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Faculdade de Tecnologia TecBrasil – Ftec Bacharelado em Engenharia Civil VIVIANE VIANA VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DE ALTERNATIVAS DE ACESSIBILIDADE NA TRAJETÓRIA VERTICAL PARA ADEQUAÇÃO DE PRÉDIO EXISTENTE PORTO ALEGRE 2019 VIVIANE VIANA VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DE ALTERNATIVAS DE ACESSIBILIDADE NA TRAJETÓRIA VERTICAL PARA ADEQUAÇÃO DE PRÉDIO EXISTENTE Este trabalho de conclusão de curso foi apresentado à Faculdade de Tecnologia TecBrasil - Ftec como exigência para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora Dra. GISELLE REIS ANTUNES Porto Alegre 2019 VIVIANE VIANA VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DE ALTERNATIVAS DE ACESSIBILIDADE NA TRAJETÓRIA VERTICAL PARA ADEQUAÇÃO DE PRÉDIO EXISTENTE Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelos membros da banca examinadora. __________________________________________________ GISELLE REIS ANTUNES - Orientadora Professora Dra. Faculdade de Tecnologia TecBrasil - FTEC __________________________________________________ Carlos Eduardo Iponema - Banca Professor MSc. Faculdade de Tecnologia TecBrasil - FTEC __________________________________________________ Rafaela Falcão Socoloski - Banca Doutoranda Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS “Pessoas com deficiência têm o direito … ao respeito pela sua dignidade humana … aos mesmos direitos fundamentais que os concidadãos … a direitos civis e políticos iguais aos de outros seres humanos … a medidas destinadas a permitir-lhes a ser o mais autossuficientes possível … a tratamento médico, psicológico e funcional, a desenvolver suas capacidades e habilidades ao máximo, apressar o processo de sua integração ou reintegração social … à segurança econômica e social e a um nível de vida decente … de acordo com suas capacidades, a obter e manter o emprego ou se engajar em uma ocupação útil, produtiva e remunerada e se filiar a sindicatos, a ter suas necessidades especiais levadas em consideração em todas as etapas do planejamento econômico e social … a viver com suas famílias ou com pais adotivos e a participar de todas as atividades criativas, recreativas e sociais [e não] serem submetidas, em relação à sua residência, a tratamento diferencial, além daquele exigido pela sua condição … serem protegidas contra toda exploração, todos os regulamentos e todo tratamento abusivo, degradante ou de natureza discriminatória … a beneficiarem-se de assistência legal qualificada quando tal assistência for indispensável para a própria proteção ou de seus bens …” Declaração sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, proclamada pela Assembleia Geral da ONU em 9 de dezembro de 1975 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Claudio Antonio Viana e Maria Helena Viana e meus dindos Marlene e Vilmar Viana por acreditarem, incentivarem e concretizarem o meu grande sonho da Engenharia Civil. AGRADECIMENTOS Uma vez escolhido o caminho, só há uma coisa a fazer: seguir em frente. Se será fácil ou difícil, claro ou escuro, pequena ou larga estrada, isso não importa. Dar o primeiro passo é sempre o mais difícil, e por menor que seja cada passo, sempre será considerada uma conquista. Enfim, lançado o desafio. No caminho que escolhi, houve momentos nos quais as minhas forças diminuíram, a energia faltou e pensei “é peso demais para meus ombros”… Mas suportei e venci, pois sempre tive uma energia guardada, a minha família. O importante é não desanimar, não parar. Dar sempre um passo à frente. Não importa o tempo que se leva… E nem é preciso correr. O tempo não conta. O que importa é o esforço feito, o passo que se deu, o terreno que se ganhou, os amigos que se conquistaram e o quanto se aprendeu. Agradeço a Deus e minha família. Meus pais Claudio Antonio Viana e Maria Helena Viana, meus filhos Fá e Duda e meus dindos Vilmar Gomes Viana e Marlene Bittencourt Viana pelo apoio, força e carinho. Gratidão eterna a todos. Ao meu irmão e meus primos por suportarem meus dias de mau humor e por proporcionar o tempo, que eu não tinha, aos meus filhos. Aos meus queridos amigos, com os quais dividi momentos de alegrias, angustias e esperanças. Aos que de alguma forma estiveram comigo nesta jornada, se não pessoalmente, mas em pensamento e no coração. Muito obrigada, todos tem uma parcela importante nessa conquista. Aos mestres agradeço pela dedicação em transmitir conhecimento, em especial a equipe da FTEC Caxias do Sul, a qual me recebeu de braços abertos e proporcionou um dos melhores aprendizados de minha formação acadêmica e pessoal. Não posso deixar de agradecer, também em especial, a minha orientadora Giselle pela orientação incansável, empenho e confiança. À instituição pelo apoio e esforço em proporcionar condições para meu crescimento e aprendizado. “Nosso orgulho, minha Engenheira!” Vilmar Gomes Viana VIABILIDADE TÉCNICA E FINANCEIRA DE ALTERNATIVAS DE ACESSIBILIDADE NA TRAJETÓRIA VERTICAL PARA ADEQUAÇÃO DE PRÉDIO EXISTENTE VIVIANE VIANA Autor Dra. GISELLE REIS ANTUNES Orientadora Resumo: Várias construções necessitam de alterações em seu projeto arquitetônico para se adequarem às necessidades de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Portanto, a garantia de se pensar, fazer e proporcionar acessibilidade torna-se fundamental aos profissionais de engenharia civil e arquitetura. A evolução deste assunto torna ambientes construídos com maior ou menor grau de enquadramento aos parâmetros existentes. A NBR 9050 (2015) estabelece critérios e especificações técnicas a serem observadas quanto ao projeto e construção de edificações às condições de acessibilidade. Este trabalho se propõe a analisar de forma sistemática a viabilidade técnica e financeira de acessibilidade para adequação de prédio existente, com vista à inclusão social. Neste contexto é apresentada a edificação Vila Flores, em Porto Alegre, construída entre os anos 1925 e 1928 e que atualmente abriga diversas funções com atividades socioculturais, coordenadas pela Associação Cultural Vila Flores, como espaço de trabalho de diversos artistas, empreendedores criativos e ambiente de aprendizado. Parte de uma conceituação e contextualização legal e normativa de questões referentes à acessibilidade pretende-se demonstrar sua aplicabilidade junto aos profissionais da construção civil, na adequação deste prédio. A partir da anamnese baseada na edificação e na revisão de referencial teórico é realizada escolha de método para acesso à edificação principal através de rampa e para acesso vertical com o uso de elevador. Palavras chave: Acessibilidade. Deficiência. Inclusão Social. Viabilidade Técnica e Financeira. TECHNICAL AND FINANCIAL VIABILITY OF ACCESSIBILITY ALTERNATIVES IN THE VERTICAL TRAJETÓRA FOR THE ADEQUACY OF AN EXISTING BUILDING VIVIANE VIANA Author Dra. GISELLE REIS ANTUNES Advisor Abstract: Many buildings require changes in their architectural design to suit the needs of people with disabilities or reduced mobility. Therefore, the guarantee of thinking, making and providing accessibility becomes fundamental to civil engineering and architecture professionals. The evolution of this subject makes environments built with a greater or lesser degree of framing the existing parameters. The NBR 9050 (2015) establishes criteria and technical specifications to be observed regarding the design and construction of buildings to theaccessibility conditions. This work proposes to systematically analyze the technical and financial feasibility of accessibility in the adequacy of existing building, with a view to social inclusion. In this context, the Vila Flores building, in Porto Alegre, was built between 1925 and 1928 and currently houses various functions with socio-cultural activities, coordinated by the Vila Flores Cultural Association, as a work space for several artists, creative entrepreneurs and learning. Part of a conceptualization and legal and normative contextualization of issues related to accessibility is intended to demonstrate its applicability to professionals in the construction industry, in the adequacy of this building. From the anamnesis based on the building and the revision of theoretical reference is made choice of method for access to the main building through ramp and for vertical access with the use of elevator. Key words: Accessibility. Deficiency. Social inclusion. Technical and Financial Viability. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - O tripé da sustentabilidade ................................................................................... 17 Figura 2 - Acessibilidade planejada ...................................................................................... 19 Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ......................................................... 24 Figura 4 - Porta com sensor .................................................................................................. 30 Figura 5 - Tesoura que se adapta a canhotos e destros .......................................................... 31 Figura 6 - Sanitário Feminino e para pessoa com deficiência ................................................ 