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2015 Higiene do TrabalHo Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Jovania Regina Formighieri Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Tathyane Lucas Simão Jovania Regina Formighieri Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 363.11 S588h Simão, Tathyane Lucas Higiene do trabalho /Tathyane Lucas Simão, Jovania Regina Formighieri. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 207 p. : il. ISBN 978-85-7830-877-3 1. Higiene no trabalho. 2. Segurança no trabalho I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresenTação Antes da Revolução Industrial, pouco se estudou sobre a saúde dos trabalhadores e seus ambientes de trabalho. Têm-se relatos que, no século IV a.C., Hipócrates reconheceu e registrou a toxicidade do chumbo em minas, porém nenhuma medida preventiva foi adotada. 500 anos depois, Plínio descreveu os perigos relacionados à utilização do zinco e do enxofre, além da aparência dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e poeiras. Ele descreveu, também, as primeiras “máscaras” utilizadas, isto é, os escravos colocavam panos ou membranas sobre o rosto para minimizar a inalação de poeiras (FUNDACENTRO, 2004). Em 1473, um panfleto sobre doenças ocupacionais foi publicado, no qual havia instruções sobre a higiene ocupacional. Em seguida, a obra De re metallica (Dos Metais), em 1556, do pesquisador alemão Georgius Agricola, que publicou a precariedade com que os mineradores desenvolviam suas atividades e alguns dos métodos de prevenção de doenças utilizando a ventilação. Após certo tempo estagnada, a higiene ocupacional ganhou nova publicação, em 1700, com a obra De morbis artificum diatriba (As doenças dos trabalhadores) do médico italiano Bernardino Ramazzini, que descreveu uma variedade de doenças provenientes dos ambientes de trabalho. Este médico é considerado, hoje, o “pai da higiene ocupacional”. Durante o século XVIII, inúmeros problemas relacionados à higiene ocupacional foram descobertos. As mudanças ocorridas nesta época na economia e tecnologia resultaram na Revolução Industrial, aumentando consideravelmente as doenças relacionadas ao trabalho, devido ao ritmo de trabalho acelerado e sem as mínimas condições de higiene. Nas décadas de 1930 e 1940, muitos empregadores foram influenciados pelo médico Robert Baker a contratar médicos do trabalho para analisar os problemas de saúde dos seus trabalhadores, além de ajudar no cumprimento das legislações. Esta atitude foi o passo inicial para os serviços de saúde dentro das indústrias. Ainda durante a Revolução Industrial, Charles Dickens descreveu as diversas alterações nos processos produtivos, as quais geravam mais riscos à integridade física e à saúde dos trabalhadores. Suas descrições serviram como base para a legislação sobre higiene ocupacional, legislação esta que até hoje vigora na Inglaterra. IV Já no Brasil, o impulso industrial ocorreu no final do século XIX com grandes semelhanças com a Revolução Industrial de cem anos antes na Inglaterra. Não diferente da Europa, as condições de trabalho nas indústrias brasileiras da época eram péssimas, jornadas de trabalho longas, mão de obra feminina e infantil e várias ocorrências de acidentes e doenças profissionais (FUNDACENTRO, 2004). Semelhante ao que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos, após denúncias de trabalhadores, jornais e estudos em universidades é que houve maior preocupação com a saúde do trabalhador. A partir disso, o Estado começou a intervir nas relações de trabalho através de legislações específicas, aprovando, em 1919, o Decreto nº 3.754 (primeira lei sobre acidentes de trabalho). A atuação do Ministério do Trabalho no campo da higiene e segurança do trabalho iniciou no governo de Getúlio Vargas e, assim, influenciou a formação de profissionais nesta área. Diante da importância da Higiene Ocupacional para os trabalhadores e para a sociedade em geral, este Caderno de Estudos trará uma apresentação sobre os agentes físicos, químicos e biológicos. Apresentará as doenças relacionadas a estes agentes, bem como os processos para caracterizá-los, os métodos de avaliação de cada agente, os equipamentos para essa avaliação e como interpretar os resultados encontrados nas avaliações ambientais. Trará, ainda, as normas, nacionais e internacionais, sobre os agentes, os programas de prevenção para estes agentes e como selecionar os equipamentos de proteção adequados. Este caderno será dividido da seguinte forma: na primeira unidade serão abordados os agentes físicos, na segunda unidade serão abordados os agentes químicos e para finalizar, a terceira unidade trará tudo sobre os agentes biológicos. Bons estudos! V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA VI VII UNIDADE 1 – AGENTES FÍSICOS ..................................................................................................... 1 TÓPICO 1 – RUÍDO E VIBRAÇÃO ..................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 RUÍDO .................................................................................................................................................... 3 2.1 CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS AO RUÍDO .............................................................. 4 2.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE O RUÍDO CAUSA NO ORGANISMO ................................. 4 2.3 AVALIAÇÃO DO RUÍDO ............................................................................................................... 5 2.4 PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO RUÍDO .............................. 6 2.5 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO ................................................................. 6 2.6 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXOS 1 E 2 ....................................................... 7 2.6.1 Anexo 1 ..................................................................................................................................... 7 2.6.2 Anexo 2 .....................................................................................................................................9 2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 01 ................................................................. 9 2.8 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA ............................................................. 10 2.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS .............. 11 2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 11 2.9.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC ...................................................................... 12 2.9.2.1 Medidas de controle na fonte ............................................................................................. 12 2.9.2.2 Medidas de controle na trajetória ...................................................................................... 12 3 VIBRAÇÕES .......................................................................................................................................... 13 3.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO CAUSA NO ORGANISMO ............................................................................................................ 14 3.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO LOCALIZADA OU DE MÃO E BRAÇO CAUSAM NO ORGANISMO ...................................................................................... 14 3.3 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO ........................... 15 3.4 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO ......................................................... 15 3.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 8 .......................................................... 17 3.6 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 09 E 10 ......................................................... 17 3.6.1 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 09: avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro ............................................................................ 18 3.6.2 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 10: avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços ......................................................................... 18 3.7 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA .................. 18 3.7.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI ........................................................................ 19 3.7.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC .......................................................................... 