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17 1 INTRODUÇÃO No campo da pesquisa, a epidemiologia do câncer, tem alcançado sucesso e prestígio ao demonstrar o papel de vários fatores de risco e de proteção na cadeia causal de diversos tipos de neoplasias malignas. Recentemente tem sido possível compreender com maior precisão a interação entre os fatores genéticos e agentes externos, a fim de fornecer evidências científicas na formulação de estratégias para a prevenção e controle do câncer. A sobrevida de pacientes a partir de dados provenientes de registros de câncer, de base populacional ou hospitalar, ganha um papel de destaque ao direcionar a formulação de Políticas Públicas de Saúde. Silva,Teixeira e Guerra (2013, p. 503) ressaltam que: Para medir o peso da morbidade do câncer em uma população é essencial que se tenha acesso a dados de incidência e de mortalidade. Apenas dados referentes às causas de morte não são suficientes para traçar o perfil epidemiológico das populações, pois as informações sobre o óbito não permitem o entendimento real da magnitude do problema, já que existem diferenças entre vários tipos de câncer em função da letalidade e da sobrevida. No caso de tumores muito letais, a mortalidade acaba sendo uma boa aproximação do que seria a incidência. No entanto, para tumores de melhor prognóstico, como por exemplo, os de mama feminina e próstata, a mortalidade sozinha não expressa a carga da doença. Por conseguinte, a incidência é a medida mais direta das exposições carcinogênicas da população; a mortalidade representa tanto a incidência como o prognóstico, que, por sua vez, depende da efetividade do tratamento, e as probabilidades da sobrevida refletem e avaliam os avanços tecnológicos quanto aos métodos diagnósticos e terapêuticos, e quando desenvolvidas com base hospitalar contribuem para a descrição do comportamento da doença e dos fatores prognósticos a ela relacionados. Ainda, podendo estimar a eficiência global do sistema de saúde, que depende não só da qualidade do cuidado prestado, mas também da acessibilidade ao sistema de saúde, e consequentemente, da probabilidade de diagnóstico e tratamento precoces (SILVA; TEIXEIRA; GUERRA, 2013). De acordo com as estimativas mundiais do Projeto Globocan, em 2012 18 ocorrem 14,1 milhões de casos novos de câncer e um total de 8,4 milhões de mortes por câncer. Além de apontar que cerca de 70% dos novos casos de câncer no mundo ocorrerem em países em desenvolvimento (FERLAY, 2013). A cada ano mais de 12,7 milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer e 7,6 milhões de pessoas morrem vítimas dessa doença. Se nada for feito, haverá 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano, em 2030. No Brasil, somente para este ano, são esperados quase 500 mil novos casos da doença. O custo do câncer no mundo para economia global em mortes prematuras e invalidez, sem considerar os custos médicos, foi estimado em US$ 1 trilhão (FERLAY, 2013; INCA, 2014). A Declaração Mundial contra o câncer é um instrumento para chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de saúde e formadores de opinião para reduzir até 2020 a catastrófica abrangência da doença, que ameaça as futuras gerações no mundo, para atingir esse objetivo, é necessário agir com rapidez para tornar o câncer prioridade na agenda política; melhorar o acesso à prevenção e à detecção precoce do câncer, bem como facilitar o acesso ao tratamento do câncer a todo paciente portador da doença (WORLD CANCER CONGRESS, 2014). Em dezembro de 2005 ocorreu o lançamento da Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO) e com o apoio do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) foi iniciada as ações integradas do governo com a sociedade para implementar uma nova política, que reconhece o câncer como problema de saúde pública e determina a estrutura das ações para controle do câncer no Brasil por meio da Rede de Atenção Oncológica (RAO), com a participação direta e indireta do governo federal, das secretarias estaduais e municipais de saúde, universidades, serviços de saúde, centros de pesquisa, organizações não governamentais e da sociedade de forma geral. É importante enfatizar que o Sistema de Informação sobre a Mortalidade (SIM) alerta que o câncer se constitui na segunda maior causa de morte por doença no Brasil (INCA, 2014), assim como fica clara a necessidade de continuidade em investimentos no desenvolvimento de ações abrangentes para o controle do câncer, nos diferentes níveis de promoção da saúde, na detecção precoce, na assistência aos pacientes, na vigilância, na formação de 19 recursos humanos, na comunicação, na mobilização social, na pesquisa e no Sistema Único de Saúde (SUS). A prevenção e o controle do câncer precisam ter o mesmo foco e atenção que a área de serviços assistenciais, pois o crescente aumento do número de casos novos fará com que não haja recursos suficientes para dar conta das necessidades de diagnóstico, tratamento e acompanhamento, terá como consequências as mortes prematuras e desnecessárias (INCA, 2014). Assim, medidas preventivas devem ser implementadas para reduzir a carga do câncer. Essas medidas crescem em importância, principalmente, em países como o Brasil, que se encontra em um processo de transição econômica, o que o faz ganhar, progressivamente o ônus global do câncer observado em países economicamente desenvolvidos (INCA, 2014). Silva, Teixeira e Guerra (2013) ressaltam que as transformações do perfil de morbimortalidade em diversas regiões do mundo, com a diminuição das doenças infecciosas e parasitárias, e aumento das doenças crônicas não transmissíveis, evidenciadas na primeira metade do século XX, impulsionaram o desenvolvimento da epidemiologia do câncer, que tem, desde então, exercido papel fundamental no estabelecimento de políticas de saúde. De fato, depois da Segunda Guerra Mundial, é marcante o crescimento dos estudos epidemiológicos visando estabelecer a magnitude do câncer em diferentes populações e a investigação de fatores associados ao risco e à evolução de tipos específicos. O INCA (2014, p.25) destaca que: O Brasil vem sofrendo mudanças em seu perfil demográfico, consequência, entre outros fatores, do processo de urbanização populacional, da industrialização e dos avanços da ciência e da tecnologia. A essas novas caraterísticas da sociedade brasileira, unem-se os novos estilos de vida e a exposição, ainda mais intensa, a fatores de risco próprios do mundo contemporâneo. Esse processo de mudança demográfica, denominado de “envelhecimento” da população, associado à transformação nas relações entre as pessoas e seu ambiente, trouxe uma alteração importante no perfil de morbimortalidade, diminuindo a ocorrência das doenças infectocontagiosas e colocando as doenças crônico- degenerativas como novo centro de atenção dos problemas de doença e morte da população brasileira. 20 Outro aspecto relevante é que o Brasil é um país extenso, com regiões que têm características peculiares em vários aspectos, como a vegetação, o clima, o acesso, da maneira que foi colonizado e na questão sociocultural. Portanto, é importante realçar que em um mesmo país o desenvolvimento é desigual, possui algumas regiões que necessitam de uma visão diferenciada e um esforço conjunto para acompanhar o desenvolvimento global e das regiões mais desenvolvidas do país, como é o caso da região Amazônica. A diversidade da região Amazônica não está restrita ao ambiente, pois nela vivem cerca de 180 povos indígenas, algumas centenas de quilombolas e um número significativo de comunidades de ribeirinhos que atuam em diversos setores da economia regional. A Amazônia é uma extensa área continental composta por um conjunto singular de paisagens geradas a partir do processo de formação geológica, o que resultou em condições ambientais complexas,que produziram e possibilitaram a coexistência de uma flora e uma fauna biodiversa, que se espalha por toda América do Sul Setentrional, na qual o Brasil detém a maior parte deste bioma, com cerca de 4,2 milhões de quilômetros quadrados, o que perfaz 60% de nosso território (VAL; GUIMARÃES, 2007). Amazônia brasileira detém a maior área de florestas tropicais contínuas e preservadas do mundo. No entanto, desde a década de 1970 esta área tem sofrido significativas mudanças na sua cobertura, tem indicado taxas elevadas de desmatamento, em que as influências dos investimentos em infraestrutura e a pressão dos mercados para a produção agropecuária foram considerados condicionantes para a conversão florestal da região (INPE, 2010). O fator diversidade dificulta a valorização da floresta amazônica, pois o corolário dessa diversidade é a baixa densidade econômica, o que significa que existem poucos recursos naturais com valor econômico financeiro imediato num hectare qualquer de floresta. Além de que, a manutenção do ciclo hidrológico da Amazônia é considerada crítica pela comunidade científica nacional e mundial, pois a Amazônia tem uma enorme importância no clima mundial, especialmente em relação as mudanças climáticas causadas pela ação humana (CLEMENT; HIGURI, 2015). Clement e Higuchi (2015, p. 44) relevam que: 21 Na Amazônia há uma contradição entre o discurso e a realidade sócio-político-econômica, o que é comum no mundo e ajuda a entender muito a respeito dos problemas de degradação ambiental que estão minando a sustentabilidade do empreendimento humano. Na realidade, o único “valor” aceito pela sociedade atual é o valor econômico-financeiro presente, ou seja, aquele contabilizado pelo Produto Interno Bruto (PIB) do