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Faculdade de Engenharia Mecânica UNICAMP EM 722/ES606 GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DE VAPOR Apostila de Curso Profº Waldir A. Bizzo 1º sem/2003 EM 722 Aulas ministradas pelo prof. Caio Sánchez ES 606 Aulas ministradas pelo prof. Waldir Bizzo EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 95 cap. 6 - SEGURANÇA NA OPERAÇÃO DE GERADORES DE VAPOR 1 - FALHAS EM GERADORES DE VAPOR Caldeiras de vapor são potencialmente perigosas na medida em que guardam uma grande quantidade de vapor sob pressão, cuja liberação repentina causa explosão desastrosa. A energia contida num gerador de vapor depende da pressão de operação e do volume de água da caldeira. Caldeiras flamotubulares acondicionam maiores volumes que caldeiras aquatubulares, porém, as caldeiras flamotubulares estão limitadas em capacidade de produção de vapor. Grandes caldeiras são geralmente aquatubulares, porém, o volume que uma caldeira de grande porte acondiciona em seus tubulões é da mesma ordem de grandeza que o volume de uma pequena flamotubular. Isto significa que o potencial de perigo está fundamentalmente na pressão de operação da caldeira. O perigo de explosão no lado do vapor existe por três principais motivos: - excesso de pressão, - falta de água na caldeira, ou - excesso de incrustação interna. 1.1 Excesso de pressão O excesso de pressão de vapor é uma falha de operação. Existem dispositivos automáticos que limitam a pressão de operação da caldeira, diminuindo ou bloqueando o fornecimento de energia térmica, através do controle do queimador ou da fornalha. Excedida a pressão de projeto da caldeira, o vaso pode explodir por exceder a tensão de ruptura e escoamento dos materiais que o compõe. Para evitar isto, as caldeiras são obrigatoriamente equipadas com válvulas de segurança, que liberam o excesso de pressão por abertura automática da válvula. A atuação da válvula de segurança é mecânica, a força proveniente da pressão interna da caldeira força a abertura do plug do obturador quando esta força supera a força da mola, a qual pode ser regulável. A falta de manutenção ou limpeza das mesmas podem ocasionar falha de funcionamento, devido a emperramento do conjunto. As válvulas de segurança devem ser Figura 1 - Válvula de segurança para caldeiras. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 96 reguladas para abertura na pressão 5% maior que a PMTP (Pressão Máxima de Trabalho Permitida) e devem permitir a descarga de vapor a uma taxa maior que a produção de vapor máxima da caldeira. A PMTP é estabelecida no projeto da caldeira, sendo igual a pressão de projeto, ou pode ser diminuída após algum tempo de operação, se uma inspeção por técnico habilitado determinar sua necessidade, geralmente ocasionada por processos normais de desgaste, tais como corrosão, ou falhas eeventuais dos dispositivos de segurança. A figura 1 apresenta um esquema de uma válvula de segurança. 1.2 - Falta de água na caldeira A falta de água na caldeira causa superaquecimento localizado do metal. O calor da chama é transferido por convecção à água da caldeira. As superfícies que recebem calor diretamente por radiação, ou mesmo por convecção na zona de alta temperatura tem que estar obrigatoriamente inundadas por água líquida. Os coeficientes de convecção do líquido saturado são muito maiores que o do vapor, de maneira que a troca de calor com o líquido mantém a temperatura do metal em valores próximos da temperatura do líquido saturado. A falta de água causa aumento da temperatura do metal, diminuindo assim sua resistência mecânica, podendo atingir o limite de escoamento na região não refrigerada, com consequente deformação e ruptura. A ruptura é sempre desastrosa, causando geralmente propagação da fratura mesmo nas regiões não atingidas pela falta de água, ocasionando explosões. As caldeiras modernas gerlamente tem sensores do nível de água para contrôle automático da alimentação e um sensor de segurança, o qual corta alimentação de calor no caso de falta de água. Além disso, as caldeiras possuem um visor de nível, o qual deve ser supervisionado pelo operador. Normas de segurança determinam que sempre deve haver a presença do operador, mesmo que as caldeiras possuam dispositivos automáticos de contrôle e segurança. Figura 3 - Elevação da temperatura média do tubo devido a presença de incrustação interna. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 97 A figura 2 apresenta um esquema de um indicador de nível, acoplado a uma garrafa onde estão instalados os sensores de nível de água. 1.3 Incrustação interna Uma terceira causa de falha das caldeiras pode ser o excesso de incrustação interna. A evaporação continua da água na caldeira acumula dentro da mesma os sólidos em suspensão ou dissolvidos. Íons de cálcio e magnésio, principalmente, e sílica formam crostas aderentes internamente aos tubos de troca de calor. Tais incrustações aumentam a resistência térmica, pois tem condutividade térmica muito menor do que a do metal. A consequência é o aumento localizado de temperatura do metal, já não refrigerado pelo líquido saturado. Diferenças de temperatura ocasionam trincas e vazamentos, e no limite, a falha total do tubo. A figura 3 dá exemplo quantitativo da elevação de temperatura do metal pela presença de incrustação. Outra causa importante de falhas em caldeiras é a corrosão interna, causada por má qualidade da água de alimentação. O principal desgaste corrosivo é devido a presença de oxigênio e dióxido de carbono dissolvidos. Oxigênio causa corrosão por oxidação do metal. Dióxido de carbono, forma com oxigênio dissolvido, ácido carbonico, diminuindo o pH da água da caldeira 2. TRATAMENTO DE ÁGUA DA ALIMENTAÇÃO . O tratamento da água da caldeira é fator importante na sua conservação. Os métodos de tratamento variam conforme a qualidade da água de alimentação e o porte da instalação de vapor. Caldeiras de pequeno porte tem a água geralmente tratada por introdução de produtos químicos diretamente na água interna da caldeira. Tais produtos visam a precipitação dos sólidos dissolvidos e em suspensão para posterior eliminação por descargas de fundo periódicas da caldeira. A tabela 1 apresenta requisitos gerais para a qualidade da água da caldeira conforme a pressão de trabalho. Figura 2 - Indicador e contrôle de nível para caldeiras. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 98 Geradores de vapor de grande porte tem geralmente uma estação de tratamento de água de alimentação da caldeira. Os processos de tratamento variam com os requisitos e qualidade da água disponível para alimentação. A figura 4 mostra um fluxograma de um sistema de tratamento de água para caldeiras de média pressão. Caldeiras de alta pressão exigem água de alimentação de alta pureza, o qual é obtido com processo de desmineralização por resinas iônicas e catiônicas. Estas resinas absorvem os íons anions e cátions em solução na água, produzindo água de pureza comparável a água destilada. A figura 5 apresenta um fluxograma de um sistema de produçãoo de vapor que se utiliza de água desmineralizada. Os detalhes dos processos de tratamento de água não fazem parte do escôpo deste curso, e podem ser encontrados na literatura especializada. Importante acessório de um sistema de alimentação de caldeiras de média e alta pressão é o desaerador, o qual elimina o oxigênio e outros gases dissolvidos. A solubilidade dos gases na água diminui com o aumento da temperatura. O desaerador aquece a água de alimentação através da injeção direta de vapor, até Tabela 1- Condicionamento de água no interior de caldeiras. Figura 4 - Fluxograma de tratamento de água para produção de vapor em média pressão. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 99 temperatura ligeiramente maior que 100 ºC. O ar dissolvido e outros gases são eliminados pela purga contínua de gases e um pouco de vapor. A figura 6 apresenta um esquema de desaerador. Figura 6 - Desaerador térmico. Figura 5 - Fluxograma geral de produção de vapor de alta pressão com sistema de desmineralização. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 81 cap. 5 - CÁLCULO TÉRMICO E FLUIDOMECÂNICO DE CALDEIRAS 1.Transferência de Calor em Caldeiras A transferência de calor em geradores de vapor é um complexo conjunto de fenômenos que envolvem troca de calor por radiação, convecção e condução térmica. O equacionamento teórico deste conjunto é complicado e exaustivo e grande parte do conhecimento adquirido e aplicado a troca de calor em caldeiras e fornos em geral é fruto de relações empíricas obtidas por tentativa e êrro. Muitas informações e dados sôbre a troca de calor em caldeiras são propriedades dos fabricantes de equipamentos e, por razões óbvias, não estão disponíveis na literatura aberta. As caldeiras devem ser dimensionadas de maneira a encontrar um compromisso ótimo entre o custo de investimento, representado pelas características e dimensões das superfícies de troca de calor, e o custo operacional, representado pelo rendimento térmico global do equipamento. Para tanto, o conhecimento pleno da troca de calor relativo a caldeiras é primordial, porém, muitas vezes isto só é obtido após a construção e operação do equipamento. Dados obtidos com determinado tipo ou configuração de superfícies de troca de calor não são aplicáveis plenamente a configurações diferentes. Os fenômenos físicos e químicos que ocorrem numa caldeira ou forno, envolvendo combustão, transferência de calor e movimento dos fluidos é uma área especializada da engenharia mecânica e não podem ser tratados aqui com a profundidade que permita sua plena utilização para o projeto e dimensionamento das superfîcies de troca de calor. As relações apresentadas a seguir, servirão, pelo menos, para o conhecimento básico que permita adequada operação e utilização eficiente de caldeiras e fornos em geral. 