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UNIDADE 1 OPERAÇÕES E LOGÍSTICA Professora Ma. Terezinha Márcia de Carvalho Lino marcialino100@gmail.com SUMÁRIO LOGÍSTICA: CONCEITO E EVOLUÇÃO ................................................................................................................ 3 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 3 2. CONCEITOS .................................................................................................................................................. 3 3. EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA ............................................................................................................................ 4 4. O DESEMPENHO LOGÍSTICO NA CADEIA DE SUPRIMENTO ........................................................................... 6 5. MISSÃO DA LOGÍSTICA ................................................................................................................................. 7 6. CADEIA DE SUPRIMENTO ............................................................................................................................. 8 7. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTO ........................................................................................... 8 8. SUPPLY CHAIN OU CADEIA DE LOGÍSTICA INTEGRADA ................................................................................. 9 9. CANAL DE DISTRIBUIÇÃO OU CANAL DE MARKETING ................................................................................. 11 10. A LOGÍSTICA PARA A ECONOMIA E PARA A EMPRESA .............................................................................. 11 10.1 SISTEMA LOGÍSTICO GERANDO VANTAGEM COMPETITIVA PARA A EMPRESA ................................................................ 13 FUNÇÕES LOGÍSTICAS NA CADEIA DE SUPRIMENTO ....................................................................................... 15 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 15 2. ARMAZENAGEM DE PRODUTOS .................................................................................................................. 16 2.1 FATORES QUE DETERMINARAM À MUDANÇA DA MISSÃO DA ARMAZENAGEM ............................................................. 16 2.2 ARMAZENAGEM INADEQUADA INFLUENCIANDO NO DESEMPENHO DA CADEIA DE SUPRIMENTO ...................................... 16 2.3 PAPEL OPERACIONAL DA ARMAZENAGEM ............................................................................................................. 16 3. MANUSEIO DE MATERIAIS .......................................................................................................................... 17 3.1 SEPARAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEDIDOS - PICKING ................................................................................................. 17 3.2 PRINCÍPIOS PARA A MELHORIA DO SISTEMA DE SEPARAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEDIDOS ............................................... 18 4. EMBALAGEM .............................................................................................................................................. 20 4.1 EMBALAGEM INDUSTRIAL - ÊNFASE NA LOGÍSTICA .................................................................................................. 20 4.2 FUNÇÕES PRINCIPAIS DAS EMBALAGENS ............................................................................................................... 20 5. ESTOQUES ................................................................................................................................................... 21 6. TRANSPORTE .............................................................................................................................................. 21 6.1 SISTEMAS DE TRANSPORTE ................................................................................................................................. 21 6.2 TARIFAS DO TRANSPORTE .................................................................................................................................. 22 6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS POR MODAL DE TRANSPORTE ..................................................... 22 6.4 SERVIÇOS INTEGRADOS - MULTIMODAIS ............................................................................................................... 23 LOCALIZAÇÃO, LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO ..................................................................................................... 25 1. INSTALAÇÕES LOGÍSTICAS ........................................................................................................................... 25 1. 1 PROJETO DE REDE ........................................................................................................................................... 25 1.2 CONFIGURAÇÃO DA REDE .................................................................................................................................. 26 1.2.1 Integração Horizontal ......................................................................................................................... 26 1.2.2 Integração Vertical .............................................................................................................................. 26 1.3 LOCALIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ......................................................................................................................... 27 1.3.1 Técnicas de Localização: Método de Ponderação de Fatores ............................................................. 29 1.3.2 Técnicas de Localização: Método do Ponto de Equilíbrio ................................................................... 34 3. INSTALAÇÕES ESTRATÉGICAS DE ARMAZENAGEM ...................................................................................... 39 3.1 ESTRUTURAS ESCALONADAS: CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO AVANÇADOS ....................................................................... 39 3.2 CUSTOS DE ESTOQUE NOS SISTEMAS ESCALONADOS ............................................................................................... 43 3.3 ESTRUTURAS DIRETAS - ARMAZÉNS CENTRAIS ....................................................................................................... 43 3.4 INSTALAÇÕES INTERMEDIÁRIAS ........................................................................................................................... 44 3.4 1 Transit Point ........................................................................................................................................ 44 3.4.2 Cross-Docking ...................................................................................................................................... 44 3.4.3 Merge In Transit .................................................................................................................................. 46 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 47 3 LOGÍSTICA: CONCEITO E EVOLUÇÃO 1. INTRODUÇÃO Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos não são ideias novas, constata Christopher (2007). Não se pode negar a pertinência dessa afirmação, quando se observa ao longo da história, alguns eventos que não se permite concebê-los sem a participação atuante da logística. Alguns exemplos podem ilustrar essa afirmativa: as construções gigantescas da antiguidade, como as pirâmides; um sem número de intervenções bélicas; as ações humanitárias desenvolvidas em países longínquos etc. O papel da logística, configurado pela movimentação de materiais pesados, de milhares de soldados e/ou pessoas, equipamentos e alimentos, foi fundamental para o sucessoou fracasso desses empreendimentos. As organizações empresariais diferente das organizações militares, inicialmente, não utilizaram a logística de forma estratégica e coordenada. Ballou (2006) ressalta que esse comportamento pode ser justificado pelo fato das funções logísticas – tidas apenas como funções de suporte e apoio às funções produção e marketing – não eram reconhecidas como importantes ao processo operacional das empresas. 