ano em curso ou do próximo, pois é esse valor que pode reduzir a pobreza de uma parcela da população, dar ao país o “status” de desenvolvido e, logicamente, enriquecer os responsáveis pelo desmatamento. Os demais valores da floresta beneficiam poucos (o valor estético – que beneficia principalmente os moradores e os ecoturistas), levarão mais tempo para serem realizados (o uso da biodiversidade que exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento) ou simplesmente não são contabilizados no PIB (os serviços ecológicos – conservação de água e solo, filtragem de poluentes, polinização, etc. – e o valor ético – os direitos à vida dos outros seres vivos da floresta). É evidente que essa visão míope do valor da floresta não reflete seu valor real, nem em curto prazo e muito menos a longo prazo, especialmente se o país pretende ser um membro do primeiro mundo. Por conseguinte, esse cenário atual toma feições complexas, posto que cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na Região Amazônica e produzem perto de 10% da riqueza do país, demandam um conjunto de informações, políticas e infraestrutura que não podem ser importados das regiões mais desenvolvidas do país e muito menos do exterior, todavia, urge a necessidade de elaborar políticas de saúde apropriadas às características fundamentais da região e de sua população (VAL; GUIMARÃES, 2007). Considerando, que a mudança no perfil de morbimortalidade no mundo e o perfil demográfico do Brasil, ocasionou o aumento significativo do número de novos casos de câncer, repercutindo de forma diferenciada na região Amazônica, no que se refere à topografia, ao perfil e à sobrevida do câncer; como câncer gástrico ocupando um papel de destaque nesse contexto. Na década de 60 na região Amazônica ocorreu uma diversidade dos padrões de alimentação como um todo, era visível à variação de hábitos dietéticos em função do ambiente; enquanto a dieta da população do interior ainda consistia em frutos, caças e peixes complementada pela farinha de mandioca. Entretanto, a dieta da população residente em cidades e regiões com maior densidade populacional, que era composta por assalariados e agricultores de baixo poder aquisitivo, e tinham como fonte de proteínas, o 22 peixe seco e a carne de charque ou em conserva, complementando sua alimentação com farinha de mandioca Este contexto começa a mudar a partir da década de 70, com exceção do consumo de verduras regionais (jambú), pois, a população paraense em geral, não tinha o hábito de consumir cotidianamente hortaliças e legumes, uma vez que a produção local era pequena e grande parte desses alimentos precisava ser importada por via aérea, sendo vendida a preços bastante altos no mercado. No entanto, com a chegada das rodovias e a consequente integração, surgiram importantes modificações na composição da dieta dos habitantes da Amazônia; acarretadas pelo forte fluxo migratório, sobretudo dos Estados do Sul, ocorrendo aproximação dos padrões alimentares dos residentes nos grandes centros urbanos (EMBRAPA, 1992; 2014). O que pode representar a significativa redução do câncer gástrico a partir da década de 80, ainda que a causalidade do câncer gástrico ainda não esteja bem estabelecida, alguns estudos epidemiológicos têm demonstrado que a dieta é o fator de risco exógeno mais relevante, sendo apontada como um dos principais fatores de risco para o câncer gástrico. Em 1999 e 2000 de acordo com os dados do DATASUS o Estado do Pará, teve como a primeira causa de morte por neoplasia, o câncer gástrico o que corresponde, respectivamente, a 15,98% e 13,99% das mortes. Mesmo com algumas mudanças no estilo de vida dessa população, atualmente nota-se que essa topografia do câncer permanece com um papel de destaque, pois na região Norte é a segunda mais frequente nos homens e a terceira nas mulheres, sendo que no Brasil configura como a quarta causa em homens e a sexta em mulheres, e no mundo como sendo a quarta causa mais comum de câncer em homens e a quinta em mulheres (BRASIL, 2014). As taxas padronizadas de mortalidade da cidade de Belém, a metrópole da Amazônia, apresentaram magnitudes bastante elevadas, correspondendo a mais do que o dobro dos valores registrados no Estado do Pará. No interior, observa-se distribuição relativamente estável da mortalidade, com taxas 3 a 7 vezes menores do que as da capital (BRASIL, 2014). Contudo, os valores observados no interior do Estado poderiam estar refletindo importante sub-registro da mortalidade por câncer gástrico, o que afeta também a sua distribuição no Estado do Pará. Assim, o Pará configura 23 com altos índices de mortalidade, requerendo políticas públicas de saúde direcionadas a sua população e cultura. Nesse estudo, tem-se como foco de interesse a sobrevida do paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico, inserido no contexto amazônico, considerando suas peculiaridades geográficas e socioculturais. Logo, ao realizar pesquisas acerca da temática, reconhecemos a relevância da realização de um estudo científico devido à alta incidência, uma vez que Vinagre et al (2012), garantem que no Estado do Pará o adenocarcinoma gástrico ainda é um problema de saúde pública, pois as taxas de mortalidade apresentam valores acima da média brasileira, o que vem enfatizar a imperiosa necessidade de implementação de medidas preventivas e de diagnóstico precoce do câncer gástrico, haja vista que em seu estudo, dos 302 pacientes atendidos no hospital de referência em oncologia na região amazônica no período de 2006 a 2008, 34% encontravam-se no estádio avançado, IIIB e IV, e foram submetidos à gastrectomia total. O paciente acometido pelo câncer gástrico chega ao hospital de referência em oncologia do contexto amazônico, com um estadiamento avançado e é submetido a uma cirurgia de grande porte e mutiladora. Portanto, ao observamos um alto índice de pacientes com câncer gástrico em tal realidade, durante os estágios curriculares, extracurriculares, da residência e como enfermeira assistencialista da clínica cirúrgica oncológica, clínica responsável pela internaçãode pacientes com câncer gástrico. Além disso, detectamos a necessidade em realizar um estudo que possa subsidiar a elaboração de políticas de saúde, que estabeleçam prioridades, e que possam contribuir para minimizar a atual realidade do câncer gástrico no contexto amazônico. Uma vez que, devemos levar em consideração a magnitude do problema ao observar que no Brasil, a estimativa para o ano de 2014, válida também para o ano de 2015, aponta para a ocorrência de aproximadamente 576 casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. Sendo que esses dados apontam ainda, uma incidência de 20 mil novos casos de câncer de estômago (INCA, 2014). 24 Ainda segundo esta estimativa, esperavam-se 12.870 casos novos de câncer de estômago em homens e 7.520 em mulheres para o Brasil, no ano de 2014. Esses valores correspondem a um risco estimado de 13,14 casos novos a cada 100 mil homens e 7,41 a cada 100 mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de estômago em homens é o segundo mais frequente nas regiões Norte (11,10/100 mil) e Nordeste (10,15/100 mil). Nas regiões Sul (16,07/100 mil) e Centro-Oeste (10,88/100 mil), é o quarto. Já na região Sudeste (14,99/100 mil), ocupa a quinta posição. Para as mulheres, é o terceiro mais frequente na região Norte (5,91/100 mil). Nas regiões Sudeste (8,20/ 100 mil) e Nordeste (6,39/100 mil), ocupa a quinta posição. Nas regiões Sul (8,43/ 100 mil) e Centro-Oeste (6,32/100 mil), ocupa a sexta (INCA, 2014). O tema em estudo é extremamente importante para a sociedade, pois aponta para um melhor direcionamento para o Estado empregar os recursos de forma adequada, podendo reduzir despesas hospitalares e consequentemente reverter a verba em benefícios à atenção primária e à saúde regional, haja vista que o recurso é limitado. No estudo desenvolvido por Lee et al (2012) aproximadamente 75% da população é tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o tratamento de câncer é organizado em 276 centros regionais de referência, responsáveis pelo diagnóstico, estadiamento e tratamento. Sendo que de acordo com o relatório do Banco Mundial, 9,0 % do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi gasto em saúde, e 45,7 % deste montante foi destinado à saúde pública, na qual o país gastou aproximadamente US$ 734 por pessoa, valor substancialmente inferior aos gastos de países, como os Estados Unidos da América (US$ 7.410) e Reino Unido (US$ 3.285). Além de que, na Amazônia se conhece a realidade muitas das vezes de maneira empírica e a formação de recursos humanos é insuficiente para uma produção científica que sustente o desenvolvimento de base local, e que caracterize a saúde amazônica, com uso e manejo competente dos recursos regionais. Portanto, realizar pesquisa sobre o câncer gástrico contribuirá para o cuidado de enfermagem oncológica no contexto Amazônico de forma ética, 25 uma vez que para inserir a enfermagem amazônica no contexto das políticas públicas em âmbito nacional, requer um exercício e esforço diário, no sentido incentivar e realizar as pesquisas, a fim de atender as reais necessidades socioeconômicas e culturais desta população. A presente pesquisa é relevante para que os enfermeiros reflitam e direcionem sua assistência, tendo pano de fundo as características, especificidades e as necessidades do paciente com câncer gástrico, assim como a interação e enfrentamento da doença pela família, já que o enfermeiro tem por função de ser sócio-político, com base na construção dos saberes