1.1. Troca de calor na fornalha Uma simplificação adequada é dividir a superfície de troca de calor em superfície de radiação e superfície de convecção. Devido as condições de temperatura, geometria e velocidade de fluidos, a troca de Figura 1 - Esquema de fluxos em uma fornalha de caldeira. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 82 calor na fornalha, onde ocorre a combustão, é básicamente por radiação térmica. A parcela convectiva nesta região, se comparada a troca de calor por radiação é pequena, podendo ser desprezada, até em relação a ordem de grandeza do êrro ou imprecisão de cálculo normalmente presentes no cálculo de radiação em fornalhas. Considere uma fornalha, onde ocorre a combustão circundada por superfícies frias de troca de calor. Parte do calor gerado pela combustão é perdido pela chama às superfícies de troca de calor, conforme representado pela figura 1. Um balanço de energia na fornalha vai determinar a temperatura de saída dos gases de combustão da zona de radiação, se conhecidos as vazões de ar e combustível, o poder calorífico e o calor cedido por radiação, conforme esquema da figura 2. Desprezando-se perdas de calor ao ambiente externo, têm-se as equações seguintes: ( )0 0 :que sendo sai que energia = entra que energia TTpCdTCph hmQhmhmPCim t t prodprodrararccc −==∆ ∆+=∆+∆+ ∫ &&&&& onde: mc : fluxo de massa de combustível mar : fluxo de massa de ar de combustão ∆∆∆∆h : diferença de entalpia, relativa a uma temperatura de referência, para ar, combustível e produtos de combustão, conforme índice Qr : calor trocado por radiação Cp : calor específico a pressão constante T : temperatura do fluido T0 : temperatura de referência Figura 2 - Balanço de energia numa fornalha. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 83 A temperatura de referência pode ser qualquer temperatura arbitrada, e no caso em que combustível e ar são fornecidos à temperaura ambiente é conveniente fazer: T0 = Tar = Tc A temperatura de saída dos produtos de combustão da fornalha pode ser calculada: ( ) pCm QPCim TT TTpCmQPCim prod rc prod prodprodrc & && &&& − =− −+= 0 0 A troca de calor por radiação da chama pode ser determinada pela equação: ( )44 sprodr TTAQ −= εσ& onde: σσσσ = constante de Stepan-Boltzmann, 5,67 x 10-8 W/m2K4 εεεε = emissividade combinada, chama-fornalha A = superfície de troca de calor Tprod = temperatuira absoluta de saída dos produtos de combustão Ts = temperatura absoluta média das superfície de troca de calor A dependência da troca de calor por radiação com a temperatura de saída dos produtos de combustão da fornalha torna o cálculo da temperatura dos produtos, um prorcesso iterativo. A verdadeira temperatura da chama não é conhecida pois esta varia em todo o volume da câmara de combustão. A equação acima assume que a temperatura de saída dos produtos de combustão da fornalha representa a temperatura média da fornalha. A emissividade combinada é um coeficiente que depende de diversos fatores, como o combustível e o tipo de queimador, o excesso de ar ou a composição média dos produtos de combustão e a geometria da câmara de combustão. A radiação térmica emitida pela chama é resultado da emissão de radiação de partículas de carbono incandescente e da emissividade dos gases de combustão, principalmente as parcelas de CO2 e H2O, sendo que a emissividade dos gases varia com a temperatura e formato geométrico da câmara de combustão. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 84 Poucas informações são encontradas na literatura a respeito dos valores de εεεε. Como base de cálculo a ordem de grandeza pode ser tomada dentro dos seguintes valores: εεεε = 0,75 a 0,95 para chama de óleo e carvão pulverizado = 0,55 a 0,80 para gases e combustível sólido em grelha. A área de troca de calor é representada pela superfície projetada dos tubos de troca de calor nas paredes da fornalha. No caso de uma caldeira flamotubular, onde a combustão ocorre dentro de uma fornalha cilíndrica completamente circundada por parede de água, a superfície de troca é a própria superficie interna da fornalha. No caso de caldeiras aquatubulares, com paredes de tubos de água, a superfície efetiva de troca de calor depende do espaçamento dos tubos da parede de água, onde: A f S Sd de f Sd de f Sd proj= = → = = → = sendo que para distância entre centros de tubos 1 0 2 0 9 , , : O fator de correção da superfície projetada não diminui muito para um espaçamento igual a dois diâmetros externos dos tubos pois é suposto que existe por detrás dos tubos uma superfície refratária que reirradia para a parte traseira dos tubos o calor emitido pela fornalha. A temperatura externa dos tubos é a temperatura Tp da superfície de troca de calor. Os coeficientes de troca de calor por convecção da água evaporando no interior dos tubos sáo extremente altos, da ordem de 5000 a 25000 W/m2K, representando pouca resistência a troca de calor. As espessuras de parede dos tubos metálicos, bem como a alta condutividade dos metais também pouco contribuem para a resistencia térmica, sendo que de uma maneira geral, podemos assumir a temperatura externa das superfícies de trocacomo sendo de um valor da ordem de 10 a 20 ºK maior que a temperatura do vapor saturado na caldeira, exceto no caso de superaquecedores. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 85 1.2. Troca de calor por convecção Conhecida a temperatura de saída dos gases da fornalha, pode-se partir para o cálculo da transferência de calor na área de convecção da caldeira. Aqui, a superfície de convecção é tomada como as superfícies que não tem contacto geométrico com a chama da fornalha, ou seja, aquelas não recebem radiação direta da chama. Embora gases aquecidos em alta temperatura e que contenham parcelas que emitem radiação como CO2 e H2O, também troquem calor por radiação, este mecanismo de troca não será considerado aqui, pela complexidade de cálculo e pela menor importância da radiação na zona de convecção. Em caldeiras flamotubulares os gases de combustão circulam por dentro dos tubos, e a troca de calor por convecção pode ser calculada pela conhecida equação de Sieder e Tate aplicável em regime de fluxo turbulento (Re>2100): Nu = 0 023 0 8 0 4, Re Pr, , Em caldeiras aquatubulares, a troca de calor por convecçaão é realizada por fluxo de gases externos a tubos, num feixe de tubos de convecção. Estes feixes podem apresentar arranjo de tubos alinhados, ou em quicôncio, como representados na figura 3. O arranjo em quicôncio é mais frequentemente utilizado devido aos maiores coeficientes de troca de calor que proporciona. Para tubos alinhados, o número de Nusselt pode ser calculado segundo a equação: Nu = 0 26 0 61 13, Re Pr, Para tubos arranjados em quicôncio a equação fica: Nu = 0 33 0 61 13, Re Pr, As equações acima valem para fluxo turbulento e para quantidade de fileiras de tubos maior ou igual a 10. Para fileiras de tubos em quantidade menor que 10, Figura 3 - Arranjo de feixe de tubos: a)alinhados b)quicôncio EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 86 o número de Nusselt pode ser multiplicado por um fator de correção fb conforme a tabela abaixo: nº fileiras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 fb 0,7 0,82 0,87 0,91 0,93 0,95 0,97 0,98 0,99 Para cálculo das propriedades dos fluidos, as temperaturas devem ser tomadas na temperatura média de mistura. O calor transferido dos gases de combustão para a água é calculado pela equação: b a ba m mc t t tt dmltt onde tUAQ ∆ ∆ ∆−∆ ==∆ ∆= ln : & A diferença média logarítmica de temperatura é representada na figura 4. Para água em ebulição a pressão constante, ou seja, vapor saturado, a temperatura no lado da água (fluido frio) é constante. O coeficiente global de transferência de calor U é calculado levando-se em conta as resistências térmicas envolvidas: a resistência externa por convecção do gases de combustão, a resistência por condução de calor através da parede do tubo e a resistência interna por convecção no lado da água: ( ) t tubo tubo k di dede R hedihi deRi onde RRi U 2 ln1Re : Re 1 === ++ = di, de : diâmetros interno e externo do tubo hi : coeficiente de película interno he : coeficiente de película externo kt : condutividade térmica do material do tubo Figura 4 - Distribuição de temperaturas num trocador de calor em contra-corrente. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 87 No caso de vapor saturado em ebulição, o coeficiente de película pode ser tomado entre 5000 e 25000 W/m2K. As taxas de troca de calor por convecção por gases já não são tão altos quanto a taxas de troca de calor por radiação, e simplificações devem ser feitas com algum cuidado. A resistência térmica por condução através da parede do tubo deve ser calculada sempre que possível. 