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Efeitos da Condenação e Reabilitação

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EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
“Condenação é o ato do juiz através do qual impõe uma sanção penal ao sujeito ativo de uma 
infração. Produz ela, como efeito principal, a imposição de penas para os imputáveis, ou, de 
medida de segurança para os semi-imputáveis e, como efeitos secundários, consequências de 
natureza penal ou extrapenal. Entre estas há efeitos civis, administrativos, políticos e 
trabalhistas”. 
Dos efeitos extrapenais 
Espécies: 
 Civis: obrigação de reparar o dano (art. 91, I); confisco (art. 91, II); e a incapacidade 
para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela (art. 92, II). 
Além desses efeitos, há os que estão presentes no próprio código civil, tais como: art. 557, CC 
– Em caso de condenação do beneficiário, o doador pode pleitear, no prazo de 1 ano, a 
revogação da liberalidade; art. 1.814, CC – O interessado pode, em ação ordinária, excluir 
herdeiro ou legatário nos casos de indignidade; arts. 1.962 e 1963, CC – Pode ocorrer a 
deserdação. 
 Administrativos: pode ocorrer a perda do cargo ou função pública (art. 92, I, primeira 
parte); e a inabilitação para dirigir veículo quando utilizado como meio para a prática 
de crime doloso (art. 92, III). 
 Políticos: a perda do mandado eletivo (art. 92, I, parte final). 
 Trabalhistas: são efeitos indiretos, como justa causa para rescisão de contrato de 
trabalho). 
Dos efeitos automáticos 
Serão automáticos, ou seja, não precisam ser declarados motivadamente na sentença, os 
efeitos da condenação previstos no art. 91: o dever de indenizar o dano causado, e o confisco 
(perda do produto ou instrumento do crime). 
Não são efeitos automáticos, devendo ser motivadamente declarados em sentença 
condenatória: a perda do cargo, função ou mandato; a incapacidade para o exercício do pátrio 
poder, tutela, curatela; e a inabilitação para dirigir veículo quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. 
Obs.: será automático o efeito da condenação por crime de tortura acarretando a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para o exercício de função ou cargo público 
pelo prazo de 8 anos após o cumprimento da pena; Nos crimes de organização criminosa: a 
perda do cargo, função, emprego público ou mandato eletivo é AUTOMÁTICA; Cuidando-se de 
crime relacionado com o tráfico de drogas, a lei 11.343/2006, prevê a possibilidade de 
decretar o juiz, o afastamento cautelar das atividades do funcionário público denunciado, mas 
a perda do cargo ou função na hipótese de condenação rege-se pelas regras do CP. 
1) Reparação ex delicto 
Efeito civil da condenação, previsto no art. 91, inciso I. 
Nos termos da lei civil, aquele que, por ação ou omissão voluntária (dolo), negligência ou 
imprudência (culpa), causar prejuízo a outrem comete ato ilícito, ficando obrigado a reparar o 
dano. 
Em consonância com o referido texto civilista, determina a lei penal que é efeito da 
condenação “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime” (art. 91, I, CP). 
Dispõe ainda a lei processual penal que, “transitada em julgado a sentença condenatória, 
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o 
ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros” – Art. 63, CPP. 
Obs.: A sentença penal condenatória funciona como sentença meramente declaratória no 
tocante a indenização civil, pois nela não há mandamento expresso de o réu reparar o dano 
resultante do crime. Confere-se, porém, a sentença penal condenatória irrecorrível a natureza 
de título executivo judicial, assim, o interessado não será obrigado, no juízo cível, a comprovar 
novamente a materialidade, a autoria e a ilicitude do fato, já assentes na esfera penal, para 
obter a reparação do dano causado pelo ilícito penal. 
 No juízo cível não poderá reabrir-se a questão sobre a responsabilidade civil pelo fato 
reconhecido como crime, em sentença penal condenatória transitada em julgado. 
Discutir-se-á apenas o montante da indenização. 
A lei n° 11.719/2008, que alterou dispositivos do CPP, inovou na matéria ao prever que o juiz, 
quando da prolação da sentença condenatória, deve fixar valor mínimo para reparação dos 
danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. 
Assim, “transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada 
pelo valor fixado nos termos do inciso IV do art. 387 deste código sem prejuízo da liquidação 
para a apuração do dano efetivamente sofrido” – art. 63, parágrafo único, CPP. 
 Em outras palavras, transitada em julgado a condenação, o ofendido, seu 
representante legal ou herdeiros podem promover, no juízo cível, a execução por 
quantia certa fixada na sentença, sem prejuízo de que, simultaneamente, se proceda a 
liquidação para apuração do valor total do dano a ser reparado. 
 Súmula 221, STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de danos, decorrente 
de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo 
de divulgação. 
1) Sentença que reconhece ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima 
defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito – Art. 65, 
CPP. 
Embora a responsabilidade civil seja independente da criminal, faz coisa julgada no cível a 
sentença penal condenatória que reconhece ter sido o ato praticado sob uma das 
excludentes de ilicitude. 
Obs.: o reconhecimento de causa exculpante, (também chamadas de dirimentes ou 
eximentes): inimputabilidade, erro de proibição, coação moral irresistível e obediência 
hierárquica, não faz coisa julgada no juízo cível. 
