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614 An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. revisão Cicatrização cutânea - Revisão da literatura* Ana Cristina de Oliveira Gonzalez1 Tila Fortuna Costa2 Zilton de Araújo Andrade1 Alena Ribeiro Alves Peixoto Medrado2 s Recebido em 22.05.2015 Aprovado pelo Conselho Editorial e aceito para publicação em 10.08.2015 * Trabalho realizado no Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz – Fundação Oswaldo Cruz (CPqGM/Fiocruz) – Salvador (BA), Brasil. Suporte Financeiro: Nenhum. Conflito de Interesses: Nenhum. 1 Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Salvador, BA, Brasil. 2 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) – Salvador (BA), Brasil. ©2016 by Anais Brasileiros de Dermatologia DOI: http://dx.doi.org/10.1590/abd1806-4841.20164741 Resumo: Os processos de regeneração e reparo tecidual compreendem uma sequência de eventos moleculares e celulares que ocorrem após o estabelecimento de uma lesão tecidual a fim de restaurar o tecido lesado. As fases exsudativa, proliferativa e de biossíntese e remodelamento da matriz extracelular são eventos sequenciais que ocorrem por meio da integração de processos dinâmicos que envolvem mediadores solúveis, células sanguíneas e células parenquimatosas. Os fenômenos exsudativos que se estabelecem após a lesão contribuem para o desenvolvimento do edema tecidual. A fase proliferativa tem como objetivo diminuir a área de tecido lesionado através da contração de miofibroblastos e da fibroplasia. Nesta fase, observam-se ainda os processos de angiogênese e reepitelização. As células endoteliais são capazes de se diferenciar em componentes mesenquimais, e esta diferenciação parece ser finamente orquestrada por um conjunto de proteínas sinalizadoras que vem sendo estudado na literatura. Trata-se da via conhecida como Hedgehog. O objetivo desta revisão de literatura é descrever os diversos aspectos celulares e moleculares envolvidos no processo de cicatrização cutânea. Palavras-chave: Cicatrização; Inflamação; Proliferação de células; Proteínas Hedgehog A cicatrização de feridas na pele é um processo fisiológico essencial que consiste na colaboração de muitas linhagens celulares e seus produtos.¹ As tentativas de restaurar a lesão induzida por uma agressão local começam muito cedo na fase inflamatória. No final, resultam em reparo, que consiste na substituição de estruturas especializadas pela deposição de colágeno, e regeneração, que cor- responde ao processo de proliferação celular e posterior diferencia- ção a partir de células preexistentes no tecido e/ou células-tronco.² Estes mecanismos não se excluem mutuamente, ou seja, após a lesão cutânea, no mesmo tecido, pode haver regeneração e reparo a de- pender das linhagens celulares comprometidas pela injúria. Os processos de regeneração e reparo tecidual ocorrem após o estabelecimento de uma lesão, seja esta de origem traumática ou proveniente de uma determinada condição patológica. Uma lesão é criada por todo estímulo que rompe a continuidade física de teci- dos funcionais. Os estímulos que causam lesões podem ser externos ou internos; podem ser físicos, químicos, elétricos ou térmicos. As lesões podem resultar em danos em organelas específicas ou nas cé- lulas como um todo.¹ O reparo não é um simples processo linear no qual os fato- res de crescimento deflagram a proliferação celular e, sim, uma inte- gração de alterações dinâmicas que envolvem mediadores solúveis, células do sangue, produção de matriz extracelular e proliferação de células parenquimatosas. O processo de cicatrização na pele, se- gundo Mitchel et al., é ilustrativo dos princípios de reparo para a maioria dos tecidos.