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A Independência na América: Emancipação e Dificuldades

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A INDEPENDÊNCIA NA AMÉRICA: EMANCIPAÇÃO OU NOVAS 
DEPENDÊNCIAS 
Que relações possíveis, a propósito da invasão e conquista da América podemos 
estabelecer entre os três primeiros parágrafos deste texto? 
“Para a tristeza do gênero humano, é da natureza das coisas que as relações entre os povos 
sempre comecem pelo contato dos indivíduos menos preparados para buscar as raízes 
comuns e descobrir, antes de mais nada, a correspondência das sensibilidades. Os povos 
inicialmente entram em contato através de seus homens mais rudes, mais ávidos; ou então 
pelos mais determinados a impor sua doutrina.” (Paul Valery, “Oriente e Ocidente”, 
Gallimard, 1960) 
“O continente americano abriga duas realidades distintas: uma civilização avançada 
econômica e tecnicamente e outra subdesenvolvida . Todavia ambas foram estruturadas 
na mesma época, e ainda assim se desenvolveram de modo diverso.” (Heródoto Barbeiro, 
Curso de História da América) 
Descreva o contexto histórico que deu origem aos movimentos de independência no 
continente americano. 
Iluminismo: movimento intelectual burguês do século XVIII 
Combatia: o absolutismo monárquico; os privilégios da nobreza; a intolerância 
religiosa; a política mercantilista 
Defendia: um governo constitucional com divisão de poderes; igualdade 
jurídica; - liberdade de culto, com a laicização do Estado; liberalismo 
econômico. 
Precursores do Iluminismo 
John Locke: o governo existe pela necessidade de garantir os direitos e a segurança dos 
homens, mas seus poderes não podem ultrapassar os limites estabelecidos pelos que o 
escolheram. 
Isaac Newton: os acontecimentos da natureza são regidos por leis universais que 
governam e explicam os fenômenos naturais, sem a participação direta das forças divinas. 
René Descartes: a razão é a única fonte de chegar ao conhecimento verdadeiro dos fatos. 
Iluministas franceses: 
Montesquieu: na obra O Espírito das Leis, propôs a divisão dos poderes do Estado em 
Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Voltaire: vigoroso crítico da igreja e da Monarquia. A liberdade consiste em ser 
governado por um código de leis legítimo, que se aplique igualmente a todos. 
Rousseau: amado por muitos e odiado por outros, defendeu a soberania popular e a 
formação de um governo popular. O início da desigualdade social teria decorrido da 
demarcação das propriedades. É considerado o criador da democracia moderna. 
Iluminismo na economia: liberalismo econômico 
Adam Smith: 
O trabalho é a verdadeira fonte de riqueza. 
O laissez faire (deixar fazer) não admitia a presença do Estado na economia. 
O Estado só deve interferir na economia para evitar as injustiças e para promover as 
condições necessárias para o progresso da sociedade, dentre elas, a sensação de 
segurança. 
Suas ideias opunham-se à política mercantilista, pois defendia o Estado mínimo. 
 
Revoluções Liberais 
Ocorreram entre os séculos XVII e XVIII em meio as lutas contra o absolutismo 
monárquico, sobretudo pela afirmação dos direitos dos indivíduos frente ao arbítrio do 
poder do Estado. 
De base iluminista, manifestaram-se em movimentos sociais e políticos conhecidos 
como: Revolução Inglesa (1688), Revolução Americana (1776), Revolução Francesa 
(1789). 
 
Por que o Haiti foi o primeiro Estado americano a se emancipar do domínio 
europeu? E quais as suas dificuldades para se afirmar como Estado soberano? 
São Domingos ou ilha de Hispaniola é a 2ª maior ilha do Caribe, depois de Cuba. A ilha 
Hispaniola, politicamente divide-se em dois Estados: a República Dominicana e o Haiti, 
que ocupa um terço da ilha. Do século XVIII ao XIX o Haiti era um grande exportador 
de açúcar, controlado por uma pequena elite de brancos proprietários de terra, 
responsáveis pela exploração da mão-de-obra escravizada, constituída de africanos 
vítimas do tráfico negreiro. 
Com o advento da Revolução Francesa, alguns membros da elite colonial e descendentes 
de escravizados vislumbram a oportunidade de dar fim às exigências impostas pelo pacto 
colonial francês. Contudo, enquanto a elite buscava maior autonomia política para a 
expansão de seus interesses, os escravizados aspiravam os ideais de liberdade, igualdade 
e fraternidade provenientes da França revolucionária. Em meio a tais contradições, o Haiti 
se preparava para o seu processo de independência. 
Em 1791, uma mobilização composta por escravizados, mulatos e ex-escravizados se 
uniu com o objetivo de dar fim ao domínio exercido pela ínfima elite branca que 
controlava os poderes e instituições políticas do local. Sob a liderança do negro Toussaint 
Louverture, os escravizados conseguiram tomar a colônia. 
No ano de 1801, Louverture empreendeu uma nova mobilização com vistas a conquista 
da liberdade para os escravizados da região da ilha colonizada pelos espanhóis, que hoje 
corresponde à República Dominicana. Nesse período, Napoleão Bonaparte assumia a 
França e se mostrou contrário a perda desse importante domínio colonial. 
 
No ano de 1803, Bonaparte enviou um grande exército que, sob o comando de Charles 
Leclerc, conseguiu aprisionar e deportar Toussaint Louverture. Logo em seguida, o líder 
revolucionário acabou falecendo em uma prisão francesa. Apesar desse grande revés, os 
revolucionários haitianos contaram com a liderança de Jacques Dessalines para derrotar 
as forças do exército francês e, finalmente, proclamar a independência do Haiti. 
Dessalines foi alçado à condição de imperador do novo país. 
Somente no ano de 1806, quando Dessalines foi traído e assassinado por Alexandre Pétion 
e Henri Christophe, o Haiti passou a adotar o regime republicano. O reconhecimento da 
independência só aconteceria no ano de 1825, quando o governo francês recebeu uma 
indenização de 150 milhões de francos. O isolamento e o acirramento das divisões 
étnicas/tribais dificultaram o desenvolvimento do Haiti e a consolidação da sua 
independência. 
 
