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Brasília-DF. 
Saúde Mental
Elaboração
Kelen Santana da Costa
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
A SAÚDE MENTAL ................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1 
SAÚDE MENTAL ONTEM E HOJE................................................................................................ 9
UNIDADE II
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA .................................................................................. 16
CAPÍTULO 1
SAÚDE MENTAL DO BEBÊ E DA CRIANÇA PEQUENA ................................................................. 16
CAPÍTULO 2
SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE ......................................................................................... 29
CAPÍTULO 3
SAÚDE MENTAL NA TERCEIRA IDADE ....................................................................................... 38
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 43
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos 
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional 
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Não se pode falar de Saúde da Família sem se abordar o campo de Saúde Mental. Esta 
disciplina visa fornecer aos profissionais que atuam em saúde da família noções básicas e 
alguns aprofundamentos acerca da saúde mental, fornecendo, ainda, um amplo material 
suplementar, com o objetivo de instigar os alunos a buscarem mais informações. 
Nosso percurso está dividido em duas unidades. Na primeira, estudaremos o panorama 
histórico que nos mostrará a evolução das noções e das abordagens que a loucura teve no 
decorrer dos séculos. Também conheceremos alguns dos conceitos e das práticas mais 
importantes em saúde mental na atualidade. Desse modo, obteremos instrumentos 
para conhecer, contextualizar, refletir e questionar conceitos e abordagens da nossa 
prática diária atual, como é o caso das noções de “normal” e “patológico”.
A segunda parte do nosso curso aborda a saúde mental em fases decisivas da vida: 
infância, adolescência e terceira idade. Estas se configuram em momentos fundamentais, 
em que ocorrem transformações psíquicas que refletem no bem-estar mental dos 
indivíduos. É imprescindível que os profissionais em saúde mental compreendam 
as vicissitudes de cada uma dessas fases do desenvolvimento humano que trazem 
inúmeros desafios ao nosso entendimento e atuação. 
No decorrer de todo o material, haverá sugestões de pesquisas complementares (por 
meio de leitura de textos, artigos, livros etc.) que visam enriquecer e aprofundar os 
temas trabalhados. 
Desejo a todos um trabalho bastante proveitoso, permeado não só pela aquisição 
de conhecimentos, mas também pelo levantamento de reflexões, inquietações e 
questionamentos, pois toda grande teoria começa com grandes perguntas. 
8
Objetivos
 » Conhecer a evolução histórica dos conceitos e das abordagens em saúde 
mental.
 » Conhecer noções e abordagens atuais em saúde mental.
 » Compreender as especificidades da saúde mental em etapas decisivas 
da vida.
 » Compreender a importância de considerar a singularidade de cada 
paciente e família.
 » Compreender a importância da atuação interdisciplinar em saúde mental. 
9
UNIDADE IA SAÚDE MENTAL
CAPÍTULO 1 
Saúde Mental Ontem e Hoje
A saúde mental é um campo relativamente novo nos estudos da saúde humana. Para 
melhor compreendê-la, é necessário conhecer sua evolução histórica, bem como as 
noções de “normalidade” e “anormalidade”, ao longo dos séculos.
Desde a Antiguidade, as pessoas que apresentavam desvios de comportamento ou de 
conduta eram segregadas do convívio coletivo, de modo a não perturbar a ordem social 
vigente. Na Idade Média, os loucos eram mantidos em asilos, juntamente com outras 
classes que deveriam ser excluídas da sociedade, como os ladrões, as prostitutas, os 
leprosos. Por não conseguir uma explicação plausívelpara as causas e as consequências 
da loucura, a sociedade costumava atribuí-la a crenças religiosas, ao sobre-humano. 
Cabia à Igreja tratar os loucos. 
Com o fortalecimento das ideias iluministas, no século XVIII, 
a loucura passou a atrair o interesse da ciência e do empirismo 
emergente. Segundo o novo paradigma, somente o conhecimento 
resultante do uso da razão seria capaz de “libertar” o homem das 
trevas do saber tradicional advindo das crenças míticas e religiosas. 
Surgiram assim os primeiros hospícios, locais de abrigamento 
exclusivo para os loucos, que passaram a ser assunto da medicina. 
Philippe Pinel (ilustração) é tido como o pioneiro que retirou os loucos das prisões e 
aplicou-lhes um tratamento médico, lançando as bases da Psiquiatria, que surgiria no 
século XIX. A loucura torna-se doença mental. Tem início a era manicomial.
Com o reinado da Psiquiatria no tratamento da loucura, vieram as classificações das 
enfermidades e a medicalização, práticas herdadas do paradigma médico. Surgiram os 
manuais de classificação das doenças de acordo com a sintomatologia. Já no século V a.C., 
na Grécia Antiga, Hipócrates tentou criar um sistema de classificação das enfermidades 
mentais. Nomes como mania, histeria, melancolia, catatonia, incorporadas ao longo dos 
10
UNIDADE I │ A SAÚDE MENTAL
séculos ao jargão médico, têm origem nessa época. Mas foi Kraepelin (1856–1926) que 
desenvolveu o primeiro sistema de classificação considerado científico. 
Consultar a obra História da loucura na idade clássica, de Michel Foucault. 
Neste livro, o autor traça a evolução histórica da concepção de loucura, apontando 
a influência da conjuntura social, histórica e cultural. A noção de loucura 
sofreu grandes transformações ao longo dos séculos, tendo sido considerada 
manifestação de sabedoria, possessão demoníaca, bruxaria, subversão da ordem 
social e doença, o que levou igualmente a diferentes abordagens: exorcismo, 
fogueira, confinamento, eletrochoque, tratamento moral, medicalização. 
Foucault também discute as relações de poder que constituem e são constituídas 
com o surgimento da Psiquiatria como novo campo de saber acerca da loucura.
A partir da segunda metade do século passado, surge na Europa um movimento 
conhecido como Reforma Psiquiatra, que questiona as práticas psiquiátricas clássicas 
em relação tanto à compreensão da loucura quanto ao seu tratamento (eletrochoque, 
psicofármacos, confinamento, restrição de direitos e liberdades etc.). Dentre as ideias 
apregoadas estão o fim dos manicômios e do regime asilar, a reinserção social do 
doente mental, o reconhecimento da sua cidadania, o questionamento das noções 
psiquiátricas de doença X sanidade e a interdisciplinariedade e horizontalização das 
equipes cuidadoras.
Este movimento teve fortes correntes em países como Inglaterra, França e Itália e 
grande repercussão no Brasil e, ainda que não se tenham eliminado definitivamente os 
hospícios, a Reforma Psiquiátrica deixou, como legado, a conscientização da necessidade 
premente de se pensar alternativas de compreensão e prática no cuidado da loucura.
Para saber mais a respeito da Reforma Psiquiátrica no Brasil, consultar:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>
A Lei Federal no 10.216, de abril de 2001, conhecida como Lei Paulo Delgado, trata 
da extinção progressiva dos manicômios e da criação de serviços comunitários 
para o tratamento da doença mental. Confira o texto integral em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10216.htm>.
O trabalho da psiquiatra Nise da Silveira foi pioneiro na Reforma Psiquiátrica no 
Brasil e revolucionou o atendimento aos portadores de transtornos mentais, em 
especial dos esquizofrênicos. Dentre suas ações, destaca-se a criação de oficinas 
de terapia ocupacional, em que os pacientes expressavam suas emoções por 
meio das artes plásticas. Em 1952, Nise da Silveira montou, no Rio de Janeiro, o 
Museu de Imagens do Inconsciente para abrigar as peças produzidas nos ateliês 
11
A SAÚDE MENTAL │ UNIDADE I
de pintura e modelagem, que se mostraram de grande interesse científico e 
utilidade na compreensão e no tratamento da doença mental. 
<http://www.ccs.saude.gov.br/nise_da_silveira/homepage.html> e <http://
www.ccs.saude.gov.br/nise_da_silveira/homepage.html>
Até hoje os profissionais de saúde continuam utilizando predominantemente manuais 
de classificação nosográficos, com destaque ao Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais – DSM, da American Psychiatric Association, que se encontra 
em sua quarta versão, e ao CID ou Classificação Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, hoje na 10ª revisão.
É fundamental ao profissional de saúde instrumentalizar-se com noções e conceitos 
científicos e sistemáticos que forneçam elementos de guia para uma ação terapêutica 
e para a transmissão do conhecimento. Entretanto, é preciso ter uma visão crítica a 
respeito de práticas que visam classificar o comportamento humano e rotular o sujeito 
em categorias, a partir de um conjunto de sinais e sintomas psiquiátricos. Até porque o 
profissional de saúde mental não é um mero observador de sinais corporais alterados. 
Ele lida com fenômenos mais complexos, nos quais também se encontra inserido, a 
saber, a linguagem e as produções simbólicas humanas, que podem ter infinitos 
significados (MARTINS, 2003). 
A nomenclatura dos quadros mentais vem sofrendo modificações e ampliações ao 
longo dos anos. Abordaremos brevemente a nomenclatura utilizada pela Psiquiatria 
até os anos 1960, da qual derivaram as classificações contemporâneas e que é adotada 
por algumas linhas de pensamento em Psicologia. Sua relevância se situa no fato de se 
buscar a compreensão dos quadros de adoecimento não apenas pela descrição de sinais 
e sintomas, mas pelos processos psíquicos subjacentes, que remetem a uma estrutura 
psíquica. Assim, a doença mental se divide em dois grandes grupos1.
 » Neurose – perturbação emocional resultante de conflitos psíquicos 
internos, originalmente sem causa orgânica definida, que se manifesta 
através de conversão em manifestações físicas (somatização) ou psíquica 
(dissociação), de fobias ou ainda de comportamentos compulsivos, rigidez 
emocional, perfeccionismo e egocentrismo. Neste grupo figuram os 
transtornos obsessivo-compulsivo, fóbico e dissociativo ou de conversão 
(antigamente denominado de histeria).
 » Psicose – quadro marcado por uma falha no desenvolvimento psíquico, 
cuja origem remonta às primeiras experiências de vida e que pode levar, 
1 Há ainda uma terceira divisão utilizada sobretudo pelos psicanalistas, a Perversão, para designar um quadro estrutural de 
desvios de conduta ou comportamento, em que há subversão de normas sociais, adoção de condutas não aceitáveis socialmente, 
falta de empatia em relação ao outro, o que pode levar o sujeito a infligir sofrimento ao outro (ou a si mesmo), sem sentimento 
de culpa. Neste grupo, estão os pedófilos, os sadomasoquistas, alguns drogadictos, dentre outros.
