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Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 1 TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS CONCEITO Alexandre de Moraes Conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito à sua dignidade por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. Charlles Malik A expressão Direitos Humanos refere-se obviamente ao homem, e como direitos só se pode designar aquilo que pertence à essência do homem, que não é puramente acidental, que não surge e desaparece com a mudança dos tempos, da moda, do estilo ou do sistema, deve ser algo que pertence ao homem como tal. Valério de Oliveira Mazzuoli Os direitos humanos são, portanto, direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena de responsabilidade internacional. André de Carvalho Ramos Conjunto de direitos indispensáveis para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. São indispensáveis à vida digna. Não existe um rol predeterminado desses direitos, que passam a existir de acordo com as necessidades humanas ao longo da História. Curso Rede Juris Direitos humanos são aqueles que surgem em função da figura humana, conexos aos direitos naturais e positivados em tratados ou convenções internacionais, que visam efetivar a dignidade da pessoa humana. VUNESP Direitos humanos é uma forma sintética de se referir a direitos fundamentais da pessoa humana, aqueles que são essenciais à pessoa humana, que precisa ser respeitada pela dignidade que lhe é inerente. ONU Os direitos humanos são “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”. Robert Alexy Direitos humanos abrangem interesses e carências essenciais aos seres humanos (são direitos fundamentais), ocupam uma posição de prioridade no sistema jurídico (são direitos preferenciais), sua validade independe da positivação pela norma jurídica (são direitos morais), sua aplicação depende de algum tipo de limitação no caso concreto (são direitos abstratos) e têm por titulares todo e qualquer ser humano (universalidade). Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 2 TERMINOLOGIAS Direitos do Homem Expressão de cunho jusnaturalista que conota a série de direitos naturais (ou seja, ainda não positivados) aptos à proteção global do homem e válidos em todos os tempos. São direitos que, em tese, ainda não se encontram nos textos constitucionais ou nos tratados internacionais de proteção. Àqueles direitos que se sabe ter, mas não por que se tem, cuja existência se justifica apenas no plano jusnaturalista. Direitos Humanos Direitos inscritos (positivados) em tratados e declarações ou previstos em costumes internacionais. Direitos fundamentais Expressão afeta à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos aspectos ou matizes constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados nas Cartas Constitucionais contemporâneas. Fonte: Curso de direitos humanos / Valerio de Oliveira Mazzuoli. – 5. ed., rev. atual. ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. DIREITOS DO HOMEM DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Direitos não previstos na ordem interna (nacional) ou externa (internacional). Direitos previstos em normas internacionais (tratados). Direitos previstos em normas nacionais (constituição). CONCEPÇÕES / FUNDAMENTAÇÃO Concepção jusnaturalista Direitos fundamentais do homem são imperativos do direito natural, e existem antes mesmo da estruturação estatal. Fundamentação em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável. Concepção positivista Direitos do homem são faculdades concedidas pela lei, e não pela natureza das coisas. Concepção idealista Direitos do homem são ideias abstratas, que nascem do imaginário e que vão sendo absorvidas pela realidade ao longo do tempo. Concepção realista Direitos do homem não nascem do imaginário e nem são absorvidos com o tempo de maneira natural. Muito ao contrário, os direitos fundamentais do homem são resultados reais das lutas sociais e políticas travadas na história. Para se chegar a eles, quase sempre há um rasto de sangue e muita luta por trás. Concepção liberal Trata os direitos humanos como liberdades fundamentais, porque a liberdade é que dá força e possibilita modificar, inclusive, a natureza das coisas, porque os seres humanos podem, então, se associar, se reunir e lutar. Os direitos humanos estariam vocacionados para preservar a autonomia da vida do homem. Concepção histórico- crítica Vincula fortemente os direitos humanos à sua característica de historicidade, porque estes seriam construções históricas marcadas por contradições, condições e nuanças da realidade social, política, econômica e cultural. Fonte: Curso Rede Juris. Professor Bruno Fontes. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 3 AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS Idade Antiga 4000 a.C até 476 d.C, quando da tomada do Império Romano pelos povos bárbaros. Não havia previsões normativas, e a regulação se baseava praticamente na justiça privada, com desproporção e injustiça. Normas: Código de Manu, o Código de Hamurabi e a Lei das 12 Tábuas. O Código de Hamurabi se notabilizou pela lei do talião (“olho por olho e dente por dente”6), mas tratava as pessoas com desproporcionalidade e ainda considerando três classes sociais de pessoas: 1ª classe mais alta (“awelum”): punição com patrimônio e sem sanções cruéis; 2ª classe intermediária (“mushkenum”): as vezes com penas cruéis, mas também punição com retirada do patrimônio; 3ª classe (“wardum”, ou bárbaros”: tinham direito à propriedade, mas a regra eram penas cruéis, difamantes e de morte. Leis das 12 Tábuas: regulava a vida do povo romano e tinha por base o princípio da igualdade, para tratamento igual de todos, ao contrário do Código de Hamurabi. Cilindro de Ciro: primeiro registro de uma declaração dos direitos humanos. Escrito por Ciro, o grande, rei da Pérsia, por volta de 539 a.C. Idade Média 476 d.C. com a Queda do Império Romano até 1.453 d.C. com a transição para a Idade Moderna Primeiras manifestações contrárias à reconcentração do poder ocorrido na baixa idade média: Declaração das Cortes de Leão de 1188, na península ibérica, e à Magna Carta de 1215, na Inglaterra. Surgimento da Magna Carta de 1215, do Rei João Sem Terra. Neste documento, o Rei começava a ser restringido pela lei. O poder político deve ser legalmente limitado. Previsão de “habeas corpus”, do direito de propriedade, do devido processo legal, da proporcionalidade, da proibição dos tributos com efeito de confisco. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 4 Idade Moderna 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Turco Otomanos, até 1789, com a Revolução Francesa. Surgiu o chamado Tratado de Vestfália que fez surgir a concepção do Estado moderno, com elementos objetivos (povo, território e governo soberano) e subjetivos (reconhecimento da sua existência) e, consequentemente,um sistema internacional à vista das soberanias estatais. Inglaterra: Petition of Rights, de 1628, que requeria direitos e liberdades para os súditos do Rei e ainda estabelecia, expressamente, que os impostos só poderiam ser cobrados com o consentimento do Parlamento, que não poderia haver prisão sem justa causa apresentada e que a lei marcial (restrição dos direitos) não poderia ser utilizada em tempo de paz. Bill of Rights, de 1689, que repetia os direitos protegidos pela Magna Carta de 1215 e previa independência do Parlamento e, assim, a divisão dos poderes; “Habeas Corpus Act”, de 1679, lei do Parlamento criada durante o reinado de Rei Charles II, e reforçava o já existente “habeas corpus” (existia no direito consuetudinário inglês) como garantia da liberdade individual contra prisão ilegal, abusiva ou arbitrária. Serviu de modelo para a criação de outras formas de proteção das liberdades fundamentais, como o juicio de amparo, na América Latina. “Act of Settlement”, de 1701, que estabeleceu procedimentos e garantias para sucessão protestante do trono inglês e o poder do Parlamento, e ainda reafirmou que os governantes se submetiam ao princípio da legalidade, independência e autonomia dos órgãos jurisdicionais, inclusive acima da vontade da Coroa, além da responsabilidade política dos agentes políticos e possibilidade de “impeachment”. Estados Unidos: Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia (16/06/1776): estabelecendo que todo poder emana do povo, que em seu nome deve ser exercido, reconhecendo que todo ser humano tem direitos fundamentais, como a igualdade, a liberdade, os direitos inatos, a previsão e a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário etc. A Declaração dos Direitos editada pela Virginia em 1776 foi um o primeiro documento a afirmar os princípios democráticos, na história política moderna. Declaração da Independência dos EUA (04/07/1776): a dignidade da pessoa humana exige a existência de condições políticas para sua efetivação. Constituição dos EUA (17/09/1787): Bill of Rights dos EUA (1791): nome dado às primeiras 10 emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde com Bill of Rigths da Inglaterra. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 5 Idade Contemporânea Inicia com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, surgido na França em 1789, influenciado pela Revolução Francesa e pela Declaração dos Direitos do Povo da Virgínea, de 1776, até o presente momento. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi baseada no direito natural, e estabelece o Estado laico, o princípio da legalidade, da anterioridade e da presunção da inocência. Insere-se neste período contemporâneo, as Emendas à Constituição dos EUA, de 1791, que constituíram as 10 primeiras emendas como “Bill of Rights” norte- americana, com ratificação por três quartos dos estados, prevendo vários direitos fundamentais, como liberdade religiosa e proibição de estabelecimento oficial de religião, direito à vida, devido processo legal, imparcialidade dos julgamentos. Logo depois das Revoluções Americana (1776-1783) e Francesa (1789-1799), inúmeras constituições, além da Americana de 1789 e da Francesa de 1791, consagraram o constitucionalismo, com tentativas de limitar e separar os poderes e ainda prever direitos fundamentais, como foi o caso da Constituição da Espanha de 1812, de Portugal de 1822, do Brasil de 1824, da Bélgica de 1831. SÉCULO XX Constituição Mexicana de 1917. Marcos da afirmação dos direitos humanos de 2ª geração. Tratado de Versailles / Liga das Nações: primeira organização a lutar pela paz internacional no pós 1ª Guerra Mundial. Os países vencedores se reuniram em Versailles, nos subúrbios de Paris, França, em janeiro de 1919, para firmar um tratado de paz (tratado de Versailles). Um dos pontos do tratado foi a criação do organismo internacional Liga das Nações. Constituição Alemã, de 1919 (Constituição de Weimar), que, em meio à 1ª Guerra Mundial e logo depois do Tratado de Versalhes, elegeram os direitos trabalhistas e previdenciários à condição de direitos fundamentais. Marcos da afirmação dos direitos humanos de 2ª geração. Depois da 2ª Guerra Mundial surgiu a ONU, em 1945 e o processo de universalização, sistematização e internacionalização da proteção dos direitos humanos intensificou-se. Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, com três dimensões: liberdades públicas, direitos econômicos e sociais e fraternidade/solidariedade, porém apenas como recomendação, sem força normativa de tratado. Na visão majoritária da doutrina, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é um tratado internacional, no sentido formal, e, apesar de orientar as relações sociais no âmbito da proteção da dignidade da pessoa humana, não possui, em si, força vinculante. Pacto Internacional de Direitos Internacional de Civis e Políticos, de 1966. Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Culturais e Sociais, também de 1966. Fonte: Curso Rede Juris. Professor Bruno Pontes. NA IDADE MÉDIA IDADE MODERNA Declaração da Corte de Leão: Magna Carta Petion of Right Habeas Corpus Act Bill of Rights Act of Settlement Península Ibérica 1188 Inglaterra 1215 Inglaterra 1628 Inglaterra 1679 Inglaterra 1689 Inglaterra 1701 Consagrou a luta dos senhores feudais contra a centralização Nascimento futuro do Estado nacional. Prevê catálogo de direito do indivíduo contra o Estado. Consagra que o Rei não poderá cobrar imposto sem autorização do parlamento. Nenhum homem poderia ser preso ou privado de seus bens sem respeito a lei (devido processo legal). Previsão do dever de entrega do mandado de captura” ao preso ou seu representante, representando mais um passo para banir as detenções arbitrárias. Poder do Rei é reduzido de forma definitiva, prevê afirmação da vontade da lei sobre vontade absolutista do rei. Fixa a linha de sucessão da coroa inglesa+ Reafirma o poder do Parlamento e a necessidade do respeito da vontade da lei, resguardando-se os direitos dos súditos contra a volta da tirania dos monarcas. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 6 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO MODERNO DIREITO INTERNACIONAL DIREITO HUMANITÁRIO: criado no século XIX, [...] elevou ao status internacional a proteção humanitária em casos de guerra, regulamentando juridicamente, em âmbito internacional, proteções aos feridos e aos civis. Passa a haver nas guerras certos limites. Nos casos, à liberdade e à autonomia dos Estados conflitantes, ganham regramento. Fica assim indicado um caminho por onde os direitos humanos, mais tarde, também deveriam trilhar, alcançando amplitude universal. Jus in bello: regulamenta o procedimento a ser adotado durante a guerra, protegendo as pessoas em tempos de conflitos (finalidade do direito humanitário); Jus ad bellum: doutrina da guerra justa. Discute, por exemplo, a questão da proporcionalidade nos atos de defesa e ataque (se relaciona mais ao direito internacional) CRIAÇÃO DA LIGA DAS NAÇÕES: 1920, segundo explica Flávia Piovesan (2000, p.124), tinha como finalidade promover a cooperação, paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a independência política de seus membros. A Convenção da Liga das Nações ainda estabelecia sanções econômicas e militares a serem impostas pela comunidade internacional contra os Estados que violassem suas obrigações, o que representouuma redefinição do conceito de soberania estatal absoluta. CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO: criada finda a primeira guerra mundial foi [...] o antecedente que mais contribuiu para a formação do Direito Internacional dos Direitos Humanos, com o objetivo de estabelecer critérios básicos de proteção ao trabalhador, regulando sua condição no plano internacional, tendo em vista assegurar padrões mais condizentes