Que fatores contribuíram para que fosse deflagrado o movimento de independência 
das treze colônias inglesas da América do Norte, que deram origem aos Estados 
Unidos da América? 
Consideramos verdades evidentes por si mesmas que todos os homens são criados iguais, 
que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a vida, a 
liberdade e a procura da felicidade; que para proteger tais direitos são instituídos os 
governos entre os homens, emanando seus justos poderes dos consentimentos dos 
governados. Que sempre que uma forma de governo se torna destrutiva, é direito do povo 
alterá-la ou aboli-la e instituir um novo governo, fundamentado em princípios e 
organizando seus poderes da forma que lhe parecer mais capaz de proporcionar segurança 
e felicidade. (da Declaração de Independência dos EUA) 
Entre 1607 e 1733, no litoral oriental da América do Norte, os ingleses fundaram treze 
colônias. Cada colônia dispunha de liberdades limitadas: uma maioria de cidadãos elegia 
uma assembleia que votava as leis, e um governador, nomeado pelo rei da Inglaterra, 
exercia o poder executivo. As colônias do norte, como praticavam atividades voltadas ao 
mercado interno, possuíam maior autonomia, enquanto as do sul estavam mais alinhadas 
aos propósitos mercantilistas da Inglaterra. 
Com a Guerra dos sete Anos (1756-1763), a Inglaterra recebeu da França o Canadá, o 
vale do rio Ohio e a margem esquerda do rio Mississipi. Contudo a guerra causara à 
Inglaterra pesadas dívidas, que os ingleses queriam que os colonos ajudassem a pagar. 
O Parlamento inglês aprovou em 1764 a Lei do Açúcar, que impôs direito de cobrança 
pela Inglaterra de impostos sobre a importação pelos colonos de vários produtos, dentre 
eles o melaço. Em 1765, aprovou a Lei do Selo, que taxou os documentos legais, os 
produtos comerciais e as publicações periódicas. Atos Townshend (1767): leis que 
taxavam a importação de diversos produtos de consumo. Criavam os TribunaisAlfandegários. Lei do Chá (1773): garantia o monopólio do comércio de chá para a Cia 
das Índias Orientais. Leis Intoleráveis (1774): impostas após a manifestação do Porto de 
Boston, interditava o porto da cidade, imposição de um novo governador para 
Massachussets e aquartelamento de tropas britânicas. Ato de Quebec (1774): impedia que 
as colônias de Massachussets, Virgínia, Connecticut e Pensilvânia ocupassem terras à 
oeste de seus territórios. 
Quais os acontecimentos internos (nas colônias) que precipitaram a independência 
das treze colônias da América do Norte? 
The Boston Tea Party (A Festa do Chá de Boston) aconteceu em 16 de Dezembro de 
1773. Comerciantes rebeldes/colônos que se sentiram prejudicados pela Lei do Chá 
disfarçaram-se de índios peles-vermelhas, assaltaram os navios da Companhia das Índias, 
que estavam no porto de Boston, e lançaram o carregamento de chá no mar. Fato que já 
demonstrava, antes da Revolução Americana, a insatisfação dos colonos em relação a 
Coroa Britânica. 
Em setembro de 1774, delegados das colônias, reunidos na Filadélfia, redigiram uma 
Declaração de Direitos do Colono, exigindo igualdade de direitos com os ingleses da 
Metrópole, e fundaram uma associação Continental de boicote às mercadorias inglesas. 
Em abril de 1775, colonos rebelados atacaram um pequeno destacamento inglês, em 
Lexington, próximo a Boston. George III, rei da Inglaterra, declarou guerra aos colonos 
rebeldes. A Virgínia declarou-se independente. 
No dia 4 de julho de 1776, num segundo Congresso Continental, na Filadélfia, delegados 
de todas as colônias assinaram a Declaração de Independência. 
LEMBRAR QUE: 
A guerra da independência começou desfavorável aos insurgentes. Mesmo assim, os 
colonos venceram os ingleses em Saratoga (1777). No entanto, pela carência de recursos 
e aparato militar, os colonos rebelados tinham dificuldades em manter os territórios 
conquistados. 
Em 1777, os colonos rebelados enviaram Benjamim Franklin para conseguir apoio 
francês à causa das colônias inglesas da América do Norte. 
Em 1781, com apoio da França e da Espanha, os colonos rebelados derrotaram os ingleses 
em Yorktown. 
Em 1783, em Versalhes, foi assinado um tratado de paz: os ingleses reconheceram a 
independência dos Estados Unidos; a França recebeu algumas ilhas nas Antilhas e à 
Espanha retornaram o Senegal e a Flórida. 
Por que a Constituição dos Estados Unidos da América foi referência/paradigma 
para a criação dos Estados Liberais que surgiram em oposição ao Absolutismo 
Monárquico e ao Mercantilismo, ou seja, ao Antigo Regime? 
Escrita durante o verão de 1787, na Filadélfia, a Constituição dos Estados Unidos da 
América é a lei fundamental do sistema federal de governo dos Estados Unidos e 
documento de referência para o mundo Ocidental. É formada por sete artigos, 
subdivididos em seções, e vinte e sete emendas, sendo a mais curta constituição escrita 
em vigor. Todos as cinco páginas da Constituição original estão escritas em pergaminho. 
As Dez Primeiras Emendas, conhecidas como a Declaração dos Direitos, entraram em 
vigor no dia 15 de dezembro de 1791, limitando os poderes do governo federal dos 
Estados Unidos com vistas a proteger os direitos de todos os cidadãos, residentes e 
visitantes, no território estadunidense. 
 A Constituição dos EUA busca proteger a liberdade de expressão, a liberdade de 
religião, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembleia e a liberdade de 
petição, proíbe a busca e a apreensão sem razão alguma, o castigo cruel e insólito e a 
auto–inculpação forçada. 
Dentre outras proteções legais que proporciona aos cidadãos, proíbe que o Congresso faça 
qualquer lei em relação ao estabelecimento de religião e proíbe o governo federal de 
privar qualquer pessoa da vida, da liberdade ou da propriedade sem os devidos processos 
legais. 
Em casos de crime federal é requerida uma acusação formal por um júri de instrução para 
qualquer ofensa capital, ou crime infame, e a garantia de um julgamento público rápido 
com um júri imparcial, no distrito em que o crime ocorreu, e proíbe duplo julgamento. 
Garante a propriedade privada, optou pelo forma republicana de governo, a forma 
federativa de Estado, o sistema presidencialista de governo, defende os direitos e 
garantias individuais do cidadão branco, porém manteve a escravidão. 
Por que, apesar da Constituição dos Estados Unidos da América, construída com 
base nos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, nos Estados 
Unidos da América apenas em 1964 a Lei de Direitos Civis e em 1965 a Lei de 
Direitos Eleitorais, igualando os negros em direitos aos brancos? 
A prática da escravidão foi abolida nos Estados Unidos da América em 1863, com a 
Declaração de Emancipação promulgada pelo presidente Abraham Lincoln, no contexto 
de uma guerra civil, a Guerra da Secessão. 
O escravismo foi suprimido, mas não se caminhou para uma solução da “questão negra”, 
pois a população negra continuou sem direitos civis e políticos. 
Intensificaram-se as atitudes racistas com o surgimento de sociedades como a Ku-Klux-
Klan, nascida em 1867, criada com o propósito de defender a supremacia branca. 
Em 14 de abril de 1865, Abraham Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth, um 
fanático do Sul. 
A discriminação racial, mesmo com a abolição, assumiu na cultura estadunidense um 
caráter segregacionista que deu origem a inúmeras ações afirmativas por parte da 
população negra e reações violentas de grupos extremistas brancos. 
 Em virtude das manifestações decorrentes do protesto pacífico de Rosa Parks, em 13 de 
novembro de 1956 a Suprema Corte aboliu a segregação racial nos transportes coletivos 
de Montgomery, tornando também ilegal esta discriminação racial em todo o território 
dos EUA. Em 21 de dezembro de 1956, o ativista negro Martin Luther King e o sacerdote 
branco Glen Smiley entraram juntos num ônibus e ocuparam lugares na primeira fila. 
Martin Luther King organizou e liderou marchas que reivindicavam para os negros o 
direito ao voto, o fim da segregação e das discriminações, bem como a conquista de outros 
direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à constituição 
estadunidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964) e da Lei de Direitos 
Eleitorais (1965). Em 4 de abril de 1968 Martin Luther King foi assassinado em Memphis, 
no Tennessee. 
Em 20 de janeiro de 2009 Barack Obama tomou posse da presidência dos Estados Unidos 
como primeiro negro eleito para o comando executivo do Estado mais poderoso do 
mundo. 
CURIOSIDADE: 
 Entre 1927 e 1941, o escultor Gutzon Broglum e 400 trabalhadores esculpiram no Monte 
Rushmore, em Black Hills, Dakota do Sul, os bustos de quatro presidentes 
estadunidenses, considerados icônicos: George Washington(1732-1799), primeiro 
presidente dos Estados Unidos; Thomas Jefferson(1743-1826), autor da declaração da 
Independência dos EUA; e Abraham Lincoln(1809-1865), que aboliu a escravidão nos 
EUA; Theodore Roosevelt (1858- 1919), criador do big stick. 
 