³ Os eventos celulares e bioquímicos, no reparo das feridas, podem ser divididos em fases, a saber: reação inflamatória, prolife- ração celular e síntese dos elementos que compõem a matriz extra- celular e o período posterior, denominado remodelamento.4 Essas fases não são mutuamente excludentes e, sim, sobrepostas no tem- po (Gráfico 1).3 O objetivo desta revisão de literatura é destacar os proces- sos biológicos que estão envolvidos durante a cicatrização cutânea, com ênfase nas células, fatores de crescimento e citocinas que parti- cipam no processo de reparo tecidual. FASE INFLAMATÓRIA Na resposta inflamatória vascular, os vasos lesados con- traem-se e o sangue extravasado coagula, contribuindo para a ma- nutenção da sua integridade. O coágulo consiste na agregação de trombócitos ou plaquetas numa rede de fibrina mediante ação de alguns fatores por meio da ativação e agregação destas células.5 A rede de fibrina, além de restabelecer a homeostasia e formar uma barreira contra a invasão de micro-organismos, organiza a matriz provisória necessária para migração celular (Figura 1). Assim, esta An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. Cicatrização cutânea - Revisão da literatura 615 matriz temporária restaura a função da pele como uma barreira pro- tetora, mantendo a integridade do tecido.¹ Possibilita, ainda, a mi- gração de células para o microambiente da lesão e o estímulo para a proliferação dos fibroblastos. A resposta celular da fase inflamatória é caracterizada pelo influxo de leucócitos na área da ferida (Figura 2). Tal resposta é mui- to rápida e coincide com os sinais cardinais da inflamação, que são evidenciados por meio do edema e do eritema no local da lesão. Normalmente, ela se estabelece nas primeiras 24 horas e pode se estender por até dois dias. Acontece também uma rápida ativação de células imunes residentes no tecido a exemplo de mastócitos, células gama-delta e células de Langerhans que, por sua vez, secre- tam quimiocinas e citocinas. A inflamação é uma resposta tecidual localizada, protetora, desencadeada pela lesão, com destruição de tecido. As células inflamatórias têm um importante papel durante a cicatrização das feridas e contribuem para a liberação de enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio, bem como facilitam a limpeza de debris celulares diversos.6 Buckley comenta que a interação entre leucócitos e célu- las estromais, durante a resposta inflamatória aguda, acarreta a resolução do foco inflamatório.7 Os neutrófilos são conhecidos por expressar muitas citocinas pró-inflamatórias e uma grande quan- tidade de substâncias antimicrobianas altamente ativas como, por exemplo, os EROs (espécies reativas de oxigênio), peptídeos catiô- nicos e proteases no local da lesão. A resposta inflamatória continua 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Proliferativa Inflamatória Remodelamento F as e Tempo (Dias) com o recrutamento ativo dos neutrófilos em resposta à ativação do Sistema Complemento, desgranulação de plaquetas e produtos da degradação bacteriana.8 Eles são atraídos por numerosas citocinas inflamatórias produzidas por plaquetas ativadas, células endoteliais e produtos de degradação de agentes patogênicos.9 Desta forma, os neutrófilos são as primeiras células ativadas e recrutadas que desempenham um papel na limpeza do tecido e contribuem para a morte dos agentes invasores.3 Poucas horas após a lesão, uma quantidade de neutrófi- los transmigra através das células endoteliais presentes nas pare- des dos capilares sanguíneos, que são ativados por citocinas pró- inflamatórias como IL-1β, TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) e IFN-γ (interferon gama) no local da lesão. Tais citocinas promovem a expressão de várias classes de moléculas de adesão. As moléculas de adesão são determinantes para a diapedese dos neutrófilos e, en- tre elas, pode-se citar as selectinas e integrinas (CD11a/CD18 (LFA- 1); CD11b/CD18 (MAC-1) e CD11c/CD18 (gp150, 95) e CD11d/ CD18),² que interagem com as já presentes na superfície da mem- brana das células endoteliais. As referidas células também influen- ciam em muitos outros aspectos do reparo, como na resolução do coágulo de fibrina e da matriz extracelular, indução da angiogênese e reepitelização.¹ A partir de 48horas após o estabelecimento da lesão, inten- sifica-se a migração de monócitos de vasos vizinhos que também infiltram a área da lesão e, a partir do novo perfil de expressão gêni- ca, diferenciam-se em macrófagos. Estes, ativados através de sinais quimiotáticos, podem atuar como células apresentadoras de antíge- nos e auxiliar os neutrófilos na fagocitose.