2. CONCEITOS Do ponto de vista das organizações empresariais a logística trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, afirma Ballou (2007, p. 24). A logística no conceito de Christopher (2007, p. 3) “é o processo de gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matérias-primas e produtos por parte da organização e de seus canais de marketing, além do fluxo de informações relacionadas”. A logística eficiente passa a ser a maior preocupação dentro das empresas. Para Ching (2006), o gerenciamento da logística engloba: • os conceitos de fluxo de compras de matérias-primas; 4 • operações de produção e transformação; • controle de materiais e processos, bem como produtos acabados; • gerenciamento de transporte e distribuição de produtos destinados a vendas, desde depósitos intermediários até a chegada dos produtos aos consumidores finais. Para Dornier et al. (2000), logística é a gestão de todos os fluxos relacionados às funções do negócio, que permitem a entrega dos produtos/serviços aos clientes. Na definição expandida da logística, tais fluxos abrangem todas as formas de movimento de produtos e informações desde o fornecimento de matéria-prima, passando pelo processo de transformação, armazenamento, embalagem, comercialização, entrega ao consumidor final até o fluxo reverso das embalagens retornáveis e produtos, que poderão ser reciclados, recauchutados ou reutilizados. 3. EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA A Logística é tão antiga quanto a prática de realizar negócios. Paradoxalmente, é vista como uma das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Desde que o homem abandonou a economia extrativista, e deu início às atividades produtivas organizadas, com produção especializada, surgiram três das mais importantes funções logísticas, ou seja, estoque, armazenagem e transporte. As formas de circulação de bens e produtos evoluíram para satisfazer as necessidades de seus mercados e aumentar as possibilidades de geração de lucro. Estoque - produção em excesso não consumida Armazenagem - para garantir a integridade do estoque Transporte - do local de produção para o local de consumo 5 É incontestável a afirmativa de que a logística sempre foi importante para o bom desempenho da cadeia de suprimentos. No entanto, de forma surpreendente, Ballou (2007) afirma que até 1950 o desenvolvimento e os estudos sobre a função logística permaneceram praticamente suspensos. Não existia nenhuma filosofia dominante para guiá-la. Bowersox e Closs (2001, p.26) corroboram esse pensamento quando dizem que “antes da década de 1950, as empresas executavam, normalmente, a atividade logística de maneira puramente funcional”. Não existia nenhum conceito ou uma teoria formada sobre a logística integrada, contrariamente ao que acontecia com o conceito de marketing. A falta de atenção dada à logística durante a evolução do conceito de marketing pode ser atribuída a alguns fatores, conforme Bowersox e Closs (2001, p. 27): • dificuldades de integração das funções logísticas, antes da difusão dos computadores; • a integração das funções logísticas não era vista como propulsora de melhorias no desempenho das empresas; • não era percebida a importância da logística para o aumento da produtividade nas indústrias; • a dificuldade em estimar o retorno financeiro, conseguido a partir do valor economizado em estoque; • a melhoria no nível de serviço prestado ao cliente, era até certo ponto difícil de ser mensurado e valorizado pelas empresas; • resistência natural às mudanças. Durante a década de 1980 e no início dos anos de 1990 a prática logística adquire um novo impulso. Muitas mudanças foram registradas, tanto no nível de valorização da própria função, quanto nos mecanismos que propiciaram e facilitaram a implementação dessas mudanças. Ballou (2007) reconhece que a valorização das atividades logísticas aconteceu quando as empresas perceberam que, não obstante, fossem atividades de suporte, os seus desempenhos iriam impactar sobre a eficiência e eficácia das funções de produção e comercialização, pois são atividades que acontecem entre os estágios de produção ou compra e os estágios de demanda. 6 Muitos foram os mecanismos condutores dessas mudanças. Na opinião de Bowersox e Closs (2001), os mais importantes foram: • a comercialização dos microcomputadores a preços mais acessíveis permitiu uma crescente popularização destes nos meios profissionais. As empresas puderam a partir de então, ter acesso e manusear grandes quantidades de dados necessários ou até mesmo fundamentais ao desempenho logístico; • a revolução da informação: o impacto da nova tecnologia de comunicação sobre o desempenho logístico resultou operações baseadas na troca rápida e segura de informações, elevando o nível de excelência dos serviços prestados; • a adoção em grande escala, dos movimentos da qualidade (TQM - Total Quality Management): atuando em mercados globalizados e diante de uma concorrência cada vez mais acirrada. As indústrias perceberam que teriam que expandir a utilização do conceito de qualidade. A exigência de qualidade, inicialmente, restrita ao produto, estende-se aos serviços prestados. Começam então, a valorizar a entrega rápida e perfeita dos bens adquiridos pelos clientes, pois perceberam que uma entrega atrasada e com embalagens danificadas prejudicariam o conceito de excelência de um produto; • desenvolvimento de parcerias e alianças estratégicas: as empresas perceberam que desenvolver parcerias era essencial para uma logística eficiente. A estratégia de ter fornecedores e clientes como parceiros comerciais permitiu desenvolver acordos que resultassem no aumento da eficiência do trabalho de todo o canal. 4. O DESEMPENHO LOGÍSTICO NA CADEIA DE SUPRIMENTO A percepção de que o desempenho da logística é determinante para o sucesso de toda a cadeia de suprimento leva os autores a ditar quais são as responsabilidades logísticas mais preeminentes e os desafios que os profissionais que trabalham nessa área devem enfrentar. 7 Quanto à responsabilidade, Bowersox e Closs (2001) afirmam que é da competência da logística disponibilizar matéria-prima, produtos semiacabados e produtos acabados no local onde são necessários ao menor custo. Por outro lado, Ballou (2007) considera que o grande desafio dos profissionais é projetar demandas, com baixo nível de viés para facilitar a coordenação da produção e evitar rupturas de estoque, de maneira que os consumidores tenham suas necessidades atendidas dentro da conveniência exigida. A busca da excelência logística parte do conhecimento das necessidades básicas dos clientes e suas expectativas em satisfazê-las, afirmam Bowersox e Closs (2001). Se a empresa combinar sua competência com as expectativas dos clientes, alcançará o estado da arte da logística. Para tal, a empresa deverá desenvolver de forma integrada todas as funções logísticas, ou seja, informação, transporte, estoque, armazenagem, manuseio de materiais e embalagem. Chopra e Meindl (2003) reconhecem que trabalhando de maneira integrada a logística irá apoiar a estratégia competitiva da empresa de maximização de lucrose do nível de responsividade prometido aos clientes. 5. MISSÃO DA LOGÍSTICA A Logística existe principalmente para colocar à disposição dos clientes os produtos e os serviços que eles desejam adquirir, no momento certo e nas condições adequadas. Do ponto de vista da empresa, a logística procura atingir uma qualidade predefinida de serviço ao cliente com competência operacional, a fim de minimizar os custos e atingir os objetivos do negócio. Numa visão antiga, o conceito de logística se relacionava apenas ao transporte e a distribuição física. Nos dias atuais, esse conceito se estendeu englobando também fluxos integrados de materiais e informações entre os parceiros da cadeia de suprimento, modelos matemáticos, software e tecnologias da informação que permitem localizar estruturas físicas (fábricas, depósitos, armazéns, centros de distribuição) e programação e controle da produção. 