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Afirmação Histórica DH

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Proteção Internacional de Direitos Humanos p/ Procurador da República (Curso
Regular)
Professor: Ricardo Torques
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
 
Aula 00 
Apresentação do 
Curso 
Introdução aos 
Direitos Humanos 
Sumário 
Direitos Humanos para Procurador da República ................................................................. 3 
Cronograma de Aulas ...................................................................................................... 7 
1 - Considerações Iniciais ............................................................................................... 11 
2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos ............................................................................ 11 
2.1 - Conceito e terminologia ...................................................................................... 11 
2.2 - Estrutura Normativa ........................................................................................... 14 
2.3 - Classificação dos Direitos Humanos ...................................................................... 18 
2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos ..................................................................... 21 
3 - A sacralidade da pessoa e a dignidade humana ............................................................ 25 
3.1 - Sacralidade: Iluminismo versus cristianismo .......................................................... 25 
4 - Teoria crítica dos Direitos Humanos ............................................................................ 26 
5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos ................................................................... 28 
5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história .......................................................... 28 
5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos ................................. 30 
6 - Questões ................................................................................................................. 37 
6.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 38 
6.2 - Gabarito ........................................................................................................... 42 
6.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 42 
7 - Lista de Questões de Aula ......................................................................................... 50 
8 – Resumo .................................................................................................................. 54 
9 - Considerações Finais ................................................................................................ 60 
 
 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
Direitos Humanos para Procurador da República 
Iniciamos nosso Curso de Direitos Humanos em teoria e questões, voltado 
para provas objetivas do cargo de Procurador da República. 
O presente curso abrangerá todos os assuntos que podem ser exigidos nas provas 
objetivas de primeira fase. O curso encontra-se com correções de escrita, 
atualização legislativa e dos mais recentes julgados das cortes de superposição e 
nova formatação. 
Os assuntos serão tratados para atender tanto àquele que está iniciando os 
estudos na área de direitos Humanos, bem como àquele que está estudando há 
mais tempo. Os conceitos serão expostos de forma didática, com explicação dos 
institutos jurídicos e resumos da jurisprudência, quando importante para a prova. 
Seguiremos o edital do último concurso. Vejamos a ementa: 
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 
1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos fundamentais. Estrutura. 
Fundamento. Evolução histórica. Os destinatários da proteção dos direitos humanos e os 
sujeitos passivos. b. A proteção internacional no âmbito global e regional dos povos 
indígenas e comunidades tradicionais: órgãos, tratados e declarações. A proteção 
internacional da diversidade das expressões culturais. Os precedentes de tribunais e órgãos 
internacionais sobre os direitos dos povos indígenas. Confira, a seguir, com mais detalhes, 
nossa metodologia. c. Os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil. A formação, 
incorporação e hierarquia normativa. Duplo controle da proteção de direitos no Brasil. Os 
controles de convencionalidade e de constitucionalidade na proteção de direitos humanos. 
2. a. O sistema de petições individuais e interestatais nos tratados multilaterais de direitos 
humanos de âmbito global. A atuação da Corte Internacional de Justiça na proteção 
internacional de direitos humanos. b. A proteção internacional da integridade pessoal. 
Tortura como crime internacional. Tratados internacionais contra a tortura, tratamento cruel 
ou desumano celebrados pelo Brasil. O Protocolo de Istambul. A jurisprudência internacional 
sobre a tortura, tratamento cruel ou desumano. c. Interpretação dos direitos humanos. 
Resolução de conflitos entre direitos humanos. Limitabilidade dos direitos humanos. 
Restrições dos direitos humanos e suas espécies. Conteúdo essencial dos direitos humanos. 
3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e seus usos. Fontes 
internacionais da proteção de direitos humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos 
humanos. Características das normas internacionais de direitos humanos. Normas 
internacionais imperativas de direitos humanos. b. Proteção dos direitos das mulheres no 
Direito Internacional. Igualdade de gênero. Tratados internacionais no âmbito global e 
regional. A implementação no Brasil da promoção e proteção dos direitos das mulheres. c. 
A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e culturais. Obrigações do Estado 
na garantia dos direitos sociais, econômicos e culturais e relações com os direitos civis e 
políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no sistema global e no sistema 
interamericano de direitos humanos. 4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais 
de direitos humanos adotados no âmbito da Organização das Nações Unidas. Os direitos 
previstos nos tratados de direitos humanos celebrados no âmbito da Organização dos 
Estados Americanos. b. A Corte Interamericana de Direitos Humanos e sua jurisdição 
contenciosa e consultiva. Procedimentos. O conteúdo da jurisprudência da Corte 
Interamericana de Direitos Humanos. c. Universalidade dos direitos humanos. 
Multiculturalismo. Relativismo. Gramáticas diferenciadas de direitos. Abertura dos direitos 
humanos. Autonomia e indisponibilidade dos direitos humanos. 5. a. Direitos humanos e 
superioridade normativa. Indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos. Eficácia 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
dos direitos humanos nas relações entre particulares. Interseccionalidade e os direitos 
humanos. b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. Mandados 
internacionais de criminalização. Responsabilidade não penal de indivíduos no direito 
internacional pela participação em graves violações de direitos humanos. c. Direito à 
igualdade. Dimensões da igualdade e dever de inclusão. As medidas voltadas à 
implementação da igualdade. Igualdade racial. O combate à discriminação direta e indireta. 
Racismo institucional. 6. a. Direitos humanos e seu caráter erga omnes. Exigibilidadedos 
direitos humanos. Aplicabilidade imediata dos direitos humanos. As dimensões subjetiva e 
objetiva dos direitos humanos. b. A Carta da Organização dos Estados Americanos e a 
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A atuação dos órgãos da 
Organização dos Estados Americanos na proteção de direitos humanos. c. Execução interna 
das decisões internacionais de direitos humanos. Supervisão internacional do cumprimento 
pelo Estado das deliberações de direitos humanos. O incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal. 7. a. Internacionalização dos direitos humanos. 
Evolução histórica e antecedentes no Direito Internacional. O Direito Internacional de 
proteção às minorias. A Carta da Organização das Nações Unidas, a Declaração Universal 
de Direitos Humanos e a Declaração e Programa de Ação de Viena. b. Proteção dos direitos 
das pessoas com deficiência no direito internacional: órgãos, tratados e declarações. 
Direitos das pessoas com transtornos mentais. Direitos das pessoas com transtorno do 
espectro autista. c. Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: 
composição, competências e funcionamento. Procedimentos especiais no âmbito do 
Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: evolução histórica, 
trâmites, tipos de deliberações e efetividade. 8. a. Processos internacionais de proteção de 
direitos humanos. Espécies. Força vinculante dos tipos de deliberações internacionais de 
proteção de direitos humanos. Coordenação e conflito entre decisões internacionais de 
proteção de direitos humanos. Subsidiariedade da jurisdição internacional de direitos 
humanos. b. O sistema de relatórios periódicos nos tratados multilaterais de direitos 
humanos de âmbito global. O conteúdo das observações gerais dos Comitês criados por 
tratados multilaterais de direitos humanos. c. Justiça de transição, direito à verdade e à 
justiça. A proteção internacional dos direitos sexuais e reprodutivos. 9. a. A revisão 
periódica universal do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. A 
proteção de direitos humanos perante o Conselho de Segurança da Organização das Nações 
Unidas. b. Política Nacional de Direitos Humanos. O Conselho de Direitos Humanos. 
Institutos e órgãos de defesa de direitos humanos. A instituição nacional de direitos 
humanos e a Organização das Nações Unidas. O Ministério Público e a defesa dos direitos 
humanos. c. Liberdade de locomoção. Liberdade de associação. Liberdade de consciência e 
liberdade religiosa. Liberdade de pensamento e expressão. A proteção internacional aos 
direitos dos presos. 10. a. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e sua atuação 
no âmbito da Convenção Americana de Direitos Humanos e demais tratados celebrados sob 
o patrocínio da Organização dos Estados Americanos. Procedimento das petições individuais 
e interestatais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. b. O sistema europeu de 
direitos humanos. Evolução histórica. Jurisdição contenciosa e consultiva: trâmite e modos 
de funcionamento. Métodos de interpretação e execução de decisões do sistema europeu 
de direitos humanos. c. O direito à vida e sua proteção. Pena de morte no Direito 
Internacional. Direito à intimidade, honra e imagem e as restrições possíveis. Liberdade de 
informação e sigilo de fonte. 
Note que se trata de um edital muito completo e esmiuçado. Cada assunto é 
detalhado ao extremo. Dessa forma, apontaremos no início de cada aula cada um 
dos assuntos contidos nos títulos de aulas para que vocês possam acompanhar 
como se dá o desenvolvimento do conteúdo. 
Metodologia do Curso 
Algumas constatações acerca da prova vindoura são importantes! 
Podemos afirmar que as aulas levarão em consideração as seguintes “fontes”. 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
 
