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Ativ Aval 3 estágio 2 corrigida

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL – Modalidade EAD
ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL II
BRUNA GOULART DA SILVA VIEIRA
Atividade Avaliativa III: Relatório Final
 Professor Regente: Maria Suzete Muller Lopes 
Professor Tutor Virtual: Jordana Batista Centeno 
Orientador Presencial: Zeni Terezinha Gonçalves Pereira 
Gravataí/RS
2019 
PARECER SATISFATÓRIO - NOTA: 5.5
Esta é uma atividade que tem como ênfase a sistematização e análise do processo interventivo realizado pelo/a estagiário/a ao longo deste período de Estágio, através da execução do Projeto de Intervenção. Para isto o/a estagiário/a deverá apresentar o planejamento da sua intervenção, o objeto da intervenção identificado e sua relação com a Questão Social, os meios utilizados no processo de trabalho, a avaliação dos resultados obtidos na execução do Projeto de Intervenção, bem como de sua vivência no campo de Estágio. Nesta análise também deverá ser dada visibilidade às competências teórico metodológica, técnico operativa e ético política no processo de trabalho desenvolvido, destacando lacunas e sugestões/proposições para a intervenção qualificada do assistente social. Serão necessárias reflexões aprofundadas sobre os elementos citados anteriormente, pautadas em autores da área que fundamentam a intervenção profissional. Nesse sentido, torna-se importante que neste Relatório Final do processo de Estágio vivenciado pelo/a estagiário/a, sejam destacados elementos que descrevem esse contexto como sinalizado no feedbeck acima. Seu relatório contempla plenamente as exigências e aspectos solicitados nesta atividade, demonstrando o reconhecimento do objeto de intervenção e os demais elementos do processo de trabalho, e com isto, a clara execução do Projeto de Intervenção, bem como analisa propositivamente os aspectos que incidem na construção da intervenção qualificada do assistente social. Acesse o arquivo anexo e observe os parâmetros de correção.
 Prof.ª Suzete 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------03
1 INTERVENÇÃO DO ALUNO ALICERÇADA NO PLANEJAMENTO------------------05
2 TEMATIZAÇÃO DO OBJETO DE INTERVENÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL---------------------------------------------------------08
3 ANÁLISE DOS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O PROCESSO DE TRABALHO---------------------------------------------------------------------------------------------11
4 AVALIAÇÃO PROPOSITIVA DA VIVÊNCIA NO CAMPO DE ESTÁGIO------------20
REFERÊNCIAS---------------------------------------------------------------------------------------21
INTRODUÇÃO
	O Estágio em Serviço Social I e II, vêm sendo realizado no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Rodrigo Marcelino da cidade de Cachoeirinha- RS, o qual é caracterizado como órgão de Média Complexidade dentro da Proteção Social Especial do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), sendo esta uma instituição pública, sendo parcial ou integral de caráter do governo, de abrangência municipal ou regional. Seu papel é ofertar e referenciar serviços especializados de caráter continuado para famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos, conforme prevê a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (BRASIL, 2009): a) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI);b) Serviço Especializado em Abordagem Social; c) Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) e Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos e suas Famílias.
	A instituição reordenou suas atividades de acordo com a legislação vigente preconizada pelo SUAS, através da Resolução nº 109, que aprovou a Tipificação e demais orientações legais advindas da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). A partir do dia 13 de agosto de 2009, através da Lei 3047, foi instituído o munícipio de Cachoeirinha, o Serviço Reconstruir: Um novo olhar, que oferece serviços de orientação, acompanhamento e encaminhamento de adolescentes autores de ato infracional em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade. 
	O Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e PSC é um dos serviços que compõe um CREAS, mas também pode ser executado tanto por pessoa jurídica de direito público quanto privado, desde que cadastradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e que sigam as diretrizes relativas à: municipalização do atendimento, incompletude institucional e garantia dos direitos fundamentais do adolescente, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
	Historicamente, a Assistência Social ocupou-se com as demandas de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, e reestruturou-se a partir das mudanças paradigmáticas após a previsão constitucional de 1988, assim como após a promulgação do ECA. O que caracteriza a noção de proteção especial para a política de assistência é o nível de complexidade (média ou alta) das situações de vulnerabilidade, diferente, por exemplo, do caso da política de atendimento à criança e ao adolescente com base no que dispõe o ECA, onde entende-se que a proteção especial é inerente à condição etária e humana do segmento ao qual se destina. (BRASIL,2008)