19 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 20 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 21 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22 TÓPICO 2 – TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS ................................... 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23 2 TEMPERATURAS EXTREMAS ......................................................................................................... 23 2.1 CALOR ............................................................................................................................................. 23 sumário VIII 2.1.1 Doenças e sintomas que o calor causa no organismo ........................................................ 24 2.1.2 Processo para caracterização de exposição ao calor .......................................................... 24 2.1.3 Instrumentos para avaliação do calor .................................................................................. 25 2.1.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 3 ..................................................................... 26 2.1.5 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 06 ........................................................................ 28 2.1.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individual e Coletivo .......................................... 29 2.1.6.1 Equipamentos de Proteção Individuais - EPI ................................................................. 29 2.1.6.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC ................................................................... 29 2.2 FRIO ................................................................................................................................................... 30 2.2.1 Doenças e sintomas que o frio causa no organismo ......................................................... 30 2.2.2 Processo para caracterização de exposição ao frio............................................................. 31 2.2.3 Instrumentos para avaliação do frio .................................................................................... 32 2.2.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 9 ..................................................................... 34 2.2.5 ACGIH – Limites de tolerância ............................................................................................. 35 2.2.6 Seleção de Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos ...................................... 36 2.2.6.1 Equipamento de Proteção Individual ............................................................................... 36 2.2.6.2 Equipamento de Proteção Coletivo ................................................................................... 37 3 PRESSÕES ANORMAIS ..................................................................................................................... 38 3.1 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE ALTA PRESSÃO – HIPERBÁRICA ............................. 38 3.1.1 Doenças e sintomas que a alta pressão causa no organismo ............................................ 38 3.1.2 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 6 ..................................................................... 38 3.2 TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE BAIXA PRESSÃO – HIPOBÁRICA ............................. 39 3.2.1 Doenças e sintomas que a pressão hipobárica causa no organismo ............................... 40 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 41 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42 TÓPICO 3 – RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE........................................................................................ 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 RADIAÇÕES IONIZANTES .............................................................................................................. 43 2.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO 44 2.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE .. 44 2.3 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO IONIZANTE ................................ 45 2.4 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 5 .......................................................... 47 2.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 16 – PERICULOSIDADE ............................................. 47 2.6 CNEN-NE-3.01 – DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO ......................................... 48 2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 05 ................................................................. 48 2.8 ACGIH – LIMITES DE TOLERÂNCIA ......................................................................................... 49 2.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 49 2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 50 2.9.2 Equipamentos de ProteçãoColetiva – EPC ........................................................................ 50 3 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES ................................................................................................... 52 3.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO ........................................................................................................... 53 3.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE ..................................................................................................................................... 54 3.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 7 .......................................................... 54 3.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 54 3.4.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI ........................................................................ 54 3.4.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC .......................................................................... 55 4 INFRASSOM E ULTRASSOM ........................................................................................................... 56 5 UMIDADE .............................................................................................................................................. 56 IX 5.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO........................... 57 5.2 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE ............................ 57 5.3 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 10 ........................................................ 58 5.4 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ................. 59 5.4.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI ...................................................................... 59 5.4.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC ........................................................................ 59 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62 UNIDADE 2 – AGENTES QUÍMICOS ................................................................................................ 63 TÓPICO 1 – CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS ....................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 CONCEITOS .......................................................................................................................................... 65 2.1 GASES E VAPORES ......................................................................................................................... 65 2.2 AERODISPERSOIDES ..................................................................................................................... 66 3 VIAS DE ABSORÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS NO ORGANISMO ............................... 68 4 DOENÇAS RELACIONADAS AOS AGENTES QUÍMICOS ..................................................... 69 4.1 PNEUMOCONIOSES ...................................................................................................................... 69 4.1.1 Silicose ...................................................................................................................................... 71 4.1.2 Asbestose .................................................................................................................................. 71 4.1.3 Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC) ......................................................... 72 4.1.4 Prevenção da Pneumoconiose .............................................................................................. 73 4.2 ASMA OCUPACIONAL ................................................................................................................. 75 4.3 SATURNISMO .................................................................................................................................. 