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Livro Eletrônico Aula 00 Proteção Internacional de Direitos Humanos p/ Procurador da República (Curso Regular) Professor: Ricardo Torques 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Aula 00 Apresentação do Curso Introdução aos Direitos Humanos Sumário Direitos Humanos para Procurador da República ................................................................. 3 Cronograma de Aulas ...................................................................................................... 7 1 - Considerações Iniciais ............................................................................................... 11 2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos ............................................................................ 11 2.1 - Conceito e terminologia ...................................................................................... 11 2.2 - Estrutura Normativa ........................................................................................... 14 2.3 - Classificação dos Direitos Humanos ...................................................................... 18 2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos ..................................................................... 21 3 - A sacralidade da pessoa e a dignidade humana ............................................................ 25 3.1 - Sacralidade: Iluminismo versus cristianismo .......................................................... 25 4 - Teoria crítica dos Direitos Humanos ............................................................................ 26 5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos ................................................................... 28 5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história .......................................................... 28 5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos ................................. 30 6 - Questões ................................................................................................................. 37 6.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 38 6.2 - Gabarito ........................................................................................................... 42 6.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 42 7 - Lista de Questões de Aula ......................................................................................... 50 8 – Resumo .................................................................................................................. 54 9 - Considerações Finais ................................................................................................ 60 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques APRESENTAÇÃO DO CURSO Direitos Humanos para Procurador da República Iniciamos nosso Curso de Direitos Humanos em teoria e questões, voltado para provas objetivas do cargo de Procurador da República. O presente curso abrangerá todos os assuntos que podem ser exigidos nas provas objetivas de primeira fase. O curso encontra-se com correções de escrita, atualização legislativa e dos mais recentes julgados das cortes de superposição e nova formatação. Os assuntos serão tratados para atender tanto àquele que está iniciando os estudos na área de direitos Humanos, bem como àquele que está estudando há mais tempo. Os conceitos serão expostos de forma didática, com explicação dos institutos jurídicos e resumos da jurisprudência, quando importante para a prova. Seguiremos o edital do último concurso. Vejamos a ementa: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos fundamentais. Estrutura. Fundamento. Evolução histórica. Os destinatários da proteção dos direitos humanos e os sujeitos passivos. b. A proteção internacional no âmbito global e regional dos povos indígenas e comunidades tradicionais: órgãos, tratados e declarações. A proteção internacional da diversidade das expressões culturais. Os precedentes de tribunais e órgãos internacionais sobre os direitos dos povos indígenas. Confira, a seguir, com mais detalhes, nossa metodologia. c. Os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil. A formação, incorporação e hierarquia normativa. Duplo controle da proteção de direitos no Brasil. Os controles de convencionalidade e de constitucionalidade na proteção de direitos humanos. 2. a. O sistema de petições individuais e interestatais nos tratados multilaterais de direitos humanos de âmbito global. A atuação da Corte Internacional de Justiça na proteção internacional de direitos humanos. b. A proteção internacional da integridade pessoal. Tortura como crime internacional. Tratados internacionais contra a tortura, tratamento cruel ou desumano celebrados pelo Brasil. O Protocolo de Istambul. A jurisprudência internacional sobre a tortura, tratamento cruel ou desumano. c. Interpretação dos direitos humanos. Resolução de conflitos entre direitos humanos. Limitabilidade dos direitos humanos. Restrições dos direitos humanos e suas espécies. Conteúdo essencial dos direitos humanos. 3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e seus usos. Fontes internacionais da proteção de direitos humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos humanos. Características das normas internacionais de direitos humanos. Normas internacionais imperativas de direitos humanos. b. Proteção dos direitos das mulheres no Direito Internacional. Igualdade de gênero. Tratados internacionais no âmbito global e regional. A implementação no Brasil da promoção e proteção dos direitos das mulheres. c. A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e culturais. Obrigações do Estado na garantia dos direitos sociais, econômicos e culturais e relações com os direitos civis e políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no sistema global e no sistema interamericano de direitos humanos. 4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais de direitos humanos adotados no âmbito da Organização das Nações Unidas. Os direitos previstos nos tratados de direitos humanos celebrados no âmbito da Organização dos Estados Americanos. b. A Corte Interamericana de Direitos Humanos e sua jurisdição contenciosa e consultiva. Procedimentos. O conteúdo da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. c. Universalidade dos direitos humanos. Multiculturalismo. Relativismo. Gramáticas diferenciadas de direitos. Abertura dos direitos humanos. Autonomia e indisponibilidade dos direitos humanos. 5. a. Direitos humanos e superioridade normativa. Indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos. Eficácia 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques dos direitos humanos nas relações entre particulares. Interseccionalidade e os direitos humanos. b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. Mandados internacionais de criminalização. Responsabilidade não penal de indivíduos no direito internacional pela participação em graves violações de direitos humanos. c. Direito à igualdade. Dimensões da igualdade e dever de inclusão. As medidas voltadas à implementação da igualdade. Igualdade racial. O combate à discriminação direta e indireta. Racismo institucional. 6. a. Direitos humanos e seu caráter erga omnes. Exigibilidadedos direitos humanos. Aplicabilidade imediata dos direitos humanos. As dimensões subjetiva e objetiva dos direitos humanos. b. A Carta da Organização dos Estados Americanos e a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A atuação dos órgãos da Organização dos Estados Americanos na proteção de direitos humanos. c. Execução interna das decisões internacionais de direitos humanos. Supervisão internacional do cumprimento pelo Estado das deliberações de direitos humanos. O incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 7. a. Internacionalização dos direitos humanos. Evolução histórica e antecedentes no Direito Internacional. O Direito Internacional de proteção às minorias. A Carta da Organização das Nações Unidas, a Declaração Universal de Direitos Humanos e a Declaração e Programa de Ação de Viena. b. Proteção dos direitos das pessoas com deficiência no direito internacional: órgãos, tratados e declarações. Direitos das pessoas com transtornos mentais. Direitos das pessoas com transtorno do espectro autista. c. Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: composição, competências e funcionamento. Procedimentos especiais no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: evolução histórica, trâmites, tipos de deliberações e efetividade. 