8 6. CADEIA DE SUPRIMENTO Uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta e indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente, esclarecem Chopra e Meindl (2003). Pode-se enteder que a cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também transportadores, depósitos, varejistas e os próprios clientes. A cadeia de suprimentos é um conjunto de empresas que desenvolve inúmeras atividades funcionais (fabricação, transporte, armazenagem, distribuição etc.) que compõem as etapas de transformação e comercialização de um determinado produto (BALLOU, 2007, p. 29). A cadeia de suprimentos, de acordo com os conceitos de Chopra e Meindl (2003) começa com a necessidade do cliente em obter determinado produto, passando pelo agrupamento de várias empresas que, direta ou indiretamente, estarão envolvidas no processo de transformação, transporte e comercialização do produto desejado pelo cliente. Se o processo for eficiente, será capaz de atender e satisfazer as necessidades do cliente e ainda gerar lucro para todo o canal de distribuição. A cadeia de suprimento na perspectiva de Christopher (2007, p.16) é “a rede de organizações envolvida por meio de vínculos a montante e a jusante, nos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços destinados ao consumidor final”. 7. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTO Gestão das relações a montante e a jusante, com fornecedores e clientes, para entregar mais valor ao consumidor final, a um custo menor para a cadeia de suprimento como um todo. 9 FIGURA 1: Cadeia de Suprimento Fonte: Adaptação de Ballou (2001). 8. SUPPLY CHAIN OU CADEIA DE LOGÍSTICA INTEGRADA Supply chain pode ser entendido por Martins e Laugeni (2006), como a integração da empresa com todas as outras empresas que fazem parte da cadeia de suprimentos. Ching (2006) contribui para o entendimento da gestão do supply chain quando afirma que é uma maneira integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias, informações e recursos, partindo das empresas fornecedoras até o cliente final. A necessidade de se estender a lógica da integração para fora das fronteiras das empresas com o propósito de incluir fornecedores e consumidores tem se tornado evidente. A integração com fornecedores pode acontecer por meio da parceria. A parceria, para Lambert et al. (1998) envolve confiança mútua no relacionamento, como também, riscos e recompensas compartilhados, que proporcionam vantagens competitivas estratégicas, resultando desempenho melhor do que seria possível individualmente. Os autores Bowersox e Closs (2001) corroboram essa afirmativa quando enfatizam que o compartilhamento da informação entre as principais empresas, que participam da cadeia de suprimentos, é fundamental para atingir alto grau de cooperação e de parceria entre as mesmas. A participação de cada empresa, impactando no desempenho de todo o canal de distribuição, é registrado por Bowersox e Closs (2001, p. 98): “somente por meio F á b r ic a T ra n s p o r teA rm a z e n a m e n to C o n s u m id o r F o rn e c e d o r T ra n s p o r te A rm a z e n a m e n to T ra n s p o r te T ra n s p o r te In fo rm a ç ã o 10 da cooperação no âmbito de todo o canal podem ser plenamente satisfeitas as necessidades logísticas e de marketing para uma distribuição bem-sucedida [...].” É mais do que notório que, a adoção das práticas da SCM permitirá a todas as empresas participantes da cadeia produtiva manter estoques em níveis mais baixos, o que irá contribuir, significativamente, para a diminuição dos seus custos operacionais. Entretanto, é bom frisar que nem todas as cadeias de suprimentos atuam com essa visão. Ou seja, continuam se relacionando com os seus fornecedores e clientes com a visão tradicional de negócio. É bem provável que as empresas que continuarem com essa prática de gestão terão dificuldades em atender bem o cliente, pois perderão o controle e conhecimento de todas as etapas por onde os produtos irão passar - fabricação, distribuição e entrega final ao cliente, concluem os autores. Ching (2006) concorda com essa visão, quando afirma que apesar da necessidade de desenvolver relacionamentos e processos logísticos estratégicos de modo a obter sucesso mútuo, muitas empresas da cadeia de suprimento ainda não compartilham dessa visão, criando obstáculos para a coordenação dessa cadeia. Em Ching (2006, p. 215-216) encontram-se alguns dos comportamentos que demonstram essa realidade: • repetição de processos e atividades entre as empresas da cadeia; • pouca agilidade e desperdício de tempo no desenvolvimento das atividades; • informações sobre a demanda pouco confiáveis; • concorrência predatória - as empresas compradoras fazem muitas cotações de preço na tentativa de pressionar seus fornecedores; • os integrantes da cadeia estão preocupados apenas com o seu estágio, sem considerar as necessidades dos demais; • as relações de “parcerias” e “confiança” são ignoradas e substituídas pela ação de exploração pelo elo mais forte; 11 • margens de lucro das empresas cada vez menores, em vez da redução do custo real. A redução dos custos ao longo de toda a cadeia só será possível com a cooperação de todas as empresas. Na perspectiva de Chopra e Meindl, (2003), a dificuldade de coordenação da cadeia de suprimento parte, principalmente, do comportamento das empresas, quando estas, de forma isolada, tomam decisões que irão beneficiar apenas determinados estágios da cadeia, como também, pelo aumento da distorção e variabilidade das informações. Se os gerentes da cadeia identificam esses obstáculos, podem tomar medidas saneadoras. 9. CANAL DE DISTRIBUIÇÃO OU CANAL DE MARKETING Representa o trajeto que o produto percorre, desde sua fonte de produção até o consumidor. Os canais de distribuição são basicamente compostos de atacadistas, centro de distribuição (CD), representantes e varejistas. Quando a empresa adota a estratégia de venda direta para fazer chegar os seus produtos até os clientes outros canais são utilizados, tais como: catálogos, internet, telefones etc. 10. A LOGÍSTICA PARA A ECONOMIA E PARA A EMPRESA As empresas reconhecem a importância de se ter uma logística eficiente e que atue de forma integrada, internamente e ao longo de toda a cadeia de suprimento. Esse reconhecimento é sinal de mudanças, pois o que se via antes era comportamento de negligência em relação às funções logísticas. Fleury (2006) esclarece que dois fatores podem ser os responsáveis por essas mudanças. O primeiro diz respeito às mudanças de ordem econômicas – surgimento de novas exigências competitivas – e as de ordem tecnológicas – softwares que permitem um melhor gerenciamento das operações logísticas. As principais mudanças econômicas que afetam a logística na opinião de Fleury, (2006), são: • Globalização:aumentou o acesso a mercados globais, para compra e venda de produtos, aumentando também a complexidade para as Cadeias Logísticas. Tal complexidade pode ser justificada pelo: número de clientes 12 e os pontos de vendas; número de fornecedores e os locais de fornecimento; distâncias geográficas; legislação, cultura e modais de transporte. A globalização favoreceu também o aumento da concorrência. • Cenário econômico: mudanças nos mercados internacionais ou nacionais tem impacto imediato no desempenho das empresas. O mercado passa a sofrer influências de decisões em relação: câmbio, recessão e regulamentações do comércio exterior. Para a logística, que precisa atuar em antecipação à demanda, produzindo e colocando o produto certo, no local correto, no momento adequado e ao preço justo, as incertezas no cenário econômico mundial dificultam prever vendas e planejar as atividades. • Proliferação de produtos: (aumento de SKU - Stock Keeping Unit: unidades mantidas em estoque): aumento exagerado de entrada de novos produtos no mercado resulta aumento de insumos e de fornecedores. Maior complexidade no planejamento da cadeia produtiva: aumento no número de itens de estoques, elevação dos custos de produção, maior dificuldade na previsão de vendas. • Menores ciclos de vida dos produtos: a estratégia de lançamento de novos produtos no mercado leva o varejo a renovar constantemente o seu mix de produtos. Essa tendência agrada ao consumidor, pois aumenta as suas opções de compra, em termos de novidade. Mas, para as empresas, a gestão de estoque se torna um desafio, com o ciclo de vida dos produtos mais curto, pode-se aumentar o encalhe daqueles produtos que foram substituídos. • Clientes mais exigentes: as exigências dos clientes aumentaram no que se refere ao lead times, custos e desempenho dos produtos. Aumento de preços de produtos/serviços não acontece mais com tanta facilidade. Os clientes estão exigindo atendimento mais rápido, produtos com melhor qualidade e desempenho, por um preço justo. Esse crescimento nas exigências (não necessariamente na demanda) dos clientes significa que a 13 cadeia de suprimento deve oferecer mais para simplesmente manter o negócio. 