12
UNIDADE I │ A SAÚDE MENTAL
nas crises, a uma desintegração psíquica, que, por sua vez, causa alterações 
no estado de consciência, perda do contato com o mundo, desorganização 
da personalidade e incapacidade de julgamento (teste de realidade). Pode 
haver ruptura das relações sociais, delírios, alucinações e demência ou 
degradação das capacidades cognitivas. As esquizofrenias e os quadros 
paranoicos figuram neste grupo.
Enriqueça seus conhecimentos com as seguintes leituras complementares sobre 
os manuais de classificação de doenças mais utilizados.
Consultar o CID-10 em <http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm> 
(cap. V, referente ao transtornos mentais e comportamentais – F00-F99) e o DSM-IV.
A drogadicção e o alcoolismo são hoje considerados problemas de saúde mental, e 
não mais apenas de segurança pública, merecendo um agrupamento à parte no CID-
10,referente aos transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substância 
psicoativa (F10 – F19). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, cerca 
de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem de modo 
abusivo alguma substância psicoativa. E essa problemática atinge todas as camadas 
populacionais, independente de sexo, idade, nível de instrução e poder aquisitivo. 
A drogadicção ou dependência química designa o uso abusivo e a dependência física 
e/ou psicológica de um sujeito em relação a uma substância psicoativa, que pode ser 
psicofármacos (benzodiazepínicos, anfetaminas), produtos comerciais (anabolizantes, 
solventes) ou substância ilícitas (cocaína, maconha, LSD).
Elas são classificadas em três grupos, de acordo com o efeito que produzem no Sistema 
Nervoso Central.
 » Depressoras: ópio, morfina, benzodiazepínicos, solventes e inalantes.
 » Estimulantes: cocaína, anfetamina, ecstasy.
 » Alucinógenas: LSD, maconha, haxixe, cogumelo.
Ainda dentro da questão da dependência química, o alcoolismo e o tabagismo vêm 
recebendo uma atenção específica, tendo em vista serem substâncias lícitas, cujo 
consumo é até encorajado em determinadas manifestações sociais e culturais, além de 
terem maior prevalência em relação às outras substâncias psicoativas. 
Sobre a política governamental de atenção integral aos usuários de álcool 
e outras drogas:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/A%20politica.pdf>
13
A SAÚDE MENTAL │ UNIDADE I
Sobre a política de redução de danos no alcoolismo:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/alcool_reducao_danos.pdf>
O que o profissional de saúde deve ter em mente é que qualquer que seja o diagnóstico ou 
a causa, o adoecimento mental acomete um sujeito que sofre e o foco deve ser a melhoria 
das condições da saúde global da pessoa e da família, visando a sua autonomia, a partir 
da melhora ou, se possível, da eliminação do sofrimento, com redução das limitações e 
consequências negativas para sua vida em geral. Para isso, o atendimento comunitário 
e interdisciplinar em redes de atenção vem se mostrando uma abordagem eficaz, em 
substituição ao modelo hospitalocêntrico. 
Sobre a nova política de saúde mental no Brasil, que destaca, dentre outras 
coisas, a construção de uma rede de cuidados comunitária:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf>
Sobre a situação da saúde mental na América Latina, novas estratégias, 
iniciativas e os grandes desafios da área:
<http://www.paho.org/portuguese/gov/ce/ce128_18-p.pdf>
Hoje há um consenso cada vez maior de que a saúde mental, pela sua complexidade, 
não deve ser objeto de apenas um olhar, uma disciplina, qualquer que seja ela. A 
complexidade e a multiplicidade dos fatores envolvidos no adoecimento mental 
requerem um acompanhamento interdisciplinar, o que não significa a mera soma de 
vários saberes isolados, mas a existência de um diálogo e a troca entre eles. 
A identificação de um quadro de adoecimento mental não se dá por parâmetros 
objetivos, tais como nível de glicemia ou colesterol, como ocorre com outras doenças 
de origem orgânica. Os sintomas possuem as mais variadas naturezas e manifestações: 
depressão, irritabilidade, alcoolismo, mudanças de humor, insônia, medos exagerados, 
dentre outras, que podem inclusive coexistir e se modificarem numa mesma pessoa em 
diferentes momentos da vida. Ainda, uma manifestação que ocasiona grande sofrimento 
para um indivíduo não necessariamente representará adoecimento para outra. Desse 
modo, tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser feitos de forma cuidadosa e 
respeitando, mais do que nunca, a famosa máxima de que “cada caso é um caso”. 
O que você entende por interdisciplinaridade? Qual a importância da atuação 
interdisciplinar no trabalho com a saúde da família? 
Como é organizada a atuação dos profissionais das diversas áreas no serviço 
em que você atua? Quais os resultados dessa organização? Há o que melhorar? 
14
UNIDADE I │ A SAÚDE MENTAL
Como? Em que você pode contribuir para a implantação da interdisciplinaridade 
no seu serviço?
Outra questão que permeia o trabalho em saúde mental para qual o profissional deve 
estar atento é a delimitação entre o que é saúde e doença. Vale ressaltar que a linha 
entre o normal e o patológico é muito difícil de ser traçada e sua delimitação pode 
variar de acordo com fatores socioculturais e históricos. Isso quer dizer que fenômenos 
considerados patológicos numa certa sociedade ou época podem ser aceitáveis, 
cotidianos ou até mesmo valorizados em outra e vice-versa.
O livro A Louca e o Santo, escrito pela filósofa francesa Catherine Clément, em 
parceria com o psicanalista indiano Sudhir Kakar (Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 
1997) traz uma interessante discussão sobre esta questão. Os autores traçam um 
paralelo entre as histórias de duas personalidade que apresentavam “sintomas” 
semelhantes, mas tiveram destinos bastante distintos. A primeira é de Madeleine, 
moça pobre, católica, que viveu na França do século XIX, e foi internada e tratada 
por 22 anos pelo ilustre médico Pierre Janet, tendo sido considerada louca. A outra 
história refere-se à trajetória de Ramakrishna, um hindu analfabeto de Calcutá, 
também do século XIX, que se tornou uma figura importante e reconhecida 
do misticismo da Índia. Ambos apresentavam manifestações parecidas: visões 
alucinatórias ou místicas, prolongados jejuns e paradas respiratórias, êxtases, 
dentre outras. No entanto, à Madeleine, inserida em uma sociedade dominada 
pelo racionalismo e positivismo francês, não coube outro destino senão a loucura, 
a internação, o tratamento médico. Já Ramakrishna, imerso em um ambiente que 
valorizava o misticismo em detrimento da razão, tornou-se reconhecido e amado 
como santo e guru.
O fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, rompeu em definitivo a fronteira entre 
o normal e o patológico ao mostrar a ocorrência, na vida cotidiana de todos nós, de 
fenômenos cuja estrutura é a mesma de sintomas graves, como, por exemplo, os sonhos, 
os lapsos, os esquecimentos, dentre outros. 
Sigmund Freud promoveu uma grande revolução nos estudos do psiquismo 
humano e na forma de se conceber o homem ao postular o conceito de 
inconsciente, esfera psíquica à qual nossa consciência não tem acesso direto, 
onde ficam guardadas as impressões da infância, que vão mover grande parte 
de nossa forma de ser no mundo e marcar para sempre nossa personalidade. 
Até então, a ciência e a filosofia abordavam o homem como um ser consciente: 
“Penso, logo existo”. No entanto, Freud demonstra que o ser humano é dividido 
em sua essência e precisa lidar com conflitos internos entre seus desejos 
inconscientes e as exigências (advindas da cultura) de seu psiquismo, dos quais, 
15
A SAÚDE MENTAL │ UNIDADE I
muitas vezes, não tem conhecimento consciente. “O homem não é senhor em 
sua própria morada”, afirmou em um das suas célebres frases. 
Para aprofundar as investigações sobre o conceito de inconsciente e a 
repercussão no psiquismo humano, três livros de Freud são fundamentais: 
A Interpretação dos Sonhos, de 1900, Sobre a Psicopatologia da Vida 
Cotidiana, de 1901, e Três Ensaios sobre a Sexualidade, de 1905 (este último 
enfocando a sexualidade humana).
Machado de Assis, em sua célebre obra O Alienista, faz uma crítica ao 
cientificismo predominante da sua época (fim do século XIX), retrata, de forma 
irônica e cruel, a mentalidade de internação vigente e questiona as noções de 
sanidade e doença mental. Vale a pena enriquecer seus estudos com a leitura 
deste clássico da literatura brasileira.
<http://machado.mec.gov.br/arquivos/pdf/contos/macn003.pdf>
16
UNIDADE II
A SAÚDE MENTAL EM 
FASES DECISIVAS 
DA VIDA
CAPÍTULO 1
Saúde Mental do Bebê e da 
Criança Pequena
Desenvolvimento Psíquico do Bebê
É possível realizar um trabalho em saúde mental com bebês e crianças pequenas? 
Como um profissionalpode intervir com seres em idade tão inicial de seu 
desenvolvimento, que não falam e aparentemente não conseguem expressar 
suas necessidades?
Até os anos 1950, a ciência considerava o bebê um ser passivo, cuja atividade primordial 
se resumia à função da alimentação (lactente). A concepção reinante era que bastava 
fornecer os cuidados básicos de alimentação e higiene, até que a criança crescesse e, a 
partir dos 6 ou 7 anos, entrasse, de fato, em uma fase de desenvolvimento e aprendizagem. 
Entretanto, a partir da segunda metade do século XX, houve uma mudança gradual mas 
decisiva na forma de conceber o bebê, quando se passou a reconhecer que a criança, 
mesmo no início da vida, era muito mais que um mero “tubo digestivo” (GOLSE, em 
ARAGÃO, 2004).