Para tornar o nosso estudo mais completo, é muito importante resolver questões 
anteriores para nos situarmos diante das possibilidades de cobrança. Traremos 
questões de todos os níveis, inclusive questões cobradas em concursos jurídicos 
de nível superior de Direitos Humanos. 
Essas observações são importantes pois permitirão que possamos organizar o 
curso de modo focado, voltado para acertar questões objetivas e discursivas. 
Esta é a nossa proposta! 
Vistos alguns aspectos gerais da matéria, teçamos algumas considerações acerca 
da metodologia de estudo. 
As aulas em .pdf tem por característica essencial a didática. Ao contrário do que 
encontraremos na doutrina especializada de Direitos Humanos (Flávia Piovesan e 
Augusto Cançado Trindade, para citarmos os expoentes neste ramo jurídico), o 
curso todo se desenvolverá com uma leitura de fácil compreensão e assimilação. 
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que 
necessário e importante os assuntos serão aprofundados. A didática, entretanto, 
será fundamental para que diante do contingente de disciplinas, do trabalho, dos 
problemas e questões pessoais de cada aluno, possamos extrair o máximo de 
informações para hora da prova. 
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos informativos, 
resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar atenção” para as informações 
que realmente importam. 
Com essa estrutura e proposta pretendemos conferir segurança e tranquilidade 
para uma preparação completa, sem necessidade de recurso a outros 
materiais didáticos. 
Finalmente, destaco que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em 
.pdf é o contato direto e pessoal com o Professor. Além do nosso fórum de 
dúvidas, estamos disponíveis por e-mail e, eventualmente, pelo Facebook. 
Aluno nosso não vai para a prova com dúvida. Por vezes, ao ler o material surgem 
incompreensões, dúvidas, curiosidades, nesses casos basta acessar o 
computador e nos escrever. Assim que possível respondemos a todas as dúvidas. 
É notável a evolução dos alunos que levam a sério a metodologia. 
Assim, cada aula será estruturada do seguinte modo: 
FONTES
Doutrina quando 
essencial e 
majoritária
Assuntos 
relevantes no 
cenário jurídico
Jurisprudência 
relevante dos 
Tribunais 
Superiores
Legislação e 
Documentos 
Internacionais 
pertinentes ao 
assunto.
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
 
Apresentação Pessoal 
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson 
Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e 
pós-graduado em Direito Processual. 
Estou envolvido com concurso público há 07 anos, aproximadamente, quando 
ainda na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui 
aprovado para o cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de São José dos Pinhais/PR 
e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciário nos TRT 4ª, 1º e 
9º Regiões. 
Quanto à atividade de professor, leciono exclusivamente para concurso, com foco 
na elaboração de materiais em pdf. Temos, atualmente, cursos em Direitos 
Humanos, Legislação e Direito Eleitoral. 
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Terei o 
prazer em orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que estamos 
iniciando. 
E-mail: rst.estrategia@gmail.com 
Facebook: https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos/ 
 
 
METODOLOGIA ESTRATÉGIA 
CARREIRA JURÍDICA
Teoria de forma objetiva e 
direta com síntese do 
pensamento doutrinário 
relevante e dominante.
Referência e análise da 
legislação pertinente ao 
assunto.
Súmulas, orientações 
jurisprudenciais e 
jurisprudência pertinente 
comentadas.
Muitas questões anteriores 
de provas comentadas.
Resumo dos principais 
tópicosda matéria.
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
Cronograma de Aulas 
Vejamos agora a distribuição do conteúdo e o cronograma com as datas de 
disponibilização de cada aula. 
AULA CONTEÚDO DATA 
Aula 00 
Apresentação do Curso, Cronograma de Aula e Introdução ao 
Estudo dos Direitos Humanos 
1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos 
fundamentais. Estrutura. Fundamento. Evolução histórica. Os 
destinatários da proteção dos direitos humanos e os sujeitos 
passivos. 
 
 
21.02 
Aula 01 
Teoria Geral dos Direitos Humanos 
2.c. Interpretação dos direitos humanos. Resolução de conflitos 
entre direitos humanos. Limitabilidade dos direitos humanos. 
Restrições dos direitos humanos e suas espécies. Conteúdo 
essencial dos direitos humanos. 
3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e 
seus usos. Fontes internacionais da proteção de direitos 
humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos humanos. 
Características das normas internacionais de direitos humanos. 
Normas internacionais imperativas de direitos humanos. 
4 c. Universalidade dos direitos humanos. Multiculturalismo. 
Relativismo. Gramáticas diferenciadas de direitos. Abertura dos 
direitos humanos. Autonomia e indisponibilidade dos direitos 
humanos. 
5. a. Direitos humanos e superioridade normativa. 
Indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos. 
Eficácia dos direitos humanos nas relações entre particulares. 
Interseccionalidade e os direitos humanos. 
6. a. Direitos humanos e seu caráter erga omnes. Exigibilidade 
dos direitos humanos. Aplicabilidade imediata dos direitos 
humanos. As dimensões subjetiva e objetiva dos direitos 
humanos. 
07.03 
Aula 02 
Proteção Internacional dos Direitos Humanos 
8. a. Processos internacionais de proteção de direitos humanos. 
Espécies. Força vinculante dos tipos de deliberações 
internacionais de proteção de direitos humanos. Coordenação e 
conflito entre decisões internacionais de proteção de direitos 
humanos. Subsidiariedade da jurisdição internacional de direitos 
humanos. b. O sistema de relatórios periódicos nos tratados 
multilaterais de direitos humanos de âmbito global. O conteúdo 
das observações gerais dos Comitês criados por tratados 
multilaterais de direitos humanos. c. Justiça de transição, direito 
à verdade e à justiça. A proteção internacional dos direitos 
sexuais e reprodutivos. 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
Aula 03 
Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
1.c. Os tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil. A 
formação, incorporação e hierarquia normativa. Duplo controle 
da proteção de direitos no Brasil. Os controles de 
convencionalidade e de constitucionalidade na proteção de 
direitos humanos. 
6 c. Execução interna das decisões internacionais de direitos 
humanos. Supervisão internacional do cumprimento pelo Estado 
das deliberações de direitos humanos. O incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
04.04 
Aula 04 
Sistema Global de Direitos Humanos (regras gerais) 
2. a. O sistema de petições individuais e interestatais nos 
tratados multilaterais de direitos humanos de âmbito global. A 
atuação da Corte Internacional de Justiça na proteção 
internacional de direitos humanos. 
7. a. Internacionalização dos direitos humanos. Evolução 
histórica e antecedentes no Direito Internacional. O Direito 
Internacional de proteção às minorias. A Carta da Organização 
das Nações Unidas, e a Declaração e Programa de Ação de Viena. 
7 c. Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações 
Unidas: composição, competências e funcionamento. 
Procedimentos especiais no âmbito do Conselho de Direitos 
Humanos da Organização das Nações Unidas: evolução histórica, 
trâmites, tipos de deliberações e efetividade. 
9. a. A revisão periódica universal do Conselho de Direitos 
Humanos da Organização das Nações Unidas. A proteção de 
direitos humanos perante o Conselho de Segurança da 
Organização das Nações Unidas. 
18.04 
Aula 05 
Sistema Global de Direitos Humanos (Bill of Rihts) 
3.c. A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e 
culturais. Obrigações do Estado na garantia dos direitos sociais, 
econômicos e culturais e relações com os direitos civis e 
políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no 
sistema global e no sistema interamericano de direitos humanos. 
7. a. a Declaração Universal de Direitos Humanos 
02.05 
Aula 06 
Sistema Global de Direitos Humanos Convenções Específicas 
4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais de direitos 
humanos adotados no âmbito da Organização das Nações 
Unidas. Os direitos previstos nos tratados de direitos humanos 
celebrados no âmbito da Organização dos Estados Americanos. 
16.05 
Aula 07 
Sistema Global de Direitos Humanos Convenções Específicas 
(Estatuto de Roma e Convenções Penais) 
5 b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. 
Mandados internacionais de criminalização. Responsabilidade 
não penal de indivíduos no direito internacional pela participação 
em graves violações de direitos humanos. 
30.05 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
Aula 08 
Sistemas Locais de Direitos Humanos (OEA) – Pacto de San José 
da Costa Rica e Protocolo San Salvador. 
3.c. A proteção internacional dos direitos sociais, econômicos e 
culturais. Obrigações do Estado na garantia dos direitos sociais, 
econômicos e culturais e relações com os direitos civis e 
políticos. A defesa dos direitos sociais, econômicos e culturais no 
sistema global e no sistema interamericano de direitos humanos. 
4. b. A Corte Interamericana de Direitos Humanos e sua 
jurisdição contenciosa e consultiva. Procedimentos. O conteúdo 
da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e sua atuação 
no âmbito da Convenção Americana de Direitos Humanos e 
demais tratados celebrados sob o patrocínio da Organização dos 
Estados Americanos. Procedimento das petições individuais e 
interestatais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
13.06 
Aula 09 
Sistema Locais de Direitos Humanos (convenções Específicas 
OEA) 
4. a. Os direitos previstos em tratados internacionais de direitos 
humanos adotados no âmbito da Organização das Nações 
Unidas. Os direitos previstos nos tratados de direitos humanos 
celebrados no âmbito da Organização dos Estados Americanos. 
6 b. A Carta da Organização dos Estados Americanos e a 
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A 
atuação dos órgãos da Organização dos Estados Americanos na 
proteção de direitos humanos. 
27.06 
Aula 10 
 
