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Av1 - Literaturas de Língua Portuguesa III 1) O texto a seguir é Patativa do Assaré: Brasi de cima e Brasi de baxo Meu compadre Zé Fulo, Meu amigo e companhêro, Faz quage um ano que eu tou Neste Rio de Janêro; Eu saí do Cariri Maginando que isto aqui Era uma terra de sorte, Mas fique sabendo tu Que a misera aqui no Su É esta mesma do Norte. Tudo o que procuro acho. Eu pude vê neste crima, Que tem o Brasi de Baxo E tem o Brasi de Cima. Brasi de baxo, coitado! É um pobre abandonado; O de Cima tem cartaz, Um do ôtro é bem deferente: Brasi de Cima é pra frente, Brasi de Baxo é pra trás. Aqui no Brasil de Cima, Não há dô nem indigença, Reina o mais soave crima De riqueza e de opulença; Só se fala de progresso, Riqueza e novo processo De grandeza e produção. Porém, no Brasi de Baxo Sofre a feme e sofre o macho A mais dura privação. Brasi de cima festeja Com orquestra e com banquete, De uísque dréa e cerveja Não tem quem conte os rodete. Brasi de baxo, coitado! Vê das casa despejado Home, menino e muié Sem acha onde mora Proque não pode pagá O dinhêro do alugue. No Brasi de Cima anda As trombeta em arto som Ispaiando as propaganda De tudo aquilo que é bom. No Brasi de Baxo a fome Matrata, fere e consome Sem ninguém lhe defendê; O desgraçado operaro Ganha um pequeno salaro Que não dá pra vive. Inquanto o Brasi de cima Fala de transformação, Industra, matéra-prima, Descoberta e invenção, No Brasi de Baxo isiste O drama penoso e triste Da negra necissidade; É uma cousa sem jeito E o povo não tem dereito Nem de dize a verdade. No Brasi de Baxo eu vejo Nas ponta da spobre rua O descontente cortejo De criança quage nua. Vai um grupo de garoto Faminto, doente e roto Mode caçá o que come Onde os carro põem o lixo, Como se eles fosse bicho Sem direito de vive. (SANTOS, Mônica Rodrigues dos. Literaturas de Língua Portuguesa III: a poesia lírica em língua portuguesa. Kroton: Londrina, 2018.) Assinale a alternativa que apresenta o tipo de literatura ao qual o texto pertence e o seu tema: Alternativas: · a) Literatura lírica, o tema é amoroso e de protesto (já que era adepto do republicanismo em plena monarquia portuguesa). · b) Literatura de cordel, o tema é sobre migração e as diferenças, em vários níveis, entre as regiões do país, com o uso de uma abordagem crítica. Alternativa assinalada · c) Literatura "haikai", faz uso do tema satírico por meio do qual revisita temas com toques de ironia. · d) Literatura latina, tema de composição livre e irônica contra instituições, costumes e ideias da época. · e) Literatura religiosa, com um tema menos palpável remetendo-se ao invisível e abstrato, beirando o filosófico. 2) Leia o trecho: Para Brasil e Portugal, o século XIX foi marcado por alguns momentos importantes. A vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808 – que trouxe modernidade ao país – e a independência brasileira, em 7 de setembro de 1822, foram dois eventos que influenciaram ambos nas esferas política, financeira e cultural. Levando em consideração o contexto literário português e brasileiro no século XIX, analise se as afirmativas a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F): ( ) No campo literário, na primeira metade do século XIX, no Brasil, apareceram os romancistas como José de Alencar (1829-1877), autor de O guarani e Senhora, poetas como Gonçalves Dias (18231864), com os Primeiros Cantos, Álvares de Azevedo (1831-1852), com sua Lira dos Vinte Anos, e Castro Alves (1847-1871), autor de Navio Negreiro. Na segunda metade, destacam-se no Brasil os realistas/naturalistas, como Machado de Assis (1839-1908), autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, e, em Portugal, Eça de Queirós (1845-1900), com diversas obras, com destaque para O crime do Padre Amaro e Os Maias. Ambos são conhecidos por seus romances, mas também produziram poesia, crônicas e contos – nesse momento, com foco temático na