	O projeto de intervenção Ressocialização do adolescente em conflito com a lei, que foi desenvolvido com ações exclusivas do campo de estágio, onde houve a participação dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto, os quais foram realizados pela assistente social (supervisora) e estagiária. O qual tinha por objetivo a formação de grupos com a proposta de promover condições de enfrentamento as adversidades, em um espaço de reflexão, incentivando as relações interpessoais e o fortalecimento de vínculos.
Segundo Volpi (2011, p. 14): 
A condição peculiar de pessoa em desenvolvimento coloca os agentes envolvidos na operacionalização das medidas socioeducativas a missão de proteger, no sentido de garantir o conjunto de direitos e educar oportunizando a inserção do adolescente na vida social. Esse processo se dá a partir de um conjunto de ações que propiciem a educação formal, profissionalização, saúde, lazer e demais direitos assegurados legalmente. ( VOLPI, 2011, p.14) ver regras de ABNT
O presente relatório busca avaliar a intervenção do? alicerçada no planejamento; a tematização do objeto de intervenção da estagiária na relação com a questão social; a análise dos elementos que constituem o processo de trabalho e a avaliação propositiva da vivência no campo de estágio.
1 INTERVENÇÃO DO ALUNO ALICERÇADA NO PLANEJAMENTO
 	O Serviço Reconstruir: um novo olhar, faz parte dos serviços ofertados pelo CREAS, o qual tem por principal objetivo prover atenção socioassistencial a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto. O projeto de intervenção que desenvolvi, tinha por objetivo a formação de grupos com a proposta de promover condições de enfrentamento e superação das adversidades, buscando a garantia de direitos, em um espaço de momentos de reflexão, troca de experiências e informações, incentivando as relações interpessoais e o fortalecimento de vínculos. 
Tais intervenções se justificaram ao considerar as problemáticas vivenciadas por eles, bem como as expressões da questão social, traduzidas na violência como forma de relação da juventude, o não pertencimento aos espaços sociais, a desestrutura familiar e social, às desigualdades (social, de renda, de gênero, entre outras), o tráfico de drogas, pobreza, baixo nível de escolaridade.
Volpi (2011, p.8) observa que crianças e adolescentes do Brasil representam a parcela mais exposta às violações de direitos pela família, pelo Estado e pela sociedade, opondo o que define a ConstituiçãoFederal de 1988 e suas leis complementares. Considera ainda, que os adolescentes em conflito com a lei, não encontram eco para a defesa de seus direitos pois, pela condição de terem praticado um ato infracional, são desqualificados.
 A questão social surge, em sua forma mais aguda, quando ocorre o desenvolvimento de violências estruturais, pela apropriação desigual do produto social que afeta a todos os sujeitos, tendo em suas raízes no conflito capital x trabalho, as quais podem se expressar como forma de rebeldia e resistência. Sabendo-se que conforme Silveira (2010):
O Serviço Social é uma profissão que ocupa um espaço na divisão social e técnica de trabalho, da sociedade capitalista moderna e, como tal, se inscreve em um processo de trabalho, que entre seus elementos tem um objeto específico, que justifica e legitima sua existência: a Questão Social. ( SILVEIRA, 2010, p.75)
 O projeto desenvolvido baseou-se no que foi observado no Estágio I, a partir da análise organizacional. As atividades desenvolvidas foram executadas da seguinte forma: Fizemos um levantamento dos adolescentes que poderiam participar dos grupos, levando em conta que alguns não podem dividir o mesmo espaço, por conta que? “divergências de território”, após fiz contato por telefone aqueles que estão em Prestação de Serviço à Comunidade (PSC), convidando-os bem como informando que neste período a PSC seria cumprida a carga horária total naquele dia (do grupo) ficando no CREAS e pela participação no grupo, os que estão em Liberdade Assistida, fiz o convite através do atendimento, juntamente com minha supervisora. A busca ativa que ocorreu no decorrer do mês de julho e agosto em razão do recesso de minha supervisora. Os grupos foram desenvolvidos divididos em quatro encontros.
	Soares (2005) ao dialogar sobre os jovens precisarem de limites e de que há esperanças. Esperanças nas mudanças, ao que ele mesmo adverte:
Em outras palavras: uma pessoa pode mudar não porque seja fundamentalmente má, mas porque é fundamentalmente boa- por isso tem coragem para ousar a mudança, tem valor suficiente para essa audácia suprema, tem por que lutar. Mudar implicará dar a vitória à parte saudável, que estava sendo hostilizada e prejudicada pelo lado destruído, o qual terá de ser compreendido, elaborado e absorvido, não negado e destruído- ou não haverá mudança efetiva, apenas uma variação momentânea da correlação interna de forças. Para mudar, é preciso, portanto, o solo firme da autoestima revigorada. Como seria possível edificar sobre o pântano. (SOARES, 2005, p.218)
	É imprescindível que se pense em métodos preventivos e eficazes, capazes de reduzir o número de adolescentes envolvidos com o crime e pensar também em sua vida posterior a MSE. As intervenções desenvolvidas por meio da medida socioeducativa necessitam agregar elementos novos à identidade, valorizando as potencialidades e proporcionar através da experiência de vivência social na vida dos adolescentes, desta maneira, é preciso viver e exercitar os direitos, as relações humanas que são pautadas nas condições concretas de vida.
	