8. a. Processos internacionais de proteção de direitos humanos. Espécies. Força vinculante dos tipos de deliberações internacionais de proteção de direitos humanos. Coordenação e conflito entre decisões internacionais de proteção de direitos humanos. Subsidiariedade da jurisdição internacional de direitos humanos. b. O sistema de relatórios periódicos nos tratados multilaterais de direitos humanos de âmbito global. O conteúdo das observações gerais dos Comitês criados por tratados multilaterais de direitos humanos. c. Justiça de transição, direito à verdade e à justiça. A proteção internacional dos direitos sexuais e reprodutivos. 9. a. A revisão periódica universal do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. A proteção de direitos humanos perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. b. Política Nacional de Direitos Humanos. O Conselho de Direitos Humanos. Institutos e órgãos de defesa de direitos humanos. A instituição nacional de direitos humanos e a Organização das Nações Unidas. O Ministério Público e a defesa dos direitos humanos. c. Liberdade de locomoção. Liberdade de associação. Liberdade de consciência e liberdade religiosa. Liberdade de pensamento e expressão. A proteção internacional aos direitos dos presos. 10. a. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e sua atuação no âmbito da Convenção Americana de Direitos Humanos e demais tratados celebrados sob o patrocínio da Organização dos Estados Americanos. Procedimento das petições individuais e interestatais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. b. O sistema europeu de direitos humanos. Evolução histórica. Jurisdição contenciosa e consultiva: trâmite e modos de funcionamento. Métodos de interpretação e execução de decisões do sistema europeu de direitos humanos. c. O direito à vida e sua proteção. Pena de morte no Direito Internacional. Direito à intimidade, honra e imagem e as restrições possíveis. Liberdade de informação e sigilo de fonte. Note que se trata de um edital muito completo e esmiuçado. Cada assunto é detalhado ao extremo. Dessa forma, apontaremos no início de cada aula cada um dos assuntos contidos nos títulos de aulas para que vocês possam acompanhar como se dá o desenvolvimento do conteúdo. Metodologia do Curso Algumas constatações acerca da prova vindoura são importantes! Podemos afirmar que as aulas levarão em consideração as seguintes “fontes”. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Para tornar o nosso estudo mais completo, é muito importante resolver questões anteriores para nos situarmos diante das possibilidades de cobrança. Traremos questões de todos os níveis, inclusive questões cobradas em concursos jurídicos de nível superior de Direitos Humanos. Essas observações são importantes pois permitirão que possamos organizar o curso de modo focado, voltado para acertar questões objetivas e discursivas. Esta é a nossa proposta! Vistos alguns aspectos gerais da matéria, teçamos algumas considerações acerca da metodologia de estudo. As aulas em .pdf tem por característica essencial a didática. Ao contrário do que encontraremos na doutrina especializada de Direitos Humanos (Flávia Piovesan e Augusto Cançado Trindade, para citarmos os expoentes neste ramo jurídico), o curso todo se desenvolverá com uma leitura de fácil compreensão e assimilação. Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que necessário e importante os assuntos serão aprofundados. A didática, entretanto, será fundamental para que diante do contingente de disciplinas, do trabalho, dos problemas e questões pessoais de cada aluno, possamos extrair o máximo de informações para hora da prova. Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos informativos, resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar atenção” para as informações que realmente importam. Com essa estrutura e proposta pretendemos conferir segurança e tranquilidade para uma preparação completa, sem necessidade de recurso a outros materiais didáticos. Finalmente, destaco que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em .pdf é o contato direto e pessoal com o Professor. Além do nosso fórum de dúvidas, estamos disponíveis por e-mail e, eventualmente, pelo Facebook. Aluno nosso não vai para a prova com dúvida. Por vezes, ao ler o material surgem incompreensões, dúvidas, curiosidades, nesses casos basta acessar o computador e nos escrever. Assim que possível respondemos a todas as dúvidas. É notável a evolução dos alunos que levam a sério a metodologia. Assim, cada aula será estruturada do seguinte modo: FONTES Doutrina quando essencial e majoritária Assuntos relevantes no cenário jurídico Jurisprudência relevante dos Tribunais Superiores Legislação e Documentos Internacionais pertinentes ao assunto. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Apresentação Pessoal Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduado em Direito Processual. Estou envolvido com concurso público há 07 anos, aproximadamente, quando ainda na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui aprovado para o cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de São José dos Pinhais/PR e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciário nos TRT 4ª, 1º e 9º Regiões. Quanto à atividade de professor, leciono exclusivamente para concurso, com foco na elaboração de materiais em pdf. Temos, atualmente, cursos em Direitos Humanos, Legislação e Direito Eleitoral. Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei o prazer em orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que estamos iniciando. E-mail: rst.estrategia@gmail.com Facebook: https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos/ METODOLOGIA ESTRATÉGIA CARREIRA JURÍDICA Teoria de forma objetiva e direta com síntese do pensamento doutrinário relevante e dominante. Referência e análise da legislação pertinente ao assunto. Súmulas, orientações jurisprudenciais e jurisprudência pertinente comentadas. Muitas questões anteriores de provas comentadas. Resumo dos principais tópicosda matéria. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Cronograma de Aulas Vejamos agora a distribuição do conteúdo e o cronograma com as datas de disponibilização de cada aula. AULA CONTEÚDO DATA Aula 00 Apresentação do Curso, Cronograma de Aula e Introdução ao Estudo dos Direitos Humanos 1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos fundamentais. Estrutura. Fundamento. Evolução histórica. Os destinatários da proteção dos direitos humanos e os sujeitos passivos. 21.02 Aula 01 Teoria Geral dos Direitos Humanos 2.c. Interpretação dos direitos humanos. Resolução de conflitos entre direitos humanos. Limitabilidade dos direitos humanos. Restrições dos direitos humanos e suas espécies. Conteúdo essencial dos direitos humanos. 3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e seus usos. Fontes internacionais da proteção de direitos humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos humanos. Características das normas internacionais de direitos humanos. Normas internacionais imperativas de direitos humanos. 4 c. Universalidade dos direitos humanos. Multiculturalismo. Relativismo. Gramáticas diferenciadas de direitos. Abertura dos direitos humanos. Autonomia e indisponibilidade dos direitos humanos. 5. a. Direitos humanos e superioridade normativa. Indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos. Eficácia dos direitos humanos nas relações entre particulares. Interseccionalidade e os direitos humanos. 6. a. Direitos humanos e seu caráter erga omnes. Exigibilidade dos direitos humanos. Aplicabilidade imediata dos direitos humanos. As dimensões subjetiva e objetiva dos direitos humanos. 07.03 Aula 02 Proteção Internacional dos Direitos Humanos 8. a. Processos internacionais de proteção de direitos humanos. Espécies. Força vinculante dos tipos de deliberações internacionais de proteção de direitos humanos. Coordenação e conflito entre decisões internacionais de proteção de direitos humanos. Subsidiariedade da jurisdição internacional de direitos humanos. b. O sistema de relatórios periódicos nos tratados multilaterais de direitos humanos de âmbito global. O conteúdo das observações gerais dos Comitês criados por tratados multilaterais de direitos humanos. c. Justiça de transição, direito à verdade e à justiça. A proteção internacional dos direitos sexuais e reprodutivos. 21.03 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Aula 03 Tratados Internacionais de Direitos Humanos 1.c. Os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil. A formação, incorporação e hierarquia normativa. Duplo controle da proteção de direitos no Brasil. Os controles de convencionalidade e de constitucionalidade na proteção de direitos humanos. 