10.1 Sistema logístico gerando vantagem competitiva para a empresa Ter um sistema logístico eficiente que satisfaça às expectativas básicas do cliente, em termos de disponibilidade do produto, entrega confiável e rápida, a um custo total realista diferencia a empresa no mercado. De acordo com Novaes (2007), o processo logístico, que vai da matéria prima até o consumidor final, tem um papel importante nas transações comerciais, podendo ajudar positivamente quando bem equacionada, ou prejudicar seriamente os esforços mercadológicos, quando for mal formulada. O sistema logístico quando não é eficiente gera aumento de custo e insatisfação ao longo de toda a cadeia. Atraso na entrega de matéria prima pode forçar a paralisação da linha de produção. As consequências possíveis são aumento dos custos de produção, cancelamento dos pedidos e perda de clientes. O impacto sobre os lucros com esse tipo de falha pode ser substancial. As empresas reconhecem que um sistema logístico bem planejado e operando de forma eficiente é um diferencial competitivo. A concorrência deixa de brigar apenas pela qualidade do produto, mas também pela qualidade dos serviços logísticos que colocam o produto disponível para o mercado consumidor. Para Bowersox e Closs (2001), o serviço logístico básico é medido em termos de: • disponibilidade – ter materiais/produtos em estoque para atender às necessidades dos clientes. A disponibilidade dos produtos precisa ser bem equacionada, evitando a ruptura, mas sem manter níveis de estoque elevados. • desempenho operacional – quanto menor o tempo entre o recebimento do pedido e a entrega da mercadoria, mais eficiente. O desempenho operacional em medido em termos de: ▪ velocidade e consistência de entrega – entrega rápida e sem irregularidades; ▪ flexibilidade - atende às solicitações inesperadas dos clientes; 14 ▪ falhas – falhas como: produtos avariados, sortimentos incorretos ou documentação imprecisa; ▪ recuperação - em caso de falha, a empresa pode ser avaliada em termos de prontidão para resolver a questão; ▪ confiabilidade do serviço logístico – qualidade das operações logísticas. Significa que a empresa cumprirá o que foi negociado: entrega completa de todos os itens solicitados, documentação precisa e completa (NF) e produtos sem avarias etc. 15 Atividades Secundárias Exercem a função de apoio às atividades primárias na obtenção dos níveis de bens e serviços requisitados pelos clientes. FUNÇÕES LOGÍSTICAS NA CADEIA DE SUPRIMENTO 1. INTRODUÇÃO A logística exerce a função de responder por toda a movimentação de materiais, dentro do ambiente interno e externo da empresa, iniciando pela chegada da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Suas atividades podem ser divididas em: atividades primárias e atividades secundárias. Atividades Primárias - Essenciais para o cumprimento da função logística, contribuem com o maior montante do custo total da logística: Transportes - referem-se aos métodos de movimentar os produtos aos clientes: via rodoviário, ferroviário, aeroviário e marítimo. De grande importância, em virtude do peso deste custo em relação ao total do custo de logística. Gestão de Estoque - dependendo do setor em que a empresa atua e da sazonalidade é necessário um nível mínimo de estoque que aja como amortecedor entre oferta e demanda. Processamento de Pedidos - determina o tempo necessário para a entrega de bens e serviços aos clientes. Armazenagem Envolve as questões relativas ao espaço necessário para estocar os produtos. Manuseio de Materiais Refere-se à movimentação dos produtos no local de armazenagem. Embalagem de Proteção Sua finalidade é proteger o produto. Programação de Produtos Programação da necessidade de produção e seus respectivos itens da lista de materiais. Manutenção de Informação Ter uma base de dados para o planejamento e o controle da logística. 16 2. ARMAZENAGEM DE PRODUTOS A eficiência nos processos de armazenagem se dá, principalmente, pelas inovações tecnológicas. As empresas têm investido em sistemas de informação de gerenciamento de armazenagem, sistemas automáticos de movimentação e separação de produtos. A armazenagem se transformou em diferencial competitivo para as empresas, pois sua organização permite manusear produtos com agilidade, minimizando erros e avarias. 2.1 Fatores que Determinaram à Mudança da Missão da Armazenagem • just-in-time; • resposta rápida; • proliferação de SKUs; • exigências da qualidade; • redução de desperdícios; • serviço ao cliente. 2.2 Armazenagem Inadequada Influenciando no Desempenho da Cadeia de Suprimento • atrasos nas entregas; • qualidade não confiável; • erros no processamento dos pedidos; • documentação errada; • embalagem inadequada; • tempo de descarregamento/carregamento dos caminhões; 2.3 Papel Operacional da Armazenagem • recebimento; • pré-embalagem; • entrada de materiais; • depósito; • separação de pedidos (picking); • embalagem; acondicionamento e expedição. 17 3. MANUSEIO DE MATERIAIS É da responsabilidade da função manuseio receber, movimentar, separar ou agrupar produtos e materiais, de modo a atender às necessidades dos pedidos dos clientes. O custo envolvido nessa atividade logística se refere à mão-de-obra direta e o capital investido em equipamento de manuseio de materiais.O número de avarias em produtos é um dos indicadores que medem a qualidade dos serviços de manuseio de materiais. Uma boa armazenagem pode facilitar as operações de manuseio, pois quanto menos um produto é manipulado, menor é a possibilidade de avaria. 3.1 Separação e Preparação de Pedidos - Picking Todos os tipos de armazéns possuem as seguintes funções: • recebimento de produtos; • armazenagem dos produtos até que sejam necessários; • coleta de produtos de acordo com pedidos dos clientes; • preparação dos produtos para entrega aos clientes. A atividade de separação de pedidos pode ser tornar um entrave para o sistema logístico, se não for bem executada. Por isso as grandes empresas estão adotando sistemas operacionais sofisticados para agilizar as operações de picking. O investimento em tecnologia é visto como estratégico, pois o tempo dessa atividade influi de maneira substancial no tempo de ciclo de pedido, ou seja, o tempo entre a recepção de um pedido do cliente e a entrega correta dos produtos. 18 3.2 Princípios para a Melhoria do Sistema de Separação e Preparação de Pedidos1 • priorizar produtos de maior giro: deve-se identificar os produtos de maior giro e armazená-los em posições de mais fácil acesso aos operadores; • utilização de documentação clara e de fácil operacionalização: um documento de picking deve conter informações que facilitam a separação do pedido, tais como: localização do produto, especificação detalhadas, quantidade; • organizar os pedidos de acordo com as configurações físicas: as listas de separação de pedido devem trazer os produtos em uma ordem parecida com a que eles se encontram no depósito. Este procedimento irá diminuir a movimentação dos operadores no depósito; • manter um sistema eficiente de localização de produtos: a organização dos produtos no depósito, obedecendo sistemas padronizados de endereços possibilitará a agilidade na separação dos pedidos. • evitar contagem de produtos durante a coleta: montar embalagens com a quantidade de unidades que normalmente são pedidas pelo cliente. Por exemplo: embalagens com 6 unidades; • eliminação de documentos em papel: tecnologias como leitores de código de barras, sistemas de reconhecimento de voz e terminais de rádio frequência. 