² Assim, além dos macrófagos residentes, a principal popu- lação de macrófagos na lesão é recrutada do sangue em resposta aos produtos quimiotáticos, a exemplo de fragmentos de proteína da matriz extracelular, TGF-β, MCP-1 (proteína 1 quimiotática para monócitos).10 Com base nos perfis de expressão gênica, os macrófagos podem ser classificados como classicamente ativados (M1 pró-in- flamatório) e alternativamente ativados (M2 anti-inflamatório e pró-angiogênico).11 Os macrófagos liberam fatores de crescimento, como o PDGF e o VEGF, que são provavelmente necessários para iniciação e propagação de novo tecido na área lesionada, pois ani- mais com depleção de macrófagos apresentam defeito no reparo das feridas, conferindo a estas células um papel central na transição da gráFIco 1: Ilustração sequencial das fases envolvidas no reparo te- cidual FIgura 1: Acúmulo de fibrina (aster- isco) em meio à área de ede- ma na matriz extrace lular (Microscopia eletrônica de transmissão - 4.500X) FIgura 2: E le tromicro- grafia de um l e u c ó c i t o , com evidente degeneração hidrópica em fase exsudati- va do processo inf lamatór io (Microscopia eletrônica de transmissão - 7.000X) * * * 616 Gonzalez ACO, Costa TF, Andrade ZA, Medrado ARAP An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. fase exsudativa para a proliferativa do processo de reparo.12 Os macrófagos desempenham as funções de fagocitose de debris musculares, produção e liberação de citocinas e fatores pró- -angiogênicos, inflamatórios e fibrogênicos, bem como de radicais livres.13 Ademais, os macrófagos, ao secretarem fatores quimiotáti- cos, atraem outras células inflamatórias ao local da ferida. Produ- zem também prostaglandinas, que funcionam como potentes vaso- dilatadores afetando a permeabilidade dos microvasos. Juntos, tais fatores deflagram a ativação das células endoteliais.14 As referidas células, conforme Mendonça & Coutinho Netto, também produzem PDGF, TGF-β, FGF e VEGF, que se destacam como as principais ci- tocinas capazes de estimular a formação do tecido de granulação.15 FASE PROLIFERATIVA O objetivo da fase proliferativa é diminuir a área de tecido lesionado por contração e fibroplasia, estabelecendo uma barreira epitelial viável para a atividade dos queratinócitos. Esta fase é res- ponsável pelo fechamento da lesão propriamente dita e compreende a angiogênese, a fibroplasia e a reepitelização. Estes processos têm início no microambiente da lesão a partir das primeiras 48 horas e podem se desenrolar até o 14º dia após o estabelecimento da lesão.14 O remodelamento vascular induz mudanças no fluxo san- guíneo. A angiogênese é um processo coordenado, envolvendo pro- liferação celular endotelial, ruptura e rearrumação da membrana basal, migração e associação em estruturas tubulares e recrutamen- to de células perivasculares. Há muito tempo, a angiogênese tem sido descrita como essencial para diversas condições fisiológicas e patológicas, tais como a embriogênese, cicatrização, crescimento tu- moral e metástase.16 A elaboração subsequente de vasos, conforme Gonçalves et al., envolve produção de veias colaterais por meio de dois meca- nismos: brotamento e divisão celular. 17 Os plexos vasculares resul- tantes são remodelados para se diferenciarem em grandes e peque- nos vasos. O endotélio é então preenchido pelas células acessórias e células musculares lisas. A nova microvasculatura que se forma viabiliza transporte de fluido, oxigênio, nutrientes e de células imu- nocompetentes para o estroma.18 Além da participação ativa de células endoteliais e dos lin- fócitos neste processo biológico, os pericitos constituem um grupo celular proveniente da linhagem mesenquimal de células muscu- lares lisas, descritos há muitas décadas.19 As células mencionadas aparecem como entidades solitárias, compartilhando a membrana basal de vasos sanguíneos e células endoteliais (Figura 3).20 Os pe- ricitos são células do tecido conjuntivo que se coram palidamente e possuem processos citoplasmáticos longos e delgados de posi- ção imediatamente externa ao endotélio de capilares sanguíneos e pequenas vênulas nas quais os capilares se esvaziam. Segundo Ribatti et al., Charles Rouget, em 1873, foi o primeiro a descre- ver tais células não pigmentadas e que apresentavam elementos