de enfermagem, historicamente determinados pelas necessidades compreendidas pela inserção social no campo da saúde, consideram-se os padrões de conhecimento fundamentais em enfermagem, bem como, o campo de atuação e o espaço social da profissão, para apontar considerações relevantes sobre a formação do ser sócio-político. É significativo o papel da enfermagem como protagonista das práxis em saúde na sociedade. Esse olhar foi estimulado pela linha de pesquisa de Políticas de Saúde no Cuidado de Enfermagem Amazônico, que por objetivo estimular estudos voltados às Políticas de Saúde e à Enfermagem, a fim de oferecer subsídios para melhoria do atendimento aos usuários do SUS; estimular estudos que viabilizem a criação de novas Políticas de Saúde, além de promover o aperfeiçoamento dos cuidados de enfermagem aos pacientes com câncer gástrico. Portanto, é imprescindível ter o conhecimento da sobrevida do paciente com câncer gástrico no contexto amazônico e oferecer às instituições de saúde dados, que possam modificar a conduta dos profissionais de saúde a partir de estudos provenientes da prática, ou seja, a prática baseada em evidências, corroborando para as Políticas Públicas em Saúde. É pertinente, pois observamos que os pacientes com câncer gástrico são admitidos em estadiamento avançado e que existe uma lista de pacientes aguardando admissão para o procedimento cirúrgico. Dessa forma torna-se imperioso conhecer a sobrevida dos pacientes com câncer gástrico a partir do diagnóstico, estadiamento e a cirurgia a que foi submetido, servindo de base para direcionar o fluxo dos mesmos no hospital e possivelmente minimizando o tempo de espera para o início tratamento. 26 No hospital de referência para o tratamento do câncer no contexto amazônico, não se tem o conhecimento do índice de sobrevida do paciente com câncer gástrico e que ocorre a internação destes em estadiamento avançado, com comorbidades associadas, sendo submetidos a procedimentos invasivos de alta complexidade, levando a uma longa permanência no leito. Representando uma baixa rotatividade dos leitos, um aumento da fila de espera para o tratamento e um círculo vicioso, em que o paciente que aguarda há muito tempo o tratamento, já interna em estadiamento avançado. A elaboração de estudos que favoreçam o exercício do enfermeiro como ser sócio-político, sendo importante que este se empodere e tenha um olhar diferenciado, e que auxiliem na implementação das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como a implantação de novas Políticas de Saúde, de forma a emancipar o ser humano no próprio cuidado e a uma sociedade mais justa. Por conseguinte, o enfermeiro será o protagonista da práxis em saúde e na sociedade, ao procurar meios para fornecer subsídios ao funcionamento das Políticas Públicas implantadas, pois algumas têm dificuldade na sua implementação, como é o caso da Lei 12.732 sancionada pela presidente Dilma Rouseff em de 22 de novembro de 2012, a qual dispõe no Art. 2º que: O paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS, no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único. § 1o Para efeito do cumprimento do prazo estipulado no caput, considerar-se-á efetivamente iniciado o primeiro tratamento da neoplasia maligna, com a realização de terapia cirúrgica ou com o início de radioterapia ou de quimioterapia, conforme a necessidade terapêutica do caso”, objetivando melhorar a eficácia da prestação de serviços no tratamento da doença, uma vez que elevados tempos de espera para a realização dos diagnósticos e dos tratamentos de câncer podem produzir consequências graves para os pacientes, como a diminuição das suas chances de cura e do tempo de sobrevida (BRASIL, 2012, p. 1). Como a formulação de Políticas de Saúde e/ou sua implementação, baseadas nas evidências científicas, podem mudar uma realidade, levando-se a acreditar que a detecção e o tratamento precoces melhoram a sobrevida do 27 paciente; que são estudos como estes que favoreceram as mudanças no direcionamento das Políticas Públicas de Saúde, a partirda valorização do rastreamento precoce do câncer gástrico, motivando à realização de novos estudos, e que na Região Amazônica a sobrevida do paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico é desconhecida. Diante deste contexto questionamos: Qual a probabilidade acumulada de sobrevida do paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico em um hospital referência em oncologia, no contexto amazônico? Quais as possíveis variáveis demográficas, clínicas e tumorais relacionadas ao paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico que podem influenciar a curva de sobrevida? Qual o perfil clínico-epidemiológico do paciente com submetido à cirurgia por câncer gástrico em um hospital referência em oncologia, no contexto amazônico? 28 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Apresentar a probabilidade acumulada de sobrevida do paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico em um hospital referência em oncologia, no contexto amazônico, no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2016. 2.2 ESPECÍFICOS Elencar as possíveis variáveis demográficas, clínicas e tumorais relacionadas ao paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico que podem influenciar a curva de sobrevida; Descrever o perfil clínico-epidemiológico do paciente com submetido à cirurgia por câncer gástrico em um hospital referência em oncologia, no contexto amazônico. 29 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 A HISTÓRIA DO CÂNCER E OS CÂNCERES MAIS FREQUENTES É importante relembrar que o câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 tipos diferentes de doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células anormais com potencial invasivo. Esses fatores causais podem agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover o câncer (carcinogênese). O desenvolvimento da maioria dos cânceres requer múltiplas etapas que ocorrem ao longo de muitos anos. Assim, alguns tipos de câncer podem ser evitados pela eliminação da exposição aos fatores determinantes. Se o potencial de malignidade for detectado antes de as células tornarem-se malignas, ou numa fase inicial da doença, tem-se uma condição mais favorável para o seu tratamento e, consequentemente, para sua cura (BRASIL, 2014). Rosas et al (2013) ressaltam que o ser humano ao receber o diagnóstico de câncer é sempre um choque. A notícia soa como uma inapelável sentença de mutilação e morte. O câncer é uma doença cheia de mistérios, preconceitos e está diretamente associado a dor e sofrimento. Porém, é importante ressaltar que os avanços da medicina diminuíram o estigma sobre muitos tipos de câncer. O Brasil tem uma economia em constante crescimento e, como consequência, a diminuição da carga de doenças infecciosas. No entanto, surge a necessidade de ampliar os cuidados para doenças não transmissíveis, comuns em países onde a expectativa de vida é muito alta mesmo com o câncer. No Brasil, a incidência de câncer aumentou consideravelmente, e diversos tipos de câncer estão associados ao status social. Os cânceres de mama, próstata, colón e reto, atingem, principalmente, pessoas de alto status socioeconômico; por outro lado, os de colo de útero, pênis, estômago e cavidade oral estão associados à pobreza. Quando o câncer se inicia em tecidos epiteliais, como pele e mucosa, é denominado de carcinoma. No entanto, se começa em tecidos conjuntivos, como o tecido de sustentação da mama, é chamado de sarcoma. Estas células tendem a ser muito agressivas e 30 incontroláveis, ocorrendo então a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas (crescimento celular que não respeita a demanda fisiológica de crescimento) (INCA, 2012). Rosas et al (2013) afirmam que as células, que contém os oncogenes, que tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, ocorrendo então a formação de tumores ou neoplasias malignas adquirindo características invasivas, podendo infiltrar tecidos circunvizinhos e ganhar acesso a vasos linfáticos e sanguíneos, que as levam até outros lugares do corpo, fase conhecida como metástase. No século IX, o patologista Virchow afirmou enquanto examinava tumores pelo microscópio, que “toda célula vem de outra célula”. Isso estabeleceu bem cedo que o câncer era uma doença celular e este conceito básico continua valendo. Sabe-se que a unidade de organização de todo material biológico é a célula. Em organismos multicelulares, as células são organizadas em tecidos e órgãos. O crescimento das células pode ocorrer pelo aumento em seu número e tamanho ou em ambos. Em que o crescimento no número de células é o componente mais significativo do desenvolvimento humano (LIU; ROBINS, 2010). Os cânceres mais incidentes no mundo são o de pulmão, próstata, cólon e reto, mama, colo uterino e gástrico (FERLAY, 2013). No Brasil o câncer indica o aumento dos tipos associados a melhores condições socioeconômicas (mama, próstata e colorretal); ao mesmo tempo, os tumores que geralmente têm relação com a pobreza, como é o caso dos cânceres de colo de útero, pênis, estômago e cavidade oral continuam apresentando altas taxas de incidência (INCA, 2014). Na qual, o câncer de pulmão era considerado uma doença rara até o início do século XX, mas sua ocorrência aumentou rapidamente, e essa neoplasia tornou-se a mais frequente na população mundial e causa mais importante de morte por câncer no mundo. A última estimativa mundial apontou uma incidência de 1,82 milhão de casos novos de câncer de pulmão para o ano de 2012, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres, em que a ocorrência desta neoplasia expressa a exposição anterior ao tabagismo (INCA, 2014). 