Buscar

Argumentação Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Argumentação Jurídica
DIALÉTICA:
Dialética = refutar a tese do interlocutor, colocando-o em contradição. Ex: Diálogos de Platão.
Para Platão, seria a técnica de perguntar, responder e refutar. Segundo ele, é através do diálogo que se atinge o verdadeiro conhecimento. A partir da decomposição de uma ideia se chega a uma síntese que também deve ser examinada.
Hegel vai afirmar que a verdade é o todo; logo a dialética deve enxergar este todo e identificar as contradições que o compõem. Para Hegel, a contradição é o princípio básico do movimento pelo qual os seres existem;
A dialética será marcada:
· pelo jogo de perguntas e respostas;
· pelo confronto de ideias;
· pela arte da controvérsia.
· pela discussão entre dois polos antagônicos;
· pelo método dialético: raciocínio que permite contestação e controvérsia.
Dicas (livro de Reboul):
· Começar com perguntas que não tenham relação direta com o foco do diálogo para despistar o outro e fazê-lo ser favorável as suas perguntas. 
· Em seguida, mude as perguntas de forma que a afirmação ou negação mostre que seu interlocutor está sendo incoerente com o que disse antes.
· As perguntas precisam ser feitas modo direto, e a resposta, de preferência, seja em forma de Sim/Não.
· Não deixe que o outro fale muito, perguntas objetivas.
Exemplo: Escola sem partido.
· Na dialética há um diálogo (bilateral – um contra o outro), com o objetivo de fazer com que a outra entre em controvérsia. 
· Silogismo demonstrativo – vai trabalhar com premissas evidentes que se tem indubitáveis. 
· Silogismo dialético – vai trabalhar a partir de premissas que parecem verdades (endoxa). Ex.: maturidade (tem se a ideia de que os mais velhos são mais maduros e mais novos imaturos). 
Obs.: Paradoxon – opõe-se ao endoxa. Ideia de que parece verdadeiro, mas é contrário ao senso comum. 
Por que o senso de maturidade seria uma endoxa? 
É um conceito abstrato, atrelado ao senso comum, no qual existem, para diversas pessoas, características que contribuem, que parecem ser verdadeiras de uma pessoa madura. Ex.: idade. 
Para Reboul, a dialética não é moral nem imoral. O que ela é?
A dialética é um jogo e, em um jogo, o problema é ganhar. 
· Aristóteles diz que para o jogo da dialética funcionar, eu preciso desconstruir o que a pessoa pensa. E, para isso, eu preciso usar o que ele acredita como sendo o conceito em questão (maturidade, por exemplo), usando o sendo comum. E, a partir desse senso comum eu vou usar perguntas que ele próprio vai precisar ir contra esse senso comum. 
Para Reboul, a dialética não moral nem imoral? O que ela é?
É um jogo, cujo objetivo é ganhar. 
Vale tudo nesse jogo?
Quando você faz com o que o outro se contradiga, gera a dúvida, o método dele já ficou comprometido e, com isso, você consegue ganhar o jogo. Então, a ideia é fazer com que o outro se contradiga. O objetivo é ganhar. 
Porém, nesse jogo não vale tudo. Existem umas regras que você deve seguir, se não pode comprometer o seu ethos. O que você fazer com que você perca o jogo. 
Qual a primeira coisa que deve ser pensada quando se inicia o uso da dialética?
É preciso levar em consideração o adversário concreto que temos diante de nós e dispor os argumentos por via de consequência. Conhecer o seu adversário pra saber qual é a melhor jogada, pra saber o que falar se acordo com o público.
Quais truques são ensinados por Aristóteles, segundo Reboul?
Aristóteles ensina procedimentos, “truques” próprios a desorientar o adversário, impedi-lo de ver aonde se quer chegar. São eles: 
- Encontrar formas de argumentação que disfarcem o verdadeiro sentido e a conclusão a que se pretende chegar, para que o adversário não perceba. 
- Inserir proposições inúteis para disfarçar o objetivo. 
- Fingir imparcialidade. 
Quais sãos as regras mencionadas por Aristóteles?
