancia em situação excepcional e motivo justificado para a alteração 
pretendida. O nome do autor da obra de arte, lançado por ele nos trabalhos 
que executa, pode ser escrito da forma como ele bem desejar, sem que tal 
prática importe em consequência alguma ao autor ou a terceiros, pois se trata 
de uma opção de cunho absolutamente subjetivo, sem impedimento de 
qualquer ordem. Todavia, a utilização de nome de família, de modo geral, que 
extrapole o objeto criado pelo artista, com acréscimo de letras que não 
constam do registro original, não para sanar equívoco, mas para atender a 
desejo pessoal, não está elencado pela lei como um motivo que autorize a 
modificação do assento de nascimento. STJ. 4ª Turma. REsp 1729402-SP, 
Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 14/12/2021 (Info 723). 
 
O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao 
nome. Por fim, sobre a proteção jurídica do nome, dispõe o art. 17 do Código 
Civil que nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações 
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja 
intenção difamatória. No mesmo sentido é o art. 18 do Código Civil que diz que 
sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Caso haja infringência ao dispositivo citado haverá a prática de ato ilícito, 
passível de indenização, material e moral. 
OBS.: O oficial poderá recusar o registro se o nome for ridículo ou vexatório. 
OBS.: Havendo recusa indevida, aplica-se os artigos 198 e 203 da Lei de 
Registros Públicos. Chama-se procedimento de dúvida que nada mais é do 
que um procedimento administrativo presidido pelo juiz. Havendo divergência 
20 
 
entre o oficial e o particular, aquele está obrigado a suscitar a dúvida ao juiz. O 
juiz competente é o juiz da vara de registros públicos. O juiz vai ouvir a parte 
contrária aplicando, assim, o contraditório. Após, ouve o MP dirimindo a dúvida 
por sentença. Apesar de tratar-se de um procedimento administrativo, ele é 
dirimido por sentença, cabendo recurso de apelação. Quem pode recorrer é o 
MP, conforme súmula 99 do STJ e o particular, exceto o oficial do cartório, pois 
este não tem interesse jurídico. 
*** Quem escolhe o nome? O direito brasileiro permite que o titular do nome, 
confirmando a natureza personalíssima do nome, no primeiro ano após a 
aquisição da maioridade civil, possa, imotivadamente, requerer a modificação 
do nome, baseado na sua vontade, desde que não prejudique o sobrenome da 
família. Ele pode até substituir o sobrenome. Ele não pode prejudicar a origem 
familiar. É o único caso no direito brasileiro de mudança imotivada do nome. O 
nome é indicação dos pais, confirmada pelo titular. A regra é a imutabilidade, 
mas ele pode ser alterado por vários motivos. 
 Neste caso, o nome vai ser modificado pela simples vontade do 
interessado. O prazo é decadencial. É chamado também de nome resolúvel. 
OBS.: Posso alterar o sobrenome desde que não prejudique a origem ancestral 
neste prazo de um ano após atingida a maioridade civil. 
Se expuser o indivíduo ao ridículo e caso haja violação de norma de ordem 
pública, o oficial pode recusar a registrar o nome. 
Artigo 17, CC - Não se pode utilizar o nome 
alheio sem autorização de seu titular. São 
irrelevantes para a tutela do nome o desprezo 
público e a intenção difamatória (dolo). 
Artigo 18, CC - Sem a autorização do seu 
titular, não se pode utilizar o nome alheio em 
publicidade. 
Registro do nome: Artigo 13 da CF diz que todo registro público tem que ser 
em língua portuguesa. Nomes que exponham o titular ao ridículo e nomes 
exóticos devem ser rejeitados pelo oficial. 
Artigos 198 e 203 da LRP: Procedimento de dúvida. 
21 
 