1 Fonte: http://www.ilos.com.br/web/estrategias-de-picking-na-armazenagem/ http://www.ilos.com.br/web/estrategias-de-picking-na-armazenagem/ 19 20 4. EMBALAGEM A embalagem é uma função que tem um grande peso na produtividade e no custo do sistema logístico. A embalagem geralmente é classificada em dois tipos: • embalagem para o consumidor: com ênfase em Marketing; • embalagem industrial: com ênfase na Logística. 4.1 Embalagem Industrial - Ênfase na Logística As embalagens logísticas, também chamadas de embalagens secundárias, são aquelas usadas para agrupar produtos e peças. A sua eficiência garante a proteção dos produtos e facilita a armazenagem, o manuseio e o transporte. Exemplos de embalagens logísticas: caixas de papelão, sacos, barris, bombonas, dentre outros. Para facilitar o manuseio e o transporte, as embalagens secundárias podem ser agrupadas em uma carga única, essa formação é chamada de unitização. Esse tipo de formação é muito utilizado nos canais logísticos, pois dá mais agilidade no carregamento dos veículos, sem colocar em risco a integridade dos produtos. O projeto de embalagens precisa determinar o grau necessário de proteção aos produtos, sem incorrer em custos elevados. 4.2 Funções Principais das Embalagens As funções principais das embalagens: • proteção contra avarias: é proteger os produtos das avarias durante o manuseio, armazenagem. Elas também servem como proteção contra furtos; • utilidade e eficiência do manuseio de materiais: todas as operações logísticas são afetadas pela utilidade da embalagem - desde o carregamento do caminhão e a produtividade na separação de pedidos até a utilização do espaço cúbico no armazenamento e no transporte; • comunicação ou transferência de informação. Importante para a identificação do conteúdo da embalagem, seu rastreamento e manuseio. 21 5. ESTOQUES São materiais e suprimentos que uma empresa ou instituição mantém, seja para vender ou para fornecer insumos ou suprimentos para o processo de produção. 6. TRANSPORTE O transporte é a área operacional da logística que posiciona geograficamente o estoque. Em razão da sua importância fundamental e da facilidade de apuração de seu custo, representando em média 60% do total dos custos logísticos, os executivos responsáveis pelo transporte têm como grande desafio desenvolver projetos que possibilitem fazer chegar seus produtos aos clientes com rapidez, segurança e com o menor custo possível. 6.1 Sistemas de Transporte O sistema de transporte, em geral, implica na movimentação de cargas e pessoas. A maior parte da movimentação de carga acontece por meio de cinco modais básicos de transporte: • ferroviário; • rodoviário • hidroviário • dutoviário • aeroviário. O modal rodoviário é essencial ao sistema logístico, pois, na maioria dos países, é capaz de levar uma mercadoria do fornecedor até o cliente, sem depender de outro modal, o chamado transporte de porta-a-porta, No Brasil o modal rodoviário é responsável por mais de 60% das cargas transportadas, isso porque a malha rodoviária é a mais desenvolvida. Fato esse resultante das políticas adotadas que, durante muito tempo, deixaram de investir nos setores ferroviário, aéreo e aquaviário. 22 6.2 Tarifas do Transporte As tarifas são os preços que as empresas prestadoras cobram para o transporte de cargas. O valor da tarifa depende do volume, distância e demanda. As empresas, constantemente, estão desenvolvendo ações gerenciais com vistas à redução das tarifas de frete. Tais ações não se limitam apenas em tentar conseguir taxas mais baratas, mas também em melhorar a eficiência e produtividade da ocupação do veículo, assim como, melhorar a definição do perfil da frota e da malha utilizadas. A busca deve ser pelo menor preço, contudo sem comprometer a qualidade e a segurança no transporte. 6.3 Classificação das Características Operacionais por Modal de Transporte Bowersox e Closs (2001) enumeram as características operacionais de cada modal, em: • velocidade: corresponde ao tempo da movimentação. O transporte aéreo é o mais rápido de todos os modais; • disponibilidade: é a capacidade que um modal tem de atender a qualquer origem/destino. As transportadoras rodoviárias são as que têm a maior disponibilidade, já que conseguem dirigir-se diretamente aos pontos de origem e destino; • confiabilidade: decorre da possibilidade de alterações nas programações de entrega esperadas ou divulgadas. Em virtude de seu serviço contínuo e da baixa possibilidade de interferência das condições do tempo e de congestionamento, os dutos ocupam lugar de destaque no item confiabilidade; • capacidade: refere-se à possibilidade de um modal de transporte lidar com qualquer requisito de transporte, como por exemplo, o tamanho da carga. O transporte realizado pela via marítima/fluvial é o mais indicado, quanto à capacidade; • frequência: depende da quantidade de movimentações programadas. Novamente, os dutos lideram o item frequência, em virtude de seu serviço contínuo entre dois pontos. 23 O QUADRO 1 traz a pontuação da classificação das características operacionais. A menor pontuação indica a melhor classificação. Quadro 1 Classificação das características operacionais por modal detransporte Características Operacionais Ferroviário Rodoviário Aquaviário Dutoviário Aéreo Velocidade 3 2 4 5 1 Disponibilidade 2 1 4 5 3 Confiabilidade 3 2 4 1 5 Capacidade 2 3 1 5 4 Frequência 4 2 5 1 3 Total 14 10 18 17 16 Fonte: Bowersox e Closs (2001) 6.4 Serviços Integrados - Multimodais A utilização de mais de um tipo de modal caracteriza os serviços integrados ou multimodais. Existem dez combinações de serviço integrado. Exemplos de combinações de serviço integrado: • Ferro-rodoviário; Ferro-hidroviário; Ferro-aeroviário; Ferro-dutoviário; • Rodo-aéreo; Rodo-hidroviário; Rodo-dutoviário; • Hidro-dutoviário; Hidro-aéreo; • Aero-dutoviário Nem todas essas combinações mostram-se práticas. Mesmo algumas daquelas que são viáveis ganharam pouca aceitação. Na escolha do melhor meio de transporte é necessário estudar todas as rotas possíveis, escolhendo os modais mais vantajosos em cada percurso. Deve-se levar em conta critérios tais como: menor custo, capacidade de transporte, versatilidade segurança e rapidez. 24 Quando se utiliza os serviços multimodais os contêineres são os equipamentos mais utilizados para abrigar as cargas. O contêiner-padrão é transferível para todos os modais de transporte de superfície, com exceção dos dutos. A utilização do contêiner é vantajosa, pois evita remanejamentos de pequenas unidades de carga nos pontos de transferência intermodal e oferece serviço porta-a-porta, quando combinado com caminhões. Os navios porta-contêiner possibilitam os serviços integrados navio- caminhão, operação que está expandindo, especialmente para o comércio internacional. 25 LOCALIZAÇÃO, LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO 1. INSTALAÇÕES LOGÍSTICAS As instalações logísticas, juntamente com estoque, transporte e informação, determinam a eficiência e a responsividade de uma cadeia de suprimento, garantem Chopra e Meindl (2003). Fábricas, armazéns, instalações de cross dock2 e lojas de varejo constituem típicas instalações logísticas. Complementando, Chopra e Meindl (2003) esclarecem que as instalações logísticas podem ser consideradas como sendo qualquer local da rede de suprimento onde o estoque é armazenado, montado ou fabricado. As decisões a respeito da localização, capacidade e flexibilidade das instalações – indiferente de sua função: fabricação ou armazenagem - interferem de forma direta no desempenho da cadeia de suprimento. Por isso, que a determinação da quantidade necessária de cada tipo de instalação, sua localização geográfica e o trabalho a ser executado em cada um é uma das questões mais importantes do projeto de rede. 1. 1 Projeto de Rede As operações produtivas de uma empresa não existem de forma isolada. Slack et al (2007) esclarecem que elas tomam parte de uma rede maior, que vão além dos limites da própria empresa. Tal rede inclui fornecedores, distribuidores, transportadores, clientes e outros. Os clientes e fornecedores com os quais uma operação tem contato imediato são conhecidos como a “rede imediata de suprimento”. É essencial que as organizações identifiquem e entendam a sua rede imediata de suprimento – fornecedores e clientes diretos -, mas é importante também que elas olhem além dessas relações, garantem Slack et al, (2007), o que lhe permite compreender, de forma mais abrangente, o comportamento de seus fornecedores e clientes. 