Como ocorreu o processo de emancipação política do México? 
O México foi colonizado pelos espanhóis a partir do início do século XVI. Os astecas, 
que habitavam o território mexicano, foram conquistados, dominados e explorados pelos 
espanhóis, liderados por Hernán Cortéz. O território era chamado pelos espanhóis de 
Vice-Reino da Nova Espanha (passou a ser chamado de México a partir de 1821, com a 
conquista da independência). 
Até 1810 (ano da declaração da Independência do México), os espanhóis exploraram de 
todas as formas o território e as populações nativas. O povo mexicano, além de ser 
explorado pelos espanhóis, tinha que seguir as leis da Espanha. Estas eram feitas sempre 
para privilegiar a aristocracia de origem espanhola e a corte metropolitana. 
Foi neste contexto de injustiças e exploração, que o povo mexicano foi a luta em buscada emancipação política. Os ideais iluministas e a Revolução Francesa também foram 
elementos motivadores deste processo histórico. 
O movimento pela independência do México teve início em 1810 e foi liderado, em seus 
primeiros momentos, por dois padres católicos: Miguel Hidalgo e José Maria Morelos. 
Padre Miguel Hidalgo levantou a bandeira de Nossa Senhora de Guadalupe e atrás dele 
veio o povo. 
Os índios/astecas e populações marginalizadas lutavam contra os espanhóis e os criollos, 
a classe de proprietários. 
Em 16 de setembro de 1810 foi declarada a Independência do México. Porém, ela não foi 
aceita pela Espanha, que buscou reprimir o movimento, originando assim uma guerra. 
Em julho de 1811, Miguel Hidalgo foi fuzilado pelos espanhóis e a liderança passou para 
as mãos de José Maria Morelos. 
José Maria Morelos defendia mudanças radicais para o país independente como, por 
exemplo: abolição da escravidão, isenção de impostos para os mais pobres e ocupação de 
cargos militares e civis pelos mestiços. Essas ideias desagradaram os mais ricos, 
principalmente a elite agrária. Para evitar uma revolução social no pós-independência, a 
elite mexicana assumiu o comando do movimento emancipacionista, dando a ele um 
caráter mais conservador e menos popular. 
A guerra durou entre setembro de 1810 e setembro de 1821. Sob o comando do general 
Agustín Itúrbide e com um número de combatentes maior, os colonos mexicanos 
venceram a guerra, conquistando a independência (21 de setembro de 1821). 
Em julho de 1822, com o apoio da elite mexicana, Itúrbide foi coroado imperador do 
México. Seu reinado durou até o ano seguinte, quando ocorreu a proclamação da 
república no país. 
A independência do México foi uma grande perda para a Espanha, principalmente do 
ponto de vista econômico. 
No México, as elites (comercial e agrária) assumiram o comando político do país, 
governando-o de acordo com seus interesses. 
Embora a escravidão tenha sido abolida em 1829, favorecendo principalmente os 
indígenas e mestiços, pouca coisa mudou para as camadas mais pobres da sociedade 
mexicana. As carências materiais e a falta de participação política efetiva permaneceram 
para a grande massa de pobres e miseráveis mexicanos, que compunha a maioria da 
população, principalmente de os de origem indígena. 
 