contráteis.21 Contudo, não conseguiu corá-las e Mayer, em 1902, por meio da coloração com azul de metileno, pôde visualizá-las. Foram denominadas de pericitos por Zimmermann em 1923, em virtude de sua posição em torno do vaso e dispersas ao longo deste, com seus processos envoltos em torno da superfície basal de seu endotélio. Através de longos prolongamentos citoplasmáticos que se estendem e circundam o tubo endotelial, o pericito faz con- tatos focais com o endotélio por meio de junções especializa- das.22 Adicionalmente, tal célula influencia a estabilidade do vaso mediante a deposição de matriz e/ou liberação e ativação de sinais que promovem a diferenciação ou quiescência das células endoteliais.23,24 Os pericitos são células murais dos microvasos sanguíneos, que estão envolvidos na membrana basal, que é contínua com a membrana basal endotelial. Alguns pericitos são provavelmente células da linhagem mesenquimal ou progenitoras, que originam adipócitos, cartilagem, osso e músculo.22 Há evidências substanciais de que os pericitos retêm na vida adulta uma potencialidade mesenquimal suficiente para dar origem não só a fibroblastos como também a células musculares lisas.25 Estes elementos celulares po- dem apresentar características de células pluripotentes, constituin- do-se uma importante “fonte de reserva celular”. Embora a plasti- cidade dos pericitos ainda não tenha sido amplamente estudada, Farrington-Rock et al. relataram o seu potencial de diferenciação em osteoblastos, condrócitos, fibroblastos, leiomiócitos e adipócitos.26 Esta propriedade parece ser muito pertinente para o reparo tecidual, uma vez que estas células poderiam contribuir sobremaneira para o repovoamento do tecido cicatricial. O tecido de granulação começa a se formar aproximada- mente quatro dias após a lesão. Seu nome deriva da aparência gra- nular do tecido recém-formado, conferindo esta característica para o novo estroma. Segundo Calin et al., o tecido de granulação é for- mado através dos seguintes mecanismos: aumento da proliferação fibroblástica, biossíntese colagênica e elástica, a qual forma uma rede tridimensional extracelular de tecido conjuntivo e produção de fatores quimiotáticos e IFN beta pelos fibroblastos.27 Fibroblastos e células endoteliais expressam receptores de integrina e, através des- ses, invadem o coágulo no espaço da lesão.28 Para que o processo de reparo tecidual seja compreendido, não se pode deixar de mencionar algumas particularidades do siste- ma imune como a participação de linfócitos B e, mais especificamen- FIgura 3: Eletromicrografia que ilustra pericito (seta) em íntimo contato com a célula endotelial (asterisco), compartilhando a mem- brana basal desta célula que constitui a parede do vaso sanguíneo (Microscopia eletrônica de transmissão - 7.000X) Cicatrização cutânea - Revisão da literatura 617 An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. te, a multifuncionalidade dos linfócitos T. Morfologicamente, os lin- fócitos T se subdividem em populações funcionais: CD4 (linfócitos T auxiliares) e CD8 (linfócitos T supressores/citotóxicos). As célulasT CD4 são caracterizadas com base em seus perfis de produção de citocinas, como a subpopulação Th1, produtoras de Il-2 e IFN gama, a Th2, que produz IL-4, IL-5 e IL-10, e a Th17, que se caracteriza pela produção de IL-17. 2 Quando ocorre uma lesão tecidual, o processo de reparo é modulado pela atividade das células da resposta inflamatória, das células dos bordos da lesão (queratinócitos) e pela variedade de ci- tocinas e fatores de crescimento que influenciam a migração, proli- feração e diferenciação celular local.29 Medrado et al.25 comentaram que a fibroplasia tem início na formação do tecido de granulação, caracterizada pela proliferação de fibroblastos, principais responsáveis pela deposição de nova matriz (Figura 4). O principal componente de uma cicatriz de tecido conjuntivo maduro é o colágeno. Os fibroblastos, produtores colagênicos, são recrutados da derme da margem da ferida para sintetizar essa proteína. A formação da membrana basal intacta, entre a epiderme e a derme, é essencial para o restabelecimento da integridade e função. Durante a fase inicial do reparo, o colágeno tipo III