6 c. Execução interna das decisões internacionais de direitos humanos. Supervisão internacional do cumprimento pelo Estado das deliberações de direitos humanos. O incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 04.04 Aula 04 Sistema Global de Direitos Humanos (regras gerais) 2. a. O sistema de petições individuais e interestatais nos tratados multilaterais de direitos humanos de âmbito global. A atuação da Corte Internacional de Justiça na proteção internacional de direitos humanos. 7. a. Internacionalização dos direitos humanos. Evolução histórica e antecedentes no Direito Internacional. O Direito Internacional de proteção às minorias. A Carta da Organização das Nações Unidas, e a Declaração e Programa de Ação de Viena. 7 c. Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: composição, competências e funcionamento. Procedimentos especiais no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: evolução histórica, trâmites, tipos de deliberações e efetividade. 9. a. A revisão periódica universal do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. A proteção de direitos humanos perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. 18.04 Aula 05 Sistema Global de Direitos Humanos (Bill of Rihts) 3.c. A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e culturais. Obrigações do Estado na garantia dos direitos sociais, econômicos e culturais e relações com os direitos civis e políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no sistema global e no sistema interamericano de direitos humanos. 7. a. a Declaração Universal de Direitos Humanos 02.05 Aula 06 Sistema Global de Direitos Humanos Convenções Específicas 4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais de direitos humanos adotados no âmbito da Organização das Nações Unidas. Os direitos previstos nos tratados de direitos humanos celebrados no âmbito da Organização dos Estados Americanos. 16.05 Aula 07 Sistema Global de Direitos Humanos Convenções Específicas (Estatuto de Roma e Convenções Penais) 5 b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. Mandados internacionais de criminalização. Responsabilidade não penal de indivíduos no direito internacional pela participação em graves violações de direitos humanos. 30.05 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Aula 08 Sistemas Locais de Direitos Humanos (OEA) – Pacto de San José da Costa Rica e Protocolo San Salvador. 3.c. A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e culturais. Obrigações do Estado na garantia dos direitos sociais, econômicos e culturais e relações com os direitos civis e políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no sistema global e no sistema interamericano de direitos humanos. 4. b. A Corte Interamericana de Direitos Humanos e sua jurisdição contenciosa e consultiva. Procedimentos. O conteúdo da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e sua atuação no âmbito da Convenção Americana de Direitos Humanos e demais tratados celebrados sob o patrocínio da Organização dos Estados Americanos. Procedimento das petições individuais e interestatais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 13.06 Aula 09 Sistema Locais de Direitos Humanos (convenções Específicas OEA) 4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais de direitos humanos adotados no âmbito da Organização das Nações Unidas. Os direitos previstos nos tratados de direitos humanos celebrados no âmbito da Organização dos Estados Americanos. 6 b. A Carta da Organização dos Estados Americanos e a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A atuação dos órgãos da Organização dos Estados Americanos na proteção de direitos humanos. 27.06 Aula 10 Grupos Vulneráveis (parte 01) 1.b. A proteção internacional no âmbito global e regional dos povos indígenas e comunidades tradicionais: órgãos, tratados e declarações. A proteção internacional da diversidade das expressões culturais. Os precedentes de tribunais e órgãos internacionais sobre os direitos dos povos indígenas. 2.b. A proteção internacional da integridade pessoal. Tortura como crime internacional. Tratados internacionais contra a tortura, tratamento cruel ou desumano celebrados pelo Brasil. O Protocolo de Istambul. A jurisprudência internacional sobre a tortura, tratamento cruel ou desumano. 11.07 Aula 11 Grupos Vulneráveis (parte 02) 3.b. Proteção dos direitos das mulheres no Direito Internacional. Igualdade de gênero.Tratados internacionais no âmbito global e regional. A implementação no Brasil da promoção e proteção dos direitos das mulheres. 26.07 Aula 12 Grupos Vulneráveis (parte 03) 7 b. Proteção dos direitos das pessoas com deficiência no direito internacional: órgãos, tratados e declarações. Direitos das pessoas com transtornos mentais. Direitos das pessoas com transtorno do espectro autista. 10.08 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques c. O direito à vida e sua proteção. Pena de morte no Direito Internacional. Direito à intimidade, honra e imagem e as restrições possíveis. Liberdade de informação e sigilo de fonte. 9 c. Liberdade de locomoção. Liberdade de associação. Liberdade de consciência e liberdade religiosa. Liberdade de pensamento e expressão. A proteção internacional aos direitos dos presos. Aula 13 Grupos Vulneráveis (parte 04) 5 b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. Mandados internacionais de criminalização. Responsabilidade não penal de indivíduos no direito internacional pela participação em graves violações de direitos humanos. Direito à igualdade. Dimensões da igualdade e dever de inclusão. As medidas voltadas à implementação da igualdade. Igualdade racial. O combate à discriminação direta e indireta. Racismo institucional. 24.08 Aula 14 9 b. Política Nacional de Direitos Humanos. O Conselho de Direitos Humanos. Institutos e órgãos de defesa de direitos humanos. A instituição nacional de direitos humanos e a Organização das Nações Unidas. O Ministério Público e a defesa dos direitos humanos. 07.09 Essa é a distribuição dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes poderão ocorrer, especialmente por questões didáticas. De todo modo, sempre que houver alterações no cronograma acima, vocês serão previamente informados, justificando-se. 0 00000000000 - DEMO ==0== Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 1 - Considerações Iniciais Na aula de hoje vamos estudar a Teoria Geral dos Direitos Humanos. Veremos os seguintes tópicos: 1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos fundamentais. Estrutura. Fundamento. Evolução histórica. Os destinatários da proteção dos direitos humanos e os sujeitos passivos. Veremos, ainda, um assunto que estava previsto para a Aula 01, mas que traremos aqui por questões didáticas. Veja: 3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e seus usos. Fontes internacionais da proteção de direitos humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos humanos. Características das normas internacionais de direitos humanos. Normas internacionais imperativas de direitos humanos. Antes de iniciar, gostaria de deixar um convite a vocês: CURTAM NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK, ESPECÍFICA DE DIREITOS HUMANOS. Lá teremos diversas informações úteis, provas comentadas, artigos, tudo sobre provas de Direitos Humanos. Aproveitem! https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos Boa aula! 2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos 2.1 - Conceito e terminologia A matéria Direitos Humanos pode ser conceituada como o conjunto de direitos inerentes à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio do Estado e do estabelecimento da igualdade como o aspecto central das relações sociais. A definição consagrada na doutrina atualmente é a de Antônio Peres Luño1, segundo o qual os direitos humanos constituem um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. A essência do conceito de Direitos Humanos centra-se na proteção aos direitos mais importantes das pessoas, notadamente, a dignidade. 1 PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de derecho y Constitución. 5. edição. Madrid: Editora Tecnos, 1995, p. 48. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Afirmam os estudiosos, portanto, que a base dos Direitos Humanos é a dignidade da pessoa. Mas o que é dignidade? Segundo Fábio Konder Comparato2, dignidade é a convicção de que todos os serem humanos têm direito a ser igualmente respeitados, pelo simples fato de sua humanidade. Em palavras mais simples: assegurar a dignidade de um ser humano é respeitá- lo e tratá-lo de forma igualitária, independentemente de quaisquer condições sociais, culturais ou econômicas. Quanto à terminologia, a expressão que se disseminou é a de “direitos humanos”, contudo, várias são as expressões que podem ser consideradas sinônimas, por exemplo: “direitos fundamentais”, “liberdades públicas”, “direitos da pessoa humana”, “direitos do homem”, “direitos da pessoa”, “direitos individuais”, “direitos fundamentais da pessoa humana”, “direitos públicos subjetivos”. Três considerações são importantes. Os doutrinadores afirmam que a expressão Direitos Humanos é pleonástica, pois o termo “direitos” pressupõe o ser humano. Não é possível conceber direitos de um carro, direito de um animal etc. Somente o ser humano pode ser sujeito de direitos, um carro ou animal poderão, por outro lado, ser objetos de direito. Portanto, falar em “Direitos Humanos” é falar a mesma coisa duas vezes. Isso é pleonasmo. De toda forma, a doutrina, a exemplo de Fábio Konder Comparato, diz que é melhor falarmos em direitos humanos, porque o termo remete à ideia de que esses direitos constituem exigências e comportamentos que devem valer para todos os indivíduos em razão de sua condição humana. Para evitar confusões, devemos distinguir Direitos Humanos de Direitos Fundamentais. Apenas para nos situarmos, vejamos a definição de Ingo Wolfgang Sarlet3, doutrinador consagrado no tema: Os direitos fundamentais, ao menos de forma geral, podem ser considerados concretizações das exigências do princípio da dignidade da pessoa humana. Como vocês podem perceber, os conceitos são praticamente idênticos. Assim, a distinção não reside no conteúdo de tais direitos, mas no plano de positivação. Melhor explicando: 2 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 7ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 13. 3 SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Diretos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 110. IDEIA CENTRAL DOS DIREITOS HUMANOS prover meios e instrumentos jurídicos para a defesa da dignidade das pessoas 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Direitos Humanos referem-se aos direitos universalmente aceitos na ordem internacional; e Direitos Fundamentais: constituem o conjunto de direitos positivados na ordem interna de determinado Estado. Nesse aspecto, vejamos as lições de Rafael Barreto4: Apesar da variação de plano de positivação não há, em verdade, diferença de conteúdo entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, eis que os direitos são os mesmos e objetivam a proteção da dignidade da pessoa. Fala-se, ainda, em centralidade dos Direitos Humanos, no sentido de que a disciplina é importante em razão da matéria que tutela. Não é possívelse pensar em um Estado Democrático de Direito, como é o Brasil, sem criar uma série de direitos e garantias para tutelar a dignidade da pessoa. Portanto, dizemos que os direitos humanos são matéria central, tendo em vista que são imprescindíveis para que a ordenamento jurídico afirme direitos das pessoas e limite a atuação estatal contra arbitrariedades. Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015 Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos direitos humanos. O principal fundamento dos direitos humanos no Brasil refere-se à dignidade da pessoa humana. Por essa razão, além de haver consenso acerca do conteúdo desse princípio, ele é válido somente para os direitos humanos consagrados explicitamente na CF. Comentários 4 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl., Salvador: Editora JusPodvim, 2012, p. 25. DIREITOS HUMANOS conjunto de valores e direitos na ordem internacional para a proteção da dignidade da pessoa DIREITOS FUNDAMENTAIS conjunto de valores e direitos positivados na ordem interna de determinado país para a proteção da dignidade da pessoa. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques A assertiva está incorreta. Primeiramente, é importante esclarecer que a primeira parte da assertiva é confusa, não há verdadeiramente um consenso em relação ao fundamento dos Direitos Humanos. A dignidade da pessoa constitui o objeto central ou, ao menos, o principal direito humano que temos. Porém, não é tecnicamente correto afirmar que o fundamento da disciplina está na dignidade. Fora esse aspecto, encontra-se incorreta a assertiva na segunda parte. Existem outros direitos para além daqueles explícitos no texto constitucional. Como bem sabemos existem princípios implícitos que revelam normas de direitos humanos. Ademais, não há consenso acerca do conteúdo da dignidade. Pelo contrário, há muita dificuldade em se fixar o conceito de dignidade. 2.2 - Estrutura Normativa Os direitos humanos apresentam uma característica marcante: possuem estrutura normativa aberta. E que o seria uma estrutura normativa aberta? Estudamos em Direito Constitucional que as normas jurídicas compreendem regras e princípios. As regras são enunciados jurídicos tradicionais, que preveem uma situação fática e, se essa ocorrer, haverá uma consequência jurídica. Por exemplo, se alguém violar o direito à imagem de outrem (fato), ficará responsável pela reparação por eventuais danos materiais e morais causados à pessoa cujas imagens foram divulgadas indevidamente (consequência jurídica). Os princípios, por sua vez, segundo ensinamentos de Robert Alexy, são denominados de “mandados de otimização”, porque constituem espécie de normas que deverão ser observadas na maior medida do possível. Parece difícil, mas não é! Prevê art. 5º, LXXVIII, da CF, que a todos será assegurada a razoável duração do processo. Esse é um princípio! Não há aqui definição de até quanto tempo será considerado como duração razoável para, se ultrapassado esse prazo, aplicar a consequência jurídica diretamente. Não é possível dizer, de antemão, se um, cinco ou 10 anos é um prazo razoável. Por se tratar de princípio, deve-se procurar, na melhor forma possível, fazer com que o processo se desenvolva de forma rápida e satisfatória às partes. Por conta disso, um processo trabalhista, que comumente envolve direito de caráter alimentar, deve tramitar mais rápido (mais célere) quando comparado a um processo-crime, por exemplo. É importante resolvê-lo rapidamente, para que o empregado tenha acesso aos créditos decorrentes em razão da natureza alimentícia. No processo penal, para uma completa defesa do réu, é necessário que o processo seja burocrático, atentando-se a diversos detalhes que tornam o procedimento mais demorado. É importante decidir com cuidado, para evitar injustiça, porque uma condenação infundada é muito prejudicial. Não há, portanto, como definir um prazo, a priori, no qual o processo seja considerado tempestivo. Assim, fala-se em mandado de otimização, uma vez que 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques o princípio da celeridade deve ser observado na medida do possível e de acordo com as circunstâncias específicas. As regras, por sua vez, são aplicadas a partir da técnica da subsunção, ou seja, se ocorrer a situação de fato haverá a incidência da consequência jurídica prevista. Ou a regra aplica-se àquela situação ou não se aplica (técnica do “tudo ou nada”). Para os princípios, ao contrário, a aplicação pressupõe o uso da técnica de ponderação de interesses, pois a depender da situação fática assegura-se com maior, ou menor, amplitude o princípio (técnica do “mais ou menos”). Retornando ao exemplo, para o processo do trabalho, o decurso de 2 anos poderá implicar violação ao princípio da celeridade; para o processo crime o decurso de 5 anos não implicará, necessariamente, violação do mesmo princípio. E qual a importância disso tudo para os Direitos Humanos? A estrutura normativa dos Direitos Humanos é formada principalmente por um conjunto de princípios. Numa situação prática, você pode se defrontar com trabalho em condições tão degradantes e precárias que, embora não configurem escravidão no próprio sentido da palavra, permitirão afirmar que aquela situação se assemelha à condição análoga de escravo, de acordo com os princípios e regras envolvidos. São situações em que há tentativa de se mascarar a realidade dos fatos, impondo-se ao empregado jornadas extenuantes, cobrança de valores exorbitantes a título de moradia e ou de instrumentos para o trabalho, entre outros abusos. Além disso, em termos normativos, devemos frisar que tanto as regras como os princípios são considerados espécie de normas, logo, possuem normatividade. Hoje não é mais aceita a ideia clássica de que os princípios constituem tão somente instrumentos interpretativos e orientadores da aplicação do direito. Essa é apenas uma das funções dos princípios. REGRAS mandados de determinação aplicado por subsunção técnica do "tudo ou nada" PRINCÍPIOS mandados de otimização aplicado por ponderação de interesses técnica do "mais ou menos" NORMAS JURÍDICAS regras princípios 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques A partir dessa característica peculiar que se revela na estrutura normativa dos Direitos Humanos, podemos identificar alguns princípios fundamentais na consolidação da disciplina: ➢ Dignidade da pessoa humana; ➢ Democracia; ➢ Razoabilidade-proporcionalidade. Vamos