Procedimento de dúvida: É um procedimento administrativo presidido pelo 
juiz de registros de públicos com a intervenção do MP. É o próprio oficial, 
percebendo a existência de uma dúvida, que vai suscitar ao juiz, ou seja, é o 
oficial que vai instaurar. Exemplo: Se você quer registrar um nome e o oficial não 
aceitou. 
 Procedimento de dúvida é procedimento administrativo realizado pelo 
oficial do cartório. O oficial pode suscitar para o juiz de registro público a 
dúvida. E suscita a dúvida pelo oficial, o juiz recebe este processo administrativo 
e ouve as partes e o MP, sentenciando e dirimindo a dúvida. 
Dúvida inversa: é um procedimento provocado pelo particular; quando ele 
mesmo promove a dúvida ao juiz. 
 A natureza do procedimento é meramente administrativa, a lei de 
registro público permite apelação no procedimento de dúvida contra a sentença 
proferida neste procedimento. 
*** Quem pode apelar? O interessado (se o juiz não autorizou o registro do 
interessado); MP (conforme súmula 99 do STJ) 
 O oficial de cartório não tem legitimidade recursal porque o interesse do 
oficial é apenas o de dirimir a dúvida. 
Não são elementos componentes do nome: Pseudônimo (chamado também 
de heterônimo – nome utilizado para atividades profissionais); títulos de 
nobreza. 
OBS.: Cuidado para não confundir pseudônimo com hipocorístico. Este é 
apelido notório que identifica uma pessoa em sua vida pessoal e particular. 
OBS.: O pseudônimo não faz parte do nome; não é elemento integrante do nome. 
Pseudônimo é o nome utilizado para fins profissionais, apenas. Registrado em 
Cartório de Títulos e Documentos. 
 Pseudônimo ou heterônimo ou cognome: atividades profissionais 
lícitas. 
 Pseudônimo é aquele nome utilizado para fins profissionais e assim 
preservando suas relações pessoais com seu nome. Quem usa pseudônimo usa 
somente nas relações profissionais se preservando nas suas relações pessoais 
com seu nome. Artigo 19 do CC (se integrasse o nome, não precisava ter a 
22 
 
mesma proteção – porém, merece a mesma proteção). Pseudônimo pode ser 
utilizado independentemente de registro. 
 Enquanto o pseudônimo é utilizado no âmbito profissional e ele não é 
elemento componente do nome, mas merece a mesma proteção. 
 Hipocorístico: Apelido notório, carinho. Serve para identificação 
pessoal como também profissional. É um apelido que identifica pessoal e 
profissionalmente. Exemplo: Lula, Xuxa, Pelé. 
 Ele pode ser acrescido ao nome ou pode ser substituir o nome, 
passando a ser elemento do nome. O acréscimo ou a substituição dependem de 
decisão judicial do juiz da vara de registros públicos. 
OBS.: No que tange o direito ao nome, prevalece a imutabilidade relativa que 
nada mais é do que a possibilidade de modificação do nome (prenome e 
sobrenome) nos casos previstos em lei ou por justificaçãojudicial (ou em outros 
casos quando o juiz reconhecer justo motivo). É o chamado princípio da 
imutabilidade relativa. 
Exemplos de mudança de nome: 
a) adoção: muda o nome ou prenome. Se o adotando tiver mais de 12 anos, se 
faz necessário o seu consentimento. Se ele tiver menos de 12, não depende do 
seu consentimento, mas ele deve ser ouvido. 
b) casamento ou união estável: Artigo 1565, § 1º do CC. 
c) programa de proteção à testemunha 
d) aquisição de cidadania brasileira (competência da justiça federal) 
e) acréscimo de sobrenome padrasto/madrasta: Lei 11.924/09 – conhecida 
como lei Clodovil que diz que o enteado ou enteada pode acrescentar o nome do 
padrasto ou madrasta, desde que haja consentimento destes e decisão judicial. 
Vale lembrar que a lei não exige o consentimento dos pais porque nome é um 
direito da personalidade e por isso os pais não precisam consentir. Em se 
tratando de criança e de adolescente, aplica-se o artigo 1.105 do CPC. Este 
artigo do CPC exige citação de todos os interessados nos procedimentos de 
jurisdição voluntária. 
23 
 