2. Tiragem e Circulação de Gases em Caldeiras Combustível e ar de combustão são injetados ou succionados para a câmara de combustão e circulam por entre as superfícies de troca de calor, sendo exauridos ao ambiente externo. A circulação dos produtos de combustão é normalmente obtida com o auxílio de ventiladores, exaustores ou com o efeito de tiragem provocado pela chaminé, podendo se utilizar de um ou mais deste recursos. A pressão na câmara de combustão pode ser abaixo ou acima da pressão atmosférica ambiente, dependendo do arranjo que se faça com os dispositivos de tiragem. O esquema de circulação mais simples é o sistema de tiragem natural, onde a circulação dos gases é provocado pela depressão causada pela presença da chaminé. É este o esquema que foi mais utilizado nas antigas caldeiras, representado pela figura 5. A tiragem forçada é realizada com o auxílio de ventilador insuflando ar na câmara de combustão, conforme esquema apresentado na figura 6. Nêste caso, a câmara de combustão opera com pressão positiva, e é o modo mais utilizado nas caldeiras flamotubulares e pequenas caldeiras. A principal desvantagem da tiragem forçada é a possibilidade de vazamento de gases de combustão para o ambiente de trabalho, causando problemas de segurança aos operadores e equipamentos. Figura 5 - Tiragem natural. Figura 6 - Tiragem forçada. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 88 Pode ser utilizada em pequenas caldeiras dada a maior facilidade de se construir câmaras de combustão quase que totalmente estanques. A tiragem induzida tem um exaustor na saída da caldeira, o qual suciona os produtos de combustão direcionando-os a chaminé. O ar de combustão é alimentado pela pressão negativa existente na fornalha. O aprimoramento dos dispositivos de combustão e queimadores, no que se refere a eficiência, e estabilidade de chama obrigou o uso de ventiladores de insuflamento de ar face a necessidade de pressão nos dispositivos de entrada do ar de combustão a fim de provocar turbulência na câmara de combustão. A tiragem forçada supre este requisito mas torna-se inadequada para grandes caldeiras. A tiragem balanceada, conforme esquematizada na figura 7, se utiliza de um ventilador de insuflamento de ar na fornalha, e exaustor dos produtos de combustão na saída da caldeira. A pressão da fornalha e dentro da zona de convecção pode ser controlada, de maneira a ainda se manter negativa em relação a atmosfera e mesmo assim ter pressão disponível aos dispositivos de mistura e combustão dos queimadores. Uma variação representativa da pressão estática ao longo do caminho dos gases pode ser encontrada na figura 8. Figura 8 - Variação da pressão estática em caldeira de tiragem balanceada. Figura 8 - Tiragem balanceada. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 89 2.1 - Perda de carga A perda de pressão estática dos gases de combustão, ou seja , a perda de carga deve ser suprida pelos dispositivos de circulação, ventilador, exaustor e chaminé, garantindo assim o fluxo através da caldeira. Na sua forma mais geral, a perda de carga através de um dispositivo ou duto pode ser calculada pela equação: =∆ 2 2vKp ρ onde: ∆∆∆∆p : perda de carga ρρρρ : densidade do fluido v : velocidade média do fluido K : coeficiente de perda de carga Para dispositivos em geral, e singularidades tais como injetores, curvas, expansões, aletas de direcionamento, o coeficiente é obtido experimentalmente e encontram-se na literatura diversas configurações tabeladas, porém dificilmente abrange todas as necessidades especificas de um projeto de uma caldeira. Assim, alguns valores de perda de carga tem que ser estimados e experimentados. Para o fluxo de fluidos dentro de dutos, ou por fora de tubos circulares, a perda de carga pode ser calculada através da equação: ∆p f L d v D= ρ 2 2 onde: fD: coeficiente de atrito de Darcy L : comprimento total do duto d : diâmetro característico do duto ou tubo No caso de fluxo dentro de tubos, o fator fD depende do nº de Reynolds e da rugosidade relativa do tubo. Gráficos para determinação de fD podem ser encontrados no final deste capítulo. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 90 Para o fluxo de fluidos por fora de tubos, o caso de feixes de convecção, a perda de carga pode ser calculada segundo as fórmulas: 14,0 2 2 = =∆ m p fNfK vKp µ µ ρ onde: f : fator de correção Nf : nº de fileiras de tubos µµµµp : viscosidade do fluido na temperatura da parede µµµµm : viscosidade do fluido na temperatura da mistura O fator de correção f é uma função do nº de Reynolds e de características geométricas do feixe de tubos. Para tubos alinhados f pode ser estimado pela equação: 15,0 max 13,143,0 Re 08,0 044,0 − + − += pS de t p de deS de S f onde: Sp : espaçamento longitudinal dos tubos St : espaçamento transversal dos tubos de : diâmetro externo dos tubos Remax : nº de Reynolds na condição de escoamento de menor secção de passagem Para tubos arranjados em quicôncio, o fator f pode ser estimado pela equação: 16,0 max08,1 Re 118,025,0 − − += de deS f t EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 91 2.2 - Chaminés e Ventiladores A perda de carga do escoamento dos gases de combustão deve ser vencida pela diferença de pressão ocasionado pelos ventiladores e chaminé. A chaminé tem como função principal a dispersão adequada dos produtos de combustão no meio ambiente. Quanto maior a altura da chaminé, menor deve ser a concentração de material particulado e gases poluentes, emitido pelo sistema de combustão, ao nível do solo circunvizinho. A chaminé também provoca uma depressão no sistema pela diferença da densidade da coluna de fluido dentro da chaminé em comparação a densidade do ar atmosférico. A depressão gerada pela chaminé é calculada pela equação: ( )gHp garc ρρ −=∆ onde: ∆∆∆∆pc : depressão causada pela chaminé H : altura útil da chaminé ρρρρar : densidade ao ar na temperatura ambiente ρρρρg : densidade do gás na temperatura média da chaminé g : aceleração da gravidade A temperatura do gás na chaminé deve ser tomada como a temperatura média entre o pé da chaminé e a temperatura verdadeira da saída dos gases. A temperatura do pé da chaminé é a temperatura de saída dos produtos de combustão na caldeira. É um valor geralmente conhecido ou fácil de ser medido. Os produtos de combustão vão perder calor ao ambiente enquanto fluem para o tôpo da chaminé. A perda de calor depende das condições ambientais externas, tais como a temperatura ambiente, a velocidade do vento, e as características e dimensões da parede da chaminé. A variabilidade deste parâmetros pode não compensar o esforço de se calcular a perda de calor pela chaminé. De um modo geral, a fim de se estimar a perda de temperatura dos gases de combustão fluindo pela chaminé podemos tomar como valores básicos uma queda de temperatura da ordem de 0,2 a 0,6 ºC/metro linear da altura da chaminé. A densidade dos produtos de combustão, bem como outras propriedades necessárias aos cálculos de troca de calor e perda de carga pode ser calculada em função da composição molecular dos produtos e das propriedades de cada componente da mistura na temperatura desejada. Assim, a densidade da mistura, e similarmente, outras propriedades, fica determinda por: ρ ρmistura i ix= ∑ onde: xi : concentração molar do componente i ρρρρi : densidade do componente i EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 92 Analisando-se a equação que fornece a depressão causada pela chaminé observamos que esta é proporcional a altura útil da chaminé. Por outro lado, a perda de carga provocada pela circulação do fluido na própria chaminé deve ser calculada e esta também aumenta com a altura linear da chaminé, além de ser uma função da velocidade dos gases. Para o cálculo da perda de carga na chaminé, assume-se que a chaminé comporta-se como um duto, e uma altura excessiva da chaminé pode ter o efeito inverso de diminuir a depressão disponível para a caldeira por excesso de perda de carga. Para tiragem natural, as velocidades recomendadas estão na faixa dos 4 a 8 m/s. Com tiragem artificial pode-se chegar a valores da ordem de 10 a 15 m/s. O comportamento de todo o circuito de circulação dos gases na caldeira em função da vazão de gases é apresentado na figura 9 em contraposição a curva de funcionamento típica de um ventilador. O ponto de equilíbrio deve ser atingido quando para uma mesma vazão, as duas curvas características apresentam a mesma diferença de pressão. É óbvio que isto só ocorre num ponto, e para que os sistema tenha operação flexível numa ampla faixa de vazão de gases, a curva característica da perda de carga é modificada com adição de dispositivos de contrôle, tais como válvulas de regulagens de vazão, as quais introduzem uma perda de carga variável conforme sua posição de abertura. Este é o sistema mais comum e barato, porém muitas vezes implica num consumo extra operacional de pressão. Em grandes sistemas, onde os custos operacionais são expressivos, um outro método é modificar-se a curva característica dos ventiladores e exaustores através da variação da rotação do ventilador, com o auxílio de variadores de velocidade eletromagnéticos, hidráulicos ou de outros dispositivos. Figura 9 - Curva característica de um ventilador centrífugo e do circuito de perda de carga de gases. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 93 Figura 10 - Grau de rugosidade de tubos em função dos diâmetros e dos materiais. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 94 Figura 11 – Diagrama de Moody para cálculo de carga no interior de dutos. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 66 cap. 4 - GERADORES DE VAPOR 1 - Introdução Vapor de água é usado como meio de geração, transporte e utilização de energia desde os primórdios do desenvolvimento industrial. Inúmeras razões colaboraram para a geração de energia através do vapor. A água é o composto mais abundante da Terra e portanto de fácil obtenção e baixo custo. Na forma de vapor tem alto conteúdo de energia por unidade de massa e volume. As relações temperatura e pressão de saturação permitem utilização como fonte de calor a temperaturas médias e de larga utilização industrial com pressões de trabalho perfeitamente toleráveis pela tecnologia disponível, já há muito tempo. Grande parte da geração de energia elétrica do hemisfério norte utiliza vapor de água como fluído de trabalho em ciclos termodinâmicos, transformando a energia química de combustíveis fósseis ou nucleares em energia mecânica, e em seguida, energia elétrica. Toda indústria de processo químico tem vapor como principal fonte de aquecimento: reatores químicos, trocadores de calor, evaporadores, secadores e inúmeros processos e equipamentos térmicos. Mesmo outros setores industriais, como metalúrgico, metal-mecânico, eletrônica, etc., podem-se utilizar de vapor como fonte de aquecimentos de diversos processos. Vapor saturado tem a grande vantagem de manter temperatura constante durante a condensação a pressão constante. A pressão de condensação do vapor saturado controla indiretamente a temperatura dos processos. O controle de pressão, por ser um controle mecânicode ação direta é conseguido muito mais fàcilmente que o controle direto de temperatura. A faixa de temperaturas até 170 ºC utiliza vapor saturado até 10 kgf/cm2 , cuja temperatura de saturação é 183 ºC. Nesta faixa está a grande maioria de pequenos e médios consumidores de vapor. Maiores temperaturas são possíveis a custa do aumento da pressão de saturação, o que implica num maior custo de investimento devido a necessidade de aumento da resistência mecânica e requisitos de fabricação e inspeção do gerador de vapor. O limite da temperatura de vapor saturado é o ponto crítico, a 374 ºC e 218 atmosferas. Não é vantajoso utilizar-se vapor superaquecido para processos de aquecimento a temperaturas mais altas, já que perderíamos a facilidade de controle de temperatura e diminuiríamos drasticamente a disponibilidade de energia por unidade de massa ou volume de vapor. Vapor superaquecido é utilizado e produzido para geração de energia elétrica ou mecânica em ciclos termodinâmicos, e neste caso a limitação de temperaturas de trabalho fica por conta dos materiais de construção empregados. Em utilização industrial, poderíamos arbitrar uma classificação de geradores de vapor em relação a pressão de trabalho: - baixa pressão: até 10 kgf/cm2 - média pressão: de 11 a 40 kgf/cm2 - alta pressão: maior que 40 kgf/cm2 Repetindo que esta classificação é arbitrária, porém representativa da faixa de utilização de vapor na indústria. Grandes caldeiras, as quais são utilizadas tanto para geração própria de energia elétrica quanto para processos de aquecimento, estão limitadas a pressões da ordem de 100 kgf/cm2 . Existem caldeiras de maiores pressões, mas utilizadas EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 67 somente em grandes centrais termoelétricas ou grandes complexos industriais, representando um número muito reduzido de unidades, em comparação com as milhares de pequenas caldeiras em operação. 2 - Desenvolvimento das Caldeiras As primeiras aplicações práticas ou de caráter industrial de vapor surgiram por volta do século 17. O inglês Thomas Savery patenteou em 1698 um sistema de bombeamento de água utilizando vapor como força motriz. Em 1711, Newcomen desenvolveu outro equipamento com a mesma finalidade, aproveitando idéias de Denis Papin, um inventor francês. A caldeira de Newcomen era apenas um reservatório esférico, com aquecimento direto no fundo, também conhecida como caldeira de Haycock (figura 1). James Watt modificou um pouco o formato em 1769, desenhando a caldeira Vagão ( figura 2), a precursora das caldeiras utilizadas em locomotivas a vapor. Apesar do grande desenvolvimento que Watt trouxe a utilização do vapor como força motriz, não acrescentou muito ao projeto de caldeiras. Todos estes modelos provocaram desastrosas explosões, devido a utilização de fogo direto e ao grande acúmulo de vapor no recipiente. A ruptura do vaso causava grande liberação de energia na forma de expansão do vapor contido. Nos finais do século 18 e início do século 19 houveram os primeiros desenvolvimentos da caldeira com tubos de água. O modelo de John Stevens (figura 3) movimentou um barco a vapor no Rio Hudson. Stephen Wilcox, em 1856, projetou um gerador de vapor com tubos inclinados, e da associação com George Babcock tais caldeiras passaram a ser produzidas, com grande sucesso comercial (figura 4). Em 1880, Alan Stirling desenvolveu uma caldeira de tubos curvados, cuja concepção básica é ainda hoje utilizada nas grandes caldeiras de tubos de água (figura 5). Figura 1 - Caldeira de Haycock, 1720 Figura 2 - Caldeira Vagão, de James Watt, 1769 EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 68 Nesta época, tais caldeiras já estavam sendo utilizadas para geração de energia elétrica. A partir do início deste século o desenvolvimento técnico dos geradores de vapor se deu principalmente no aumento das pressões e temperaturas de trabalho, e no rendimento térmico, com utilização dos mais diversos combustíveis. A aplicação a propulsão marítima alavancou o desenvolvimento de equipamentos mais compactos e eficientes. 3 - Tipos de Caldeiras Atualmente, podemos classificar as caldeiras em dois tipos básicos: - flamotubulares, onde os gases de combustão circulam por dentro de tubos, vaporizando a água que fica por fora dos mesmos e - aquatubulares, onde os gases circulam por fora dos tubos, e a vaporização da água se dá dentro dos mesmos. 3.1. Caldeiras flamotubulares: Constituem-se da grande maioria das caldeiras, utilizada para pequenas capacidades de produção de vapor ( da ordem de até 10 ton/h) e baixas pressões (até 10 bar), chegando algumas vezes a 15 ou 20 bar. As caldeiras flamotubulares horizontais constituem-se de um vaso de pressão cilíndrico horizontal, com dois tampos planos (os espelhos) onde estão afixados os tubos e a fornalha. Caldeiras modernas tem diversos passes de Figura 4 - Caldeira de tubos retos,Babcock e Wilcox, 1877. Figura 5 - Caldeira de tubos curvados, Stirling, 1880. Figura 3 - Caldeira de tubos de água, 1803. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 69 gases, sendo mais comum uma fornalha e dois passes de gases (figura .6). A saída da fornalha é chamada câmara de reversão e pode ser revestida completamente de refratários ou constituída de paredes metálicas molhadas. Câmara de reversão molhada produz melhores rendimentos térmicos pela diminuição de perdas de calor ao ambiente, porém são mais complicadas construtivamente e consequentemente mais caras. As fornalhas das caldeiras flamotubulares devem ser dimensionadas para que a combustão ocorra completamente no seu interior, para não haver reversão de chama que vá atingir diretamente os espelhos, diminuindo a vida útil da caldeira. A fornalha também se constitui de um corpo cilíndrico e está completamente imersa em água. Pela sua própria concepção, caldeiras flamotubulares modernas só queimam combustíveis Figura 6 - Tipos de caldeiras flamotubulares EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 70 líquidos ou gasosos, devido a dificuldade de se instalar grelhas para combustíveis sólidos. Algumas caldeiras flamotubulares de pequena capacidade queimam combustíveis sólidos através de adaptação de grelhas na fornalha, porém são limitadas ao tamanho necessário da área de grelha. Para queima de combustíveis sólidos em caldeiras de pequena capacidade utiliza-se as caldeiras mistas, que serão tratadas mais adiante. Desde as primeiras caldeiras do século 17, até os modelos atuais, as caldeiras flamotubulares passaram por sucessivos desenvolvimentos até a atual concepção de uma fornalha e mais dois passes de gases de combustão. A grande aceitação deste tipo para pequenas capacidades está associada principalmente no seu baixo custo de construção, em comparação com uma aquatubular de mesma capacidade. Por outro lado, o grande volume de água que acondiciona limita, por questões de segurança, as pressões de trabalho e a qualidade do vapor na condição de vapor saturado. A figura 7 mostra uma caldeira flamotubular moderna, com câmara de reversão molhada e fornalha corrugada. A água acumulada no corpo da caldeira pode funcionar como um pulmão de vapor, respondendo a súbitas flutuações de demanda com pouca queda de pressão da rede de vapor, sendo adequada portanto para aplicações onde o consumo é variável. A eficiência térmica destas caldeiras está na faixa de 80 a 90%, sendo dificil se atingir maiores valores pela dificuldade de se acrescentar equipamentos adicionais de recuperação de calor. Figura 7 - Caldeira flamotubular com câmara de reversão molhada e fornalha corrugada. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de VaporProfº Waldir A. Bizzo 71 3.2 - Caldeiras aquatubulares: As caldeiras aquatubulares tem a produção de vapor dentro de tubos que interligam 2 ou mais reservatórios cilíndricos horizontais, conforme figura 8: - o tubulão superior, onde se dá a separação da fase líquida e do vapor, e - o tubulão inferior, onde é feita a decantação e purga dos sólidos em suspensão. Os tubos podem ser retos ou curvados. As primeiras caldeiras aquatubulares utilizavam tubos retos, solução hoje completamente abandonada, apesar de algumas vantagens, como a facilidade de limpeza interna dos tubos. A caldeira de tubos curvados, interligando os balões, proporcionam arranjo e projeto de câmaras de combustão completamente fechada por paredes de água, com capacidades praticamente ilimitadas. Dada a maior complexidade construtiva em relação às caldeiras flamotubulares, as aquatubulares são preferidas somente para maiores capacidades de produção de vapor e pressão, exatamente onde o custo de fabricação do outro tipo começa a aumentar desproporcionadamente. Em relação ao modo de transferência de calor no interior de caldeira existem normalmente duas secções: - a secção de radiação, onde a troca de calor se dá por radiaçãodireta da chama aos tubos de água, os quais geralmentedelimitam a câmara de combustão. - a secção de convecção, onde a troca de calor se dá por convecção forçada, dos gases quentes que sairam da câmara de combustão atravessando um banco de tubos de água. Nao há limite físico para capacidades. Encontram-se hoje caldeiras que produzem até 750 t/h de vapor com pressões até 3450 atm. Figura 8 - Esquemas construtivos de caldeiras aquatubulares, com circulação natural. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 72 Figura 9 - Caldeira aquatubular compacta Figura 10 - Caldeira aquatubular de grande porte. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 73 Para aplicação industrial, as capacidades variam da ordem de 15 a 150 t/h, com pressões até 90-100 bar. As figuras 9 e 10 mostram uma caldeira aquatubular compacta e uma caldeira de alta produção de vapor. Circulação da água A água pode circular por convecção natural pelos tubos, devido a diferença de densidade entre o líquido e vapor formado pelo aquecimento conforme esquematizado na figura 11. A figura 12 mostra um gráfico que nos fornece a relação entre os pesos específicos do líquido e vapor saturado em função da pressão de saturação. A força motriz da circulação de água é exatamente a diferença de pêso específico. Caldeiras de pressão próxima ao ponto crítico (218 atm), ou maior, necessitam de circulação assistida , devido a pouca diferença entre as densidades de líquido e vapor. Um esquema da circulação de caldeira deste tipo esta mostrado na figura 13. Câmara de combustão. As paredes de água da câmara de combustão podem ser totalmente integrais, ou seja, cada tubo tangente ao próximo formando uma parede impermeável aos gases, ou ainda podem ser construídas com tubos interligados por aletas de chapa soldadas. Há ainda paredes de água com tubos espaçados e parede refratária. O calor que não atinge diretamente os tubos é reirradiado pelo revestimento refratário (figura 14). Figura 11 - Esquema da circulação natural da água da caldeira. Figura 12 - Relação entre os pesos específicos da água líquida e vapor saturado, em função da pressão de saturação EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 74 3.3 - Caldeiras mistas A necessidade de utilização de combustíveis sólidos para caldeiras de pequena capacidade fez surgir uma solução híbrida que são as caldeiras mistas. Basicamente são caldeiras flamotubulares com uma antecâmara de combustão com paredes revestidas de tubos de água. Na antecâmara se dá a combustão de sólidos através de grelhas de diversos tipos possibilitando assim o espaço necessário para os maiores volumes da câmara de combustão necessários a combustão de sólidos, principalmente em grandes tamanhos, tais como lenha em toras, cavacos, etc, além da possibilidade de retirada de cinzas por baixo das grelhas (o cinzeiro). As caldeiras mistas não reumem todas as vantagens da aquatubular, como a segurança, maior eficiência térmica, etc., porém, é uma solução prática e eficiente quando se tem disponibilidade de combustível sólido a baixo custo. Tem ainda a possibilidade de queimar combustível líquido ou gasoso, com a instalação de queimadores apropriados. O rendimento térmico destas caldeiras são menores que as flamotubulares, devido a perda de calor pela antecâmara. Dificilmente as paredes frontais e traseira são revestidas de tubos, devido a dificuldade construtiva pelo pequeno tamanho da caldeira (figura 15). Figura 15 - Caldeira flamotubular com ante-fornalha de paredes de água. Figura 14 - Tipos de paredes de água para fornalhas de caldeiras aquatubulares. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 75 3.4 - Caldeiras de recuperação de calor Alguns processos de fabricação geram gases de processo ou de combustão com temperatura alta o suficiente para se recuperar calor destes. Como exemplo, gases de alto forno ou gases de processos de fabricação de amônia, ou produtos de combustão de incineradores e fornos de alta temperatura (figura 16). Neste caso, a caldeira pode ser tanto aquatubular como flamotubular, valendo ainda a escolha pela capacidade de produção de vapor, optando-se pela aquatubular para maiores capacidades. 4 - Componentes principais de caldeiras Caldeiras flamotubulares são geralmente equipamentos montados em base única e poucos acessórios além dos necessários são acrescentados. Grandes geradores de vapor podem possuir mais componentes além dos que já foram citados. Os principais componentes são: (figura 17) a) cinzeiro: em caldeiras de combustíveis sólidos, é o local onde se depositam as cinzas ou pequenos pedaços de combustível não queimado. b) fornalha com grelha ou queimadores de óleo ou gás. c) seção de irradiação: são as paredes da câmara de combustão revestidas internamente por tubos de água. d) seção de convecção: feixe de tubos de água, recebendo calor por convecção forçada; pode ter um ou mais passagens de gases. e) superaquecedor: trocador de calor que aquecendo o vapor saturado transforma-o em vapor superaquecido. f) economizador: trocador de calor que através do calor sensivel dos gases de combustão saindo da caldeira aquecem a água de alimentação. g) pré-aquecedor de ar: trocador de calor que aquece o ar de combustão também trocando calor com os gases de exaustão da caldeira. h) exaustor: faz a exaustão dos gases de combustão, fornecendo energia para vencer as perdas de carga devido a circulação dos gases. i) chaminé: lança os gases de combustão ao meio ambiente, geralmente a uma altura suficiente para dispersão dos mesmos. Figura 16 - Caldeira de recuperação de calor de gases de processo EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 76 A caldeira pode ainda ter equipamentos de limpeza dos gases, tais como filtros, ciclones ou precipitadores eletrostáticos para captação de material particulado ou ainda lavadores de gases para captação de gases ácidos: SOx,NOx, etc... 4.1 - Superaquecedores: Vapor saturado é extraído do tubulão superior e entra em um trocador de calor instalado dentro da própria caldeira. Os superaquecedores podem ser de natureza apenas convectiva, ou seja, recebe calor somente por convecção térmica, ou de irradiação, e neste caso, estão localizados dentro da própria câmara de combustão, ou na saída desta, de maneira que receba calor por radiação da chama ou dagrelha. A temperatura de superaquecimento varia com a carga da caldeira, já que a troca de calor não é acompanhada de mudança de fase como na vaporização. A troca de calor dentro do superaquecedor é função da velocidade do vapor dentro dos tubos e da velocidade dos gases na zona de convecção. A figura 17 mostra o comportamento da temperatura de superaquecimento do vapor conforme a carga da caldeira e o tipo de trocador. Equipamentos de convecção aumentam a temperatura de superaquecimento com o aumento da carga da caldeira, pois os coeficientes de troca de calor tendem a aumentar com as maiores velocidades dos gases e também do vapor dentro dos tubos. Superaquecedores de irradiação tem a temperatura de saída diminuida com o aumento da produção de vapor. A irradiação de calor varia pouco com a carga de produção de vapor . Em baixa carga a velocidade do vapor é mais baixa e consequentemente os coeficientes de transferência de calor também. Para manter a temperatura de saída do superaquecedor constante, projetaram-se unidades mistas com secções de radiação e convecção. Figura 16 - Componentes principais de um gerador de vapor. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 77 O controle fino da temperatura de superaquecimento pode ser feito de diversas maneiras: - contrôle da taxa de radiação, através do contrôle da posição angular dos queimadores de óleo ou gás, direcionando a chama radiante ao superaquecedor, ou contrôle da capacidade de combustão dos queimadores mais próximos ao superaquecedor. - desvio de gases passando pelo superaquecedor, através de uma válvula de desvio regulavel automáticamente. - utilização de dessuperaquecedor (ou atemperador), na saída do superquecedor, o qual através da injeção direta de água líquida controla a temperatura de saída do vapor superaquecido. Neste caso o superquecedor tem que ser projetado para temperatura de saída maior que o necessário, a fim de permitir margem de contrôle. A temperatura de saída do atemperador é então controlada pela vazão de água injetada. Um esquema do atemperador é mostrado na figura 18. O atemperador é atualmente o método mais utilizado, pois proporciona ótimo contrôle e rápida resposta com a variação da carga, e independe do tipo de superaquecedor, seja de radiação, de convecção ou misto. Variações nos detalhes construtivos de superaquecedores são diversas, e se referem ao número de passes de vapor, tipo de suporte do equipamento dentro da caldeira, uso de superfícies aletadas na zona de convecção, etc. A figura 19 mostra detalhe de um superaquecedor de radiação. Figura 17 - Temperatura de saída de superaquecedores em função da carga da caldeira. Figura 18 - Esquema construtivo de dessuperaquecedor. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 78 4.2 - Economizadores Os economizadores se destinam a aquecer a água de alimentação antes de ser introduzida no interior da caldeira. O pré aquecimento é feito através da troca de calor com os gases de combustão saindo da caldeira. O aproveitamento do calor sensível dos gases de combustão traz um aumento de eficiência térmica do equipamento. Economizadores são trocadores de calor gás-líquido. Devido ao baixo coeficiente de troca de calor por convecção no lado dos gases, geralmente os economizadores são compostos por tubos aletados. Em relação á sua instalação, devem estar localizados após a última superfície de convecção do gerador de vapor. Podem ser fabricados integralmente à caldeira, ou podem ser adicionados na parte exterior da mesma, logo após a saída dos gases (figuras 20 e 21). Economizadores são praticamente usados em médias e grandes instalações. O custo adicional comparado com o ganho de rendimento térmico não viabiliza a utilização em pequenas caldeiras, e que geralmente se utilizam de alimentação intermitente de água, impossibilitando, portanto, a operação em uso contínuo e simultâneo dos fluxos de água e produtos de combustão. Figura 20 - Elementos de economizadores de tubos aletados. Figura 21 - Economizador de tubos aletados. Figura 19 - Painéis radiantes pendentes de superaquecedor. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 79 4.3 - Pré-aquecedores Os pré-aquecedores de ar elevam a temperatura do ar de combustão antes de sua entrada nos queimadores ou fornalha, através da troca de calor com os produtos de combustão saindo da caldeira. Além da vantagem de aumento de rendimento térmico por diminuição das perdas nos gases de exaustão, o ar pré-aquecido melhora o funcionamento e rendimento dos queimadores ou da fornalha. Ar pré-aquecido aumenta a estabilidade de chama, a temperatura interna da câmara de combustão, aumentando portanto a troca de calor por radiação, permitindo a utilização de menor excesso de ar. O fato de se utilizar também o calor sensível dos gases de combustão não impede seu uso conjunto com o economizador, o qual quando usado , deve vir antes do pré-aquecedor, já que existem limitações quanto a temperatura máxima do ar de combustão conforme o tipo de queimador e combustível utilizado. Pré-aquecedores de ar são trocadores de calor gás-gás, e os tipos mais utilizados são: - tubulares, (figura 22) - regenerativos rotativos (figura 23)e - de placas. Não é vantajoso a utilização de tubos aletados em pré-aquecedores de ar, pois os coeficientes de película são da mesma ordem de grandeza para os dois lados: ar e gases de combustão. Para o devido aproveitamento de aletas, esta deveriam estar montadas nos dois lados do Figura 22 - Pré- aquecedor de ar, tubular vertical. Figura 23 - Pré-aquecedor de ar regenerativo rotativo. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 80 fluxo, o que dificulta sua aplicação em tubos de secção circular. Alguns trocadores de placas retas possuem aletas em ambos os lados, quando são construídos em unidades modulares. Os pré-aquecedores de ar regenerativos rotativos se utilizam do armazenamento de calor sensível em elementos vazados de um rotor rotativo, o qual girando a baixa rotação (2 a 4 rpm), alternam cada elemento em contacto com os gases quentes saindo da caldeira e o ar frio sendo aquecido. Sempre existe uma pequena mistura de ar e gases de combustão, já que é difícil efetuar-se uma construção perfeitamente estanque entre as correntes de fluxo que atravessam o rotor. Devido a sua complexidade construtiva, tais pré-aquecedores sómente são viáveis em grandes unidades de geração de vapor. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 41 cap 3 - QUEIMADORES A função do queimador é o de fazer com que o combustível e o oxidante fiquem em contato o tempo suficiente e à temperatura suficiente para ocorrer e completar a reação de combustão. Uma vez que a maioria das reações de combustão acontecem na fase gasosa, o contato eficiente depende de: Tempo, Temperatura e Turbulência. Em geral os queimadores não podem ser considerados isolados do forno pois os arredores obviamente vão ter um efeito sobre a quantidade de calor perdida pela chama, consequentemente sobre a sua temperatura, sobre o tempo em que os gases da chama são mantidos na zona de combustão e, sobre a recirculação do gás. Considere as paredes da câmara de combustão fechada e fria, a chama vai perder calor rapidamente e sua temperatura pode ser tão reduzida que a queima cessa antes que se complete. Isto vai acontecer por exemplo, quando um forno é ligado frio. Outro resultado de uma câmara de combustão fria será o alongamento da chama por causa das reações químicas mais lentas em temperatura reduzida. Do mesmo modo, paredes refratárias quentes vão irradiar o calor de voltapara a chama, aumentando sua temperatura e a intensidade de combustão, dando uma chama menor e mais intensa. De maneira semelhante, se o calor é irradiado para a base da chama ele vai reduzir a zona de pré-aquecimento, novamente aumentando a intensidade da combustão. Enquanto que a turbulência inicial pode ser gerada pelo queimador, seu desenvolvimento pode ser alterado pela proximidade das paredes da câmara. Além de fazer uma boa mistura do combustível e do oxidante , a turbulência tem o efeito de fazer com que os gases quentes e os intermediários da combustão retornem para a zona de ignição, com a consequente redução no tempo de ignição. A maneira de introdução do ar secundário também pode afetar a forma, intensidade e estabilidade da chama. Se o ar secundário é adicionado com alta turbulência, isto aumentará a turbulência dando uma chama menor e mais intensa a ignição mais estável. Se o ar secundário é adicionado rápido demais a uma chama que queima devagar, ele pode ter um efeito de esfriamento brusco e portanto o ar secundário é normalmente adicionado em etapas. Do mesmo modo, o ar secundário em excesso pode ter um efeito de esfriamento em qualquer chama. Este efeito pode ser reduzido se usarmos ar secundário quente. A combustão de gás de óleo vaporizado, óleo pulverizado ou sólido pulverizado, pode ser considerada semelhante no aspecto que a combustão ocorre na fase gasosa. A combustão de combustíveis sólidos tanto nos leitos fixos como nos fluidizados depende mais da transferência de massa sólido/gás do que da mistura na fase gasosa. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 42 3.1 - QUEIMADORES DE GASES Os gases podem ser classificados em termos de velocidade da chama e do índice de Wobbe para propósitos de projeto do queimador. O índice de Wobbe é uma medida de energia do gás que passa através de um determinado orifício com uma determinada queda de pressão. Os gases combustíveis são frequentemente divididos em três grupos: Tabela 3.1 - Grupos de índice de Wobbe Grupo Índice de Wobbe (MJ/m3) velocidade de chama A/C (vol) exemplo 1 24,4 - 28,8 alta 3~4 gás de rua 2 48,2 - 53,2 baixa 7~8,5 gás natural 3 72,6 - 87,6 baixa ~25 GLP Além desses gases distribuídos, existem os gases de baixo poder calorífico (gás de gasogênio) que são produzidos e queimados no mesmo local. Estes podem ser produzidos para utilização num processo perto do local de produção, ou serem produtos secundários de outros processos como por exemplo o gás de alto forno ou gás de forno de coque. Os gases de baixo poder calorífico tem uma grande relação de volume/energia para serem economicamente distribuídos. O gás do gasogênio caiu em desuso na década de 50 e nas últimas décadas voltou com um papel maior em alguns países, incluindo o Brasil. Por causa da grande disponibilidade de gás natural, há uma tendência mundial em deslocar-se os gases do grupo 1 para o grupo 2. Devido aos altos índices de Wobbe, a capacidade de um sistema de distribuição em unidades de calor é aumentada através da mudança de gases do grupo 1 para o grupo 2. Onde o gás natural não é disponível há tendência de produzir gases baseados em metano, extraídos do carvão ou do óleo. O metano tem uma razão ar de combustão/volume combustível cerca de duas vezes a do gás de carvão. Assim, o gás vai precisar de uma velocidade maior para arrastar seu ar de combustão do que aquela exigida pelo gás de carvão. No caso de GLP a velocidade de chama é semelhante à do metano, mas o poder calorífico por volume e a razão ar/combustível por volume serão maiores. Tipos de queimadores de gases Podemos classificar os queimadores de gás em 3 tipos básicos, conforme a maneira em que é misturado o ar e o gás combustível: - queimadores de chama de difusão - queimadores com pré-mistura - queimadores com bicos de mistura (ou de mistura direta). EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 43 Queimadores com chama de difusão