31 Figura 7 - Sanitário Masculino e para pessoa com deficiência .............................................. 31 Figura 8 – Símbolos e Braille ............................................................................................... 32 Figura 9 - Mapas com informações em alto relevo ............................................................... 32 Figura 10 - Elevadores com sensores em diversas alturas ..................................................... 32 Figura 11 - Maçaneta tipo alavanca ...................................................................................... 33 Figura 12 - Torneira com sensor ........................................................................................... 33 Figura 13 - Banheiros com dimensões adequadas ................................................................. 33 Figura 14 - Poltronas para obesos em cinema e teatros ......................................................... 34 Figura 15 – Conceito acessível ............................................................................................. 34 Figura 16 - Símbolo Internacional de Acesso – Forma A ...................................................... 35 Figura 17 - Símbolo Internacional de Acesso – Forma B ...................................................... 35 Figura 18 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva ................................ 35 Figura 19 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência visual ................................... 36 Figura 20 - Loft adaptado ..................................................................................................... 49 Figura 21 - Acesso com barreira ........................................................................................... 49 Figura 22 - Rampa de acesso à edificação ............................................................................ 50 Figura 23 - Rampa com inclinação inadequada..................................................................... 50 Figura 24 - Rampa com patamar de acesso à edificação ....................................................... 50 Figura 25 - Local indicado para a implantação do elevador (em planta) ................................ 51 Figura 26 - Acessos à edificação .......................................................................................... 51 Figura 27 - Rampa de acesso ................................................................................................ 52 Figura 28 - Rampa de acesso interna .................................................................................... 52 Figura 29 - Acesso ao elevador na edificação ....................................................................... 52 Figura 30 - Acesso ao elevador pelo estacionamento ............................................................ 53 Figura 31 - Plataforma elevatória ......................................................................................... 53 Figura 32 - Tratamento de desníveis ..................................................................................... 57 Figura 33 - Dimensionamento de rampas ............................................................................. 58 Figura 34 - Rampa em curva – Planta ................................................................................... 59 Figura 35 - Guia de balizamento .......................................................................................... 59 Figura 36 - Patamares das rampas – Vista superior ............................................................... 60 Figura 37 - Rampas em Porto Alegre a) Adequada e b) Inadequada ..................................... 60 Figura 38 - Distância entre a soleira do carro e a soleira de pavimento ................................. 62 Figura 39 - Plataforma vertical com altura entre 2 e 9m deve ser enclausurada ..................... 63 Figura 40 - Plataforma de elevação inclinada ....................................................................... 63 Figura 41 - Sinalização de piso junto à plataforma de elevação inclinada – Vista superior .... 64 Figura 42 - Esteira rolante inclinada. .......................................................................................65 Figura 43 - Esteira rolante horizontal...................................................................................... 65 Figura 44 - Escada rolante com plataforma para cadeira de rodas ......................................... 65 Figura 45 - Piso tátil alerta e Piso tátil direcional .................................................................. 66 Figura 46 - Sinalização tátil de alerta e relevos táteis de alerta instalados no piso ................. 68 Figura 47 - Sinalização tátil direcional e relevos táteis direcionais instalados no piso ........... 69 Figura 48 - Sinalização horizontal de piso ............................................................................ 70 Figura 49 - Perímetro do IV Distrito..................................................................................... 71 Figura 50 - Planta de locação ............................................................................................... 72 Figura 51 - Divisão do IV Distrito de Porto Alegre .............................................................. 73 Figura 52 - Linha do tempo - Vila Flores.............................................................................. 74 Figura 53 - Fachada externa Ed. São Carlos ......................................................................... 76 Figura 54 - Fachada interna Ed. São Carlos .......................................................................... 76 Figura 55 - Transporte .......................................................................................................... 80 Figura 56 - Planta térrea Ed. São Carlos ............................................................................... 82 Figura 57 - Vista superior de corrimão e rampa .................................................................... 82 Figura58 - Vista lateral de corrimão e rampa ....................................................................... 83 Figura 59 - Corte - Corrimão e rampa................................................................................... 83 Figura 60 - Projeto Elevador Vila Flores .............................................................................. 85 Figura 61 - Planta térreo Edifício São Carlos ........................................................................ 88 Figura 62 - Planta pavimento tipo Edifício São Carlos ......................................................... 88 Figura 63 - Planta sótão Edifício São Carlos ........................................................................ 89 Figura 64 - Altura dos botões de chamada do elevador ......................................................... 89 Figura 65 - Edifício São Carlos: Elevador e rampa de acesso ............................................... 90 Figura 66 - Edifício São Carlos ............................................................................................ 90 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Exigências e sugestões referentes à área do comércio ......................................... 36 Quadro 2 - Exigências e sugestões referentes à área de lojas comerciais ............................... 37 Quadro 3 - Exigências e sugestões referentes à área da cultura ............................................. 37 Quadro 4 - Exigências e sugestões referentes à área da educação ......................................... 38 Quadro 5 - Exigências e sugestões referentes à área da gastronomia ..................................... 38 Quadro 6 - Exigências e sugestões referentes à área de hospedagem..................................... 39 Quadro 7 - Exigências e sugestões referentes à área de lazer e esporte.................................. 40 Quadro 8 - Exigências e sugestões referentes à área de órgãos públicos ............................... 41 Quadro 9 - Exigências e sugestões referentes às residências ................................................. 41 Quadro 10 - Exigências e sugestões referentes à área da saúde ............................................. 42 Quadro 11 - Exigências e sugestões referentes à área de serviços financeiros ....................... 42 Quadro 12 - Exigências e sugestões referentes à área de serviços profissionais ..................... 42 Quadro 13 - Exigências e sugestões referentes à área do transporte ...................................... 43 Quadro 14 - Tipos de deficiência .......................................................................................... 44 Quadro 15 - Ação deslocar (Percurso) .................................................................................. 45 Quadro 16 - Ação chegar ..................................................................................................... 45 Quadro 17 - Ação acessar ..................................................................................................... 46 Quadro 18 - Ação utilizar ..................................................................................................... 