- Ser claro (muitas vezes os debates são deturpados por se utilizarem premissas ambíguas). 
- Raciocínio correto. 
- Não pode trapacear, transgredir as regras. 
- Realizar perguntas mais objetivas. 
Quais são os três usos da dialética segundo Aristóteles? Explique-os.
· Uso pedagógico – propósito de exercitar-se e provar-se. Utilizada para testar um conceito, uma ideia. Nesse caso o intuito não é ganhar.
· Uso filosófico – utiliza a dialética para buscar a verdade. Nesse caso o intuito não é ganhar. 
· Uso social (“homilético”) – social. Contato com os outros. Nesse caso o intuito é ganhar e fazer com que o outro se contradiga. 
Diferente de Platão, o que fez Aristóteles da dialética?
Platão desprezava a retórica e exaltava a dialética, acreditando ser a única que permitia alcançar o absoluto. Já Aristóteles estudava a retórica, a dialética e a dialética em benefício da retórica. 
FIGURAS DA RETÓRICA:
“Não basta sintaxe. É preciso paixão”. - Barroso
· Não adianta saber muito a gramática se você não usa essas figuras para dar força a esse discurso. 
Por que o estudo das figuras retóricas?
São as figuras que fornecem um sentido extra ao discurso. Dessa forma, embelezam o estilo com construções inesperadas, chamando a atenção do auditório e dando força ao argumento. 
Obs.: Doxa – senso comum. 
O efeito persuasivo das figuras de retórica:
As figuras de retórica desempenham um papel persuasivo. São mecanismos de que se vale o orador para encaminhar o raciocínio do auditório, surpreendendo-o com construções criativas, numa linguagem vívida, que foge ao senso comum. O objetivo é promover um apelo emocional ou motivacional, bem como condensar um argumento que se constitui no próprio enredo. Ademais, a figura retórica auxilia a defesa de uma tese, encaminhando o raciocínio do auditório na direção determinada pelo orador, por meio da prolepse. 
1. FIGURAS DE PALAVRAS: 
Referem-se aos sons e ritmo, no qual atraem a atenção do auditório fazendo este aderir ao argumento com mais facilidade. 
a) Figuras de ritmo e de som: 
· Tem por objetivo produzir prazer ao público. 
Exemplo.: Ayres Britto, relator das ações, em reforço à sua tese, citou Max Scheler:6 “O ser humano, antes de um ser pensante ou volitivo, é um ser amante.”
· O argumento de autoridade utilizado pelo ex-Ministro reforça a tese de que a vocação para amar encontra-se em estado latente no ser humano, antes mesmo de adquirir a capacidade de raciocinar. 
· A harmonia do som das palavras e pelo ritmo da sentença, penetra delicadamente na consciência do auditório e reforça o significado. 
b) Etimologia: 
· Definição de um termo com base na sua origem. O orador define o sentido de uma palavra para impor esse sentido ao auditório. 
Obs.: metalinguagem – explicar a linguagem com a própria linguagem. 
Exemplo.: “Vida em comunidade, portanto sabido que comunidade vem de ‘‘co mum unidade". E como toda comunidade, tanto a família como a sociedade civil são usinas de comportamentos assecuratórios da sobrevivência, equilíbrio e evolução do Todo e de cada uma de suas partes “.
2. FIGURAS DE SENTIDO: 
· Dizem respeito ao significado que uma palavra adota fora de seu uso habitual, a fim de enriquecer essa ideia ou até mesmo criar outro significado. 
a) Metonímia: ocorre quando se substitui palavra por outra por se perceber entre ambas uma semelhança. Associação extensiva de sentido. 
 
Exemplo.: Gustavo Tepedi- “com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, debruça- -se a doutrina na tarefa de construção de novos modelos interpretativos”, pretendia se referir aos “doutrinadores”, termo facilmente detectável pela leitura. 
“O Ministério Público disse”. 
“Comprei 40 cabeças de gado”. 
Balança como símbolo do direito. 