analisá-los, de forma objetiva, em separado. Dignidade da pessoa humana A dignidade deve ser considerada como valor base de todo e qualquer ordenamento jurídico. Pauta-se na ideia de uma conduta justa, moral e democrática, de modo que a pessoa é colocada no centro das regras jurídicas. Justamente devido a sua importância, a dignidade é colocada como base fundamental do direito interno de qualquer Estado ou mesmo internacional. Não é possível estabelecer um conceito único de dignidade. Para fins de prova, devemos ter em mente que a dignidade constitui um valor ético, por intermédio do qual a pessoa é considerada sujeito de direitos e obrigações, que devem ser assegurados para garantir a personalidade, os quais são garantidos pela simples existência. Nesse contexto, veja o conceito de André de Carvalho Ramos5:Assim, a dignidade humana consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência. Consiste em atributo que todo indivíduo possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer outra condição referente à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc. Com base no conceito acima, é possível identificar dois elementos que caracterizam a dignidade da pessoa humana: 1º elemento negativo: vedação à imposição de tratamento discriminatório, ofensivo ou degradante; e 2º elemento positivo: busca por condições mínimas de sobrevivência, da qual decorre a ideia de mínimo existencial. Para encerrar esse tópico vamos abordar os “usos possíveis” do termo “dignidade humana”. Trata-se de uma análise pautada no pensamento de André de Carvalho 5 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 (versão digital). ESTRUTURA NORMATIVA DOS DIREITOS HUMANOS possuem normatividade aberta, com maior incidência de princípios do que de regras 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Ramos6, mas que possui relevância porque é construída a partir da jurisprudência do STF. Para o autor é possível identificar os seguintes usos do termo: USO DO TERMO NA FUNDAMENTAÇÃO (EFICÁCIA POSITIVA). A dignidade da pessoa é utilizada como fundamento para a criação jurisprudencial de novos direitos, a exemplo do “direito à busca da felicidade”. USO DO TERMO NA INTERPRETAÇÃO ADEQUADA. Ao abordar determinado tema, a dignidade da pessoa é utilizada como parâmetro interpretativo. Por exemplo, ao tratar da celeridade da prestação jurisdicional, a dignidade é alcançada, de acordo com a jurisprudência do STF, quando a prestação jurisdicional é tempestiva. USO DO TERMO PARA IMPOR LIMITES AO ESTADO. A dignidade assume na jurisprudência papel limitador da atuação estatal, a exemplo da limitação do uso de algemas. USO DO TERMO PARA SUBSIDIAR A PONDERAÇÃO DE INTERESSES. Na técnica de aplicação dos princípios a dignidade é ventilada, nos julgados do STF, para determinar a prevalência de um princípio em relação ao outro. Foi utilizada tal interpretação para afastar o trânsito em julgado de uma ação de paternidade. Vale dizer, em nome da dignidade, prestigia-se o direito à informação genérica em detrimento da segurança jurídica decorrente da coisa julgada. Por fim, embora constitua o centro axiológico do nosso ordenamento jurídico, devemos tomar cuidado com a banalização do termo, pois, quando tudo encontra fundamento na dignidade humana, esse valor nada servirá para determinar. Democracia A democracia também é fundamental na estrutura principiológica dos Direitos Humanos, na medida em que somente em Estados democráticos é possível cogitar o exercício de direitos. A democracia relaciona-se com o exercício da soberania popular, sendo conceituada pela doutrina7 como: A qualidade máxima do poder extraída a da soma dos atributos de cada membro na sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário. A democracia envolve a noção de cidadania e de coletividade, por intermédio da qual a pessoa deixa de ter uma visão egoística, para se importar com valores éticos e justos, com o objetivo de assegurar o respeito aos direitos mais básicos da coletividade. 6 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 (versão digital). 7 BULOS, Uadi Lammêgo; Constituição Anotada, 5º edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 480. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Razoabilidade-proporcionalidade A inclusão da razoabilidade e da proporcionalidade como critério interpretativo proporciona uma abertura de valores na aplicação do Direito. O operador do Direito não deve se limitar à subsunção (aplicação do fato à norma). Há, evidentemente, uma série de princípios e valores a serem aplicados ao caso concreto que irão reclamar um juízo de ponderação. Esse juízo tão melhor será quanto mais razoável e proporcional for a interpretação. Não é uma tarefa fácil, mas que releva a pretensão de se conferir real importância aqueles direitos que possuem fundamental relevância, ante o emaranhado de normas jurídicas do ordenamento. Além de conduzirem a melhor opção do intérprete, a razoabilidade e proporcionalidade evitam interpretações esdrúxulas, contrária aos fundamentos do ordenamento jurídico. 2.3 - Classificação dos Direitos Humanos A classificação é um recurso didático que tem por finalidade permitir uma visão global de determinado assunto, a partir de categorias e grupos de temas. Em nosso estudo, faz-se necessário estudar de forma objetiva e direta a classificação dos Direitos Humanos. Segundo a doutrina, a classificação dos Direitos Humanos traduz como se deu a aplicação desses direitos ao longo do tempo. É também, portanto, reflete uma análise histórica da matéria. Para a nossa prova vamos abordar a temática a partir de duas visões: a de Georg Jellinek e a explicitada no caso Lüth. Teoria dos status de Jellinek A teoria de Jellinek relaciona o homem e o Estado. A partir dessa relação é possível alcançar quatro resultados: sujeição, defesa, prestacional e participativo. De forma objetiva: 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Com base nos quatro status acima, é possível delinear uma classificação dos Direitos Humanos em: direitos humanos de defesa; direitos humanos prestacionais; direitos humanos de participação. Os direitos humanos de defesa caracterizam-se por constituir uma prerrogativa que poderá ser utilizada pela pessoa contra eventuais arbítrios estatais. Constituem, portanto, direitos de cunho negativo, que resguardam a liberdade dos indivíduos. Os direitos humanos prestacionais relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa exigir uma conduta ativa do Estado a fim promover os direitos mais básicos. Esses direitos, de cunho positivo, tutelam os direitos de igualdade. Note que as duas primeiras classificações se relacionam com um assunto “corriqueiro” em Direitos Humanos (e, também, em Direito Constitucional): as dimensões. Realmente é uma visão muito próxima! Pela primeira classificação temos a primeira dimensão; pela segunda classificação temos a segunda dimensão. A terceira classificação de direitos humanos de Jellinek foge, entretanto, à classificação das dimensões! Os direitos humanos de participação envolvem a participação política da pessoa, por intermédio da qual exigir é possível exigir uma abstenção ou uma prestação. Temos, portanto, uma natureza mista, que se revela na defesa dos direitos de liberdade (como, o direito de votar) e dos direitos de igualdade (a exemplo da realização periódica de eleições, com a permissão ampla dos cidadãos como candidatos). Para fins de prova, devemos memorizar: status subjectionis relação na qual a pessoa encontra-se em estado de sujeição em relação ao Estado. status negativus relação na qual a pessoa detém tão somente a prerrogativa de exigir uma abstenção do Estado status positivus relação na qual a pessoa tem a possibilidade de exigir prestações do Estado statusactivus relação na qual a pessoa poderá participar na formação da vontade do Estado 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Classificação do Caso Lüth Essa análise foi construída a partir do julgamento do “Caso Lüth” pelo Tribunal Constitucional Alemão. A partir da visão de Jellinek foram estabelecidos grupos de direitos, tendo em vista as pessoas a serem protegidas. Trata-se de uma classificação subjetiva, pois ao sujeito é dada a garantia de abstenção, a possibilidade de buscar uma prestação e, também, de participar politicamente. Aqui, nessa classificação, faz-se uma análise objetiva. A ideia é transcender a visão subjetiva da classificação de Jellinek, levando em consideração a coletividade como um tudo. Em tal análise objetiva, entende-se que todos os direitos possuem um viés negativo e positivo ao mesmo tempo. O que varia é a carga entre uma e outra, de modo que os direitos ditos prestacionais possuem tão somente uma carga prestacional mais significativa, ao passo que os direitos negativos, possuem uma carga abstencionista mais intensa. Vejamos como o assunto já foi cobrado em prova: Questão – FUNCAB - SEPLAG-MG – Direito - 2014 Consoante a teoria dos status dos direitos fundamentais, de autoria de Jellinek, o direito à saúde, tal como previsto na Constituição Federal, é considerado fundamental de status: a) ativo. b) negativo. c) passivo. d) positivo. DIREITOS DE DEFESA defesa dos direitos liberdade exigem uma abstenção estal negativos DIREITOS PRESTACIONAIS promoção dos direitos de igualdade exigem uma atuação estatual positivos DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO viabilizam a participação do indivíduo na sociedade exigem, ao mesmo tempo, abstenção e prestação misto 0 00000000000 - DEMO 0 Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Comentários O direito à saúde constitui um direito prestacional, por meio do qual a pessoa poderá exigir do Estado os meios e instrumentos necessários a fim de lhe garantir uma vida saudável. Portanto, trata-se de direito positivo, de modo que a alternativa D é a correta e gabarito da questão. 