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Manual de Teologia Catolica _ Versao Atualizada

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1 
 
 
FUNDAMENTOS DE TEOLOGIA CATÓLICA I 
Informação Disciplina Decreto n.º 32/2010 de 30 de Agosto 
Título da Disciplina Fundamentos de Teologia Católica I 
Código da Disciplina FTC201 
Tipo de Disciplina Obrigatória 
Nível da Disciplina Licenciatura 
Ano Académico 2º Ano 
Semestre Primeiro 
Número de créditos 
Académicos (horas) 
3 Créditos/75horas 
(TC: 15Horas; TA: 60 Horas) 
 
Objectivos/Competências da Unidade Curricular 
1. Dar a conhecer a fé católica. 
2. Oferecer conceitos para a compreensão da pessoa humana à luz da fé. 
3.Transmitir o ensinamento da Igreja Católica, no campo Político-social e Cultural 
Pré – Requisitos 
De acordo com o Regulamento em vigor, nomeadamente o art.º 21.º, “na UCM não há precedências, isto é, 
módulo/disciplina cuja frequência pressupõe o aproveitamento em outros módulos/disciplinas”. 
Conteúdo da Unidade Curricular 
 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA 
1.1. Conceito de Fé 
1.1.1. Crenças 
1.1.2. Teologia Ciência e Fé 
1.2. Breve Historial da Teologia 
1.2.1. História do Termo Teologia 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica 
1.2.3. Síntese da Teologia da Época Patrística 
1.2.4. A Teologia escolástica mediável 
1.2.5. Teologia anti-moderna da idade média até Vaticano II Cinco (5) séculos 
1.3. A teologia hoje 
1.4. Revelação 
2 
 
1.4.1. Conceito de revelação 
1.4.2. Conteúdos da revelação 
1.4.3. Etapas da revelação 
1.5. Deus se revela na Criação 
1.5.1. Conceito de Criação 
1.5.2. Deus é o criador 
1.5.3. Cristo princípio, centro e fim da criação 
1.5.4. Dificuldades e objecções 
1.6. A dimensão trinitária da criação 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e Profetas 
1.7.1. Transmissão da Revelação divina 
1.7.2. A atitude do homem para com a revelação divina 
1.8. Evento Cristo 
1.8.1. Quem é Jesus 
1.8.2. Algumas respostas da época patrística 
1.8.3. Respostas correctas sobre a identidade de Jesus 
 
CAPÍTULO II – A IGREJA 
2.1. Conceito de Igreja 
2.1.1. Terminologia e etimologia 
2.2. Mistério da Igreja 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II 
2.2.2. Eclesiologia da Lumem Gentium 
2.2.3. Maria, figura da Igreja 
2.3. Os Sacramentos na Igreja 
2.3.1. Conceito 
2.3.2. Divisão dos sacramentos 
2.4. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados 
2.4.1. Conceitos 
2.4.2. Necessidade 
2.4.3. Exigências 
2.4.4. Competências 
 
CAPÍITULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ 
3.1. Conceito 
3.1.1. O protótipo do ser humano é Jesus Cristo 
3.1.2. O laço biológico da vida humana 
3.1.3. O laço social como lugar cultural 
3.1.4. O laço social como laço ético 
3 
 
3.1.5. O laço social como laço simbólico e laço religioso 
3.2. O homem é um ser com dignidade 
3.2.1. Conceito da Dignidade 
3.3. O homem é um ser com consciência 
3.3.1. Conceito 
3.3.2. A consciência é uma faculdade moral 
3.3.3. A consciência pode ser recta ou errónea 
3.3.4. Consciência certa ou duvidosa 
3.3.5. A primazia da consciência 
3.3.6. A formação da consciência 
3.3.7. O homem é um ser responsável e imputável 
3.3.8. Imputabilidade 
3.3.9. Factores que afectam a imputabilidade 
3.4. O homem é susceptível ao pecado 
3.5. O pecado original 
 