· Conforme Reboul, “a metonímia cria símbolos, como, por exemplo, a foice e o martelo, a rosa e a cruz. Nesse sentido, condensa um argumento fortíssimo”.
b) Metáfora: associam-se dois termos distintos e se extrai algo em comum entre eles. Estabelecido o vínculo, um termo substitui o outro. A identificação dessa semelhança é subjetiva. É forte pois esta associado a uma endoxa (ideia de senso comum), bem como traz uma imagem.
Exemplo.: sentença referente ao Processo n: 2003.001.050.626-8,em que ajuíza critica a forma como o autor dispôs seus argumentos, considerando-os preconceituosos, observa-se que a utilização da metáfora expressa claramente sua indignação:
Esses, porém, e infelizmente, são os momentos mais comedidos do autor, quando comparados a outros em que as suas erupções discriminatórias assumem contornos de bravatas histéricas e francamente ofensivas (grifo nosso).
“O tráfico é o câncer da sociedade”. 
c) Hipérbole: Conforme Reboul, “a hipérbole é a figura do exagero. A hipérbole tem por objetivo “levar à própria verdade, e de lixar, através do que ela diz de incrível, aquilo que é realmente preciso crer” (Reboul).
Exemplo.: juiz João Baptista Herkenhoíf, no despacho de 09.08.1978, no Processo n° 3.775 da l.a Vara Criminal de Vila Velha (ES), registrou “este Juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão”.
· Na verdade, deseja angariar a adesão do auditório à tese de absolvição da ré, mesmo existindo provas contra. Para atingir tal objetivo, registra o quão fora de propósito é a condenação, da mesma forma que seria um excesso praticar as ações por ele enunciadas. Dessa maneira, o auditório é induzido a admitir sua tese. 
d) Eufemismo: O eufemismo é o oposto da hipérbole. Buscam-se palavras que amenizem o que está sendo enunciado. Demonstra a preocupação do orador de transmitir ao auditório uma imagem de polidez, sensibilidade. Assim, o orador investe no ethos - o seu caráter, sua imagem - já que conquistará com mais facilidade o auditório se for considerado honesto, educado, e também no logos - na forma como enuncia os argumentos. 
Exemplo.: crítica, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, do ministro Marco Aurélio à forma como o ministro Joaquim Barbosa reagiu ao voto do ministro Ricardo Lewandowski:
“Não gostei pela falta de urbanidade do relator. Precisamos discutir ideias, não deixando descambar para o lado pessoal. Mc assusta o que podemos ter após novembro (quando Joaquim Barbosa assumirá a presidência do STF). Costumo dizer que o presidente (do STF) tem de ser um algodão entre cristais, não pode ser metal entre cristais”.
· Observa-se a preocupação do ministro Marco Aurélio em escolher as palavras, a fim de proteger a sua imagem e de atenuar o impacto de sua crítica, sem, no entanto, expressar o quanto desaprova a atitude do colega. Destaque-se que o ministro Marco Aurélio preferiu dizer que houve “falta de urbanidade”, em vez de dizer que o ministro Joaquim Barbosa teria sido grosseiro. Em seguida, utilizou uma metáfora, insinuando, possivelmente, que o colega seria comparável a um “metal entre cristais”. Embora tenha utilizado um eufemismo contido na metáfora, a enunciação reforça a desaprovação.
e) Paradoxo: utilizar ideias opostas. Unir termos de sentido contraditório na mesma unidade de sentido, a fim de demonstrar algum conflito existente. Essa estratégia argumentativa provoca um estranhamento no auditório, exigindo que se extraia desse conflito uma conclusão, isto é, uma tese. 
Exemplo.: “O amor é ferida que dói e não se sente”.
A referência corriqueira à “função social da propriedade privada” explica-se pelo fato de que é, neste âmbito, que a funcionalização opera de forma mais revolucionária, afastando a tradicional noção da propriedade privada como espaço de liberdade individual e tendencialmente absoluta do titular do domínio.
· Com efeito, a Constituição passou a priorizar o coletivo em detrimento ao individual. Dessa forma, o aparente paradoxo se desfaz, já que a noção individualista de propriedade não mais corresponde ao ideal constitucional
f) Antítese: oposição de palavras. Estabelece oposições de termos ou de temas num determinado contexto. Como figura retórica, objetiva enaltecer um dos termos ou tema que se opõe ao outro. A antítese representa uma estratégia argumentativa muito produtiva, chegando a constituir o fio condutor do texto.