75 4.4 HIDRARGIRISMO ........................................................................................................................... 77 4.5 DOENÇA CAUSADA PELA EXPOSIÇÃO AO CROMO .......................................................... 78 4.6 DOENÇAS CAUSADAS PELA EXPOSIÇÃO A SOLVENTES ORGÂNICOS........................ 79 4.7 BENZENISMO ................................................................................................................................. 80 4.8 DERMATITE ..................................................................................................................................... 81 4.8.1 Dermatite de contato por irritantes ...................................................................................... 82 4.8.1.1 Dermatite irritativa de contato forte (DICF) .................................................................... 82 4.8.2 Dermatites alérgicas de contato (DAC) ............................................................................... 83 4.9 ULCERAÇÕES ................................................................................................................................. 84 4.9.1 Úlcera crônica da pele não classificada em outra parte .................................................... 84 4.10 CÂNCER CUTÂNEO OCUPACIONAL .................................................................................... 85 4.11 PREVENÇÃO DAS DERMATITES ............................................................................................. 86 4.11.1 Prevenção primária: promoção da saúde .......................................................................... 86 4.11.2 Prevenção secundária .......................................................................................................... 86 4.11.3 Prevenção terciária .............................................................................................................. 86 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 87 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91 TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO ................................. 93 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93 2 CARACTERIZAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS ..................................................................... 93 3 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS ...................................................... 95 4 AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS .................................................. 97 4.1 TIPOS DE AMOSTRAGEM ............................................................................................................ 98 4.2 DURAÇÃO E NÚMERO DE AMOSTRAS ................................................................................... 99 X 4.3 INSTRUMENTAÇÃO ..................................................................................................................... 99 4.3.1 Avaliação de gases e vapores ..............................................................................................100 4.3.2 Avaliação de Aerodispersoides ...........................................................................................103 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................106AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107 TÓPICO 3 – NORMAS E RESULTADOS .........................................................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109 2 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ..........................................................................................109 3 NORMAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS ..........................................................................110 3.1 NR 15: ANEXO 11 ..........................................................................................................................112 3.2 NR 15: ANEXO 12 ..........................................................................................................................114 3.3 NR 15: ANEXO 13 ..........................................................................................................................115 3.4 ACGIH .............................................................................................................................................116 4 MEDIDAS DE CONTROLE .............................................................................................................119 4.1 MEDIDAS RELATIVAS AO AMBIENTE ...................................................................................119 4.2 MEDIDAS RELATIVAS AO HOMEM ........................................................................................119 5 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ..........................................................................................................122 5.1 PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA E SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO ............................................................................................122 5.1.1 Administração do programa ...............................................................................................123 5.1.2 Procedimentos operacionais escritos .................................................................................123 5.1.3 Seleção, limitação e uso de respiradores ...........................................................................124 5.1.3.1 Treinamento........................................................................................................................127 5.1.3.2 Ensaio de vedação..............................................................................................................127 5.1.3.3 Manutenção, Inspeção e Guarda .....................................................................................128 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 UNIDADE 3 –AGENTES BIOLÓGICOS ..........................................................................................131 TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS SOBRE AGENTES BIOLÓGICOS .................................133 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133 2 AGENTES BIOLÓGICOS .................................................................................................................133 3 CLASSIFICAÇÃO E FORMAS DE DISPERSÃO NO AMBIENTE ..........................................136 4 CONTRAÇÃO DOS AGENTES PELO ORGANISMO ..............................................................139 5 DOENÇAS RELACIONADAS .........................................................................................................140 5.1 HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS - HIV (AIDS) ........................................................142 5.2 VHA - HEPATITE A ......................................................................................................................142 5.3 VHB – HEPATITE B .......................................................................................................................143 5.4 VHC – HEPATITE C ......................................................................................................................143 5.5 VHD – HEPATITE D ......................................................................................................................144 5.6 MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS – TUBERCULOSE ......................................................144 5.7 ORTOMIXOVIRUS INFLUENZA – INFLUENZA ....................................................................145 5.8 FLAVIRIDAE – DENGUE CLÁSSICA .........................................................................................145 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148 TÓPICO 2 – HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO .......................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 3 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃO ..............................................................................................152 4 INSTRUMENTAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS ............................153 XI 5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AOS RISCOS AMBIENTAIS .....................155 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................160 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................161 TÓPICO 4 – NORMAS E RESULTADOS .........................................................................................