Métodos de ensino - aprendizagem 
A metodologia adoptada pela Universidade Católica de Moçambique privilegia a convocação de métodos 
inovadores centrados na aprendizagem do estudante. Isto significa que a responsabilidade pelo processo de 
aprendizagem é do estudante. Quanto ao docente, ele passa a ser, sobretudo, um gestor/mediador/facilitador de 
situações de aprendizagem. 
Por isso, nesta unidade curricular privilegia-se: (a) o exercício de leitura crítica de textos fornecidos pelo 
docente, (b) o debate em torno da pesquisa realizada pelos estudantes, (c) a participação em actividades de 
grupo (como, por exemplo, estudos de caso, discussão de grupos, debates e fóruns plenários) e o estudo 
individual (como por exemplo, pesquisa bibliográfica, recensões críticas, ensaios). 
Os estudantes terão 30 sessões (trinta) presenciais, com uma duração de 2 (duas) horas cada, repartidas por 
dois semestres (30H + 30H). As principais actividades durante as aulas são: (a) debate orientado pelos 
docentes, (b) trabalhos de grupo e (c) apresentações orais. Para além destas actividades de contacto, os 
estudantes serão acompanhados de forma individualizada com vista a monitorar as actividades de 
aprendizagem inscritas no contexto do trabalho autónomo (usando a Plataforma Moodle). 
Métodos de avaliação 
Na UCM, os métodos de avaliação são regulados pelo regulamento de Avaliação em vigor na UCM. 
A classificação final do estudante será baseada na participação, durante as aulas, e no desenvolvimento de um 
mínimo de dois elementos de avaliação: (a) avaliação contínua (60%) e (b) exame (40%). 
Língua de Ensino – Português 
4 
 
Bibliografia recomendada 
 
Magistério pontifício 
Bento XVI (2009). Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis, S. Paulo: Ed. Paulinas. 
Bento XVI (2011). Exortação apostólica pós-sinodal Africae Munus. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. 
Francisco (2013). Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Maputo: Ed Paulinas. 
João XXIII (1963). Carta encíclica Pacem in Terris. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de 
http://w2.vatican.va/content/johnxxiii/pt/encyclicals/documents/hf_jxxiii_enc_11041963_pacem.html. 
João Paulo II (1979). Carta encíclica Redemptor Hominis. Braga: A.O. Braga. 
João Paulo II (1984). Exortação Reconciliatio et Paenitencia. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de 
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jpii_exh_02121984_re 
conciliatio-et-paenitentia_po.html. 
João Paulo II (1981). Exortação apostólica Familiaris Consortio. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de 
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jpii_exh_19811122_f 
miliaris-consortio_po.html. 
João Paulo II (1995). Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa. Braga: Editorial A.O. Braga. 
João Paulo II (1995). Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae. Vaticano: Libreria Editrece Vaticana. 
Paulo VI (1967). Carta encíclica Populorum Progressio. Acedido a 23 de Janeiro de 2015 de 
http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_pvi_enc_26031967_populorum_po. html 
Magistério eclesiástico 
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola. 
Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de Coimbra. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1991). Carta pastoral Momento Novo. Maputo. 
Conferência Episcopal de Moçambique (1984). Cartas pastorais. Porto: Humbertipo – Artes Gráficas. 
Conferência Episcopal de Moçambique. Comunicados e Notas. 
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CCDDS) (1994). A Liturgia romana e a 
Inculturação. 4ª Instrução para uma correcta aplicação da Constituição conciliar sobre a sagrada Liturgia. 
Milão: Ed. Paulinas. 
Pontifício Conselho ‘Justiça e Paz’ (2002). Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Vaticano: Libreria 
Editrice Vaticana. 
Obras 
Autores Cristianos. MCMLXIX. Madrid: Biblioteca de Autores Cristãos. 
Barros, P.C. (2009). As fontes patrísticas: importância e actualidade para a Igreja. Vida Pastoral. 
Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral, Novembro-Dezembro. 
5 
 