Grupos Vulneráveis (parte 01) 
1.b. A proteção internacional no âmbito global e regional dos 
povos indígenas e comunidades tradicionais: órgãos, tratados e 
declarações. A proteção internacional da diversidade das 
expressões culturais. Os precedentes de tribunais e órgãos 
internacionais sobre os direitos dos povos indígenas. 
2.b. A proteção internacional da integridade pessoal. Tortura 
como crime internacional. Tratados internacionais contra a 
tortura, tratamento cruel ou desumano celebrados pelo Brasil. O 
Protocolo de Istambul. A jurisprudência internacional sobre a 
tortura, tratamento cruel ou desumano. 
11.07 
Aula 11 
Grupos Vulneráveis (parte 02) 
3.b. Proteção dos direitos das mulheres no Direito Internacional. 
Igualdade de gênero.Tratados internacionais no âmbito global e 
regional. A implementação no Brasil da promoção e proteção dos 
direitos das mulheres. 
26.07 
Aula 12 
Grupos Vulneráveis (parte 03) 
7 b. Proteção dos direitos das pessoas com deficiência no direito 
internacional: órgãos, tratados e declarações. Direitos das 
pessoas com transtornos mentais. Direitos das pessoas com 
transtorno do espectro autista. 
10.08 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
c. O direito à vida e sua proteção. Pena de morte no Direito 
Internacional. Direito à intimidade, honra e imagem e as 
restrições possíveis. Liberdade de informação e sigilo de fonte. 
9 c. Liberdade de locomoção. Liberdade de associação. Liberdade 
de consciência e liberdade religiosa. Liberdade de pensamento e 
expressão. A proteção internacional aos direitos dos presos. 
Aula 13 
Grupos Vulneráveis (parte 04) 
5 b. A proteção penal dos direitos humanos e seus fundamentos. 
Mandados internacionais de criminalização. Responsabilidade 
não penal de indivíduos no direito internacional pela participação 
em graves violações de direitos humanos. Direito à igualdade. 
Dimensões da igualdade e dever de inclusão. As medidas 
voltadas à implementação da igualdade. Igualdade racial. O 
combate à discriminação direta e indireta. Racismo institucional. 
24.08 
Aula 14 
9 b. Política Nacional de Direitos Humanos. O Conselho de 
Direitos Humanos. Institutos e órgãos de defesa de direitos 
humanos. A instituição nacional de direitos humanos e a 
Organização das Nações Unidas. O Ministério Público e a defesa 
dos direitos humanos. 
07.09 
 
Essa é a distribuição dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes poderão 
ocorrer, especialmente por questões didáticas. De todo modo, sempre que houver 
alterações no cronograma acima, vocês serão previamente informados, 
justificando-se. 
 
 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
1 - Considerações Iniciais 
Na aula de hoje vamos estudar a Teoria Geral dos Direitos Humanos. 
Veremos os seguintes tópicos: 
1. a. Direitos Humanos. Terminologia e a relação com os direitos fundamentais. Estrutura. 
Fundamento. Evolução histórica. Os destinatários da proteção dos direitos humanos e os 
sujeitos passivos. 
Veremos, ainda, um assunto que estava previsto para a Aula 01, mas que 
traremos aqui por questões didáticas. Veja: 
3. a. Direitos Humanos. Classificações. Dignidade Humana e seus usos. Fontes 
internacionais da proteção de direitos humanos. O regime objetivo dos tratados de direitos 
humanos. Características das normas internacionais de direitos humanos. Normas 
internacionais imperativas de direitos humanos. 
Antes de iniciar, gostaria de deixar um convite a vocês: CURTAM NOSSA 
PÁGINA NO FACEBOOK, ESPECÍFICA DE DIREITOS HUMANOS. Lá teremos 
diversas informações úteis, provas comentadas, artigos, tudo sobre provas de 
Direitos Humanos. Aproveitem! 
https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos 
Boa aula! 
2 – Teoria Geral dos Direitos Humanos 
2.1 - Conceito e terminologia 
A matéria Direitos Humanos pode ser conceituada como o conjunto de direitos 
inerentes à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do 
arbítrio do Estado e do estabelecimento da igualdade como o aspecto 
central das relações sociais. 
A definição consagrada na doutrina atualmente é a de Antônio Peres Luño1, 
segundo o qual os direitos humanos constituem um 
conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as 
exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas 
positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. 
A essência do conceito de Direitos Humanos centra-se na proteção aos direitos 
mais importantes das pessoas, notadamente, a dignidade. 
 
1 PERES LUÑO, Antônio. Derechos humanos, Estado de derecho y Constitución. 5. edição. 
Madrid: Editora Tecnos, 1995, p. 48. 
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DIREITOS HUMANOS PARA PROCURADOR DA REPÚBLICA 
teoria e questões 
Aula 01 – Prof. Ricardo Torques 
 
 
Afirmam os estudiosos, portanto, que a base dos Direitos Humanos é a 
dignidade da pessoa. Mas o que é dignidade? Segundo Fábio Konder 
Comparato2, dignidade é a 
convicção de que todos os serem humanos têm direito a ser igualmente respeitados, pelo 
simples fato de sua humanidade. 
Em palavras mais simples: assegurar a dignidade de um ser humano é respeitá-
lo e tratá-lo de forma igualitária, independentemente de quaisquer condições 
sociais, culturais ou econômicas. 
Quanto à terminologia, a expressão que se disseminou é a de “direitos 
humanos”, contudo, várias são as expressões que podem ser consideradas 
sinônimas, por exemplo: “direitos fundamentais”, “liberdades públicas”, “direitos 
da pessoa humana”, “direitos do homem”, “direitos da pessoa”, “direitos 
individuais”, “direitos fundamentais da pessoa humana”, “direitos públicos 
subjetivos”. 
Três considerações são importantes. 
 Os doutrinadores afirmam que a expressão Direitos Humanos é 
pleonástica, pois o termo “direitos” pressupõe o ser humano. Não é possível 
conceber direitos de um carro, direito de um animal etc. Somente o ser humano 
pode ser sujeito de direitos, um carro ou animal poderão, por outro lado, ser 
objetos de direito. Portanto, falar em “Direitos Humanos” é falar a mesma coisa 
duas vezes. Isso é pleonasmo. De toda forma, a doutrina, a exemplo de Fábio 
Konder Comparato, diz que é melhor falarmos em direitos humanos, porque o 
termo remete à ideia de que esses direitos constituem exigências e 
comportamentos que devem valer para todos os indivíduos em razão de sua 
condição humana. 
 Para evitar confusões, devemos distinguir Direitos Humanos de Direitos 
Fundamentais. 
Apenas para nos situarmos, vejamos a definição de Ingo Wolfgang Sarlet3, 
doutrinador consagrado no tema: 
Os direitos fundamentais, ao menos de forma geral, podem ser considerados concretizações 
das exigências do princípio da dignidade da pessoa humana. 
Como vocês podem perceber, os conceitos são praticamente idênticos. Assim, a 
distinção não reside no conteúdo de tais direitos, mas no plano de 
positivação. Melhor explicando: 
 
2 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 7ª edição, rev., 
ampl. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2010, p. 13. 
3 SARLET, Ingo Wolfgang. Eficácia dos Diretos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2004, p. 110. 
IDEIA CENTRAL DOS DIREITOS 
HUMANOS
prover meios e instrumentos 
jurídicos para a defesa da 
dignidade das pessoas
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 Direitos Humanos referem-se aos direitos universalmente aceitos 
na ordem internacional; e 
 Direitos Fundamentais: constituem o conjunto de direitos 
positivados na ordem interna de determinado Estado. 
Nesse aspecto, vejamos as lições de Rafael Barreto4: 
Apesar da variação de plano de positivação não há, em verdade, diferença de conteúdo 
entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, eis que os direitos são os mesmos e 
objetivam a proteção da dignidade da pessoa. 
 