Exemplo.:
O amor e o ódio caminham lado a lado.
A verdade e a mentira fazem parte do dia a dia.
Passado/presente
Novo/velho
g) Personificação: A personificação transfere para seres irracionais ou inanimados ações ou atributos restritos aos seres humanos. Tal estratégia argumentativa, além de atrair a atenção do auditório, transfere responsabilidades exclusivas do homem àqueles que, por natureza, são incapazes de possuí-las. Dessa forma, ao atribuir, por exemplo, responsabilidades a uma empresa comercial, considerando-a “pessoa” jurídica, personifica-se essa empresa e, consequentemente, torna-a suscetível de direitos e deveres. 
Ex.: O sistema teima. 
3. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO/DE SINTAXE: 
· Representam alterações que se promovem na estrutura do período a fim de alcançar determinado efeito persuasivo.
a) Inversão: A ordem direta dos termos no período segue a seguinte sequência: sujeito/ verbo/ complementos/ adjuntos adverbiais. A alteração dessa ordem convencional desperta maior atenção do auditório para o termo deslocado no período. Geralmente, quando o orador desloca um termo para o início do período, deseja atribuir-lhe mais destaque, enfatizar o seu sentido. 
b) Quiasmo: Quiasmo é uma inversão com repetição dos termos invertidos. Segundo Rcboul, essa figura retórica segue a combinação AB-BA. A inversão associada à repetição acentua a implicação de sentido entre os termos. Além disso, permuta entre eles a função de tema do enunciado. 
Exemplo.: “ Deus fecunda a madrugada para o parto diário do sol, mas nem a madrugada é o sol, nem o sol é a madrugada. Não há processo judicial contencioso sem um pedido inicial de prolação de sentença ou acórdão, mas nenhum acórdão ou sentença judicial se confunde com aquele originário pedido”. 
c) Reticências: A aposiopese, ou reticências, interrompe a frase para passar ao auditório a tarefa de complementá-la; figura por excelência da insinuação, do despudor, da calúnia, mas também do pudor, da admiração, do amor, sua força argumentativa advém do fato de retirar o argumento do debate para incitar o outro a retomá-lo por sua conta.
Exemplo.: O posicionamento da maioria da Corte desagradou o relator, que disse que a honra do Tribunal foi atacada e, não apenas a sua. “Cada país tem o modelo de Justiça que merece. Se [a Justiça] se deixa agredir, se deixa ameaçar por uma guilda profissional, nunca se sabe qual é o fim que lhe é reservado.” O ministro Marco Aurélio respondeu ao colega que não se sentiu atacado pelas ofensas, o que provocou nova reação de Barbosa: “Fossa Excelência talvez faça parte... ”, disse o ministro, sem concluir o racio cínio (grifo nosso).
d) Repetição (ANÁFORA): há ocasiões em que a repetição tem objetivo retórico. A repetição reforça o conteúdo enunciado, provocando um efeito de presença e sugerindo distinções. Provoca-se o efeito de presença quando o objeto do discurso é assimilado pela consciência do auditório, levando-o a refletir e reter a ideia do orador. 
Exemplo.: A comunidade não fez nada por ele. O Município não fez nada por ele. O Estado Brasileiro não fez nada por ele. Hoje, BSS tem 21 anos, é maior de idade, e pratica crimes contra o patrimônio dos membros de uma comunidade que não cuidou dele. 
e) Gradação: Na gradação, apresentam-se “as palavras na ordem crescente de extensão ou importância” (Reboul), ou na ordem decrescente, conforme a intenção do orador, conduzindo o auditório, paulatinamente, no sentido evolutivo ou regressivo conforme os fatos, atos ou omissões tenham gerado. No exemplo anterior, observa-se, além da repetição, a gradação. Isso porque o juiz registra de forma crescente a ausência da “comunidade”, do “Município”, do “Estado”, levando o auditório a concluir que ninguém fez algo pelo réu.