2 Cross docking é a transferência ou movimento dos produtos ou mercadorias do ponto de recebimento ou recepção, diretamente para o ponto de expedição e entrega, com tempo no estoque limitado ou se possível nulo. 26 O objetivo do projeto de rede é determinar a quantidade e a localização de todos os tipos de instalações necessárias à execução do processo logístico. Também é necessário determinar o tipo de estoque e o volume a ser armazenado em cada instalação, assim como é necessário vincular os pedidos dos clientes aos locais de onde deve ser feita a expedição. Para Chopra e Meindl (2003), as decisões sobre instalações correspondem às decisões do projeto de rede da cadeia de suprimento, e podem ser classificadas em: • papel das instalações: qual o papel que cada instalação deve exercer? Que processos são executados em cada instalação? • localização das instalações: onde as instalações devem ser localizadas? • alocação de capacidade: qual a capacidade que deve ser alocada em cada instalação? • alocação de mercados e suprimento: que mercados devem ser atendidos pelas instalações? Que fontes de suprimento devem alimentar cada instalação? 1.2 Configuração da Rede Estratégias de crescimento são definidas com o objetivo de aumentar o valor da empresa. Tal crescimento pode acontecer no próprio empreendimento – aumento das vendas -, ou na criação de novos negócios – que normalmente são representados por participação em outros negócios, sejam na direção horizontal ou vertical. 1.2.1 Integração Horizontal A integração horizontal acontece quando o crescimento da empresa se dá pela aquisição de empresas concorrentes, numa mesma linha de negócios. É adotada num esforço para aumentar seu porte, vendas, lucros e participação potencial no mercado. 1.2.2 Integração Vertical Esta estratégia se concretiza quando o crescimento da empresa acontece por meio da aquisição de outras organizações de um mesmo canal de distribuição - fornecedores, clientes. 27 • Integração vertical inversa ou integração vertical a montante (Upstream): quando uma organização adquire outras companhias que a suprem, que produzem componentes (inputs) dos seus produtos. – aquisição de fornecedores. Por exemplo, uma companhia de automóveis adquire uma fábrica de pneus, uma companhia de vidro ou de metal. O controle destes fornecedores pretende criar o fornecimento estável dos componentes e assegurar a qualidade consistente do produto final. • Integração vertical direta ou integração a jusante (Downstream): quando uma organização adquire outras empresas que estejam mais próximas dos usuários finais do produto (atacadista, varejista) – aquisição de clientes. Por exemplo, uma montadora de automóveis adquire uma revendedora. 1.3 Localização das Instalações O estudo da localização das instalações busca a definição da posição geográfica das operações em relação aos seus fornecedores e consumidores. Para Slack et al (2007), as decisões sobre a localização das operações podem influenciar: • no potencial de vendas; • nos custos com transportes; • nos custos com as operações na planta; • nos custos fixos; • nos níveis de atendimento. As decisões de localização buscam: • minimizar custos com logística e operações; • maximizar o nível de serviço e as receitas das operações. Segundo Slack et al (2007), as decisões de localização dependem: • da demanda de bens e serviços – aumentos e reduções da demanda. Por exemplo, o aumento da demanda para um fabricante de roupas pode exigir capacidade maior. A empresa poderia expandir seu local atual ou, se o local não comportar uma instalação maior, poderia escolher um local maior em 28 outra região. Uma terceira opção seria manter a fábrica existente e encontrar uma segunda localização para uma fábrica adicional. • da oferta de insumos para a operação – aumento no custo dos insumos e alterações na disponibilidade do suprimento de insumos para a operação são motivos para tomar decisão sobre a localização da organização. Por exemplo, uma empresa de mineração ou perfuração de petróleo precisa deslocar-se quando os minérios que está extraindo se esgotam. Os estímulos que atuam em uma organização durante a decisão de localização podem ser divididos entre as influências do lado do suprimento e do lado da demanda. • Influências do lado do suprimento são fatores como: ✓ mão-de-obra:os custos de pessoal com habilidades específicas podem variar entre diferentes áreas; ✓ terra: os custos de aquisição de terreno é algumas vezes um fator relevante na escolha de uma localização; ✓ energia: operações que usam grandes quantidades de energia podem ser influenciadas em suas decisões de localização pela disponibilidade de energia relativamente barata; ✓ transporte: os custos de transportes podem ser considerados em duas partes: custos de transporte dos insumos desde o fornecedor até o local de operação e custos de transporte dos bens do local de produção até os clientes; ✓ fatores da comunidade: são os fatores que influenciam os custos de uma operação e que derivam do ambiente social, político e econômico do local. Por exemplo: Impostos Locais; Restrições Ambientais, etc. • Influências do lado da demanda são: ✓ imagem da localização: alguns locais são firmemente associados, nas mentes dos consumidores, com uma imagem específica. Exemplo: chocolates de Gramado; 29 ✓ conveniência para os clientes: de todos os fatores do lado da demanda, este é, para muitas operações, o mais importante. Localizar uma empresa, cujas operações são de grande contato com o cliente, em uma área rural pode ter muitas vantagens para seu pessoal e mesmo talvez para seus custos, mas seria claramente muito inconveniente para seus clientes. Exemplo: Restaurantes, Lojas, Bancos, Hospital. A localização determina o esforço que os clientes devem despender para usar a operação. ✓ adequação do local em si: locais diferentes provavelmente têm características diferentes, que podem afetar a habilidade de uma operação em atender a seus clientes e gerar receita. Exemplo: A localização de um hotel luxuoso de veraneio que oferece acomodações de férias de alta classe, localizado próximo à praia. Se sua localização for mudada alguns quilômetros para um distrito industrial, rapidamente perde sua atratividade. 1.3.1 Técnicas de Localização: Método de Ponderação de Fatores O processo de decisão sobre localização de uma empresa pode ser feito utilizando técnicas quantitativas. Slack et al (2007) consideram o Método de Ponderação de Fatores um dos mais utilizados. Aplicação do método – passo a passo • identificação de critérios que podem ser usados para avaliar as diversas localidades; • definição da importância referente a cada critério e a atribuição de fatores de ponderação (pesos) para cada um deles. Os pesos indicam a importância que a empresa atribui a cada critério nas circunstâncias em que se encontra; • avaliação de cada local, segundo cada critério. Nesta avaliação cada localização recebe uma pontuação arbitrária (nota). Por exemplo, se utilizar uma escala de 0 a 100, o “0” representará a pior nota possível e o “100”, a melhor pontuação; • multiplicação do fator de ponderação pela pontuação de cada critério 30 • soma dos resultados alcançados no item 4, para cada localização. O “valor” de um local segundo cada critério é calculado multiplicando sua pontuação pelo peso de cada critério; • o local mais indicado será aquele que alcançar a maior nota ponderada. Vantagens do método: • método simples; • engloba diversos fatores na comparação entre os locais. Desvantagens do método • exige consenso na decisão de pesos para os fatores e escores; • não envolve análise de custos. 