f) divórcio: Artigo 1578 do CC. Este artigo traz uma exceção. O cônjuge que 
alterou o seu nome pode perdê-lo se restar provado a sua culpa, desde que não 
prejudique a sua identificação. Com o advento da EC 66 não se discute mais a 
culpa no divórcio. Portanto, a regra, é que quem mudou o nome só perde 
segundo a sua vontade. Se o examinar colocar na prova este artigo, temos que 
marcar verdadeiro até que seja controlada a sua constitucionalidade, apesar de 
não ter aplicação prática. 
g) abandono afetivo: o STJ entende que se o pai abandou o filho, este pode 
requerer a retirada do sobrenome do pai. 
h) viuvez 
i) divórcio dos pais com mudança de nome: O STJ entende que se os pais 
alteraram seus nomes, o filho também tem o direito de alterar. Se faz necessária 
a decisão judicial. 
 Procedimento de jurisdição voluntária – necessidade de citação de 
todos os interessados. 
 O pai não precisa consentir. No caso de filho menor, o pai deve ser 
citado. Não gera nenhum direito familiar (herança, alimentos). 
Exemplos de acréscimo de sobrenome não previstos em lei: 
a) abandono afetivo 
b) negativa de registro 
c) viuvez 
Não é possível adicionar um sobrenome apenas para homenagear a avó; por 
outro lado, é possível sim acrescentar um sobrenome para se diferenciar 
de um homônimo que responde a processo criminal, o que vem gerando 
prejuízos ao autor: Caso adaptado: o autor ajuizou ação pedindo para incluir 
o sobrenome de sua avó materna. Foram invocados dois argumentos para se 
autorizar a retificação: 
1) A pretensão de homenagear a avó materna; 
2) O autor explicou que é Advogado e Professor de Direito Processual Penal e 
que, ao pesquisar seu nome no Google, aparece um homônimo (ou seja, um 
outro homem com o mesmo nome dele) e que responde por processos criminais. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/df202fc4b213028833dec15dd526256d?categoria=4&subcategoria=33&assunto=107
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/df202fc4b213028833dec15dd526256d?categoria=4&subcategoria=33&assunto=107
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/df202fc4b213028833dec15dd526256d?categoria=4&subcategoria=33&assunto=107
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/df202fc4b213028833dec15dd526256d?categoria=4&subcategoria=33&assunto=107
24 
 
Essa homonímia vem causando confusões e lhe gerando prejuízos profissionais, 
já que seus trabalhos são pesquisados com frequência na internet. 
O primeiro argumento não foi acolhido pelo STJ: A simples pretensão de 
homenagear um ascendente não constitui fundamento bastante para configurar 
a excepcionalidade que propicia a modificação do registro. Por outro lado, o 
segundo argumento foi aceito pelo Tribunal: A existência de um homônimo que 
responde a processo criminal, ainda que em outro estado da federação, pode 
ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para 
fundamentar a inclusão de patronímico. STJ. 3ª Turma. REsp 1962674-MG, 
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/05/2022 (Info 748). 
Regra de mudança do nome: artigo 56 a 58 da LRP. 
São três etapas para compreender a mudança do nome, tais quais: 
a) A primeira etapa da mudança do nome: possibilidade de mudança do nome, 
no prazo decadencial de um ano após atingida a maioridade civil. É um caso 
imotivado. É possível a modificação do nome sem que haja qualquer motivo, 
qualquer justificativa. 
b) A segunda hipótese: não tem prazo; é possível a modificação a qualquer 
tempo nos casos previstos em lei, desde que requeridos ao juiz. (adoção, 
aquisição de nacionalidade brasileira, nomes ridículos ou que exponha o 
titular). 
c) Terceira hipótese: Por requerimento judicial, a qualquer tempo, em hipótese 
fundamentada em proteção da personalidade. O juiz pode considerar casos não 
previstos em lei para que faça essa modificação. 
O direito brasileiro acolhe o princípio da inalterabilidade relativa do nome 
admitindo a mudança do nome nas hipóteses acima descritas. A alteração do 
nome deve ser feito por procedimento administrativo. 
Artigo 1565, §1º, CC: Fala da possibilidade de mudança do nome pelo 
casamento. 
Artigo 1578, CC: Este artigo estabeleceu uma nova regra para a mudança do 
nome na dissolução do casamento. A nova regra é que a pessoa que mudou o 
nome pelo casamento, somente perde, se quiser, pois, depende da vontade. 
*** Perda do nome contra a sua vontade: artigo 1578, CC. 
25 
 