46 Quadro 19 - Ação permanecer .............................................................................................. 46 Quadro 20 - Ação sair .......................................................................................................... 47 Quadro 21 - Sinais visuais .................................................................................................... 55 Quadro 22 - Resumo da sinalização dos equipamentos eletromecânicos ............................... 56 Quadro 23 - Dimensionamento de rampas ............................................................................ 58 Quadro 24 - Dimensionamento de rampas para situações excepcionais ................................ 59 Quadro 25 - Dimensão da sinalização tátil e visual alerta ..................................................... 67 Quadro 26 - Dimensão da sinalização tátil e visual direcional .............................................. 68 Quadro 27 - Aplicação e formas de informação e sinalização ............................................... 69 Quadro 28 - Potencialidades e conflitos no IV Distrito de Porto Alegre ................................ 72 Quadro 29 - Ficha técnica da edificação Vila Flores ............................................................. 75 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - Inclinação de rampas ........................................................................................ 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resultado avaliativo de recursos para acessibilidade vertical no Vila Flores ........ 78 Tabela 2 - Resultado avaliativo de ação chegar .................................................................... 79 Tabela 3 - Resultado avaliativo de ação sair ......................................................................... 80 Tabela 4 - Detalhe construtivo para corrimão ....................................................................... 81 Tabela 5 - Detalhe construtivo para rampa ........................................................................... 81 Tabela 6 - Proposta de orçamento rampa e corrimão da Empresa A ...................................... 84 Tabela 7 - Proposta de orçamento rampa e corrimão da Empresa B ...................................... 84 Tabela 8 - Proposta de orçamento rampa e corrimão da Empresa C ...................................... 84 Tabela 9 - Detalhe para elevador .......................................................................................... 85 Tabela 10 - Proposta de orçamento de elevador da Empresa D ............................................. 85 Tabela 11 - Proposta de orçamento de elevador da Empresa E ............................................. 86 Tabela 12 - Proposta de orçamento de elevador da Empresa F .............................................. 87 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas ACM: Aluminium Composite Material ANSI: American National Standards ANTT: Agência Nacional de Transporte Terrestre ART: Anotação de Responsabilidade Técnica ASTM: American Society for Testing and Materials BID: Banco Interamericano de Desenvolvimento BS: British Standard CEA: Conceito Europeu de Acessibilidade CIENTEC: Fundação de Ciência e Tecnologia CORDE: Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência DIN: Deutschs Institut für Normung DUDH: Declaração Universal dos Direitos Humanos IPTU: Imposto Predial e Territorial Urbano ITBI: Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis ISO: International Standard Organisation LED: Light Emitting Diode NBR: Norma Brasileira OCA: Oficina Conceito Arquitetura ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONG: Organização Não Governamental ONU: Organização das Nações Unidas PIEC: Projeto Integrado Entrada da Cidade PMR: Pessoa com mobilidade reduzida PVC: Policloreto de vinila SIA: Símbolo Internacional de Acessibilidade TRENSURB: Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16 1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA ........................................................... 16 1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO LEGAL E NORMATIVA ...................................................... 20 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................... 26 1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................... 27 2 ACESSIBILIDADE ........................................................................................................ 28 2.1 CONCEITOS GERAIS................................................................................................... 28 2.2 RECURSOS PARA ACESSIBILIDADE EM AMBIENTES CONSTRUÍDOS ............... 36 2.2.1 Acessibilidade na trajetória vertical............................................................................. 54 2.2.1.1 Rampas ...................................................................................................................... 57 2.2.1.2 Elevador vertical......................................................................................................... 60 2.2.1.3 Plataforma elevatória vertical...................................................................................... 62 2.2.1.4 Plataforma de elevação inclinada ................................................................................ 63 2.2.1.5 Esteira rolante horizontal ou inclinada ........................................................................ 64 2.2.1.6 Escada rolante com plataforma para cadeira de rodas .................................................. 65 2.2.2 Acessibilidade na trajetória horizontal ........................................................................ 65 2.2.2.1 Sinalização tátil de piso .............................................................................................. 66 2.2.2.2 Sinalização horizontal de piso ..................................................................................... 70 3 ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 71 3.1 CONTEXTO DO OBJETO ............................................................................................. 71 3.2 MÉTODO ADOTADO ................................................................................................... 77 3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ..................................................... 78 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 91 5 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 93 APÊNDICE ............................................................................................................................ 98 APÊNDICE A - Planta baixa existente .................................................................................... 99 ANEXOS.............................................................................................................................. 100 ANEXO A – As built e planta baixa ...................................................................................... 101 ANEXO B – Planta, vistas e especificações de rampa e corrimão .......................................... 102 ANEXO C – Planta, vistas e especificações de rampa e corrimão .......................................... 103 ANEXO D – Entrevista com arquiteto e proprietário João Wallig .......................................... 104 ANEXO E – Relatório fotográfico – Autoria própria ............................................................. 105 16 1 INTRODUÇÃO Neste capítulo será abordada uma apresentação geral referente à acessibilidade na trajetória vertical em edificações existentes, através da justificativa e importância do tema, sua contextualização legal e apresentação dos objetivos a serem atingidos. 1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA A acessibilidade está relacionada à inclusão social, o que podemos incluir o direito de acesso a todas as pessoas em edificações, a comunicação e serviços, transportes, vias públicas e tecnologias com o máximo de autonomia possível. Portanto a inclusão social é um assunto extremamente importante, atual e de grande interesse da sociedade. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 contém em seu Artigo 1º, o seguinte conteúdo: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Para promover uma sociedade mais igualitária cada vez mais se exige construções acessíveis, funcionais e seguras a toda população. Assegurar a acessibilidade é necessário à busca de compatibilidade entre as necessidades das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e alternativas na adequação de construções existentes. No entanto, conforme Lima (2015), existem diversos obstáculos encontrados na acessibilidade sob condições específicas ou inespecíficas como em calçadas, estacionamentos, propriedades públicas, prédios, residências e transportes. A denominação de pessoa com deficiência ressalta a importância da pessoa em primeiro lugar, já a expressão com deficiência, reconhece alguma limitação que deve ser observada. No conceito de mobilidade reduzida pode-se incluir pessoas com deficiência visual, idosos, gestantes, cadeirantes, pessoas que fazem uso de muletas de forma temporária ou permanente e demais pessoas que possuam dificuldade na utilização do espaço. Antunes (2019) expõe que o modelo atual, referente a projetos de edificações e espaços públicos, muitas vezes excluem as necessidades de pessoas com limitações motora ou sensorial, idosa, obesa, de estatura muito alta ou baixa e gestante. Neste sentido, Fernandes (2010) menciona que a acessibilidade está em permanente processo de mudança e constante melhoria. 