é predominante, sintetizado pelos fibroblastos no tecido de granulação.30 Medrado et al.25 observaram que, nesta fase, inicia-se o pro- cesso de contração da ferida, desempenhado pelos fibroblastos, ricos em alfa actina de músculo liso, sendo conhecidos como miofibroblas- tos. Tais células, acumuladas nas margens das feridas, executam ativi- dades contráteis e contraem as bordas da lesão para o centro.27 A angiogênese ocorre na matriz extracelular do leito da ferida com a migração e estimulação mitogênica das células endoteliais.15 Tal neovascularização acompanha a fase fibroblástica, comentada acima. A boa irrigação das bordas da ferida é essencial para a cicatrização, pois permite o aporte adequado de nutrientes e oxigênio e de células imunocompetentes para o estroma (Figura 5).31,32 Paralelamente a todos os eventos supracitados, as células epiteliais de revestimento, sob a ação de citocinas específicas, pro- liferam e migram a partir das bordas do ferimento na tentativa de fechá-lo. Este processo é denominado de reepitelização. A reepite- lização de uma ferida por queratinócitos é realizada pela combina- ção da fase proliferativa e migração de células próximas à lesão.14 A migração dos queratinócitos ocorre na direção da pele remanescente da lesão às extremidades desta. Células epidérmicas dos folículos pilosos rapidamente re- movem o coágulo e o estroma danificado. Li et al.14 comentaram que as células germinativas epidérmicas do folículo piloso, que origi- nam o bulbo capilar, servem de reservatório para os queratinócitos no processo de cicatrização. Após aproximadamente doze horas do estabelecimento da lesão, há desenvolvimento e alongamento de projeções tipo pseudópodo dos queratinócitos, perda dos conta- tos matriz extracelular-célula e célula-célula, retração de tonofila- mentos e formação de filamentos de actina na extremidade de seus citoplasmas. Quando a migração cessa, possivelmente como um resultado da inibição por contato, os queratinócitos religam-se ao substrato e reconstituem a membrana basal. Há, então, a culminân- cia do seu processo de diferenciação para originar a nova epiderme estratificada (Figura 6).14 FASE DE REMODELAMENTO A terceira fase da cicatrização consiste no remodelamento que começa duas a três semanas após a lesão e pode durar um ano ou mais. O principal objetivo da fase de remodelamento é alcançar a máxima força tênsil pela reorganização, degradação e ressíntese da matriz extracelular. Nesta última fase do processo de cicatrização de lesões, ocorre uma tentativa de recuperação da estrutura tecidual normal e o tecido de granulação vai sendo gradualmente remodelado, formando um tecido cicatricial, que é menos celular e vascular³ e que exibe um aumento progressivo da concentração de fibras colágenas (Figura 7). Este estágio é marcado pela maturação dos elementos com profundas alterações na matriz extracelular e FIgura 4: Eletromicrogra- fia que apresenta visão de parte do citoplasma de um fibroblasto que exibe hiper- plasia de retículo endoplasmático e mitocôndrias que ilustram intensa atividade de sín- tese (Microsco- pia eletrônica de transmissão - 12.000X) FIgura 5: Neoangiogênese evidenciada at- ravés da imun- omarcação com anticorpo antialfa actina de múscu- lo liso em pele de rato, três dias após a indução de feri- mento cutâneo pa- dronizado (Imu- no-histoquímica - 100X) FIgura 6: Área correspondente à fibroplasia que eviden- cia ausência de anexos cutâneos na matriz ex- tracelular e reepitelização completa da epiderme (Hematoxilina-eosina - 100X) resolução da inflamação inicial. Assim que a superfície da lesão é coberta por uma monocamada de queratinócitos, sua migração epidérmica cessa e uma nova epiderme estratificada com lâmina basal subjacente é restabelecida das margens da ferida ao interior desta.5 Nesta etapa, há deposição de matriz e subsequente mudança em sua composição.14 Com o fechamento da ferida, o colágeno tipo III sofre degradação e a síntese do colágeno tipo I aumenta. Ao longo do remodelamento, há redução de ácido hialurônico e fibronectina, que são degradados por células e metaloproteinases plasmáticas e, assim, processa-se concomitantemente a crescente expressão de co- lágeno do tipo I já citada.17 Vários autores, como Sampaio & Rivitti, confirmaram que nesta última etapa as fibras colágenas tornam-se mais espessas e orientadas em paralelismo, resultando em maior resistência tênsil do tecido.33 A fase de resolução é essencial para restauração da fun- cionalidade e aparência “normal” do tecido lesionado.