Dispõe o CC que não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício 
regular de um direito reconhecido, ou, bem como a deterioração, destruição da coisa alheia, 
ou lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente (art. 188, CC). 
Tais dispositivos significam que não mais se poderá discutir no juízo cível a existência no fato 
de uma causa de excludente de antijuridicidade, vedando-se inclusive, a possibilidade da 
propositura da ação quando se tratar de pedido de indenização do responsável pela 
agressão ou do causador do perigo. 
Ou seja, a pessoa que deu causa a legítima defesa ou ao estado de necessidade, não tem 
direito a ser indenizada, mesmo que tenha sofrido algum dano. 
Entretanto, o autor do fato deverá indenizar o prejudicado quando não for este o culpado 
pelo perigo, na hipótese de reconhecimento do estado de necessidade. Todavia, terá direito 
a ação regressiva contra o causador do perigo e contra aquele em favor do qual atuou. 
A mesma solução deve ser adotada na hipótese de legítima defesa com erro na execução ou 
com resultado diverso do pretendido, impondo-se ao autor do fato a obrigação de indenizar o 
prejudicado, mas com ação regressiva contra o agressor e, se agiu em defesa de terceiro, 
também contra este. 
No caso de estado de necessidade, se o perigo decorreu de caso fortuito ou se se ignora quem 
causou o perigo, o sujeito responde pela indenização e arca com o prejuízo. 
2) Sentença que concede o perdão judicial: Segundo o STF, a sentença em que se concede 
perdão judicial é condenatória, valendo, portanto, como título executivo. 
Entretanto, para o STJ, nos termos da súmula 18, é ela declaratória de extinção de 
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
3) Sentença que reconhece que o acusado necessita de tratamento curativo e substitui a 
pena por medida de segurança: A sentença que julga o agente inimputável, nos termos do art. 
26, caput do CP, aplicando-lhe medida de segurança, embora considerada na doutrina como 
condenatória imprópria, é, em termos legais, absolutória, não propiciando, assim, a sua 
execução na esfera civil. 
4) Sentença em que reconhece a prescrição da pretensão punitiva: Não é sentença 
condenatória a decisão em que reconhece a prescrição da pretensão punitiva, ainda que com 
base na pena em concreto, não servindo ela de título executivo civil.Todavia, não impedirá a 
propositura da ação civil, a decisão que julgar extinta a punibilidade. 
5) Sentença que homologa a composição civil e a transação penal: Não são condenatórias as 
sentenças de homologação da composição civil e da transação penal previstas na lei 9.099/95. 
6) Sentença absolutória: Faz coisa julgada no cível a sentença absolutória quando 
reconhecida categoricamente a inexistência material do fato. 
“Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta 
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato” – Art. 66, 
CPP. 
Nas absolvições proferidas em julgamento pelo Tribunal do Júri, aplica-se o art. 66 do CPP, 
permitindo-se a propositura da ação civil, sempre que das respostas aos quesitos não se puder 
inferir, obrigatoriamente, a conclusão de não ter existido o fato. 
7) Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I – O despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II – A decisão que 
julgar extinta a punibilidade; III – A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime (art. 67, incisos I, II, III, CPP); 
Bem como, o reconhecimento na sentença absolutória se nesta ficar declarado: 
a) Não haver prova da existência do fato; b) Não existir prova de ter o réu concorrido para a 
infração penal; c) Existir circunstancia que exclua o crime ou isente o réu da pena ou houver 
fundada dúvida sobre sua existência; e d) Não existir prova suficiente para a condenação. 
8) Responsabilidade civil, penal e administrativa decorrente do exercício de cargo, emprego 
ou função pública: 
Quando o funcionário público for condenado na esfera criminal, o juízo cível e a autoridade 
administrativa não poderão decidir de forma diferente no caso de haver decisão definitiva 
quanto ao fato e a autoria. 
A absolvição do servidor público na esfera penal por inexistência do fato ou negativa de 
autoria repercutirá na esfera administrativa. 
Entretanto, se o servidor é absolvido na esfera penal por insuficiência ou inexistência de 
provas, tal decisão não repercutirá na esfera administrativa. 
Não se admite ação regressiva para ressarcimento de dano ao erário, quando o servidor foi 
absolvido na esfera penal, por negativa de autoria. 
Transitada em julgado a sentença condenatória e morrendo o condenado, a execução civil será 
promovida contra seus herdeiros, nas forças da herança, em decorrência do princípio da 
responsabilidade civil. 
Aliás, a extinção da punibilidade por qualquer causa, após o trânsito em julgado da sentença 
condenatória, não exclui seu efeito secundário de obrigar o sujeito a reparação do dano. 
Absolvido o condenado em revisão criminal, perde a sentença seu caráter de título executório 
ainda que já instaurada a execução civil. Isso porque o título foi desconstituído por decisão 
judicial do mesmo modo como foi criado. Deverá o ofendido, nessa hipótese, promover a 
competente ação de conhecimento. 
No caso de inexistir sentença condenatória irrecorrível, a ação ordinária civil para reparação 
do dano poderá ser proposta contra o autor do crime, seu responsável civil ou seu herdeiro. 