17 Assegurar acessibilidade de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, garante o atendimento do eixo social no tripé da sustentabilidade, conferindo-lhes inclusão e permitindo-lhes atuar numa sociedade mais igualitária. Jonh Elkington (1994), empresário norte americano, fundador de uma Organização Não Governamental (ONG), chamada Sustainability, onde apresentou o Triple Bottom Line, traduzido por o tripé da sustentabilidade (Figura 2) e também conhecido como 3 Ps da Sustentabilidade (People, Planet, Profit, ou em português, PPL, Pessoas, Planeta, Lucro). Neste modelo considera-se o equilíbrio entre os fatores ambientais, sociais e econômicos, onde para ser sustentável uma organização ou negócio deve ser financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável. Figura 1 - O tripé da sustentabilidade Fonte: Adaptado de Elkington (1994) A cultura da sustentabilidade no âmbito social dispõe a interação humana e as práticas inclusivas, como importante fator educacional de formação de consciência e de atitude positiva frente aos problemas sistêmicos de mobilidade reduzida. No eixo econômico o propósito é a criação de empreendimentos viáveis e atraentes para os investidores e no eixo ambiental o objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos, combater a desperdícios e otimizar os recursos. Ter e ser uma sociedade inclusiva passa necessariamente pela ideia de uma cidade de todos e para todos, independentemente do tipo de deficiência, de maneira que se exige uma nova concepção de viver socialmente sem barreiras. Para isso, a compreensão do que seja acessibilidade auxilia na concretização dos direitos a ela vinculada, a fim de alterar o pensamento de que acessibilidade é simplesmente a construção de rampas. Econômico Social Ambiental 18 A história das construções através dos séculos é marcada pela diversidade estilística e de pensamentos que refletem o momento vivido pela sociedade, onde os projetos se inseriam em cada época. Entretanto, podemos constatar que em todas as construções realizadas houve uma busca pela tipificação e racionalização de espaços e processos construtivos. As questões da edificação padrão tem evoluído há muitos séculos, como podemos citar Marcos Vitrúvio, engenheiro civil romano do século I a.C., com três princípios conceituais, os quais referem-se à utilidade, beleza e solidez. De maneira geral, no século XIX, percebemos umaclara tentativa de padronização do indivíduo e sua relação com o espaço. Contudo esta tendência acaba por gerar diferenças entre os produtos oferecidos e parcelas da população que não estão aptas a utilizá-los conforme projetados, de forma a tornar ambientes desconfortáveis e até inseguros aos usuários. Somente a partir de meados do século XX, alguns profissionais ligados às áreas de engenharia civil, arquitetura e sociologia começaram a projetar uma metodologia que levasse em conta todos os usuários e que, de certa forma, conseguisse atingir o maior número de pessoas possível. Com isso, surgiram os conceitos de acessibilidade e desenho universal e, a partir deste, o conceito de design universal. Com o conceito de acessibilidade às edificações estão associadas a recomendações, normas técnicas e leis para direcionar os profissionais da construção civil. Contudo, somente após a Segunda Guerra Mundial, preocupou-se em tornar internacional, os direitos fundamentais. Neste contexto, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, cujo objetivo principal era promover a paz no mundo através do bom relacionamento entre os países, bem como estabelecer esforços em uma tentativa de amenizar as desigualdades sociais. Surge então, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) em 1948, conforme segue: Como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. Portanto, acima da conquista dos direitos humanos está o enorme desafio em universalizá-los. O imobilismo é a cegueira do final deste século e a barbárie seu mais cruel produto. (GONÇALVES, 1998). 19 Atualmente podem-se observar soluções eficientes e amplos benefícios para todas as pessoas com o conceito de desenho universal, o qual permite o entendimento de que a acessibilidade planejada nos meios construtivos atenda todos os seres humanos em sua diversidade, como ilustra a figura 2. Figura 2 - Acessibilidade planejada Fonte: Vogel (BID 2007) No desenho universal, de Ron Mace (1987), existem critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendam a um maior número de usuários, independem de suas características físicas, habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma melhor ergonomia a todos. Existem sete princípios do desenho universal adotados em planejamentos e obras de acessibilidade, conforme segue: I. uso equitativo; II. uso flexível; III. uso simples e intuitivo; IV. informação de fácil percepção; V. tolerância ao erro; VI. baixo esforço físico; VII. dimensão e espaço para aproximação e uso. Contudo é necessário promover uma maior fusão da acessibilidade com o desenho universal nos projetos urbanos, a fim de extinguir as dificuldades de acessos das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, tornando assim, zonas urbanas mais inclusivas com planejamento correto de edificações. 20 1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO LEGAL E NORMATIVA De acordo com Guimarães (2008), a deficiência deve ser entendida como uma relação de desajuste que envolve três aspectos: a capacidade potencial do surgimento de uma habilidade, a experiência vivenciada desta habilidade em um determinado contexto e os recursos disponíveis no meio construído que possam permitir tal experiência. Cambiaghi (2007) afirma que a pessoa com deficiência é um indivíduo com capacidades reduzidas, limitadas ou anuladas de mobilidade ou percepção do ambiente em que se encontra. Contudo esta deficiência pode ser minimizada no momento em que o espaço no qual ela está inserida, proporcione recursos para interação. Neste processo os profissionais que projetam tem papel fundamental no planejamento e uso dos espaços construídos. A concepção do termo pessoa portadora de deficiência e o seu conceito tiveram suas origens na Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1975), a qual estabeleceu pessoa deficiente como: Qualquer pessoa incapaz de assegurar por si própria, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas, sensoriais ou mentais. Segundo Araújo (1997), o direito constitucional de acessibilidade, o qual tem fundamento nos direitos humanos e da cidadania é, antes de tudo, uma materialização do direito constitucional de igualdade. Se ele é negado à pessoa com deficiência, criam-se barreiras para a vida social desse grupo, dando espaço para a segregação social. Com a emenda constitucional número 12, da Constituição de 1967, promulgada em outubro de 1978, em seu artigo único, é assegurada aos deficientes a melhoria de sua condição social e econômica especialmente mediante: I – educação especial gratuita; II – assistência, reabilitação e reinserção na vida econômica e social do País; III – proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou a serviços e a salários; IV – possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos. A legislação federal brasileira é extensa a respeito de acessibilidade, destacam-se: a Lei 7.405 de 1985, a Lei 7.853 de 1989 e o Decreto n.º 3.298 de 1999. A primeira dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração e sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), por esta Lei fica transferida aos Estados e Municípios a responsabilidade pela adoção de normas que eliminem as barreiras de acesso dos portadores a edificações, espaços urbanos e meios de transporte. 21 Pela Lei n.º 7.405 de 1985, torna-se obrigatória a colocação do "Símbolo Internacional de Acesso" em todos os locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas portadoras de deficiência. O Decreto n.