Por que Simón Bolívar é a personagem central no processo de independência da 
Venezuela? Quais eram os planos de Bolívar para a América Latina? Como a elite 
da atual Venezuela reagiu aos propósitos de Bolívar? Qual o resultado do sonho de 
Bolívar? 
Desde o “descobrimento” das Américas, os espanhóis vinham explorando 
economicamente todas as suas colônias. Na Venezuela não era diferente. Utilizavam a 
mão de obra escravizada vinda da África para a plantação de cacau e café. 
A capitania geral da Venezuela foi criada em 1528. Carlos III separou as províncias de 
Cumaná, Guiana e Maracaibo, assim como as ilhas de Trinidad e de Margarita, do vice-
reino da Nova Granada, somando-as à capitania geral da Venezuela. Dessa forma, o 
território ficava unificado com um só governador. 
A “Logia Gran Reunión Américana”, sediada de Londres, abrigava jovens colonos 
americanos da elite criolla, que desenvolveram planos para iniciar movimentos de 
independência no continente americano. 
Dentre seus membros constavam os ativistas liberais Francisco de Miranda, Simón 
Bolívar, José de San Martín e Bernardo O`Higgins, procedentes de colônias espanholas 
na América, de origem criolla. 
De Londres, viajaram para a Capitania Geral da Venezuela com o propósito de tentar 
conseguir o apoio da população para a revolta. Desembarcaram na cidade de Coro, e 
começaram a propagar o pensamento liberal. 
Inicialmente a elite venezuelana não concordava com a revolução, pois assim como todas 
as elites de todas as colônias, ela era privilegiada pelo modelo político-econômico 
vigente. Então, começou a perseguir os líderes revolucionários. Porém, em apenas 10 dias 
depois de chegarem na Venezuela, eles tiveram que fugir. 
Quando Napoleão Bonaparte aprisionou o rei espanhol Fernando VII e o depôs de seu 
cargo, a elite venezuelana começou a ficar com medo de perder seus privilégios e 
aproveitou a brecha da crise espanhola para tentar assumir o poder. 
Juntos, formaram um grupo político chamado “Os Patriotas”, em favoráveis a 
independência. Formou-se, também um grupo de resistência, “Os Realistas”, defendendo 
que a colônia continuasse vinculada à Espanha, porém perderam força durante o processo 
de independência. 
Simón Bolívar retornou, então, para a Venezuela e juntou-se aos Patriotas, e tornou-se o 
líder do movimento revolucionário. Nesse ínterim, a Espanha nomeou um novo 
governador para a Capitania da Venezuela, Simon Emparan. 
Com toda a crise espanhola, os venezuelanos não conseguiam saber se Emparan era um 
representante espanhol legítimo ou se estava aliado aos franceses, que na época ainda 
controlavam o poder na Espanha. Então, por via das dúvidas, os patriotas criaram uma 
junta governativa e forçaram Simon Emparan a renunciar a seu cargo. 
A junta declarou-se fiel a Fernando VII, e com isso conseguiu o apoio da população para 
afastar de seus cargos governamentais todos os outros espanhóis, alegando que eles 
também foram mandados pelos franceses. 
Quando a Espanha (sob domínio francês) descobriu o que estava acontecendo na colônia, 
resolveu bloquear os portos venezuelanos. Isso causou uma imensa revolta. A junta 
governativa declarou-se contra o domínio espanhol e iniciou a luta pela independência. 
Em julho de 1811, a junta governativa de Caracas (formada pelos Patriotas) decretou o 
Ato de Independência. Mas a Espanha teve uma reação bastante violenta para este ato, e 
prevendo um banho de sangue, Fernando de Miranda, que assumira a chefia do governo 
rebelde, acabou assinando em julho de 1812 a rendição dos revolucionários. 
Os Patriotas, liderados por Simon Bolívar, consideraram o ato de Francisco de Miranda 
uma traição, e por isso o prenderam e o exilaram. A Espanha recuperou o controle sobre 
a colônia, e Bolívar exilou-se na Colômbia, preparando-se para contra atacar. 
Em 1813, Bolívar voltou para a Venezuela, invadiu e deu início a última batalha de 
independência. Com a ajuda da população, ele tomou do domínio espanhol a capital, 
Caracas, e foi nomeado Presidente da Venezuela, aclamado pelo povo como “El 
Libertador”. 
Em 1819 os exércitos de Nova Granada e da Venezuela se unificaram. Com capital em 
Bogotá, a República da Grã-Colômbia, que reunia Nova Granada e Venezuela, foi 
proclamada. 
A adesão dos habitantes de Maracaibo à causa independentista gerou o reinicio da guerra. 
Pablo Morillo, que manteve o domínio espanhol sobre a região de Maracaibo, se viu 
obrigado a assinar, em 1820, um armistício com Simón Bolívar. Em 24 de junho de 1821, 
Bolívar derrotou o exército realista na batalha de Carabobo. 
As últimas forças realistas capitularam em Puerto Cabello, em 9 de outubro de 1823. No 
ano seguinte, Bolívar marchou em direção ao sul para libertar o Peru e, em 1825, 
conseguiu dar fim ao domínio espanhol sobre a Bolívia. 
De 15 de fevereiro de 1819 até 17 de dezembro do mesmo ano, Simón Bolívar foi 
presidente da Venezuela. A partir dessa data, e até 1830, a Venezuela fez parte da 
República da Grã-Colômbia, da qual Bolívar era também Presidente. 
Durante a ausência de Bolívar, contudo, irromperam rivalidades regionais na Grã-
Colômbia, e seu prestígio não foi suficiente para manter o país unido até sua volta. 
Em 1829, a Venezuela se separou, e o Equador fez o mesmo pouco tempo depois. No ano 
seguinte, Bolívar morreu perto da cidade colombiana de Santa Marta, sem ter conseguido 
realizar o sonho de unir a América hispânica. 
 
Qual a origem histórica da atual Colombia? Como ocorreu o processo de formação 
do Estado colombiano independente? 
Os primeiros espanhóis a pisarem em terras colombianas foramAlonso de Ojeda e João 
da Cosa, em 1499. Posteriormente, várias expedições passaram pela região litorânea, até 
que, em 1525, foi fundada a primeira cidade da Colômbia: Santa Maria. 
Cartagena foi fundada oito anos depois, em 1533. Em 1538, Gonzalo Jiménez de Ojeda, 
após derrotar os índios chibchas, fundou a cidade de Santa Fé de Bogotá, e deu nome ao 
país que se formava: Nova Granada. A região, rica em minerais, esteve sempre na mira 
dos piratas (corsários), e anos depois, dos franceses e ingleses. 
Até 1717, Nova Granada era dependente da administração de Lima, no Peru. No entanto, 
a partir desse ano, Santa Fé de Bogotá passou a ser a capital de um novo vice-reinado, o 
vice-reinado de Nova Granada, que agregava, inicialmente, os territórios correspondentes 
aos atuais: Panamá, Equador e Colômbia. 
Em 1811, Simón Bolívar, militar e político, proclamou a independência da então Nova 
Granada. Devido à resistência dos espanhóis, somente em 1819 foi criada a República da 
Colômbia. Foi promulgada a primeira constituição, e Simón Bolívar foi declarado 
Presidente. 
Em 1821, a região passou a ser chamada de Grã-Colômbia, constituída pelos atuais 
territórios do Panamá, Equador, Colômbia e Venezuela, sob o comando de Simón 
Bolívar. 
A partir de 1830, com a morte de Bolívar, Equador e Venezuela se tornaram 
independentes. A independência do Panamá ocorreu em 1903. 
Em 1849, foram formados os dois partidos políticos colombianos: o Liberal e o 
Conservador. A rivalidade entre eles deu inicio a uma guerra civil em 1899, conhecida 
como a Guerra dos Mil Dias, que teve fim em 1903. 
 