Bisinoto, E. (1980). O Culto de Maria hoje. São Paulo: Ed. Paulinas. 
CEE (1998). Dios Padre. Plan de formación sistemática. Madrid: Instituto Internacional de Teologia a 
Distancia. 
Conte, F. (1994). Os heróis míticos e o homem de hoje. São Paulo: Ed. Loyola. 
Coyle, K. (2000). Maria na Tradição cristã. A partir de uma perspectiva contemporânea. São Paulo: Ed. 
Paulus. 
De La Peña, J.L. (1989). Teologia da Criação. São Paulo: Edições Loyola.Eicher. P. (1984). Dicionário de Conceitos fundamentais de Teologia. São Paulo: Ed. Paulus. 
Giordano, F. (2001). A Teologia Hoje, síntese do pensamento teológico. Porto: Ed. Perpétuo Socorro, Porto. 
Irineu (1969). Adv. Haer. II 30,9. In A. Orbe, Antropologia de San Irineo. Madrid: Biblioteca de Autores 
Cristianos. 
Johannes, B. (1988). Dicionário de teologia bíblica (4ª Ed.). São Paulo: Edições Loyola. 
Ladaria, L. (1998). Introdução à Antropologia Teológica II. São Paulo: Edições Loyola. 
Libânio, J. & Meirad, A. (1998). Introdução à teologia. São Paulo: Edições Loyola. 
Perale, M. (1985). Maria no Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulinas. 
Peschke, K. (1986). Ética Cristiana I. Roma: Urbaniana University Press. 
Roberti, F. (1960). Diccionário de Teologia Moral. Barcelona: ELESA. 
Rubio, G. (2003). Superação do dualismo entre Criação e Salvação. In: I. Müller, Perspectivas para uma Nova 
Teologia da Criação. São Paulo: Ed. Vozes. 
Sgreccia, E. (2002). Manual de Bioética I - Fundamentos e Ética Biomética (2ª Ed.). São Paulo: Ed. Loyola. 
Spagnolo, A. (1969). Bioetica nella ricerca e nella prassi medica. Roma: Ed. Camilliane. 
Vidal. M. (2003). Nova moral fundamental. O Lar teológico da ética. Lisboa: Ed Paulinas. 
Vieira, D. (2012). Doutrina Social da Igreja: Introdução à Ética social. Lisboa: Ed. Paulus. 
 
Docentes que leccionam a disciplina 
P. José da Cruz Muluta 
 
 
 
 
 
6 
 
 
Conteúdo 
Magistério pontifício ............................................................................................................................. 4 
Magistério eclesiástico .......................................................................................................................... 4 
Obras ...................................................................................................................................................... 4 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 9 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA ....................................................................................................... 11 
1.1.1. Crenças .................................................................................................................................. 11 
1.1.2. Teologia ciência da fé ............................................................................................................ 11 
1.2. Breve historial de Teologia ...................................................................................................... 11 
1.2.1. Um pouco de história do termo Teologia .......................................................................... 11 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica ............................................................................. 13 
a) Helenizar a doutrina .................................................................................................................... 14 
b) Secularização............................................................................................................................... 15 
1.2.4. A teologia escolástica medieval ........................................................................................ 16 
1.3. A teologia hoje ..................................................................................................................... 17 
1.4. Revelação ............................................................................................................................. 17 
1.5. Deus se revela na Criação ................................................................................................... 18 
1.6. A dimensão trinitária da criação ........................................................................................... 21 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e profetas ........................................................................ 21 
1.8. Evento Cristo ........................................................................................................................ 23 
a) Gnosticismo (séc I-II) .............................................................................................................. 24 
b) Docetismo (séc II) ................................................................................................................... 24 
c) Adocionismo (séc II) ............................................................................................................... 24 
d) Monarquismo (séc III)............................................................................................................. 25 
e) Arianismo (séc IV, 318) .......................................................................................................... 25 
g) Nestorianismo ......................................................................................................................... 25 
h) Monofisimo ............................................................................................................................. 25 
7 
 
i) Monotelismo ............................................................................................................................ 26 
CAPÍTULO 2: A IGREJA ................................................................................................................... 27 
2.1. Conceito de Igreja.................................................................................................................... 27 
2.1.1. Terminologia e etimologia ................................................................................................ 27 
2.2. Mistério da Igreja .................................................................................................................... 28 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II ..................................................................... 28 
2.2.2. Eclesiologia da Lumen Gentium ........................................................................................ 28 
2.2.3. Maria, figura da Igreja ....................................................................................................... 30 
a) Maternidade divina de Maria (Éfeso-431) .................................................................................. 30 
b) Virgindade de Maria ................................................................................................................... 31 
c) Imaculada Conceição .................................................................................................................. 31 
d) Assunção de Nossa Senhora-15 de Agosto ................................................................................. 31 
2.4. Os Sacramentos na Igreja ................................................................................................ 32 
2.5. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados ..................................... 33 
CAPÍTULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ .................................................... 35 
3.1. Conceito .................................................................................................................................... 35 
a) ECCE HOMO – Eis o Homem .................................................................................................... 35 
b) O Homem, é Jesus Tentado ......................................................................................................... 36 
3.1.2. O Laço biológico da vida humana ................................................................................ 36 
3.1.3. O Laço social como lugar cultural ................................................................................ 36 
3.1.4. O Laço social como laço ético ........................................................................................... 37 
3.1.5. O Laço social como laço simbólico e laço religioso......................................................... 37 
3.2. O homem é um ser com dignidade ...................................................................................... 37 
3.3. O homem é um ser de Consciência ..................................................................................... 38 
4.3. Actos contra a vida humana.................................................................................................. 43 
Magistério pontifício ....................................................................................................................... 44 
Magistério eclesiástico .................................................................................................................... 45 
Obras ................................................................................................................................................ 45 
8 
 