31 O câncer de próstata foi apontado pela última estimativa mundial como o segundo tipo mais frequente em homens, com cerca de 1,1 milhão de casos novos no ano de 2012, em que aproximadamente 70% dos casos diagnosticados no mundo ocorrem em países desenvolvidos. As mais altas taxas foram observadas na Austrália/Nova Zelândia, Europa Ocidental e América do Norte. Esse aumento pode ser reflexo, em grande parte, das práticas de rastreamento pelo teste do Antígeno Prostático Específico (PSA). No Brasil, o aumento da expectativa de vida, a melhoria e a evolução dos métodos diagnósticos e da qualidade dos sistemas de informação, bem como a ocorrência do sobre diagnóstico, em função da disseminação do rastreamento do câncer de próstata com PSA e toque retal, podem explicar o aumento de incidência ao longo dos anos (BRASIL, 2014). O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento, quanto em países desenvolvidos. Cerca de 1,67 milhões de casos novos dessa neoplasia foram esperados para o ano de 2012, em todo o mundo, o que representa 25% de todos os tipos de câncer diagnosticados nas mulheres. Suas taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do mundo, com as maiores taxas em 2012 na Europa Ocidental (96/100 mil) e as menores taxas na África do Sul e na Ásia Oriental (27/100mil). O câncer de mama constitui a maior causa de morte por câncer nas mulheres no mundo, com cerca de 520 mil mortes estimadas para o ano de 2012. É a segunda causa de morte por câncer nos países desenvolvidos, atrás somente do câncer de pulmão, e a maior causa de morte por câncer nos países em desenvolvimento (BRASIL, 2014). O câncer de cólon e reto, segundo a última estimativa mundial, configura-se como o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens, com 746 mil casos novos, e o segundo nas mulheres, com 614 mil casos novos para o ano de 2012, sendo que mais da metade dos casos são provenientes de regiões mais desenvolvidas. Os padrões geográficos são bem semelhantes em relação ao sexo, o sexo masculino apresenta uma maior incidência na maioria das populações. No Brasil,sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o segundo mais frequente na região Sudeste e o terceiro na região Sul e Centro-Oeste. Na região Norte, ocupa a 32 quarta posição e, na região Nordeste a quinta. Para as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões Sudeste e Sul e o terceiro nas regiões Centro- Oeste e Nordeste, enquanto que na região Norte é o quarto mais frequente (BRASIL, 2014). O câncer de colo de útero configura-se como um importante problema de saúde pública, pois é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, com 527 mil casos novos. Sua incidência é a maior em países menos desenvolvidos quando comparada aos países mais desenvolvidos. O câncer gástrico tem um papel de destaque neste estudo, pois é o quarto mais incidente no mundo, sendo superado pelos cânceres de pulmão, mama e intestino. No Brasil sendo superado somente pelos cânceres de pulmão e mama; e com sua distribuição, sem considerar os tumores de pele não melanoma, em homens, nas regiões Norte e Nordeste é o segundo mais frequente; nas regiões Sul e Centro Oeste é o quarto e na região Sudeste, ocupando a quinta posição. Já para as mulheres, é o terceiro mais frequente na região Norte; nas regiões Sudeste e Nordeste, ocupando a quinta posição e nas regiões Sul e Centro Oeste, ocupando a sexta (BRASIL, 2014). 3.2 O CÂNCER GÁSTRICO E AS VARIÁVEIS RELACIONADAS AO PACIENTE COM CÂNCER GÁSTRICO O estômago fica situado entre o esôfago e o duodeno, na parte superior da cavidade abdominal e se divide em cinco regiões: cárdia (porção superior mais próxima do esôfago, na qual está localizado um esfíncter muscular que impede o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago), fundo (porção situada logo após a cárdia), corpo (entre a cárdia e o antro, é a maior região do estômago), antro (porção mais baixa e mais próxima do duodeno) e piloro (funciona como uma válvula que controla o esvaziamento gástrico) (MALUF et al, 2014). 33 Figura 1 - Anatomia do estômago Fonte: Carreira, 2016. O câncer de estômago, para Fuccio, Eusebi e Bazzoli (2010), tem causa do multivariada e os componentes de risco conhecidos são de origem: 1) infecciosa, como a infecção gástrica pelo Helicobacter pylori; 2) idade avançada e gênero masculino; 3) hábitos de vida como dieta pobre em produtos de origem vegetal, dieta rica em sal, consumo de alimentos conservados de determinadas formas, como defumação ou conserva na salga; 4) exposição à drogas, como o tabagismo; 5) associação com doenças, como gastrite crônica atrófica, metaplasia intestinal da mucosa gástrica, anemia perniciosa, pólipo adenomatoso do estômago, gastrite hipertrófica gigante e 6) história pessoal ou familiar de algumas condições hereditárias, como o próprio câncer gástrico e a polipose adenomatosa familiar. A Agência Nacional de Pesquisa em Câncer (2015), uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), colocou o consumo excessivo de carnes processadas, no Grupo 1 de risco de levar ao desenvolvimento de câncer. A carne processada foi incluída nessa categoria de carcinogênicos, que já inclui tabaco, amianto e fumaça de diesel, pois existem evidências claras de sua relação com o câncer. Porém o aumento de risco do câncer ocasionado pelo tabaco é muito mais significativo. As carnes processadas, também conhecidas como embutidos, são aquelas com adição de sal ou outros produtos para realçar o sabor e aumentar o 34 tempo de conservação, ou que tenham sido fermentadas ou defumadas. Esses produtos geralmente contêm carne de vaca ou de porco, mas também incluem os produzidos com carnes de aves e outros produtos relacionados à carne, como sangue. Entre eles estão bacon, toucinho, presunto, salsicha, linguiça e salame (IARC, 2015). Contudo, para detectar o câncer gástrico, há a necessidade da realização de exames mínimos para uma avaliação adequada, como a Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com biópsia, sendo incorporado na avaliação pré-operatória por acrescentar informações relevantes; o exame citológico do escovado da mucosa; a Tomografia Computadorizada (TC) de abdome, pelve e tórax e a laparoscopia para descartar doença peritoneal, permitindo identificação de implantes tumorais de pequeno volume, situação que contraindica a ressecção cirúrgica, principalmente pelo sistema TNM, mais usado em países ocidentais (COVÓS et al, 2011; TONETO 2012). Os exames para a detecção e estadiamento do câncer são a EDA com biópsia, a TC, a Ressonância Magnética (RNM), a citologia oncótica e a laparoscopia, estão em menor escala. Para a Sociedade Brasileira de Oncologia (2011), a Tomografia Computadorizada (TC) de abdome, pelve e de tórax é, usualmente, indicada no estadiamento pré-operatório e um exame amplamente disponível e pouco invasivo, além de um método importante para pesquisa de doença metastática para pulmão, fígado, ovário, presença de ascite e disseminação linfonodal à distância. A Ressonância Magnética (RNM) na avaliação pré-operatória não apresenta vantagem sobre a TC. A Ultrassonografia Endoscópica (USE) é considerada a modalidade de escolha para estadiamento de T, tem sensibilidade superior à TC convencional na avaliação da extensão local do tumor (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). A utilização da Tomografia Computadorizada por Emissão de Pósitrons (PET-CT) vem sendo amplamente realizada no estadiamento e acompanhamento de tumores gastrintestinais e tem mostrado superioridade no diagnóstico de metástase a distância. Exame que pode ter papel significativo na avaliação de resposta em pacientes submetidos a tratamento neoadjuvante e tem sua indicação individualizada, devendo-se reservar para avaliação de 35 resposta ao tratamento e em alguns casos específicos para avaliação de metástases à distância (FERNANDES, 2011). Por fim, a laparoscopia, além da visualização direta, possibilita a realização de lavado peritoneal com análise da citologia peritoneal, a qual, quando positiva, pode ser considerada metástase à distância (M1) (JGCA, 2010). O estadiamento é importante para predizer o prognóstico e o resultado dos tratamentos oferecidos, na qual a avaliação cuidadosa da invasão tumoral local, avaliação de T no Sistema Tumor Nodo Metástase (TNM) é um dos maiores preditores de recorrência e sobrevida nos pacientes com câncer gástrico, podendo ser determinante na conduta a ser seguida. São utilizadas duas classificações de estadiamento para o câncer gástrico: a classificação conjunta American Joint Committee on Cancer (AJCC) União Internacional Contra o Câncer (UICC), baseado no Sistema Tumor Nodo Metástase (Sistema TNM), utilizada no ocidente; e a classificação japonesa, pouco difundida no Brasil (COVÓS et al, 2011; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011; TONETO, 2012; ROSAS et al, 2013). A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. Estadiar um caso de neoplasia maligna significa avaliar o seu grau de disseminação, para tal, há regras internacionalmente estabelecidas, as quais estão em constante aperfeiçoamento. O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da doença, mas o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. A classificação das neoplasias malignas em grupos obedece a diferentes variáveis: localização, tamanho ou volume do tumor, invasão direta e linfática, metástases à distância, diagnóstico histopatológico, produção de substâncias, manifestações sistêmicas, duração dos sinais e sintomas, sexo e idade do paciente, dentre outros (INCA, 2015). O estadiamento pode ser clínico e patológico, em que o clínico é estabelecidoa partir dos dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao caso e o patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anátomo patológico da peça operatória. O estadiamento patológico 36 pode ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores (INCA, 2015). O Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos é o mais utilizado, preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC): Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e a presença ou ausência de metástases à distância (M). Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada (BRASIL, 2015, p. 3). As categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré- estabelecidas, ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Estes estádios podem ser subclassificados em A, B ou C, para expressar o nível de evolução da doença. Independentemente do tipo de sistema utilizado para a classificação anatômica do tumor, este deve ser classificado quanto ao grau de diferenciação histológica, que varia de Gx a G4. Por vezes a própria denominação patológica do tumor inclui a sua diferenciação - é o caso do adenocarcinoma gástrico classificado como "difuso de Lauren", quando mal diferenciado ou do "tipo intestinal de Lauren", quando bem diferenciado (BRASIL, 2015). No Brasil, tem como base a avaliação da dimensão do tumor primário (representada pela letra T), a extensão de sua disseminação para os linfonodos regionais (representada pela letra N) e a presença, ou não, de metástase à distância (representada pela letra M) e é conhecido como Sistema TNM de classificação de tumores malignos (BRASIL, 2013). 37 Figura 2 – Estadiamento do Câncer Gástrico (TNM-ABC) Fonte: Viúdez-Berral, 2012. Nenhum exame de estadiamento não invasivo apresenta sensibilidade e especificidade suficientes para descartar acometimento peritoneal, a laparoscopia e a citologia oncótica do lavado peritoneal tem importante papel no estadiamento e definição cirúrgica no câncer gástrico. A citologia peritoneal está indicada em pacientes com tumores primários localmente avançados e em presença de linfonodomegalias (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). Portanto, ressaltamos a importância do trabalho conjunto entre o cirurgião e o patologista, para que se consiga um número adequado de linfonodos a serem examinados para um estadiamento mais acurado (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). O tipo de ressecção empregada depende da localização do tumor no estômago. Nos tumores do terço proximal a ressecção padrão é a gastrectomia total (GT) ou subtotal proximal nos tumores localizados no terço distal (antro) com margem cirúrgica proximal de 5 cm e distal de pelo menos 2 a 3 cm, porém, ela ocasiona, com muita frequência, esofagite de refluxo severa levando a uma pior qualidade de vida ao paciente (EIFLER, 2012; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLINICA, 2011). 38 Toneto (2012) enfatiza que a evolução da complexidade do manejo atual do câncer gástrico tornou-se necessário o envolvimento de uma equipe multidisciplinar para o seu tratamento. Cirurgiões, oncologistas, gastroenterologistas, endoscopistas, patologistas, radiologistas e radioterapeutas, auxiliados por nutricionistas, assistentes sociais, enfermeiros e fisioterapeutas, entre outras especialidades de apoio, estão envolvidos na difícil tarefa de adequar as melhores escolhas terapêuticas, individualizando as necessidades dos pacientes. A ressecção cirúrgica está indicada em todos os pacientes fisicamente aptos a um procedimento, não isento de riscos e complicações. A partir de um estadiamento bem realizado, os pacientes que não apresentarem metástases à distância são candidatos potenciais ao tratamento cirúrgico. O autor afirma ainda que: Os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas indicam que o futuro do tratamento do câncer gástrico é promissor. Contudo, ainda depende de um procedimento cirúrgico realizado adequadamente e com segurança. Apesar de a literatura cirúrgica internacional apresentar poucos estudos baseados em evidências cientificamente consistentes, o tratamento cirúrgico atual do adenocarcinoma gástrico avançado apresenta diretrizes sólidas que permitem, após avaliação multidisciplinar, aumentar as chances de cura em uma neoplasia com prognóstico tão sombrio. A extensão da ressecção depende basicamente da localização e do estadiamento do tumor. A ressecção de órgãos vizinhos somente se justifica no caso de invasão direta pela neoplasia. A despeito da grande controvérsia, a linfadenectomia D2 deve ser realizada, permitindo melhor estadiamento dos pacientes, aumentando a chance de cura e possibilitando, em casos selecionados, dispensar o tratamento radioterápico e suas consequências deletérias para um paciente em recuperação após uma operação de grande porte (TONETO, 2012, p. 85). No Brasil, a gastrectomia total (GT) foi introduzida por Arnaldo Vieira de Carvalho, em São Paulo no ano de 1900 e difundida por Paulino. Nas décadas de 1940 e 1950, Lahey em Boston popularizou o procedimento, preconizando a gastrectomia total como tratamento de rotina. A GT é realizada para ressecção parcial ou total do órgão e que vem sendo realizada há cerca de 130 anos com sucesso. Entretanto, seu desenvolvimento até alcançar o nível de segurança 39 atingido atualmente foi penoso, com inúmeros pacientes sofrendo graves consequências das complicações decorrentes de um procedimento cirúrgico denominado como de grande porte (ANDREOLLO; LOPES; NETO, 2011). A gastrectomia é considerada um procedimento de alto nível de complexidade. Está indicada em todos os pacientes fisicamente aptos ao procedimento, não isento de riscos e complicações e se realizada em estágios iniciais da lesão, o fator de proteção para a morbimortalidade é maior. A partir de um estadiamento bem realizado, os pacientes que não apresentarem metástases à distância são candidatos potenciais ao tratamento cirúrgico (MELO et al, 2010; TONETO, 2012). A gastrectomia consiste na retirada de parte ou de todo o estômago, refazendo o trânsito gastrintestinal por meio de anastomose com o duodeno ou jejuno. Deve ser realizado em hospitais de referência, por apresentar índices de morbidade e mortalidade não desprezíveis, além de complicações elevadas, tanto locais como gerais. Porém, ainda assim, é a única modalidade de tratamento que oferece esperança de controle da doença e elevação da sobrevida dos pacientes (COVÓS et al, 2011). A ressecção cirúrgica, no tratamento dos pacientes com câncer gástrico, é recomendada nos estádios I, II e III da doença, cujo objetivo principal do tratamento cirúrgico é a ressecção completa do tumor junto com os seus linfonodos regionais, observando-se a necessidade de obter margens cirúrgicas livres adequadas. Deve-se considerar a condição clínica do paciente, levando-se em consideração dois fatores: performance status e a presença de comorbidades ao indicar o tratamento cirúrgico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). A gastrectomia total produz uma qualidade de vida inferior ocasionando saciedade precoce, perda de peso e necessidade de reposição de vitamina B12, além de uma série de sintomas pós-gastrectomias como disfagia,menor número de refeições diárias, perda de peso, fraqueza cólicas, fezes moles, vômitos, arrotos, dor abdominal e a sensibilidade na cicatriz, o que impacta na capacidade de completar as atividades diárias, socializar, manter atividade sexual, desenvolver funções físicas normalmente e manter equilíbrio mental e emocional (MELO et al, 2010; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). 40 Os avanços tecnológicos e a maior capacitação técnica têm permitido ampliação das fronteiras do tratamento minimamente invasivo. Apesar do risco potencial de disseminação peritoneal no câncer gástrico, a gastrectomia laparoscópica já é admitida para pacientes com tumores estágio IA e IB. Apesar da ausência de estudos prospectivos, a cirurgia robótica do câncer gástrico já começa a ser relatada, possibilitando novas vantagens, tais como movimentos articulados complexos, aumento da precisão e mais conforto para o cirurgião (TONETO, 2012; KODERA et al, 2010). A Ressecção Endoscópica da Mucosa (REM) denominada Mucosectomia e a Dissecção Endoscópica da Submucosa (DES) são métodos que vêm sendo utilizados como alternativa a cirurgia no tratamento dos pacientes com câncer gástrico precoce. A aplicabilidade da ressecção endoscópica nos países do ocidente é limitada em função da baixa incidência do câncer precoce, no Brasil, ainda se nota uma subutilização deste método, devido principalmente ao atraso no diagnóstico associado a pouca disponibilidade da ecoendoscopia e a falta de profissionais capacitados na maioria dos serviços do país (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). O tratamento cirúrgico paliativo tem o objetivo principal de oferecer a melhor qualidade de vida ao paciente através de procedimentos que aliviem os sintomas causados pela neoplasia em estágio avançado tais como dor, sangramento e obstrução. Entre estes procedimentos cirúrgicos temos a gastrectomia paliativa, gastroenteroanastomose, gastrostomia e jejunostomia alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). Para os portadores de adenocarcinoma gástrico, a gastrectomia laparoscópica com qualquer tipo de linfadenectomia e mesmo como método paliativo é operação segura, com aceitável morbimortalidade em pacientes com câncer gástrico avançado, usualmente em más condições clínicas, e para doenças localizadas, é equivalente à operação aberta com mesmos resultados oncológicos e vantagens como associação ao menor tempo de internação hospitalar, menor dor pós-operatória, melhor resultado estético e sobrevida livre de doença aos cinco anos semelhante à operação aberta para os estádios I e II (LACERDA; BERTULUCCI; OLIVEIRA, 2014). 