31 E X E R C Í C I O S P R O P O S T O S Exercício 1 Uma empresa, que imprime e faz materiais de embalagem especiais para a indústria farmacêutica, decidiu construir uma nova fábrica no Triângulo Mineiro, para oferecer um serviço rápido a seus clientes, daquela região. Para escolher o local, decidiu avaliar todas as alternativas em relação a diversos critérios, conforme tabela abaixo. Desenvolva o método de pontuação ponderada para os três locais e indique a melhor opção de localização para a nova fábrica. Critérios de Localização Impor tância (peso) Nota Notas Ponderadas Cidade A Cidade B Cidade C Cidade A Cidade B Cidade C Custo do Local 4 80 65 60 Impostos Locais 3 20 50 80 Disponibilidade de Mão-de-obra capacitada 1 80 60 40 Acesso a auto- estradas 1 50 60 40 Potencial p/ expansão 1 75 40 55 Total Exercício 2 Uma empresa está avaliando quatro possíveis localidades para a instalação de uma nova operação industrial. Uma vez que os fatores de localização foram identificados, a empresa atribuiu notas de 1 a 5 a cada fator em cada uma das localidades, conforme tabela abaixo. Determine que localidade que tem a maior avaliação. 32 Fator de Localização Peso Notas Notas Ponderadas Cidade A Cidade B Cidade C Cidade D Cidade A Cidade B Cidade C Cidade D Restrições Ambientais 15 5 4 4 3 Pessoal 12 2 3 4 2 Sistema de Transporte 18 3 4 4 4 Proximidade de Mercados 20 2 3 4 3 Qualidade de Vida 25 3 3 4 4 Proximidade de Matérias- primas 10 5 2 1 5 Total Exercício 3 Uma determinada empresa decidiu construir uma nova fábrica em algum lugar no sul do Brasil. Para escolher o local, decidiu avaliar algumas alternativas em relação a diversos critérios, de acordo com a tabela baixo. Desenvolva o método de pontuação ponderada para os três locais e indique a melhor opção de localização para a nova fábrica. Critérios de Localização Import ância (peso) Nota Notas Ponderadas Cidade 1 Cidade 2 Cidade 3 Cidade 1 Cidade 2 Cidade 3 Acesso a mercados 22 10 7 9 Custo e Disponibilidade de Materiais 14 6 6 8 Custo e disponibilidade de mão-de-obra 14 7 8 10 Atitude da Comunidade 11 7 7 6 Disponibilidade de Bons Locais 11 5 7 7 Custo de Espaço 11 9 7 6 Infra-estrutura local de utilidades e serviços 9 6 9 7 Qualidade de Vida 8 8 10 9 Total 33 Exercício 4 Uma montadora de veículos deve determinar um local para sua nova unidade. O projeto de viabilidade econômico-financeira-tecnológico identificou quatro cidades candidatas. Curitiba, Salvador, Vitória e Uberlândia. A empresa identificou os fatores qualitativos mostrados na tabela abaixo, em cada uma das cidades. Caso a decisão seja baseada naqueles fatores qualitativos, em que cidade a montadora deveria implantar sua nova unidade industrial? Fator Peso Pontuação do Fator em Cada Cidade Notas Ponderadas Curitiba Uberlândia Salvador Vitória Curitiba Uberlândia Salvador Vitória Aspectos Sindicais 27 8,5 6,5 9,0 7,0 Qualidade de Vida 22 8,5 6,0 8,0 7,5 Infra- estrutura 16 7,0 8,0 6,0 9,0 Pessoal 12 7,5 9,0 7,0 8,0 Custo de Vida 10 6,0 4,0 6,0 5,0 Impostos 6,0 7,0 7,0 7,0 9,0 Incentivos 5 9,0 7,0 8,0 6,0 Malha Viária 2 7,0 6,0 4,0 5,0 Total 34 2.3.2 Técnicas de Localização: Método do Ponto de Equilíbrio Ponto de equilíbrio O ponto de equilíbrio é representado pela quantidade produzida (q) que iguala os custos totais a receita total, ou seja, a produção para a qual o lucro é zero. Fórmulas: Custo Total = Custo Fixo + (Custo Variável x Quantidade)ou CT = CF + (CVxq) Custos gastos relativos aos bens e serviços consumidos na produção e outros bens e serviços. Exemplos: matéria-prima, mão-de-obra direta, mão-de-obra indireta, energia elétrica. Despesas Gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receita e manutenção dos negócios da empresa. Exemplos: impostos, propaganda, publicidade, comissões, aluguéis. Custos Fixos São os custos que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do volume de produção. Ex: salários, aluguel da fábrica. Custos Variáveis São os custos que mantêm relação com o volume de produção ou serviço. O total dos custos variáveis cresce à medida que o volume de atividades da empresa aumenta. Ex: matéria-prima, MOD, energia da fábrica. 35 Receita de Venda = Quantidade x Preço de Venda ou RV = PVxq No ponto de equilíbrio custo total é igual à receita de venda, então: CF + (CVxq) = PVxq Pelo método do ponto de equilíbrio, são comparadas diferentes localidades em função dos custos totais de operação (custos fixos + custos variáveis). 36 E X E R C I C I O S P R O P O S T O S Exercício 1 Uma empresa reduziu a provável localização de sua nova fábrica a três localidades: A, B e C. Localidade Custo Fixo por Ano Custo Variável Unitário A 120.000,00 64,00 B 300.000,00 25,00 C 400.000,00 15,00 Com os dados apresentados na tabela acima, pede-se a) determinar a melhor localização da fábrica para uma produção anual máxima de 20.000 unidades, analisando o custo total; b) determinar que quantidades deverão ser produzidas, em cada uma das cidades, para tornar viável a instalação da fábrica, analisando o custo total; c) teste as decisões tomadas no item “b” determinando o custo total para cada uma das cidades para as seguintes quantidades produzidas: 4000 un; 6.000 un. e 12.000 unidades. Exercício 2 A empresa Cargo Transporte e Logística está pensando em montar um centro de distribuição para atender à região do eixo São Paulo-Rio de Janeiro. Três cidades são candidatas: São Paulo, Rio de Janeiro, Taubaté. A venda projetada variará entre 500.000 e 700.000 embarques por ano. Em cada uma das cidades candidatas, foram identificadas os custos fixos e variáveis de operação. Determinar onde deverá ser localizado o novo centro de distribuição. Cidade Custo Fixo Anual Custo Variável por Embarque Taubaté 3.800.000,00 7,25 Rio de Janeiro 4.000.000,00 6,25 São Paulo 4.300.000,00 5,50 37 Exercício 3 A empresa atacadista TecStore vai implantar um novo centro de materiais que deverá atender a região centro-oeste. Há três locais previamente selecionados: Campo Grande, Uberlândia e Goiânia. Em cada localidade, foi feita uma projeção dos custos fixos e variáveis. Utilizando o método do ponto de equilíbrio determine qual a melhor faixa de operação para cada uma das cidades. Local Custo Fixo p/ Ano Custo Variável p/ Unidade Uberlândia 4.000.000,00 6,00 Goiânia 3.500.000,00 7,00 Campo Grande 4.300.000,00 5,00 Exercício 4 Uma empresa que fabrica detergente líquido está analisando a instalação de uma nova unidade de mistura e envasamento. Três locais são selecionados para análise: Porto Alegre, Belo Horizonte, e Recife. Com a estrutura de custos de produção dada, para que volume de produção deveria selecionar cada uma das cidades? Cidade Custos Fixos Anuais Custos Variáveis p/ Litro Recife 1.200.000,00 15,00 Belo Horizonte 2.000.000,00 12,00 Porto Alegre 3.000.000,00 10,00 Exercício 5 Um atacadista deve decidir a respeito da localização de um novo centro de distribuição de produtos. Pelo fato de as vendas deste futuro CD ainda não estarem definidas, o atacadista está analisando quatro possíveis locais para a implantação do CD, identificando em cada um deles os custos de operação. Determine: a) para cada local selecionado, o nível de vendas que é necessário para se atingir o ponto de equilíbrio do CD, considerando que o preço unitário médio de cada produto vendido é de R$100,00; 38 b) quais as localidades que serão lucrativas se a expectativa de vendas da empresa for de 7.000 unidades/ano? Com base no maior lucro, qual seria a cidade de sua escolha? Localidade Custo Fixo Anual Custo Variável p/Unidade Salvador 150.000,00 62,00 Recife 300.000,00 38,00 Fortaleza 500.000,00 24,00 São Luiz 600.000,00 30,00 39 3. INSTALAÇÕES ESTRATÉGICAS DE ARMAZENAGEM Um dos desafios do sistema logístico é disponibilizar aos clientes, no momento exato, os produtos que eles desejam adquirir. Frequentemente, isso significa coordenar o fluxo de produtos de vários fornecedores dispersos pelo país para que cheguem até os clientes finais, nas mais distantes regiões. Uma questão básica do gerenciamento logístico é como estruturar sistemas de distribuição capazes de atender de forma econômica aos mercados geográficos distantes das fontes de produção, oferecendo níveis de serviço cada vez mais altos em termos de disponibilidade de estoque e tempo de atendimento. Bowersox e Closs (2001) enfatizam que um fator importante que influencia os projetos das estruturas logísticas é a exigência do bom gerenciamento dos estoques – ativo central da logística – que proporcione atendimento rápido ao cliente com alto giro de estoque. Bowersox e Closs (2001) esclarecem que as estruturas de distribuição mais utilizadas são: • estrutura escalonada – é a denominação da rede de distribuição onde o fluxo de produtos passa por uma série de empresas e instalações logísticas – armazéns, centros de distribuição, depósitos de consolidação e fracionamento de cargas -, à medida que se move da sua origem até o consumidor final. • estruturas diretas - são sistemas de distribuição em que os produtos são expedidos de um ou mais armazéns centrais diretamente para os clientes. 