BIOÉTICA .................................................................................................................................. 47 
CAPÍTULO V: PENSAMENTO SOCIAL DA IGREJA CATÓLICA .............................................. 66 
5.1. A Justiça ................................................................................................................................... 66 
5.1.1. A Caridade ......................................................................................................................... 66 
5.1.2. Bem comum....................................................................................................................... 67 
5.1.3. Subsidiariedade.................................................................................................................. 68 
5.1.4. Solidariedade ..................................................................................................................... 69 
5.1.5. Boa governação ................................................................................................................. 69 
5.1.6. A Paz: fruto da justiça e da caridade ................................................................................. 70 
5.1.7. Defesa da cultura ............................................................................................................... 70 
5.1.8. A Família ........................................................................................................................... 71 
Magistério pontifício ....................................................................................................................... 71 
Magistério eclesiástico .................................................................................................................... 72 
Obras ................................................................................................................................................ 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
A Constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae sobre as Universidades Católicas prescreve que «Os 
Bispos têm a responsabilidade particular de promover as Universidades Católicas e, especialmente, 
de segui-las e assisti-las na sustentação e na consolidação da sua identidade católica também no 
confronto com as autoridades civis» (João Paulo II, 1990). Foi no âmbito desta orientação e no 
exercício do seu Munus docendi1que a Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), iluminada 
pela luz do Espirito Santo, desejando ver o carácter católico da Universidade Católica de 
Moçambique (UCM) aprofundado e a consolidar-se cada vez mais, decidiu, sabiamente, introduzir 
uma cadeira que oferecesse a comunidade académica da UCM, em particular aos seus estudantes, a 
oportunidade de um contacto com o pensamento e posicionamento católico em algumas áreas do 
saber e conduta. 
Para o efeito, a CEM constituiu uma equipa para a concretização do projecto. A equipa constituída 
assumiu o empreendimento e teve como primeira tarefa a concepção do título da cadeira que 
reflectisse o projecto almejado. Concluiu que o título adequado da matéria a ser ministrada seria: 
Fundamentos de Teologia Católica. Após a concepção do título, seguiu-se a fase da composição do 
respectivo Manual para assegurar a harmonização dos conteúdos a serem oferecidos durante a 
leccionação da cadeira nas diferentes Unidades Básicas da UCM. 
De salientar que não é propósito do manual esgotar toda a reflexão teológica, mas dar, de maneira 
sucinta, uma ideia de alguns fundamentos do pensamento e posicionamento católico sobre as 
principais áreas teológicas. O mesmo, procura, igualmente, abrir caminhos para posteriores 
aprofundamentos dos assuntos abordados e outros a eles conexos, para além daqueles que a 
discussão teológica durante a lecionação poderá suscitar. 
Com efeito, o Manual proposto tem a seguinte estrutura: O primeiro capítulo é um tratado sobre a Fé 
católica, o conceito e história de teologia, a revelação que culmina com a Pessoa de Cristo. O 
segundo capítulo é uma abordagem eclesiológica, isto é, o mistério da Igreja, a figura de Maria, 
modelo dos crentes, enquanto a Igreja é assembleia dos crentes, e os Sacramentos. Por sua vez, o 
terceiro capítulo debruça-se sobre a Pessoa humana à luz da fé, procura reflectir sobre a pessoa 
humana nas suas variadas dimensões, enquanto o quarto capítulo ocupa-se das problemáticas 
relacionadas com a Bioética, mormente aquelas questões que desafiam a consciência como é o caso 
do aborto. O quinto e último capítulo apresenta o pensamento social da Igreja, a Igreja intervindo nas 
questões sociais em favor do homem, porque o homem é o caminho da Igreja, como defende João 
Paulo II na sua Encíclica programática Redemptor hominis, no início do seu pontificado. 
 