¹ Isso decorre da baixa produção de quimiocinas por citocinas anti-inflamatórias como IL-10 ou TGF-β1. A regulação da síntese de colágeno é contro- lada por diversos fatores de crescimento como o TGF-β1 e o FGF, que exercem fortes efeitos na expressão gênica desta proteína. Com o decorrer do processo de maturação e remodelagem, a maioria dos vasos, fibroblastos e células inflamatórias desaparece do local da ferida mediante processos de emigração, apoptose ou outros mecanismos desconhecidos de morte celular. Esse fato leva à formação da cicatriz com reduzido número de células. Em fase mais tardia, os fibroblastos do tecido de granulação alteram seu fenótipo, passando a expressar temporariamente actina de músculo liso, rece- bendo a denominação especial de miofibroblastos.6,27 Os miofibroblastos, segundo Calin et al.27, adquirem algu- mas propriedades contráteis das células musculares lisas, aproxi- mando as margens do ferimento, sendo responsáveis pela contração deste. Desta forma, as referidas células apresentam bandas bem desenvolvidas de microfilamentos contráteis compostos de actina. São mantidas unidas através de junções comunicantes e os seus fi- lamentos citoplasmáticos de actina se ligam através de receptores de integrinas às fibrilas de fibronectina e aos colágenos I e III da matriz extracelular.1,14 É digno de nota que os miofibroblastos são os principais produtores de matriz extracelular nos processos de fibrose.31 De acordo com Midwood et al.34 e Badylak35, a matriz extra- celular não é um elemento estático e é capaz de desempenhar um papel relevante nesta fase do reparo através da interação entre seus constituintes estruturais e os diferentes tipos celulares presentes no tecido. Tais constituintes estruturais representados por proteínas, como colágeno, fibronectina, fibrina, entre outros, proveem sinais e desencadeiam atividades celulares específicas na área do ferimento. A fibronectina, por exemplo, gera um arcabouço que viabiliza a ade- são e a migração celular. Outra glicoproteína adesiva, a vitronectina, pode contribuir para a contração do tecidomediada pelo colágeno produzido pelos fibroblastos. Em virtude da existência destes pro- cessos, o controle local das interações células/matriz tem sido alvo de promissoras abordagens terapêuticas. Em todos esses processos citados, urge salientar que fatores exógenos e endógenos podem modular tais eventos e influenciar o curso da cicatrização. Em especial, desordens sistêmicas, como diabetes, imunossupressão, estase venosa e aquelas provenientes de agentes externos, como uso de corticoterapia e tabagismo, po- dem dificultar o fechamento precoce da ferida. Em adição a esses possíveis fatores complicadores, há o estabelecimento de cicatrizes hipertróficas e queloides.36 INTERAÇÃO EPITÉLIO-MESÊNQUIMA NA CICATRI- ZAÇÃO As células endoteliais sofrem EMT (transição epitélio-me- sênquima) e migram para os órgãos para se diferenciarem em seus componentes mesenquimais incluindo fibroblastos, células muscu- lares lisas dos vasos e mais provavelmente também os pericitos.22 A pele, assim como os intestinos, o fígado, os pulmões e os tecidos glandulares, apresenta células epiteliais e mesenquimais. As células epiteliais estão firmemente aderidas umas às outras, forman- do camadas nas quais exibem polaridade basoapical. As mesenqui- mais são não polarizadas, capazes de movimentação como células individuais devido à perda de conexões intercelulares.37 O processo biológico que ocorre na transição epitélio-me- sênquima possibilita a uma célula epitelial polarizada sofrer alte- rações moleculares, adquirindo um fenótipo mesenquimal, com capacidade migratória através da matriz extracelular, resistência à apoptose e aumento de produção dos componentes da matriz.38 A expressão de genes regulatórios normais promotores e/ ou inibidores do crescimento celular que se expressam nas células presentes na matriz