	 
 
2 TEMATIZAÇÃO DO OBJETO DE INTERVENÇÃO DO ESTAGIÁRIO NA RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL
	O objeto de intervenção é “apreendido como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade...” (Iamamoto,1998, p.27). Sabendo-se disto, o objeto de intervenção identificado no campo de estágio, no Serviço de Medida Socioeducativa em Meio Aberto, é a situação de negação de direitos provocada pela desigualdade social. As refrações da questão social traduzidas como forma de relação da juventude, geram conflitos e resistências, formando cadeias de proteção ao invés de sociabilização.
	O cometimento do ato infracional possui diversas determinações, não sendo possível atribui-lo a um único desencadeante, na medida em que é construído socialmente. As dimensões estruturais estão relacionadas ao contexto social mais amplo, às oportunidades de vida e acesso aos serviços sociais, aspectos subjetivos e familiares relacionados à constituição de sua identidade e socialização do sujeito. Desta forma, como refere Soares (2005):
Há uma fome mais funda que a fome, mais exigente e voraz que a fome física, a fome de sentido e de valor; de reconhecimento e acolhimento; fome de ser- sabendo-se que só se alcança ser alguém pela mediação do olhar alheio que nos reconhece e valoriza (SOARES, 2005, p.215)
	A condição de pobreza assume parâmetros negativos neste processo de convivência, as vezes as famílias destes adolescentes são constituídas pela classe trabalhadora, que tem recursos financeiros limitados não dando conta de suprir as necessidades básicas para a sobrevivência do grupo familiar. 
	O adolescente quando fragilizado socialmente, transforma-se em um jovem traumatizado, emocionalmente instável, socialmente excluído. Com forte determinismo a buscar suprir suas necessidades através do ato infracional como recurso para se objetivar no panorama social. Sendo assim, podemos entender que estes adolescentes estão sendo vítimas sociais que vivem os rebatimentos das expressões da questão social. Conforme Tejadas (2005):
Sob outra ótica, a juventude é um dos segmentos sociais mais afetados pelo recrudescimento da questão social e suas configurações na contemporaneidade. Como se apontou, é um momento do ciclo de vida demarcado por profundas transformações e, ao mesmo tempo, de estruturação de rumos e perspectivas. Nesse sentido, torna-se vulnerabilizada, pois as perspectivas da sociedade como um todo se encontram em xeque, haja vista que as bases da sociedade salarial foram abaladas devido ao estágio atual do capitalismo moderno. (TEJADAS,2005, p.78)
Para Iamamoto (2004), ao pensar em uma definição histórica e conceitual pode-se considerar a questão social como a expressão politizada da desigualdade, própria da sociedade capitalista, cuja visibilidade está vinculada à classe, sujeitos políticos coletivos, que revelam, em sua condição de pobreza, os antagonismos e contradições existentes entre capital e trabalho.
A questão social tem suas raízes no conflito capital x trabalho, as quais podem se expressar como forma de rebeldia e resistência. Diante do cenário político de retração dos direitos sociais e da cidadania uma vez que o modelo de política neoliberal revela expressões da questão social e retrocessos de direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores. As peculiaridades do modo de vida dos adolescentes, suas famílias e comunidade próxima traduzem expressões da questão social e como tal não podem ser atribuídas aos indivíduos isoladamente, o qual gera um impacto negativo na moral e desenvolvimento destes sujeitos. Entendem-se que estes adolescentes e suas famílias fazem parte de uma população que parece invisível e descartável socialmente. De acordo com Faleiros (2004, p.?) “a violência é a negação do outro, do outro enquanto sujeito de direitos, sujeito de palavra, sujeito de respeito, sujeito de consideração”.
	As circunstâncias da violência na adolescência são agravadas quando se trata de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, as quais dependendo do contexto específico ganham maior dimensão frente aos desafios que encontram para garantir proteção social e construção do projeto de vida.
Para Silveira (2008) 
A Questão Social como o elemento que legitima e justifica a existência do Serviço Social como profissão, essa foi estabelecida como objeto genérico do Serviço Social a partir de 1980, quando o materialismo dialético foi aceito como base teórica. As múltiplas expressões da Questão Social são identificadas nas desigualdades (sociais, econômicas, políticas e culturais) e nas lutas de classes, as quais decorrem das relações conflituosas entre capital x trabalho, já que essas vêm sofrendo grandes flexibilizações, assim resultando em quadros de exploração, submissão e antagonismo. (SILVEIRA, 2008, p.75)
A Assistência Social ocupa papel central no atendimento a adolescentes autores de atos infracionais. A contar da Constituição Federal de1988 (BRASIL,1988), foi instituído o processo de regulamentação da legislação de proteção à infância e à juventude que alicerça a garantia de direitos deste segmento ao estabelecer, a prioridade absoluta para os mesmos, conforme o Artigo 227: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).
Sendo assim, fica extinto o Código de Menores, sendo elaborado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um dos marcos importantes deste estatuto estabelece que crianças e adolescentes estão subordinados à mesma legislação e são entendidos cidadãos, sujeitos de direitos, devendo ser tratados com prioridade independente da classe social. 
As demandas do Serviço Social para com o Serviço de Medida Socioeducativa, buscam no seu exercício, trabalhar numa perspectiva de defesa de direitos e na busca da ressocialização do adolescente. As condições socioeconômicas no contexto mundial e brasileiro não são satisfatórias para a classe trabalhadora, ao contrário, vivemos um momento de grandes retrocessos sociais. A medida em que o mercado de consumo cresce, aumentam os lençóis da pobreza, e a incapacidade que muitas pessoas têm de consumir os bens e serviços, tornando-se o fácil caminho do adolescente a indução do cometimento do ato infracional.
	De acordo com Scheunemann (2016, p.30): 
O serviço Social se particulariza nas relações de produção e reprodução da vida social como uma profissão interventiva no âmbito da questão social, expressa pelas contradições do desenvolvimento do capitalismo monopolista. Esta relação do Serviço Social com questão social é mediatizada por um conjunto de processos sócio históricos e teórico metodológico constitutivos de seu processo de trabalho.
A juventude é um dos segmentos sociais mais afetados pelo recrudescimento da questão social e suas configurações na contemporaneidade. Este momento do ciclo de vida é marcado por transformações que fazem o delineamento dos rumos e perspectivas. Tornando-se vulnerabilizada, quando a sociedade se encontra em xeque, haja vista o estremecimento das bases da sociedade salarial no estágio atual do capitalismo.
Encontramos no Dicionário Aurélio, a definição de ressocialização, que é o efeito de ressocializar, sendo ainda, que ressocializar é socializar-se, o principal objetivo é garantir o acesso a oportunidades de superação da condição de exclusão e da vida social que se encontram estes adolescentes.
	A sociedade vê estes adolescentes como uma ameaça, excluindo-os e os deixando a margem da sociedade, como sobrantes. Mantovani (2009) afirma que “a exclusão passa a ser considerada a solução possível e desejável, o que exime a sociedade de culpa frente à perpetuação de uma classe de excluídos, diminuindo consideravelmente seu comprometimento com esta classe.”
	De acordo com os princípios do ECA, o Estado é responsável pela implantação de políticas públicas, que estabeleçam meios para as medidas que visam a ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei atinjam seus objetivos. Borges (2013, p.?) aborda alguns caminhos:
As políticas públicas de ressocialização do jovem efetivam a educação e a profissionalização como ferramentas importantes na construção deste novo indivíduo, ao qual devem ser dadas condições plenas de reestruturação psíquica e familiar e de reinserção social, através de sua compreensão individualizada e particularizada, a fim de resgatá-lo enquanto ser humano e sujeito em sintonia com o momento histórico. 
 