º 3.298 de1999, por sua vez, regulamenta a Lei 7.853 de 1989, dispondo sobre a política nacional para integração da pessoa portadora de deficiência e consolidando as normas de proteção. Esta política compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. No Brasil, a divulgação da Constituição em 1988 foi um marco importante no que se refere à inclusão social da pessoa com deficiência. O documento trouxe diversos artigos que caminham na direção do cumprimento do princípio da igualdade como um dos seus objetivos fundamentais, a fim de promover o bem de todos, sem preconceitos de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A educação é estabelecida como um direito de todos e garante o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Estabelece também igualdade de condições de acesso e permanência na escola. O direito de acessibilidade no Brasil é citado na Carta Magna em seu artigo 5°, que garante o direito de ir e vir e afirma que a locomoção no território nacional é livre a qualquer pessoa. Essa lei aponta para construções de locais públicos e para fabricação de veículos e transportes coletivos que possam garantir a locomoção de pessoas portadoras de necessidades especiais. Em 2000, o assunto teve regulamentação pelas Leis Federais nº 10.048 e 10.098, que apresentaram uma visão mais ampla sobre esse assunto, pela elaboração e atendimento prioritário à acessibilidade em locais públicos e pelo direito de acessibilidade para todos, e inovaram com penalidade em casosdo não cumprimento da Lei. O Decreto 5.296, de 2004, regulamenta as Leis 10.048 de 2000, a qual garante prioridade de atendimento às pessoas com deficiência física, e aos idosos com idade superior a 60 anos, às gestantes, às lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo, assim como faz exigências quanto à acessibilidade nos transportes e aos logradouros e sanitários e edifícios de uso público e 10.098 de 2000 sobre normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Quanto à sinalização, o Decreto 5.296, de 2004, em seu artigo 26 considera que é obrigatória a existência, nas edificações de uso coletivo, de sinalização visual e tátil para orientação de pessoas portadoras de deficiências auditivas e visuais, em conformidade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. A 22 sinalização visual é realizada a partir de textos ou figuras, e a tátil é realizada por meio de caracteres de relevo, Braille ou figuras em relevo. Mais recentemente, em 2015, foi instituída a Lei 13.146, Lei Brasileira de Inclusão de Pessoa com Deficiência, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, designada a garantir e promover o exercício dos direitos e liberdades de forma igualitária por pessoa com deficiência, objetivando a inclusão social e a cidadania. A legislação é ampla e incluiu inovações em diferentes áreas como educação, saúde, assistência social, construção civil, trabalho. A punição em casos de discriminação contra deficientes também está prevista na lei. Neste momento é atualizado o conceito de pessoa com deficiência em seu artigo 2.º, conforme segue: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Esta mesma lei apresenta a definição de pessoa com mobilidade reduzida, em seu artigo 3.º, item IX. Segue: Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso. Nesta lei também é apresentada a classificação para as barreiras físicas em seu artigo 3.º, item IV: Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transporte; d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas; f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias. Prado (2001), por sua vez, afirma que existem dois tipos de barreiras impostas à acessibilidade: 23 visíveis, sendo caracterizadas por todos os impedimentos concretos, entendidos como a falta de acesso aos espaços construídos; invisíveis, como a forma pela qual as pessoas são vistas, na maior parte das vezes representadas por sua deficiência e não por sua capacidade. Quanto às normas de acessibilidade, estas são especificações técnicas disponíveis ao público e aprovadas pela Organização Internacional de Normas (ISO), fundada em 1947. São baseadas em resultados conjuntos da ciência, da tecnologia e da experiência e têm como objetivo padronizar procedimentos e obter um ótimo resultado para a população. Ao longo do tempo, cada país desenvolveu sua própria norma reguladora de acessibilidade. Nos Estados Unidos, na norma ANSI A117.1 (2009), American National Standards Institute, traduzido como Instituto Nacional Americano de Padrões, foram elaboradas especificações para construção de instalações e edifícios acessíveis e utilizáveis por pessoas portadoras de deficiência. Estas especificações aplicam-se tanto para o setor público, quanto para o privado. Na Alemanha, por sua vez, destaca-se a DIN 33402 (2008), Deutsches Institut für Normung ou Instituto Alemão para Normatização, que estabelece disposições de construções acessíveis às pessoas portadoras de deficiência através de tabelas antropométricas. Além desta, sobressaem-se no cenário europeu o Instituto de Normas Britânicas "British Standard Institution", o qual define um padrão através de especificações e técnicas usadas como orientação para a produção de um produto ou serviço. A BS8536-1 (2015) fornece recomendações para o uso de dados e informações necessárias para o briefing de projeto e construção, garantindo que o desempenho futuro e o uso de um edifício sejam considerados. A norma se aplica a todos os projetos de novos edifícios e grandes reformas. No Brasil a primeira norma sobre acessibilidade surgiu por iniciativa da ABNT em 1985, intitulada NBR 9050 - Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaços, mobiliário e equipamentos urbanos, de modo a atender a acessibilidade, através de novos princípios adotados em adequações das edificações, mobiliários e equipamentos urbanos, sejam eles públicos ou privados. A NBR 9050 foi alterada para Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, no ano de 2015. Onde passou a prever algumas orientações básicas para garantir a sustentabilidade, segurança e mobilidade das pessoas nas construções, independente de idade, estatura ou limitação de mover-se. Nela, é possível encontrar parâmetros técnicos que auxiliam a tornar determinada obra mais acessível, tanto no momento da construção como na reforma, com observações pertinentes sobre a edificação, dentre elas: https://www.din.de/ https://www.din.de/ 24 Desenho universal; Barreiras arquitetônicas; Sinalização vertical desenho e horizontal; Rampas de acesso; Plataforma elevatória. Neste mesmo ano, a ONU (2015) estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo dezessete objetivos a serem alcançados até 2030, sendo eles apontados na figura 3. Onde todos os países signatários se comprometam com o desenvolvimento social, econômico e ambiental do planeta. A acessibilidade se encaixa no objetivo 10, que retrata a redução de desigualdades e no item 11 sobre cidades sustentáveis. Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Fonte: ONU (2015) Hoje em dia, as normas estabelecem critérios para que os projetos de construções e equipamentos urbanos proporcionem condições de acessibilidade, porém as edificações antigas precisam passar por adaptações. No entanto, são apresentados avanços como o conceito de comportamento em uso dos componentes e dos sistemas das edificações. Estas edificações devem atender e cumprir as exigências dos usuários ao longo dos anos, de maneira a promover a melhoria da relação de consumo do mercado imobiliário, por meio da definição de responsabilidades de todos os envolvidos: engenheiros, arquitetos, fornecedoresde materiais, construtores, incorporadores e usuários. A norma de desempenho NBR 15575 (2013) foi criada neste sentido e apresenta requisitos e critérios de desempenho de edificações para atender às exigências dos usuários. https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 25 Quando se trata dos usuários com deficiência física ou mobilidade reduzida, a parte 1 da norma contém: 16.3 Requisitos – Adequação para pessoas com deficiências físicas ou pessoas com mobilidade reduzida: A edificação deve prever o numero mínimo de unidades para pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida estabelecido na legislação vigente, e estas unidades devem atender aos requisitos da NBR 9050. As áreas comuns devem prever acesso a pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida e idosos. Bem como a parte 3 da mesma norma, onde podemos citar o requisito referente a piso, conforme segue: 16.1 Requisitos – Sistema de pisos para pessoas portadoras de deficiência física ou pessoas com mobilidade reduzida (PMR) Propiciar mobilidade e segurança em função das áreas de uso. O sistema de piso deve atender à ABNT NBR 9050. Na construção civil, ainda existe certo distanciamento entre o que está na lei e o que é realizado na prática. Urbanistas, arquitetos, engenheiros e desenhistas ainda desconhecem a legislação e quando incluem aspectos de acessibilidade no projeto, os itens acessíveis são pontuais e, por vezes, ineficientes, desta forma não atendem totalmente às normas técnicas. É necessário que os projetistas se sensibilizem sobre a importância do tema, o qual é uma questão de inclusão social e econômica sobre o baixo impacto do custo de implantação, irrisório frente aos grandes benefícios sociais promovidos e à adequação ao que prescreve a lei da acessibilidade. Por isso é preciso um trabalho de conscientização das pessoas e empresas para que entendam a importância de tornar os espaços acessíveis a todos. Todos merecem direitos iguais de ir e vir, portanto, o setor da construção civil, deve estar atento às normas atualizadas para incorporá-las na sua obra. Por fim, adverte-se que acessibilidade não se resume ao direito de locomoção independente, apesar de assim transparecer, mas também envolve o direito à informação. Portanto, permitir à pessoa com deficiência exercer plenamente sua cidadania implica fazer cumprir os direitos fundamentais já reconhecidos em que os ambientes se tornem disponíveis a todos, em seu sentido mais amplo. As normas brasileiras, consideradas