Um fator primordial para essa mudança conceitual deu-se durante a Segunda Guerra 
Mundial. O alto índice de patologias mentais e mortes em crianças abrigadas em 
orfanatos do pós-guerra começou a chamar a atenção dos estudiosos. Percebeu-se que, 
apesar de receberem cuidados de alimentação e higiene, as crianças apresentavam 
comportamentos estereotipados, apatia, desinteresse, dentre outros sintomas, 
sugerindo a existência de um sofrimento que extrapolava as condições materiais e os 
cuidados físicos a elas oferecidos. A partir daí, deu-se início a um período de grande 
pesquisa acerca da vida mental da criança nos primeiros anos de vida.
Dentre os estudos, destacaram-se as pesquisas de René Spitz, que cunhou o termo 
“síndrome do hospitalismo” para designar um quadro que acometia crianças abrigadas 
17
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
que, mesmo sendo bem-alimentadas, vestidas, aquecidas, passavam a apresentar 
graves prejuízos no seu desenvolvimento, com falta de apetite, baixo peso, hipotonia, 
apatia e gradual desinteresse pelo ambiente e pelas pessoas, vindo, muitas vezes, a 
óbito. Spitz percebeu que a privação de afeto e atenção individualizada e constante 
gerava efeitos nefastos para a saúde mental das crianças. 
Outro teórico que merece menção é Bowlby (1969/2002, 1976/2001), que desenvolveu 
a Teoria do Apego, segundo a qual um vínculo seguro entre o bebê e sua mãe (ou 
cuidador) proporciona à criança um posterior sentimento positivo de segurança em 
relação ao mundo. Segundo Bowlby, o comportamento de apego, ou de vincular-se, é 
um mecanismo básico do ser humano. Esse vínculo afetivo vai se formando a partir 
das capacidades cognitivas e emocionais do bebê, e da responsividade e sensibilidade 
dos cuidadores (a mãe, o pai ou outra pessoa que cuide dele). Assim, as primeiras 
relações de apego que a criança estabelece em tenra infância afetam o estilo de apego 
do sujeito ao longo de sua vida, influenciando, consequentemente, na formação de 
sua personalidade. 
Donald Winnicott, em sua prática como pediatra e psicanalista na Inglaterra, percebeu 
que grande parte dos problemas emocionais tinha origem nas vivências dos primeiros 
anos de vida da criança. A partir disso, dedicou seus estudos à investigação das fases mais 
iniciais do desenvolvimento mental humano. Assim, tornou-se um dos grandes nomes 
da pesquisa da relação mãe e bebê, que, para ele, fornece as bases do desenvolvimento 
da saúde mental do ser humano. 
Segundo Winnicott (1965/2005), o bebê, no início da vida, compõe-se de uma série de 
percepções sensoriais dispersas, desorganizadas, que o colocam em um estado de não 
integração, com sensações de despedaçamento, aniquilamento, tal qual a de cair num 
fosso sem fundo. É a partir da ação materna (ou de um cuidador privilegiado), manifestada 
nos cuidados diários dirigidos ao bebê, que vai se criando para ele um sentimento de 
continuidade, segurança e a percepção de ser uma pessoa inteira, integrada.
Mas a integração não é algo automático; é algo que deve desenvolver-se 
pouco a pouco em cada criança individual. Não é mera questão de 
neurofisiologia, pois, para que seu processo se desenrole, há a necessidade 
da presença de certas condições ambientais, a saber: aquelas cujo melhor 
provisor é a própria mãe da criança. (pág. 7).
Winnicott (1958/2000) postula a existência de um estado psicológico especial que a 
mulher desenvolve, principalmente ao final da gravidez e semanas depois do nascimento 
do seu filho, que a torna mais sensível às necessidades de seu bebê. Esse estado de 
sensibilidade exacerbada, que ele denonimou de Preocupação Materna Primária, poderia 
ser comparado a um quadro psiquiátrico patológico, caso não houvesse o bebê. Winnicott 
18
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
chega a descrevê-lo como uma “doença normal” e enfatiza que tal condição fornece o 
contexto necessário para o início da constituição psíquica da criança. 
Com sua célebre frase “um bebê sozinho não existe”, Winnicott ressaltou a importância 
de a mãe (ou o cuidador) ser “suficientemente boa”, isto é, nem tão perfeita a ponto de 
responder a todas as demandas do bebê, tampouco indiferente a elas. Isso significa que a 
mãe, aos poucos, deve deixar de responder de imediato às demandas do filho, à medida 
que vai percebendo nele uma capacidade de suportar sua falta e satisfazer-se sozinho.
A mãe (e o ambiente) será, portanto, “suficientemente boa”, ainda segundo Winnicott, 
caso ofereça à criança três funções fundamentais, a saber: o holding, a forma como o 
cuidador sustenta, tanto física quando psiquicamente o bebê, capacidade de a mãe se 
identificar com seu bebê e assim reconhecer suas necessidades; o handling, a forma 
como o bebê é cuidado, manipulado, fornecendo à criança a noção do seu próprio corpo; 
e a apresentação de objetos ou elementos substitutivos ao corpo materno, o 
que auxiliará a criança na tomada de consciência do mundo externo (1971/1975). 
Aqui cabe abordar, ainda, que, brevemente, os quadros mentais do puerpério, 
que podem acometer a mãe após o nascimento do seu bebê e, a depender das 
características dos sintomas e do grau, requerer intervenção profissional:
 » Baby blues (tristeza materna ou post-partum blues) – trata-se de um 
estado de humor depressivo, que costuma ocorrer alguns dias após 
o parto, em que a mãe sente-se incapaz diante da responsabilidade 
de cuidar do seu filho. A mulher pode apresentar crises de choro, 
irritabilidade, mudança brusca de humor, dentre outros. Este estado, 
que costuma ser temporário, acomete mais de 50% das puérperas. 
Alguns estudos chegam a falar de 80 ou 90%. As discrepâncias se dão 
em virtude da dificuldade em se identificar este estado, tendo em vista 
que muitas mães escondem sua tristeza. Também as pessoas próximas 
costumam não reconhecê-los em virtude da idealização que nossa 
sociedade faz em torno da maternidade. Dessa forma, os sentimentos 
negativos da mãe, “justamente quando deveria estar radiante”, são 
peremptoriamente negados. 
Este estado reflete o trabalho psíquico que a mãe deve efetuar em relação às 
várias transformações que a vinda de um filho promove, tais como o encontro 
com o bebê real, sempre diferente do bebê imaginado; a modificação de 
sua posição na estrutura familiar – de filho para mãe; e mudança na imagem 
corporal – não é mais grávida, tampouco recuperou o corpo de mulher. Ainda 
que seja passageiro e reversível e não acarrete prejuízos à saúde mental do 
19
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
bebê, o sofrimento pode ser atenuado quando há para a mãe a possibilidade de 
compartilhar seus sentimentos sem que se sinta julgada. 
 » Depressão pós-parto – este quadro se distingue do baby-blues pela 
maior gravidade, duração e possíveis consequências negativas para o 
estabelecimento da relação mãe e bebê. Acomete cerca de 10 a 20% 
das puérperas e pode se iniciar logo após o nascimento do bebê ou até 
dois anos depois. Os sintomas mais frequentes são: tristeza profunda, 
irritabilidade, grande alteração de humor, sentimentos negativos em 
relação ao filho. Nesses casos, é necessário um acompanhamento 
psicológico e psiquiátricocom medicação. Mulheres com episódios 
depressivos ou transtornos afetivos anteriores, que tiveram 
uma gravidez com complicações, com história de perdas de entes 
queridos ou de abortos têm maior probabilidade de desenvolver uma 
depressão pós-parto. 
 » Psicose puerperal – quadro que se caracteriza por desorganização 
psíquica proveniente do nascimento do filho, em que pode haver 
delírios, alucinações, quebra do contato com a realidade. Em muitos 
casos, é preciso separar a mãe do bebê em virtude do risco de vida 
de ambos. A prevalência é de menos de 1% das puérperas. Mulheres 
com antecedentes de crises psicóticas estão no grupo de risco. O 
tratamento deve incluir acompanhamento multidisciplinar nas áreas 
de psicologia, psiquiatria, assistência social e, muitas vezes, trabalho 
de apoio junto à família. 
LACONELLI, V. Depressão pós-parto, psicose pós-parto e tristeza materna. In: 
Revista Pediatria Moderna, jul-ago, v. 41, n. 4, 2005.
A partir desses estudos, constata-se o papel fundamental, ou mesmo fundante, que 
o adulto cuidador desempenha na constituição física e psíquica da criança. O bebê 
humano nasce sob uma dependência radical daquele(s) que dele se ocupa(m) e, dessa 
forma, as vivências dos primeiros anos terão grande influência na construção das bases 
do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social do futuro sujeito. Assim, um 
trabalho em saúde mental com bebês deve incluir a díade mãe-bebê (e/ou as pessoas 
que estabelecem uma relação próxima e significativa com o bebê).
As descobertas não pararam por aí. A partir da década de 1970 e 1980, com o avanço 
tecnológico dos métodos de ultrassonografia e monitoramento fetal, foi possível 
demonstrar que os bebês desenvolvem capacidades e habilidades impressionantes desde 
20
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
o período pré-natal. Pesquisas acerca da sensorialidade do feto, por exemplo, mostraram 
que o recém-nascido prefere cheiros e gostos aos quais teve contato enquanto estava no 
ventre materno, o que prova a existência de um desenvolvimento sensorial e de memória 
já no período intrauterino (BUSNEL, 2002). Quanto à audição, os estudos indicam que o 
feto já responde a estímulos sonoros, desde a 24ª semana de gestação. 
Experimentos sobre a visão dos recém-nascidos revelaram que, logo já nas primeiras 
horas após o nascimento, as crianças preferem o rosto materno ao de qualquer outra 
mulher (idem). Também foram descobertas nos bebês uma capacidade de imitar os 
gestos do adulto. Desse modo, constatou-se que o bebê, antes mesmo de nascer, já 
dispõe de uma gama de habilidades que o tornam extremamente ativo e apto para a 
interação e vinculação afetiva com o outro.
O pediatra americano Thomas Brazelton criou a NBAS (Neonatal Behavioral 
Assessment Scale), conhecida por Escala de Brazelton. Seu objetivo é avaliar 
o desenvolvimento comportamental e neurológico do bebê, por meio da 
observação de sua capacidade em controlar e organizar os sistemas autonômico, 
motor, social e os estados de consciência. A escala permite conhecer o perfil de 
funcionamento do bebê, a qualidade de sua interação com os pais e cuidadores, 
possibilitando a identificação de aspectos que não vão bem e a intervenção 
precoce (PAULA. SILVA; ALMEIDA, 2002).
