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0 Criando uma gestão com bases estratégicas Teoria Identificada: Etapa 1 A estratégia e a organização exponencial Luiz Fernando Gomes Pinto Estratégia na Era Exponencial 01 Habilidade 01: 18 1 Estratégia na Era Exponencial A palavra estratégia vem do grego antigo “strategós” (de “stratos” exército, e "ago", liderança ou comando) e significava "a arte do general". A sua origem, portanto, é militar e inicialmente estava relacionada a arte de fazer guerra de um líder militar. A Batalha de Salamina, que ocorreu em 480 a.C., pode ilustrar o conceito de estratégia no âmbito militar. A Batalha ocorreu no estreito que separa a ilha de Salamina da Ática, com o combate entre a frota de barcos persa, liderada por Xerxes I e a frota grega, comandada por Temístocles. No vídeo desta aula pode ser visto mais detalhadamente a estratégia militar que permitiu a frota de barcos grega, em número menor, derrotar a frota persa. No contexto organizacional, o conceito de estratégia começou a ser utilizado somente a partir da segunda Revolução Industrial, com o surgimento do mercado de massa. Até a primeira Revolução Industrial, ocorrida em meados do século XVIII, os produtos manufaturados eram elaborados em pequenos estabelecimentos artesanais, que gradativamente foram substituídos por fábricas. Apesar de haver competição entre as indústrias que surgiram na primeira Revolução Industrial, nenhuma teve o poder de influenciar os resultados de mercado de modo significativo 1. A segunda Revolução Industrial foi caracterizada pelo aparecimento do barco e do trem a vapor, que permitiram aumentar a velocidade e a capacidade de transportar cargas. O aumento da velocidade e da capacidade do transporte de carga possibilitou a ampliação do mercado de atuação das empresas, permitindo o desenvolvimento de grandes empresas 1 GHEMAWAT, Pankaj. A Estratégia e o cenário dos negócios. 2ed. Bookman, 2007. 2 industriais, assim como grandes armazéns e estabelecimentos comerciais de grande porte. Com o objetivo de controlar os mercados em que atuam, as grandes empresas passam então a tentar influenciar os resultados de mercado. É nessa circunstância que as organizações passam a adotar estratégias visando alcançar seus objetivos. A estratégia e objetivo estão diretamente relacionados. Enquanto os objetivos representam os fins que a empresa quer alcançar, a estratégia é o meio para alcançar esses fins. No resumo da palestra realizada por Michael Porter na ExpoManagement, em 2010, disponível no site da HSM Experience, encontra-se uma definição que permite entender mais claramente o que é e o que não é estratégia. Segundo Michael Porter, “a estratégia define uma abordagem diferenciadora para uma determinada empresa competir, assim como as vantagens competitivas únicas nas quais ela será baseada”. Em contrapartida, a busca por eficiência operacional para ser a melhor empresa de um setor não é estratégia porque não permite a empresa obter vantagem competitiva. É a busca para ser única entre os concorrentes que proporciona a empresa obter vantagem competitiva. Para isso, é fundamental fortalecer suas características únicas, introduzindo novas tecnologias, recursos, produtos ou serviços que potencializem as atividades da sua cadeia de valor. Outro aspecto importante na definição de Porter, é que “a estratégia não é um processo democrático”. A definição estratégica está justamente na decisão da empresa decidir a quem vai entregar seu valor único, o que implica que não atenderá às necessidades de alguns. 3 Apesar de parecer um assunto complicado, a elaboração de uma estratégia pode ser vista como um processo simples. No vídeo “A grande estratégia da simplicidade”, disponível no site da HSM Experience, o autor Roger Martin, destaca três coisas que devem ser levadas em consideração para tornar uma estratégia simples, divertida e efetiva para empresa. Dessas três coisas, destaco as duas primeiras: fazer escolhas reais para oferecer coisas diferentes dos seus concorrentes; e o trabalho estratégico não se resume em entender quais são as causas e efeitos, mas sim ser a causa de um novo efeito, em saber que as coisas podem ser diferentes do que são. Entendido o que estratégia, é importante conhecer o que é uma organização exponencial. O termo “organizações exponenciais” foi cunhado por Salim Ismail, em 2008. Segundo o autor, as “organizações exponenciais” são aquelas que desenvolvem soluções pelo menos 10 vezes melhores, mais rápidas e de menor custo que as empresas estabelecidas no mercado. Outra característica marcante dessas organizações é que possuem um propósito transformador, fundamental para construir comunidade de interesses em torno de si e manter suas equipes com foco no que ocorre fora da organização. Para um melhor entendimento da situação atual das organizações, é importante destacar que a internet comercial tem início no Brasil em 1995 e as redes sociais surgem somente em meados da década de 2000. O aparecimento da internet permitiu também a criação do e-commerce (ou comércio eletrônico) e proporcionou o empoderamento do consumidor, que passou a poder pesquisar sobre as empresas e seus produtos. 4 Segundo Salim Ismael2, a era exponencial está associada a digitalização do mundo e tem como principal característica a ruptura dos modelos organizacionais tradicionais, que têm seu foco no aumento da eficiência como estratégia dominante. As empresas na era exponencial, diferentemente das empresas tradicionais, atuam segundo as premissas da adaptabilidade e da inovação de ruptura. Alguns exemplos de tecnologias exponenciais que proporcionarão grandes transformações são o blockchain e a internet das coisas, conforme pode ser visto podcast da CBN Professional 51 “O que são tecnologias exponenciais?”, disponível no site da HSM Experience. O blockchain são bases de registros e dados distribuídos e compartilhados que têm a função de criar um índice global para as transações que ocorrem em um determinado mercado e é vista como a principal inovação tecnológica do bitcoin. A internet das coisas é uma extensão da internet atual aos objetos que utilizamos em nosso dia a dia, como uma geladeira, por exemplo, mas que podem ser conectados à Internet. A trajetória das tecnologias exponenciais, segundo Salim Ismael3, pode ser entendida por meio do modelo dos 4 D’s: Digitalização, Disrupção, Desmonetização e Democratização. A digitalização permite que os produtos e processos sejam cada vez mais digitalizados. A digitalização, por sua vez, leva a disrupção, ou seja, a descontinuação dos processos já estabelecidos, que implica que as empresas tradicionais que se criaram no mundo de escassez precisam identificar a mudança e se adaptar ao mundo de 2 ISMAIL, Salim. A era exponencial exige novas habilidades dos líderes. HSM Publishing, 2016. Disponível em: http://www.revistahsm.com.br/educacao-executiva/era-exponencial-exige-nova-estrategia-dois/ . Acesso em: 29 dez. 2018. 3 SCHERER, Felipe Ost. A era das organizações exponenciais. Exame, 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/blog/inovacao-na-pratica/a-era-das-organizacoes-exponenciais/. Acesso em: 29 dez. 2018. 5 abundância proporcionado pela digitalização. A disrupção leva a desmonetização, em razão dos produtos ou serviços tornarem-se mais baratos devido a redução dos custos. A democratização, por sua vez, representa o momento em que os consumidores podem acessar a tecnologia. As organizações exponenciais, apoiadas pelas tecnologias exponenciais, produzem mais com menos recursos, o que permite escalarem rapidamente e alcançarem grande valorde mercado. Muitas dessas organizações são criadas sabendo-se que há um tempo de existência. Nessa conjuntura, o planejamento estratégico de cinco anos dá lugar a planos de um ano e à análise preditiva baseada em dados, a uma forte visão do produto e ao propósito transformador da organização. Nas próximas duas aulas relacionadas a esta habilidade, serão apresentadas as etapas de um planejamento estratégico e a relação entre estratégia e vantagem competitiva. 6 Bibliografia básica GHEMAWAT, Pankaj. A Estratégia e o cenário cos negócios. 2ed. Bookman, 2007. HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração estratégica. São Paulo: Cengage Learning, 2014. PORTER, Michael E. O que é estratégia. Harvard Business Review, v. 74, n. 6, p. 61-78, 1996. Bibliografia complementar CERTO, Samuel C.; PETER, J. Paul. Administração estratégica: planejamento e implementação da estratégia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. DA COSTA, Eliezer Arantes. Gestão estratégica. Editora Saraiva, 2007. DE KLUYVER, Cornelis de A.; PEARCE, John A. Estratégia: uma visão executiva. Pearson Prentice Hall, 2008.
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