1 Tarefa de ensinar. 
10 
 
Auspicia-se que esta cadeira suscite nos destinatários um interesse em matérias de natureza religiosa 
e dê uma resposta do sentido último da vida humana que, para os cristãos católicos encontra a sua 
reposta em Deus. Exclui-se das perspectivas deste projecto, o fomento do proselitismo, isto é, a 
conversão de todos ao catolicismo. 
 
11 
 
CAPÍTULO I: A FÉ CATÓLICA 
1.1. Conceito de FÉ: 
Entende-se por fé a convicção, confiança e abandono, que uma pessoa alimenta na sua relação com 
Deus. A fé é sempre uma resposta positiva à iniciativa reveladora de Deus. Diante dos sinais 
reveladores da sua presença o ser humano, este é convidado a responder por uma relação de 
confiança e fé neste Deus que se dá a conhecer. A fé consiste no escutar a palavra da pregação e para 
conduzir á obediência; vice-versa, a obediência é escuta. 
1.1.1. Crenças 
Chama-se crença a convicção ou a lógica de pensamento, a filosofia que sustenta uma cosmovisão e 
os valores apresentados por uma determinada cultura. As crenças representam sempre um sistema de 
valores adquiridos, assimilados e proclamados como absolutos em si mesmos e por isso mesmo 
inegociáveis. A crença é uma convicção arraigada na pessoa que orienta as atitudes e influencia a 
interpretação do real. 
1.1.2. Teologia ciência da fé 
Os termos: 
Teologia = teo + logia θєōs, Deus + λοΥiα = discurso sobre Deus; arte de dirigir o espírito na 
investigação da verdade do discurso sobre Deus. 
O dicionário de teologia define a Teologia como a ciência das coisas divinas. 
1.2. Breve historial de Teologia 
1.2.1. Um pouco de história do termo Teologia 
Na antiguidade a teologia era entendida como um hino, onde Deus era glorificado mais do que 
explicado pelo espírito humano. Era o ato mesmo de louvar a Deus. Não se tratava de explicar Deus, 
que é inexplicável, mas de O louvar sem cessar, pela sua grandeza. 
Este sentido continua muito vivo nos escritos dos padres da Igreja2, mesmo os que como Origines 
farão mais uso instrumental de noções tiradas da filosofia grega ou os que como os grandes teólogos2 Padres da Igreja, Santos Padres ou Pais da Igreja foram influentes teólogos, professores e mestres cristãos e 
importantes bispos. Seus trabalhos académicos foram utilizados como precedentes doutrinários para séculos vindouros. Os 
padres da Igreja são classificados entre o século II e VII.O estudo dos escritos dos Padres da Igreja é denominado 
Patrística. 
12 
 
ditos da Capadócia (São Basílio de Cesareia, São Gregório de Nazianzo e São Gregório de Nissa) se 
servem das noções teológicas para lutar contra os erros resultantes de uma ilusão racionalista sobre a 
nossa capacidade de clarificar os mistérios divinos. 
 Para o pseudo- Dionísio3, a teologia mística é a única teologia plenamente digna desse nome, 
ultrapassando as analogias insuficientes numa experiência que se proclama ela mesma 
inexprimível. 
 Até antes da Idade Média latina a teologia era concebida, particularmente na ordem 
monástica, não como uma ciência propriamente dita das coisas divinas, mas como meditação 
dos mistérios. A Teologia nessa altura é considerada importante apenas pelo apelo que faz à 
razão para afastar as falsas interpretações preparar a contemplação onde a razão é 
simplesmente ultrapassada. 
 Santo Anselmo4, um dos primeiros a fazer o mais rigoroso uso do pensamento dialético5 em 
teologia. 
 Pedro Abelardo, no século XII - Tende a racionalizar completamente a teologia, ao mesmo 
tempo que suscita em São Bernardo de Claraval, por exemplo, uma recusa apaixonada. 
Provoca noutros pensadores, mesmo próximos deste último como Guilherme de Saint-
Thierry, um esforço para utilizar mais sistematicamente uma crítica racional dos conceitos e 
uma construção racionalmente ajustada das verdades da fé num sistema ordenado. 
 S. Alberto Magno no século XIII e S. Tomás de Aquino definem a Teologia como a ciência 
sagrada, que coloca o conjunto das verdades da fé num sistema racional, à partir de um 
reconhecimento mais claro das verdades propriamente sobrenaturais, e como tais recebidas da 
revelação unicamente, por oposição às verdades sobre Deus que podem ser atingidas pela 
razão sozinha. 
 