4. FIGURAS DE PENSAMENTO: 
· Aquela que extrai do discurso, como um todo, a intenção daquele que produz o enunciado. Portanto, equivale à enunciação.
a) Ironia: consiste em afirmar algo no enunciado e negar na enunciação, isto é, aquilo que o orador diz é o oposto do que pretende fazer acreditar. Cabe ao orador fornecerpistas que orientem o auditório a decifrar sua real intenção. Na verdade, a ironia fina deixa ao intérprete sempre alguma dúvida sobre a real intenção do orador.
b) Preterição: Em determinadas situações, o orador simula que não irá dizer algo, procurando proteger a sua imagem ou surpreender o auditório, captando a sua atenção. Isso ocorre, em especial, quando o auditório não demonstra muita afinidade com a tese do orador. 
Exemplo.: “Não vim pedir absolvição de José Dirceu pela sua história ou passado de 40 anos de vida pública sem qualquer mácula ou mancha. Não peço porque aqui não é a casa para isso, não estou no Congresso Nacional. Peço absolvição de José Dirceu com base na prova dos autos e no devido processo legal”.
· Ciente de que a opinião pública está contra seu cliente e que a acusação foi incisiva ao avaliá-lo, recorre ao argumento de fuga, sem, contudo, dizer que o fará.
c) Prolepse: Tal recurso consiste em antecipar o argumento (real ou fictício) do opositor, para voltá-lo contra ele. Dessa forma, o orador surpreende o seu opositor: intui um possível argumento e desarticula o seu discurso, obrigando-o a rever suas estratégias.
Exemplo.: “Alguém dirá que nessa busca da verdade real ele pode prejudicar o réu. Ora essa! A verdade, quando procurada pelo juiz interessado em não errar, não é condicionada, para, de antemão, beneficiar ou prejudicar. E não prejudica, realmente, quando desfavorável ao réu, porque, juntada essa prova aos autos o defensor do acusado pode impugná-la, mostrando sua fragilidade ou anexando prova contrária. O contraditório na prova é sagrado e nenhum juiz normal se atreve a afrontar esse princípio”. 
TIPOS DE ARGUMENTOS:
1. Argumento pró-tese:
· O argumento prótese é aquele que utiliza a razoabilidade e a coerência do encadeamento sistematizado de fatos-razões como fundamento de validade, ou seja, o argumento pró-tese é aquele que desenvolve uma explicação razoável para determinada questão relevante do raciocínio argumentativo. Mostrar de uma forma explicativa que algo gerou algo. 
2. Introito: 
· Quando você introduz, que você vai narrar primeiro o que aconteceu, você já está narrando e argumentando. Ex.: quanto a ré, prejudicou, deixou de fazer... Ou seja, você já está narrando com uma linha argumentativa. 
3. Argumento de autoridade:
· A ideia se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese.
· Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas. 
4. argumento de oposição: tentar prever alguns valores ou argumentos a serem abordados pela outra parte para buscar uma solução jurisdicional para o conflito. Ao mesmo tempo em que o advogado argumenta a favor de sua tese, já conseguiria também mostrar que outra possibilidade de compreender os fatos - a do seu adversário - seria incompatível com a razoabilidade.
5. argumento por comparação/analogia:
· No argumento por comparação, o argumentador pretende levar o auditório a aderir à tese ou conclusão com base em fatores de semelhança ou analogia evidenciados pelos dados apresentados.
 
 “Enquanto países como Canadá e EUA têm leis que protegem as crianças da exposição ao sexo e à violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle eletivo sobre a programação. Não é de se surpreender que muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV aberta”.
· Por analogia - É o argumento que pressupõe que a Justiça deve tratar de maneira igual, situações iguais. As citações de jurisprudência são os exemplos mais claros do argumento por analogia, que é bastante útil porque o juiz será, de algum modo, influenciado a decidir de acordo com o que já se decidiu, em situações anteriores. 
6. argumento de causa e efeito (consequência):
· No argumento por causa e consequência, a tese, ou conclusão, é aceita justamente por ser uma causa ou uma consequência dos dados.