3.1 Estruturas Escalonadas: Centros de Distribuição Avançados Os centros de distribuição avançados são instalações comumente utilizadas em sistemas de distribuição escalonados, com que possibilita a formação de estoque em vários estágios de uma cadeia de suprimento3. Seu objetivo é agilizar as entregas aos clientes que estão geográfica distante dos centros produtores, possibilitando também economia de transporte, pois permite o recebimento de grandes carregamentos de cargas consolidadas. 3 Fleury et al (2006, p. 154). 40 A FIG. 3 demonstra a utilização de centro de distribuição avançado em uma rede de distribuição. Carga Fracionada Pequenas Distâncias Cargas Consolidadas Grandes Distâncias FIGURA 2: Centro de Distribuição Avançado de um Fornecedor para vários clientes Fonte: Fleury et al (2006, p. 155) Fornecedor ou Armazém Central Centro de Distribuição Avançado Cliente 1 Cliente 2 Cliente 3 41 Exercício 1 A TDW Motors Company fabricacaminhões especiais sob encomenda. A produção é programada quando os pedidos são recebidos na planta da montadora localizada em San Diego. Os fornecedores de eixos, transmissores e motores estão localizados em Detroit, Cleveland e Pittsburgh, respectivamente. Um pedido típico de clientes resulta em ordens de compra para 30.000 Kg de eixos, 35.000 Kg de transmissores e 38.000 Kg de motores. De acordo com os preços dos fretes calcule o custo total do transporte para. a) cargas sem consolidação, partindo de cada fornecedor para a montadora em San Diego; b) cargas consolidadas no armazém central em Cleveland, onde as cargas parceladas dos fornecedores podem ser combinadas em cargas ferroviárias completas para a montadora, em San Diego; c) Conclusão. Oriente-se pela FIG. 8.2 para efetuar os cálculos. Localidades Valor do Frete ($) Taxa de Armazenamento em Cleveland Detroit a San Diego 0,048 - Cleveland a San Diego 0,050 - Pittsburgh a San Diego 0,053 - Detroit a Cleveland 0,0050 110,00 Cleveland a Cleveland 0,0020 120,00 Pittsburgh a Cleveland 0,0040 125,00 Cleveland a San Diego 0,025 - E X E R C Í C I O S P R O P O S T O S 42 Exercício 2 Reconsidere o problema da TDW Motor Company. Analise a viabilidade de se estabelecer um depósito casos os seguintes eventos abaixo ocorram. Avalie cada evento separadamente. a) o frete de carga completa de Cleveland a San Diego foi incrementado para R$0,035 o quilo; b) uma redução de 40% no frete rodoviário para carga parcelada de Detroit, Cleveland e Pittsburgh para San Diego; c) as taxas de armazenagem são aumentadas em 100%. 43 3.2 Custos de Estoque nos Sistemas Escalonados Quando se utiliza as estruturas escalonadas deve-se observar os trade-offs dos custos, ou seja, os custos de transporte diminuem em razão da consolidação das cargas, mas, os custos de manutenção de estoque tendem a aumentar. Fleury et al (2006), advertem que um gerenciamento de estoque inadequado poderá provocar ou a falta de estoque, prejudicando o atendimento ao cliente; ou estoques excessivos, que podem aumentar os custos de mantê-los. 3.3 Estruturas Diretas - Armazéns Centrais A utilização de estruturas diretas de distribuição é recomendada quando o tamanho da carga a ser transportada é grande. Nesse caso, ganha-se no preço do transporte – economia de escala por transportar carga cheia -, além de reduzir os estoque antecipados e o manuseio intermediário de produtos. Fleury et al (2006) ditam as desvantagens de se transportar cargas pequenas dos armazéns centrais diretamente para os clientes, são elas: • alto custo de transporte: grandes distâncias são percorridas até os clientes; • movimentações irregulares de cargas fracionadas; • dependência de transporte confiável e rápido. Na intenção de diminuir custos e possibilitar o atendimento rápido dos pedidos dos clientes, as empresas estão utilizando as instalações intermediárias de quebra de carga. Essas instalações recebem grandes carregamentos mas, sem formação de altos níveis de estoques. Estas são instalações do tipo: • Transit Point • Cross-Docking; • Merge in Transit 44 3.4 Instalações Intermediárias Os tópicos seguintes trazem a síntese das características e as formas de funcionamento das instalações intermediárias elaboradas por Fleury et al (2006). 3.4 1 Transit Point • opera como uma instalação de passagem, recebendo carregamento consolidado e separando-os para entregas locais a clientes individuais. Esta função é oposta à da consolidação; • os produtos recebidos já têm os destinos definidos, ou seja, já estão pré- alocados aos clientes e podem ser imediatamente expedidos para entrega local; • não há formação de estoque, pois não há espera para a colocação dos pedidos; • suas instalações são estruturalmente simples, necessitando de baixo investimento; • seu gerenciamento é facilitado, pois não são executadas atividades de estocagem e picking, que exigem grande nível de controle gerencial. • seu custo de manutenção é relativamente baixo; • depende da existência de volume suficiente para viabilizar o transporte de cargas consolidadas com frequência regular. 3.4.2 Cross-Docking • As instalações do tipo Cross-Docking se configuram de forma semelhante ao Transit Point, mas caracterizam-se por envolver múltiplos fornecedores que atendem a clientes comuns; • muito utilizado por cadeias de varejo; • carretas completas chegam de múltiplos fornecedores. As cargas são recebidas, separadas de acordo com os pedidos dos clientes e encaminhadas diretamente para a área de expedição, não há entrada em estoque; • em sistemas de Cross-Docking automatizados, são utilizados leitores de código de barras que identificam a origem e o destino de cada palet. Dessa forma, os palets são automaticamente direcionados para as respectivas docas por meio de correias transportadoras e carregados nos veículos que farão a 45 entrega local. Estes partem com carga completa, formada por produtos de vários fornecedores; • o sucesso da operação de cross-docking depende de alto nível de coordenação entre os participantes (fornecedores, transportadores) viabilizada pela utilização intensiva de sistemas de informação, como transmissão eletrônica de dados e identificação de produtos por código de barra. Além disso, é de fundamental importância a existência de softwares de gerenciamento de armazenagem para coordenar o intenso e rápido fluxo de produtos entre as docas; • a falta de sincronismo entre os recebimentos das cargas, implica em formação de estoque o que irá exigir maior espaço para armazenagem, e os veículos poderão ter que aguardar maior tempo para ter sua carga completada. A FIG. 4 traz um modelo de operação de cross-docking FIGURA 3 Operação de Cross Docking Fonte: Fleury et al (2006, p. 158) 46 3.4.3 Merge In Transit • refere-se à operação de montagem, em armazéns, de produtos formados por multicomponentes que têm suas partes produzidas em diferentes plantas especializadas.; • é uma extensão do conceito de Cross-Docking combinado com os sistemas Just-in-Time (JIT). Ele tem sido aplicado à distribuição de produtos de alto valor agregado, formado por multicomponentes que têm suas partes produzidas em diferentes plantas especializadas. Um exemplo claro são as estações de trabalho, formadas por CPUs, monitores e teclados. 47 REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. ______ Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Editora Atlas, 2007. BOWERSOX, D.J.; CLOSS, D. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. MARTINS, P. G. e LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2ed. São Paulo: SLACK, Nigel; CHAMBERS Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas, 2007.
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