BRAZELTON, T. B.; NUGENT, K. J. Neonatal Behavioral Assessment Scale. London: 
Mackeith Press, 1995.
A partir das pesquisas sobre a constituição psíquica na primeira infância, foi possível 
constatar que as vivências dos primeiros meses e anos de vida são fundamentais e 
estruturantes para a saúde mental do indivíduo. E os efeitos de tais vivências poderão 
ser positivos e/ou negativos a depender da qualidade e intensidade delas. Assim, 
desmistifica-se a ideia segundo a qual pouco ou nada se pode fazer em termos de saúde 
mental do bebê ou da criança pequena. Ao contrário, cada vez mais os profissionais 
que lidam com a primeira infância – enfermeiros e auxiliares de enfermagem de UTI 
neonatal, neonatologistas, pediatras, educadores de creche, psicólogos infantis, entre 
outros – tornam-se conscientes da importância do cuidado da saúde psíquica da criança 
em seus primeiros anos, meses, dias e até mesmo já no ventre materno.
Em vista disso, é crescente o número de experiências e práticas nessa área, como, 
por exemplo, o incentivo ao parto humanizado, cujo objetivo é não só a redução 
dos partos cirúrgicos e a mudança de uma visão meramente biológica e médica do 
21
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
processo, como também a conscientização dos profissionais e dos usuários de que 
a mulher (e o bebê) é a protagonista do parto e, dessa forma, deve ter necessidades, 
valores, dignidade e individualidade respeitados (BRASIL, 2001). Outro exemplo é a 
crescente preocupação de implementar nas UTIs neonatais rotinas adequadas para as 
necessidades psíquicas do recém-nascido, muitas vezes prematuro, como diminuição 
de estímulos excessivos (iluminação, barulho) (SILVA, 2002), e a implementação 
de um trabalho de apoio na formação dos laços afetivos entre mãe (pais) e bebê 
(ANDRADE, 2002; SZEJER, 1999).
 Que práticas e atitudes um profissional que atua no âmbito da família pode 
adotar visando a contribuir para o desenvolvimento da saúde mental da criança 
pequena?
Como é possível detectar dificuldades psíquicas e emocionais em um estágio 
tão precoce do desenvolvimento?
O ser humano não nasce falando. A palavra “infância” vem do latim infans e significa 
“aquele que não fala”. A introdução na linguagem, que antecede o sujeito, dá-se aos 
poucos. Dessa forma, o bebê expressa que algo não vai bem no seu psiquismo por 
meio de sintomas no seu corpo, como, por exemplo, dificuldades de alimentação ou 
de sono sem causas orgânicas, choros frequentes sem motivo aparente, evitação do 
olhar, entre outros. A forma como a mãe “concebe” e cuida de seu filho, o que pode ser 
percebido por sinais não verbais e pelo seu discurso, também fornece indícios de como 
está caminhando o desenvolvimento da relação entre aquela mãe e seu bebê. Assim, 
um trabalho em saúde mental com bebês e crianças pequenas deve considerar o que se 
passa na díade mãe-bebê, abrangendo desde a observação dos sinais não verbais até a 
escuta do discurso da mãe em relação ao seu filho.
 
Quanto mais cedo melhor
Para especialistas na área de saúde mental, a intervenção precoce pode diminuir ou mesmo eliminar o risco de 
instalação de distúrbios psíquicos. Abaixo alguns marcadores psíquicos importantes, dignos de observação pelos 
profissionais e cuidadores que acompanham o bebê de 0 a 6 meses. 
A mãe é capaz de transformar as necessidades fisiológicas do bebê em demanda dirigida a ela, supondo um sujeito?
Ela consegue afastar-se do bebê, alternando presença e ausência?
A mãe é capaz de diferenciar tipos de choro de seu filho?
Ela espera a reação da criança depois de realizar uma ação? Há ligação entre os olhares dela e do bebê?
O bebê apresenta indícios de comunicação: olhar, sorriso social, balbucios, experiências orais não alimentares como 
chupar o dedo, por exemplo?
Ele faz movimento em direção aos objetos?
A mãe fala com o bebê de um jeito particular? E ele, responde com vocalizações?
O bebê tem alterações de sono e vigília, de alimentação ou distúrbios intestinais?
Fonte: Degenszajn, R. D. “Sinais preditivos de risco psíquico”. Em: Revista A mente do Bebê. (2006).
22
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
Caso sejam constatadas dificuldades em alguns desses itens, é necessária uma investigação 
mais aprofundada por parte de um profissional especializado em saúde mental infantil. 
Ainda assim, é preciso cautela a fim de evitar correlações advindas de um raciocíonio 
de causalidade linear, do tipo: mães deprimidas geram filhos hiperativos, por exemplo. 
Sabemos que tal lógica pode funcionar bem para problemas matemáticos ou físicos. Mas 
quando se trata de saúde mental, as coisas não são tão simples assim, tendo emvista a 
multiplicidade de fatores envolvidos, aos quais não se tem acesso integralmente. Diante 
disso, é fundamental ao profissional considerar cada caso como único, singular. E isso só 
é possível por meio de um olhar e escuta atentos, sem “préconceitos”.
Graças aos avanços nos estudos e nas pesquisas, não é mais possível pensar a primeira 
infância apenas como uma fase anterior à infância propriamente dita ou de preparação 
para a vida adulta. Torna-se mister pensar o bebê como um sujeito em constituição, que, 
em sua especificidade, já conta com uma singularidade, com uma história, vivências, 
cujos primórdios se encontram nas fantasias de sua mãe a respeito do filho imaginado, 
na experiência da gravidez e no encontro e no estabelecimento das primeiras relações 
com o bebê real.
É preciso estarmos atentos ainda ao outro lado da moeda, ou seja, ao fato de que as 
impressionantes descobertas acerca das capacidades dos recém-nascidos podem gerar 
uma euforia desmedida, levando profissionais a desenvolverem práticas que buscam o 
desenvolvimento precoce da criança, no furor de produzir superbebês, alinhando-os aos 
valores de competividade e alta produtividade apregoados pela sociedade moderna. Aqui 
fica a pergunta: não corremos o risco de negar às crianças o direito a uma infância digna, 
que respeite seu tempo, seus limites e sua singularidade como sujeito em formação?
Desenvolvimento Psíquico da Criança
Aquarela
(Toquinho) 
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...
Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...
Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
23
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
Como nos fala este trecho da música de Toquinho, ser criança é descobrir o mundo, por 
meio da fantasia. Coisas simples, como “uma folha qualquer”, podem virar seres e objetos 
fantásticos. É a idade do faz de conta, das fadas e bruxas, dos mocinhos e bandidos. É 
a idade do brincar, das descobertas, mas também do aconchego do colo. Que, um dia, 
findará. Mas marcará para sempre nosso futuro, nossa forma de ser no mundo. 
Como vimos no item anterior, o trabalho com a primeira infância possui um grande 
caráter preventivo. A prática clínica mostra que, quando as dificuldades psíquicas que 
apontam nesses primeiros anos não são devidamente cuidadas, elas podem surgir 
de forma mais grave nas etapas seguintes do desenvolvimento, como dificuldades de 
aprendizagem, de relacionamento interpessoal, entre outros. Partiremos agora ao 
estudo da saúde mental das crianças maiores. 
Nem sempre a criança e a infância gozaram do estatuto e do interesse dos 
dias atuais. Conforme nos mostra Ariès (1981), durante a Idade Média, havia 
um sentimento de indiferença em relação à essa fase da vida, tendo em vista 
a alta mortalidade infantil. As crianças permaneciam no anonimato até uma 
certa idade – em torno dos 7 anos – quando, então, passavam a frequentar o 
mundo adulto, inserindo-se no trabalho e nos jogos coletivos, como miniaturas 
de adulto.
Assim, o sentimento e a concepção moderna da infância, segundo a qual a 
criança é um ser precioso, que necessita de amor e cuidado, foi algo construído 
ao longo dos séculos. Da mesma forma, a noção de família dos dias de hoje, de 
instituição nuclear e privada, formada e mantida a partir de laços afetivos, é uma 
conquista relativamente recente.
ARIÈS, P. A História Social da Criança e da Família, 1981.
BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno, 1985.
Freud, já postulava, no início do séc. XX, que a criança (moderna) ocupa um lugar 
privilegiado no narcisismo, ou amor-próprio inconsciente, dos pais, ou seja, ela recebe 
todo o tipo de aposta e esperança no sentido de realizar os desejos frustrados dos pais:
[Os pais] se inclinam a reivindicar para a criança o direito a privilégios 
aos quais eles, os pais, há muito tiveram que renunciar. A criança 
deve ter melhor sorte que seus pais, não deve ser submetida aos 
mesmos imperativos que eles tiveram de acatar ao longo da vida. 
Doença, morte, renúncia à fruição, restrições à própria vontade 
24
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
não devem valer para a criança; as leis da natureza, assim como 
as da sociedade, devem se deter diante dela, e ela deve realmente 
se tornar de novo o centro e a essência da criação do mundo. His 
majesty, the Baby, tal como nós mesmos nos imaginamos um dia. 
(1914, p; 110)
Após o período da primeira infância, a criança entra em uma fase de gradual abertura 
para o mundo. O núcleo familiar deixa de ser suficiente para as crescentes capacidades 
da criança e ela passa a frequentar outros ambientes, engajar-se em diversas atividades: 
visita a casa de parentes, brinca com coleguinhas, vai à escola etc.
Uma aquisição importante desta fase é a apropriação da linguagem. Seria errôneo 
dizer que a criança adquire linguagem quando começa a falar. A criança encontra-se, 
desde sempre, inserida na linguagem. Desde quando seus pais já lhe antecipavam 
os primeiros traços: vai ser levado igual ao pai, tranquila tal qual a irmã… Estudos 
comprovam que os balbucios que as crianças desenvolvem em torno dos 6 meses já 
apresentam características da língua materna. O que ocorre é que a criança se apropria 
da linguagem e passa a se utilizar dela. Ou seja, a criança deixa de ser falada pelos pais 
(“ela) deve estar com fome”) para ela própria falar (“estou com fome”).