 Fala-se, ainda, em centralidade dos Direitos Humanos, no sentido de que 
a disciplina é importante em razão da matéria que tutela. Não é possívelse 
pensar em um Estado Democrático de Direito, como é o Brasil, sem criar uma 
série de direitos e garantias para tutelar a dignidade da pessoa. Portanto, 
dizemos que os direitos humanos são matéria central, tendo em vista que 
são imprescindíveis para que a ordenamento jurídico afirme direitos das 
pessoas e limite a atuação estatal contra arbitrariedades. 
 
Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015 
Julgue o item subsecutivo, a respeito de aspectos gerais e históricos dos 
direitos humanos. 
O principal fundamento dos direitos humanos no Brasil refere-se à dignidade 
da pessoa humana. Por essa razão, além de haver consenso acerca do 
conteúdo desse princípio, ele é válido somente para os direitos humanos 
consagrados explicitamente na CF. 
Comentários 
 
4 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl., Salvador: Editora JusPodvim, 
2012, p. 25. 
DIREITOS HUMANOS
conjunto de valores e direitos na ordem 
internacional para a proteção da 
dignidade da pessoa
DIREITOS FUNDAMENTAIS
conjunto de valores e direitos 
positivados na ordem interna de 
determinado país para a proteção da 
dignidade da pessoa.
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A assertiva está incorreta. Primeiramente, é importante esclarecer que a 
primeira parte da assertiva é confusa, não há verdadeiramente um consenso em 
relação ao fundamento dos Direitos Humanos. 
A dignidade da pessoa constitui o objeto central ou, ao menos, o principal direito 
humano que temos. Porém, não é tecnicamente correto afirmar que o 
fundamento da disciplina está na dignidade. 
Fora esse aspecto, encontra-se incorreta a assertiva na segunda parte. Existem 
outros direitos para além daqueles explícitos no texto constitucional. Como bem 
sabemos existem princípios implícitos que revelam normas de direitos humanos. 
Ademais, não há consenso acerca do conteúdo da dignidade. Pelo contrário, há 
muita dificuldade em se fixar o conceito de dignidade. 
2.2 - Estrutura Normativa 
Os direitos humanos apresentam uma característica marcante: possuem 
estrutura normativa aberta. 
E que o seria uma estrutura normativa aberta? 
Estudamos em Direito Constitucional que as normas jurídicas compreendem 
regras e princípios. 
As regras são enunciados jurídicos tradicionais, que preveem uma situação 
fática e, se essa ocorrer, haverá uma consequência jurídica. Por exemplo, 
se alguém violar o direito à imagem de outrem (fato), ficará responsável pela 
reparação por eventuais danos materiais e morais causados à pessoa cujas 
imagens foram divulgadas indevidamente (consequência jurídica). 
Os princípios, por sua vez, segundo ensinamentos de Robert Alexy, são 
denominados de “mandados de otimização”, porque constituem espécie de 
normas que deverão ser observadas na maior medida do possível. 
Parece difícil, mas não é! Prevê art. 5º, LXXVIII, da CF, que a todos será 
assegurada a razoável duração do processo. Esse é um princípio! Não há aqui 
definição de até quanto tempo será considerado como duração razoável para, se 
ultrapassado esse prazo, aplicar a consequência jurídica diretamente. Não é 
possível dizer, de antemão, se um, cinco ou 10 anos é um prazo razoável. Por se 
tratar de princípio, deve-se procurar, na melhor forma possível, fazer com que o 
processo se desenvolva de forma rápida e satisfatória às partes. 
Por conta disso, um processo trabalhista, que comumente envolve direito de 
caráter alimentar, deve tramitar mais rápido (mais célere) quando comparado a 
um processo-crime, por exemplo. É importante resolvê-lo rapidamente, para que 
o empregado tenha acesso aos créditos decorrentes em razão da natureza 
alimentícia. No processo penal, para uma completa defesa do réu, é necessário 
que o processo seja burocrático, atentando-se a diversos detalhes que tornam o 
procedimento mais demorado. É importante decidir com cuidado, para evitar 
injustiça, porque uma condenação infundada é muito prejudicial. 
Não há, portanto, como definir um prazo, a priori, no qual o processo seja 
considerado tempestivo. Assim, fala-se em mandado de otimização, uma vez que 
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o princípio da celeridade deve ser observado na medida do possível e de acordo 
com as circunstâncias específicas. 
As regras, por sua vez, são aplicadas a partir da técnica da subsunção, ou 
seja, se ocorrer a situação de fato haverá a incidência da consequência jurídica 
prevista. Ou a regra aplica-se àquela situação ou não se aplica (técnica do “tudo 
ou nada”). Para os princípios, ao contrário, a aplicação pressupõe o uso da 
técnica de ponderação de interesses, pois a depender da situação fática 
assegura-se com maior, ou menor, amplitude o princípio (técnica do “mais ou 
menos”). Retornando ao exemplo, para o processo do trabalho, o decurso de 2 
anos poderá implicar violação ao princípio da celeridade; para o processo crime 
o decurso de 5 anos não implicará, necessariamente, violação do mesmo 
princípio. 
 
 
E qual a importância disso tudo para os Direitos Humanos? 
A estrutura normativa dos Direitos Humanos é formada principalmente 
por um conjunto de princípios. Numa situação prática, você pode se defrontar 
com trabalho em condições tão degradantes e precárias que, embora não 
configurem escravidão no próprio sentido da palavra, permitirão afirmar que 
aquela situação se assemelha à condição análoga de escravo, de acordo com os 
princípios e regras envolvidos. São situações em que há tentativa de se mascarar 
a realidade dos fatos, impondo-se ao empregado jornadas extenuantes, cobrança 
de valores exorbitantes a título de moradia e ou de instrumentos para o trabalho, 
entre outros abusos. 
Além disso, em termos normativos, devemos frisar que tanto as regras como 
os princípios são considerados espécie de normas, logo, possuem 
normatividade. Hoje não é mais aceita a ideia clássica de que os princípios 
constituem tão somente instrumentos interpretativos e orientadores da aplicação 
do direito. Essa é apenas uma das funções dos princípios. 
 
REGRAS
mandados de determinação
aplicado por subsunção
técnica do "tudo ou nada"
PRINCÍPIOS
mandados de otimização
aplicado por ponderação de interesses
técnica do "mais ou menos"
NORMAS 
JURÍDICAS
regras princípios
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A partir dessa característica peculiar que se revela na estrutura normativa dos 
Direitos Humanos, podemos identificar alguns princípios fundamentais na 
consolidação da disciplina: 
➢ Dignidade da pessoa humana; 
➢ Democracia; 
➢ Razoabilidade-proporcionalidade. 
Vamos analisá-los, de forma objetiva, em separado. 
Dignidade da pessoa humana 
A dignidade deve ser considerada como valor base de todo e qualquer 
ordenamento jurídico. Pauta-se na ideia de uma conduta justa, moral e 
democrática, de modo que a pessoa é colocada no centro das regras 
jurídicas. Justamente devido a sua importância, a dignidade é colocada como 
base fundamental do direito interno de qualquer Estado ou mesmo internacional. 
Não é possível estabelecer um conceito único de dignidade. Para fins de prova, 
devemos ter em mente que a dignidade constitui um valor ético, por 
intermédio do qual a pessoa é considerada sujeito de direitos e 
obrigações, que devem ser assegurados para garantir a personalidade, 
os quais são garantidos pela simples existência. 
Nesse contexto, veja o conceito de André de Carvalho Ramos5:Assim, a dignidade humana consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser 
humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem 
como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência. Consiste em atributo que 
todo indivíduo possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer 
outra condição referente à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc. 
Com base no conceito acima, é possível identificar dois elementos que 
caracterizam a dignidade da pessoa humana: 
1º  elemento negativo: vedação à imposição de tratamento 
discriminatório, ofensivo ou degradante; e 
2º  elemento positivo: busca por condições mínimas de sobrevivência, da 
qual decorre a ideia de mínimo existencial. 
Para encerrar esse tópico vamos abordar os “usos possíveis” do termo “dignidade 
humana”. Trata-se de uma análise pautada no pensamento de André de Carvalho 
 
