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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade Curso de Ciências Econômicas (Noturno) Disciplina: Introdução às Ciências Sociais Aplicadas (2020.1) Texto por: Maria Érika Sales Lima – 476007 Desde o fim da Guerra Fria, em 1991, e, mais especificamente, após a consolidação do modelo econômico industrializado, cresceu um capitalismo desenfreado no mundo e o estímulo ao consumo se tornou um fator primordial para a manutenção do sistema mercantilista. Dessa forma, o filósofo Karl Marx determinou: para que esse incentivo se torne real, é necessário criar a ilusão de que a felicidade seria encontrada a partir da compra de um produto. À vista disso, é possível alimentar a alienação de nós mesmos, lutando para manter o trabalho que nos escraviza e que, ao final, nos consola com o consumo descontrolado que criamos para nossos semelhantes. Em “A servidão moderna”, documentário lançado no ano de 2009, o diretor Jean-François Brient trata da situação em questão como uma escravidão voluntária. Por definição, ele chama de escravo moderno todo aquele indivíduo que faz parte do sistema capitalista sem notar que está incluso em uma engrenagem complexa que lucra com o vigor do seu corpo e/ou do seu intelecto e o incentiva a manter funcionando a lógica de consumo que sustenta o sistema. A servidão moderna, portanto, nada mais é que este eterno processo alienado e alienante de trabalhar e consumir. A sociedade é influenciada o tempo todo a comprar; quando se está em uma loja, por exemplo, tudo favorece para o consumo, o desejo, a oportunidade, as cores da vitrine ou do ambiente, a música da loja, vendedores bem treinados, enfim, muitos fatores “disponíveis” nos incentivam a comprar. O escravo moderno tem esse impulso desequilibrado de comprar algo que não apresenta real necessidade no momento, além de desejar ter cada vez mais. Este consumo desenfreado de muitos é colocado em confronto com a miséria de milhares. Além de acomodar fatores essenciais – habitação, saúde e educação – como inalcançáveis para a população mais carente, ainda é um grande vilão do meio ambiente. Nossos hábitos consumistas estão matando o planeta, esgotando seus recursos naturais e poluindo a atmosfera, devido à manutenção de diversas indústrias que geram todo tipo de lixo e toxinas. Enfim, diferente dos antigos e mais diversos sistemas escravocratas da história, estamos hoje frente a uma classe totalmente escravizada, onde o escravo moderno não entende que é um escravo, ou melhor, não quer entender; ele se encontra alienado de si mesmo. Como não se revolta, como não luta por sua liberdade, permanece escravo de suas próprias escolhas cegas, tal qual o grande dramaturgo inglês, William Shakespeare, cita em uma de suas obras: “que época terrível essa, onde idiotas dirigem cegos”. À vista do exposto, torna-se importante que tomemos consciência da dimensão do processo alienante a que estamos imersos, pois para se rebelar contra um sistema, é preciso, antes de mais nada, entender o que acontece nos seus meandros. Portanto, se o indivíduo vive para produzir e ostentar os bens que acumulou, então ele nada tem. Resumo sobre o documentário “Da Servidão Moderna”. Concursos no Brasil, publicado em 10/04/2018. Disponível em: < https://concursosnobrasil.com/escola/sociologia/resumo-sobre-o-documentario-da-servidao-moderna.html>. Acesso em: 24 de abril, 2020. CAPELETI, O. Artigo: Da Servidão Moderna. JusBrasil, publicado em 09/10/2018. Disponível em: < https://nelsoncapeleti.jusbrasil.com.br/artigos/635664700/da-servidao-moderna>. Acesso em: 24 de abril, 2020.