De acordo com a Constituição Federal de 1988 em seu Artigo 5º, é obrigação do Estado garantir a satisfação das necessidades humanas e ainda a promoção de qualidade de vida, são considerados Direitos Fundamentais aqueles indispensáveis à pessoa humana, necessários para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. Borges (2013) diz ainda que, no momento em que o objetivo é identificar as potencialidades do adolescente infrator, enquanto sujeito em construção, buscando individualiza-lo, retirá-lo do estereótipo de “anormal”, de irrecuperável, “re-olhá-lo”, voltando a enxerga-lo como ser humano, respeitá-lo enquanto pessoa humana e sujeito de direitos, conforme preceitua o ECA e verificar quais as práticas socioeducativas e culturais são adequadas ao potencial que estão disponíveis para sua reinserção social. 
 
 	
3 ANÁLISE DOS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O PROCESSO DE TRABALHO
	Independente do espaço, é importante ter claro o projeto ético político, domínio teórico metodológico e técnico-operativo, os quais estão alicerçados nos conhecimentos, habilidades e atribuições. Considerando o espaço de atuação do Serviço Social na MSE, pressupõe uma dupla dimensão para sua execução: a socialização e a educação, a proteção social e a responsabilização. Sabendo-se que “as competências teórico-metodológica, ético- política e técnico- operativa são fundamentais para que os profissionais possam refletir sobre a sua intervenção e recusar uma intervenção profissional baseada na reprodução automática de ações meramente conservadoras da nossa herança cultural”. (autor, ano, p.?) Ver ABNT
	As atribuições do assistente social no campo da Medida Socioeducativa, de acordo com a Tipificação, devem garantir aquisições aos adolescentes, que consistem em acolhimento, convivência familiar e comunitária, bem como, o desenvolvimento da autonomia. Para Scheunemann (2011) “O Serviço Social neste campo vem se aprimorando através da compreensão dos direitos e deveres que o cidadão vem adquirindo, através da comunicação e reconhecimento de sua cidadania, e é a partir deste contexto que o assistente social destaca a sua prática profissional baseada na garantia de direitos. (SCHEUNEMANN, 2011, p.100)
	O profissional propõe ações através de seu contato com o usuário para identificar, formular e reformular sua postura frente a situação exposta, onde se destaca a necessidade do conhecimento e aprofundamento teórico.
As atividades desenvolvidas pelo assistente social que está à frente da MSE-MA, de acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, devem garantir aquisições aos adolescentes, que consistem em acolhida, de convivência familiar e comunitária e de desenvolvimento de autonomia individual, familiar e social. Tais atribuições que dão através do uso de instrumentos do processo de trabalho os quais desenvolvi juntamente de minha supervisora de campo e assistente social responsável pela medida socioeducativa na instituição foram utilizados no projeto de intervenção os seguintes instrumentos: a observação, a entrevista/acolhida, o grupo, relatórios, visitas domiciliares e institucionais.
A dimensão técnico-operativa, que se apresenta como a capacidade do profissional articular meios e instrumentos para materializar os objetivos (Guerra,2012). 
Utilizei a observação, desde o início do planejamento do projeto, com a finalidade de conhecer o adolescente e suas histórias, laços familiares, observando-o através de sua fala e comportamento, e como forma de abordar assuntos que estiveram presentes nos grupos, sendo que este mesmo instrumento foi usado para além dos acolhimentos, nas abordagens grupais, Richardson (1999, p.16) “a observação se faz imprescindível em qualquer intervenção, pois é o olhar minucioso sobre um fenômeno”. Através dela há mais condições de se compreenderem características do cotidiano da comunidade/família/usuário. A mesma ajuda a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os sujeitos não tem consciência, mas que orientam seu comportamento. 
 	A entrevista também foi escolhida, enquanto instrumento, ela é uma das dimensões do trabalho social desenvolvido pelas equipes de referência dos CREAS, sendo compreendida em doismodos: como acolhida inicial do técnico com o adolescente e como postura permanente ao longo do acompanhamento. No contato inicial do técnico com o adolescente e sua família pressupõe um ambiente favorável ao diálogo que propicie a identificação de vulnerabilidades, necessidades e interesses, contribuindo para o estabelecimento de vínculos de confiança e criação de bases da construção. Utilizei-a em todo o processo tanto na construção como na aplicação do projeto, a mesma é um dos meios utilizados pelo assistente social a fim de garantir sua aproximação com o usuário, possibilitando uma permanente desconstrução/reconstrução da problemática vivenciada pelo entrevistado. A entrevista/ acolhida é uma das dimensões do trabalho social desenvolvido pelas equipes de referência dos CREAS, onde nos permite conhecer o adolescente e sua família a partir de seu primeiro acolhimento, bem como, no seu acompanhamento enquanto está cumprindo a medida. Sendo assim, no dia inicial dos grupos realizei uma entrevista estruturada: a qual segue um roteiro com perguntas e respostas pré-formuladas.
A entrevista é uma técnica que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas. É um modo de comunicação no qual determinada informação é transmitida de uma pessoa à outra (RICHARDSON, 1999, p.207)
Para trabalhar a ressocialização é necessário trabalhar em grupo, onde permitiu em minha intervenção, a interação dos adolescentes, a troca de informações e experiências. Desta forma, a classificação do grupo foi o operativo, que contribuiu no alcance do processo de mudança na realidade dos adolescentes, como o enfrentamento das questões sociais, onde foi possível constituir um espaço de sociabilidade capaz de estimular neles, as relações de solidariedade e de solução de conflitos, sendo para Lauxen (2016) uma ferramenta de investigação e intervenção, onde podem-se estabelecer tarefas e metas para a mudança do inidivíduo e sua realidade, permitindo o resgate e fortalecimento de vínculos . O trabalho em grupo faz parte dos instrumentos utilizados pelo profissional no Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. As atividades coletivas precisam ser planejadas com flexibilidade, aproveitando os interesses sinalizados espontaneamente durante o acompanhamento, promovendo uma relação que favoreça o acesso a informações e que incentive a postura crítica.