Nos termos do art. 64 do CPP “Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para 
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for 
caso, contra o responsável civil”. 
Par. Único, art. 64, CPP: “Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso 
desta, até o julgamento definitivo daquela”. 
Visa o dispositivo do CPP evitar decisões contraditórias. 
Sendo pobre o titular a reparação do dano, a execução da sentença condenatória ou a ação 
civil será promovida, a seu requerimento, pelo MP (art. 68, CPP). 
Tendo sido aplicada a pena de prestação pecuniária prevista nos arts. 43, I, e 45, par. 1° do CP, 
que consiste no pagamento em dinheiro a vítima, a seus dependentes ou a entidade pública 
ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, o valor pago será deduzido 
do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os 
beneficiários. 
2) Confisco 
O segundo efeito automático civil da condenação é o confisco, ou seja, “a perda em favor da 
União, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé: 
a) Dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, 
porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) Do produto do crime ou de qualquer outro bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a prática do fato criminoso” – Art. 91, II, CP. 
Esse tipo especial de confisco não se constitui em pena. 
A CF prevê a possibilidade da cominação da pena de perda de bens, a ser estendida inclusive 
aos sucessores, mas havia necessidade que fosse ela prevista expressamente na lei penal. 
Nesses termos, ela foi inserida entre as penas restritivas de direitos, substitutas da pena 
privativa de liberdade. 
A lei penal não prevê mais, como medida de segurança, o confisco dos instrumentos e 
produtos do crime quando não apurada a autoria – casos de arquivamento de inquérito, 
impronúncia, absolvição por negativa de autoria. Permite-se, porém, no caso, a apreensão e, 
não reclamados legitimamente pelo interessado, são eles vendidos em leilão. 
Apreensão versus Confisco. 
O confisco, como efeito da condenação, é o meio através do qual o Estado visa impedir que 
instrumentos próprios para delinquir caiam em mãos de certas pessoas, ou que o produto do 
crime enriqueça o patrimônio do delinquente. 
a) Quanto aos instrumentos do crime 
Somente podem ser confiscados os instrumentos do crime que consistam em objetos cujo 
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, por destinação específica como 
punhais, petrechos para falsificação de documentos e moeda, substancias que causam 
dependência física ou psíquica, ou cujo porte é proibido (armas de guerra, de uso exclusivo das 
forças armadas). 
Não são confiscados, embora possam ser apreendidos, os instrumentos que 
EVENTUALMENTE foram utilizados para a prática do ilícito, a exemplo de automóveis, armas 
permitidas, telefones, etc. 
A lei de crimes contra o meio ambiente equipara a instrumento do crime o patrimônio da 
pessoa jurídica constituída ou utilizada preponderantemente para a prática ou facilitação de 
crimes contra o meio ambiente e prevê o seu confisco. 
A perda dos instrumentos do crime e do produto do crime é automática, decorrendo do 
trânsito em julgado a sentença como efeito da condenação; não sendo necessário que conste 
expressamente da decisão. 
O confisco somente ocorre quando a infração penal constitui crime; entretanto, formou-se 
entendimento que se autoriza também a perda do bem quando da prática de contravenção 
penal. Não é admissível, no entanto, o confisco na hipótese de transação penal, por não ter a 
sentença natureza condenatória, mas meramente homologatória. 
Ex.: beneficiário de transação penal, ao ser lavrado termo circunstanciado para apurar a 
prática do delito, também foi apreendida uma motocicleta de propriedade do acusado sob o 
argumento de que ele teria sido utilizado para o cometimento da referida contravenção penal. 
As medidas acessórias previstas no art. 91 do Código Penal, entre as quais a perda de bens em 
favor da União, exigem a formação de juízo prévio a respeito da culpa do acusado, portanto, só 
podem ocorrer automaticamente como efeito acessório direto de condenação penal, nunca 
em sentença de transação penal, de conteúdo homologatório, na qual não há formação de 
culpa. 
Os instrumentos e o produto do crime passam a integrar o patrimônio da União, procedendo-
se, conforme a hipótese, a leilão público. Por vezes a lei determina sua destruição ou que 
sejam recolhidos a museu criminal, se houver interesse em sua conservação. 
Pode-se também efetuar o sequestro de bens imóveis adquiridos pelo indiciado com os 
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidosa terceiro (art. 125 e ss. CPP). 
O CONFISCO SÓ OCORRE COM O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENCA CONDENATÓRIA, 
SENDO INADMISSÍVEL DURANTE O ANDAMENTO DO PROCESSO. 
b) Quanto ao produto do crime – 
Justifica-se também, a perda em favor da união de todo bem ou valor que, direta ou 
indiretamente, o agente tenha auferido da execução do crime (art. 91, II, CP). 
Podem ser confiscadas, por exemplo, não só a coisa subtraída no furto, como também a 
importância havida pelo autor do ilícito ao vende-la. Após o trânsito em julgado os bens 
deverão ser avaliados e leiloados, o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. 