Num queimador de chama de difusão o gás sai do bico para a zona de combustão com velocidade suficiente para arrastar dos arredores seu ar de combustão e dar uma chama da intensidade exigida. Alguns queimadores, especialmente os de pequenos tamanhos, dão uma chama permitindo uma grande área para a difusão do ar, e portanto, uma chama muito intensa. Quando os gases do grupo 2 ou 3 são empregados num queimador de difusão, a tendência é a chama se apagar na saída antes que ela possa arrastar uma quantidade útil de ar. Nêste caso, utiliza-se então estabilizadores de chama na forma de jatos piloto que fornecem calor e espécies ativas para a base da chama, ou na forma de promotores de recirculação que fornecem calor e intermediários de cadeia para a base da chama principal, o que permite que a estabilidade da chama seja mantida com valores úteis de fluxo de gás. As chamas difusoras são usadas em queimadores pequenos porque elas são estáveis, silenciosas, tem boa faixa de controle e não requerem um ajuste de entrada de ar e de gás. Alguns tipos de queimnadores de difusão são mostrados na figura 1. Figura 1. Alguns tipos de queimadores de difusão EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 44 Queimadores com pré-mistura ou ventilados O tipo básico do queimador com pré-mistura é representado pelo queimador Bunsen (figura 2), e este é apropriado somente para uso em pequeno tamanho por causa da possibilidade de retorno de chama dentro do tubo em queimadores maiores. A pressão do gás através de um orifício, arrasta o ar para o tubo de mistura. Com a pressão do gás encanado (ou GLP na pressão reduzida), apenas 50% do ar de combustão é arrastado; o restante precisa ser fornecido como ar secundário. Queimadores de barra (figura 3), são queimadores do tipo Bunsen, com orifícios múltiplos. Utilizando cerâmica porosa ou perfurada ou tela na boca do queimador, pode-se realizar a combustão na superfície. Os queimadores com pré-mistura geralmente estão disponíveis em tamanhos pequenos, mas também podem ser usados em grupos e queimadores de barra para caldeiras, fornos de fundição de metal, etc. A aplicação típica de queimadores pré-misturados é em fogões domésticos e industriais. A velocidade da chama de um gás tem considerável efeito sobre o projeto do queimador; com um gás de chama de alta velocidade é fácil produzir-se uma chama estável, mas o retorno de chama pode ser um problema, e em alguns queimadores maiores podem levar a detonações perigosas. Em geral os gases com chama de alta velocidade vão conter alta porcentagem de hidrogênio, por exemplo, gás de rua, de carvão ou de Figura 2. Queimador tipo Bunsen. Figura 3. Queimador de barra com pré mistura EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 45 nafta. Gráficos de estabilidade de chama (diagrama fuidge) estão representados na figura 4. Figura 4. Diagrama Fuidge. Com o gás cuja chama é de baixa velocidade, o retorno da chama já não é um problema sério, mas os limites de inflamabilidade (relação ar/combustível) ficam mais próximos e a saída da chama se torna um problema importante. Um gráfico de predição da estabilidade de chama é mostrado na figura 5. Figura 5. Diagrama de predição de chama EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 46 Queimadores com bicos de mistura (Nozzle Mix Burners) São aqueles em que o gás e o ar são misturados no ponto em que ocorre a combustão (figura 6). Geralmente estes queimadores são empregados em grandes capacidades à medida em que não há nenhuma possibilidade de retorno de chama. Os queimadores com bicos de mistura podem ser do tipo de registro, onde a combustão ocorre na saídado queimador, ou do tipo de queimadores em túnel onde a combustão ocorre num tubo refratário. Figura 6. Queimador com bico de mistura Queimadores de registro O queimador de registro simples consiste em um injetor de gás rodeado por uma entrada de ar e a combustão ocorre na frente do queimador. Normalmente é necessário um dispositivo de estabilização de chama, como por exemplo, nas pequenas unidades, uma grade estabilizadora. Nas unidades grandes, a turbulência, um obstáculo ou a forma da câmara de combustão podem ser utilizadas para fornecer a estabilização da chama. As posições da entrada de ar e do gás podem ser trocadas (não é comum), ou pode haver entradas múltiplas de gás ou de ar. O queimador de registro tanto de tamanho pequeno como de tamanho grande, pode ser adaptado para queimar dual de óleo e gás (figura 7). EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 47 Figura 7. Queimador DUAL óleo e gás. Queimadores em túnel Nos queimadores de tunel a combustão ocorre dentro de um túnel refratário. Este queimador se parece com um queimador de pré-mistura que opera numa condição permanente de retorno de chama. O túnel refratário incandescente minimiza a perda de calor da chama, e portanto, Figura 8. Combinação de injetor e câmara de combustão. intensifica a combustão. São em geral, com a pressão do gás regulado para pressão atmosférica ("Zero Governed") com injetor que controla a relação de ar/combustível e o fluxo de gás é induzido pela pressão do ar (figura8). EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 48 A forma do túnel utilizado pode alterar a eficiência da perda de pressão do queimador. As mudanças na contrapressão do forno podem fazer necessário uma pequena pressão positiva de gás. Em geral, o acendimento dos queimadores em túnel é difícil. Um método empregado é o de acender a mistura entre o injetor e o túnel e deixar a chama prosseguir para dentro do túnel onde ela se estabiliza. Queimadores a gás por radiação Podem ser do tipo de chapa radiante, em que o gás/ar pré- misturado sai passando às costas de um ladrilho poroso ou perfurado (figura 9). Os queimadores com cuba radiante em que a chama incide sobre uma telha em forma de cuba, altenativamente, um tubo aquecedor radiante que pode ser simples ou com um sf terminal, pode ser usado para dar um aquecimento indireto. A proporção de calor radiante para o calor convectivo, emitido por um aquecedor radiante direto, raramente é mais do que 15%. O principal emprego dos tubos aquecedores por radiação é quando a contaminação do material com os produtos da combustão não é desejado. Temperaturas até 1500 ºC na superfície são obtidas com tubos de cerâmica. Figura 9. Queimadores típicos de radiação, a gás. SEGURANÇA E CONTROLE DOS QUEIMADORES A GÁS Pode ser visto no diagrama da figura 10 que os gases que contém hidrogênio, apresentam maior risco de ignição, tendo chamas de altas velocidades e maiores limites de inflamabilidade. O diâmetro de esfriamento, diâmetro mínimo do tubo em que uma chama vai atravessar sem se extinguir, mostra uma variação semelhante. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 49 Tabela 1 - Diâmetro de esfriamento de diversos gases com Ar com Oxigênio Metano 1 cm Estes valores Propano 1 cm são aproxima- Butano 1 cm damente a me- Gás de rua 0,5cm tade Hidrogênio 0,4cm É claro que uma chama misturada anteriormente é perfeitamente segura, desde que o diâmetro do tubo de mistura não exceda o diâmetro de esfriamento. Num tubo de diâmetro maior, um aparelho corta chama que consista em diversos tubos de diâmetro pequeno, um grupo de tubos, ou um pacote de metal enrolado, vai impedir a travessia da chama. Mas na medida em que frente de chama avança dentro de um tubo, ela pode acelerar e formar uma onda de denotação que não vai ser parada por um corta chama. Portanto, o corta chama deve estar na boca do tubo de mistura. Figura 10. Diagrama de velocidade de chama adiabática horizontal pré misturada de diversos gases, nas condições normais. Regras de segurança bem óbvias são aplicáveis aos queimadores a gás (e em menor extensão, à maioria dos outros tipos de queimadores). A ignição nunca deve ser feita quando pode haver um volume considerável de mistura combustível na câmara de combustão, causado por:- - Vazamento de gás durante os períodos de inatividade; - Uma tentativa de ignição sem sucesso; EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 50 - Perda de combustão. Num queimador novo, ou depois que a manutenção tenha sido feita, as linhas de conexão vão conter ar, portanto, a mudança para o gás pode envolver uma mistura combustível num dado ponto. Todas as linhas deveriam ser purgadas antes do funcionamento, tanto com:- - Um gás inerte - Gás de combustão escapando através de um corta chama ou através de um maçarico de bico menor do que o diâmetro de esfriamento. Ao promover ignição numa câmara de combustão deve ser observado as seguintes operações: 1) Purgue com ar para remover o gás de combustão da câmara; 2) Verifique o funcionamento do sistema de ignição; 3) Ligado o piloto ou o gás principal de baixa porcentagem, verifique a presença da chama; 4) Ligar a chama principal na potência normal. Verifique a presença da chama. Se alguma vez correr o apagamento da chama, o fluxo de gás deve ser interrompido e a câmara de combustão deve ser purgada com ar. Então o ciclo de ignição deve ser recomeçado. Nos queimadores industriais esta sequência de segurança é automática. A presença de chama pode ser detectada por: - sensor de ionização; - célula fotoelétrica (I.R. ou U.V.) QUEIMADORES DE ÓLEO Em geral, os queimadores a óleo são semelhantes aos queimadores a gás, pois são feitos para queimar o óleo na fase de vapor. Isto se aplica para a combustão de gasolina, querosene ou óleo destilado, os quais podem ser vaporizados diretamente do líquido, ou via um pulverizador que produz gotículas que são totalmente vaporizados antes de entrarem na zona de combustão. Para os óleos combustíveis mais pesados a vaporização é lenta e na maioria dos casos deixa um resíduo sólido que na temperatura de combustão deve ser carbono. Dependendo da viscosidade do óleo, a proporção vaporizada será maior ou menor; além disso vai haver o craqueamento que irá produzir um resíduo de carbono, o qual apresenta queima lenta, fazendo que a chama se torne luminosa e de grande emissividade. Para muitos propósitos, especialmente em fornos metalúrgicos, a alta radiação da chama é vantajosa. Quando a transferência térmica convectiva é utilizada, prefere-se em geral uma chama não luminosa. A viscosidade dos óleos mais pesados e de alcatrões combustíveis é tão elevada que eles tem de ser aquecidos até 100 a 200 ºC (dependendo do tipo) antes que possam ser bombeados ou pulverizados. O aquecimento do líquido e temperaturas mais altas que 260 ºC pode causar mudanças na estrutura do combustível com craqueamento e formação de carbono. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 51 QUEIMADORES PULVERIZADORES Os queimadores pulverizadores são disponíveis em tamanhos de cerca de 15 kw para cima. Uma desvantagem dos tamanhos menores é o pequeno tamanho do orifício de controle do fluxo ou jato atomizador que é necessário, com consequente risco de entupimento. Os pulverizadores podem ser divididos em três tipos: - Jato de pressão com fluxo constante ou fluxo variável; - Pulverizador de 2 fluídos para pressão baixa, média e alta. - Copo rotativo; Queimador a jato de pressão O queimador a pulverização mecânica ou jato de pressão produz gotículasde combustível pela passagem do óleo num pequeno orifício. As gotículas são formadas pela alta velocidade do jato de óleo saindo do orifício de encontro a massa de ar ambiente. De modo geral, quanto maior a velocidade relativa entre líq uido e ar, menor deve ser o tamanho médio das gôtas. O pulverizador a jato por pressão é provavelmente o tipo mais usado, sendo que suas desvantagens são as de requerer boa filtragem do combustível nos tamanhos menores e que devido ao fluxo ser proporcional a P1/2 e o tamanho da gotícula a 1/P, ele é inflexível na variação do fluxo se o tamanho da gotícula tiver que ser mantido. Os métodos para se superar isto são: - nas unidades pequenas, controle "liga/desliga", - nas unidades maiores, pode ser usados os jatos múltiplos controlando a taxa de potência, variando-se a quantidade de pulverizadores em uso. Figura 11. Queimador a óleo com atomização mecânica. Existem alguns tipos de pulverizadores a jato de pressão com recirculação de óleo ou com orifício variável que pode dar uma faixa de variação de fluxo maior, sem mudança dos tamanhos das gotas. O uso EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 52 destes não é muito comum. Um exemplo de pulverizador a jato de pressão é mostrado na figura 11 Pulverizador de 2 fluídos. Os pulverizadores de 2 fluidos se utilizam de um fluido auxiliar, geralmente ar ou vapor, para provocar a pulverizaçao do óleo. Um jato de fluido auxiliar corta o jato de óleo provocando a quebra das gotículas. Novamente é a velocidade relativa dos fluidos que vai comandar o tamanho das partículas. Os pulverizadores de 2 fluídos não requerem dimensões tão precisas para manterem o desempenho e são menos suscetíveis ao bloqueio do que os pulverizadores a jato de pressão, sendo portanto, mais apropriados para combustíveis de alta viscosidade. Existem três tipos de pulverizadores de 2 fluídos:- - Pressão baixa - O ar é fornecido por um ventilador para pressões < 10 kPa (0,1 atm) . Até 30% do requisito de ar pode ser necessário para a pulverização, o qual pode ser feito em muitos estágios; - Pressão média - Utilizam ar entre 7 e 100 kPa (0,07 a 1 atm). O volume de ar utilizado é da ordem de 5% da quantidade total; - Pressão alta - Pode utilizar ar ou vapor levemente super- aquecido, como fluído pulverizador. Cerca de 2 a 3% da quantidade total necessária é utilizada para a pulverização em pressões acima de 100 kPa (1 atm). As figuras 12 e 13 apresentam dois tipos de pulverizadores a 2 fluidos. Figura 12. Queimador a óleo com pulverização a vapor. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 53 Figura 13. Queimador de pulverização a ar Pulverizador com copo rotativo. Figura 14. Queimador de copo rotativo. EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 54 Neste tipo de óleo é introduzido para o centro de um copo que gira rapidamente até 5000 rpm. æ medida que o óleo é arremessado da borda do copo num disco fino, ele é pulverizado pela corrente de ar primário (10% do total), figura 14. PROPORÇÃO DE AR PRIMÁRIO/SECUNDÁRIO Uma pulverização "grossa" pode ser empregada deliberadamente a fim de alongar a chama, embora sempre possa provocar o aumento da emissão de material particulado. A presença de gotículas maiores também vai aumentar a proporção de craqueamento antes da vaporização e daí aumentar a radiação da chama. Um queimador para um forno de cimento é um exemplo onde a pulverização "grossa" é empregada. Se for necessário usar um alto grau de pré-aquecimento do ar, este precisa ser feito principalmente através do ar secundário, pois a alta temperatura do ar primário pode causar craqueamento do óleo. Portanto, se utilizamos pré-aquecimento do ar de combustão, o pulverizador com jato por pressão e o pulverizador de dois fluídos com alta pressão, apresentam a vantagem de que todo ou quase todo ar é fornecido como ar secundário e portanto, pode ser usado para fornecer o pré-aquecimento, quando necessário. ESTABILIZAÇÃO DA CHAMA A chama é estabilizada pelo fornecimento de calor e intermediários das reações da combustão para a zona de ignição. O calor pode ser fornecido pela radiação de um cone de refratário quente ou como é mais frequente, junto com a recirculação dos gases quentes da combustão, quando voltam para a base da chama. A recirculação é em geral interna. Em escala industrial, em geral, a recirculação interna é feita por uma turbulência rotacional no ar secundário ou pela utilização de um obstáculo, que pode ser o injetor de óleo. Geralmente, quanto maior a quantidade de recirculação rotacional, maior será a estabilidade da chama e menor e mais intensa a chama. Uma turbulência relativamente alta e pulverização "grossa", produzirão uma chama comprida e bem estável. Queimadores de pequeno porte podem utilizar um obstáculo como estabilizador de chama que atua tanto como "bluff body" como promotor de turbulência rotacional. A quantidade de ar para combustão estequiométrica de óleo reside na faixa de 13-15 kg de ar por quilo de óleo. Num forno industrial otimizado é possível manter-se a exigência de ar excedente abaixo de 20%, e nas instalações grandes tal como nas caldeiras de uma termoelétrica, pode ser possível reduzir-se o excesso de ar para baixo de 5%, e assim reduz-se a formação de SOx. A formação de fumaça nos queimadores a óleo, pode ser sinal de: - insuficiencia de ar para a combustão, a qual pode ser absoluta ou local, devido a uma mistura inadequada; EM 722 - Geração, Distribuição e Utilização de Vapor Profº Waldir A. Bizzo 55 - resfriamento da chama. A chama é esfriada abaixo da temperatura de reação, antes que a reação da combustão seja completada. Isto pode ser causado por: - formação fraca da chama; a incidência da chama sobre superfícies frias (pode ser inevitável no primeiro acendimento); - Gotículas grandes que deixam a zona de combustão antes que a reação esteja completa. - Excesso de ar de combustão. Se uma quantidade excessiva de ar frio incidir numa chama, pode causar o resfriamento local e a formação de fumaça. Taxas de excesso de ar acima de 50% frequentemente vão causar fumaça; - Turbulência excessiva. Em certas circunstâncias pode causar a formação de fumaça devido ao escape forçado de partículas da zona de queima, antes que seja completada a combustão. 3.3 - QUEIMADORES DE COMBUSTÍVEL SÓLIDO O carvão é o combustível sólido mais usado mundialmente e o estudo acerca dos combustíveis sólidos vai ser largamente baseado na combustão do carvão mineral. Outros combustíveis vão ter, em geral, valor calorífico mais baixo tanto em base de massa como de volume, e vão conter frequentemente alta proporção de água. As áreas da grelha e os volumes da câmara de combustão geralmente serão maiores para a mesma potência que para a queima de carvão (coque ou carvão vegetal). Na combustão do carvão (ou material vegetal), as principais reações depois da devotalização são: C + O2 → CO2 2 H2 + O2 → 2 H2O Quando o carvão mineral é aquecido, ele: - amolece; - solta material volátil, que queima; - deixa um resíduo sólido - coque, que queima; - deixa um resíduo sólido - cinza, que não é combustível. Os requisitos para um queimador de combustível sólido são: - fazer contato entre o combustível sólido e o ar de combustão; - fazer a transferência de calor para o combustível que está entrando para iniciar a combustão; - fornecer uma proporção adequada de transferência de massa entre o sólido e o ar; - fazer suficiente mistura dos voláteis e do ar de combustão; - providenciar a remoção da cinza; - providenciar uma superfície de transferência térmica para absorver o calor útil; - fornecer
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