A abordagem grupal se faz necessária para compreender as relações que o envolvem, onde se possa resgatar e desenvolver sua sociabilização, partindo do pressuposto de que grupos podem se constituir em espaço de vínculos e identificação de similaridades, estimulando a busca de soluções de conflitos a partir de potenciais e coletivos, onde propicie a articulação de interesses, desejos e necessidades dos indivíduos, a partir de suas vidas cotidianas, consistindo em um processo complexo e dinâmico que ocorre através de uma relação dialética, sendo que, através da superação dos interesses individuais, é possível a concretização dos interesses coletivos, pois se isso não ocorre, predominam as relações individualizantes e egoísta no grupo, onde cada um vai buscar o atendimento de suas próprias necessidades individuais, desconsiderando as dos outros. (VASCONCELOS,1985) 
Para Konopka ano? (apud VASCONCELOS, 1985, p. 20)
“um método do Serviço Social que ajuda as pessoas a aumentarem o seu funcionamento através de objetivas experiências de grupo e a enfrentarem, de modo mais eficaz, os seus problemas pessoais, de grupo, e de comunidade” (Konopka, 1947:43) ver regras de ABNT. Edições muito antigas não devem ser utilizadas.
O relatório é um dos documentos que servem para registrar o que observamos e coletamos durante a entrevista. Sendo um documento indispensável pois recolhe, difunde e gesta informações sociais. No Serviço de MSE, tal instrumento pode ser classificado como relatório amplo que busca trazer o máximo de informações e elementos de diferentes naturezas (econômica, política, cultural, social, espiritual) contemplando a trajetória pessoal e social do sujeito esboçados através do Plano Individual de Atendimento (PIA), definido como o instrumento de previsão, registro e gestão das atividades a serem desenvolvidas pelo técnico. O documento deve ser elaborado a partir das demandas do adolescente, considerando o contexto social e familiar em que vive, dados estes que são levantados no acolhimento inicial,, e que posteriormente são encaminhados ao Juizado da Infância e Juventude(JIJ). Os relatórios também são utilizados durante todo o processo em que o adolescente está cumprindo a medida, como forma de acompanhamento e documentação.
As visitas domiciliares (VD) são a atenção individualizada prestada pelo Assistente Social com a finalidade de investigação, acompanhamento, assessoramento. Para Mioto (2001, p.148) as visitas domiciliares “têm como objetivo conhecer as condições em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos do cotidiano de suas relações, aspectos esses que geralmente escapam a entrevista”. A VD deve ser pautada nos princípios de respeito à privacidade da família. Primando pela linguagem das relações, que se expressa através da postura profissional, a qual se materializa nas dimensões teórico-metodológica, técnico operativa e ético- política. Durante o processo foi realizado algumas visitas domiciliares juntamente da supervisora, para averiguar o motivo pelo qual alguns adolescentes não estavam comparecendo nas suas unidades executoras, e em outros casos que não conseguíamos contato por telefone.
De acordo com Amaro (2000):
A realidade está disponível para ser interpretada e captada em suas verdades. Mas é importante que o observador seja capaz de encontrar a verdade daquela realidade, não a verdade que acredita ou que quer ver. (AMARO, 2000, p. 1998)
Foram realizadas também visitas institucionais as quais consiste em conhecer e avaliar a qualidade dos serviços prestados pelas entidades sociais públicas, bem como na medida socioeducativa, averiguar o andamento da prestação de serviço à comunidade dos adolescentes.
As dinâmicas de grupos foram utilizadas nos encontros grupais, para proporcionar momentos de descontração e interação entre os participantes, pois este instrumento tem em sua contribuição lúdica na composição de um caminho teórico e metodológico que permitiu a apreensão do conhecimento, como também na construção de vínculos entre os adolescentes, utilizamos a “dinâmica da impulsividade, “o caderno de sentimentos”, e “Feitiço contra o feiticeiro”
 O primeiro encontro foi composto por seis adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas, onde me apresentei bem como a proposta do projeto, no momento seguinte foi distribuído um questionário individual com perguntas específicas, a fim de conhecer mais a realidade e visão que cada um tem de si. Após foi proposto uma atividade com recortes de jornais e revistas, e materiais onde pudessem colocar no papel, assuntos que gostariam de conversar, interagir, em maioria trouxeram como assunto o futebol.
O segundo encontro denominado como “Preparando o time” tratando-se do primeiro encontro a partir da escolha da temática escolhida pelo grupo, momento de construção de vínculos. Entendido como o momento da estrutura e da identidade. O grupo foi iniciado com quatro adolescentes, realizamos a dinâmica da impulsividade e erro, distribui uma folha de papel A4 e pedi que desenhassem a sua família, após pedi que amassassem a folha, ficaram bem impactados, expliquei que assim como aquela folha “família” não voltaria a ser como estava antes, assim é a vida com as atitudes que tomamos e que elas refletem em nossa família, abrimos um diálogo a respeito da mudanças e impactos a partir do ato infracional no cotidiano. Foi um momento de reflexão e troca de experiências onde alguns se sentiram mais à vontade para expor e questionar e outros se sentiram intimidados não querendo partilhar de suas vivências. Em um segundo momento sentados em círculo onde distribui as perguntas a respeito de futebol e eles foram respondendoe interagindo sobre o mesmo, após a discussão se deu sobre o que cada um gosta de fazer seja com esporte ou com o tempo livre. 