Por que uma das línguas dominantes, ainda hoje, no Paraguai, é o guarani? Como 
ocorreu a independência do Paraguai? Por que o Paraguai teve problemas com seus 
vizinhos da América do Sul, resultando numa das mais sangrentas guerras do 
continente americano? Qual o saldo desta guerra para o Paraguai? 
Os índios guaranis eram os nativos quando a história do território passou a ser regida 
pelos exploradores espanhóis, no ano de 1530. 
No século XVII, a escravidão forçada de índios guaranis, por parte da metrópole 
espanhola, resultou em um choque constante entre jesuítas e colonizadores. 
Mais de 30 missões foram criadas com intuito de dar respaldo ao povo guarani frente aos 
ataques constantes de espanhóis e portugueses caçadores de índios para serem 
escravizados. 
O grande massacre dos indígenas ganhou forma e impacto na segunda metade do Século 
XVIII, quando ocorreu a expulsão de jesuítas das colônias portuguesas e do restante da 
América, respectivamente nos anos de 1759 e 1767. 
O Paraguai obteve sua independência no dia 15 de maio de 1811, e iniciou um processo 
de isolamento das demais nações sul-americanas. 
O primeiro governo republicano do Paraguai foi José Gaspar Rodríguez Francia, que 
governou ditatorialmente entre os anos de 1814-1840, adotando ações de isolamento 
frente as nações vizinhas. 
Seu sucessor foi Carlos Antônio López, um dos pioneiros na industrialização no 
continente sul-americano, primeiro a construir uma ferrovia na América do Sul. Com sua 
morte, em 1862, seu filho, Solano López, assumiu o poder. 
Neste período, na segunda metade do Século XIX, os brasileiros viam a Argentina e seus 
vizinhos como repúblicas instáveis e não confiáveis, governadas por caudilhos bárbaros. 
O papel do Brasil na região era conter o expansionismo argentino e dar exemplo de 
civilização. 
Com o Paraguai, o Brasil tinha problemas de fronteira, mas os diplomatas brasileiros 
achavam que tudo se poderia resolver sem guerra. O Visconde de Rio Branco, julgava 
que, por ser mais fraco, o país não recorreria a meios bélicos. No entanto, as coisas 
haviam mudado no Paraguai desde a posse de Solano López, sem que a diplomacia 
brasileira percebesse. 
Solano López, general do Exército desde os 19 anos, desejava tornar o Paraguai uma 
potência regional. Sentindo-se ameaçados Argentina, Uruguai e Brasil se uniram para 
anular as forças de Solano López, provocando da denominada Guerra do Paraguai. 
Esse conflito estendeu-se durante os anos de 1865 a 1870. As consequências para os 
paraguaios foram extremamente negativas, pois o país foi derrotado e teve 
aproximadamente 50% da sua população morta, além de sofrido a destruição de sua 
infraestrutura e perdas territoriais, fatos que prejudicaram – e ainda prejudicam – o 
desenvolvimento econômico do país. 
 
Quais as razões da complexidade do movimento de independência da Argentina? 
Os espanhóis se estabeleceram e começaram a colonizar a região da Argentina em 1516, 
quando o navegador espanhol Juan Diaz de Sólis, navegando pelo Rio da Prata, tornou 
oficial a conquista do território. Até então, a região dos pampas era habitada por nações 
indígenas e a região norte era parte do Império Inca. A capital, Buenos Aires, foi fundada 
em 1534. 
Ainda no século XVI é iniciada a exploração da prata na região. No século XVII os 
espanhóis passam a utilizar a mão de obra indígena para a exploração da prata. Aos 
poucos os povos indígenas foram sendo conquistados e dizimados pelos espanhóis. Os 
índios guaranis argentinos foram catequizados pelas missões jesuíticas nesse mesmo 
período. A Companhia de Jesus foi expulsa da Argentina em 1767. 
Enquanto colônia, a Argentina se envolveu em dois conflitos. Em 1776, espanhóis e 
índios guaranis argentinos iniciaram uma luta para expulsar os portugueses da região do 
Rio da Prata, e em 1806 a Argentina resistiu à invasão inglesa. 
Até 1810, o território da atual Argentina era governado pela Espanha e fazia parte do 
Vice-Reinado do Rio da Prata. 
Foi em 25 de maio de 1810, durante a Revolução de Maio, que os argentinos se insurgiram 
contra o domínio espanhol, destituindo o vice-rei (autoridade espanhola na região). 
Porém, o processo não foi pacífico. 
Após a declaração de independência da Argentina (1810), os espanhóis reagiram de 
imediato, a fim de não perder o controle sobre uma das suas regiões coloniais mais 
importantes do seu domínio do ponto de vista estratégico na exploração da prata. 
No entanto, foi em 9 de julho de 1816 que a Argentina, oficialmente, se impôs como 
Estado independente. Devido à exigência de autonomia provincial feita pelos federalistas 
do interior, e da oposição a essa autonomia dos unitaristas de Buenos Aires, iniciou-se a 
guerra civil em meio a guerra de independência contra a Espanha. 
A Guerra de Independência durou 15 anos (entre 1810 e 1825), colocando de um lado a 
Espanha e de outro as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina, Grã-Colômbia, 
Chile, Peru e Províncias Livres de Guayaquil. 
A Guerra terminou em 1825, após a rendição da Espanha, e teve como principal 
consequência à independência do Vice-Reinado do Rio da Prata. A Grã-Bretanha, neste 
mesmo ano, foi a primeira nação a reconhecer a independência da Argentina, por meio 
da assinatura de um tratado. 
Em 1826, as Províncias Unidas mudaram o nome para República Argentina, que foi 
oficializado na primeira constituição argentina promulgada neste mesmo ano. 
Somente em 1853 os unitaristas conseguiram promulgar a Primeira Constituição da 
Argentina, a qual ainda é vigente, mas com pequenas modificações ocorridas em 1994. 
Em 9 de julho de 1859 houve o reconhecimento da independência pela Espanha, no 
reinado de Isabel II. 
 
