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1 Conforto Térmico e Qualidade do Ar Sabemos que o corpo humano tem uma grande capacidade de se adaptar, podendo suportar condições térmicas bastante diferentes, apenas necessitando um tempo para se acostumar. Contudo, às vezes, a temperatura e a umidade do ambiente externo podem variar tanto que nem o corpo humano é capaz de se adaptar, sendo necessário que as condições internas sejam controladas para nos dar conforto e um ambiente saudável. 2 Conforto Térmico e Qualidade do Ar Para mantermos a temperatura corporal, geramos calor por um processo metabólico, que pode ser afetado por alguns fatores fisiológicos, tais como saúde, idade e atividade. Esse calor gerado é perdido aos poucos, seja por convecção, quando a pessoa perde o calor gerado por meio do ar ambiente quando está em repouso ou exercendo um trabalho em ambiente condicionado, por radiação, quando as superfícies circundantes estão a uma temperatura menor que a temperatura corporal, ou devido à respiração e transpiração, tal como mostra a Figura 1.19. 3 Conforto Térmico e Qualidade do Ar 4 Conforto Térmico e Qualidade do Ar Para alcançarmos o conforto térmico, também temos que lembrar dos quatro fatores ambientais envolvidos na liberação do calor, a saber: a temperatura do ar, a temperatura superficial, a umidade relativa e a velocidade do ar. Tais fatores agem juntamente ao tipo e a quantidade de vestimenta usada pelo indivíduo, além de seu nível de atividade exercida. São considerados valores adequados para nos fornecerem um conforto térmico temperatura entre 20ºC e 26 ºC, umidade com temperatura de orvalho de 2ºC a 17ºC e até 0,25m/s de velocidade do ar. 5 Conforto Térmico e Qualidade do Ar Se estamos em ambientes mais quentes, o conforto térmico será maior se usarmos roupas leves e se houver maiores velocidades de ar. Já quando temos temperaturas baixas, nos sentimos confortáveis se estivermos usando roupas pesadas. Também devem ser consideradas as temperaturas das superfícies vizinhas, as quais também influenciam o conforto térmico. Para que um ambiente seja confortável, também temos que garantir a qualidade do ar, isto é, garantir que esteja livre das fontes de poluição. Para isso, podemos utilizar a ventilação, a qual fornece ar ao ambiente, podendo ser ar externo, que dilui o contaminante, ar recirculado ou, ainda, uma proporção entre eles. Se for utilizar o ar externo, é importante que o ar seja de boa qualidade. 6 Conforto Térmico e Qualidade do Ar As taxas de ventilação de equipamentos de aquecimento ou resfriamento muitas vezes não podem ser uniformes, pois dependem da ocupação, por exemplo, se são permitidos fumantes numa área ou não. Tudo isso deve ser levado em consideração no projeto. Também deve ser avaliada a possibilidade de limpar ou filtrar o ar, a fim de recirculá-lo. A recirculação do ar é interessante para poupar energia quando o ar externo está em temperaturas muito altas ou muito baixas. A Tabela 1.4 mostra dados recomendados para ventilação com ar. 7 Conforto Térmico e Qualidade do Ar 8 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto A avaliação cuidadosa de cada um dos fatores, tais como os climáticos, a presença de fontes internas de calor, o tipo de material utilizado na construção das paredes e o tamanho, nos ajuda nos cálculos da transferência de calor, estimando a capacidade dos componentes que integram o sistema, a fim de manter um conforto térmico no ambiente. Para os cálculos, normalmente são consideradas condições ambientais próximas das condições extremas. 9 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto Para fazermos os cálculos de cargas térmicas, existem vários métodos, mas todos levam em consideração os fatores que afetam as cargas térmicas, sendo divididos em quatro tipos, como mostra a Figura 1.20. 10 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto a) Transmissão: quando há perda ou ganho de calor; ocorre pela diferença da temperatura em um elemento da construção, por exemplo, paredes e teto. b) Solar: quando a transferência de energia solar ocorre através de um componente do edifício que seja transparente ou quando é absorvida por um componente opaco. 11 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto c) Infiltração: quando há perda ou ganho de calor através de infiltração do ar externo no ambiente condicionado, por exemplo, portas. d) Geração interna: resulta da liberação de energia que ocorre no interior do ambiente, por exemplo, lâmpadas, equipamentos e pessoas. 12 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto É claro que esses fatores podem alterar a temperatura do ambiente, mas o equipamento, seja de resfriamento ou aquecimento, deverá operar para que a temperatura fique agradável. Como condições de projeto para o cálculo das cargas térmicas de aquecimento estão as temperaturas de bulbo seco, tanto interna quanto externa. Para resfriamento, admite-se uma temperatura interna entre 24 - 26°C, e para aquecimento, uma temperatura interna entre 20 - 22°C é aceitável. No inverno, a umidade relativa limita-se ao mínimo de 30% e, no verão, ao máximo de 60%. 