extracelular ocorre na cicatrização, embora ve- nha sendo estudada primariamente no contexto tumoral. Liu et al. descreveram que a transição epitélio-mesênquima pode ser regulada por microRNAs, a exemplo do miR-221, assim como por outros on- cogenes. Tome-Garcia et al. relataram que a superexpressão do gene ras e do ERBB2 resultou em aumento da mobilidade celular na matriz extracelular e no potencial metastático do câncer de próstata. Embora estas alterações tenham sido descritas no microambiente tumoral, tais resultados podem ser observados também na cicatrização.39,40 618 Gonzalez ACO, Costa TF, Andrade ZA, Medrado ARAP An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. FIgura 7: Eletromicrografia que exibe feixes colagênicos com dif- erentes orientações na matriz extracelular que indicam o início do processo de fibroplasia a partir do sétimo dia após a realização de um ferimento cutâneo, em modelo experimental (Microscopia eletrônica de transmissão - 12.000X) Cicatrização cutânea - Revisão da literatura 619 An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. São conhecidos três tipos de transição epitélio-mesênqui- ma. O tipo I acontece quando os tecidos são construídos durante a embriogênese, a exemplo dos fibroblastos dérmicos do tecido conjuntivo que fornecem sinais determinantes para o posiciona- mento, tipos de pelos e outros apêndices cutâneos que se diferen- ciarão na epiderme sobrejacente.5 A transição epitélio-mesênquima também ocorre em tecidos adultos em reação ao remodelamento e à fibrose (tipo II).38 O processo metastático (tipo III) compreende células de carcinoma que sofrem conversão fenotípica e adquirem mobilidade, usando o programa de transição epitélio-mesênquima, que normalmente serve à formação de fibroblastos adultos.41 A transição epitélio-mesênquima tipo II está associada à cicatrização do tecido, regeneração e fibrose. Tal evento, ligado ao reparo, origina fibroblastos e outras células relacionadas ao objetivo de reconstruir tecidos seguidos de traumas e inflamação. Esse tipo de transição epitélio-mesênquima, associada à inflamação, cessa as- sim que esta é atenuada.41 Através de análises moleculares, foi possível identificar a maioria dos fatores morfogênicos que compreendem uma rede de sinais entre o epitélio e o mesênquima, incluindo Bmp, Wnt (win- gless), Notch/Delta e Hedgehog.42 Os mecanismos de sinalização de Wnt e Notch estão criticamente envolvidos na determinação da diferenciação terminal das células que participam do reparo cutâneo. Shi et al.43 realizaram um estudo experimental no qual foi avaliada a participação destas vias de sinalização durante a cicatrização. Os autores observaram que o incremento na atividade de tais vias sinalizadoras promoveu o fechamento das feridas cutâneas nos espécimes estudados e que a sua inibição ou ativação pode afetar a proliferação de células-tronco, assim como a diferenciação e migra- ção de queratinócitos e regeneração dos folículos pilosos. Adicionalmente, segundo Sicklick et al.44, há hipóteses de que os miofibroblastos possam produzir o ligante Hedgehog, pro- teína transmembranar que controla também a construção tissular e o remodelamento, regulando a viabilidade e atividade migratória de vários tipos celulares responsivos ao referido ligante. SINALIZAÇÃO DA VIA HEDGEHOG Hedgehog (Hh) é uma família de moléculas sinalizado- ras secretadas que está envolvida em muitos processos, inclusive como agentes-chave na padronização de numerosos tipos de teci- dos.45 Compreende uma cascata de proteínas que regula diversos processos biológicos como: desenvolvimento embriológico, homeostase, tumorigênese e reparo de tecidos. Considerando-se que o ligante hedgehog pode ser regulador de angiogênese, sua si- nalização poderia influenciar o remodelamento tecidual. O gene hedgehog foi identificado em trabalhos genéticos sobre segmentação de corpo em Drosophila melanogaster, a mosca da fruta. Os pesquisadores alemães Nüsslein e Wieschaus, em 1980, estudando o controle genético de embriões de Drosophila melanogas- ter, identificaram que a perda de um gene causava projeções nestes. 