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Hycner em seu texto explica algumas definições e aspectos da psicoterapia dialógica, ele começa explicando o conceito de dialógico, e diz que “se refere ao fato que nos tornamos e somos, seres humanos porque estamos em relação com outros seres humanos”, o trás em mente seu conceito sobre o “entre”, das relações em que a esse processo. Para ele o diálogo consiste em meios verbais e não-verbais, onde os não-verbais são os contatos que temos, em busca do genuíno, com os outros, através de gestos e comportamentos, a intenção do encontro e de sua recíproca; sendo os verbais a interação através da fala onde se deve buscar também a genuidade. O diálogo genuíno por esse lado é visto como uma conexão, onde buscamos experienciar a experiência do outro, de forma genuína, além do limite do eu, se tornando eu-tu. O diálogo técnico, em contrapartida, consiste de algo menos genuíno, onde a relação eu-isso se faz mais presente, pois o foco não está em experienciar a experiência do outro, mas sim visando o entendimento de um objetivo do outro ser humano, não enxergando sua totalidade. Dessa forma, o diálogo monólogo se baseia em uma relação onde uma pessoa, por mais que esteja em contato com outros, fala apenas para si mesma, mas cria a ilusão de que está falando com os outros e interesse neles, assim, “tanto na comunicação técnica quanto no monólogo, não há interesse real ou preocupação com a outra pessoa”. E por fim, ele explica sobre o “diálogo” do self, onde existe uma ambivalência, dualidade de pensamentos ou sentimentos, presentes no mesmo indivíduo, que estão em conflito e se tenta escutar os dois, onde ele diz se tratar de uma dialética intrapsíquica, e é uma interação entre duas polaridades e é sempre uma atitude do aspecto eu-isso. Se referindo mais sobre a psicoterapia, Hycner diz que o terapeuta, no contato dialógico, vai ao encontro do cliente no seu nível de desenvolvimento psicológico, a fim de ajudá-lo a ter uma postura relacional, que se caracteriza por três dimensões, que contribuem para a compreensão do ser humano, são elas: a intrapsíquica, interpessoal e a transpessoal. Segundo Hans Trüb, assim como Hycner, influenciado por Trüb, diz que em que num primeiro momento é necessário fundamentar a relação psicoterapêutica em uma abordagem dialógica, para depois, explorar os conflitos intrapsíquicos que o impedem de se relacionar de maneira genuína com o outro, para Trüb a dois aspectos importantes na terapia, um que necessita mais ênfase “interpessoal-dialógica”, sendo o outro focalizado na vida “intrapsíquica-dialética”, sendo que nenhum destes pode ser negligenciado por muito tempo durante a terapia. Para Trüb, a duas fases que precisam ser construídas durante a terapia, na primeira, o terapeuta precisa construir o que chamamos de rapport, uma relação de confiança com o cliente, pois de início, será desconfiado, e primeiramente deve-se buscar “confirmar” esse cliente, estabelecendo o eu-tu. Para Trüb, o cliente se mantém inicialmente desconfiado, pois seus conflitos intrapsíquicos tendem a ter “coisas perdidas e esquecidas” que se originaram de um encontro rejeitado por quem cuidava dessa pessoa, e assim por ser rejeitado, ter uma falta de confirmação, a pessoa se torna, inconscientemente, retraída, e isso provoca o que Trüb chama de “fuga do encontro”, uma introversão elementar onde o “self volta-se para si mesmo e se isola” de outras relações, e por não confiar em ninguém e fazer tudo só, se torna cerne da neurose. Mas mesmo com essa introversão elementar, nunca a o total isolamento do mundo dos outros, pois mesmo com o retraimento, a falta de confiança nos outros, existe “uma vaga inquietação da alma que anseia pelo encontro genuíno com os outros”, mesmo que a capacidade de relacionar esteja estática, a um desejo de comunhão com o self do outro. Com isso a própria introversão elementar não consegue mais manter a inquietação, por diálogo com outro, sufocada e “neste ponto o cliente está pronto para o encontro com o outro”. Após essa relação de confiança e da exploração de conflitos intrapsíquicos que interferiam na psicoterapia ser estabelecida, começa a próxima fase, que consiste na realidade existencial do mundo. A “segunda” fase da terapia enfatiza as relações na dimensão interpessoal-dialógica, para que o cliente se envolva e se liberte de seu auto-aprisionamento. Assim, o terapeuta representa o mundo real, fora da terapia, também, para o cliente, sendo que o terapeuta é o caminho que leva o cliente a desenvolver relações, tanto na terapia quanto fora dela, caminhando em direção a cura, dessa forma a cura se caracteriza pela ligação genuína do cliente dentro de uma relação. A relação transpessoal são aspectos espirituais da nossa existência, e serão discutidos posteriormente, no capítulo 6 do livro de Hycner. Referência: HYCNER, R. (1995). Em Direção a uma Psicoterapia Dialógica. De pessoa a pessoa: psicoterapia dialógica (pp. 55-65) São Paulo: Summus.
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