crítica social. ( ) No final do século XIX e início do século XX, temos o Modernismo, que se caracteriza pela retomada aos clássicos com grande rigor formal e vocabulário rebuscado, e o Simbolismo, caracterizado por uma literatura mais abstrata, com temas religiosos e místicos – muitas vezes esses dois movimentos são tratados de forma conjunta. No Brasil, os destaques literários do período são Augusto dos Anjos (1884-1914), Cruz e Souza (1861-1898) e Alphonsus de Guimarães (1870-1921); em Portugal, Eugênio de Castro (1869-1944) ( ) O recente século XX nos remete ao Parnasianismo. Ele é o marco do modernismo brasileiro e consiste em um período importantíssimo para a história de nossa arte, em especial para as artes plásticas e a literatura. ( ) A chamada poesia metafísica tem sua origem no século XVII, na Grã-Bretanha, por meio da obra do poeta John Donne e se caracteriza por destreza intelectual e associação de ideias tidas como insociáveis, de forma abstrata e filosófica. ( ) Nas literaturas de língua portuguesa, o maior destaque como poeta metafísico no século XIX é Antero de Quental (1842-1891) e, no século XX, Fernando Pessoa, ortônimo, e um dos seus heterônimos, Álvaro de Campos, O engenheiro. Antero de Quental, nascido na Ilha de São Miguel, na região de Açores, dedicou sua vida à poesia. Os temas escolhidos pelo poeta são, em geral, relacionados à sua vida e sua produção é extremamente técnica, do ponto de vista formal e por isso é considerado um dos maiores sonetistas em língua portuguesa. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: Alternativas: · a) F – F – V – F – V. · b) V – V – V – F – F. · c) F – V – F – F – V. · d) V – V – F – F – F. · e) V – F – F – V – V. Alternativa assinalada 3) Leia o texto a seguir: De Quem é o Olhar De quem é o olhar Que espreita por meus olhos? Quando penso que vejo, Quem continua vendo Enquanto estou pensando? Por que caminhos seguem, Não os meus tristes passos, Mas a realidade De eu ter passos comigo? Às vezes, na penumbra Do meu quarto, quando eu Por mim próprio mesmo Em alma mal existo, Toma um outro sentido Em mim o Universo — É uma nódoa esbatida De eu ser consciente sobre Minha ideia das coisas. Se acenderem as velas E não houver apenas A vaga luz de fora — Não sei que candeeiro Aceso onde na rua — Terei foscos desejos De nunca haver mais nada No Universo e na Vida De que o obscuro momento Que é minha vida agora! Um momento afluente Dum rio sempre a ir Esquecer-se de ser, Espaço misterioso Entre espaços desertos Cujo sentido é nulo E sem ser nada a nada. E assim a hora passa Metafisicamente. (PESSOA, Fernando. De quem é o olhar. In.: Citador. Disponível em: https://bit.ly/2UxEEwe . Acesso em: 29 nov. 2018.) Com base no texto apresentado, analise a relação entre as asserções a seguir: I) O autor metafísico mais famoso da literatura portuguesa é Fernando Pessoa PORQUE II) Esse grande autor utiliza como tema-base de sua obra poética, a meditação metafísica sobre o ser. Esse tipo de poesia remete ao invisível e abstrato, beirando o filosófico. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. Alternativas: · a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. Alternativa assinalada · b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. · c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. · d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. · e) As asserções I e II são proposições falsas. 