41 A determinação da extensão da doença e a identificação dos órgãos por ela envolvidos auxiliam nas seguintes etapas: na obtenção de informações sobre o comportamento biológico do tumor; na seleção da terapêutica; na previsão das complicações; na obtenção de informações sobre o prognóstico do caso; na avaliação dos resultados do tratamento e na investigação em oncologia: pesquisa clínica, publicação de resultados e troca de informações (INCA, 2015). De acordo com Eifler (2012), a ressecção linfonodal faz parte do tratamento cirúrgico e deve ser realizada junto com a ressecção gástrica. Pode ser restrita a gânglios linfáticos próximos ao tumor (D1), ou mais extensas (D2), estando associada com maior morbidade e mortalidade perioperatória. A cirurgia padrão com intenção curativa é a gastrectomia com linfadenectomia D2, realizada de rotina nos grandes centros de tratamento de câncer gástrico dos países do oriente e ocidente. A sua execução resulta em aumento significativo da morbimortalidade em mãos de cirurgiões com pouca experiência com a técnica ou quando realizada em pacientes não selecionados. Além do seu papel terapêutico, a D2 permite uma melhor avaliação dos linfonodos, diminuindo a chance de migração de estágio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLINICA, 2011). Entretanto, para uma maior compreensão das linfadenectomias, utilizou-se a classificação e a extensão das linfadenectomias a partir do clássico de Wagner et al (1991, p. 825), em que: Os linfonodos são classificados em três níveis: N1 – gânglios localizados paralelos à grande e à pequenas curvaturas; N2 – gânglios localizados ao longo dos vasos principais do tronco celíaco; e N3 – gânglios localizados além dos anteriores (distância). A partir destas localizações dos grupos linfonodais, a extensão da linfadenectomia é classificada pela letra D. Não existe uma relação direta entre o número de linfonodos e o tipo de linfadenectomia empregado. Entretanto, estudos de autópsia demonstram que cerca de 15 linfonodos podem ser retirados de uma linfadenectomia D1, 17-44 (média 27) em uma linfadenectomia D2 e 25-64 em uma linfadenectomia D3 (média 43). Logo a extensão da linfadenectomia corresponde a: D0 Ressecção incompleta dos linfonodos do nível 1;D1 Ressecção dos linfonodos do grupo 1; D2 Ressecção dos linfonodos dos grupos 1, 2, do grande epíplon; e da bolsa omental; D3 Dissecção à D2 + linfonodos do ligamento hépato- duodenal e raiz do mesentério; D4 Dissecção à D3 + ressecção dos linfonodos para-aórticos. 42 A gastrectomia D2 laparoscópica tem sido cada vez mais empregada nos países do oriente, principalmente nos tumores T1. Este método, apesar de tecnicamente difícil e necessitar de uma curva de aprendizado alargada, pode ser realizado com segurança, sem aumento da morbimortalidade operatória e com menor perda sanguínea, apesar de requerer um maior tempo cirúrgico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLINICA, 2011). A laparoscopia com linfadenectomia à D2 é praticável, segura, obedece aos princípios oncológicos e deve ser realizada em centros com volume, formação e experiência suficientes para realizar o procedimento. No ocidente, a experiência é pequena, devido ao pequeno número de câncer precoce e quase não há trabalhos relacionados ao câncer gástrico avançado (LACERDA, BERTULUCCI, OLIVEIRA, 2014). A linfadenectomia D2 tornou-se o tratamento padrão no Japão, em que inúmeros de estudos retrospectivos demonstraram a melhora na sobrevida dos pacientes operados à D2 quando comparados a procedimentos mais conservadores. Diferenças significativas na sobrevida em cinco anos a grande incidência do câncer gástrico no Japão permite excelente treinamento dos cirurgiões, com índices de mortalidade operatória abaixo de 1%. Este procedimento proporciona o estadiamento adequado, aumenta a sobrevida em alguns subgrupos de pacientes e não aumenta as complicações e mortalidade quando realizada por cirurgiões experientes (TONETO, 2012). As séries orientais defendem linfadenectomias mais radicais ao passo que os trabalhos ocidentais recomendam linfadenectomias mais restritas, uma vez que as taxas de invasão linfonodal no Câncer Gástrico Precoce (CGP) são consideradas baixas e, por isso, para alguns autores, não se justificam ressecções linfonodais mais agressivas; podendo, inclusive, aumentar a morbidade do procedimento cirúrgico (CAMPELO; LIMA, 2012). Songun et al (2010) na recente análise dos resultados, 15 anos após o tratamento, os autores confirmam que a linfadenectomia D2 está associada com menor incidência de recidivas locorregionais, e menos mortes associadas a neoplasia do que a cirurgia D1. E, alterando as conclusões inicias, os autores passaram a recomendar a linfadenectomia D2 como terapêutica inicial para o adenocarcinoma gástrico. 43 Para Toneto (2012) a extensão da linfadenectomia tem sido o assunto mais controvertido no tratamento com intenção curativa do adenocarcinoma gástrico nas últimas décadas. O estômago é um órgão com suplemento arterial abundante e vasta drenagem linfática. A defesa da linfadenectomia alargada reside no conceito que o adenocarcinoma gástrico pode permanecer como uma doença locorregional,apenas com disseminação linfática e que, portanto, a remoção destes linfonodos poderia evitar a disseminação sistêmica da neoplasia. A remoção profilática do baço e do pâncreas não é recomendada, estando indicada apenas quando existe invasão direta pelo tumor. A ressecção em bloco das estruturas adjacentes envolvidas diretamente pela neoplasia como a esplenectomia, pancreatectomia, colectomia segmentar do transverso ou ressecção do lobo esquerdo do fígado, quando realizadas, estão associadas a uma maior morbidade, porém com ganho de sobrevida. Todavia, a esplenectomia e a pancreatectomia distal parecem contribuir para a maior mortalidade operatória. Existe consenso de que a esplenectomia deve ser realizada somente em casos de tumores proximais com invasão direta do baço, não devendo, portanto, ser indicada de rotina na GT com linfadenectomia à D2 (FERNANDES, 2011; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). Ainda de acordo com o autor, os resultados do tratamento do câncer gástrico em fases iniciais são encorajadores, contudo, a maioria dos pacientes apresenta-se com doença avançada no momento do diagnóstico. Os pacientes que carregam um alto risco de recorrência, seja local ou sistêmica é recomendada a terapia complementar, quer adjuvante ou neoadjuvante, quer com quimioterapia isolada, quer com radioterapia e quimioterapia. A escolha do tratamento a ser efetuado deve ser tomada de forma multidisciplinar e levando em consideração as condições logísticas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA, 2011). Portanto, as evidências sugerem que, desde que a margem seja adequada e o tumor não for do tipo infiltrativo difuso, a gastrectomia total não deve ser realizada para os tumores do terço distal do estômago. A extensão da margem considerada recomendada é de três cm para tumores bem circunscritos, tipo Borrmann I ou II e de pelo menos cinco cm para os demais tumores (JGCA, 2010). 44 Já a terapia neoadjuvante consiste na terapêutica sistêmica com quimioterápicos ou hormônio anterior ao tratamento cirúrgico definitivo, e adjuvantes onde a quimioterapia é realizada posterior ao tratamento principal, nos casos de doença avançada (CAMPOS et al, 2012; NIMIR, 2011). A Quimioterapia (QT) é a forma de tratamento sistêmico do câncer que usa um ou mais medicamentos denominados genericamente de “quimioterápicos”, administrados continuamente ou em ciclos com intervalos regulares, que variam de acordo com os esquemas terapêuticos. A duração para controle temporário de doença é bastante variável, dependendo do tipo tumoral e independendo do tipo ou intervalo do esquema terapêutico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). A QT é a forma de tratamento mais temida pelo paciente, devido aos efeitos colaterais, desequilíbrio físico e psicológico demonstrado através da repulsa, revolta, descontentamento e sofrimento. Atualmente, diversos produtos farmacêuticos, naturais ou sintéticos são utilizados para o tratamento de neoplasias. No entanto, as particularidades biológicas inerentes a cada tipo de tumor, juntamente com a resistência aos quimioterápicos que as células tumorais podem desenvolver, impulsionam a pesquisa de novas substâncias potencialmente ativas para o câncer. Porém, o processo para lançar novos fármacos ao mercado consumidor é extremamente lento e as taxas de insucessos são muito altas, a despeito do investimento maciço realizado nesta área de pesquisa (ROSAS et al, 2013). 45 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4. 