como referência na América Latina, ainda são desprezadas por alguns profissionais da construção civil. No entanto, com a entrada da lei de inclusão da pessoa com deficiência, o país deu mais um passo na direção da acessibilidade para todos os cidadãos brasileiros. http://www.globaltec.com.br/o-perfil-do-engenheiro-do-futuro/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm 26 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO A pesquisa realizada para este trabalho verifica a hipótese de tornar acessível a todos os usuários, conforme normas estabelecidas, para que se efetive a mudança de um prédio existente com a instalação de recursos para acessibilidade na trajetória vertical. Para tanto o trabalho é composto por quatro capítulos, os quais contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. A seguir serão apresentados os assuntos tratados. O capítulo um aborda itens necessários para a condução deste referido trabalho, desde a introdução com a justificativa, importância e contextualização legal e normativa, até os objetivos específicos referentes à acessibilidade na trajetória vertical de edificação existente. Apresenta-se a pesquisa de referencial teórico e a influência da acessibilidade, a qual é destacada a fim de embasar o estudo que segue. No segundo capítulo são apresentados princípios e conceitos de acessibilidade. Nele constam os recursos disponíveis e utilizados para acessibilidade em edificações de acordo com as normas. Trata de forma específica à acessibilidade vertical. São abordados estudos sobre o conceito do Desenho Universal onde o mesmo pretende tornar ambientes, equipamentos, entre outros, acessíveis e utilizáveis por todos. De acordo com Fernandes (2010), os atributos da mobilidade são apresentados e apontam que em cada ação de mobilidade urbana é necessário identificar a interface acessível e melhorar os espaços. Na sequência, as categorias de acessibilidade são apresentadas de modo a informar adequadamente como garantir a autonomia e segurança em ambientes. De modo a finalizar o capítulo são apresentados recursos utilizados para acessibilidade como rampa, sinalizações e equipamentos eletromecânicos de circulação vertical, suas especificações técnicas e exemplos na cidade de Porto Alegre. O terceiro capítulo é exposto o estudo de caso, seu contexto, metodologia para compor a pesquisa e a apresentação e análise de resultados. O estudo foi realizado em uma edificação localizada no IV Distrito da cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul com funções e atividades socioculturais, conhecido como Vila Flores. No quarto capítulo é apresentado, de forma positiva, que há possibilidade de tornar uma edificação construída acessível aos usuários com deficiência e usuários com mobilidade reduzida, de forma a oportunizar e realizar uma verdadeira transformação necessária para a edificação estudada e que poderá ser aplicada a outros ambientes construídos no Vila Flores ou em outras edificações. 27 1.4 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise de alternativas disponíveis para acessibilidade vertical e comparar a viabilidade técnica e financeira, de modo a promover a inclusão social de pessoas com deficiência e de mobilidade reduzida, na adequação de prédio existente. Com fins de atingir o objetivo geral desta pesquisa propõem-se como objetivos específicos: Propor adequações da acessibilidade para trajetória vertical em edifício existente; Identificar a viabilidade financeira de acessibilidade na trajetória vertical; Identificar a viabilidade técnica de acessibilidade na trajetória vertical. 28 2 ACESSIBILIDADE Neste capítulo serão apresentados os princípios e conceitos de acessibilidade. Na sequência, os atributos da mobilidade, onde em cada ação de mobilidade urbana é necessário identificar a interface acessível e melhorar os espaços. Serão abordados também outros temas como: desenho universal; categorias de acessibilidade para garantir a autonomia e segurança dos usuários e recursos para acessibilidade em ambientes construídos com exigências e sugestões conforme o tipo de edificação. De modo a finalizar o capítulo com apresentação de rampa, sinalizações e equipamentos eletromecânicos de circulação vertical, como elevador e plataforma elevatória, suas especificações técnicas e exemplos na cidade de Porto Alegre. 2.1 CONCEITOS GERAIS Segundo Nena Gonzalez e Sheyla Mattos, em seu artigo: “O que é Acessibilidade” (2014): Acessibilidade são as condições e possibilidades de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações públicas, privadas e particulares, seus espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, proporcionando a maior independência possível e dando ao cidadão deficiente ou àqueles com dificuldade de locomoção, o direito de ir e vir a todos os lugares que necessitar, seja no trabalho, estudo ou lazer, o que ajudará e levará à reinserção na sociedade. De acordo com o Conceito Europeu de Acessibilidade – CEA 2003, em seu Relatório do Grupo de Peritos, o fundamento de uma filosofia Europeia de acessibilidade tem como objetivo reconhecer, aceitar e promover, em toda sociedade, os direitoshumanos ao mais alto nível de saúde, conforto, segurança e proteção ambiental. Podemos citar ainda, conforme CEA que: Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com este ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e segura. A acessibilidade é definida pelo Decreto Federal 5296 de 2004 como: A condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou mobilidade reduzida (BRASIL, 2004 Capítulo III – art. 8°. §1°). O mesmo decreto ainda faz a distinção entre pessoa com mobilidade reduzida e pessoa com deficiência, como segue: Pessoa com deficiência: (...) aquela que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade (BRASIL, 2004 Capítulo II – art. 5°. §1°). 29 Pessoa com mobilidade reduzida: (...) aquela que não se enquadra no conceito de deficiência e possui dificuldade de movimentar-se permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade (BRASIL, 2004 Capítulo II – art. 5°. §1°). Os ambientes com maior acessibilidade atendem as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida através de diversas informações adequadas de como garantir a mobilidade e segurança. O Setor de Arquitetura e Engenharia SAE para integração das pessoas com deficiência (CORDE/Ministério da Justiça) considera as categorias de acessibilidade como: O acesso como capacidade de se chegar a outras pessoas: A relação entre pessoas costuma-se centrar nas limitações dos indivíduos e não em suas habilidades, deste modo dificulta sua participação de todos na sociedade. Portanto a comunicação é uma capacidade de se chegar a outras pessoas. A comunicação abrange as línguas, a visualização de textos, o Braille, a comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia acessível, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a tecnologia da informação e comunicação acessíveis. O acesso às atividades humanas: O convívio social através de atividades de cultura, esporte e lazer é direto de todos. Para tanto é necessário que os acessos estejam disponíveis para utilizá-los com autonomia e segurança. A acessibilidade em parques, praças, cinemas, teatros, entre outros, é uma exigência urbana que inclui todos os cidadãos. O acesso ao meio físico: Muitas edificações ainda possuem restrições de acessos em seus projetos arquitetônicos. Portanto a adoção de medidas efetivas de acessibilidade é indeclinável. O acesso à autonomia, liberdade e individualidade: A acessibilidade como sendo a possibilidade e condição de alcance para utilização com autonomia, liberdade e individualidade, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida. O acesso à informação: Disponibilizar de forma universal o acesso à informação, de forma que não existam obstáculos que dificultem ou impossibilitem a expressão ou a recepção de informações através de dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam eles de massa ou não. 30 O acesso ao sistema de transportes: O direito de locomoção é o direito de ir, vir, ficar e permanecer, constituindo assim na possibilidade ampla que tem o indivíduo de circular livremente, conforme o seu trajeto através de meios de transporte público financeira e ergonomicamente acessíveis. Segundo Socoloski (2019), na roda de conversa em sua palestra intitulada “Acessibilidade – desperte seus sentidos e perceba seu entorno”, a pesquisadora demonstra a necessidade imediata de a sociedade agir e proporcionar a todos o direito a autonomia, liberdade e individualidade. A ONU, no Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência (1982), traz o conceito de acessibilidade como equiparação de oportunidades: Equiparação de oportunidades é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade - tal como o meio físico e cultural, a vivência e o transporte, os serviços sociais e sanitários, as oportunidades de trabalho, a vida cultural e social, incluída as instalações desportivas e de lazer – se faz acessível a todos. Desde o momento que uma pessoa nasce, começa a interagir com o ambiente e superar obstáculos para ter acesso a algo que lhe traga satisfação ou prazer. O processo de aprendizagem