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS .............................................................163 3 NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE ................165 4 NORMAS INTERNACIONAIS .......................................................................................................176 5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES ................................................178 6 RELAÇÃO DOS RESULTADOS COM PROGRAMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO .....................................................................................................180 7 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ..........................................186 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................193 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................196 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................197 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................199 XII 1 UNIDADE 1 AGENTES FÍSICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender os agentes físicos e suas formas de energia; • compreender quais são as doenças relacionadas ao agente físico; • definição dos instrumentos e métodos de medição e caracterização dos agen- tes físicos ligados às Normas Regulamentadoras e Normas Internacionais; • apresentação dos limites detolerância exigidos pela Norma Regulamenta- dora nº 15; • apresentação de Normas Internacionais relacionadas aos agentes físicos; • definição dos equipamentos de proteção individual para cada agente físico. Esta unidade de ensino está dividida em 3 tópicos, sendo que, ao final de cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para a apropriação dos conteúdos. TÓPICO 1 – RUÍDO E VIBRAÇÃO TÓPICO 2 – TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS TÓPICO 3 – RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM E ULTRASSOM E UMIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 RUÍDO E VIBRAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Caro(a) acadêmico(a)! Neste tópico você irá estudar sobre os agentes físicos ruído e vibração. Vai estudar todos os itens que compõem o entendimento desses itens. Os riscos físicos expõem uma troca de energia surpreendente entre o organismo e o ambiente, mas, se a quantia for excedente ao que o organismo pode resistir, as doenças podem aparecer. 2 RUÍDO Todos os dias acontecem várias situações que envolvem som ou ruído, mas nunca percebemos ou paramos para decifrar o que está acontecendo. E esse é o problema quando o assunto é ruído no ambiente de trabalho, onde, hoje em dia, passamos a maior parte do nosso tempo. Segundo Russo, Toise e Pereira (1984), o ruído é uma superposição de vários movimentos vibratórios, com frequências e intensidades diferentes. Seus componentes não são harmônicos entre si, comportando-se como um todo único. Geralmente, a sensação auditiva subjetiva provocada por ele é desagradável e perturbadora, principalmente quando se apresenta intenso e inesperado. Leal (2008, S.P) relata que os riscos físicos se caracterizam por: a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade. b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco. c) Em geral ocasiona lesões crônicas, mediatas. Com isso podemos ter uma noção do quanto o ruído é um problema na vida dos empregados e dos empregadores, porque ele não prejudica apenas quem está operando a máquina ou outro equipamento, pois, por ser o meio de transmissão o ar, o ambiente todo apresenta o ruído, afetando todos os empregados que estão lá. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 4 2.1 CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS AO RUÍDO Existem algumas explicações que precisam ser entendidas para que fique mais fácil compreender o ruído. Som: é uma vibração que se dissemina através do ar em forma de ondas e é compreendida pelo ouvido humano. O som é confortável aos nossos ouvidos. Dependendo da frequência e da intensidade, ele pode ser relativamente danoso. Ruído: é uma vibração que se dissemina através do ar em forma de ondas e é compreendida pelo ouvido humano. Ao contrário do som, o ruído é insuportável aos nossos ouvidos. Dependendo da frequência e da intensidade, ele pode ser relativamente danoso. Frequência: é a quantia de ondas de um som difuso no período de 1 segundo. Os sons agudos são considerados os de alta frequência, já os sons graves são considerados os de baixa frequência. Nossos ouvidos são mais vulneráveis em algumas frequências do que em outras. A forma de medida da frequência é o Hertz (Hz). Intensidade: é a ação ou pressão que o som desempenha em nossos ouvidos. É chamado como altura ou volume. Podemos diferenciar os sons de alta e baixa intensidade da seguinte forma: um sítio onde só existe a tranquilidade do mato e nada mais tem sons de baixa intensidade, enquanto uma fábrica onde tem máquinas ruidosas tem sons de alta intensidade. Então, conhecendo a diferença, conseguimos entender que quanto maior os valores da intensidade, mais o ruído torna-se uma ameaça para o empregado. A forma de medida da intensidade é o decibel (dB). 2.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE O RUÍDO CAUSA NO ORGANISMO O ruído, sem que notem, causa uma série de problemas à saúde. Brito (1999, p. 16) deixa claro em seu estudo sobre o assunto: O corpo humano começa a responder aos ruídos a partir de 85 dB. Essa reação ao ruído leva nosso organismo a ter diferentes respostas, como: dilatação da pupila; aumento da produção de hormônios da tireoide; aumento de batimento cardíaco; contração dos vasos sanguíneos; aumento da produção de adrenalina; baixo rendimento no trabalho; ansiedade; tensão; irritabilidade; insônia; alteração nos ciclos menstruais; impotência; nervosismo; baixa concentração; cansaço; aumento da pressão sanguínea; acidentes e outros. Os efeitos do ruído são inúmeros, mas existe um facilmente demonstrável, que é a interferência com a comunicação oral. Esta acontece principalmente nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz, as denominadas bandas de oitava. Quando existe um som que possui níveis semelhantes aos da voz humana, e este é emitido nas frequências da voz, ocorre uma espécie de “mascaramento” que pode dificultar a comunicação oral, propiciando, assim, um aumento do número de acidentes de trabalho. TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 5 A vulnerabilidade da orelha humana à ação do ruído pode desencadear uma perda auditiva. Quando ocorre uma lesão auditiva neurossensorial, surge a possibilidade de vários outros sintomas, entre eles: · Zumbidos. · Dificuldade no entendimento da fala. · Outros (algiacusia; sensação de plenitude auricular; dificuldade de localização da fonte sonora). Na audição, os efeitos podem ser: Perda Auditiva Temporária (TTS) – ocorre quando o indivíduo é exposto a ruído intenso mesmo que por pouco tempo, e faz com que o limiar auditivo sofra alteração. Essa redução é temporária, e a audição volta ao normal após um período de repouso auditivo. Trauma Acústico – é considerado como uma perda auditiva repentina, quando ocorre uma única exposição de ruído de impacto como explosões, produzindo lesões irreversíveis na cóclea, pois os níveis sonoros excedem os limites fisiológicos dessa estrutura. Perda Auditiva Permanente (PAIR) – é decorrente da exposição a ruídos de alta intensidade por longos períodos. É também irreversível, pois há destruição de células auditivas. A PAIR pode acarretar dificuldades para perceber sons agudos, como telefone, campainhas, relógio e outros. Rapidamente a lesão também começa a comprometer as frequências das áreas de conversação, afetando, assim, o reconhecimento da fala. Pôde perceber, acadêmico(a), como é importante você entender tudo sobre ruído? O quanto ele é prejudicial e silencioso na vida das pessoas? O ruído não demonstra que está chegando à vida das pessoas, por isso precisa ser tratado com muita cautela. 2.3 AVALIAÇÃO DO RUÍDO Conforme Saliba (2013, p. 205), a avaliação do ruído pode ser feita com os seguintes objetivos: Avaliação Ocupacional: Esse tipo de controle visa constatar os possíveis riscos de dano auditivo e seu controle. Avaliação do ruído para caracterização da insalubridade: A perícia visando à possível caracterização da insalubridade tem como base legal a NR 15, Anexos 1 e 2, e na maioria das vezes é realizada em perícias judiciais. Avaliação para fins de aposentadoria especial: Essa avaliação é realizada para fins de comprovação junto ao INSS da exposição a níveis de ruído prejudiciais à saúde. O critério utilizado são as normas da NR 15, ACGIH, e da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99). Avaliação para fins de conforto: O critério utilizado nessa avaliação está regulamentado na NR 17 da Portaria nº 3.214/78 e nas normas da ABNT, em especial, NBR 10152, que serão mais detalhadas no capítulo VII – Ergonomia. Avaliação da perturbação do sossego público: Nessa avaliação, a regulamentação em legislação municipal, estadual ou federal e as normas técnicas pertinentes encontram-se, em especial, nas normas da NBR 10151 e 10152 da ABNT, que sugerimos aos leitores que fossem consultadas. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 6 2.4 PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃOAO RUÍDO Para ser constatada a exposição ao ruído de um trabalhador, precisa ser realizado o levantamento do ambiente de trabalho englobando a função do trabalhador, o que ele faz durante sua jornada de trabalho, quais são as máquinas e os equipamentos que ele opera, quais são os EPIs que ele utiliza, entre outras informações necessárias. Depois de realizado o levantamento de informações, são efetuadas as medições em cada operador ou em cada grupo homogêneo, que é um grupo de trabalhadores que realiza a mesma atividade. Após as medições concluídas, são expostos os resultados e é averiguado o que precisa ser feito para melhorar o ambiente de trabalho e quais são os tipos de EPI que o operador terá que utilizar caso o ruído passe do seu limite de tolerância estabelecido pela NR 15. 2.5 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO Os homens são capazes de detectar de onde vêm as ondas sonoras e distingui-las, mas com o aumento repentino de barulho em todos os lugares não é possível fazer afirmações precisas sobre um determinado som. Foi justamente pensando nisso que o mercado de aparelhos de medidas e precisão passaram a oferecer aparelhos, cuja função é medir a intensidade do som, como o decibelímetro e o dosímetro de ruído (SANCHES, 2012). O decibelímetro dá o resultado do nível de pressão sonora na hora em seu leitor digital. Esse aparelho é o mais utilizado para comprovar a existência do som no ambiente de trabalho. FIGURA 1 - MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBELÍMETRO FONTE: Disponível em: <http://www.ferramentaskennedy.com. br/loja/produto/31/8644/decibelimetro-digital-35-a-130-decibeis- calibracao-interna-de460-instrutherm>. Acesso em: 24 fev. 2015. TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 7 O dosímetro de ruído é colocado no cinto ou no cós da calça do trabalhador, e próximo ao seu ouvido fica o microfone conectado a um cabo que leva as informações até o dosímetro. Esse aparelho pode ser utilizado em diversos trabalhadores em um dia, contando que as medições realizadas em cada trabalhador seja o suficiente de informações necessárias do seu dia de trabalho. FIGURA 2 - DOSÍMETRO DE RUÍDO FONTE: Disponível em: <http://www.segrad.com.br/locacao-detalhes. php?id=1462&titulo=Dos%C3%ADmetro%20de%20Ruido%20/%20 Calibrador%20Ac%C3%BAstico>. Acesso em: 24 fev. 2015. Lembrando que a calibração de todos os aparelhos de medição é importante e as aferições precisam ser realizadas periodicamente. Essas aferições, depois de realizadas, devem ser certificadas pelo fabricante, assistência técnica autorizada ou laboratórios credenciados para esse objetivo. 2.6 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXOS 1 E 2 A Norma Regulamentadora nº 15, em seus anexos 1 e 2, traz os limites de tolerância para os ruídos contínuos ou intermitentes e de impacto. 2.6.1 Anexo 1 QUADRO 1 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 8 FONTE: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A47594D040147D14EAE840951/ NR-15%20(atualizada%202014).pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015. Veja o que diz a Norma Regulamentadora nº 15 (2014) sobre o ruído contínuo ou intermitente: 1) Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2) Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3) Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. 4) Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5) Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 6) Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações: C1 + C2 + C3 + Cn T1 T2 T3 Tn Exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o quadro deste anexo. 7) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 9 2.6.2 Anexo 2 O anexo 2 da Norma Regulamentadora nº 15 (2014) trata sobre o ruído de impacto: 1) Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. 2) Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído contínuo. 3) Em caso de não se dispor de medidor do nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação "C". Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C). 4) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB(LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente. O grau de insalubridade afixado para os ruídos contínuos ou intermitentes e de impacto é de 20%. Acadêmico(a)! Verifique na Norma Regulamentadora nº 15 todas as informações importantes sobre o ruído, a qual está disponível no site oficial do Ministério do Trabalho e Emprego: <http://portal.mte.gov.br/>. IMPORTANT E 2.7 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 01 A NHO 01 tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional. Ela se aplica à exposição ocupacional a ruído contínuo ou intermitente e a ruído de impacto, em quaisquer situações de trabalho, contudo não está voltada para a caracterização das condições de conforto acústico (FUNDACENTRO, 2001). Vamos ver o que diz a Norma de Higiene Ocupacional NHO 01 (FUNDACENTRO, 2001) referente aos ruídos contínuos, intermitentes e de impacto: Ruído contínuo ou intermitente: todo e qualquer ruído que não está classificado como ruído de impacto ou impulsivo. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 10 Acadêmico(a)! Verifique na Norma de Higiene Ocupacional – NHO 01 – todas as informações importantes sobre o ruído. Disponível no site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>. IMPORTANT E 2.8 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA O programa de Proteção Auditiva traz benefício a quem é portador de perda auditiva ou não. Tem como objetivoprevenir as perdas auditivas e até estabilizar as perdas já acentuadas em decorrência da exposição ocupacional ao ruído (NETO, 2014). O ponto inicial do PCA é a inspeção no ambiente de trabalho, verificando cada função e analisando cada posto de trabalho, identificando onde possa existir o ruído. Na fase de avaliação ocupacional do ruído será feita uma avaliação sistemática e repetitiva dos níveis de ruído, definindo a dose e o LEQ em cada posto de trabalho (grupo homogêneo da exposição) (SALIBA, 2013). Conforme Saliba (2013, p. 463), vamos entender agora como proceder nos casos de cada dose: Dose > 0,5 < 1,0 Nesse caso, a NR 9 exige “Nível de Ação”. Segundo o subitem 9.3.6.1, esse nível representa o valor acima do qual devem ser iniciadas as ações preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a ruído ultrapassem os limites. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação ao trabalhador e o controle médico. Dose > 1,0 Nesse caso, devem-se, prioritariamente, estudar medidas de controle na fonte e na trajetória. Se essas medidas forem suficientes para reduzir a intensidade do ruído abaixo do limite (dose < 0,50), devem- se apenas monitorar os riscos periodicamente. Se essas medidas não forem suficientes para reduzir a dose a < 1, devem-se adotar medidas de controle no homem, tais como limitação do tempo de exposição e o uso de EPIs. No caso dos EPIs, após a seleção deve- se calcular sua atenuação, conforme explicado anteriormente. Caso sua atenuação reduza a intensidade abaixo do Limite de Tolerância, deve ser implantado o seu uso. O treinamento para o uso correto, Ruído de impacto ou impulsivo: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 11 a substituição periódica, a higienização, a obrigatoriedade do uso efetivo, entre outros, são medidas necessárias na busca da eficiência de EPIs. Lembramos que o uso parcial do protetor auricular reduz significativamente sua atenuação. Caso o EPI não seja suficiente para reduzir a exposição à dose < 1,0, deve-se limitar o tempo de exposição ou adotar medidas de controle na fonte ou trajetória. O controle médico, especialmente os exames audiométricos, irá verificar a eficiência das medidas de controle adotadas. A audiometria deve ser realizada na admissão, na demissão, nas mudanças de função e, periodicamente, conforme preceitua a NR 7 da Portaria nº 3.214 (SALIBA, 2013). 2.9 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS Chegamos ao final do estudo sobre o ruído. A seleção dos equipamentos e medidas de controle deve ser feita conforme os resultados obtidos e o que melhor encaixa. As medidas de controle do ruído podem ser consideradas basicamente de 3 (três) maneiras distintas: na fonte, na trajetória e no homem. As medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias, quando viáveis tecnicamente (SALIBA, 2013). Vamos verificar, agora, os Equipamentos de Proteção Individual e os Equipamentos de Proteção Coletivos para eliminação ou neutralização do ruído. 