3 Pseudo-Dionísio, o Areopagita ou simplesmente Pseudo-Dionísio é o nome pelo qual é conhecido o autor de um 
conjunto de textos (Corpus Areopagiticum) que exerceram, segundo os historiadores da filosofia e da arte, uma forte 
influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média. Até o século XVI, os textos tinham valor quase apostólico, já 
que Dionísio fora o primeiro discípulo de Paulo de Tarso. Nessa época surgiram as primeiras controvérsias a respeito da 
sua autenticidade. Argumentava-se que os textos continham marcada influência de Proclo, da escola neoplatônica de 
Atenas, e portanto não poderiam ser anteriores ao século V. Mas somente a partir do século XIX essa tese foi aceita e o 
autor desconhecido passou e ser chamado Pseudo-Dionísio. Apesar disso, por sua linguagem poética e pela coerente 
exposição de ideias, o Corpus permanece considerado como expressão autêntica do neoplatonismo ateniense e da tradição 
mística cristã. 
4 Anselmo escreveu uma obra sobre a fé que busca a razão. É considerado um dos iniciadores da tradição escolástica. 
"Não só a habilidade dialética fez de Anselmo o precursor da Escolástica, como também o princípio teológico 
fundamental que adotou: fides quarens intelectum "a fé em busca da inteligência". Foi ele também quem forjou uma nova 
orientação à teoria dos universais e que reverteu em grande proveito para os intuitos da Teologia racional". 
5 Dialética conjunto dos meios postos em obra na discussão em vista a demonstrar ou refutar. Ex.: tese e anti- tese + 
resolução em síntese. 
13 
 
Sustentam que a teologia é a ciência é ciência da fé. E como tal não pode prosseguir e se 
desenvolver senão na luz da fé. Esta teologia exige que o rigor racional do pensamento dialético seja 
constantemente associado a uma exploração não somente alargada mas também penetrante de todo o 
dado revelado e tradicional, sob a salvaguarda do magistério vivo da Igreja e num espírito de uma fé 
viva e vivida. 
Como Ciência Sagrada, a Teologia tomista não alimenta a pretensão temerária e fútil de se 
substituir a Palavra de Deus confiada à Igreja, em particular nas Santas Escrituras, mas alimenta 
somente a esperança de explorar respeitosamente as profundidades, não esvaziando o mistério mas 
permitindo-nos de melhor o situar em relação aos nossos conhecimentos simplesmente naturais. 
É uma teologia sistemática e por isso é reflexiva e crítica. Alimenta se constantemente da teologia 
positiva, que se contenta de fazer o inventário e a exegese da palavra de Deus nos documentos 
autênticos. Deve guardar e cultivar o contacto com os desenvolvimentos do pensamento 
simplesmente humano, mas permanecendo sempre na escola viva da Igreja em profunda comunhão 
de fé com ela. 
Assim se compreende a Teologia como um discurso sistemático, reflexivo e crítico, sobre Deus e 
tudo o que a Ele se refere. Uma Teologia que se alimenta da revelação divina contida na Palavra de 
Deus, proclamada e anunciada pela Igreja em seu Magistério. Um discurso aberto ao pensamento 
humano e capaz de iluminar a razão e se deixar interpelar por ela. 
1.2.2. Diferentes estilos de reflexão teológica 
Existem diferentes estilos de reflexão teológica, tanto no que se refere ao conteúdo, como ao género 
literário. Assim, podemos distinguir diferentes estilos de acordo com a época. 
No primeiro século do cristianismo podemos encontrar 3 estilos principais: a Teologia narrativa 
dos evangelhos, a literatura epistolar e a apocalíptica. Em seu núcleo conjugam-se facto e 
interpretação, compreensão e anúncio, sob notório influxo do judaísmo. Lentamente a comunidade 
de fé se desprega da religião de Israe l mas esta permanece o ponto de referência básica, mesmo para 
os grupos advindos da genialidade. Esta teologia é: 
• Pneumática (embebida pelo espírito que suscita a continuidade dos seguidores de Jesus) 
• Eclesial, nascida no seio de uma comunidade 
• Missionária, destinada a transmitir e recriar fé crista 
14 
 