O terceiro e penúltimo encontro foram apenas dois adolescentes, onde propus o caderno de sentimentos que tem por objetivo auxiliar o adolescente no relacionamento com o outro e principalmente a evadir e controlar seus sentimentos. Sendo uma etapa marcada por uma reflexão aprofundada de si mesmo e da coletividade o que pertence tendo como foco os direitos fundamentais. É o momento de olhar para fora e analisar toda a situação, seus direitos e deveres. Após a confecção do caderno, conversamos sobre as perguntas, as quais eram: Quem eu sou? Onde eles deveriam escrever conforma a percepção de si mesmo. O que eu mais gosto de fazer? O que eu não gosto de fazer? E quais os sonhos? Percebi neles que há uma perspectiva de vida melhor, de construção de novos vínculos e projetos de vida.
O quarto e último encontro foi assistir ao documentário “De boca em boca” onde mostra a realidade vivenciada nos pontos de tráfico de Porto Alegre/ RS, que tinha como objetivo impactar e fazer os adolescentes refletirem sobre tal realidade e convidar eles a debater sobre o vídeo assistido, durante a exibição do vídeo houve bastante interação entre eles, observei que ficaram impactados e comentavam sobre a realidade “não ser o que parece” (SIU), apesar de mostrar “ser uma vida fácil, ela só tem dois caminhos e nem um deles é bom” (SIU) conversamos sobre o assunto, sobre o cometimento do ato infracional e suas implicações, seja na vida deles enquanto adolescentes, pessoas em desenvolvimento, como a? seus familiares e o? para a sociedade como um todo, após realizamos uma dinâmica “Feitiço contra o feiticeiro” pedindo que escrevam em uma folha o mico que desejaria que os colegas pagassem, após recolher os papéis dizer que cada um terá que pagar o mico que escreveu, mostrando que não devemos desejar ao outro o que não gostaríamos a nós mesmos. Para finalizar agradeci-os por terem participado do projeto, mencionando o quanto foram importantes para que ele se tornasse possível e enfatizei que eles são os protagonistas de suas próprias histórias, após entreguei um bombom a cada um onde continha uma mensagem de agradecimento finalizando o grupo. Molina (1997) diz que: 
O modelo ressocializador propugna, portanto, pela neutralização, na medida do possível, dos nocivos inerentes ao castigo, por meio de uma melhora substancial ao seu regime de cumprimento e execução e, sobretudo, sugere uma intervenção positiva do condenado que, longe de estigmatiza-lo com uma marca indelével, o habilite para reintegrar-se e participar da sociedade, de forma digna e ativa, sem traumas, limitações ou condicionamentos especiais. (MOLINA, 1997, p,383) 
	Dentre os princípios do Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais (1993) destaco os seguintes: a liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes- autonomia; emancipação e plena expansão dos direitos sociais, defesa intransigente dos direitos humanos nos posicionamentos em favor da justiça social, o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças, projeto profissional associado à construção de uma nova ordem societária, e o compromisso com a qualidade com os serviços prestados à população. Desta forma, a competência ético -política está presente, pois ela envolve o projeto em função de valores e finalidades, é por meio da garantia de direitos e políticas sociais que se manifesta a mediação para uma nova sociedade de iguais. O trabalho da/o assistente social no sistema nacional socioeducativo pauta-se pela defesa de direitos, pela ênfase na construção da autonomia e participação do adolescente, na garantia do conjunto dos direitos humanos dos quais os jovens são credores nos espaços das unidades, como alimentação, educação, profissionalização, saúde, expressão, convivência, respeito, entre outros.
	A dimensão teórico metodológica corresponde ao conhecimento apreendido ao longo da formação profissional, é através dela que o assistente social consegue fundamentar sua leitura da realidade, onde define-se a intencionalidade da ação. O trabalho realizado com adolescentes requer uma formação consistente para o uso de recursos teóricos e metodológicos, e de comprometimento ético, aspectos que caracterizam o desenvolvimento do trabalho técnico. 
A medida socioeducativa exige abordagens compartilhadas construídas coletivamente, a partir de distintos saberes, a formação do assistente social é componente propulsor e estimulador no seu trabalho interdisciplinar, onde fortalece os espaços coletivos de diálogo como as reuniões de equipe e estudos de casos, entre a equipe multidisciplinar.
	 A atuação do profissional neste âmbito se dá em diferentes frentes pois muitas vezes, é necessário lutar por condições dignas e igualitárias, da mesma forma que nos aspectos disciplinares.
	As ações desenvolvidas foram pautadas no projeto ético-político profissional com as perspectivas gerais de defesa de direitos humanos presentes nas normativas (ECA, SINASE, especialmente a resolução do CONANDA). Deste modo, o trabalho da/o assistente social no sistema nacional socioeducativo pauta-se pela defesa de direitos, pela ênfase na construção da autonomia e participação do adolescente, na garantia do conjunto de direitos humanos dos quais os jovens são credores nos espaços das unidades, como alimentação, educação, profissionalização, saúde, expressão, convivência, respeito, entre outros. Nas palavras de Capitão (2008):
O exercício do profissional da Assistente Social na área socioeducativa, em sua contribuição na multidisciplinariedade, está no entendimento crítico da relação capital e trabalho e das manifestações da questão social. A busca da garantia dos direitos elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente, não pode estar resumida ao cumprimento da medida, direitos relacionados ao contato com a família, a integridade física e emocional, mas também na reflexão acerca do envolvimento infracional e sua origem enquanto uma das manifestações da questão social, associada a outras manifestações como o desemprego, deficiência de acesso à habitação, saúde, transporte e renda propondo um atendimento do grupo familiar numa ação integrada com a rede de atendimento das políticas sociais vislumbrando o retorno à comunidade e os meios de acesso à garantia de direitos. (CAPITÃO, 2008, p.46, grifo da autora)
	