· Se o tema está associado à educação brasileira, por exemplo, podemos buscar argumentos para essa proposta pensando nas causas do quadro atual da educação brasileira (falta de investimentos, falta de valorização e de capacitação dos profissionais, etc...).
7. argumento de senso comum: o senso comum é, hoje, fonte de prestígio cada vez maior no meio jurídico. O profissional do direito que recorre a essa fonte aproveita-se de uma afirmação que goza de consenso geral e está amplamente difundida na sociedade para validar seus raciocínios. O senso comum não precisa estar, necessariamente, afastado do senso crítico. Ainda que assistemático, não deve se afastar do bom senso, sob pena de não ser validado pela coletividade e perder o status de “consenso geral”. Este argumento é muito bem recebido quando funciona como reforço de outros argumentos.
8. argumento ad hominem:
· Consiste no ataque a uma pessoa cujas ideias, argumentos ou depoimentos pretende desqualificar. Ao invés de se enfrentar o argumento do adversário, ataca-se a pessoa do adversário. Ataca-se o homem e não a ideia. É comum quando não se sabe como rebater o argumento do outro. 
O ataque à pessoa pode ocorrer por duas diferentes estratégias:
a) ataque direto à pessoa (argumento ad hominem abusivo), quando coloca seu caráter e seus valores morais em dúvida e, portanto, a validade de sua argumentação, porque eivada de descredibilidade.
b) ataque às circunstâncias em que o adversário realiza certa afirmação (argumento ad hominem circunstancial), que ocorre quando a pessoa, não por seus valores morais ou pessoais, mas pelo contexto, mostra-se incapaz de fazer certas afirmações.
9. argumento a fortiori: recorre a proporcionalidade. É aquele que estabelece uma relação entre dois eventos, de maneira a orientar a conduta de um baseada no parâmetro estabelecido pelo outro. O argumento a fortiori pode sempre ser resumido numa fórmula como esta: se a solução X é adequada para o caso Y, com maior razão deve ser também adequada para o caso Z, que é uma forma mais grave (ou mais evidente, ou mais ampla, ou mais intensa, ou maior) de X.
10. argumento por absurdo: é aquele que não apenas mostra que o argumentador está certo, mas também que o advogado da parte contrária está errado. Consiste, portanto, em demonstrar a não validade de uma tese. Para isso, é necessário apenas pressupor que ela seja verdadeira, mas mostrar, dividindo sua explicação em pedaços, que sua aplicação leva a resultados contraditórios e inadmissíveis, ou seja, absurdos.
11. Argumento por comprovação: 
· A sustentação da argumentação se dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que a acompanham. Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um ponto de vista equivocado.
Veja:
 O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada estado. Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não frequentam as salas de aula. O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil). (Mônica Bergamo. Folha de S. Paulo, 3.12.2003)
Nesse tipo de citação, o autor precisa de dados que demonstrem sua tese.
12. Argumento por prova ou evidência: 
· No argumento por evidência, pretende-se levar o auditório a admitir a tese ou conclusão, justificando-a por meio de evidências.
Exemplos: imagens, fotos, laudos, perícias.
 
· A prova pode ser testemunhal, técnica ou documental.
 
Obs.: A evidência pode ser também hipotética:a reconstituição lógica dos fatos pode evidenciar o que se deseja provar. Ex. Caso Nardoni.
13. Argumento por exemplificação: 
· No argumento por exemplificação, o argumentador baseia a tese ou conclusão em exemplos representativos, os quais, por si sós, já são suficientes para justificá-la.
· A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
14. Argumento de fuga: 
· É o argumento de que se vale o falante para escapar à discussão central, em que seus argumentos não prevalecerão. Apela-se, em regra, para a subjetividade – é o argumento, por exemplo, que enaltece o caráter do acusado, lembrando tratar-se de pai de família, de pessoa responsável, de réu primário, quando há acusação de lesões corporais (ou homicídio culposo) em que é réu.
Ex.: enaltecer o réu. 