Esta é uma virada importante e dificuldades nessa área devem ser diagnosticadas, 
investigadas e tratadas, pois entre outras coisas, o uso da linguagem diz da capacidade 
de simbolização da criança, imprescindível para um bom desenvolvimento de sua 
saúde mental. A capacidade de simbolizar permite à criança prescindir dos objetos 
concretos. Daí é que derivará a capacidade de apreender operações lógicas cada vez 
mais complexas, além do pensamento abstrato.
O pesquisador suíço, Jean Piaget, interessou-se pelo desenvolvimento da 
linguagem e do pensamento infantil e realizou experimentos sistemáticos com 
crianças das mais variadas idades que visavam a investigar a percepção e a lógica 
infantis. Segundo ele, o desenvolvimento da inteligência ou cognitivo dá-se por 
etapas sucessivas de crescente complexidade:
 » Sensório-Motor: do nascimento aos 2 anos – a criança adquire 
conhecimento acerca do mundo por meio de suas ações (motoras) e 
percepções (sensoriais). Tal conhecimento é prático, direto e imediato, 
sem representação. 
 » Pré-Operatório: dos 2 aos 7 anos – desenvolvimento de uma 
inteligência simbólica, ou seja, intermediada por símbolos. Surge o 
faz de conta, o jogo simbólico, em que um objeto qualquer pode 
se transformar em outro (um pedaço de pau vira uma espada). A 
25
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
criança continua egocêntrica, ou seja, centrada em si mesma, não 
conseguindo se colocar no lugar do outro. É também a fase dos 
“por quês”, tendo em vista o desejo de encontrar relações entreos fenômenos. 
 » Operatório-Concreto: dos 7 aos 11 anos – a criança adquire noções 
de tempo, velocidade, espaço, desenvolvendo a capacidade de efetuar 
correlações entre diferentes fatores e de abstrair dados da realidade, 
ainda que necessite de suporte no concreto. 
 » Operatório-Formal: dos 11 anos em diante – o adolescente atinge 
o último estágio do desenvolvimento da inteligência, adquirindo 
pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático, que 
lhe permite efetuar relações hipotéticas entre fatores totalmente 
abstratos, sem apoio em dados concretos.
PIAGET, J. O Nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 
1982.
Outro aspecto importante do desenvolvimento infantil relaciona-se à sexualidade. 
Quando mencionamos esse assunto, a primeira coisa que costuma vir à mente das 
pessoas é a sexualidade adulta, cuja manifestação máxima é a relação sexual, sob a 
primazia dos órgãos genitais. Sob tal modelo, realmente fica estranho falar de uma 
sexualidade infantil. Entretanto, sabemos que, desde os estudos de Freud, a sexualidade 
humana é muito mais do que isso. Refere-se aos desejos, à busca de prazer e satisfação 
que, no ser humano, dá-se por diferentes modos e que ultrapassam a necessidade 
fisiológica e o instinto. Assim, o homem encontra prazer em várias atividades como 
comer, trabalhar, estar com amigos, nas conquistas pessoais etc. Um exemplo de como 
o homem subverte o instinto e o biológico se encontra na alimentação. O homem não 
come só por conta da fome (necessidade biológica), mas também pelo prazer que ele daí 
retira. Como explicar então os transtornos alimentares?
As mães já constatam, desde muito cedo, que seus bebês buscam não apenas o leite 
quando amamentam, mas o aconchego, o olhar, as palavras, o toque, os carinhos 
maternos. Freud nos fala de uma manifestação da sexualidade infantil já presente aí, e 
a amamentação seria seu primeiro protótipo. 
26
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
Dessa forma, a sexualidade humana, contrariamente ao que a corrente moralista 
gostaria de acreditar(!), não nasce na puberdade, mas está presente desde o início da 
vida. E mais, ela é constitutiva do desenvolvimento psíquico do sujeito. 
Freud postulou que o desenvolvimento da sexualidade infantil segue fases de 
organização da libido (energia sexual). Em cada uma dessas fases, a fonte de 
excitação vinda do organismo (pulsão) volta-se predominantemente a uma 
região ou função do corpo que adquire o status de zona erógena. Cada criança 
vai passar de forma única por cada uma das etapas, que não são necessariamente 
sucessivas. A forma como se dará essa(s) passagem(ns) deixará marcas no 
desenvolvimento posterior do adulto. Assim, crianças que permaneceram, 
de certa forma, “fixadas” na fase oral tenderão a buscar prazer em atividades 
relacionadas à oralidade: alimentação, tabagismo, alcoolismo, por exemplo.
No quadro abaixo, podemos ver as etapas da organização sexual infantil:
Idade 0 a 18 meses 18 meses a 3 anos 3 a 6 anos
Fase Oral Anal Fálica
Objeto Boca, seio Fezes, urina Órgãos genitais
Tipo de 
prazer
Autoerótico, toma todos os 
objetos de incorporação como 
partes do próprio corpo.
Narcísico, Investe os objeto 
destacáveis do corpo com 
valor simbólico de troca.
Fantasístico, atualiza os desejos 
orais e anais nas fantasias de 
sedução e castração.
O que 
ocorre
Há equivalência sujeito-meio; 
saciedade oral e afeto equiparam-se: 
ser alimentado é ter o amor materno e 
ser privado de alimento é sucumbir à 
angústia de aniquilamento.
Reter ou expulsar as fezes 
equivale à passividade ou 
atividade com relação a dar ou 
receber objetos: é a medida de 
troca de afeto com os pais.
Há um interesse pelas zonas 
genitais e, simultaneamente, 
um investimento afetivo (de 
amor e ódio) dirigido às figuras 
parentais (complexo de Édipo).
Fonte: Zornig, S. A-J. (2006). Pelo viés do corpo. Revista A mente do bebê. (com adaptações).
A partir dos 6 anos, a criança entra num período que Freud denominou de latência, 
em que a energia sexual é direcionada para a aprendizagem, o desejo de saber e de 
descobrir o mundo. Esta fase coincide com a idade escolar e o período de alfabetização. 
Na puberdade, o sujeito entra na fase genital, marcada por uma sexualidade que se 
aproxima à adulta, havendo o predomínio das pulsões em torno da zona genital. O 
prazer se encontra dividido entre a ternura (amor) e a paixão (desejo), dirigido às 
relações sociais, aos parceiros sexuais, que podem ser do mesmo ou outro sexo. 
Existem alguns quadros que são descritos com mais frequência no campo da saúde 
mental infantil. Porém, antes de abordá-los, vale ressaltar que não devemos utilizá-los 
para rotular os pequenos pacientes, o que pode ter efeitos nefastos para o seu futuro. 
Sabemos que a palavra de um especialista tem um peso muito grande para a criança 
e sua família. Deste modo, é fundamental adotarmos uma postura ética no sentido de 
27
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
não influenciarmos negativamente o desenvolvimento da criança, sob um “pretenso 
saber”, a partir do que comunicamos, das palavras que utilizamos. 
Sabemos que fazer um diagnóstico extremamente cedo, em um tempo 
em que não se pode fazer, acaba por fabricar aquilo que se supõe evitar. 
Se alguém introduz o diagnóstico, se ministra a medicação precocemente 
e se trata um criança como se fosse um “TDAH”, ao final, podemos ter 
razão. (Jerusalinsky, 2003, em conferência proferida na Fundación 
para el Estudio de los problemas de la Infancia, Centro Lidia Coriat, 
Buenos Aires – link citado a seguir).
Os quadros mais graves descritos são:
 » A Psicose infantil é caracterizada por uma desorganização psíquica, que, 
na criança, manifesta-se como dificuldade de se separar da mãe e atraso na 
aquisição do pensamento abstrato, do faz de conta, podendo gerar prejuízos 
no desenvolvimento cognitivo, da linguagem e nos relacionamentos 
interpessoais. Pode haver ainda alucinações e/ou delírios, comportamentos 
estereotipados e ecolalia. Este quadro, conforme compreendido pela 
Psicanálise, tem sua origem nas primeiras vivências da criança e aponta 
para uma dificuldade de se separar psiquicamente da mãe. 
 » O Autismo é uma patologia grave que surge até os três anos de idade. 
A criança apresenta comprometimento (e às vezes impossibilidade) 
na interação com o meio. Os sintomas principais são movimentos 
estereotipados, respostas inadequadas a estímulos visuais ou auditivos, 
grande desorganização em situações que saem da rotina, dificuldade no 
desenvolvimento da linguagem e na comunicação, agressividade, distúrbios 
no sono e na alimentação. Não existe consenso em relação à etiologia do 
autismo. Prefere-se pensar que é uma doença multifatorial, em que fatores 
genéticos, hereditários e também psíquicos estejam em jogo.
Psicose Infantil
<http://w w w.sc ie lo.br/sc ie lo.php?scr ipt=sci_ar ttex t&pid=S0103- 
65642000000100012>
Autismo
<http://www.fundamentalpsychopathology.org/art/v08_03/02.pdf>
Diagnóstico diferencial da psicose X autismo
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65642000000100006&script=sci_
arttext&tlng=es>
28
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
Atualmente, os serviços de saúde vêm recebendo um grande número de crianças 
diagnosticadas com TDAH ou Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade. 
Os sintomas utilizados para definir a síndrome são:
Do grupo do Deficit de Atenção.
 » Desatenção.
 » Dificuldade de concentração.
Do grupo da Hiperatividade.
 » Agitação.
 » Impulsividade.
Algumas crianças podem apresentar sintomas de um grupo ou combinar ambos. O 
TDAH pode levar a dificuldades no relacionamento familiar e social e no desempenho 
escolar. 
Entretanto, é preciso cautela em relação a esse diagnóstico e ao seu tratamento 
(geralmente medicamentoso), pois ainda existem muitas lacunas que necessitam de 
mais investigações. Algumas questões permanecem sem respostas,tais como: a idade a 
partir da qual é possível fazer um diagnóstico seguro, tendo em vista que o psiquismo 
infantil se encontra em formação e o diferenciamento do sofrimento neurótico ou ainda 
traços de personalidade do transtorno. E o que dizer de crianças que apresentam os 
sintomas da TDAH em determinados ambientes e em outros não? Até que ponto as 
dificuldades de atenção e/ou a agitação não são tentativas de se ajustar a um mundo cada 
vez mais, ele próprio, hiperativo? (haja vista a velocidade e quantidade das informações 
a que se tem acesso nos meios de comunicação, na internet etc.)