• Vivencial, repleta de sentimentos, conotações afectivas e força convocatória, proveniente da 
experiência do seguimento do ressuscitado 
• Contextualizada na história da comunidade em que foi elaborada. Não retrata desejo 
explícito de fazer reflexão única e universal, válida igualmente para todos como anamnese da 
palavra, torna presente o dado revelado em diversas situações. 
• Aberta ao futuro estimulando assim interpretações enriquecedoras, novas releituras situadas. 
Na época patrística que abarca o período de seis séculos, compreendendo desde a geração 
imediatamente posterior aos apóstolos até a dos que prepararam a teologia medieval, encontramos 
um outro estilo de teologia devido ao objectivo do discurso: esclarecer a identidade da fé cristã no 
seu encontro com as culturas, helénica, romana e mesmo a judaica. 
O cristianismo vê-se às voltas com o imenso desafio de traduzir para a cultura helénica, a sua boa 
nova. Necessita também justificar-se diante daqueles que, utilizando a filosofia grega, consideram o 
cristianismo e a fé cristã algo secundário ou de pouco valor. Após o período das perseguições, com o 
reconhecimento do império romano a Igreja corre dois riscos helenizar a sua doutrina (por uma união 
entre fé e pensamento grego) e secularizar-se (entrando nas estruturas do império pelo caminho das 
honras, privilégios, apoio do poder político). 
a) Helenizar a doutrina 
A teologia grega tem sede de explicar a unicidade do universo, explicar como tudo tem um 
fundamento uma αρχή, uma unidade, uma λοΥiα que dá sentido ao múltiplo. Por isso a fé carrega a 
marca da preocupação do fundamento, e anuncia que em Cristo se recapitulam todas as coisas, e 
particularmente tudo o que é verdadeiro, bom e belo. (ciência, moral e estética). 
Dacultura grega, a reflexão teológica leva como empréstimo os valores, os instrumentos e 
desenvolve a questão da relação entre o humano e o divino. 
A adoção de expressões de fé, categorias e esquemas mentais da teologia e filosofia grega leva a 
imprecisões e dúvidas. Surgem grupos radicais que com o seu radicalismo ferem a identidade trazida 
na mensagem cristã e assim nascem as primeiras heresias. 
 A tentativa de responder a estas heresias estimula e permite o avanço da teologia porque obriga a 
uma reflexão mais precisa e mais fiel ainda que criativa, à Sagrada Escritura. 
15 
 
Temos assim vários concílios ecuménicos ao serviço da verdade que deve ser proclamada (Niceia, 
Éfeso, Calcedônia, Constantinopla) regionais (Elvira, Orange). 
O princípio patrístico é: “crer para entender, e entender para crer”intellige ut credas, crede ut 
intellegas (Agostinho in Sermão 43,7,9). 
Não separa inteligência e fé: a fé nos torna inteligentes! 
b) Secularização 
Quando no ano 313 foi proclamado o Edito de Milão pelo imperador Constantino, o cristianismo se 
tornou “Religião de Estado”, no Império Romano. Assim foram adoptados progressivamente, 
maneiras e princípios seculares que contrariavam a simplicidade do Evangelho. Nasce a 
hierarquização da Igreja sob o modelo do Império, a liturgia é fortemente influenciada pelo culto 
pagão. Esta situação se arrastou até à reforma trazida pelo Concílio Vaticano II. 
 
1.2.3. Síntese da Teologia da época Patrística: 
 Ponto de partida a experiência intensa do mistério proclamado, celebrado e vivido, 
exercitada na leitura do texto sagrado e das realidades mundanas. 
 Quem faz teologia? – Bispos, sacerdotes e leigos (homilias, textos litúrgicos, comentários de 
textos de escritura, catequese...). no inicio do século III, formam-se “escolas teológicas”. 
As mais conhecidas foram Antioquia (exegese literal de Escritura), Alexandria (exegese 
espiritual “sentido”). 
Características teológicas: teologia bíblica, litúrgica, Cristológica, eclesial, inculturada e plural 
Foi um tempo de verdadeiro esforço de inculturação da fé. As escolas teológicas testemunham de um 
pluralismo teológico sadio, que contribui para o aprofundamento da verdade revelada. 
A liturgia é o berço da teologia patrística, e mostra como se deve articular o pensar e o celebrar a fé. 
Limites pouca atenção ao concreto histórico, fraco traço profético devido ao compromisso com o 
poder temporal, progressiva des- escatologização e des-historização da teologia; Deficiência do 
instrumento teológico utilizado (o seu dualismo neoplatônico, o rigor ético de outras correntes como 
por exemplo os epicureus, e cépticos. 
16 
 