É possível também que a perda de bens e valores pertencentes ao condenado constitua pena 
restritiva de direitos aplicada em substituição a pena privativa de liberdade, e que deve ser 
destinada ao Fundo Penitenciário Nacional, tendo como teto o montante do prejuízo causado 
ou do proveito obtido pelo agente ou por terceiro em consequência da prática do crime, o que 
for maior. Assim, nesta hipótese só se efetivará o confisco do art. 91, II, na hipótese de 
permanecer ignorado o dono ou não reclamados os bens ou valores e não for aplicada a 
referida sanção penal. 
c) Confisco por equivalência - 
Par. 1°, art. 91: “Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou 
proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior”. 
Par. 2°, art. 91: “Na hipótese do paragrafo 1°, as medidas assecuratórias previstas na 
legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou 
acusado para posterior decretação de perda”. 
O confisco por equivalência se impõe nas situações em que o produto ou o proveito direto do 
crime julgado não é encontrado ou se localiza no exterior, quando então se autoriza a medida 
sobre bens equivalentes que possam constituir o patrimônio lícito do condenado, sobre os 
quais também podem recair as medidas assecuratórias previstas no CPP para posterior 
decretação de perda. 
Por conseguinte, o confisco não se confunde com apreensão. Apreensão é o pressuposto do 
confisco. 
A apreensão dos instrumentos e de todos os objetos que tiverem relação com o crime deve ser 
determinada pela autoridade policial (art. 6°, CPP), e não podem ser restituídos antes de 
transitar em julgado a sentença final quando interessarem ao processo (art. 118, CPP). 
Pode o interessado, porém, requerer a restituição das coisas apreendidas quando não mais 
interessarem ao processo OU após o trânsito em julgado, desde que não exista dúvida quanto 
ao direito do reclamado. 
 Exemplo, veículo apreendido com o acusado do crime de tráfico de drogas. O 
interessado poderá requerer a restituição se a coisa não mais interessar ao processo, 
ou então, após o trânsito em julgado, desde que não exista dúvidas quanto ao direito 
do reclamado. 
Não sendo confiscáveis, por não serem coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção 
constituam fato ilícito, devem ser entregues ao legítimo proprietário. 
A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante 
termo nos autos. 
Havendo dúvida quanto ao legitimo proprietário, o juiz remeterá as partes ao juízo cível. 
As coisas não reclamadas no prazo de 90 dias a contar da data em que transitar em julgado a 
sentença final, condenatória ou absolutória, são vendidas em leilão, depositando-se o saldo a 
disposição do juiz de ausentes. 
Na legislação especial, regulamentando o art. 243, da CF, a lei 8.257/91, dispõe sobre a 
expropriação das glebas em que se localizem culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Este 
confisco, porém, independe de ação penal, mas dependerá de ação expropriatória regulada 
no referido diploma legal. 
Não depende, porém, da ação expropriatória a destruição das plantações ilícitas, que deve 
ser imediatamente determinada pela autoridade policial, preservando-se amostra suficiente 
para a prova pericial. 
Tratando-se, ainda, de crime relacionado com tráfico de drogas, a mesma lei de drogas contém 
disposições especiais sobre a apreensão, restituição, alienação, perdimento e destinação dos 
instrumentos, incluindo-se veículos, embarcações, aeronaves e maquinários, e produtos do 
crime ou proveito auferido com sua prática. Preveem-se, entre outras normas, que nenhum 
pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado e que os 
bens e valores apreendidos cuja perda for declarada em favor da União serão revertidos ao 
Fundo Nacional Antidrogas. 
É efeito da condenação penal a perda, em favor da união ou do estado, de acordo com a 
competência para o processo, dos bens, direitos e valores relacionados, direta ou 
indiretamente com a prática de crime de lavagem, ressalvado o direito do lesado ou de 
terceiro de boa-fé. 
d) Confisco alargado ou ampliado 
A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) introduziu no CP o art. 91-A, que disciplina o chamado 
confisco alargado, uma espécie de efeito secundário da sentença penal condenatória que 
consiste na perda de bens equiparados ao produto ou proveito do crime. 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações as quais a lei comine pena máxima 
superior a 6 anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do 
crime, dos bens correspondentes a diferença entre o valor do patrimônio do condenado e 
aquele que seja compatível com seu rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do 
condenado todos os bens: 
I – De sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o beneficio direto ou 
indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e 
II – Transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do 
início da atividade criminal; 
§ 2° O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência 
lícita do patrimônio. 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, 
por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar 
os bens cuja perda for decretada. 
§ 5° Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias 
deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da justiça onde 
tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a 
ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos 
crimes. 
Se caracteriza por uma extensão do perdimento a bens que, embora não estejam ligados 
diretamente ao crime que está sendo julgado, de alguma forma provem de atividades ilegais, 
tanto que seu conjunto é incompatível com o rendimento lícito do condenado. 
O confisco alargado tem por premissas: i) a condenação por infração a que a lei comine pena 
máxima superior a 6 anos de reclusão; ii) a propriedade de patrimônio incompatível com a 
renda declarada; e iii) presunção de que tais bens foram adquiridos como resultado da 
atividade criminosa em relação a qual foi condenado. 