A infância é, portanto, uma fase de formação do psiquismo e, felizmente, com 
tratamentos adequados, é possível obter grandes melhoras e até mesmo reverter alguns 
quadros. Assim, não se deve trabalhar com “diagnósticos fechados”, nem aí focalizar a 
intervenção, mas, sim, na criança, que é única e singular, inclusive no seu sofrimento 
ou adoecimento. 
Este site traz uma conferência proferida pelo psicanalista Alfredo Jerusalinsky, 
em 2003, na qual ele levanta importantes questionamentos acerca do 
diagnóstico do TDAH e o tratamento medicamentoso <http://www.appoa.com.
br/noticia_detalhe.php?noticiaid=35&PHPSESSID=bbea8b84cbb064f37445c2e
5eac26344>.
29
CAPÍTULO 2
Saúde Mental do Adolescente
 Xote das meninas
Luís Gonzaga
Mandacaru
Quando fulora na seca
É um siná que a chuva chega
No sertão
Toda menina que enjôa
Da boneca
É siná de que o amor
Já chegou no coração
Meia comprida
Não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado
Não quer mais vestir chitão
Ela só quer
Só pensa em namorar
Ela só quer
Só pensa em namorar
De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando
Sonhando acordada
O pai leva ao dotô
A filha adoentada
Não come, nem estuda
Não dorme, não quer nada
Ela só quer
Só pensa em namorar
Ela só quer
Só pensa em namorar
Mas o dotô nem examina
Chamando o pai do lado
Lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade
Que prá tal menina
Não tem um só remédio
Em toda medicina
Ela só quer
Só pensa em namorar
Ela só quer
Só pensa em namorar
A canção Xote das Meninas, de Luís Gonzaga, ilustra uma mudança por que passa 
a menina numa determinada fase da vida. Os esforços do pai de curar o “mal” que 
acomete a filha, ao levá-la ao médico, são em vão, pois o doutor bem sabe do que se 
trata e lhe adianta: “o ‘mal’ é da idade” e acrescenta que para ele “não há um só remédio 
em toda a medicina.” 
Eis que mudanças surgem. O corpo cresce... A voz já não é a mesma. Ora engrossa, ora 
afina… Os órgãos sexuais ganham volume e pelos. Não se quer mais saber da boneca... 
ou do carrinho. Aquela criança, até então desenvolta com seu corpo, depara-se com 
uma nova imagem corporal e novos interesses.
Mas, antes de falar do adolescente, vamos conhecer um pouco sobre como surgiu esse 
conceito ou fase.
30
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
A palavra “adolescer” deriva do latim e significa “crescer, desenvolver-se” (DICIONÁRIO 
MICHAELIS).
A adolescência nem sempre foi reconhecida como uma etapa do desenvolvimento. Isso 
se deu relativamente há pouco tempo, a partir do século XIX, com o surgimento das 
famílias nucleares modernas.
Hoje, na nossa sociedade, a adolescência é vista como uma fase específica, ainda que haja 
divergências quanto à sua delimitação. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), 
a adolescência é um período que vai de 10 a 19 anos. O nosso Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) estabelece o período de 12 a 18 anos.
De qualquer forma, esta é uma fase de grandes transformações. Em poucos anos, um 
adolescente pode chegar a engordar 30 kg e crescer 50 cm. E não se trata de um mero 
aumento do corpo infantil. Este adquire novas formas, novas características e atributos, 
às quais é preciso ajustar-se.
Adolescência, Corpo e Sexualidade
Segundo Rassial (1999), o adolescente precisa lidar com uma nova imagem corporal, 
que é afetada em quatro modos complementares.
 » Pela modificação dos atributos: pelos, silhueta, seios, tamanho etc.
 » Pela modificação em seus funcionamentos: menstruação, mudança de 
voz, marcha, ereção etc.
 » Pela semelhança com o corpo adulto, do genitor do mesmo sexo.
 » Pela importância para o olhar do adolescente e do adulto do outro sexo.
Há também o enfraquecimento das referências identificatórias. Se até então, o pai 
e a mãe eram as principais figuras das quais a criança retirava suas referências, na 
adolescência, esses ideais caem ou se enfraquecem. O jovem começa a perceber que o 
pai do vizinho é mais rico que o seu, que a mãe da amiga é mais bonita que a sua etc. Ou 
seja, as falhas dos pais, como seres humanos que são, saltam aos olhos antes cegos para 
elas. O adolescente parte em busca de outras referências. A adoração e a idealização dos 
ídolos surgem. 
A sexualidade é constitutiva do desenvolvimento psíquico do ser humano. Na 
adolescência, há uma espécie de uma “segunda grande onda” da energia sexual que, no 
período anterior, de latência, estava deslocada para outras atividades (a aprendizagem, 
31
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
o brincar, o desejo de saber). Com isso, o adolescente vai deparar-se com questões 
que se encontravam em suspenso e/ou que não puderam ser enfrentadas (até pela 
imaturidade do aparelho psíquico infantil).
O Adolescente e a Loucura
Por ser uma fase que coloca para o jovem uma série de desafios (físicos e psíquicos) aos 
quais ele tem que responder sem o até então habitual apoio dos pais, a adolescência é 
um período propício para a eclosão de psicopatologias nos sujeitos que possuem alguma 
fragilidade psíquica. O sujeito é convocado a realizar escolhas e posicionar-se diante das 
várias exigências colocadas pela vida, principalmente no campo do amor e do trabalho. 
Isso coloca para o adolescente, de forma veemente, a questão do desamparo, de que 
todo ser humano padece, mas que, nesta fase, surge em tons mais intensos. Os jovens 
conseguirão atravessar esse período de forma mais ou menos turbulenta, a depender de 
uma multiciplicidade de fatores como suas vivências infantis, características pessoais, 
circunstâncias sociais, ambientais e culturais. Quando há uma fragilidade herdada da 
infância, as exigências da vida podem ser maiores que a capacidade do aparelho psíquico 
de enfrentá-las e o jovem sucumbe e adoece, seja por meio de um surto psicótico ou 
do surgimento de sintomas neuróticos graves. A psicose configura-se num quadro 
onde há uma desorganização psíquica, com possibilidade de quebra com a realidade, 
desenvolvimento de pensamentos delirantes (paranoia) e deterioração das capacidades 
cognitivas (esquizofrenia).
O texto a seguir, de autoria de Fernando Cembranelli, psiquiatra e psicanalista, 
coordenador médico do hospital-dia A Casa, em São Paulo (Revista O olhar 
adolescente, 2006), expõe algumas questões relevantes a respeito do 
tratamento da psicose.
Breves notas sobre a psicose
Proposta de tratamento: Animados pela descoberta de novas drogas e pelo 
discurso das neurociências, muitos querem fazer crer que há uma chave biológica 
para explicar todos os males da alma humana. Porém, a história dos tratamentos 
mostra algo bem diferente. Quando a explicação orgânica prevalece, o objetivo 
do tratamento passa a ser o de suprimir sintomas e de devolver o indivíduo a 
um estado de adaptação e normalidade aparente por meio de fármacos. As 
narrativas sobre a própria vida e o próprio sofrimento perdem então qualquer 
valor; aos poucos, o paciente acaba renunciando a falar de si, caindo num vazio 
de sentido que é o primeiro passo para a cronificação de seu estado. 
32
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
Mas o medicamento é muito útil em certas situações. Por exemplo, quando se 
trata de restaurar o acesso à palavra, nos casos em que a psicose parece impor um 
estado de silência, de opacidade e paralisia ante o contato humano. Ele, então, 
faz ressurgir a palavra e a torna disponívelpara esta tarefa de “reconstrução” e a 
que o psicótico se dedica. 
Um modelo possivelmente eficaz de tratamento é o que se constrói caso a 
caso, quando necessário, aliando os benefícios dos fármacos à psicanálise ou 
psicoterapia. Modelo que, na prática, não é simples, mas parte do reconhecimento 
de que a vida psíquica está sob influência de um duplo determinismo, natural e 
cultural, que não a impede de emergir como criação singular.
Depressão na Adolescência
A depressão é um estado patológico em que há perda de vitalidade, falta de estratégias 
de busca de prazer, desânimo exagerado a ponto de abandonar atividades que antes 
proporcionavam grande prazer. Aqui é necessário estar atento a duas questões: não 
confundir depressão com tristeza, que é um sentimento temporário e natural do ser 
humano, ou com o desinteresse dos jovens por atividades antes prazerosas, já que o 
adolescente tende mesmo a abandonar interesses da infância.
Acesse os endereços eletrônicos para mais informações.
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2006000100003&script=sci_
arttext&tlng=pt>
<http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/307/30701007.pdf>
Transtornos Alimentares
A anorexia e a bulimia são doenças que acometem principalmente jovens do sexo 
feminino. A anorexia (do grego an, ausência e órexis, apetite) caracteriza-se por uma 
perda de peso excessiva devido à recusa em se alimentar. Há distorção na imagem 
corporal, com a busca incessante pela magreza, podendo causar sérias complicações 
orgânicas, como alterações ou até mesmo interrupção do ciclo menstrual. Mesmo 
estando extremamente magras, as jovens se veem gordas e persistem em dietas muito 
restritivas. A bulimia (do grego bou, grande quantidade e limos, fome) é caracterizado 
por episódios de ingestão exagerada de alimentos, seguidos de atos que visam 
eliminar o risco de engordar, como a indução de vômito, o uso de laxantes, jejum e a 
prática excessiva de exercícios físicos. Em geral, na bulimia, a imagem corporal não 
33
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
se encontra tão distorcida como na anorexia e as meninas não atingem uma magreza 
tão extrema.