1 DELINEAMENTO DO ESTUDO Trata-se de um estudo do tipo descritivo retrospectivo e inferencial, com abordagem quantitativa dos dados clínico-epidemiológicos e da sobrevida de 135 pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico no contexto amazônico, entre janeiro de 2008 e janeiro de 2015. Os estudos descritivos, na epidemiologia, têm como objetivo o conhecimento e o registro sistemático da extensão e da gravidade dos problemas de saúde na população e seus padrões de distribuição de enfermidades, agravos, exposições, programas, custos de intervenções, dentre outros aspectos. Por essas características, são de grande utilidade para os serviços de saúde e para o conhecimento geral da magnitude, repercussões e tendências das doenças e agravos (SANTANA et al, 2013). No que se refere à pesquisa quantitativa Creswell (2010) certifica que é uma forma para testar as teorias objetivas, examinando a relação entre as variáveis. Enquanto a teoria pode aparecer em um estudo como um argumento, discussão que ajuda a prever os fenômenos que ocorrem no mundo; as variáveis referem-se a uma característica ou atributo de um indivíduo, ou de uma organização que pode ser medida ou observada, e que varia entre as pessoas ou organizações. Porém, para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional. É interessante observar que, apesar desses indicadores serem chamados “indicadores de saúde”, muitos deles medem doenças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às vezes, medir doença do que medir saúde, pois se torna melhor medir mortalidade, morbidade, nutrição, crescimento/desenvolvimento, condições socioeconômicas, os aspectos demográficos, saúde ambiental, serviços de saúde e sobrevida (SILVA; TEIXEIRA; GUERRA, 2013). O estudo utiliza como indicador de saúde a sobrevida, que para Carvalho et al (2011) pode ser definida como uma classe de modelos 46 quantitativos estocásticos utilizados para analisar características e fatores associados ao tempo até a ocorrência do desfecho de interesse, em que a análise de sobrevida será utilizada quando o tempo for o objeto de interesse, seja esse interpretado como tempo até a ocorrência de um evento ou risco de ocorrência de um evento por unidade de tempo. Por conseguinte, o exercício de construção do modelo causal consiste em descrever a força de incidência como função de variáveis explicativas, no qual se procura conhecer o efeito de cada uma delas e suas interações, livres da presença da confusão. O modelo de sobrevivência, como qualquer modelo de regressão, é composto dos seguintes elementos: uma variável resposta, com variáveis explicativas, a função de ligação e a estrutura de erro, em que: A variável resposta nos modelos de sobrevida pode ser expressa de três formas interconversíveis: probabilidade de sobrevida, taxa de incidência e taxa de incidência acumulada. A probabilidade de sobrevida é definida como a probabilidade de não ocorrer o evento de interesse dentro do intervalo de tempo [t0, t]. Em outras palavras, a probabilidade de sobrevida é a probabilidade de “sobreviver” por mais que t unidades de tempo. Por definição essa probabilidade é 1, no início da observação (em t0). Em um estudo de coorte, costuma-se utilizar uma transformação em escala tal que a probabilidade de sobrevida seja interpretada como a frequência de sobreviventes t, de uma coorte de tamanho N, ao invés de uma probabilidade (CARVALHO et al, 2011, p. 37). Segundo Creswell (2010) as variáveis são distinguidas por duas características a ordem temporal e sua medição (ou observação), em que a ordem temporal significa que uma variável precede a outra no tempo. Devido a essa ordenação no tempo, diz-se que uma variável afeta ou causa outra variável. Embora uma declaração mais exata fosse que uma variável provavelmente causa outra. Para o autor as variáveis independentes são aquelas, que (provavelmente) causam, afetam ou influenciam o resultado, são também chamadas de variáveis de tratamento, manipuladas, antecedentes ou preditoras; e que as variáveis dependentes são aquelas que dependem das variáveis independentes, são as consequências ou os resultados da influência 47 das variáveis independentes,são também chamadas de variáveis de critério, de resultado, de efeito. 4.2 LOCAL DA PESQUISA O estudo foi realizado em um hospital de referência em oncologia, dentro do contexto amazônico, situado em Belém, no Pará. O hospital tem como missão prestar assistência à saúde oferecendo excelência de qualidade em oncologia, doenças crônicas degenerativas e transplantes na prestação de serviços de média e alta complexidade, ensino, pesquisa e extensão de forma humanizada e articulada com as políticas públicas em parceria com a sociedade civil. E com a visão estratégica a de ser reconhecido pela sociedade como hospital de referência em oncologia, doenças crônicas degenerativas e transplantes, que oferece assistência de excelência em média e alta complexidade, ensino, pesquisa e extensão. A escolha do local de estudo, deve-se ao fato deste hospital possuir um serviço especializado e estar habilitado como Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CANCON), com Serviço de Oncologia Pediátrica pelo Ministério da Saúde. Sendo que a coleta de dados ocorrerá na Divisão do Arquivo Médico e Estatístico (DAME), considerando que os pacientes com câncer gástrico são submetidos ao tratamento na referida instituição de referência em oncologia do Norte/Nordeste do país, abrangendo o contexto amazônico. A Portaria 2.123/GM de 7 de outubro de 2004 afirma que os Centros de Referência de Alta Complexidade (CANCON) correspondem às Unidades hospitalares que possuem condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de Alta Complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento de todos os tipos de câncer, que devem, obrigatoriamente, contar com assistência radioterápica em sua estrutura física; e as Unidades de Assistência de Alta Complexidade (UNACON) referem-se às unidades hospitalares que possuem condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e tratamento dos cânceres mais 48 prevalentes. Essas unidades hospitalares podem ter em sua estrutura física a assistência radioterápica ou então, referenciar formalmente os pacientes que necessitarem desta modalidade terapêutica (BRASIL, 2004). Em novembro de 2010, a alta complexidade da Rede de Atenção Oncológica no Brasil era composta por 41 hospitais habilitados como CANCON, 210 hospitais como UNACON e 09 hospitais gerais com cirurgia oncológica. Rosas (2013) afirma que o tratamento de câncer pelo SUS é organizado em 276 centros regionais de referência, responsáveis pelo diagnóstico, estadiamento e tratamento, em que o tratamento pode ser realizado através da hormonioterapia, radioterapia, quimioterapia e procedimento cirúrgico. A escolha dependerá do estadiamento correto da doença e podem ser usados de forma combinada (ROSAS et al, 2013). 4.3 FONTES DE INFORMAÇÕES As fontes de informações desta pesquisa foram os prontuários médicos, os quais consistem em fontes secundárias de base hospitalar. Logo, foram feitas buscas das variáveis nos prontuários de todos os pacientes que foram submetidos à cirurgia por câncer gástrico no HOL no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2010. Portanto, foi realizado um censo, que correspondeu à inclusão de todos os pacientes no período estipulado pelo estudo. Os critérios de inclusão foram os prontuários de pacientes submetidos à cirurgia, que tinham o diagnóstico histologicamente comprovado de câncer gástrico, que não realizaram tratamento cirúrgico por câncer gástrico previamente. Não compuseram a amostra os prontuários de pacientes que evoluíram à óbito sem ter sido submetido a nenhum tratamento. 49 4.4 COLETA DE DADOS A coleta de dados iniciou após parecer favorável do Departamento de Ensino e aprovação da Pesquisa pelos Comitês de Ética e Pesquisa do HOL e do Instituto Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará sob o número 1.209.290/2015. Os dados foram coletados diretamente dos prontuários dos pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico, atendidos no HOL, no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2010 e acompanhados até janeiro de 2015. Foram coletadas as variáveis clínicas e epidemiológicas: raça, naturalidade, procedência, sexo, estado civil, zona de residência, renda familiar, escolaridade, ocupação, quantidade de filhos, anatomopatológico, estadiamento (TNM), tipo de cirurgia, complicações, tratamento adjuvante, fatores de risco e sintomas clínicos antes da confirmação do diagnóstico. O estadiamento patológico foi coletado a partir do resultado do histopatológico da peça cirúrgica, que foi estabelecido após tratamento cirúrgico pelo patologista e determinando a extensão da doença com maior precisão. Esse estadiamento implica que tumores com a mesma classificação histopatológica e extensão apresentam evolução clínica, resposta terapêutica e prognósticos semelhantes (INCA, 2015). 