 Inconstitucionalidade? A Constituição federal garante que os acusados sejam 
presumidamente inocentes - e devem ser tratados como tal - até que haja condenação 
definitiva. Consequentemente, também serão presumidamente lícitos os bens dos 
acusados enquanto não se demonstrar o contrário, e a prova da origem ilícita dos bens 
cabe à acusação - em geral, ao Ministério Público. Por sua vez, o confisco alargado 
inverte essa lógica e põe sobre o acusado a obrigação de comprovar que seus bens 
decorrem de proventos lícitos, sob pena de confisco. 
3) Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela 
É ainda efeito civil da condenação segundo o art. 92, II: “A incapacidade para o exercício do 
pátrio poder, tutela ou curatela nos crimes dolosos sujeitos a pena de reclusão cometidos 
contraoutrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro 
descendente ou contra tutelado e curatelado”, a ser declarada na sentença condenatória. 
Tal incapacidade, com algumas características próprias, era considerada na lei anterior como 
pena acessória de interdição de direitos. 
Para a aplicação do dispositivo é indispensável que se trate de condenação por crime doloso, 
embora de qualquer espécie ou natureza, cometido contra filho, tutelado ou curatelado e 
desde que, em tese, seja aplicável pena de reclusão. Ainda que aplicada pelo juiz, no caso 
concreto, pena diversa (detenção, multa, restritiva de direito) ou suspensa a execução da pena 
privativa de liberdade, é possível ao juiz declarar tal efeito da condenação. 
 Prevê o ECA que a destituição do poder familiar, do pai ou da mãe, em decorrência de 
condenação criminal, somente é admissível na hipótese de crime doloso, sujeito a 
pena de reclusão, cometido contra o próprio filho ou filha (art. par. 2°, Lei 
12.962/2004). 
A incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela não decorre 
automaticamente da condenação, pois deve ser declarada motivadamente na sentença. 
Exige-se assim, o exame dos requisitos objetivos e subjetivos do fato, e a declaração deve ser 
reservada aos casos de maior gravidade. 
Declarada a incapacidade, tem ela, em princípio, caráter permanente. Poderá, porém, ser 
excluída pela reabilitação. Esta, porém, não acarreta como consequência a reintegração do 
reabilitado na situação anterior. Ainda que concedida a reabilitação, não volta o sujeito ao 
exercício do pátrio poder, da tutela ou curatela em relação ao filho, tutelado ou curatelado, 
contra o qual tenha sido cometido. 
Em relação a vítima, assim, a incapacidade é sempre permanente, o que não ocorre com 
relação aos demais filhos se deferida a reabilitação. 
 A lei civil, porém, prevê a suspensão do exercício do poder familiar, pelo pai ou pela 
mãe condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de liberdade superior a 2 
anos – art. 1637, CC. 
4) Efeitos administrativos e políticos 
A redação do art. 92, I, CP prevê como primeiro dos efeitos administrativos da condenação 
duas hipóteses de perda do cargo, função pública ou mandato eletivo. 
A primeira delas, prevista pela alínea “a”, ocorre “quando aplicada pena privativa de liberdade 
por tempo igual ou superior a 1 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de 
dever para com a administração”. 
 Diminui-se o limite mínimo da pena privativa de liberdade aplicada, a qual era de mais 
de 4 anos, para igual ou superior a 1 ano. Exige-se, porém, ainda como na lei anterior, 
que o crime tenha sido praticado com abuso de poder ou violação de dever para com a 
administração. 
Para a aplicação do dispositivo deve considerar-se não só o conceito de funcionário público do 
art. 327, CP, o qual prevê: “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. Par. 
1°: “Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da administração pública”. 
Deve também examinar-se se o fato ocorreu no exercício das funções do agente. 
Incide, portanto, nos crimes funcionais próprios e impróprios, previstos nos arts. 312-326 do 
CP, como nos demais delitos em que ocorreu o abuso de poder ou violação do dever, mas não 
se o sujeito agiu na qualidade de particular, fora de suas funções. 
Não basta, porém, essa característica do crime. Não sendo a perda do cargo ou função pública 
automática, e determinando a lei que o juiz deve motivadamente declara-la na sentença, 
exige-se a apreciação da natureza e da extensão do dano e das condições pessoais do sujeito. 
Nada impede, porém, que, não entendendo o juiz cabível tal efeito da condenação, a 
Administração providencie o competente processo extrajudicial para a aplicação da medida 
administrativa prevista para a hipótese. 
Havendo abuso de poder ou violação do dever, é cabível o efeito previsto no art. 92, inciso I, 
“A”, a lei determina a perda de função pública, e não apenas da função pública, com o que não 
se limita a função momentaneamente exercida pelo agente, mas a função pública no gênero. 
A segunda hipótese de perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorre no caso de 
condenação transitada em julgado, “quando for aplicada pena privativa de liberdade por 
tempo superior a 4 anos nos demais casos” – art. 92, I, “b”, do CP. 
Pela lei vigente é possível a aplicação deste efeito da condenação quando ao agente é aplicada 
pena superior a 4 anos (reclusão ou detenção), por outro crime qualquer. Exige-se, como na 
hipótese anterior, a manifestação expressa do juiz por sua aplicação, que não é automática. 