É certo que uma baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal e os padrões 
modernos de beleza que cultuam a magreza contribuem para o desenvolvimento e o 
aumento dos transtornos alimentares nas adolescentes. Entretanto, pesquisas têm 
demonstrado que a anorexia e a bulimia estão relacionadas à forma como a jovem 
vivencia as alterações em seu corpo que adquire formas femininas, aproximando-o 
ao de sua mãe. As investigações psicanalíticas têm mostrado que a origem desses 
transtornos remonta a relação precoce mãe e filha (primeira infância) e os processos de 
identificação (da filha com a mãe), apontando uma dificuldade de separação psíquica 
nos primórdios da vida. Assim, a magreza excessiva (e também a obesidade) se configura 
numa tentativa de apagamento da feminilidade, da eliminação de qualquer traço que 
represente uma indiferenciação com a mãe.
FERNANDES, M. H. Transtornos alimentares: anorexia e bulimia. São Paulo: Casa 
do Psicólogo, 2006.
Trecho da dissertação de mestrado de Goulart, M. T. A. Anorexia Nervosa: uma 
leitura psicanalítica. Rio de Janeiro: PUC, 2003.
<http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0115556_03_cap_03.pdf>
Vale ressaltar que situações reais adversas, como violência na família, alcoolismo, 
doenças crônicas, podem agravar o adoecimento do jovem, mas não são os únicos 
fatores determinantes. O adoecimento mental decorre não só de fatores graves, mas 
também de elementos sutis, os mais diversos a que talvez jamais se tenha acesso. Assim, 
o sofrimento de um adolescente que aparentemente “tem tudo” não pode ser, de forma 
alguma, desvalorizado e taxado como “frescura”. 
Por outro lado, muitas das manifestações dessa fase da vida podem ser confundidas com 
sintomas patológicos, tendo em vista que, tal como na psicose, por exemplo, a realidade é 
modificada: o corpo muda tanto de imagem quanto de estatuto (RASSIAL, 1999).
Por tudo isso, a melhor conduta de um profissional é ter uma postura cautelosa na 
hora de diagnosticar, abordar e tratar o adolescente, considerando a singularidade e 
especificade de cada jovem, cada história, cada família. 
Gravidez e Adolescência
O texto, a seguir, de Diana Dadoorian, doutora em Psicologia Clínica, levanta uma 
interessante questão a respeito da gravidez na adolescência. Mostra que a gestação 
34
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
nesta fase da vida não ocorre necessariamente por falta de informação, e que um desejo 
inconsciente de ter um filho pode estar em jogo, como forma de se afirmar socialmente 
como mulher. 
 Desejo de Ser Mãe
A maternidade precoce faz parte de histórias familiares recorrentes e relaciona-se 
à afirmação subjetiva e social da feminilidade.
A maioria das abordagens sobre gravidez aponta a desinformação sexual das 
jovens como principal causa das preocupantes estatísticas relacionadas ao tema. 
Mas será que essa explicação ainda se sustenta? Mesmo com as limitações e as 
dificuldades que o nascimento de um filho possa infligir à vida de uma jovem, é 
bastante comum ouvir a adolescente dizer que está contente por estar grávida 
e que quer ter o filho.
A contextualização histórica mostra a influência da cultura na percepção desta 
questão. A sociedade do século XIX, por exemplo, relacionava puberdade a 
casamento; naquela época, a mulher só era valorizada pela possibilidade de 
tornar-se mãe. Com o tempo, o papel social feminino ampliou-se e os estudos 
e profissionalização passaram a adiar o casamento e a maternidade. Por que, 
então, as adolescentes continuam engravidando?
Este foi o foco da pesquisa que realizei, em 1993, com adolescentes grávidas de 
classes populares no Instituto Fernandes Figueira, Rio de Janeiro. Nesse estudo, 
publicado no livro Pronta para voar (Rocco, 2002), privilegiei o discurso das 
jovens sobre seu estado e as conclusões foram surpreendentes: a gravidez é 
desejada por elas. Na investigação do significado da gestação, destacam-se entre 
os principais fatores os biológicos e os não biológicos, nos quais se inserem os 
aspectos culturais e psicológicos.
Com as transformações orgânicas da puberdade, surge o interesse pelo sexo 
genital e o impulso de testar a fertilidade, assim como o risco da gravidez que 
denomino “hormonal”. Quando isso ocorre, dois desfechos colocam-se para a 
jovem: o desejo de não ter o filho, expresso no aborto, e o de tê-lo, situado na 
maternidade. O destino da gestação está relacionado, de forma intrínseca, aos 
aspectos psicossociais de cada família.
No Brasil, a gravidez na adolescência não parece ser considerada um problema 
tão grande para as garotas de classes populares, como o é, em geral, para a 
classe média. No caso das primeiras, o desejo de ter o filho é predominante. 
35
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
A repetição da maternidade na adolescência é uma constante na história das 
famílias das entrevistadas. Para muitas jovens, ser mulher ainda equivale a ser 
mãe. Surge, assim, o trinômio adolescente-mãe-mulher, em que a gravidez é via 
de acesso à feminilidade. O tornar-se mãe passa a ser uma forma de afirmação 
social e psicológica, uma espécie de maternidade social.
Durante a investigação, as jovens mães relataram que o filho representa “tudo” 
para elas. A criança é, portanto, depositária de muitas expectativas: terá o que elas, 
em sua maioria, não tiveram, como estudo completo, perspectiva de trabalho e 
até mesmo uma família. A relação mais intensa, contudo é a estabelecida entre as 
adolescentes e a própria mãe. As garotas repetem o modelo feminino, segundo 
o qual ser mulher está associado a ser mãe jovem. 
Quanto às adolescentes de classe média, observa-se, em geral, maior resistência 
ao desejo de ter um filho nesta fase da vida. A pressão social familiar expressa-se 
de forma maisenfática do que nas de classes populares, sob os argumentos do 
estudo, do ingresso em uma universidade, da garantia de um bom emprego futuro 
etc. Isso lhes possibilita viver de modo mais prolongado sua adolescência, ao 
contrário das de classes mais baixas em que a maternidade interfere nesse ciclo. 
Logo, surgem para elas outros objetos de desejo capazes de suprir a carência 
afetiva, e o desejo de ter um filho pode ser adiado para a vida adulta.
Com esta análise, é possível dizer que as causas da gravidez na adolescência 
não se referem de maneira exclusiva à desinformação sexual, mas ao desejo 
inconsciente de ter um filho, aliado aos valores, às demandas e às fantasias 
socioculturais. Ele está inscrito no projeto de vida de cada mulher, com variadas 
formas de expressão, sendo o produto da elaboração individual dos modelos 
e representações próprias de sua cultura. Bertrand Cramer, no livro Segredos 
femininos de mãe para filha (Artes Médicas, 1996), descreve a transmissão 
subjetiva da feminilidade de modo universal. As mães transmitem para as filhas, 
desde o berço, um complexo sistema de valores e sua forma de ser mulher.
Fonte: Revista O olhar adolescente, 2006.
O Adolescente e as Drogas
A dependência química tem sido tratada como uma questão de saúde mental. Por estar 
num período de transição identitária – nem criança, nem adulto –, o adolescente parte 
em busca de novos lugares subjetivos e sociais, fora da família. E o álcool e a droga 
podem configurar-se como uma tentativa de encontrar um lugar, ainda que temporário 
e ilusório. 
36
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
Segundo dados da OMS, cerca de 1,7 milhões de adolescentes morrem anualmente no 
mundo, principalmente por causas evitáveis, como, por exemplo, acidentes, suicídio, 
complicações decorrente de gravidez, violência, uso de droga e álcool. O consumo 
do álcool é particularmente preocupante por se tratar de uma substância lícita que, 
muitas vezes, representa um “ritual de passagem” para a vida adulta. Na maioria dos 
casos, o uso do álcool/droga dá-se por curiosidade, experimentação, entretanto, muitos 
jovens acabam desenvolvendo um padrão de consumo abusivo, que pode chegar a uma 
dependência. 
Às vezes, é difícil distinguir o uso recreativo do abusivo. Em geral, considera-se uso 
abusivo quando há algum tipo de prejuízo à saúde física e mental do sujeito, às relações 
sociais, às atividades e obrigações do cotidiano. Já a dependência caracteriza-se pela 
falta de controle em relação ao uso da substância, ou seja, há o consumo compulsivo 
mesmo quando os efeitos nocivos são importantes, com o abandono de atividades e 
interesses antes valorizados em prol do uso da droga. 
O uso crônico de substâncias psicoativas pode causar tolerância: necessidade de 
consumo de doses cadas vez maiores, para obter o efeito desejado, e síndrome de 
abstinência: surgimento de sintomas físicos e psíquicos quando o uso da droga é 
reduzido ou interrompido.
Não é possível falar de um padrão de evolução do uso que, supostamente, começaria 
de um consumo recreativo, passando pelo uso abusivo até chegar à dependência. Cada 
pessoa estabelece uma relação particular com o álcool/droga, que vai ser influenciada 
por uma série de fatores, como história e características pessoais, aspectos sociais e 
propriedades farmacológicas da substância.
O tratamento que tem se mostrado mais eficiente é o ambulatorial realizado por equipe 
multidisciplinar em centros especializados, com a adesão do paciente. No caso específico 
do adolescente, é fundamental um trabalho de apoio e suporte com as famílias, que 
muitas vezes, também precisam de tratamento. A internação só é indicada nos casos de 
desintoxicação, risco de suicídio, agressividade ou, ainda, para preservar a vida/saúde 
quando a pessoa se encontra muito debilitada.
Sobre concepções e práticas atuais em torno da questão do adolescente e 
dependência química:
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC000000008200500020
0066&script=sci_arttext>
Sobre o adolescência e violência – a importância da canalização da violência 
e o papel dos adultos. 
37
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
<http://www.scielo.br/pdf/agora/v9n1/a09v9n1.pdf>
LEVINSKY, D. L. (org.) Adolescência: pelos caminhos da violência. São Paulo: 
Casa do Psicólogo, 1998.
Sugestão de filmes:
 » Diário de um adolescente (Direção: Scott Kalvert, 1995, EUA) – aborda 
a história de um jovem que abandona o basquete, mergulha no 
mundo da droga e, para manter seu vício, comete delitos e se prostitui. 
 » O bicho de sete cabeças (Direção: Laís Bodansky, 2000, Brasil) – 
inspirado numa história real dos anos 1970, mostra a vida de um 
adolescente e sua conturbada relação com os pais. O jovem é internado 
em um manicômio por conta do uso de maconha e lá testemunha 
atrocidades cometidas contra os pacientes, como o uso abusivo de 
medicamentos, violência e maus-tratos.