2.9.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI Os profissionais de segurança no trabalho e empregadores devem entender que o controle no homem, que é a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), é a última saída que deve ser tomada. Os EPIs podem servir de complemento para as medidas adotadas na fonte e na trajetória, e também quando essas adotadas não forem o bastante para reparar o problema. FIGURA 3 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA RUÍDO FONTE: Disponível em: <http://www.cenciseg.com.br/>. Acesso em: 24 fev. 2015. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 12 2.9.2 Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC Os EPCs, ou medidas de controle, são mais eficientes do que os EPIs e também não geram tantos transtornos ao trabalhador. 2.9.2.1 Medidas de controle na fonte Saliba (2013, p. 206) relata que são várias as medidas de controle na fonte que podem ser adotadas a fim de evitar que o ruído faça parte do dia a dia do trabalhador: - Substituir equipamento por outro mais silencioso; - Balancear e equilibrar partes móveis; - Lubrificar eficazmente rolamentos, mancais etc.; - Reduzir impactos, na medida do possível; - Alterar o processo; - Programar as operações, de forma que permaneça o menor número de máquinas funcionando simultaneamente; - Aplicar material de modo a atenuar as vibrações; - Regular os motores; - Reapertar as estruturas; - Substituir engrenagens metálicas por outras de plástico ou celeron. 2.9.2.2 Medidas de controle na trajetória Quando as medidas de controle na fonte foram estudadas, mas chega-se à conclusão de que não será viável, entra-se no processo de verificação de medidas de controle no meio. Vamos entender melhor o processo de medidas de controle na trajetória que Saliba (2013, p. 207) demonstra: - Evitar a propagação – por meio de isolamento. - Conseguir um máximo de perdas energéticas por absorção. O isolamento acústico pode ser feito das seguintes formas: 1 – Evitando que o som se propague a partir da fonte; 2 – Evitando que o som chegue ao receptor. Isolar a fonte: Significa a construção de barreira que separe a causa do ruído do meio que o rodeia, para evitar que esse som se propague. Isolar o receptor: Construção de barreiras que separem a causa e o meio do indivíduo exposto ao ruído. Deve-se ressaltar que a simples utilização do EPI não implica a eliminação de o risco do trabalhador vir a sofrer diminuição da capacidade auditiva. Os protetores auriculares, para serem eficazes, deverão ser usados de forma correta e obedecer aos requisitos mínimos de qualidade representada pela capacidade de atenuação, que deverá ser devidamente testada por órgão competente. O uso constante do protetor é importante para garantir a eficácia da proteção (SALIBA, 2013). TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 13 3 VIBRAÇÕES A vibração no meio industrial é bem comum e seu acompanhamento deve ser levado em conta, assim como qualquer outro agente. As consequências que ele gera na saúde humana são significativas, sendo essencial avaliação e monitoramento. A vibração é um deslocamento oscilatório de um corpo em razão de forças desequilibradas de elementos rotativos e movimentos intermitentes de uma máquina ou equipamento. É representado um movimento oscilatório e periódico caso o corpo vibre, abrangendo deslocamento em um determinado tempo. Vamos entender dois tipos de vibrações ocupacionais que são muito presentes nos ambientes industriais: vibração de corpo inteiro e vibração localizada ou de mão e braço. • Vibração ocupacional de corpo inteiro: Essas vibrações são passadas ao corpo em uma totalidade, frequentemente por meio da superfície de sustentação, como os pés, costas, nádegas de um indivíduo assentado. Normalmente, ocorrem em trabalho com máquinas pesadas: tratores, caminhões, ônibus, aeronaves, máquinas de terraplanagem, grandes compressores, máquinas industriais. • Vibração ocupacional localizada ou de mão e braço: Essas vibrações abrangem certas partes do corpo, em especial mãos e braços. Normalmente, ocorrem em operações com ferramentas manuais vibratórios: marteletes, britadores, rebitadeiras, compactadores, politrizes, motosserras, lixadeiras, peneiras vibratórias, furadeiras (HABRA, 2015, p. 5). Os materiais mais utilizados para fazer o isolamento acústico são cortiça e lã de vidro, que são absorventes de som. Esses materiais devem ser utilizados para envolver as barreiras isolantes de som. Percebem como vários dos tipos de medidas de controle são os EPCs que auxiliam a empresa a não terem gastos com os EPIs, e não ter o desgaste dos profissionais de segurança no trabalho e lideranças na imposição ao seu uso faz toda a diferença?Sempre devemos ter em mente que os EPCs e as medidas de controle precisam estar sempre em primeiro lugar. Só salvo quando estes saem muito caro financeiramente ou deem muito trabalho para a sua instalação, aí sim, entra o uso do EPI. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 14 3.1 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO CAUSA NO ORGANISMO Um indivíduo exposto à vibração de corpo inteiro pode apresentar vários problemas de saúde físicos definitivos ou também alterações no sistema nervoso. A região espinhal, o sistema circulatório e urológico e o sistema nervoso central são afetados se o trabalhador tem exposição frequente à vibração. Sintomas de alteração constantemente ocorrem ao longo da exposição ou após, que são insônia, dor de cabeça, tremores e cansaço, mas após um período de descanso os sintomas devem desaparecer. De acordo com Saliba (2013, p. 214), os efeitos constatados em grupos sujeitos a circunstâncias rigorosas de vibração foram os seguintes: “Problemas na região dorsal e lombar, gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens no sistema visual, problemas nos discos intervertebrais, degeneração na coluna vertebral”. 3.2 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO LOCALIZADA OU DE MÃO E BRAÇO CAUSAM NO ORGANISMO Os efeitos predominantes da exposição à vibração nas mãos e braços podem ser de ordem neurológica, osteoarticular, muscular e vascular. O desenvolvimento da doença nas suas múltiplas fases em decorrência da exposição diária, em vários meses, pode ser notado por meio da apresentação demonstrada a seguir por Saliba (2013, p. 224): - Formigamento ou adormecimento leve e intermitente, ou ambos, são frequentemente ignorados pelo paciente porque não interferem no trabalho ou em outras atividades. São os primeiros sintomas da síndrome. - Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos, confinados primeiramente às pontas; entretanto, com a continuidade da exposição, os ataques podem se estender à base do dedo. - O frio frequente provoca os ataques, mas há outros fatores envolvidos com o mecanismo de disparo, como a temperatura central do corpo, a taxa metabólica, o tônus vascular (especialmente cedo, pela manhã) e o estado emocional. - Os ataques de branqueamento geralmente duram de 15 a 60 minutos, mas, nos casos avançados, podem durar uma ou duas horas. A recuperação se inicia com um rubor, uma hiperemia reativa, especialmente vista na palma da mão, avançando do pulso para os dedos. - Nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade à temperatura ficam comprometidos. Há perda de destreza e incapacidade para a realização de trabalhos minuciosos. - Prosseguindo a exposição, o número de ataques de branqueamento se reduz, sendo substituído por uma aparência cianótica dos dedos. - Finalmente, pequenas áreas de necrose da pele aparecem na ponta dos dedos (acrocianose). TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 15 3.3 PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO No passado, até poucos anos atrás, a avaliação de vibração no corpo humano era pouco realizada, visto que, normalmente, quando se está num ambiente com vibrações elevadas, o nível de pressão sonora é bastante elevado. A avaliação da atividade por meio da dosimetria de ruído já caracterizava a atividade como insalubre (HABRA, 2015). Para os dois tipos de vibração existentes, temos os instrumentos de medição, que fazem os levantamentos de valores que precisamos para obter os valores a indicar se existe mesmo a exposição à vibração ou não. Deve ser feita uma antecipação de quais máquinas ou ferramentas que o operador usa; quais são suas atividades; quanto tempo o trabalhador fica exposto em cada procedimento que executa; verificar qual o tempo das pausas que ele faz e o tempo de exposição integral diário. Depois de fazer o levantamento, deve ser instalado o instrumento de medição no trabalhador para evitar a influência do trabalho rotineiro do operador. É importante ressaltar que o trabalhador precisa estar ciente do que esse aparelho mede, o porquê que ele vai ser controlado e a importância de ele executar suas atividades normalmente, como faz todos os dias para evitar que a medição não tenha problemas e que seja realmente como o trabalhador está exposto. Quando as medições forem encerradas, os valores da medição serão comparados aos limites de exposição que são indicados na NR 15 em seu anexo nº 8, que será estudado logo abaixo. 