Como ocorreu a colonização do Chile pela Espanha? De que maneira o Chile 
conseguiu se emancipar politicamente da Espanha? Da mesma forma que os demais 
países da América Latina, por que a independência política do Chile não foi 
acompanha pela independência econômica? De acontecimentos deram origem a um 
período de prosperidade do Chile? Que acontecimento traumático manchou a 
história do Chile na segunda metade do século XX? 
No período colonial, a economia do Chile pouco se desenvolveu devido a escassa 
população e às travas que o império espanhol impôs. A Espanha não alavancou a indústriade manufaturados, no Chile, a fim de comercializar produtos europeus. 
Assim, as principais atividades foram relacionadas ao gado e seus derivados, produção 
de couros e de sebo, e lavouras como, por exemplo, a de trigo. Ao Chile só foi permitido 
cunhar sua própria moeda no final do século XVIII. 
Entre 1810 e 1818 a colônia, então chamada de Reino do Chile, separou-se da Espanha e 
formou um governo independente. Ao fazê-lo, o Chile formou parte de um processo que 
abarcou quase a totalidade das colônias espanholas na América (só Cuba e Porto Rico 
permaneceram no império). 
Na maior parte dos casos, a separação das colônias se deu por meio de luta armada. O 
movimento da independência do Chile, liderado por Bernardo O’higgins. A data oficial 
da independência do Chile é o dia 12 de fevereiro de 1818. 
A partir de 1831, o Chile passou por uma etapa de relativa estabilidade na sua vida 
política, situação diferente dos outros países latino-americanos. Isto aconteceu devido ao 
êxito da política exterior deste período, no qual o Chile ganhou duas guerras. 
A primeira foi a guerra contra a federação formada por Peru e Bolívia (1837-1839) que, 
embora não tenha propiciado conquistas de territórios, deu ao Chile o controle do 
comércio no Pacífico sul. 
A segunda guerra foi a do Pacífico (1879-1883), também contra o Peru e a Bolívia, desta 
vez como países separados, e deu ao Chile a conquista da região mineira do norte, fator 
crucial para o seu desenvolvimento. 
O Chile passou por uma guerra civil (1891) que durou nove meses e deixou 10.000 
mortos. Depois de 1891 começou a era do salitre, que representava, naquela época, mais 
de 80% das exportações chilenas. 
Após o parlamentarismo (1891-1925), o Chile adotou o presidencialismo, que dura até 
hoje. Em 1973, houve um golpe militar (financiado pelos EUA) que levou ao poder um 
ditador chamado Augusto Pinochet Ugarte. 
Pinochet governou o Chile até 1990 e foi responsável pela remoção do único presidente 
marxista, eleito pelo voto direto, de que sem tem notícia: Salvador Allende Gossens. 
Durante este período de ditadura, muita gente foi morta e muitos tiveram que fugir para 
o exílio. 
 
Como ocorreu o processo de independência do atual Peru? Por que a independência 
do Peru pode ser compreendida no mesmo movimento de independência da Bolívia? 
Como ocorreu, especificamente, o movimento de independência da Bolívia? Por que 
a guerra contra o Chile foi determinante no destino tanto do Peru quanto da Bolívia? 
Por que Tupac Amaru II é reverenciado como um importante libertador da América 
do domínio espanhol? Por que ele é um herói trágico e vítima do denominado 
esquecimento histórico? 
A região do atual Peru era habitada pela civilização inca, a qual foi dominada em 1532 
com a chegada dos espanhóis. Ainda no século XVI, a colônia foi elevada a Vice-Reino 
do Peru. 
Em 1821, o argentino José de San Martín declarou a independência do país. A batalha 
contra os espanhóis durou até 1824, quando finalmente foram vencidos pelas tropas de 
Antonio José Sucre. 
O governo de Ramón Castilha (1845-1851 e 1855-1862) libertou os indígenas do 
pagamento de tributos e os negros da escravidão. 
Na Guerra do Pacífico (1879-1884), o Peru perdeu para o Chile o controle das jazidas de 
nitrato no deserto de Atacama e na província de Tarapacá. 
Durante muito tempo, na região da atual Bolívia se desenvolveram várias civilizações 
indígenas. No século XV, todas essas civilizações foram dominadas pelo Império Inca. 
No início do século XVI chegaram os espanhóis e escravizaram esses povos. O líder inca 
Tupac Amaru II, no século XVIII, comandou uma revolta contra a escravidão de seu 
povo, que começou no Peru. 
O Alto do Peru, como era conhecida a região da atual Bolívia, foi uma das primeiras 
colônias espanhola a se rebelar, em 1809. Em 1825, tornou-se independente, sob a 
liderança de Simón Bolívar e Antonio José Sucre. O primeiro presidente boliviano foi 
Simón Bolívar, e o país adotou o nome de Bolívia em sua homenagem. A moeda oficial 
da Bolívia é o Sucre. 
Na Guerra do Pacifico, a Bolívia perdeu o acesso ao Oceano Pacifico para o Chile. A 
região de tríplice fronteira (Bolívia, Peru e Chile) constitui, ainda hoje, zona de conflito. 
No ano de 1903, a Bolívia vendeu para o Brasil a região que atualmente é o estado do 
Acre. Dessa forma, encerrou-se o conflito dos bolivianos com os seringueiros brasileiros. 
A descoberta de petróleo no sudeste do país ocasionou a Guerra do Chaco, quando a 
Bolívia perdeu parte do seu território para o Paraguai. 
Importante ressaltar que... 
Tupac Amaru II foi um revolucionário peruano cuja trajetória interferiu diretamente no 
processo de independência da América espanhola. 
Tinha grande prestígio entre indígenas e também entre os espanhóis. Tanto, que recebeu 
o título de Marquês de Oropesa. Educado no colégio de San Bernardo de Cuzco, tornou-
se chefe de Tungasuca, Surimana e Pampamarca. 
Homem rico, possuía um grande plantel de mulas e lhamas utilizadas para fazer o 
transporte entre as cidades. 
Como forma de irrigar os cofres públicos, a coroa espanhola reformou o sistema de 
arrecadação de impostos entre 1776 e 1787. O novo sistema elevava o recolhimento de 
tributos nos portos ligados à Espanha, mas acabou por empobrecer as demais regiões, 
como o Peru. 
As cidades, que passavam por elevado crescimento, tiveram que enfrentar uma crise 
econômica acentuada devido à estagnação da indústria, à redução da circulação de 
dinheiro e, ainda, à queda do poder aquisitivo resultante pesada carga tributária. 
O impacto direto, considerado o motor da revolta contra a Espanha, estava nas classes 
mais pobres, que foram punidas com extrema violência. Os revoltosos foram 
considerados desleais com o rei de Espanha, Carlos III. 
Além da violência, os indígenas tiveram que atuar mais no sistema de mitas, que consistia 
em trabalhos forçados nas minas de prata em troca da liberdade. 
Mesmo com a carga horária além do limite, a coroa exigiu maior participação nas mitas 
para a construção de casas, prédios públicos e o cultivo de coca e vinha. 
Obrigados a deslocar-se das montanhas para as planícies, os indígenas passaram por um 
processo denominado "agressão climática" e muitos morreram em consequência de 
doenças e dos castigos corporais. 
O contexto foi levado pelo próprio Tupac Amaru II para os representantes da coroa em 
1776. As queixas não foram aceitas e, em 1778, ocorreu o primeiro levante contra o 
sistema de mitas, que foi sufocado. 
Na continuação do sistema, em 10 de novembro de 1780, o prefeito Antonio Arriaga foi 
preso e executado pelas ordens do próprio Tupac Amaru II. Como resposta, 1,2 mil 
homens foram enviados para Cuzco, o líder ainda teria tentado negociar a rendição da 
cidade. 
A revolta, porém, já havia se espalhado e chegava à Argentina, atingindo 60 mil índios. 
Foi este o último grande massacre espanhol antes do processo final de independência. O 
suporte espanhol foi de 17 mil soldados, melhor equipados e com um preparo bélico 
superior aos indígenas. 
Os homens de Tupac Amaru II foram derrotados em 6 de abril de 1781. O líder foi traído 
pelo criollo Francisco Santa Cruz, que informou seu paradeiro e da família. Assim, no dia 
18 de maio daquele nano, o líder assistiu à execução de sua família e, em seguida, foi 
assassinado. 
Tupac Amaru II teve a língua cortada e seus membros foram amarrados a quatro cavalos 
que seguiram em direções opostas. Como a morte demorou em demasiado, o carrasco 
ordenou que a cabeça fosse cortada. 
Tupac Amaru II é lembrado como o líder que deu início ao processo de independência do 
Peru e de toda a América espanhola. Foi considerado um líder de política plural, unindo 
índios, mestiços, criollos e até mesmo espanhóis na causa da emancipação. 
Inspirou revolucionários latino-americanos, como o próprio Che Guevara. 
 