4) Leia os textos a seguir: Texto I: Uma dona, não vou dizer qual, teve um forte agouro, pelas oitavas de Natal: saía de casa para ir à missa, mas ouviu um corvo carniceiro e não quis mais sair de casa. A dona, de um coração muito bom, ia à missa para ouvir seu sermão, mas veja o que a impediu: ouviu um corvo sobre si e não quis mais sair de casa. A dona disse: - E agora? O padre já está pronto e irá maldizer-me se não me vir na igreja. E disse o corvo: - Quá a cá e ela não quis mais sair de casa. Nunca vi tais agouros, desde o dia em que nasci, como o que ocorreu neste ano poraqui: ela quis tentar partir, mas ouviu um corvo sobre si e não quis mais sair de casa. Martim Soares (século XIII) Texto II: Foi um dia Lopo jogral Cantar na casa de um fidalgo E deu-lhe este em pagamento Três coices na garganta, E até foi moderado, a meu ver, Pelo jeito como ele canta. E tratou-o com moderação Ao dar-lhe tão poucos coices, Pois não deu a Lopo então Mais de três em sua garganta E mais merecia o jogralão, Pelo jeito como ele canta. Joan Airas de Santiago (século XIII) (FERNANDES, Fernando. 1º ano: análise de duas cantigas satíricas. In: Blog do Fernando, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3dutOjj. Acesso em: 29 nov. 2018. Considerando os textos apresentados, avalie as afirmativas a seguir: I) As duas cantigas são satíricas, sendo o texto I é uma cantiga de escárnio e o texto II de maldizer. II) No texto I há o espanto do eu-lírico, já que ele se admira da situação inusitada apresentada. III) No texto II as palavras são mais diretas e as ambiguidades não aparecem, enquanto no texto I o trovador brinca com a ambiguidade das palavras ao criar uma metáfora para a palavra corvo. É correto o que se afirma em: Alternativas: · a) I, II e III. Alternativa assinalada · b) apenas II e III. · c) apenas I e II. · d) apenas III. · e) apenas I. 5) Leia o trecho: O Renascimento (ou Renascença ou Humanismo) consiste em um período de intensas mudanças culturais ocorridas entre os séculos XIV e XVI, na Europa. A Itália é considerada o berço do Renascimento e Leonardo da Vinci (1452-1519) e Michelangelo (1475-1564) são dois dos principais artistas do período. (SANTOS, Mônica Rodrigues. dos. CARMINATTI, Natália Pedroni. Literaturas de Língua Portuguesa III. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2019.) Considerando o Renascimento português, analise as afirmativas a seguir: I) Em Portugal, no Renascimento, destaca-se Luis Vaz de Camões (1524-1579), mas são também autores importantes Sá de Miranda (1481-1558), Antonio Ferreira (1528-1569), Diogo Bernardes (15301605), Cristóvão Falcão (1515-1557), Bernardim Ribeiro (1482-1552), Pêro de Andrade Caminha (1520-1589) e Frei Agostinho da Cruz (1541-1619). Dessa lista, apenas Sá de Miranda teve destaque no período, depois, claro, de Camões, o grande poeta das navegações. II) Frei Agostinho da Cruz traz a temática da poesia religiosa de forma contundente em sua obra, a qual, por sua condição como tal diante do Renascimento das artes e da vida como um todo, é bastante conflituosa. O Renascimento cultural marca principalmente o rompimento com a religião e, sabemos, que Portugal é um país, ainda hoje, extremamente religioso (católico) e tem exemplos diversos da influência da Igreja no campo cultural. III) Na literatura, os textos renascentistas são repletos de figuras de estilo, como hipérboles (exagero), antíteses (contradição) e metáforas (comparações) e trazem contradições latentes, que não se resolvem, especialmente na poesia religiosa. Veja quais são os principais autores do período: em Portugal, o Padre Antonio Vieira é seu principal expoente, mesmo tendo passado grande parte de sua vida no Brasil; a sua principal obra é Os sermões. Outros nomes importantes são Padre Manuel Bernardes (1644-1710), Francisco Manuel de Melo (1608-1666) e Antonio José da Silva (1705-1739). IV) No Brasil, o Renascimento foi introduzido pelos jesuítas; na arte sacra, destaca-se o trabalho de Aleijadinho e, na literatura, destacam-se: Bento Teixeira (1561-1618), Gregório de Matos (1633-1696), Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), Frei Vicente de Salvador (1564-1636), Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768). É correto o que se afirma em: Alternativas: · a) Apenas I e II. Alternativa assinalada · b) Apenas I e IV. · c) Apenas I, II e III. · d) Apenas II e III. · e) Apenas III e IV.
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