3.4 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA VIBRAÇÃO Para que a medição seja realizada dentro do solicitado pelas Normas NHO 09 e NHO 10, devem ser analisados os procedimentos de medição e tudo o que está relacionado aos aparelhos conforme essas Normas, pois a NR 15, no seu anexo nº 8, deixa claro que todos os procedimentos técnicos devem ser acompanhados nas normas da FUNDACENTRO. A seguir, vamos conhecer quais são os equipamentos de medição para cada tipo de vibração: A NHO 10 (FUNDACENTRO, 2013) deixa claro que: Os medidores a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços devem atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041 (2005) ou de suas futuras revisões e complementações e estarem ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros: - circuito de ponderação para mãos e braços (Wh); UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 16 FIGURA 4 - MEDIDOR DE VIBRAÇÃO ACOPLADO AO ACELERÔMETRO DE MÃO E BRAÇO FONTE: Disponível em: <http://www.aiqloja.com.br/medidor-de- vibracao-mod-mv-100-digital-para-o-corpo-humano.html> Acesso em: 20 fev. 2015. A NHO 09 (FUNDACENTRO, 2013) diz que: Os medidores a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro devem ser integradores, atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041 (2005) ou de suas futuras revisões e complementações e estar ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros: - circuitos de ponderação para corpo inteiro; • Wk para o eixo “z”; • Wd para os eixos “x” e “y”; - fator de multiplicação “fj” em função do eixo considerado; • fx = 1,4; • fy = 1,4; • fz = 1,0; - medição em rms. FIGURA 5 - MEDIDOR DE VIBRAÇÃO ACOPLADO AO ACELERÔMETRO DE ASSENTO FONTE: Disponível em: <http://www.moset.com.br/seg_trabalho.htm>. Acesso em: 20 fev. 2015. - fator de multiplicação em função do eixo considerado: f j = 1,0 para os eixos “x”, “y” e “z”; - medição em rms. TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 17 3.5 NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 – ANEXO Nº 8 A Norma Regulamentadora nº 15 (2014), no seu anexo nº 8, referente a vibrações, diz que deve: Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO. Caracterização e classificação da insalubridade Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI: a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2; b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75. Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos. As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau médio. A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suasfunções. A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que contemple, no mínimo, os seguintes itens: a) Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos; b) Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de acordo com o item 3 do Anexo 1 da NR-9 do MTE; c) Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e representatividade da amostragem; d) Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração; e) Dados obtidos e respectiva interpretação; f) Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação; g) Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia; h) Conclusão. O grau de insalubridade para vibração, conforme inspeção em local de trabalho, tem o percentual de 20%. 3.6 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL – NHO 09 E 10 Vamos verificar, agora, o que dizem as Normas de Higiene Ocupacional (NHO) da FUNDACENTRO sobre as vibrações. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 18 3.6.1 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 09: avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiroa Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro (VCI), que impliquem possibilidade de ocorrência de problemas diversos à saúde do trabalhador, entre os quais aqueles relacionados à coluna vertebral (FUNDACENTRO, 2013). Acadêmico(a)! Verifique na íntegra a NHO 09, com todas as especificações e recomendações para avaliação e exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro. Site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>. IMPORTANT E 3.6.2 Norma de Higiene Ocupacional – NHO 10: avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços que implique risco à saúde do trabalhador, entre os quais a ocorrência da síndrome da vibração em mãos e braços (SVMB) (FUNDACENTRO, 2013). Acadêmico(a)! Verifique na íntegra a NHO 10, com todas as especificações e recomendações para avaliação e exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços. Site oficial da FUNDACENTRO: <http://www.fundacentro.gov.br/>. IMPORTANT E 3.7 SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA Chegamos, agora, ao ponto de escolher as melhores maneiras e opções de proteger o trabalhador em suas atividades que são expostas à vibração. Vejamos a seguir algumas opções para auxiliar o trabalhador em sua jornada. TÓPICO 1 | RUÍDO E VIBRAÇÃO 19 3.7.1 Equipamento de Proteção Individual – EPI O EPI mais conhecido e mais utilizado para vibração é a luva antivibração, mas devemos lembrar que só o uso da luva não é indicado, pois ela auxiliará na diminuição do impacto do equipamento transmitido à mão. É importante ressaltar que a vibração acaba deixando o trabalhador exposto a outros riscos, que deverão ser analisados e levantados os tipos de EPI, como o ruído e a poeira. FIGURA 6 - UTILIZAÇÃO DE LUVA ANTIVIBRAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://segurancasaude.blogspot.com. br/2013/03/riscos-fisicos-no-trabalho-sao.html> Acesso em: 21 fev. 2015. 3.7.2 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC Saliba (2013, p. 230) selecionou algumas medidas de controle que são eficientes no combate à vibração: Medidas de controle para vibrações de corpo inteiro: - assentos com suspensão a ar; - cabines com suspensão; - calibração adequada do pneu; - utilização de bancos com descanso para os braços, apoio lombar e ajuste do assento e do apoio das costas; - limitação do tempo de exposição; - implantação de programa de supervisão médica. Medidas de controle para vibrações de mão e braço: - usar ferramentas com características antivibratórias; - utilizar luvas antivibração; - executar práticas adequadas de trabalho que permitam manter as mãos e o corpo do trabalhador aquecidos bem como minimizar o acoplamento mecânico entre o trabalhador e a ferramenta vibratória; - limitar o tempo de exposição; - implantar programa de supervisão médica. Entre outras medidas de prevenção, podemos sempre colocar em pauta os treinamentos com os operadores, sua conscientização sobre os riscos que estão expostos, quais os problemas que podem causar à sua saúde e também à implantação de sinalizações de segurança. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 20 POR QUE OUVIMOS E COMO FUNCIONA A AUDIÇÃO O sistema auditivo é composto de 3 compartimentos: ☛ O ouvido externo - formado pela orelha e o canal auditivo (local onde às vezes acumula cera), que tem a função de facilitar a captação do som e o amplifica nas frequências mais altas. Este fato é uma das principais razões do porquê, embora o ruído predominante nas fábricas tenha frequência entre 1000 e 2000 hz, a lesão observada no trabalhador compromete primeiro a audição de sons de 3000 a 6000 hz. O ouvido externo funciona como um amplificador para frequências altas, chegando a aumentar a pressão sonora na frequência de 3000 Hz em até 20 decibéis. ☛ O ouvido médio - composto pela membrana timpânica (o tímpano) e de 3 ossículos (ossos pequenos) chamados de estribo, martelo e bigorna e dois músculos, um chamado estapédio e o outro tensor do tímpano. Os 3 ossos têm a função de facilitar a transmissão da energia sonora que chega na membrana para o interior de canais cheios de líquido, onde a energia sonora é convertida em hidráulica. A maneira como eles estão organizados tem a função de compensar a perda de energia que ocorre quando a energia passa do ar para um meio líquido. Os dois músculos, quando estimulados, se contraem, tendo a função de proteger o ouvido contra efeito de som muito elevado. ☛ O ouvido interno - formado pela cóclea, que contém os elementos sensoriais para a audição e o sistema vestibular responsável pelo nosso equilíbrio (este, quando alterado, a pessoa pode apresentar vertigens, como ocorre na labirintite). COMO PERCEBEMOS OS SONS? A onda sonora atinge a cabeça, penetra no canal auditivo e atinge a membrana timpânica, vibrando-a. Esta membrana, ao vibrar, pela pressão dos sons, movimenta os 3 ossinhos que pressionam um líquido que existe dentro de canais chamados escalas, que fazem parte da cóclea. Este líquido pressionado se movimenta e estimula as células ciliadas existentes numa estrutura da cóclea, chamada órgão de Corti, que transformam a energia mecânica da onda sonora em impulsos elétricos e os transmitem ao cérebro, através do nervo acústico, informando da chegada de um determinado som. Isto ocorre, por exemplo, quando algum barulho ocorre inesperadamente perto de nós. Se um cão late, o ouvido capta a energia sonora emitida pelo latido, processa a energia e informa o cérebro, que aprendeu desde criança, que aquele é o som de um cão, de maneira a identificar rapidamente não apenas a existência do som mas sua localização e até quem o produziu. FONTE: Disponível em: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/caderno7_ruido.