 
4 AVALIAÇÃO PROPOSITIVA DA VIVÊNCIA NO CAMPO DE ESTÁGIO
O projeto tendo enquanto objeto a situação de negação de direitos provocada pela desigualdade social teve por objetivo, obter a ressocialização e reestruturação do adolescente que cometeu o ato infracional, fortalecendo os vínculos, através da realização de atividades desenvolvidas em grupo, que oportunizaram ao adolescente um espaço de reflexões, troca de experiências e informações, criando um espaço de integração entre eles, onde puderam expor suas potencialidades e limitações, encontrando no outro, não um adversário mas alguém que possa construir novas relações e experiências, fortalecimento dos vínculos. 
Sendo importante para a população usuária pois é a reflexão de todo o processo pelo qual o adolescente está se reestruturando a partir do ato infracional praticado, trazendo alternativas que visem a resolução e modificação de seus conflitos. Para a instituição estas vivências acabam refletindo diretamente na dinâmica das comunidades e no comportamento de sua população, limitando e marcando as relações sociais ali estabelecidas. E para a profissão no sentido de viabilizar o acesso a direitos e serviços, como também, a possibilidade de ressignificar valores que contribuam com a interrupção da trajetória infracional.
As ações do projeto desenvolvido objetivaram a autonomia dos adolescentes, enquanto protagonistas de suas próprias histórias, responsáveis por suasvivências e escolhas, capazes de discernir o certo do errado, enquanto o produto deu-se pela ressocialização e reestruturação dos mesmos, fortalecendo seus vínculos e mostrando as oportunidades de um futuro na escola e/ou no mercado de trabalho, garantindo o acesso aos direitos negados a estes adolescentes, introduzindo os à sociedade. 
Enquanto potencialidades destaco a efetivação e vontade dos adolescentes que compareceram aos encontros, em participar expondo e aprendendo com as histórias uns dos outros, bem como os temas e dinâmicas propostos durante o projeto. A necessidade de mudança e estarem abertos a novos caminhos e experiências, capazes de refletir sobre como mudar a sua condição atual e ir em busca de seus direitos. Como fragilidades elenco a resistência que alguns têm em efetivar o cumprimento da medida socioeducativa, desde o acolhimento que um grande número não chega nem a comparecer, como o comparecimento ao cumprimento de medidas, seja elas de Liberdade Assistida ou Prestação de Serviço à Comunidade. A dificuldade de contato com a família e a participação da mesma neste processo, a qual é tão resistente a medida quanto fator relevante ao cometimento do ato infracional. A evasão do adolescente não só na MSE mas em outras atividades e compromissos de sua vida.
As intervenções realizadas no projeto, foram para agregar elementos novos à identidade, valorizando as potencialidades através da experiência social, a vivência de valores na vida dos adolescentes. Sendo imprescindível viver e exercitar os direitos e deveres, as relações humanizadas, pautadas nas condições concretas de vida, enfatizando o adolescente como membro de uma sociedade justa e igualitária capaz de exercer seu papel de cidadão de direito. 
 