5 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 
(versão digital). 
ESTRUTURA NORMATIVA DOS 
DIREITOS HUMANOS
possuem normatividade aberta, 
com maior incidência de princípios 
do que de regras
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Ramos6, mas que possui relevância porque é construída a partir da jurisprudência 
do STF. 
Para o autor é possível identificar os seguintes usos do termo: 
USO DO TERMO NA 
FUNDAMENTAÇÃO 
(EFICÁCIA POSITIVA). 
A dignidade da pessoa é utilizada como fundamento para a criação 
jurisprudencial de novos direitos, a exemplo do “direito à busca da 
felicidade”. 
USO DO TERMO NA 
INTERPRETAÇÃO 
ADEQUADA. 
Ao abordar determinado tema, a dignidade da pessoa é utilizada 
como parâmetro interpretativo. Por exemplo, ao tratar da celeridade 
da prestação jurisdicional, a dignidade é alcançada, de acordo com 
a jurisprudência do STF, quando a prestação jurisdicional é 
tempestiva. 
USO DO TERMO PARA 
IMPOR LIMITES AO 
ESTADO. 
A dignidade assume na jurisprudência papel limitador da atuação 
estatal, a exemplo da limitação do uso de algemas. 
USO DO TERMO PARA 
SUBSIDIAR A 
PONDERAÇÃO DE 
INTERESSES. 
Na técnica de aplicação dos princípios a dignidade é ventilada, nos 
julgados do STF, para determinar a prevalência de um princípio em 
relação ao outro. Foi utilizada tal interpretação para afastar o 
trânsito em julgado de uma ação de paternidade. Vale dizer, em 
nome da dignidade, prestigia-se o direito à informação genérica em 
detrimento da segurança jurídica decorrente da coisa julgada. 
Por fim, embora constitua o centro axiológico do nosso ordenamento jurídico, 
devemos tomar cuidado com a banalização do termo, pois, quando tudo encontra 
fundamento na dignidade humana, esse valor nada servirá para determinar. 
Democracia 
A democracia também é fundamental na estrutura principiológica dos Direitos 
Humanos, na medida em que somente em Estados democráticos é possível 
cogitar o exercício de direitos. 
A democracia relaciona-se com o exercício da soberania popular, sendo 
conceituada pela doutrina7 como: 
A qualidade máxima do poder extraída a da soma dos atributos de cada membro na 
sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do 
sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário. 
A democracia envolve a noção de cidadania e de coletividade, por intermédio da 
qual a pessoa deixa de ter uma visão egoística, para se importar com valores 
éticos e justos, com o objetivo de assegurar o respeito aos direitos mais básicos 
da coletividade. 
 
6 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 
(versão digital). 
7 BULOS, Uadi Lammêgo; Constituição Anotada, 5º edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2003, 
p. 480. 
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Razoabilidade-proporcionalidade 
A inclusão da razoabilidade e da proporcionalidade como critério interpretativo 
proporciona uma abertura de valores na aplicação do Direito. O operador do 
Direito não deve se limitar à subsunção (aplicação do fato à norma). Há, 
evidentemente, uma série de princípios e valores a serem aplicados ao caso 
concreto que irão reclamar um juízo de ponderação. Esse juízo tão melhor será 
quanto mais razoável e proporcional for a interpretação. Não é uma tarefa fácil, 
mas que releva a pretensão de se conferir real importância aqueles direitos que 
possuem fundamental relevância, ante o emaranhado de normas jurídicas do 
ordenamento. 
Além de conduzirem a melhor opção do intérprete, a razoabilidade e 
proporcionalidade evitam interpretações esdrúxulas, contrária aos 
fundamentos do ordenamento jurídico. 
2.3 - Classificação dos Direitos Humanos 
A classificação é um recurso didático que tem por finalidade permitir uma visão 
global de determinado assunto, a partir de categorias e grupos de temas. Em 
nosso estudo, faz-se necessário estudar de forma objetiva e direta a 
classificação dos Direitos Humanos. 
Segundo a doutrina, a classificação dos Direitos Humanos traduz como se deu a 
aplicação desses direitos ao longo do tempo. É também, portanto, reflete uma 
análise histórica da matéria. 
Para a nossa prova vamos abordar a temática a partir de duas visões: a de Georg 
Jellinek e a explicitada no caso Lüth. 
Teoria dos status de Jellinek 
A teoria de Jellinek relaciona o homem e o Estado. A partir dessa relação é 
possível alcançar quatro resultados: sujeição, defesa, prestacional e participativo. 
De forma objetiva: 
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Com base nos quatro status acima, é possível delinear uma classificação dos 
Direitos Humanos em: 
 direitos humanos de defesa; 
 direitos humanos prestacionais; 
 direitos humanos de participação. 
Os direitos humanos de defesa caracterizam-se por constituir uma prerrogativa 
que poderá ser utilizada pela pessoa contra eventuais arbítrios estatais. 
Constituem, portanto, direitos de cunho negativo, que resguardam a liberdade 
dos indivíduos. 
Os direitos humanos prestacionais relacionam-se com a prerrogativa de a pessoa 
exigir uma conduta ativa do Estado a fim promover os direitos mais básicos. 
Esses direitos, de cunho positivo, tutelam os direitos de igualdade. 
Note que as duas primeiras classificações se relacionam com um assunto 
“corriqueiro” em Direitos Humanos (e, também, em Direito Constitucional): as 
dimensões. Realmente é uma visão muito próxima! Pela primeira classificação 
temos a primeira dimensão; pela segunda classificação temos a segunda 
dimensão. A terceira classificação de direitos humanos de Jellinek foge, 
entretanto, à classificação das dimensões! 
Os direitos humanos de participação envolvem a participação política da pessoa, 
por intermédio da qual exigir é possível exigir uma abstenção ou uma prestação. 
Temos, portanto, uma natureza mista, que se revela na defesa dos direitos de 
liberdade (como, o direito de votar) e dos direitos de igualdade (a exemplo da 
realização periódica de eleições, com a permissão ampla dos cidadãos como 
candidatos). 
Para fins de prova, devemos memorizar: 
status subjectionis
relação na qual a pessoa encontra-se 
em estado de sujeição em relação ao 
Estado.
status negativus
relação na qual a pessoa detém tão 
somente a prerrogativa de exigir uma 
abstenção do Estado
status positivus
relação na qual a pessoa tem a 
possibilidade de exigir prestações do 
Estado
statusactivus
relação na qual a pessoa poderá 
participar na formação da vontade do 
Estado
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Classificação do Caso Lüth 
Essa análise foi construída a partir do julgamento do “Caso Lüth” pelo Tribunal 
Constitucional Alemão. A partir da visão de Jellinek foram estabelecidos grupos 
de direitos, tendo em vista as pessoas a serem protegidas. Trata-se de uma 
classificação subjetiva, pois ao sujeito é dada a garantia de abstenção, a 
possibilidade de buscar uma prestação e, também, de participar politicamente. 
Aqui, nessa classificação, faz-se uma análise objetiva. A ideia é transcender a 
visão subjetiva da classificação de Jellinek, levando em consideração a 
coletividade como um tudo. Em tal análise objetiva, entende-se que todos os 
direitos possuem um viés negativo e positivo ao mesmo tempo. O que varia é a 
carga entre uma e outra, de modo que os direitos ditos prestacionais possuem 
tão somente uma carga prestacional mais significativa, ao passo que os direitos 
negativos, possuem uma carga abstencionista mais intensa. 
Vejamos como o assunto já foi cobrado em prova: 
 