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2014. LEITURA COMPLEMENTAR 21 Neste tópico, você viu que: • O ruído é uma superposição de vários movimentos vibratórios, com frequências e intensidades diferentes. Seus componentes não são harmônicos entre si, comportando-se como um todo único. Geralmente, a sensação auditiva subjetiva provocada por ele é desagradável e perturbadora, principalmente quando se apresenta intenso e inesperado. • A vibração é um deslocamento oscilatório de um corpo em razão de forças desequilibradas de elementos rotativos e movimentos intermitentes de uma máquina ou um equipamento. É representado um movimento oscilatório e periódico caso o corpo vibre, abrangendo deslocamento em um determinadotempo. • Vibração ocupacional de corpo inteiro: essas vibrações são passadas ao corpo em uma totalidade, frequentemente por meio da superfície de sustentação, como os pés, costas e nádegas de um indivíduo assentado. • Vibração ocupacional localizada ou de mão e braço: essas vibrações abrangem certas partes do corpo, em especial mãos e braços. RESUMO DO TÓPICO 1 22 1 Quais são os instrumentos utilizados para medir a quantidade de ruído presente em um ambiente? a) ( ) Acelerômetro e Decibelímetro. b) ( ) Anemômetro e Decibelímetro. c) ( ) Decibelímetro e Dosímetro. d) ( ) Dosímetro e Termômetro. 2 Qual o grau de insalubridade que é indicado pela Norma Regulamentadora nº 15 para trabalhadores que são expostos à vibração? a) ( ) 10%. b) ( ) 20%. c) ( ) 30%. d) ( ) 40%. 3 Quantas horas um trabalhador pode ficar exposto a um ruído contínuo de 85dB (A)? a) ( ) 8 horas. b) ( ) 9 horas. c) ( ) 10 horas. d) ( ) 11 horas. AUTOATIVIDADE 23 TÓPICO 2 TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico serão estudadas as temperaturas extremas, que são o calor e o frio, e as pressões anormais, que são as hiperbáricas e as hipobáricas. E referente a cada item, serão abordadas as legislações pertinentes e outras informações importantes para o entendimento de cada item. 2 TEMPERATURAS EXTREMAS As temperaturas extremas são situações térmicas que exigem muito dos trabalhadores em seus afazeres profissionais. Elas podem ser identificadas em vários locais de trabalho, que podem ser em ambientes internos ou externos, mas que ambos podem acarretar muitos problemas aos trabalhadores. As temperaturas extremas são divididas em calor e frio. Vamos, a seguir, entender sobre essas duas extremidades da temperatura. 2.1 CALOR Calor é uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles (ALMEIDA, 2015). A exposição ao calor é comum em indústrias de fundição, metalúrgicas, papel, vidro, siderurgias, olarias, entre outros. E também em ambientes externos comuns em épocas do ano que são quentes. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 24 2.1.1 Doenças e sintomas que o calor causa no organismo No organismo sujeito a uma sobrecarga térmica, várias reações fisiológicas ocorrem visando manter o equilíbrio, porém, essas reações provocam outras alterações que, somadas, podem resultar em distúrbio fisiológico. Uma das reações do organismo é a vasodilatação periférica, que tem a finalidade de aumentar a circulação sanguínea na superfície do corpo, através da qual se fazem as trocas de calor com o ambiente, pelos mecanismos mencionados. Oura reação é a ativação das glândulas sudoríparas, ou seja, há aumento do intercâmbio de calor por mudança do suor do estado líquido para vapor. A evaporação do calor tende a equilibrar as trocas de calor entre o organismo e o ambiente. Todavia, há limitações fisiológicas na perda de calor pelo suor (SALIBA, 2013). As quatro principais doenças que a exposição ao calor causa são: Exaustão: Os vasos sanguíneos dilatam e acontece uma falta de sangue do córtex cerebral, onde resulta na baixa de pressão arterial. Desidratação: Reduz o volume do sangue, onde resulta a exaustão do calor. Câimbras: Com o suor excessivo, o trabalhador perde água e sais minerais, principalmente o cloreto de sódio, que tem consequência de ocorrer espasmos musculares e câimbras. Choque térmico: Quando a temperatura do corpo chega a certa temperatura, coloca em risco algum tecido vital que não pode ser atingido. 2.1.2 Processo para caracterização de exposição ao calor Para a caracterização do calor, deve-se realizar uma inspeção no local de trabalho, acompanhando: - Todo o procedimento de trabalho. - Quais são as máquinas e os equipamentos que o trabalhador utiliza em sua jornada de trabalho. - Se o trabalhador está exposto à carga solar ou não. - Qual o seu ciclo de trabalho contando tempo trabalhado e tempo de descanso. - Outras informações que apontem necessárias. Após a inspeção e anotação de todas as informações pertinentes ao processo de exposição, vão ser realizadas as medições necessárias, seguindo todas as recomendações existentes na NR 15 e na NHO 06. Depois de realizadas as medições e levantados os valores, é hora de comparar os valores obtidos aos expostos na NR 15 em seu anexo nº 3. Somente assim será caracterizada ou não a insalubridade. TÓPICO 2 | TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS 25 2.1.3 Instrumentos para avaliação do calor Para sabermos qual a temperatura que o ambiente de trabalho possui, devemos fazer as medições com os instrumentos a seguir: Termômetro de globo (Tg): O termômetro de mercúrio deve ser fixado no interior do orifício da rolha, e ambos devem ser inseridos no globo. A rolha deve ser fixada no globo com certa pressão a fim de não se soltar durante o uso. A posição relativa entre termômetro e rolha deve ser tal que, após montado no globo, o bulbo do termômetro fique posicionado no centro da esfera. Termômetro de bulbo úmido natural (tbn): O termômetro de mercúrio deve ser montado na posição vertical e revestido com uma camisa de algodão branca que deverá envolver totalmente o bulbo de mercúrio. Na montagem, verificar que a distância entre a extremidade do bulbo (revestido pela camisa) e a lâmina d’água destilada contida no erlenmeyer deve ser de 25 mm ou de 2,5 cm. No momento da utilização do sistema, umedecer o pano totalmente com água destilada e encher o erlenmeyer até a extremidade com água destilada. Termômetro de bulbo seco (tbs): Esses termômetros devem ser montados em um tripé e devem ficar no mesmo plano horizontal (SALIBA, 2013, p. 237 - 239). FIGURA 7 - TERMÔMETROS DE GLOBO, BULBO SECO E BULBO ÚMIDO Termômetro de Globo Termômetro de Bulbo Seco Termômetro de Bulbo Úmido FONTE: Disponível em: <http://www.cursosegurancadotrabalho.net/2013/07/ Calculando-temperaturas-Instrumentos-de-medida-de-calor-e-umidade.html>. Acesso em: 16 fev. 2015. UNIDADE 1 | AGENTES FÍSICOS 26 2.1.4 Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo nº 3 A Norma Regulamentadora nº15 (2014), em seu Anexo nº 3, expõe todos os parâmetros e cálculos para definição de um trabalhador estar exposto ou não ao agente físico calor, sabendo assim se terá direito ou não à insalubridade. Vamos verificar a seguir o Anexo nº 3 na íntegra: 1) A exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG, definido pelas equações que se seguem: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco. 2) Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. 3) As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço. 1) Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro nº 1. QUADRO Nº 1 REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO (por hora) TIPO DE ATIVIDADE LEVE MODERADA PESADA Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos trabalho 15 minutos descanso 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos trabalho 30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos trabalho 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem
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