 » Traffic (Direção: Steven Soderbergh, 2000, EUA) – retrata a indústria 
do tráfico de drogas, da produção ao consumidor final, a partir de três 
histórias interligadas.
38
CAPÍTULO 3
Saúde Mental na Terceira Idade
Epitáfio
(Sérgio Brito)
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar... 
A canção anteriormente retrata as reflexões de uma pessoa que, ao fazer um balanço 
de sua vida, chega à conclusão de que poderia ter vivido mais intensamente. O tempo 
verbal que predomina é o pretérito imperfeito (do latim im+per+feito: não feito): “devia 
ter, queria ter”, no sentido do expressar uma situação hipotética irreal, não realizada. 
E quando há um verbo no futuro, este se relaciona ao acaso: “o acaso vai me proteger”. 
A terceira idade, ou velhice, é uma fase da vida geralmente associada com iminência da 
morte, improdutividade, adoecimento, falta de sexualidade. Entretanto, com os avanços 
na medicina, a informação e a conscientização da importância de se ter bons hábitos 
(alimentação, atividade física, combate ao stress), as pessoas estão vivendo cada vez 
mais e com mais qualidade de vida.
Felizmente a terceira idade não é necessariamente um tempo de epitáfio, de se lamentar 
pelas coisas não realizadas, de pretéritos imperfeitos ou de um futuro incerto. Cada 
vez mais, temos visto exemplos de pessoas idosas que usufruem de uma satisfatória 
qualidade de vida. 
Como em qualquer período da vida, o envelhecimento implica perdas e ganhos. Perde-se 
o vigor corporal, ganha-se em experiência de vida e maturidade. Perde-se a potência 
39
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
sexual, ganha-se na seletividade dos relacionamentos afetivos e sociais, na ternura. 
Perde-se a produtividade laboral, ganha-se tempo para a dedicação a outros interesses: 
família (netos), autocuidado, voluntariado, hobbies etc.
Não é fácil delimitar a terceira idade. Quando começa a velhice? O que a define? Segundo 
Secco (1999), apesar de haver algumas mudanças biológicas evidentes, o conceito de 
envelhecimento também é marcado por determinantes culturais, que variam entre 
diferentes indivíduos, culturas e períodos históricos. 
A OMS instituiu a idade de 1960 anos para designar o início do envelhecimento, 
ressaltando que
… é importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador 
preciso para as mudanças que acompanham o envelhimento. Existemvariações significativas relacionadas ao estado de saúde, participação e 
níveis de independência entre pessoas mais velhas que possuem a mesma 
idade. Fazer vigorar políticas sociais abrangentes baseadas somente na 
idade cronológica pode ser discriminatório e contraproducente para o 
bem-estar da terceira idade. (OMS, 2005, p. 6).
O aumento da população de idosos é um fenômeno que vem ocorrendo principalmente 
nos países desenvolvidos e também no Brasil. Segundo a OMS, entre 1980 e 2000, a 
população de pessoas com 60 ou mais anos cresceu em 7,3 milhões, acompanhado pelo 
aumento da expectativa de vida que é atualmente de 72 anos, segundo dados do IBGE. 
Para 2025, a previsão é que o Brasil ocupe o sexto lugar dentre os países do mundo em 
número de idosos e que, pela primeira vez na história, haja mais idosos do que crianças 
no planeta. Dessa forma, é fundamental que as autoridades e os serviços de saúde se 
preparem para oferecer um atendimento de qualidade e que atenda às necessidade 
dessa faixa da população, pois não basta viver muito, é preciso viver bem.
Estudos (NOVAES, 1995) postulam que a velhice não acrescenta aspectos à personalidade 
da pessoa, apenas favorece e reforça os mecanismos defensivos já existentes. Assim, 
a forma como uma pessoa lida com as limitações advindas com a idade (doenças, 
aposentadoria, redução ou perda do vigor físico e sexual, morte de amigos e familiares) 
vai depender das características pessoais (orgânicas, psíquicas, sociais). É claro que 
uma pessoa com idade avançada tende a passar por mais situações adversas. Ainda 
assim, isso não leva necessariamente a um quadro patológico. Desse modo, talvez seja 
melhor falar de envelhecimentos, ou terceiras idades, tendo em vista que cada sujeito 
envelhecerá a seu modo.
De acordo com Novaes, o que diferencia os idosos é a capacidade de manter uma vida em 
relação, ou seja, continuar estabelecendo laços sociais e afetivos: “O investimento fora 
40
UNIDADE II │ A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA
do EU seria a condição de manutenção de continuidade subjetiva, envolvendo atividades 
afetivas e cognitivas que levam à procura de interesses, motivações e de razões para 
viver.” Quando a manutenção dos laços encontra-se prejudicada, há o enrijecimento 
psíquico, com o fortalecimento de mecanismos defensivos primitivos, que pode levar à 
dependência afetiva, o recolhimento narcísico (isolamento), a idealização da infância e 
do passado, sentimentos de frustração, depressão, dentre outros.
Os principais quadros de adoecimento mental que atingem os idosos são a depressão e 
a demência. Em geral, as demais patologias (psicose e transtornos) costumam aparecer 
na adolescência ou idade adulta, sendo pouco comuns nessa fase. O que geralmente 
pode ocorrer é uma piora num quadro já existente, quando não tratado adequadamente, 
ou pelo surgimento de dificuldades que surgem ou sou intensificadas na terceira idade 
(problemas de saúde, aposentadoria, morte de entes queridos etc.).
O mesmo ocorre em relação à dependência química. Pode haver aumento no uso de 
álcool (ou do fumo) mas dificilmente (o que não quer dizer que seja impossível), uma 
pessoa que não tinha o costume de ingerir bebidas alcoólicas (ou fumar) iniciará um 
uso compulsivo nesta fase. De qualquer forma, os indivíduos que fazem uso abusivo 
ou que são dependentes de álcool, drogas ou fumo, costumam ter que lidar com os 
comprometimentos à saúde que essas substâncias produzem. Vale lembrar ainda que o 
alcoolismo, o tabagismo e a drogadicção contribuem para a redução da expectativa de 
vida do indivíduo. Assim muitos não atingem a terceira idade.
Com o surgimento de doenças físicas ou psíquicas, muitos idosos passam a tomar 
medicamentos de forma abusiva, o que pode desencadear uma dependência química 
nesta fase da vida.
Envelhecimento e Depressão
Muitas vezes, um quadro de depressão na terceira idade pode ser confundido com 
preconceitos ou manifestações tidas como próprias desse período, como, por exemplo: 
sintomas somáticos, hipocondria, desinteresse, desânimo, alterações no sono, na 
alimentação, dentre outros. Assim, apenas uma equipe especializada, a partir de 
uma investigação cuidadosa e dirigida, terá condições de melhor avaliar o quadro 
daquele paciente. 
Envelhecimento e Demência
A demência caracteriza-se por um quadro de perda cognitiva, em geral, gradual e 
irreversível, cujos sintomas mais comuns são alterações em funções como memória, 
41
A SAÚDE MENTAL EM FASES DECISIVAS DA VIDA │ UNIDADE II
linguagem e orientação tempo-espacial, confusão mental, além de comportamentos 
inadequados (agressividade, inquietação, impulsividade, desinibição sexual, dentre 
outros). Os casos mais graves podem levar a problemas na fala, na marcha, nas funções 
motoras, o que pode levar a uma falta de autonomia e a necessidade de cuidados 24 horas 
por dia. As pessoas idosas têm mais chances de desenvolver um quadro demencial, que 
pode estar relacionado com patologias neurológicas como doenças de Alzheimer, de 
Parkinson e esclerose múltipla.
Política de Saúde para a Terceira Idade da OMS:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf>
Site da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio 
de Janeiro (UERJ):
<http://www.unati.uerj.br>
Artigo que aborda o trabalho com encontros transgeracionais como forma de 
incrementar a integração social do idoso:
<http://www.unati.uerj.br/tse/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
59282002000200002&lng=pt&nrm=iso>
Política de Saúde do Idoso (Portaria 1395/GM)
<http://www.ufrgs.br/3idade/portaria1395gm.html>
Livro que fala do impacto na família que cuida de um idoso em processo de 
demência – Caldas, C. P. (2002). O idoso em processo demencial: o impacto 
na família. Em Minayo, M. C. S. & Coimbra Jr., C. (org.) Antropologia, saúde e 
envelhecimento, pp. 51-71. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
42
Para (não) finalizar
Vimos que a saúde mental é um campo muito complexo. Em vista disso, não é possível 
atuar nessa área com instrumentos estanques e acreditando em fórmulas milagrosas. 
Ao contrário, a atuação em saúde mental é uma eterna construção, reatualizada a cada 
paciente, a cada família, tendo em vista que cada ser humano é único e singular.
Aprendemos, também, que uma visão, uma disciplina não dá conta desse vasto 
campo. Desse modo, é cada vez mais evidente a importância da atuação de equipes 
interdisciplinares, cujos membros não só acrescentem suas visões, mas efetuem trocas 
de conhecimento, promovendo verdadeiros diálogos.
A disciplina não pretendeu, de forma alguma, esgotar o assunto, mas teve o objetivo 
de apresentar um panorama introdutório, com alguns aprofundamentos, no intuito de 
fornecer algumas noções essenciais e, ao mesmo tempo, instigar ao aprofundamento 
das questões abordadas e incentivar futuras pesquisas, pois o limite do aprendizado é 
você, aluno, quem traça.
Agradeço pela participação e o empenho de todos.
43
Referências
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FILHO, L.; CORRÊA, M. E. G.; FRANÇA, P. S. (Orgs.). Novos olhares sobre a 
gestação e a criança até 3 anos: saúde perinatal, educação e desenvolvimento do 
bebê. Brasília: L.G.E., 2002.
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1981.
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Nova Fronteira, 1985.
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humanizada à mulher. Em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/parto_
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saúde mental no Brasil. Em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/
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BRAZELTON, T. B. Momentos decisivos dodesenvolvimento infantil. São 
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FRANÇA, P. S. (orgs.). Novos olhares sobre a gestação e a criança até 3 anos: 
saúde perinatal, educação e desenvolvimento do bebê. Brasília: L.G.E., 2002
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