13 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto Já as condições de projeto para o cálculo das cargas térmicas de resfriamento envolvem, além da temperatura de bulbo seco, a intensidade de radiação solar e a umidade. Neste caso, o critério das condições limite é adotado em referência aos extremos de intensidade de radiação solar. Então, há a necessidade de se fazer diferentes cálculos para obtermos a carga térmica de resfriamento máxima, como para várias horas do dia ou vários dias do ano. Além disso, ainda devemos levar em consideração a orientação do ambiente e sua localização geográfica. 14 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto A Tabela 1.5 fornece as temperaturas externas de projeto, usando o critério dos 97,5% para o inverno, para diferentes localidades. Há também o critério dos 2,5%, que admite que a temperatura pode ser excedida em apenas 2,5% das horas durante os meses de junho a setembro, além da temperatura de bulbo úmido correspondente no verão. 15 Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto Por exemplo, em Recife, a temperatura externa no inverno é de 21°C e, no verão, de 31°C. 16 Carga térmica de aquecimento A carga térmica de aquecimento de um ambiente depende da carga térmica originada da transmissão térmica pelas paredes, janelas, teto, etc., e da carga de ventilação e de infiltração do ar interno do ambiente. A carga térmica, devido à transmissão de calor, é obtida pela seguinte equação. 17 Carga térmica de aquecimento 18 Carga térmica de aquecimento 19 Carga térmica de aquecimento 20 Carga de ventilação e de infiltração A penetração de ar por infiltração do exterior para o interior de um recinto afeta a temperatura do ar assim como a umidade. O efeito sobre a temperatura é denominado calor sensível, e o efeito sobre a umidade, calor latente. Assim, as cargas internas, devido à presença de pessoas num recinto, têm componentes sensíveis e latentes, enquanto a transmissão de calor na estrutura de um recinto representa cargas sensíveis. A carga de ventilação e infiltração, devido à entrada de ar externo, é expressa pelas seguintes equações: 21 Carga de ventilação e de infiltração 22 Cargas térmicas de resfriamento A carga térmica de resfriamento é a quantidade de energia a ser extraída de um lugar devido ao aquecimento, a fim de fornecer um conforto térmico. Ela resulta da contribuição da carga de geração interna de calor, carga térmica de insolação de superfícies transparentes e cargas de insolação em superfícies opacas. 23 Cargas térmicas de resfriamentoA carga de geração interna de calor se refere ao calor gerado devido ao aquecimento de lâmpadas, à presença de pessoas e aos equipamentos em funcionamento. O calor gerado pelas lâmpadas depende da potência da lâmpada. A carga térmica produzida por lâmpadas é dada pela seguinte equação. 24 Cargas térmicas de resfriamento 25 Cargas térmicas de resfriamento Pessoas realizando uma atividade também tem um gasto energético. Assim, o calor liberado por uma pessoa, dependendo da atividade, é apresentado na Tabela 1.8. Vale ressaltar que esses valores são apenas uma média. 26 Cargas térmicas de resfriamento A carga térmica de insolação através de superfícies transparentes é dada quando uma superfície transparente recebe calor por insolação, por exemplo, uma janela de vidro, cuja transferência de calor resultante depende das características físicas da superfície. Para uma janela de vidro transparente, a energia solar, devido à insolação que atravessa a superfície (qsg), considerando o estado estacionário, é dada pelo Fator de Ganho de Calor por Insolação (FGCI) (W/m2) e pelo coeficiente de sombreamento (CS), que permite incluir o efeito de sombreamento interno. Portanto, a energia solar que passa por uma janela é dada pela equação: 27 Cargas térmicas de resfriamento A Tabela 1.9 apresenta os valores de fator de ganho de calor por insolação para vidro claro, para diferentes meses do ano, e a Tabela 1.10 apresenta valores de coeficiente de sombreamento para diferentes vidros, com e sem sombreamento interno. 28 Cargas térmicas de resfriamento 29 Cargas térmicas de resfriamento 30 Cargas térmicas de resfriamento Na carga de insolação de superfícies opacas, temos que a energia solar dissipada em uma parede é refletida, em parte, na forma de convecção e radiação, e a outra parte é transmitida ao interior ou absorvida temporariamente. Para estimar a carga térmica de insolação, temos que levar em consideração o efeito de armazenamento térmico da estrutura. Para isso, é introduzido um parâmetro denominado Diferença de Temperatura para a Carga de Resfriamento (DTCR), que considera o calor recebido por insolação e a capacidade térmica da parede. O fluxo de calor através da parede, considerando o armazenamento térmico, pode ser expresso por: 31 Cargas térmicas de resfriamento A Tabela 1.11 apresenta valores de DTCR de resfriamento em paredes, para uma parede constituída de blocos de concreto com 100 mm de espessura e isolamento de 25 a 50 mm ou de tijolo de 100 mm com isolamento. 32 Cargas térmicas de resfriamento 33 34 35 36 37
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