Por que o processo de independência do Brasil éconsiderado atípico no contexto das 
independências na América? 
A Independência do Brasil está inserida nesse contexto que afetou o império espanhol. 
Em 1815 o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido. 
Em 1822 , D. Pedro aliou-se à aristocracia agrária e caminhou para a separação definitiva 
de Portugal em 07/09/1822. 
Iniciando-se o 1º. Reinado, ou seja, ao contrário demais países americanos, o Brasil não 
se tornou uma República. 
 
Por que a história do Uruguai, inclusive seu movimento de independência, foi 
marcado por confrontos de interesses externos como entre Portugal e Espanha ou 
Brasil e Argentina? 
Desde a primeira colônia portuguesa (Sacramento, de onde os portugueses foram 
expulsos pelos espanhóis) até a independência, foram inúmeras revoltas e levantes. A 
colonização uruguaia foi marcada pela disputa entre portugueses e espanhóis. 
A partir de 1800, um forte sentimento nacionalista surgiu entre os uruguaios e levou o 
militar José Gervazio Artigas a partir para a luta armada, dominando a cidade de 
Montevidéu entre 1810 a 1814. Em 1916, Artigas foi derrotado por tropas portuguesas 
apoiadas pela Argentina. 
Logo em seguida o Uruguai foi ocupado por novas forças, só que desta vez a aliança dos 
portugueses era com o Brasil. O território foi anexado às terras brasileiras em 1821, com 
o nome de província Cisplatina. 
O Uruguai declarou sua independência em 1825, e quem a proclamou foi o líder político 
uruguaio Juan Antonio Lavalleja que, com a ajuda de tropas argentinas, expulsou os 
brasileiros. 
A independência se consolidou em 1828 com o reconhecimento internacional. 
 
Em que aspecto o movimento de independência dos Estados da América Central se 
afasta ou de se aproxima dos movimentos de independência dos demais Estados 
latino-americanos? 
Ao contrário dos demais países da região foi um processo relativamente pacífico. O 
movimento independentista centro-americano tomou como referência, como nas demais 
regiões da América, a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, além 
de ter sido influenciado pelas ideias do reformismo ilustrado espanhol e do Iluminismo 
racionalista europeu. 
A Ata de Independência da América Central do domínio espanhol foi assinada em 15 de 
setembro de 1821 por parte dos atuais países – Guatemala, Honduras, El Salvador, 
Nicarágua e Costa Rica. Tal capitania estava então conformada pela Província de 
Guatemala, Chiapas, Comayagua, San Salvador e a província de Nicarágua e Costa Rica. 
O Caso de El Salvador 
A independência centro-americana tomou impulso em seguida à ocupação da Espanha 
pelas tropas de Napoleão em 1808. 
O primeiro movimento independentista na América Central se deu em 5 de novembro de 
1811, quando uma conspiração encabeçada pelos padres José Delgado e Nicolás Aguilar 
tentou apoderar-se de armas depositadas numa casamata de San Salvador e de 200 mil 
pesos depositados nas arcas reais, que consideraram suficiente para o grito de liberdade. 
Os fuzis foram colocados em mãos da população desta cidade que, em seguida, negaram 
a autoridade do intendente da província, fundaram uma Junta Popular de governo e 
procuraram levar o movimento a todas as províncias. A ele, seguiram-se as revoltas na 
Nicarágua, a Conjuração de Belém, e outros de 1814 a 1821. 
O Caso da Guatemala 
Em 1813, produziu-se na Guatemala um novo movimento independentista, conhecido 
como a Conspiração de Belém. Reuniões começaram a ser mantidas, a partir de 28 de 
outubro, na cela do prior do Convento de Belém. 
Participaram desses encontros religiosos militares e seculares, liderados pelo frei Juan de 
la Concepción. Elaborou-se uma proclamação, exigindo a destituição do Capitão General 
Bustamente y Guerra, bem como a libertação dos prisioneiros independentistas da 
América Central. 
Contudo, todo o plano veio abaixo, pois um traidor denunciou os fatos a Bustamante, 
além de entregar-lhe o nome de todos os participantes. Em 21 de dezembro de 1813 foram 
todos capturados em suas residências, submetidos a juízo sumário e sentenciados. 
Em 18 de setembro de 1814, o procurador Antonio Villar emitiu o veredicto, dando por 
provados os fatos, punindo os envolvidos, uns à pena de morte por meio do garrote vil, 
outros, à forca e muitos a longos anos de prisão. 
No México, a revolução obteve um completo triunfo, declarando sua total independência 
da coroa em 24 de fevereiro de 1821. A notícia desconsertou as autoridades espanholas 
da Guatemala, servindo de estímulo aos independentistas. 
Em 9 de março, pressionado pelos liberais, o Capitão General deixa o posto, sendo 
substituído pelo subinspetor do exército Gabino Gainza. Ele era do agrado dos 
independentistas, porque além de idade avançada tinha também um caráter débil. Sob seu 
governo, a América Central experimentou uma viva agitação social, o que forçou a 
deputação provincial a discutir o tema da independência. 
Gainza reúniu uma junta de notáveis composta pelo arcebispo, deputados, chefes 
militares, prelados de ordens religiosas e funcionários da Fazenda. José Cecílio del Valle 
num longo discurso demonstrou a necessidade e a justeza da independência, porém 
manifestando que antes de proclamá-la as províncias deveriam ser ouvidas. 
O povo que assistia ao ato pediu aos gritos a independência e esta foi proclamada em 15 
de setembro de 1821. 
 