4.5 ANÁLISE DOS DADOS A análise ocorreu por intermédio da estatística descritiva das variáveis clínicas e epidemiológicas e por medidas de síntese (média, mediana, percentagem e outras) dos pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico, no Hospital Ophir Loyola (HOL) no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2015. Na técnica descritiva os dados dos participantes foram organizados na forma de tabelas e gráficos; descrevendo valores absolutos e relativos das variáveis clínicas e epidemiológicas. Com a organização desses dados foi possível a descrição dos resultados observando a existência ou não da predominância de determinada categoria das variáveis analisadas. Ainda na 50 ‘análise descritiva foi aplicado o método de Kaplan-Meier para calcular a probabilidade de sobrevida após 5 anos da data da cirurgia. Na análise inferencial foram aplicados os testes estatísticos não- paramétricos, como o Qui-quadrado de aderência para proporções esperadas iguais e Log-rank, todos aplicados ao nível de significância de 0,05, ou seja, para avaliar a significância estatística procedemos tal como na análise clássica, analisando o valor de p. Segundo Schmidt et al (2013), a significância clínico-epidemiológica, diz respeito ao impacto que os resultados produziriam se aplicados na prática. Vários indicadores têm sido desenvolvidos para avaliar esse impacto nos vários enfoques de pesquisa clínico-epidemiológica, direcionado a prática do uso consciente, explícito e judicioso das melhores evidências científicas disponíveis para a tomada de decisões por meio da avaliação crítica na escolha das alternativas, de forma que amplie os benefícios e minimize os riscos para as pessoas. O Teste Qui-quadrado foi utilizado com objetivo de investigar se há ou não indícios que sugiram que as proporções observadas na análise descritiva são estatisticamente iguais ou diferentes. Já o teste Log-rank para investigar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre as taxas de sobrevivência e as categorias das variáveis analisadas. Os programas utilizados para construção e edição das tabelas e gráficos foram o Excel e Word do pacote Office da Microsoft versão 2007. Para construção do banco de dados e análise de sobrevivência foi utilizado o pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0. A sobrevida global (SG) foi definida pelo período de tempo, em meses, decorrido entre a data da cirurgia e do óbito, ou do último seguimento para avaliação da situação do último contato ou desfecho. Os pacientes que apresentaram doença na última avaliação, bem como os pacientes sem sinais da doença e com perda de seguimento, a data da última consulta foi considerada como abandono do tratamento. Assim, foi realizada uma análise univariada dasobrevida de pelo método de Kaplan-Meier, na qual a análise por intermédio da estatística descritiva, deu-se pelo cálculo do tempo de seguimento e da sobrevida global (variáveis quantitativas expressas em anos), em que foi utilizado o intervalo 51 entre a data do tratamento cirúrgico e a data do último contato, a fim de analisar se o paciente sobreviveu ou abandonou o tratamento (censura) ou se ele evoluiu à óbito (evento, falha ou desfecho), considerando-se o tempo de sobrevida em 5 anos. Além de que a mensuração das variáveis quantitativas foi expressa pelas médias, pelas medianas e pelos seus respectivos desvios- padrão. Para Carvalho et al (2011), o estimador produto de Kaplan-Meier utiliza os conceitos de independência de eventos e de probabilidade condicional para desdobrar a condição de sobreviver até o tempo t em uma sequência de elementos independentes, que caracterizam a sobrevida em cada intervalo de tempo anterior a t, cuja probabilidade é condicional aos que estão em risco em cada período. Estes pesquisadores destacam ainda que pessoas não adoecem ou morrem da mesma forma, pois as peculiaridades dos indivíduos, como características genéticas, sociais ou resultantes de comportamentos contribuem para diferentes curvas de mortalidade e sobrevida de grupos populacionais, na qual, cada característica, isoladamente, contribui para determinar a sobrevida no contexto amazônico, foram realizadas analises a partir de algumas variáveis (faixa etária, sexo, estado civil, procedência, zona de residência, renda familiar, escolaridade, estadiamento, tipo de cirurgia, localização do tumor, complicações e tratamento adjuvante). Nesse tipo de método, uma nova probabilidade de sobrevida é calculada toda vez que são registadas uma nova ocorrência, isto é, uma morte, sendo os afastamentos (censuras) ignorados. Assim a cada morte, o método calcula uma nova linha para a tábua de sobrevida, de tal maneira que os intervalos de tempo são desiguais, pois as mortes não ocorrem todas com igual período de tempo contado a partir da entrada do paciente no estudo. Por esta razão, a curva de Kaplan-Meier parece uma escala, cujos degraus, irregularmente desnivelados, também, apresentam diferentes comprimentos (FONTELES, 2010). Assim, a análise da sobrevivência dos pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico foi realizada usando-se o SPSS e transferindo ao Windows, a partir do método de Kaplan-Meier e as Curvas de Sobrevivência foram comparadas mediante a realização do Teste Log-rank (também conhecido por 52 estatística do logrank de Mantel, estatística do logrank de Cox-Mantel ou teste de Mantel Haenzel), já que corresponde ao teste de hipótese mais empregado e leva em conta as diferenças de sobrevivência entre os grupos em todos os pontos que dura o seguimento. Para Carvalho et al (2011, p. 121): O teste do Log-rank é um teste de hipótese que compara os valores observados e esperados em cada estrato sob a hipótese de que o risco é o mesmo em todos os grupos. Portanto, testar se as curvas de sobrevivência são iguais equivale testar se a incidência de eventos é semelhante em cada estrato, se for semelhante, a curva de sobrevivência será a mesma e a hipótese será nula e rejeitar a hipótese nula significa que pelo menos uma curva difere das outras, significativamente, em algum momento do tempo. Em outras palavras, se a distribuição observada for equivalente à distribuição esperada, dizemos que a curva de sobrevivência dos pacientes pertencentes ao estrato é equivalente à curva de sobrevivência dos pacientes em geral e essa variável não afeta a sobrevivência. Portanto, a estimação pontual de Kaplan-Meier em cada tempo; há a representação dos eventos acumulados, isto é, os que morreram até este tempo e o número de pessoas que permanecem em cada momento sem que tenha ocorrido com eles o evento final ou o desenlace avaliado, assim como representa os indivíduos que estão em risco no próximo período. 53 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma política pública, para enfrentamento dos problemas de saúde, necessita de uma base de informações confiável, que sustente e direcione a tomada de decisão, com informações precisas e constantemente atualizadas para a identificação dos determinantes do processo saúde-doença, das desigualdades em saúde, impacto de ações e programas para reduzir a carga de doença na população. Os registros possibilitam conhecer os novos casos e realizar estimativas de incidência do câncer, dados fundamentais para o planejamento das ações locais de controle do câncer de acordo com cada região (INCA, 2012). Para Zilberstein et al (2012) é admitido e descrito que a incidência do câncer está sendo decrescente na maioria dos países industrializados nas últimas três décadas devido à abordagem evolutiva da pesquisa, de diferentes tipos de cirurgias, de tratamentos adjuvantes e de programas de vigilância; da prevenção adequada; da detecção precoce; das estratégias de diagnóstico precoce e do tratamento especializado, o que melhora a prevenção e direciona a vigilância. Todavia, apesar da tendência favorável e da larga variabilidade geográfica, as altas taxas de incidência e de mortalidade ainda são persistentes, pois o câncer gástrico é muito agressivo. Sendo um desafio nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e, maior ainda para algumas regiões, como a Amazônica, pois ainda tem que aumentar o conhecimento sobre os fatores de risco do paciente com câncer gástrico e seu perfil; investir mais em pesquisas; identificar o que prejudica o diagnóstico precoce e a procura do atendimento à saúde e o que retarda o início do tratamento. Para Andreollo, Lopes e Neto (2011) a cirurgia é a única modalidade de tratamento que oferece esperança de controle da doença e elevação da sobrevida. Sendo assim, a apresentação de dados de pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico, a partir da realidade do contexto amazônico pode dar subsídios para a implementação de Políticas Públicas; para fazer 54 adaptações das políticas existentes ou mesmo para a formulação de novas políticas, tendo como base as especificidades do paciente amazônida. Assim, apresenta-se os resultados e em seguida a discussão do perfil clínico-epidemiológico do paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico no contexto amazônico e posteriormente da sobrevida deste paciente. 55 5.1 PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE SUBMETIDO À CIRURGIA POR CÂNCER GÁSTRICO 5.1.1 SEXO Os dados dos pacientes submetidos à cirurgia por câncer gástrico no contexto amazônico, distribuídos por Sexo, estão descridos na Tabela 1. Dos 135 pacientes do estudo, o sexo masculino foi o predominante, com 81 pacientes (60,00%) e o sexo feminino foi composto por 54 pacientes (40,00%). TABELA 1 – Distribuição quanto ao sexo de paciente submetido à cirurgia por câncer gástrico, no contexto amazônico. Belém-Pará, 2015. Sexo Quantidade Percentual Masculino 81* 60,0 Feminino 54 40,0 TOTAL 135 100,0 Fonte: Prontuário (DAME do HOL) Nota: *p < 0,05 (Teste Qui-quadrado; p = 0,0252) O nível descritivo (p = 0,0252) do teste não-paramétrico Qui-quadrado de aderência, aplicado ao nível de significância de 0,05, indica haver evidências estatísticas para se sugerir que a distribuição das proporções dos pacientes por sexo é estatisticamente significante, sendo o sexo masculino o predominante no estudo. O observamos no presente estudo que 60,0% do sexo masculino e 54,0% do sexo feminino tiveram o diagnóstico de câncer gástrico, o que corrobora com a estimativa do INCA para o ano de 2014/2015 em que o sexo masculino é o mais prevalente, em relação ao sexo feminino e isso foi confirmado no estudo retrospectivo de Andreollo, Lopes e Neto (2011) desenvolvido em Campinas, no período
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