2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos Vimos que a base dos direitos humanos é a dignidade da pessoa. Nesse tópico vamos investigar por que a dignidade é a base da disciplina, ou seja, os fundamentos dos Direitos Humanos. Esse tema é complexo e abstrato, envolvendo conceitos históricos e discussões filosóficas. Entretanto, como o assunto é recorrente em provas, vamos trazer os assuntos de forma sucinta e didática, com destaque para as principais informações, em duas linhas de pensamento. Por fundamentação compreendem-se as razões que legitimam e que motivam o reconhecimento dos Direitos Humanos. Impossibilidade de delimitação dos fundamentos Formou-se, na doutrina, a corrente negativista que nega a possibilidade de ser definido um fundamento para os Direitos Humanos. Há quem entenda, a exemplo de Norberto Bobbio, que é impossível definir o fundamento de nossa disciplina, por 3 motivos: 1. Existem divergências quanto à definição de qual seria o conjunto de direitos abrangidos. Assim, não seria possível definir o fundamento, pois nem se sabe ao certo quais são os direitos compreendidos em nossa disciplina; 2. Em razão de sua historicidade, os Direitos Humanos constituem disciplina que está em constante evolução; e 3. Direitos Humanos constituem uma categoria de direitos heterogênea, por vezes conflituosa, exigindo do aplicador a técnica da ponderação de interesses. Para outros doutrinadores, como o autor espanhol Peres Luño, não é possível identificar o fundamento dos Direitos Humanos porque esses direitos são consagrados a partir de juízos de valor. Vale dizer, são consagrados por opções morais que, por definição, não podem ser comprovadas ou justificadas, mas apenas aceitas por convicção pessoal. O que significa isso? Consiste no fato de que não existe uma norma, como é o texto constitucional de um Estado, que seja fundamento de validade para as demais normas de determinado ordenamento jurídico. Em Direito Constitucional estudamos que a Constituição é fundamento de validade para todas as normas infraconstitucionais. Já na seara dos Direitos Humanos, como inexiste um referencial (como a 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Constituição), cada organismo internacional poderá compreender o fundamento da disciplina de acordo com suas concepções morais e juízos de valor. Para esses autores o fato de os direitos humanos possuírem estrutura aberta impede que se delimitem os fundamentos dos direitos humanos. Fundamentos Paralelamente à corrente que nega a possibilidade de delimitação dos Direitos Humanos, foi construída pela doutrina uma série de fundamentos que somados constituem os fundamentos dos Direitos Humanos. Estudaremos fundamentos principais: • o jusnaturalista; • o positivista; e • o moral. Fundamento Jusnaturalista Para a corrente jusnaturalista, o fundamento dos Direitos Humanos está em normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de um conjunto de ideias, de origem divina ou fruto da razão humana. Assim, para essa corrente de pensamento, os Direitos Humanos seriam equivalentes aos direitos naturais, consequência da afirmação dos ideais jusnaturalistas. Uma característica importante da corrente jusnaturalista é o cunho metafísico, uma vez que os Direitos Humanos encontram fundamento na existência de um direito pré-existente ao direito produzido pelo homem, oriundo de: • Deus escola de direito natural de razão divina; ou • da natureza inerente do ser humano escola de direito natural moderna. Em crítica a esse fundamento, argui-se que os direitos humanos são históricos, ou seja, conquistados pela sociedade em razão das confluências sociais e culturais, de forma que os Direitos Humanos não são pré-existentes a tudo que existe de normativo. De todo modo, essa corrente é importante, uma vez que influenciou e ainda influencia o desenvolvimento dos Direitos Humanos, tal como se extrai da jurisprudência do STF, de acordo com os ensinamentos de André de Carvalho Ramos8. Vejamos alguns exemplos: Ao se pronunciar sobre o tema bloco de constitucionalidade, o Min. Celso de Mello9 discorreu que os direitos naturais integram o referido bloco. 8 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 (versão digital). 9 ADI 595/ES, Rel. Celso de Mello, 2002, DJU de 26-2-2002. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado. Em sentido estrito, bloco de constitucionalidade refere-se às normas que servem de parâmetro para o controle de constitucionalidade.Em sentido amplo, por bloco de constitucionalidade devemos compreender o conjunto das normas do ordenamento jurídico que tenham status constitucional. É nesse sentido que o assunto ganha relevância para o estudo de Direitos Humanos. Assim, além das normas formalmente constitucionais, todas as normas que versem sobre matéria constitucional, tal como os direitos humanos (segundo referência acima do STF) e os tratados internacionais de direitos humanos serão considerados materialmente constitucionais. Ao tratar sobre o direito à greve como causa suspensiva do contrato de trabalho, o Min. Marco Aurélio10 abordou-o como direito natural. Em síntese, na vigência de toda e qualquer relação jurídica concernente à prestação de serviços, é irrecusável o direito à greve. E este, porque ligado à dignidade do homem – consubstanciando expressão maior da liberdade a recusa, ato de vontade, em continuar trabalhando sob condições tidas como inaceitáveis –, merece ser enquadrado entre os direitos naturais. Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práticas que acabem por negá-lo (...) consequência da perda advinda dos dias de paralisação há de ser definida uma vez cessada a greve. Conta-se, para tanto, com o mecanismo dos descontos, a elidir eventual enriquecimento indevido, se é que este, no caso, possa se configurar. Os julgados acima bem exemplificam que embora não seja a tese prevalente para a defesa de direitos humanos, por vezes, é reportado como um dos fundamentos da nossa disciplina. Fundamento positivista Segundo o fundamento positivista, a formação dos Estados Constitucionais de Direito, como é o caso do Brasil, levou à inserção de Direitos Humanos nas constituições. Desse modo, se os Direitos Humanos estiverem escritos em textos legais são considerados Direitos Humanos. Antes de serem positivados, são considerados apenas valores e juízos morais. Acerca dessa corrente leciona André de Carvalho Ramos11: O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da lei positiva, cujo pressuposto de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Assim, os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal. 10 SS 2.061 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Presidente, DJU 30-10-2001. 11 RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica). 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Essa corrente não pode ser considerada unilateralmente, pois a necessidade de positivação do direito enfraquece-o. Não é possível aceitar que somente os direitos humanos positivados no âmbito internacional ou internamente possam ser assegurados. Ademais, adotando-se unilateralmente a tese positivista, se a lei for omissa ou mesmo contrária à dignidade humana, estaremos diante de uma precarização dos Direitos Humanos, o que é inaceitável. Fundamento Moral Para finalizar, vejamos a fundamentação moral, segundo a qual os direitos humanos consistem no conjunto de direitos subjetivos originados diretamente dos princípios, independentemente da existência de regras prévias. Assim, os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem sua validade por normas positivadas, mas extraem validade diretamente de valores morais da coletividade humana. Entende-se que a moralidade integra o ordenamento jurídico por meio de princípios, referindo-se às exigências de justiça, de equidade ou de qualquer outra dimensão da moral. Existe, portanto, um conteúdo ético na fundamentação dos Direitos Humanos, no que se refere à necessidade de assegurar uma vida digna às pessoas. Quadro sinótico Impossibilidade de delimitação dos Fundamentos Nega a possibilidade de fundamentação dos direitos humanos, por vários motivos: ✓ há divergências quanto à abrangência; ✓ estão em constante evolução; ✓ constituem categoria heterogênea; ✓ são consagrados a partir de juízos de valor, que não podem ser justificados e comprovados. ✓ constitui disciplina universalmente aceita e fundada na moral. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Em suma: Finalmente, registre-se que há outros fundamentos apontados pela doutrina, tal como o racionalista, bem como doutrinas utilitaristas e comunistas que criticam os fundamentos dos Direitos Humanos. Entretanto, em razão da objetividade e das pretensões desse curso, deixaremos de abordar o assunto. 3 - A sacralidade da pessoa e a dignidade humana 3.1 - Sacralidade: Iluminismo versus cristianismo O estudo da sacralidade da pessoa e da dignidade, requer a compreensão da estrutura normativa dos Direitos Humanos. Veremos o porquê. Mas e o que seria a dita “sacralidade da pessoa e da dignidade” frente à estrutura supramencionada? Essa discussão tomou corpo com a obra de Hans Hoas intitulada “A sacralidade da pessoa”. O autor busca discutir, em verdade, a fundamentação histórica da disciplina. Para alguns os Direitos Humanos surgem com o iluminismo, quando o homem é colocado como o centro das atenções, ao invés de Deus. Para outros que se defende aqui, os Direitos Humanos surgem da tradição judaico-cristã. Qual é a tese adotada pelo autor? NENHUMA! Isso mesmo, o autor busca romper com uma ou outra posição teórica para compreender que os Direitos Humanos surgem de um profundo •Normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de um conjunto de ideias, fruto da razão humana. •CRÍTICA: os Direitos Humanos não são direitos naturais, pré-existentes e superiores a quaisquer espécie normativa, mas decorrente da evolução histórica da sociedade FUNDAMENTO JUSNATURALISTA •São Direitos Humanos os valores e os juízos condizentes com a dignidade positivados no ordenamento. •CRÍTICA: considerá-lo como único fundamento enfraquece a proteção, porque diante da omissão legislativa ou contrária à dignidade, permite-se a precarização de tais direitos FUNDAMENTO POSITIVISTA •Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da coletividade humana. FUNDAMENTO MORAL É possível delimitar os fundamentos dos Direitos Humanos que se consagraram ao longo do tempo segundo diversas correntes filosóficas. Juntos, os fundamentos jusnaturalista, positivista e moral justificam a importância dos Direitos Humanos para a sociedade contemporânea. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques processo de “sacralização da pessoa”. A pessoa torna-se uma instituição sagrada, não em razão da ideologia cristã necessariamente, envolve o desenvolvimento político, o pensamento cristão, o desenvolvimento da ciência, a evolução cultural da sociedade. Todos esses fatores levaram à sacralização da pessoa e da dignidade, o que resultou no surgimento e consolidação dos Direitos Humanos e, posteriormente, com a normatização da dignidade para a defesa da pessoa como uma instituição sagrada. Vejamos, portanto, como que se estrutura a normatização da dignidade da pessoa em face da relevância que o tema alçou na comunidade internacional. 4 - Teoria crítica dos Direitos Humanos “Teoria Crítica dos Direitos Humanos” refere-se à conhecida obra de Joaquín Herrera Flores. Para fins de concurso público não vale o esforço tratar de toda a obra do autor. De toda forma, comomencionado em edital vamos, aqui, sintetizar as principais ideias lançadas na obra. Como você verá o estudo do autor constitui uma verdadeira complementação da discussão que teremos nessa aula acerca das características da universalidade e da relatividade. A discussão central da obra de Herrera está em analisar a origem histórica dos Direitos Humanos, a partir de uma análise crítica. Muito embora seja intitulada doutrina crítica, o autor não pretende desconstruir o pensamento construído até então acerca da origem e evolução dos Direitos Humanos. Entende o autor que a construção dos Direitos Humanos envolve os denominados “processos reativos dos seres humanos”. Assim, acontecimentos revolucionários marcaram o surgimento e desenvolvimento da disciplina. Esses acontecimentos envolvem os denominados “processos sociais, econômicos, políticos e normativos”. Em razão disso, entende o autor que cada comunidade possui um entender específico sobre quais são os direitos mais importantes do ser humano. Ou seja, os Direitos Humanos caracterizam-se por serem relativos. Essa ideia de relativismo cultural imanente à teoria de Herrera Flores se contrapõe a outra característica relevante do autor: o universalismo. De acordo com o autor, as culturas hegemônicas se fecharam sobre si mesmo e levaram às demais culturas o “outro como civilizado”, uma cultura externa como a correta a ser aplicada em termos universais. Assim, conclui o autor que é necessário descontruir o conceito de Direitos Humanos fundado a partir de juízos e valores universais, que foram utilizados para: 1º - ferramenta de colonização Os Direitos Humanos são utilizados como fontes legitimadoras de novos sistemas de relação social, tal como o capitalismo. 2º - instrumento de libertação 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Os Direitos Humanos são utilizados como instrumento de mobilização da sociedade contra a hegemonia das relações sociais impostas pelo capital. Nesse contexto, o autor entende que os Direitos Humanos podem ser utilizados para embasar reações políticas, econômicas, sociais ou até mesmo jurídicas, de acordo com o momento ou circunstâncias da sociedade. Contudo, em todas essas confluências, os Direitos Humanos não permitem descurar da busca pela dignidade. Assim, conclui o autor que os Direitos Humanos não constituem um Direito Natural, compreendido como um fenômeno natural (acabado, metafísico e transcendente), mas como produto cultural, própria de cada formação social, cujo objetivo unânime é a dignidade da pessoa. Temos, portanto, na doutrina de Herrera Flores: O VIÉS DO RELATIVISMO CULTURAL COM FOCO NA DIGNIDADE HUMANA COMO PONTO UNIVERSAL. Portanto, a dignidade constitui um núcleo comum e universal capaz de permitir o diálogo entre as diferentes formas de existir dos Direitos Humanos. A fim de construir a defesa universal da dignidade, o autor propõe a construção de “espaços de encontro” entre as diversas culturas (com reações, ações e intervenções próprias). A fim de construir um espaço de encontro entre as diversas formas de ação, o autor propõe “seis decisões iniciais”. 1ª DECISÃO: “pensar é pensar de outro modo”. Ao pensar os Direitos Humanos devemos criar novos modelos deixando as diferenças às claras, notadamente quanto envolver ordem hegemônicas. Trata-se, em verdade, da adoção de uma postura crítica em relação ao que é dado e que orienta todo o processo cultural. 2ª DECISÃO: “da negatividade à afirmação ontológica e axiológica”. Trata-se de propor a possibilidade de diálogo para se chegar ao conteúdo de dignidade, conceito esse variável. 3ª DECISÃO: “pensar as lutas pela dignidade humana significa problematizar a realidade”. Envolve a análise crítica da realidade, na conceituação da dignidade ao serem analisados os acontecimentos históricos. 4ª DECISÃO: “da utopia às heterotopias”. No processo crítico de análise dos acontecimentos históricos, não devemos buscar a utopia, mas algo novo e possível. 5ª DECISÃO: “a indignação diante do intolerável deve nos induzir ao encontro positivo e afirmativo de vontades críticas”. A finalidade central da análise crítica é fixar pontos de repúdio contra determinadas práticas violadoras da dignidade intoleráveis. A crítica por si 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques só não tem conteúdo se não gerar a indignação contra o intolerável, com atenção ao nosso redor, modo de existência e ao nosso tempo. 6ª DECISÃO: “nem tudo vale o mesmo”. Os Direitos Humanos são produtos culturais e, assim, não podem ser universais, mas formas diferentes de buscar a dignidade. Essas são, portanto, as bases a teoria crítica dos Direitos Humanos, segundo Herrera Flores. 