Questão – FUNCAB - SEPLAG-MG – Direito - 2014 
Consoante a teoria dos status dos direitos fundamentais, de autoria de 
Jellinek, o direito à saúde, tal como previsto na Constituição Federal, é 
considerado fundamental de status: 
a) ativo. 
b) negativo. 
c) passivo. 
d) positivo. 
DIREITOS DE 
DEFESA
defesa dos 
direitos 
liberdade
exigem uma 
abstenção 
estal
negativos
DIREITOS 
PRESTACIONAIS
promoção dos 
direitos de 
igualdade
exigem uma 
atuação 
estatual
positivos
DIREITOS DE 
PARTICIPAÇÃO
viabilizam a 
participação do 
indivíduo na 
sociedade
exigem, ao 
mesmo tempo, 
abstenção e 
prestação
misto
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Comentários 
O direito à saúde constitui um direito prestacional, por meio do qual a pessoa 
poderá exigir do Estado os meios e instrumentos necessários a fim de lhe garantir 
uma vida saudável. Portanto, trata-se de direito positivo, de modo que a 
alternativa D é a correta e gabarito da questão. 
2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos 
Vimos que a base dos direitos humanos é a dignidade da pessoa. Nesse tópico 
vamos investigar por que a dignidade é a base da disciplina, ou seja, os 
fundamentos dos Direitos Humanos. 
Esse tema é complexo e abstrato, envolvendo conceitos históricos e discussões 
filosóficas. Entretanto, como o assunto é recorrente em provas, vamos trazer os 
assuntos de forma sucinta e didática, com destaque para as principais 
informações, em duas linhas de pensamento. 
Por fundamentação compreendem-se as razões que legitimam e que 
motivam o reconhecimento dos Direitos Humanos. 
Impossibilidade de delimitação dos fundamentos 
Formou-se, na doutrina, a corrente negativista que nega a possibilidade de 
ser definido um fundamento para os Direitos Humanos. 
Há quem entenda, a exemplo de Norberto Bobbio, que é impossível definir o 
fundamento de nossa disciplina, por 3 motivos: 
1. Existem divergências quanto à definição de qual seria o conjunto de 
direitos abrangidos. Assim, não seria possível definir o fundamento, pois 
nem se sabe ao certo quais são os direitos compreendidos em nossa 
disciplina; 
2. Em razão de sua historicidade, os Direitos Humanos constituem disciplina 
que está em constante evolução; e 
3. Direitos Humanos constituem uma categoria de direitos heterogênea, 
por vezes conflituosa, exigindo do aplicador a técnica da ponderação de 
interesses. 
Para outros doutrinadores, como o autor espanhol Peres Luño, não é possível 
identificar o fundamento dos Direitos Humanos porque esses direitos são 
consagrados a partir de juízos de valor. Vale dizer, são consagrados por 
opções morais que, por definição, não podem ser comprovadas ou 
justificadas, mas apenas aceitas por convicção pessoal. 
O que significa isso? 
Consiste no fato de que não existe uma norma, como é o texto constitucional de 
um Estado, que seja fundamento de validade para as demais normas de 
determinado ordenamento jurídico. Em Direito Constitucional estudamos que a 
Constituição é fundamento de validade para todas as normas infraconstitucionais. 
Já na seara dos Direitos Humanos, como inexiste um referencial (como a 
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Constituição), cada organismo internacional poderá compreender o fundamento 
da disciplina de acordo com suas concepções morais e juízos de valor. 
Para esses autores o fato de os direitos humanos possuírem estrutura aberta 
impede que se delimitem os fundamentos dos direitos humanos. 
Fundamentos 
Paralelamente à corrente que nega a possibilidade de delimitação dos Direitos 
Humanos, foi construída pela doutrina uma série de fundamentos que somados 
constituem os fundamentos dos Direitos Humanos. 
Estudaremos fundamentos principais: 
• o jusnaturalista; 
• o positivista; e 
• o moral. 
Fundamento Jusnaturalista 
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento dos Direitos Humanos está em 
normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de 
um conjunto de ideias, de origem divina ou fruto da razão humana. 
Assim, para essa corrente de pensamento, os Direitos Humanos seriam 
equivalentes aos direitos naturais, consequência da afirmação dos ideais 
jusnaturalistas. 
Uma característica importante da corrente jusnaturalista é o cunho metafísico, 
uma vez que os Direitos Humanos encontram fundamento na existência de um 
direito pré-existente ao direito produzido pelo homem, oriundo de: 
• Deus  escola de direito natural de razão divina; ou 
• da natureza inerente do ser humano  escola de direito natural 
moderna. 
Em crítica a esse fundamento, argui-se que os direitos humanos são históricos, 
ou seja, conquistados pela sociedade em razão das confluências sociais e 
culturais, de forma que os Direitos Humanos não são pré-existentes a tudo que 
existe de normativo. 
De todo modo, essa corrente é importante, uma vez que 
influenciou e ainda influencia o desenvolvimento dos 
Direitos Humanos, tal como se extrai da jurisprudência do 
STF, de acordo com os ensinamentos de André de Carvalho Ramos8. Vejamos 
alguns exemplos: 
 Ao se pronunciar sobre o tema bloco de constitucionalidade, o Min. Celso 
de Mello9 discorreu que os direitos naturais integram o referido bloco. 
 
8 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014 
(versão digital). 
9 ADI 595/ES, Rel. Celso de Mello, 2002, DJU de 26-2-2002. 
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Cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração 
desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, 
expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da 
Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de 
sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes 
mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei 
Fundamental do Estado. 
Em sentido estrito, bloco de constitucionalidade refere-se às normas que servem 
de parâmetro para o controle de constitucionalidade.Em sentido amplo, por bloco de constitucionalidade devemos compreender o 
conjunto das normas do ordenamento jurídico que tenham status constitucional. 
É nesse sentido que o assunto ganha relevância para o estudo de Direitos 
Humanos. Assim, além das normas formalmente constitucionais, todas as 
normas que versem sobre matéria constitucional, tal como os direitos humanos 
(segundo referência acima do STF) e os tratados internacionais de direitos 
humanos serão considerados materialmente constitucionais. 
 Ao tratar sobre o direito à greve como causa suspensiva do contrato de 
trabalho, o Min. Marco Aurélio10 abordou-o como direito natural. 
Em síntese, na vigência de toda e qualquer relação jurídica concernente à prestação de 
serviços, é irrecusável o direito à greve. E este, porque ligado à dignidade do homem – 
consubstanciando expressão maior da liberdade a recusa, ato de vontade, em continuar 
trabalhando sob condições tidas como inaceitáveis –, merece ser enquadrado entre os 
direitos naturais. Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práticas 
que acabem por negá-lo (...) consequência da perda advinda dos dias de paralisação há de 
ser definida uma vez cessada a greve. Conta-se, para tanto, com o mecanismo dos 
descontos, a elidir eventual enriquecimento indevido, se é que este, no caso, possa se 
configurar. 
Os julgados acima bem exemplificam que embora não seja a tese prevalente para 
a defesa de direitos humanos, por vezes, é reportado como um dos fundamentos 
da nossa disciplina. 
Fundamento positivista 
Segundo o fundamento positivista, a formação dos Estados Constitucionais 
de Direito, como é o caso do Brasil, levou à inserção de Direitos Humanos nas 
constituições. 
Desse modo, se os Direitos Humanos estiverem escritos em textos legais são 
considerados Direitos Humanos. Antes de serem positivados, são 
considerados apenas valores e juízos morais. 
Acerca dessa corrente leciona André de Carvalho Ramos11: 
O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da lei positiva, cujo pressuposto 
de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Assim, 
os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal. 
 
10 SS 2.061 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Presidente, DJU 30-10-2001. 
11 RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica). 
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Essa corrente não pode ser considerada unilateralmente, pois a necessidade de 
positivação do direito enfraquece-o. Não é possível aceitar que somente os 
direitos humanos positivados no âmbito internacional ou internamente possam 
ser assegurados. Ademais, adotando-se unilateralmente a tese positivista, se a 
lei for omissa ou mesmo contrária à dignidade humana, estaremos diante de uma 
precarização dos Direitos Humanos, o que é inaceitável. 
Fundamento Moral 
Para finalizar, vejamos a fundamentação moral, segundo a qual os direitos 
humanos consistem no conjunto de direitos subjetivos originados diretamente 
dos princípios, independentemente da existência de regras prévias. Assim, os 
direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não 
aferem sua validade por normas positivadas, mas extraem validade 
diretamente de valores morais da coletividade humana. Entende-se que a 
moralidade integra o ordenamento jurídico por meio de princípios, referindo-se 
às exigências de justiça, de equidade ou de qualquer outra dimensão da moral. 
Existe, portanto, um conteúdo ético na fundamentação dos Direitos 
Humanos, no que se refere à necessidade de assegurar uma vida digna 
às pessoas. 
Quadro sinótico 
 
Impossibilidade de 
delimitação dos Fundamentos 
Nega a possibilidade de fundamentação dos direitos 
humanos, por vários motivos: 
✓ há divergências quanto à abrangência; 
✓ estão em constante evolução; 
✓ constituem categoria heterogênea; 
✓ são consagrados a partir de juízos de valor, que 
não podem ser justificados e comprovados. 
✓ constitui disciplina universalmente aceita e 
fundada na moral. 
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Em suma: 
 