15. Argumento por raciocínio lógico:
Método Dedutivo (silogismo) – Parte da ideia/premissa geral para a particular e depois conclui.
Método Indutivo – Parte dos fatos (particular) para a ideia geral.
Observe os parágrafos abaixo e identifique qual método de raciocínio lógico foi utilizado.
· O objetivo da publicidade é seduzir seu público-alvo a consumir seus produtos, utilizando, inclusive, estratégias agressivas e hipnotizadoras. Nos anos 90, muitas crianças foram alvo da propaganda “Compre Batom” e o crescimento da venda desse produto para o público infantil cresceu em grande escala, acarretando, desde aquela época, um considerável aumento de crianças obesas no Brasil. Assim, fica evidente que a publicidade dirigida à criança deve ser controlada. 
· Dilma Rousseff é a primeira mulher brasileira a chegar a presidência da presidência da República. Cláudia Sender, presidente da TAM; Adriana Machado, presidente da GE Brasil, Graça Foster, presidente da Petrobrás, são outros exemplos de mulheres que assumiram grandes cargos no Brasil. A mulher, como homem, tem potencial e inteligência para assumir tal posição. Dessa forma, podemos concluir que a mulher não nasceu para trabalhar apenas em casa.
COMO CONSTRUIR O MÉTODO INDUTIVO:
· 1º Observar as particularidades de algo. Ex: Pedro, José, João etc. são mortais; (P. Menor)
· 2º Verificar a relação entre ser homem (P. Maior) e ser mortal;
· 3º Generalizo dizendo que todos os homens são mortais. (Conclusão)
COMO CONSTRUIR O MÉTODO DEDUTIVO:
· 1º Trazer uma ideia geral (teoria, conceito, doutrina, lei) – Premissa Maior
A legislação brasileira sustenta que o empregador é, também, responsável pela reparação civil em razão de danos causados por seus empregados, serviçais e prepostos no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. 
· 2º Trazer a ideia particular (exemplo) referente à teoria utilizada na Premissa Maior.
Ora, se Paulo, empregado da referida locadora, estava conduzindo um veículo pertencente à ré e sua conduta imprudente causou danos ao autor 
· 3º Conclusão
não há dúvidas quanto à responsabilidade da empresa, que se nega a assumir sua obrigação.
Neste caso, temos um método dedutivo hipotético
CUIDADO!!!
· Curiosamente, o raciocínio dedutivo pode levar ao sofismo, um raciocínio falso, mas que possui aparência lógica. 
Exemplo:
· As galinhas tem dois pés, homens tem dois pés, logo homens são galinhas.
· Os nazistas eram nacionalistas, norte-americanos são nacionalistas, logo norte-americanos são nazistas.
Como defender essa tese usando o método dedutivo e indutivo: 
Quem nasce pobre não necessariamente morre pobre
DEDUTIVO: 
· Estudos sociológicos dizem que ao longo do século XX com o desenvolvimento industrial muitas pessoas passaram a conseguir emprego, investimento, a conseguir postos melhores e a se tornarem pessoas mais ricas. 
· A exemplo tipo tem-se Silvio Santos que nasceu pobre e conseguiu batalhar, foi persistente e ficou rico. 
· Logo, quem nasce pobre não necessariamente morre pobre
· A partir das políticas sociais do governo de inclusão em universidades de pessoas de baixa renda, através do PROUNI e das COTAS por renda, diversas pessoas conseguiram se formar, tornando-as mais ricas. 
· Mariana nasceu pobre, estudou em escola pública durante a vida toda. Porém, conseguiu ingressar na universidade de medicina através do seu esforço e com o auxílio de programas governamentais, se formou, tornou-se uma ótima médica e ficou rica. 
· Logo, quem nasce pobre não necessariamente morre pobre.
INDUTIVO: 
· Joaquim barbosa nasceu pobre, conseguiu entrar na faculdade e virou rico. 
· Neymar era pobre virou jogador de futebol e virou rico. 
· Whinderson Nunes nasceu pobre, virou influenciador digital e ficou rido. 
· A partir desses exemplos, é possível concluir que quem nasce pobre não necessariamente morre pobre.

Outros materiais