Devem estar presentes concomitantemente (requisitos cumulativos) estes 
quatro requisitos descritos abaixo: 
a) culpa grave; b) pedido expresso da parte; c) não prejudicar a identificação da 
prole; d) não causar prejuízo à identificação do próprio cônjuge. 
Agora a perda do nome não está fundada na culpa. A culpa, por si só, não 
implica na perda do nome pelo simples motivo que para ocorrer a perda, deve 
ocorrer a culpa e outros requisitos. 
 Sozinha, a culpa não faz perder o nome, por mais grave que ela seja. 
Por mais grave que seja a culpa, se a perda do nome viola a identificação da 
pessoa, o nome se mantém. Resp. 358.598/PR. 
Só pode se discutir a mudança do nome na ação de separação, pois a ação de 
divórcio é inidônea para discutir a mudança do nome, pois tem que haver o 
requisito culpa e este requisito não faz parte da ação de divórcio. 
Enunciado 278 da Jornada de Direito Civil: 
Art.18. A publicidade que venha a divulgar, sem 
autorização, qualidades inerentes a 
determinada pessoa, ainda que sem mencionar 
seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, 
constitui violação a direito da personalidade. 
Jurisprudência em Teses – STJ – Edição 137 
Tese 7 – “A publicidade que divulgar, sem 
autorização, qualidades inerentes a 
determinada pessoa, ainda que sem mencionar 
seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, 
constitui violação a direito da personalidade. 
(Enunciado n. 278 da IV Jornada de Direito 
Civil do CJF)” 
*** Mudança de nome em razão da dissolução do casamento: Artigo 1.565, 
parágrafo primeiro do CC. É direito da personalidade do cônjuge manter o 
sobrenome de casado. O cônjuge que mudou o nome, só vai perdê-lo por vontade 
própria. É a regra geral. 
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 O STJ vem dizendo que a mulher que decidiu, livremente, a ter o nome 
que tinha antes, tem este direito, mas deve ter ratificação do nome do registro 
dos filhos, ou seja, os filhos passam a ter nome de solteira da mãe. 
É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução 
do vínculo conjugal pelo falecimento do cônjuge. Ex: Maria Pimentel da Costa 
casou-se com João Ferreira.Com o casamento, ela incorporou o patronímico do 
marido e passou a chamar-se Maria da Costa Ferreira.Alguns anos mais tarde, 
João faleceu. Maria poderá voltar a usar o nomede solteira (Maria Pimentel da 
Costa), excluindo o patronímico do falecido marido?Sim. Vale ressaltar que não 
há previsão legal para a retomada do nome de solteira em caso de morte do 
marido. A lei somente prevê a possibilidade de o homem ou a mulher voltarem 
a usar o nome de solteiro (a) em caso de divórcio (art. 1.571, § 2º, do CC). Apesar 
disso, o STJ entende que isso deve ser permitido.A viuvez e o divórcio são 
hipóteses muito parecidas e envolvem uma mesma razão de ser: a dissolução 
do vínculo conjugal. Logo, não há justificativa plausível para que se trate de 
modo diferenciado as referidas situações.STJ. 3ª Turma. REsp 1724718-MG, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/05/2018 (Info 627). 
STJ: Por mais grave que seja a culpa o cônjuge tem direito de ter o sobrenome, 
se prejudica a sua identificação. 
É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância 
do vínculo conjugal. Exemplo hipotético: Regina Andrade Medina casou-se 
com João da Costa Teixeira. Com o casamento, ela passou a ser chamada de 
Regina Medina Teixeira. Ocorre que, após anos de casada, Regina arrependeu-
se da troca e deseja retornar ao nome de solteira. Ela apresentou justas razões 
de ordem sentimental e existencial. O pedido deve ser acolhido a fim de ser 
preservada a intimidade, a autonomia da vontade, a vida privada, os valores e 
as crenças das pessoas, bem como a manutenção e perpetuação da herança 
familiar. STJ. 3ª Turma. REsp 1873918-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 
em 02/03/2021 (Info 687).

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