passa a evoluir com o decorrer dos anos. No entanto, algumas pessoas podem adquirir limitações ao longo da vida ou já terem nascido com elas. É justamente nesse momento que o Desenho Universal pode ser fundamental para facilitar a vida de uma pessoa. Em 1987, o arquiteto Ron Mace criou a terminologia Universal Design, traduzido por Desenho Universal. O mesmo era cadeirante e respirava com uso de aparelho. Mace acreditava em uma percepção de aprimorar e criar produtos e projetos, tornando-os utilizáveis para todos. Na década de 90, juntamente com arquitetos, Mace criou um grupo para defender seus ideais, no qual estabeleceram os sete princípios do desenho universal: I. Uso equiparável – igualitário: Espaços, objetos e produtos devem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, (figura 4) de maneira a tornar os ambientes iguais para todos, garantir a privacidade e segurança e evitar a marginalização. Figura 4 - Porta com sensor Fonte: Cambiaghi (2016) 31 II. Uso flexível – adaptável: Design de produtos e espaços que atendem pessoas com diferentes habilidades, sendo adaptáveis a qualquer uso, como se pode exemplificar na figura 5. Figura 5 - Tesoura que se adapta a canhotos e destros Fonte: Cliche (2013) III. Uso simples e intuitivo – óbvio: De fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender independente de sua experiência, conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração. Nas figuras 6 e 7 ilustram placas em sanitários. Figura 6 - Sanitário Feminino e para pessoa com deficiência Fonte: Cambiaghi (2016) Figura 7 - Sanitário Masculino e para pessoa com deficiência Fonte: Cambiaghi (2016) IV. Informação perceptível – de fácil interpretação: A informação é transmitida de forma a atender as necessidades do receptor, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição, com objetivo de garantir uma priorização de 32 informações. Na figura 8, utiliza-se de símbolos e Braille na placa indicativa e na figura 9, mapa com informações em alto relevo. Figura 8 – Símbolos e Braille Fonte: Cambiaghi (2016) Figura 9 - Mapas com informações em alto relevo Fonte: Cambiaghi (2016) V. Tolerância ao erro humano – seguro, tolerante ao erro: Previsto para minimizar os riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não intencionais. Em elevadores (figura 10) com sensores em diversas alturas permitem as pessoas entrarem sem risco de a porta ser fechada no meio do procedimento. Figura 10 - Elevadores com sensores em diversas alturas Fonte: Cambiaghi (2016) VI. Pouca exigência de esforço físico – economizar energia, fácil manipulação: Para ser usado de forma eficiente, com conforto e o mínimo de fadiga (figuras 11 e 12). 33 Figura 11 - Maçaneta tipo alavanca Fonte: Cambiaghi (2016) Figura 12 - Torneira com sensor Fonte: Cambiaghi (2016) VII. Dimensão e espaço para aproximação e uso – abrangente: Que estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso (figura 14), independente do tamanho do corpo (figura 13), da postura ou mobilidade do usuário (pessoas com cadeira de rodas, carrinhosde bebê, bengalas etc.), da percepção sensorial (auditiva, visual, tátil, olfativa) dos elementos importantes. Figura 13 - Banheiros com dimensões adequadas Fonte: Cambiaghi (2016) 34 Figura 14 - Poltronas para obesos em cinema e teatros Fonte: Cambiaghi (2016) Ambientes acessíveis como resultado do olhar para todos os indivíduos nos remetem a um conceito de desenho universal. Assim, o Desenho Universal visa atender o maior número possível de pessoas, através de projetos planejados de espaços com dimensões apropriadas para interação, alcance e uso de produtos em geral, independentemente do tamanho, postura ou mobilidade do usuário. Reconhece e respeita a diversidade física e sensorial entre as pessoas e as modificações pelas quais passa o nosso corpo, desde a infância à velhice. Como se pode comparar a figura 15 a e 15 b. Figura 15 – Conceito acessível Fonte: Vogel (BID 2007) Qualquer ambiente ou produto projetado segundo os princípios do Desenho Universal poderá ser alcançado e utilizado, independente do tamanho da pessoa, sua postura ou sua mobilidade. De modo que atenda a crianças, idosos, adultos altos e baixos, gestantes, obesos, pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e que evite a necessidade de ambientes e produtos especiais, para assegurar que todos possam utilizá-los com segurança e autonomia. a) b) 35 Os projetos devem detalhar as placas e sinalizações de informação e orientação. As placas contendo pictogramas facilitam a identificação da informação. Conforme a NBR 9050 (2015). A representação do Símbolo Internacional de Acesso consiste em um pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente, ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), e deve estar sempre voltado para o lado direito, conforme figuras 16 ou, preferencialmente, figuras 17. Os símbolos internacionais de pessoas com deficiência auditiva e visual são verificados nas figuras 18 e 19 respectivamente. Figura 16 - Símbolo Internacional de Acesso – Forma A a) Branco sobre fundo azul b) Branco sobre fundo preto c) Preto sobre fundo branco Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015) Figura 17 - Símbolo Internacional de Acesso – Forma B a) Branco sobre fundo azul b) Branco sobre fundo preto c) Preto sobre fundo branco Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015) Figura 18 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva a) Branco sobre fundo azul b) Branco sobre fundo preto c) Preto sobre fundo branco Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015) 36 Figura 19 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência visual a) Branco sobre fundo azul b) Branco sobre fundo preto c) Preto sobre fundo branco Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015) 2.2 RECURSOS PARA ACESSIBILIDADE EM AMBIENTES CONSTRUÍDOS Os recursos para acessibilidade são distintos de acordo com o tipo e a função da edificação. Para facilitar a caracterização da acessibilidade, segundo Fernandes, 2010, podem- se agrupar as sugestões e exigências de acessibilidade conforme a área e o tipo de edificação em: Comércio (Quadro 8); Comércio em lojas (Quadro 9); Cultura (Quadro 10); Educação (Quadro 11); Gastronomia (Quadro 12); Hospedagem (Quadro 13); Lazer/Esporte (Quadro 14); Órgãos públicos/Governamental (Quadro 15); Residencial (Quadro 16); Saúde (Quadro 17); Serviços financeiros (Quadro 18); Serviços profissionais (Quadro 19); Transporte (Quadro 20). Quadro 1 - Exigências e sugestões referentes à área do comércio Área Tipo de edificação Exigência e sugestões C o m ér ci o Mercado, shopping center, centro comercial e similares Estacionamentos específicos (Pessoa com Deficiência 2%, idosos 5%, gestantes 1%, obesos 1%, etc.) Caminhos definidos dos estacionamentos às portas de entrada e portões independentes para pedestres e veículos Corrimão duplo ou triplo em escadas Rampas com sinalizações táteis de piso, corrimão duplo, linha- guia, patamar junto às portas (continua) 37 Informações táteis em Braille ou audíveis em produtos Fornecer cadeiras de rodas preferencialmente com motor Produtos nas gôndolas estejam distribuídos na altura da faixa de alcance (entre 40 cm e 1,20 m) Sanitário para Pessoa com Deficiência unissex para estabelecimento menor que 200 m² de área útil Sanitários para Pessoa com Deficiência (mín.5%) masculino e feminino independentes, de uso público, para estabelecimentos com mais de 200 m² de área útil Sanitários comuns com dois ou mais conjuntos devem ter mictórios e lavatórios em duas alturas, boxes de bacia sanitária para pessoa obesa e com mobilidade reduzida Sanitários familiares com superfície para troca de fraldas Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 Quadro 2 - Exigências e sugestões referentes à área de lojas comerciais Área Tipo de edificação Exigência e sugestões L o ja s co m er ci ai s Loja, padaria, farmácia, livraria, entre outras. Estacionamentos específicos (Pessoa com Deficiência 2%, idosos 5%, gestantes 1%, obesos 1%, etc.) Corrimão duplo ou triplo em escadas Rampas com sinalizações táteis de piso, corrimão duplo, linha- guia, patamar junto às portas Informações táteis em Braille ou audíveis em produtos Provadores com área acima de 1,80m², abertura de porta para fora, barras horizontais para apoio Caixas de pagamento com balcão parcial na altura de 90 cm Corredor entre gôndolas com largura maior que 1,50m e/ou prever espaço de manobra de cadeira de rodas Sanitários que permitam acesso de pessoa com deficiência e sanitários familiares com superfície para troca de fraldas Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 Quadro 3 - Exigências e sugestões referentes à área da cultura Área Tipo de edificação Exigência e sugestões C u lt u ra Cinema, museu, teatros, templo, etc. Estacionamentos específicos (Pessoa com Deficiência 2%, idosos 5%, gestantes 1%, obesos 1%, etc.) Embarque e desembarque em área coberta Recepção, chapelaria e bilheteria com balcão rebaixado Escadas com corrimão duplo ou triplo, sinalização visual de borda de degrau, piso tátil de alerta no início e término da escada Rampas com corrimão duplo, linha-guia, patamar junto às portas, sinalizações táteis de piso