de dignidade e de bem estar social. FONTE: http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2328/1823 Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 7 ESTRUTURA Os Direitos Humanos possuem estrutura variada, constituindo um feixe de direitos considerados fundamentais para a assecuração do vetor da Dignidade da Pessoa Humana. Estrutura DIREITO-PRETENSÃO Consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de prestar. Nesse sentido, determinada pessoa tem direito a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro particular) tem o dever de realizar uma conduta que não viole esse direito. Exemplo: o acesso à saúde e educação. DIREITO-LIBERDADE Consiste na faculdade de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa. Exemplo uma pessoa tem a liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o Estado (ou terceiros) nenhum direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha determinada religião. DIREITO-PODER Implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa. Exemplo: uma pessoa tem o poder de, ao ser presa, requerer a assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade pública a providenciar tais contatos (art. 5º, LXIII, da CF/88). DIREITO-IMUNIDADE Consiste na autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo. Exemplo: uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar (art. 5º, LVI, da CF/88), o que impede que outros agentes públicos (como, por exemplo, agentes policiais) possam alterar a posição da pessoa em relação à prisão. Fonte: Curso de Direitos Humanos - André de Carvalho Ramos - 2017. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 8 GERAÇÕES OU DIMENSÕES O termo geração não é adequado, tendo em vista que uma das características mais marcante dos DH é a indivisibilidade (eles não se dividem ou sucedem em “gerações”), portanto, o termo geração poderia induzir à falsa ideia de que uma categoria de direitos substitui a outra que lhe é anterior. O termo mais adequado é dimensões. GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS Direitos de 1ª geração (direitos civis e políticos) 1ª - CP (direito civil e político) Liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade. Exigem abstenção do Estado. Direitos de 2ª geração (direitos econômicos, sociais e culturais) 2ª SEC (lembrar de second, segundo - sociais, econômicos e culturais) Liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade. Exigem atuações do Estado. Direitos de 3ª geração Relacionado a valores de fraternidade ou solidariedade. Materializam poderes de titularidade coletiva. Exemplos: desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, direito do consumidor, bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais. STF: direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é “um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano”. Direitos de 4ª geração Democracia, informação e pluralismo Engenharia genética Direitos de 5ª geração Cibernética, realidade virtual e direito à paz. CLASSIFICAÇÃO DE PAULO BONAVIDES 1ª geração Direitos de liberdade Civis e políticos 2ª geração Direitos de igualdade Econômicos, sociais e culturais e COLETIVOS. 3ª geração Direitos de fraternidade Desenvolvimento, paz, meio ambiente, comunicação e patrimônio comum da humanidade 4ª geração Direitos da solidariedade Democracia, informação e pluralismo. 5ª geração Direito da esperança Direito à paz Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 9 SISTEMAS NORMATIVOS GLOBAL Geral: abstração e generalidade, isto é, para todos sem distinção. Declaração Universal dos Direitos Humanos, Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 Específico / Especial: relacionado ao sujeito do direito e especificidade e concreticidade, como criança, mulheres etc. Convenções Internacionais que buscam responder a determinadas violações de direitos humanos, como a tortura, a discriminação racial, a discriminação contra as mulheres, a violação dos direitos das crianças... REGIONAL Geral: abstração e generalidade, isto é, para todos sem distinção. Busca internacionalizar os direitos humanos no plano regional, em especial na Europa, América e África. Específico / Especial: relacionado ao sujeito do direito e especificidade e concreticidade, como criança, mulheres etc. GLOBAL REGIONAL Carta Internacional dos Direitos Humanos Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à Escravatura Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados e Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) e o respectivo Protocolo Facultativo Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes e Protocolo Opcional Convenção sobre os Direitos da Criança Declaração e Programa de Ação de Viena Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos Protocolo de Prevenção, Supressão e Punição do Tráfico de Pessoas, especialmente Mulheres e Crianças, complementar à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado Convenção Internacional sobre a Proteção de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. Convenção Americana de Direitos Humanos (“Pacto de San José da Costa Rica”). Protocolo adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (“Protocolo de San Salvador”). Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição da Pena de Morte. Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (“Convenção de Belém do Pará”). Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 10 RESPONSABILIDADE DO ESTADOE DIREITOS HUMANOS Conceito Instituto jurídico que visa responsabilizar uma potência soberana pela prática de um ato atentatório (ilícito) ao direito internacional perpetrado contra os direitos ou a dignidade de outro Estado, prevendo certa reparação a este último pelos prejuízos e gravames que injustamente sofreu. O Estado pode ser responsabilizado por ato de seus agentes, de particulares por delegação ou de terceiros. Foco na responsabilidade internacional dos Estados no que tange especificamente às violações de direitos de particulares, ou seja, das pessoas físicas. Finalidade Primária Preventiva: coagir psicologicamente os Estados, a fim de que eles não deixem de cumprir com os seus compromissos internacionais. Repressiva: atribuir ao indivíduo que sofreu um prejuízo, em decorrência de um ato ilícito cometido por um Estado, uma justa e devida reparação, seja de ordem pecuniária ou de outra natureza Secundária Impor aos Estados limites de Atuação no plano externo, impedindo- lhes de agir de forma leviana ou da maneira que lhes convém, visando a que não prejudiquem terceiros e não desequilibrem as relações pacíficas entre os demais Estados. Características Estado é internacionalmente responsável por toda ação ou omissão que lhe seja imputável de acordo com as regras do direito internacional público, das quais resulte violação de direito alheio ou violação abstrata de uma norma jurídica internacional por ele aceita. Reparação civil tem por finalidade restituir as coisas, tanto quanto possível, ao estado de fato anteriormente constituído, fazendo voltar as coisas ao status quo como forma de satisfação. Se for possível a reparação, far-se-á a indenização ou compensação. A reparação pecuniária é a forma mais comum. A reparação pode ser exigida também como forma de ato de arrependimento do Estado ou como obrigações de fazer ou não fazer. A responsabilidade internacional desconhece, em regra, a responsabilidade penal, como a imposição de penas, castigos ou outras formas de repressão criminal congêneres. Responsabilidade penal é admitida em casos de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, o que já caracteriza a responsabilidade pessoal do indivíduo, notadamente perante o Tribunal Penal Internacional. TPI tem competência criminal. Tribunais Regionais só tem responsabilidade civil. Natureza jurídica Corrente subjetivista (ou teoria da culpa) Responsabilidade internacional deve derivar de um ato culposo (stricto sensu) do Estado ou doloso, em termos de vontade de praticar o ato ou o evento danoso. Princípio do qui in culpa non est, natura ad nihil tenetur. Ato ilícito + culpa (imprudência, negligência ou imperícia) ou dolo intencional. Corrente objetivista (ou teoria do risco). Existência da responsabilidade do Estado no simples fato de ter ele violado uma norma internacional. Precisa apenas do ato ilícito. Não precisa demonstrar o elemento psicológico (culpa ou dolo). Teoria objetivista é a mais utilizada nos casos de violações a direitos humanos lato sensu. Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 11 Obrigação erga omnes Obrigações impostas a todos os Estados independentemente de aceitação. Exemplo: direito de passagem inocente de barcos mercantes estrangeiros pelo mar territorial de determinado Estado. Responsabilidade do Estado dar-se-á também em casos de obrigações erga omnes. Obrigações a todos impostas, independente de aceitação, mas derrogáveis. Normas de Jus Cogens Direito de passagem inocente de barcos mercantes estrangeiros pelo mar territorial de determinado Estado. Todas as normas de jus cogens comportam obrigações erga omnes, mas nem todas as obrigações dessa categoria podem ser tidas como jus Cogens. Obrigações a todos impostas, porém imperativas e inderrogáveis. Responsabilização sem tratados Os Estados que violarem as obrigações erga omnes de proteção ou as (imperativas e inderrogáveis) normas de jus cogens podem ser internacionalmente responsabilizados independentemente da existência de tratado ou outra norma de direito internacional escrita. Basta, nesse caso, demonstrar que, em razão da violação de tais normas (nexo causal), houve efetiva violação a direitos humanos da vítima (dano). Responsabilidade do Estado no sistema interamericano Fonte: Curso de direitos humanos / Valerio de Oliveira Mazzuoli. – 5. ed., rev. atual. ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.