 Essas duas regras, como são mais severas que a lei anterior, só podem ser aplicadas 
nos casos de crimes praticados a partir de 1996, data de início de vigência da referida 
lei. 
A perda do cargo não se confunde com a pena de proibição do exercício do cargo, função ou 
atividade pública, prevista no art. 47, inciso I (espécie de pena restritiva de direito) que é 
temporária e aplicável na hipótese de condenação a pena privativa de liberdade inferior a 4 
anos. 
Quem perde o cargo ou a função não mais a tem e, assim, o dispositivo trata de um efeito 
permanente. Tal efeito da condenação não inabilita o agente, em princípio, para posterior 
investidura em outro cargo ou função, mas mesmo a reabilitação não possibilita a reintegração 
na situação anterior, ou seja, fica vedada a volta do reabilitado ao exercício do cargo ou função 
pública no exercício do qual o crime tenha ocorrido. 
 Crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, religião ou 
procedência nacional: a perda do cargo/função pública NÃO É AUTOMÁTICA; 
 Crimes de lavagem de dinheiro: a interdição do cargo/função pública como efeito da 
condenação NÃO É AUTOMÁTICA; 
 Crimes da lei de falência: a inabilitação ou impedimento de cargo ou função e 
impossibilidade de gerir empresa por até 5 anos NÃO É AUTOMÁTICA; 
 Crimes decorrentes de fraude em licitação: a perda do cargo, função ou mandato NÃO 
É AUTOMÁTICA; 
 Crimes decorrentes de abuso de autoridade: a perda do cargo público ou inabilitação 
para a função pública NÃO É AUTOMÁTICA; 
 Crimes de tortura: a condenação acarreta a perda do cargo, função ou emprego 
público e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos 
após o cumprimento da pena de forma AUTOMÁTICA; 
 Crimes de organização criminosa: a perda do cargo, função, emprego público ou 
mandato eletivo é AUTOMÁTICA. 
 Cuidando-se de crime relacionado com o tráfico de drogas, a lei 11.343/2006, prevê a 
possibilidade de decretar o juiz, o afastamento cautelar de suas atividades do 
funcionário público denunciado, mas a perda do cargo ou função na hipótese de 
condenação rege-se pelas regras do CP. 
É efeito administrativo, embora também de natureza civil, a “inabilitação para dirigir veículo, 
quando utilizado como meio para a prática de crime doloso” (art. 92, III). 
Refere-se a lei a qualquer crime em que o veículo (automóvel, motocicleta, embarcação, 
aeronave) é utilizado como meio do cometimento do ilícito. A declaração da inabilitação, 
porém, também deve ser motivada pelo juiz da sentença (art. 92, par. Único). 
A inabilitação de que se trata é permanente em princípio, mas é passível de ser atingida pela 
reabilitação, podendo o sujeito habilitar-se novamente para a atividade da qual foi privado 
pela condenação. 
 A inabilitação não se confunde com a suspensão da autorização ou de habilitação para 
dirigir veículo, prevista no CP como pena substitutiva aplicável apenas aos autores de 
crimes culposos de trânsito, com a duração da pena substituída. 
 Tratando-se, porém, de infração praticadacom veículo automotor, o novo CTB prevê a 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação como pena a ser 
aplicada, isolada ou cumulativamente com outras penas, pelo prazo de 2 meses a 5 
anos. 
 Cuidando-se de crime falimentar, constituem efeitos da condenação a “inabilitação 
para o exercício da atividade empresarial”; o “impedimento para o exercício de cargo 
ou função em conselho de administração, diretoria ou gerencia das sociedades sujeitas 
a lei” e a “impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio”. 
Esses efeitos devem ser declarados na sentença e perduram por até 5 anos após a 
extinção da punibilidade, cessando, porém, antes, no caso de concessão de 
reabilitação. 
 Como efeito político da condenação pode ocorrer a perda de mandato eletivo nas mesmas 
hipóteses de perda do cargo ou função pública. 
A perda do mandato eletivo também deve ser justificada pelo juiz na sentença condenatória, 
exigindo-se os mesmos requisitos necessários a aplicação do efeito da perda do cargo ou 
função pública. 
 Qualquer pessoa poderá ter seus direitos políticos suspensos por “condenação 
criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos” (art. 15, III, CF); 
Quanto a esse efeito da condenação, dispõe a súmula 9 do TSE: “A suspensão de 
direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com 
o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de 
reparação dos danos”. 
A perda do mandato eletivo é prevista, também, como efeito da condenação por crime ligado 
a organização criminosa. 
 A perda do mandato eletivo é automática para: VEREADORES, PREFEITOS, 
GOVERNADORES E PRESIDENTE DA REPÚBLICA. 
 A perda do mandato eletivo não é automática exclusivamente para DEPUTADOS E 
SENADORES. 
 A suspensão dos direitos políticos decorrentes da condenação transitada em julgado 
traz como consequência a perda do mandato eletivo, à exceção apenas de deputados 
e senadores, conforme o artigo 55, parágrafo 2º, da Constituição Federal, que remete 
à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal a decisão. 