no início e término da rampa Sanitários para pessoas com deficiências masculino e feminino Bebedouros: infantil, normal e para usuário de cadeira de rodas Palco com acesso através de rampa com corrimão e sinalização visual e tátil na borda Palco com local definido e adequadamente iluminado para intérprete de libras Púlpito com possibilidade de utilização de cadeirantes e pessoas de baixa estatura. Sugere-se adicionar barras de apoio nas laterais do púlpito, além de luminária gerando no mínimo 300 lux Poltronas para pessoa obesa Mínimo um camarim acessível com sanitário adaptado para pessoa com deficiência Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 (conclusão) 38 Quadro 4 - Exigências e sugestões referentes à área da educação Área Tipo de edificação Exigência e sugestões E d u ca çã o Escolas, faculdades, universidades, cursos técnicos, cursos de línguas, etc. Estacionamentos específicos Interligação com rota acessível da porta principal às áreas administrativas, prática esportiva, recreação, alimentação, salas de aula, laboratório, biblioteca, centro de leitura e demais ambientes pedagógicos Entrada de alunos: localização - Via de menor fluxo de tráfego de veículos Secretaria com balcão rebaixado Biblioteca com mesas para pessoas com deficiência, estantes de livros em Braille ou com áudio-descrição Escadas com corrimão duplo ou em três alturas (55, 70, 92 cm), sinalização visual de bordade degrau, piso tátil de alerta no início e término da escada Rampas com largura maior que 1,50m, inclinação menor que 8,33%, com sinalizações táteis de piso, corrimão duplo, linha-guia, patamar junto às portas Sala de aula com mesa acessível regulável Cadeiras universitárias: 1 % do total, especifica para canhotos e com assento maior e prancheta articulada para obesos e gestantes Quadro de escrever acessível, altura inferior < 0,90 m, permitindo aproximação inferior à lousa Bebedouros: infantil, normal e para 50% para usuário de cadeira de rodas Dispositivos mecânicos (elevadores, plataformas, etc.) interligando pavimentos, com energia residual para caso de pane Nos corredores sugere-se localizar extintores, bebedouros, lixeiras, vasos com folhagens, etc. em nichos evitando a redução da largura da rota acessível Sanitários específicos de pessoas com deficiência para alunos e alunas (5% devem ser acessíveis); 10% dos sanitários devem ser adaptáveis (mictórios com alturas variáveis, lavatórios em alturas adequadas para crianças e bacia sanitária infantil) Escola de educação infantil com peitoril de janela mais baixo para permitir a visão externa. Vidros mais resistentes ou com película nos locais onde pode ocorrer acidente Playground com brinquedos acessíveis em área pavimentada ou revestida com grama sintética Sugere-se eliminar ou proteger as quinas dos móveis e paredes com material amenizador de impacto Prever guarda-corpo com mais de 1,10m de altura nos locais quando houver desnível superior a 1,00m e 1,20m nos mezaninos e terraços. Sugere-se que o perfil (design) do guarda-corpo gere segurança e não permita sua transposição Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 Quadro 5 - Exigências e sugestões referentes à área da gastronomia Área Tipo de edificação Exigência e sugestões G as tr o n o m ia Praça de alimentação, restaurante, bar, lancheria, refeitório, etc. Ausência de degraus e área coberta junto à porta Rota acessível integrando: entrada, mesas acessíveis, sanitário acessível, balcões de bufê e caixa 5% Mesas com altura adequada para usuário de cadeira de rodas (altura inferior > 73 cm) 50% da ilha de bufê devem ser acessíveis: bancada com altura < 90 cm e profundidade > 30 cm para permitir de aproximação (continua) 39 Cardápio (menu) com informações táteis em Braille Sistema de escolha virtual do menu ou atendente intérprete de libras Talheres especiais (colher e garfo flexíveis e com cabo adaptado; faca com cabo grosso) e pratos com ventosas Louças: Bandejas, talheres, pratos, copos, dispostos dentro da faixa de alcance Temperos, alimentos, bebidas com descrição ou rótulo em Braille Passa-prato: 75 cm < altura < 85 cm Caixa de pagamento acessível Um sanitário acessível para pessoa com deficiência unissex para estabelecimento menor que 200 m² de área útil (barras, louças, metais, acessórios, áreas de transferência, etc.); dimensões mínimas 1,50 m x 1,70 m Dois sanitários acessíveis para Pessoa com Deficiência (mín.5%) masculino e feminino independentes, de uso público, para estabelecimentos com mais de 200 m² de área útil. Sanitários comuns com dois ou mais conjuntos devem ter mictórios e lavatórios em duas alturas, boxes de bacia sanitária para pessoa obesa e com mobilidade reduzida Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 Quadro 6 - Exigências e sugestões referentes à área de hospedagem Área Tipo de edificação Exigência e sugestões H o sp ed ag em Hotel, motel, flat, albergue, casa de estudante, asilo, geriatria, etc. 2% estacionamentos específicos para pessoa com deficiência Embarque e desembarque coberto Porta principal com largura maior que 90 cm Calçada para pedestres interligando o passeio, estacionamento e a porta principal Rota com dimensões e sinalizações de orientação interligando: entrada, balcão de recepção e saída, dormitórios acessíveis, refeitório, espaços de lazer e convivência e equipamentos de serviço Escadas com corrimão duplo ou triplo, com prolongamento de 30 cm no início e término, sinalizações visuais de borda de degrau e piso tátil de alerta Rampas com sinalizações táteis de piso, corrimão duplo, linha- guia, patamar junto às portas 5% dos dormitórios (suíte, apto,...) com sanitário acessível, integrado aos demais, localizado em rota acessível Circulação interna > 90 cm, com área manobra (diâmetro > 1,50m) Mobiliário c/ alcance manual e visual (porta-cabides, mesas, bancadas), altura da cama com colchão = 46 cm, frigobar com altura > 40 cm. Comandos de luz, TV, ar condicionado, interfone etc. junto à cama, telefone e interfone c/ sinal luminoso e controle de volume de som, despertador com vibração e acesso aos comandos de janela, persiana e cortinas Barras para transferência (junto à cama, chuveiro, bacia sanitária, superfície para troca de roupa) Espelho no local de vestir (maior que 1,50 m x 0,80m / 0,40m) Dispositivo de alarme de emergência visual, sonoro, vibratório (campainha, interfone, etc.) Iluminação de piso ou abajur Menu e informações do estabelecimento em Braille e mínimo três línguas Piso diferenciado na frente da porta de cada dormitório acessível (continua) (conclusão) 40 Placa com símbolo internacional de acesso fixado na porta de cada dormitório acessível e informações táteis em relevo e Braille ao lado da maçaneta Numeração do apto (dorm. suíte,...) c/ caracteres contrastantes e altura > 10 cm (visibilidade transversal e frontal) Sanitário do dormitório completo (barras, louças, metais, acessórios, áreas de transferência, etc.) Sanitários para Pessoa com Deficiência masculino e feminino em espaço coletivo A cozinha do apart-hotel deve ser acessível com circulação, aproximação e alcance dos utensílios Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 Quadro 7 - Exigências e sugestões referentes à área de lazer e esporte Área Tipo de edificação Exigência e sugestões L as er e e sp o rt e Clube, estádio de futebol, ginásio de esportes, etc. Passeios públicos das ruas devidamente demarcados e mais largos (3,00m como rota acessível) num raio de 500m para estádios, ginásios, anfiteatros locais com mais 10.000 lugares; ou ruas devidamente pavimentadas quando for impedida a circulação de veículos Locais demarcados nas calçadas para vendedores ambulantes devidamente autorizados Estacionamentos específicos (pessoa com deficiência, idoso, gestante, etc.) Portas de acesso com largura superior a 1,0m em cada folha Catracas para pessoas em cadeira de rodas, pessoas obesas, gestantes Ausência de degraus ou desníveis (sempre acompanhado de rampa, plataforma ou elevador) Arquibancadas com lugares definidos para pessoas com mobilidade reduzida, pessoas obesas, pessoas em cadeira de rodas; corrimão simples nas escadas laterais e corrimão duplo nas escadas centrais Diferenciação cromática da faixa da escada das arquibancadas Setorização numérica e cromática das arquibancadas com mais de 1.000 lugares Rampas com sinalizações táteis de piso, corrimão duplo, linha- guia Interligar os espaços para pessoas com deficiência às áreas de apresentação, quadras, vestiários e sanitários. Sanitários para Pessoa com Deficiência (mictório e lavatório em duas alturas) masculino e feminino Sanitários comuns com mictórios e lavatórios em duas alturas, boxes de bacia sanitária para pessoa obesa e com mobilidade reduzida Bebedouros: infantil, normal e para cadeirante Vestiários para cadeirantes (porta com largura maior que 1,10m; boxe do chuveiro com banco articulado; superfície para troca de roupas com espelho) Fonte: Adaptado de Fernandes, 2010 (conclusão) 41 Quadro 8 - Exigências e sugestões referentes à área de órgãos públicos Área Tipo de edificação Exigência e sugestões Ó rg ão s P ú b li co s Prefeitura, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal,
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