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ENSINAR/APRENDER EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: Influências, tendências e possibilidades Autora: Suraya C. Darido Entendendo a prática docente A prática de todo professor, mesmo que de forma pouco consciente, apóia-se em determinada concepção de aluno, ensino e aprendizagem que é responsável pelo tipo de concepção que o professor constrói sobre o seu papel, o papel do aluno, a metodologia, a função social da escola e os conteúdos a serem trabalhados. Para que serve a escola? AS ORIGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL Reforma Couto Ferraz (1851): inclusão oficial da E. F. na escola. No início do século XX surgem os métodos ginásticos (sistematização). A partir da década de 1930 a Educação Física assume um caráter higienista. Outro modelo que teve grande influência na E.F. até meados do século passado foi o militarista. Após as grandes guerras o modelo denominado Escola Nova ganha força na Educação, repercutindo no discurso da Educação Física. TEMPOS MODERNOS A partir da década de 1960 a ditadura militar reprime o movimento escolanovista. Do final da década de 1960 até a década de 1980 o fenômeno “ESPORTE” transforma-se em sinônimo de E.F. Símbolos do fenômeno esportivo: “Esporte é saúde!” – Seleção de talentos – Professor-treinador X Aluno-atleta – Modelo Piramidal Princípios: rendimento máximo, seleção dos melhores, técnica, treinamento, resultados. A partir da década de 1980 ocorre a crise da E.F. com a contestação do modelo esportivista. Surge o modelo classificado por alguns como recreacionista, mas que poderíamos chamar de “rola-bola”. ABORDAGENS PEDAGÓGICAS Suraya Darido (2003) aponta dez propostas educacionais da Educação Física que surgem como tentativas de superação da visão mais tecnicista, biologicista e esportivista do século passado: Desenvolvimentista Construtivista Crítico-superadora Sistêmica Psicomotricidade Crítico-emancipatória Cultural Saúde-renovada Parâmetros curriculares Nacionais Jogos cooperativos PSICOMOTRICIDADE 1° movimento que surge (década de 1970) para contrapor a E.F. tradicional. Valorização do processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor da criança. Le Boulch (1986) valoriza a consciência corporal, lateralidade, noção espaço-temporal e a coordenação motora, considerando estes aspectos a base de todo o desenvolvimento da criança. DESENVOLVIMENTISTA Baseada nos princípios do crescimento e desenvolvimento e da aprendizagem motora. O movimento constitui-se no principal meio e fim desta abordagem, sendo o conceito de habilidade motora imprescindível para o seu entendimento. O principal objetivo da E.F., nesta perspectiva, é oferecer experiências de movimento adequadas ao nível de crescimento e desenvolvimento do indivíduo, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. HABILIDADES MOTORAS BÁSICAS Habilidades manipulativas Habilidades locomotoras Habilidades de estabilização Arremessar Andar Flexionar Quicar Correr Equilibrar-se Chutar Saltar Estender Lançar Saltitar Girar Rebater Escorregar Posições invertidas Cabecear Escalar Agarrar Rolar-se Rolar Desviar Pirâmide do Desenvolvimento Motor proposta por GALLAHUE. FASE MOTORA REFLEXIVA DE 0 A 1 ANO FASE MOTORA RUDIMENTAR DE 0 A 2 ANOS FASE MOTORA ESPECIALIZADA DE 7 A 14 ANOS FASE MOTORA FUNDAMENTAL DE 2 A 7 ANOS CONSTRUTIVISTA “Educação de corpo inteiro” (João B. Freire). No construtivismo a intenção é a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo. Resgate da cultura dos jogos e brincadeiras. O jogo enquanto conteúdo/estratégia tem papel privilegiado. A indefinição de qual conhecimento se constrói, traz o risco da E.F. tornar-se meio para outras aprendizagens. CRÍTICO-SUPERADORA Ideologia marxista, baseada no discurso da justiça social. Valorização da questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Critérios para seleção dos conteúdos: relevância social, contemporaneidade e características sócio-cognitivas do aluno. Aprofundamento dos conteúdos ao longo das séries. Implementação muito limitada. SAÚDE RENOVADA Educação Física como meio de promoção da saúde e indicação para um estilo de vida ativo. Enfoque sócio-cultural às abordagens biológicas. Preocupação com o ensino de conceitos e com os alunos excluídos: sedentários, gordinhos, deficientes. Crítica às atividades esportivas tradicionais enquanto promotoras de saúde. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Documentos: introdutório, temas transversais e docs. dos componentes curriculares. Avanços: princípio da inclusão, as dimensões dos conteúdos e os temas transversais. PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM OBJETIVOS CONTEÚDOS + METODOLOGIAS AVALIAÇÃO PRINCÍPIO PEDAGÓGICOS DIVERSIDADE – INCLUSÃO – ALTERIDADE PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS INCLUSÃO: todo aluno tem direito à participação plena nas aulas Educação Física, devendo encontrar estratégias que possibilitem a inclusão de tantos alunos quanto for possível em diferentes conteúdos; ALTERIDADE: é preciso considerar o aluno como outro, no sentido de sujeito único que necessita ser respeitado, ouvido e compreendido; DIVERSIDADE: os programas de Educação Física devem compreender a maior diversificação possível de práticas da cultura corporal possibilitando ao aluno a descoberta de variados sentidos na cultura corporal. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS E CULTURA CORPORAL RELEVÂNCIA SOCIAL; CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS; CARACTERÍSTICAS DA PRÓPRIA ÁREA. CULTURA CORPORAL: jogos, esportes, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas, conhecimentos sobre o corpo DIMENSÕES/CATEGORIAS DOS CONTEÚDOS Procedimental (fazer) – habilidades, destrezas, técnicas, procedimentos, etc.; Conceitual (conhecer) - fatos, conceitos e princípios; Atitudinal (ser / conviver) – normas, valores e atitudes. ESTRATÉGIAS DE ENSINO Estratégias tradicionais da E.F.: autotestagem, jogos de competição e cooperação, seqüências pedagógicas, demonstração, descobrimento guiado, grandes jogos, jogos simbólicos, jogos rítmicos, exercícios em grupos, circuito, aulas com música, jogos pré-desportivos, gincanas, campeonatos, etc... Estratégias inovadoras: leituras e discussões de textos, dinâmicas de grupo, uso de TV/vídeo, murais, pesquisas, debates, organização de campeonatos, palestras, etc. Na Educação Física, nem sempre existe uma delimitação clara entre conteúdos e estratégias. Ex.: o jogo. (BETTI, 2004) DIVERSIFICAÇÃO X APROFUNDAMENTO DOS CONTEÚDOS ASPECTOS ECONÔMICOS DIVERSIFICAÇÃO A P R O F U N D A M E N T O FUNDAMENTOS VOLEIBOL GINÁSTICA ATLETISMO FUTEBOL DANÇA JOGOS CAP. FÍSICAS REGRAS QUESTÕES DE GÊNERO VIOLÊNCIA / TORCIDAS ÉTICA / ARBITRAGEM RACISMO RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA Exemplos do aprofundamento de conteúdos Contextualização dos exercícios de alongamento. Futebol de casais e danças de salão com discussão sobre a construção cultural diferenciada dos corpos masculinos e femininos. Voleibol adaptado e discussão sobre a inclusão social das pessoas portadoras de necessidades especiais por meio do esporte.