A condenação criminal também é considerada causa de inelegibilidade, nos termos da LC n° 
64/1990 – Lei da ficha limpa: os condenados por decisão transitada em julgado ou proferida 
por órgão judicial colegiado, pelos crimes nela especificados, são inelegíveis a partir da 
condenação até o decurso de 8 anos após o cumprimento da pena. 
5) Efeitos trabalhistas 
O ilícito penal e o ilícito trabalhista são autônomos, com tratamento jurídico próprio, embora, 
por vezes, um mesmo fato constitua crime e infração as relações de emprego. 
Embora não haja disposição expressa na CLT com relação a execução civil ex delicto, a 
sentença penal condenatória ou absolutória faz coisa julgada na reclamação trabalhista ou em 
outras ações de direito trabalhista. 
Faz coisa julgada na justiça do trabalho a condenação criminal do empregado, passada em 
julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena, como justa causa para a 
rescisão do contrato pelo empregador (art. 482, d, CLT). Abrange o dispositivo qualquer crime, 
praticado em qualquer local, contra qualquer vítima. 
Fazem coisa julgada também a sentença condenatória penal por crime contra a organização 
do trabalho e por outros ilícitos, mesmo quando houver suspensão da pena ou aplicação de 
pena restritiva de direitos em substituição, se o fato configurar justa causa para a rescisão: ato 
de improbidade, como a prática de crimes infamantes (furto, roubo, estelionato); 
incontinência de conduta, nos crimes sexuais praticados no emprego (assédio sexual, 
corrupção de menores); violação de segredo de empresa, nos crimes contra a propriedade 
industrial; ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensa praticados em serviço ou contra 
empregador ou superior hierárquico, ainda que não em serviço. 
É causa de rescisão por justa causa pelo empregado a condenação penal do empregador por 
crime de perigo, por ato lesivo da honra ou boa fama, por ofensas físicas, etc. 
 
REABILITAÇÃO 
 
A reabilitação é um instituto que faz com que fiquem suspensos condicionalmente alguns 
efeitos penais da condenação. Consiste na declaração judicial de que estão cumpridas ou 
extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o 
processo e atinge outros efeitos da condenação. 
É direito do condenado, decorrente da presunção de aptidão social, erigida em seu favor. 
Facilita-se sua readaptação, concedendo-se certidões dos livros do juízo ou folha de 
antecedentes sem menção da condenação e permitindo-se o desempenho de certas atividades 
administrativas, políticas e civis das quais foi privado em decorrência da condenação. 
Obs.: o pedido de reabilitação só cabe em hipótese de ter havido sentença condenatória com 
trânsito em julgado. 
É inadmissível, pois, no caso de ter sido decretada a extinção da punibilidade pela prescrição 
da pretensão punitiva, ainda que intercorrente ou retroativa. 
Art. 93, CP: “A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, 
assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação”. 
Par. Único: A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 
92 deste código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do 
mesmo artigo”. 
Obs.: como a reabilitação somente pode ser requerida após 2 anos do cumprimento ou 
extinção da pena, torna-se evidente que não pode ser extinta a pena em si. Na verdade, a 
reabilitação é destinada a suspender, em caráter condicional, os efeitos mencionados. 
Assegura-se apenas o sigilo dos registros sobre o processo e condenação e sustam-se os 
efeitos referidos no art. 92. 
O sigilo dos registros é automático a partir do cumprimento ou extinção da pena, ao menos 
em parte. Determina o art. 202 da LEP: “Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha 
corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da justiça, 
qualquer noticia ou referencia a condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova 
infração penal ou outros casos expressos em lei”. 
O sigilo decorrente da reabilitação, embora mais amplo, não é absoluto, pois, conforme 
determina o art. 748, CPP, a condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas 
na folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo, salvo 
quando requisitadas por juiz criminal. 
O sigilo a que se referem as disposições legais deve ser preservado mediante a omissão da 
anotação quando da expedição de atestado ou folha de antecedentes ou certidão judicial, 
desde que não requisitada a informação pelo juiz criminal. 
O outro efeito da reabilitação é o de excluir os efeitos da condenação previstos no art. 92, 
vedada a reintegração na situação anterior quanto aos incisos I e II. 
Pode o agente, após a reabilitação, passar a exercer cargo, função ou mandato eletivo, mas 
está vedada sua reintegração na situação anterior. 
Na esfera penal, não se impede que o reabilitado se habilite a novo cargo ou função pública ou 
se candidate ao exercício do mandato eletivo, de qualquer natureza. Também recupera o 
reabilitado o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, com exceção dos relativos ao filho, 
tutelado ou curatelado contra quem praticou o crime. 
Nos crimes previstos na lei de falência, a reabilitação antecipa a cessação de efeitos específicos 
da condenação, entre os quais a inabilitação para o exercício de atividade empresarial, que, 
em princípio, duraria por 5 anos após a extinção da punibilidade. 
A reabilitação não extingue a condenação anterior para o efeito da reincidência, que tem 
disciplina própria e exige, para a extinção da condenação anterior como pressuposto da 
recidiva, o prazo de 5 anos a contar do cumprimento ou extinção da pena. 