46 Tal fenótipo mutante adquiria uma forma oval, com dentículos desorganizados, lembrando um ouriço-caixeiro (tradução da língua portuguesa para hedgehog). Os homólogos de Hh têm sido identificados em muitos in- vertebrados e vertebrados e se mantêm conservados, desempenhan- do papéis similares vitais no controle da padronização tissular, dife- renciação e proliferação celular no desenvolvimento embriológico e no controle do comportamento da célula germinativa e homeostase no adulto.47 Essa via é extremamente essencial no desenvolvimento, principalmente na formação dos membros e tubo neural.48 Muitos genes têm sido identificados para codificar com- ponentes citoplasmáticos da maquinaria de transdução de sinal Hh. Três homólogos, identificados em vertebrados, do gene Hh fo- ram designados pelos prefixos: Sonic (Shh), Indian (Ihh) e Desert (Dhh).49,50 A via Hh pode ser iniciada, conforme Omeneti et al, por si- nais autócrinos, parácrinos ou endócrinos.51 Os ligantes Hh são sin- tetizados e sofrem quebra autocatalítica para gerar um fragmento N-terminal, que é modificado pela adição de colesterol e palmitato, antes de ser liberado para o espaço extracelular.52 A ativação da via de sinalização hedgehog é feita pela li- gação de um dos membros da família no receptor de doze voltas na membrana, denominado Patched (Ptch). Este trabalha associa- do a um correceptor de sete voltas na membrana, denominado Smoothened (Smo).53 Na ausência do ligante hedgehog, o receptor Ptch inibe o correceptor Smo, que fica em vesículas na base do cí- lio primário e, portanto, longe dos fatores de transcrição Gli-1, 2 e 3 abundantes na superfície dessa organela.52 Isso faz com que Gli- 3 seja transportado via microtúbulos até o proteassoma, onde é parcialmente degradado originando um fragmento Gli-3 repressor que vaino núcleo e reprime a transcrição dos genes-alvo envolvidos na diferenciação, sobrevivência e proliferação celular. A ativação de Smo, através da inibição mediada por Ptch, inibe o processamento proteolítico de Gli-2 e Gli-3, liberando o produto de ativação transcricional.43 Em contrapartida, quando acontece a ligação de Hh ao Ptch, ocorre a internalização desse receptor, liberando o correceptor Smo, que migra para o topo do cílio primário, onde ativa a família Gli de fatores de transcrição. Esta compreende Gli-1, 2 e 3, que migram ao núcleo ativando a transcri- ção de genes-alvo desta via.47 As desordens de desenvolvimento na sinalização hedgehog podem se dar através da inativação ou superatividade. Teglund & Tofgard48 (2010) descreveram que a ativação inapropriada da sinali- zação hedgehog contribui para vários cânceres e síndromes. Luo et al.54 evidenciaram que a atividade da sinalização Sonic hedgehog (Shh) é necessária para a cicatrização normal e que, em camundon- gos com diabetes, tal via é impedida, sendo que a aplicação exógena de Shh acelera a cicatrização por aumentar a função de NO (óxido nítrico). A cicatrização cutânea reproduz a maioria dos fenômenos biológicos que caracterizam este processo em diferentes tecidos e se constitui um excelente modelo de estudo para avaliar as múlti- plas fases do reparo tecidual. Estas etapas são finamente reguladas pelas moléculas sinalizadoras produzidas por uma grande varieda- de de células presentes na matriz extracelular. Novos estudos são necessários a fim de se detalharem as possíveis interações epitélio- -mesênquima que contribuem para as transformações dos tecidos acometidos pela lesão.q EndErEço para corrEspondência: Ana Cristina de Oliveira Gonzalez R. Waldemar Falcão, 121 Candeal 40296-710 - Salvador - BA Brasil E-mail: tilafortuna@gmail.com Como citar este artigo: Gonzalez AC, Costa TG, Andrade ZA, Medrado ARAP. Cicatrização cutânea - Revisão da literatura. An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. 620 Gonzalez ACO, Costa TF, Andrade ZA, Medrado ARAP An Bras Dermatol. 2016;91(5):614-20. REFERÊNCIAS 1. Shaw TJ, Martin P. Wound repair at a glance. J Cell Sci. 2009;122:3209-13. 2. Eming SA, Krieg T, Davidson JM. Inflammation in wound repair: molecular and cellular mechanisms. J Invest Dermatol. 2007;127:514-25. 3. Cotran, RS, Abbas AK, Fausto N, Robbins SL, Kumar V. Robbins & Cotran: Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 1592 p. 4. 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