Por que o movimento de independência de Cuba difere radicalmente dos demais 
movimentos de independência da América? 
A partir do século XVIII, observam-se as primeiras movimentações que deram origem ao 
processo de independência cubano. No início daquele século, a abrupta elevação dos 
preços do tabaco no mercado internacional despertou a cobiça da administração 
hispânica. 
Com isso, no ano de 1716, os espanhóis impuseram uma lei que definia o monopólio da 
metrópole sob a comercialização do produto. Insatisfeitos, os “vegueiros” (nome dado 
aos plantadores de tabaco) lideraram um movimento rebelde, conhecido como a 
Insurreição dos Vegueiros. 
No século seguinte, a agitação provocada pelos movimentos de independência na 
América motivou a formação de movimentos que também lutaram pela autonomia 
cubana. Contudo, a repressão das autoridades locais conseguiu abafar as diferentes 
tentativas de rebelião – sendo algumas organizadas no exterior – que tentaram se instalar 
no território cubano. 
Nesse período, as autoridades coloniais tentaram em vão conciliar os interesses dos 
grandes proprietários cubanos e da Coroa Espanhola. 
A ação repressora do governo espanhol teve uma consequência desastrosa com a morte 
de milhares de pessoas inocentes. Em meio às agitações que tomavam o país, os norte-
americanos se sentiram acuados com a possibilidade de perder toda a influência 
constituída na economia açucareira e no comércio cubano. 
Com isso, passaram a intervir no conflito enviando várias tropas voltadas contra o 
exército espanhol. Sem poder enfrentar os militares norte-americanos, a Espanha 
concedeu o controle de Cuba aos estadunidenses com a assinatura do Tratado de Paris, 
em 1898. 
Com isso, Cuba acabou se tornando uma nação independente graças à ação militar de 
uma outra nação americana. Na verdade, esse seria um primeiro capítulo das complicadas 
relações diplomáticas entre Cuba e EUA. 
Até a deflagração da Revolução Cubana, o país foi alvo dos interesses econômicos 
estadunidenses e da corrupção de governos descompromissados com as questões que 
afligiam a população daquele país. 
 
Como ocorreu o nascimento do Canadá enquanto colônia e depois Estado? O que 
favoreceu e o que dificultou estes processos, tanto na formação da colônia quanto na 
do Estado? 
Em 1497 (ou 1498) houve a primeira visita europeia documentada ao atual Canadá, 
quando o navegador veneziano, a serviço do reino da Inglaterra, Giovanni Caboto chegou 
à chamada Terra Nova, dando início ao processo que culminaria no início da colonização 
europeia naregião. 
As primeiras colônias foram estabelecidas pelos britânicos durante o século XVI, sendo 
que logo foram seguidos pelos franceses, fazendo com que os territórios acabassem 
divididos entre as duas potências europeias da época. 
A França cedeu quase todas as suas colônias na América do Norte ao domínio inglês, em 
1763, com a derrota na Guerra dos Sete Anos. 
Em 1867, com a união de três colônias britânicas da América do Norte em uma 
confederação, o Canadá foi formado como um domínio federal de quatro províncias. 
Em 1791, a Inglaterra divide o território canadense em Quebec e Ontário, cuja população 
é francesa e inglesa, respectivamente. 
No século XIX, os Estados Unidos pareciam ameaçar a hegemonia britânica no Canadá, 
por isso foi criada a Confederação Canadense em 1867, que uniu a Nova Escócia, New 
Brunswick, Quebec e Ontário. 
Em 1931, o parlamento britânico decide, ante um pedido constante das autoridades 
canadenses, por meio do Estatuto de Westminster, ceder ao Canadá sua autonomia 
legislativa. Foi somente em 1982, graças à nova Lei Constitucional (instrumento que 
permitiu a transferência da autoridade legal da Inglaterra para o Canadá), que o Canadá 
obteve sua independência da coroa britânica. 
O Canadá é uma federação composta por dez províncias e três territórios, uma democracia 
parlamentar e uma monarquia constitucional, com o ocupante do trono da Inglaterra como 
chefe de Estado — um símbolo dos laços históricos do Canadá com a Inglaterra — sendo 
o governo dirigido por um primeiro-ministro, cargo ocupado atualmente (2020) por Justin 
Trudeau. 
É um país bilíngue e multicultural, com o inglês e o francês como línguas oficiais. 
Um dos países mais desenvolvidos do mundo, o Canadá tem uma economia diversificada, 
dependente dos seus abundantes recursos naturais e do comércio, particularmente com os 
Estados Unidos, país com que o Canadá tem um relacionamento longo e complexo. 
É um membro do G7, do G20, da OTAN, da OCDE, da OMC, da Comunidade das 
Nações, da Francofonia, da OEA, da APEC e das Nações Unidas. 
 
Qual o saldo dos movimentos de independência da América? 
RESULTADOS DA INDEPENDÊNCIA AMERICANA 
Fragmentação territorial em várias repúblicas. 
Instabilidade política (lutas internas pelo poder). 
Dependência econômica. 
Estrutura econômica inalterada (América permanece como fornecedora de matéria-prima 
e consumidora de manufaturados). 
CAUDILHISMO – tipo de governo característico da América Latina, com líderes 
autoritários, paternalistas e conservadores, representantes das elites locais. 
Desigualdades sociais – mestiços, índios e negros ainda marginalizados. 
CONSIDERAÇÕES 
A Inglaterra acabou apoiando alguns movimentos revolucionários, pois esses 
significavam maior abertura de mercados. 
No século XIX, podemos dizer que as jovens nações acabaram trocando a velha 
dominação pela nova, a britânica. No século XX tem predominado a hegemonia 
estadunidense.

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