Além disso, a própria lei determina a revogação da reabilitação quando ocorrer a reincidência.PRESSUPOSTOS 
Art. 94: A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 anos do dia em que for extinta, de 
qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da 
suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: 
I – Tenha tido domícilio no País no prazo acima referido; 
II – Tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom 
comportamento público e privado; 
III – Tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de 
o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou 
novação da dívida. 
Par. Único: Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o 
pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. 
(O CPP dispõe em seu art. 749 que “Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar 
o pedido senão após o decurso de 2 anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de falta ou 
insuficiência de documentos”). 
 Não é indispensável, assim, o cumprimento efetivo das penas impostas, bastando que 
estejam elas extintas por qualquer forma: decurso do prazo do SURSIS ou do 
livramento condicional, prescrição da pretensão executória, indulto, etc. 
 Não se defere reabilitação sem a prova de que a pena tenha sido cumprida ou extinta. 
 Conta-se o prazo da data da extinção e não do dia em que foi ela declarada nos autos. 
Tratando-se de pena de multa, conta-se o prazo a partir de seu pagamento ou da 
prescrição da pretensão executória da pena pecuniária. 
 Na hipótese de não haver renúncia da vítima ou novação da dívida, é condição para 
reabilitação a prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrar a 
impossibilidade de fazê-lo. 
Importante: a lei penal não faz distinção entre o condenado reincidente e não reincidente no 
que se refere ao prazo indispensável para a concessão do benefício; em ambos os casos, é ele 
de 2 anos. 
Contagem do período de prova do SURSIS e do livramento condicional: não sobrevindo 
revogação, o transcurso dos prazos de período de prova sem condenação por outro ilícito 
penal ou pela prática de atos antissociais é indicio de recuperação do sentenciado. 
Pluralidade de condenações: nada impede limitar-se o interessado na reabilitação criminal 
apenas ao processo que entenda preencher os requisitos exigidos por lei, deixando para 
ulterior oportunidade os demais feitos a que tenha respondido e nos quais fora condenado. 
 Apenas ao condenado é legitimo formular o pedido de reabilitação. No caso de sua 
morte extingue-se o processo, não cabendo a outras pessoas intervir (não se transmite 
aos sucessores a possibilidade de impulsiona-lo). 
Conforme o art. 743 do CPP, é competente para apreciar o pedido de reabilitação o juiz da 
condenação e não o da execução. 
Art. 743 “A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de 4 ou 8 anos, 
pelo menos, conforme se trate de condenado ou reincidente, contados do dia em que houver 
terminado a execução da pena principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o 
requerente indicar as comarcas em que haja residido durante aquele tempo”. 
Art. 744. “O requerimento será instruído com: a) certidões comprobatórias de não ter 
respondido, nem estar respondendo, a processo penal, em qualquer das comarcas em que 
houver residido durante o prazo necessário para a reabilitação; b) atestados de autoridades 
policiais ou outros documentos que comprovem ter residido nas comarcas indicadas e 
mantido, efetivamente, bom comportamento pelo prazo necessário para a reabilitação; c) 
atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas em cujo serviço tenha estado; d) 
quaisquer outros documentos que sirvam como prova de sua regeneração; e) prova de haver 
ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a impossibilidade de fazê-lo”. 
Art. 746, CPP – “Da decisão que conceder a reabilitação caberá recurso de ofício”. 
Art. 749, CPP – “Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o pedido senão 
após o decurso de 02 anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de falta ou insuficiência de 
documentos”. 
REVOGAÇÃO 
Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do MP, se o reabilitado for 
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. 
 Dois são os requisitos indispensáveis a revogação da reabilitação. O primeiro deles é a 
condenação do reabilitado como reincidente, por sentença com trânsito em julgado. 
Decorrido o prazo de 5 anos contados a partir do cumprimento ou da extinção da pena 
do crime anterior, a nova condenação não acarreta a revogação, pelo fato de não 
caracterizar a reincidência. 
O segundo pressuposto é o de que tenha sido o reabilitado condenado a pena que não 
seja de multa. A condenação a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, 
causa a revogação. 
Revogada a reabilitação, os efeitos suspensos voltam a ter eficácia. Desaparece o sigilo dos 
registros e retorna o condenado a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou 
curatela e a inabilitação para dirigir veículo. 
Não perderá o condenado, porém, novo cargo, função pública ou mandato eletivo, diante da 
revogação, já que o efeito previsto no art. 92, I, exauriu-se com a exoneração ou demissão 
dessas atividades exercidas quando da prática do crime que deu origem a condenação. 
QUESTAO - Acerca da concessão da reabilitação, considere: 
I. Ter domicílio no país pelo prazo de quatro anos. (ERRADA – o domicílio no país é pelo prazo 
de 2 anos); 
 II. No cômputo do prazo de sursis não ter havido revogação. (CORRETA). 
 III. Ter demonstrado efetiva e constantemente bom comportamento público e privado. 
(CORRETA). 
 IV. Condenação a pena superior a dois anos, no caso de pena privativa de liberdade. (ERRADA 
– a reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva) 
V. Ter ressarcido o dano causado ou demonstrado a impossibilidade absoluta de fazê-lo. 
(CORRETA). 
Está correto o que se afirmar APENAS em: 
R= II, III e V.

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