REFERÊNCIAS
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CAPITÃO. Lúcia Cristina Delgado. Sócio- Educação em Xeque: interfaces entre Justiça Restaurativa e democratização do atendimento a adolescentes privados de liberdade. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre: 2008. Disponível em: <http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/401/1/400683.pdf> Acessado em 10/11/2019. 
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Abaixo seguem os parâmetros avaliados:
	ATIVIDADE
	Insatisfatório
	Parcialmente satisfatório
	Satisfatório
	Nota do Aluno
	Tarefa de acordo com as normas da ABNT
	
	
	0,2
	
	(Formatação, fonte nas citações, referências bibliográficas).
	
	
	0,2
	
	Apresenta o detalhamento de cada ação desenvolvida na execução do Projeto de Intervenção, descrevendo a operacionalização do mesmo (atividades realizadas de fato).
	
	
	0,8
	
	Descreve e analisa as facilidades, dificuldades, limitações da participação nas atividades do Estágio por todos os envolvidos, (aluno/usuários/grupo de trabalho ou outras parcerias).
	
	
	0,5
	
	Apresenta fundamentação teórica específica do Serviço Social na intervenção, e os respectivos instrumentos.
	
	
	0,7
	
	Apresenta o objeto de intervenção e a sua relação com as expressões da Questão. Social.
	
	
	1
	
	Apresenta o detalhamento das estratégias, ações e respostas como formas de enfrentamento dessa problemática ou fenômeno.
	
	
	0,9
	
	Descreve as políticas públicas e setoriais norteadoras da ação profissional. 
	
	
	0.7
	
	Apresenta a avaliação do processo interventivo, destacando lacunas e propostas para a sua qualificação.
	
	
	0.5
	
	 Nota
	
	
	5.5

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