Finalmente, registre-se que há outros fundamentos apontados pela doutrina, tal 
como o racionalista, bem como doutrinas utilitaristas e comunistas que criticam 
os fundamentos dos Direitos Humanos. Entretanto, em razão da objetividade e 
das pretensões desse curso, deixaremos de abordar o assunto. 
3 - A sacralidade da pessoa e a dignidade humana 
3.1 - Sacralidade: Iluminismo versus cristianismo 
O estudo da sacralidade da pessoa e da dignidade, requer a compreensão da 
estrutura normativa dos Direitos Humanos. Veremos o porquê. 
Mas e o que seria a dita “sacralidade da pessoa e da dignidade” frente à 
estrutura supramencionada? 
Essa discussão tomou corpo com a obra de Hans Hoas intitulada “A sacralidade 
da pessoa”. O autor busca discutir, em verdade, a fundamentação histórica da 
disciplina. Para alguns os Direitos Humanos surgem com o iluminismo, quando o 
homem é colocado como o centro das atenções, ao invés de Deus. Para outros 
que se defende aqui, os Direitos Humanos surgem da tradição judaico-cristã. 
Qual é a tese adotada pelo autor? 
NENHUMA! Isso mesmo, o autor busca romper com uma ou outra posição 
teórica para compreender que os Direitos Humanos surgem de um profundo 
•Normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de um
conjunto de ideias, fruto da razão humana.
•CRÍTICA: os Direitos Humanos não são direitos naturais, pré-existentes e
superiores a quaisquer espécie normativa, mas decorrente da evolução
histórica da sociedade
FUNDAMENTO JUSNATURALISTA
•São Direitos Humanos os valores e os juízos condizentes com a dignidade
positivados no ordenamento.
•CRÍTICA: considerá-lo como único fundamento enfraquece a proteção, porque
diante da omissão legislativa ou contrária à dignidade, permite-se a
precarização de tais direitos
FUNDAMENTO POSITIVISTA
•Os direitos humanos podem ser considerados direitos morais que não aferem
sua validade por normas positivadas, mas diretamente de valores morais da
coletividade humana.
FUNDAMENTO MORAL
É possível delimitar os fundamentos dos 
Direitos Humanos que se consagraram ao 
longo do tempo segundo diversas correntes 
filosóficas.
Juntos, os fundamentos jusnaturalista, 
positivista e moral justificam a importância 
dos Direitos Humanos para a sociedade 
contemporânea.
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processo de “sacralização da pessoa”. A pessoa torna-se uma instituição 
sagrada, não em razão da ideologia cristã necessariamente, envolve o 
desenvolvimento político, o pensamento cristão, o desenvolvimento da ciência, a 
evolução cultural da sociedade. Todos esses fatores levaram à sacralização da 
pessoa e da dignidade, o que resultou no surgimento e consolidação dos Direitos 
Humanos e, posteriormente, com a normatização da dignidade para a defesa da 
pessoa como uma instituição sagrada. 
Vejamos, portanto, como que se estrutura a normatização da dignidade da 
pessoa em face da relevância que o tema alçou na comunidade internacional. 
4 - Teoria crítica dos Direitos Humanos 
“Teoria Crítica dos Direitos Humanos” refere-se à conhecida obra de Joaquín 
Herrera Flores. Para fins de concurso público não vale o esforço tratar de toda a 
obra do autor. De toda forma, comomencionado em edital vamos, aqui, sintetizar 
as principais ideias lançadas na obra. 
Como você verá o estudo do autor constitui uma verdadeira complementação da 
discussão que teremos nessa aula acerca das características da universalidade e 
da relatividade. 
A discussão central da obra de Herrera está em analisar a origem histórica dos 
Direitos Humanos, a partir de uma análise crítica. Muito embora seja intitulada 
doutrina crítica, o autor não pretende desconstruir o pensamento construído até 
então acerca da origem e evolução dos Direitos Humanos. 
Entende o autor que a construção dos Direitos Humanos envolve os denominados 
“processos reativos dos seres humanos”. Assim, acontecimentos revolucionários 
marcaram o surgimento e desenvolvimento da disciplina. Esses acontecimentos 
envolvem os denominados “processos sociais, econômicos, políticos e 
normativos”. 
Em razão disso, entende o autor que cada comunidade possui um entender 
específico sobre quais são os direitos mais importantes do ser humano. Ou seja, 
os Direitos Humanos caracterizam-se por serem relativos. Essa ideia de 
relativismo cultural imanente à teoria de Herrera Flores se contrapõe a outra 
característica relevante do autor: o universalismo. 
De acordo com o autor, as culturas hegemônicas se fecharam sobre si mesmo e 
levaram às demais culturas o “outro como civilizado”, uma cultura externa como 
a correta a ser aplicada em termos universais. 
Assim, conclui o autor que é necessário descontruir o conceito de Direitos 
Humanos fundado a partir de juízos e valores universais, que foram utilizados 
para: 
1º - ferramenta de colonização 
Os Direitos Humanos são utilizados como fontes legitimadoras de novos 
sistemas de relação social, tal como o capitalismo. 
2º - instrumento de libertação 
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Os Direitos Humanos são utilizados como instrumento de mobilização da 
sociedade contra a hegemonia das relações sociais impostas pelo capital. 
Nesse contexto, o autor entende que os Direitos Humanos podem ser utilizados 
para embasar reações políticas, econômicas, sociais ou até mesmo jurídicas, de 
acordo com o momento ou circunstâncias da sociedade. Contudo, em todas 
essas confluências, os Direitos Humanos não permitem descurar da 
busca pela dignidade. 
Assim, conclui o autor que os Direitos Humanos não constituem um Direito 
Natural, compreendido como um fenômeno natural (acabado, metafísico e 
transcendente), mas como produto cultural, própria de cada formação social, 
cujo objetivo unânime é a dignidade da pessoa. 
Temos, portanto, na doutrina de Herrera Flores: 
O VIÉS DO RELATIVISMO CULTURAL COM FOCO NA DIGNIDADE 
HUMANA COMO PONTO UNIVERSAL. 
Portanto, a dignidade constitui um núcleo comum e universal capaz de permitir 
o diálogo entre as diferentes formas de existir dos Direitos Humanos. 
A fim de construir a defesa universal da dignidade, o autor propõe a construção 
de “espaços de encontro” entre as diversas culturas (com reações, ações e 
intervenções próprias). 
A fim de construir um espaço de encontro entre as diversas formas de ação, o 
autor propõe “seis decisões iniciais”. 
1ª DECISÃO: “pensar é pensar de outro modo”. 
Ao pensar os Direitos Humanos devemos criar novos modelos deixando as 
diferenças às claras, notadamente quanto envolver ordem hegemônicas. 
Trata-se, em verdade, da adoção de uma postura crítica em relação ao que 
é dado e que orienta todo o processo cultural. 
2ª DECISÃO: “da negatividade à afirmação ontológica e axiológica”. 
Trata-se de propor a possibilidade de diálogo para se chegar ao conteúdo 
de dignidade, conceito esse variável. 
3ª DECISÃO: “pensar as lutas pela dignidade humana significa 
problematizar a realidade”. 
Envolve a análise crítica da realidade, na conceituação da dignidade ao 
serem analisados os acontecimentos históricos. 
4ª DECISÃO: “da utopia às heterotopias”. 
No processo crítico de análise dos acontecimentos históricos, não devemos 
buscar a utopia, mas algo novo e possível. 
5ª DECISÃO: “a indignação diante do intolerável deve nos induzir ao 
encontro positivo e afirmativo de vontades críticas”. 
A finalidade central da análise crítica é fixar pontos de repúdio contra 
determinadas práticas violadoras da dignidade intoleráveis. A crítica por si 
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só não tem conteúdo se não gerar a indignação contra o intolerável, com 
atenção ao nosso redor, modo de existência e ao nosso tempo. 
6ª DECISÃO: “nem tudo vale o mesmo”. 
Os Direitos Humanos são produtos culturais e, assim, não podem ser 
universais, mas formas diferentes de buscar a dignidade. 
Essas são, portanto, as bases a teoria crítica dos Direitos Humanos, segundo 
Herrera Flores. 
5 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos 
O estudo da afirmação histórica dos Direito Humanos remete à análise dos fatos 
históricos que levaram ao surgimento de direitos e de garantias protetivos da 
dignidade das pessoas. Vimos que os Direitos Humanos são históricos e que 
foram criados de acordo com a evolução da sociedade. Assim, estudar a 
afirmação histórica dos Direito Humanos é estudar a história dessa 
disciplina. 
Segundo Norberto Bobbio, os direitos humanos não nascem “de uma vez por 
todas”, mas estão, segundo leciona Hannah Arendt, em processo de constante 
reconstrução. 
No Brasil, o autor referência para o estudo da história dos Direitos Humanos é 
Fábio Konder Comparato, que possui uma obra de 600 páginas, 
aproximadamente, apenas sobre esse assunto. Como esse autor é considerado 
frequente em provas, vamos sintetizar, neste tópico, os principais marcos 
históricos relacionados em sua obra, sempre de forma didática e objetiva. 
Ao iniciar sua obra, discorre o referido autor12: 
O que se trata, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda História: a 
revelação de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e 
culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo 
capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de 
que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe 
social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos demais. 
Pessoal, para que compreendamos a afirmação histórica dos Direitos Humanos 
vamos dividir o estudo em 2 partes: 
1º. afirmação do conceito de pessoa na história; 
2º. grandes etapas históricas na afirmação dos direitos humanos. 
5.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história 
O conceito de pessoa como objeto de reflexão na filosofia passa por um processo 
que evolui paulatinamente ao longo de vários séculos. Neste tópico vamos 
estudar os fundamentos para a compreensão da pessoa humana e a 
afirmação da existência dos direitos humanos. 
 