5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos O estudo da afirmação histórica dos Direito Humanos remete à análise dos fatos históricos que levaram ao surgimento de direitos e de garantias protetivos da dignidade das pessoas. Vimos que os Direitos Humanos são históricos e que foram criados de acordo com a evolução da sociedade. Assim, estudar a afirmação histórica dos Direito Humanos é estudar a história dessa disciplina. Segundo Norberto Bobbio, os direitos humanos não nascem “de uma vez por todas”, mas estão, segundo leciona Hannah Arendt, em processo de constante reconstrução. No Brasil, o autor referência para o estudo da história dos Direitos Humanos é Fábio Konder Comparato, que possui uma obra de 600 páginas, aproximadamente, apenas sobre esse assunto. Como esse autor é considerado frequente em provas, vamos sintetizar, neste tópico, os principais marcos históricos relacionados em sua obra, sempre de forma didática e objetiva. Ao iniciar sua obra, discorre o referido autor12: O que se trata, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda História: a revelação de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos demais. Pessoal, para que compreendamos a afirmação histórica dos Direitos Humanos vamos dividir o estudo em 2 partes: 1º. afirmação do conceito de pessoa na história; 2º. grandes etapas históricas na afirmação dos direitos humanos. 5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história O conceito de pessoa como objeto de reflexão na filosofia passa por um processo que evolui paulatinamente ao longo de vários séculos. Neste tópico vamos estudar os fundamentos para a compreensão da pessoa humana e a afirmação da existência dos direitos humanos. 12 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 13. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques O homem ter passado a ser o centro das reflexões humanas implicou uma série de reflexões acerca da pessoa e da igualdade de tratamento entre elas, pelo simples fato de serem humanos. Vários são os pensadores e momentos históricos relevantes em torno do estudo da pessoa, da igualdade e da dignidade. Esses pensadores e momentos históricos refletem um conjunto de ideais que levaram à construção dos direitos humanos na contemporaneidade. Como é uma matéria bastanteteórica e acadêmica, acreditamos ser de pouca valia para concurso. De toda forma, vamos trazer as principais reflexões num quadro-síntese, suficiente para a prova que faremos. GRÉCIA E ATENAS A lei escrita e os costumes são considerados o fundamento de toda a sociedade, repercutindo no regramento dos assuntos, de modo que a pessoa passou a ser objeto de reflexão. FILOSOFIA ESTOICA Centrou a discussão em torno da unidade moral do ser humano e da dignidade do homem, pelo qual devemos compreender todos como iguais embora existam muitas diferenças individuais. CRISTIANISMO O cristianismo prega que Jesus é modelo ético de pessoa, uma representação factível de Deus e de suas doutrinas na terra, que defende a igualdade entre as pessoas. FILOSOFIA KANTIANA Segundo a filosofia de Emmanuel Kant, a igualdade é a essência da pessoa, responsável pelo núcleo do conceito de direitos humanos. Por conta disso, a dignidade da pessoa deve ser considerada um fim em si mesmo, não instrumento para se chegar a determinado objetivo. PENSAMENTO MARXISTA Compreende que houve uma inversão de valores com o desenvolvimento do modelo capitalista, na medida em que o operário passou a ser considerado coisa, deixando de ser sujeito de direito. Em síntese, a compreensão em torno da pessoa foi valorizada. Juntamente, alguns conceitos atrelados à ética e aos comportamentos morais prevaleceram, indicando a necessidade de serem protegidos alguns direitos essenciais ao homem, em razão de sua natureza. É por conta disso, que parte dos doutrinadores atrelam os Direitos Humanos ao Direito Natural. Como já vimos nesta aula, Direitos Humanos e Direitos Naturais não se confundem para a corrente majoritária do pensamento filosófico. Contudo, é possível afirmar que, em sua origem, os Direitos Humanos surgiram com a ascensão da acepção de Direitos Naturais, inatos ao homem. Contudo, conforme ficará patente neste material, os direitos humanos se desenvolvem e se afirmam com os acontecimentos históricos, não permanecendo de forma estanque, absoluta e imutável ao longo do tempo. Lançada a base sobre a qual se erigiu a disciplina Direitos Humanos, vamos passar ao estudo de como se desenrolou esse processo de desenvolvimento. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos Neste tópico vamos analisar os principais momentos históricos que marcaram a evolução e a consolidação dos Direitos Humanos. Como o assunto é, na realidade, de História, com a pretensão de facilitar o entendimento vamos estudar o tema de forma sistemática e organizada, lançando apenas as informações consideradas primordiais para a sua prova. Isso permitirá que você, candidato, tenha uma noção global de como se deu o desenvolvimento histórico para a formação da nossa disciplina. Duas observações iniciais, a respeito dos momentos históricos, são importantes. Primeira, a compreensão de determinados direitos como humanos é, em regra, fruto da “dor física e do sofrimento moral”. Melhor explicando, a cada momento histórico com registro de atrocidades, guerras e surtos de violência, a sociedade se sensibiliza e dá um passo adiante na afirmação dos direitos humanos. Segunda, em regra, a afirmação de determinado direito humano é acompanhada de grandes descobertas científicas ou invenções técnicas, conforme ensina Fábio Konder Comparato. Essas observações ficarão bastante claras à medida que avançarmos no estudo do curso histórico dos direitos humanos. Período Axial Primeiramente vamos compreender o termo “axial”. Axial refere-se a eixo. Vale dizer que o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se desenvolve a disciplina Direitos Humanos. Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação daquilo que conhecemos por humanidade. O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida. Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais apegado à mitologia. Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise e de reflexão. Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o tempo ela foi adaptada, de modo que passou a se cultuar, por exemplo, antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das novas gerações. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Nesse período houve a aproximação e a compreensão mútua entre os diversos povos que compunham as comunidades da época. Assim leciona Fábio Konder Comparato13 sobre esse período: É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. Reino Davídico, Democracia Ateniensee e República Romana A consciência histórica dos Direitos Humanos remonta ao desenvolvimento de mecanismos de limitação do poder político. Em regra, os governantes criavam leis para justificar seu poder, contudo, nas sociedades abaixo referidas, o poder político encontrava-se subordinado. Reino de Davi (século XI e X a.C): subordinação dos governantes à lei divina. Os governantes não criam o direito para justificar o exercício de seu poder, pelo contrário, estão submetidos a um conjunto de princípios e normas superiores (de caráter divino). Democracia ateniense (século VIII a.C): sociedade subordinada à lei e com ativa participação popular no processo político. República Romana: há limitação do poder político por meio da instituição de um complexo sistema de controles recíprocos entre os diversos órgãos. Em suma, todas essas sociedades caracterizam-se pela LIMITAÇÃO DO PODER POLÍTICO e possuem importância na consolidação dos Direitos Humanos. Baixa Idade Média O início da Idade Média (denominada de Alta Idade Média) é marcada pelo esfacelamento do poder político e econômico, em razão da instauração do feudalismo. Contudo, a partir do século XI, houve o início de um movimento de retomada, no qual grupos dominantes passaram a pretender o controle político da sociedade medieval. Assim, os governantes, já na Baixa Idade Média, passaram a centralizar o poder político em suas mãos, o que implicou uma série de pressões de outros segmentos da sociedade contra abusos dessa reconstrução do poder político. Dois são os documentos marcantes dessa época: 1. Declaração das Cortes de Leão de 1188; e 2. Magna Carta de 1215. 13 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19. 0 00000000000 - DEMO Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 59 DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA teoria e questões Aula 01 – Prof. Ricardo Torques Esses diplomas, em síntese, foram capazes de assegurar, no surgimento dos direitos humanos, o valor liberdade. Essa liberdade, contudo, era específica e em favor de determinados estamentos da sociedade. Em suma: nesse período despontou A LIBERDADE COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DOS DIREITOS HUMANOS. Século XVII Esse período é caracterizado
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