12 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 13. 
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O homem ter passado a ser o centro das reflexões humanas implicou uma série 
de reflexões acerca da pessoa e da igualdade de tratamento entre elas, pelo 
simples fato de serem humanos. 
Vários são os pensadores e momentos históricos relevantes em torno do estudo 
da pessoa, da igualdade e da dignidade. Esses pensadores e momentos históricos 
refletem um conjunto de ideais que levaram à construção dos direitos humanos 
na contemporaneidade. Como é uma matéria bastanteteórica e acadêmica, 
acreditamos ser de pouca valia para concurso. De toda forma, vamos trazer as 
principais reflexões num quadro-síntese, suficiente para a prova que faremos. 
GRÉCIA E 
ATENAS 
A lei escrita e os costumes são considerados o fundamento de toda a 
sociedade, repercutindo no regramento dos assuntos, de modo que a pessoa 
passou a ser objeto de reflexão. 
FILOSOFIA 
ESTOICA 
Centrou a discussão em torno da unidade moral do ser humano e da dignidade 
do homem, pelo qual devemos compreender todos como iguais embora 
existam muitas diferenças individuais. 
CRISTIANISMO 
O cristianismo prega que Jesus é modelo ético de pessoa, uma representação 
factível de Deus e de suas doutrinas na terra, que defende a igualdade entre 
as pessoas. 
FILOSOFIA 
KANTIANA 
Segundo a filosofia de Emmanuel Kant, a igualdade é a essência da pessoa, 
responsável pelo núcleo do conceito de direitos humanos. Por conta disso, a 
dignidade da pessoa deve ser considerada um fim em si mesmo, não 
instrumento para se chegar a determinado objetivo. 
PENSAMENTO 
MARXISTA 
Compreende que houve uma inversão de valores com o desenvolvimento do 
modelo capitalista, na medida em que o operário passou a ser considerado 
coisa, deixando de ser sujeito de direito. 
Em síntese, a compreensão em torno da pessoa foi valorizada. Juntamente, 
alguns conceitos atrelados à ética e aos comportamentos morais prevaleceram, 
indicando a necessidade de serem protegidos alguns direitos essenciais 
ao homem, em razão de sua natureza. 
É por conta disso, que parte dos doutrinadores atrelam os Direitos Humanos ao 
Direito Natural. Como já vimos nesta aula, Direitos Humanos e Direitos Naturais 
não se confundem para a corrente majoritária do pensamento filosófico. Contudo, 
é possível afirmar que, em sua origem, os Direitos Humanos surgiram com a 
ascensão da acepção de Direitos Naturais, inatos ao homem. 
Contudo, conforme ficará patente neste material, os direitos humanos se 
desenvolvem e se afirmam com os acontecimentos históricos, não permanecendo 
de forma estanque, absoluta e imutável ao longo do tempo. 
Lançada a base sobre a qual se erigiu a disciplina Direitos Humanos, vamos 
passar ao estudo de como se desenrolou esse processo de desenvolvimento. 
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5.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos 
Direitos Humanos 
Neste tópico vamos analisar os principais momentos históricos que marcaram a 
evolução e a consolidação dos Direitos Humanos. 
Como o assunto é, na realidade, de História, com a pretensão de facilitar o 
entendimento vamos estudar o tema de forma sistemática e organizada, 
lançando apenas as informações consideradas primordiais para a sua prova. Isso 
permitirá que você, candidato, tenha uma noção global de como se deu o 
desenvolvimento histórico para a formação da nossa disciplina. 
Duas observações iniciais, a respeito dos momentos históricos, são importantes. 
Primeira, a compreensão de determinados direitos como humanos é, em regra, 
fruto da “dor física e do sofrimento moral”. Melhor explicando, a cada 
momento histórico com registro de atrocidades, guerras e surtos de violência, a 
sociedade se sensibiliza e dá um passo adiante na afirmação dos direitos 
humanos. 
Segunda, em regra, a afirmação de determinado direito humano é 
acompanhada de grandes descobertas científicas ou invenções técnicas, 
conforme ensina Fábio Konder Comparato. 
Essas observações ficarão bastante claras à medida que avançarmos no estudo 
do curso histórico dos direitos humanos. 
Período Axial 
Primeiramente vamos compreender o termo “axial”. Axial refere-se a eixo. Vale 
dizer que o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se 
desenvolve a disciplina Direitos Humanos. 
Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação 
daquilo que conhecemos por humanidade. 
O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos 
estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida. 
Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a 
passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram 
fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o 
homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais 
apegado à mitologia. 
Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das 
discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise 
e de reflexão. 
Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o 
tempo ela foi adaptada, de modo que passou a se cultuar, por exemplo, 
antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das 
novas gerações. 
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Nesse período houve a aproximação e a compreensão mútua entre os 
diversos povos que compunham as comunidades da época. 
Assim leciona Fábio Konder Comparato13 sobre esse período: 
É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser 
considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não 
obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. 
Reino Davídico, Democracia Ateniensee e República Romana 
A consciência histórica dos Direitos Humanos remonta ao desenvolvimento de 
mecanismos de limitação do poder político. Em regra, os governantes criavam 
leis para justificar seu poder, contudo, nas sociedades abaixo referidas, o poder 
político encontrava-se subordinado. 
 Reino de Davi (século XI e X a.C): subordinação dos governantes à lei 
divina. 
Os governantes não criam o direito para justificar o exercício de seu poder, 
pelo contrário, estão submetidos a um conjunto de princípios e normas 
superiores (de caráter divino). 
 Democracia ateniense (século VIII a.C): sociedade subordinada à lei e 
com ativa participação popular no processo político. 
 República Romana: há limitação do poder político por meio da instituição 
de um complexo sistema de controles recíprocos entre os diversos órgãos. 
Em suma, todas essas sociedades caracterizam-se pela LIMITAÇÃO DO 
PODER POLÍTICO e possuem importância na consolidação dos Direitos 
Humanos. 
Baixa Idade Média 
O início da Idade Média (denominada de Alta Idade Média) é marcada pelo 
esfacelamento do poder político e econômico, em razão da instauração do 
feudalismo. 
Contudo, a partir do século XI, houve o início de um movimento de retomada, 
no qual grupos dominantes passaram a pretender o controle político da 
sociedade medieval. Assim, os governantes, já na Baixa Idade Média, passaram 
a centralizar o poder político em suas mãos, o que implicou uma série de pressões 
de outros segmentos da sociedade contra abusos dessa reconstrução do poder 
político. 
Dois são os documentos marcantes dessa época: 
1. Declaração das Cortes de Leão de 1188; e 
2. Magna Carta de 1215. 
 
13 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19. 
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Esses diplomas, em síntese, foram capazes de assegurar, no surgimento dos 
direitos humanos, o valor liberdade. Essa liberdade, contudo, era específica e 
em favor de determinados estamentos da sociedade. 
Em suma: nesse período despontou A LIBERDADE COMO MANIFESTAÇÃO 
INICIAL DOS DIREITOS HUMANOS. 
Século XVII 
Esse período é caracterizado

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