1.2.4. A teologia escolástica medieval 
A teologia escolástica medieval atravessou oito (8) séculos, três (3) fases importantes: A dialéctica 
(Sto. Anselmo) a grande escolástica e a escolástica tardia. 
1) Fase – A teologia se limita a leitura e comentário da Palavra de Deus. Pouco a pouco (VIII – X) 
esta maneira de fazer teologia é influenciada pelas mudanças significativas verificadas na sociedade 
e na igreja. 
O surgimento de associações, corporações, ordens religiosas, movimento das ordens mendicantes e 
também universidades vai influenciar positivamente a maneira de fazer teologia. 
Do século X – XII, mas concretamente de 1120-1160, o pensamento de Aristóteles é redescoberto e 
sua metodologia é posta em relevo – usa-se a sua dialéctica (“Sicet nom”) = recolhem-se argumentos 
aparentemente contraditórios, discute-se a questão e depois se tiram conclusões. Santo Anselmo 
(1033- 1109) une a teologia monástica agostiniana, favorável a absoluta suficiência de fé, ao 
pensamento especulativo dialéctico. Trabalha para transformar a verdade criada em verdade sabida, 
pensada e expressa. A fé em busca da inteligência (fides quarens intellectum) conclusões deduzíveis. 
Em 1054, temos o primeiro grande cisma Ocidente/Oriente com Miguel Cerulário. A teologia 
Oriental não assimila a dialética, ela conserva o aspeto contemplativo e simbólico, privilegiando a 
dimensão apofática, misteriosa, o silêncio da teologia. 
A figura mais alta da escolástica é Tomás de Aquino combina rigor teórico, criatividade e ousadia. 
Desenvolve uma teologia obediente à revelação que responde às exigências da epistemologia de 
Aristóteles e por conseguinte ela é chamada ciência. A suma teologia durante séculos foi texto base 
da elaboração teológica. 
Com Tomás de Aquino saímos do credere- crer para compreender (da patrística) e passamos ao crer 
e compreender. A elaboração sistematizante do pensamento é feita por via da relação afirmação, 
negação e síntese – o movimento de pensamento é uma elipse e não um círculo. Temos um duplo 
foco da teologia: ciência que Deus comunica e ciência que o homem alcança pela reflexão autónoma, 
ela conjuga o ponto de vista de Deus e o ponto de vista do homem, concilia fé e razão. 
1.2.5. Teologia anti- moderna – da Idade Média até Vaticano II cinco (5) séculos 
Época de mudanças sócias rápidas e profundas, capitalismo mercantil, trocas culturais, a formação da 
supremacia da razão e do individualismo racional, desenvolvimento da arte e do humanismo. 
Crescente separação entre império e papado, entre a Igreja e a política. 
17 
 
É uma Teologia de defesa cujo ponto mais alto é a celebração do Concílio Vaticano I com a 
proclamação do dogma do primado e da infalibilidade papal. A teologia recusa-se a dialogar com o 
mundo moderno. 
Para quem é feita a teologia nesta época? Para o clérigo religioso ou diocesano. O Concilio de 
Trento decretou a criação de seminários para a formação do clero. 
Três áreas de desenvolvimento da teologia são identificadas: Fundamental, Moral e Dogmática A 
área da Teologia Fundamental ocupa-se da Apologética (suscitar e testemunhar a fé) 
A Teologia Moral oferece estrutura da vida humana a partir da lei (divina, natural e positiva) 
 A Teologia Dogmática, graças ao seu método regre apresenta os pilares da fé Cristã. A partir de 
uma tese, busca argumentos racionais que iluminados pela Sagrada Escritura permitem justificar 
e fundamentar a fé cristã. É uma Teologia rigorosa, conceptual, objetiva e uniforme. 
1.3. A teologia hoje 
A teologia mais do que um discurso sobre Deus torna-se um discurso sobre a Palavra de Deus, cujo 
objetivo é compreender, aprofundar o seu sentido valendo-se de instrumentos de compreensão de que 
o homem dispõe. Mas, dado que tais instrumentos mudam de uma época para a outra, de um 
continente para o outro segue-se logicamente a formação de uma grande variedade de discursos 
sobre Deus, isto é de teologias. 
Nos nossos dias a Teologia tem em conta um marco importante na Igreja Católica: o Concílio 
ecuménico Vaticano II (11/10/1962 – 8/12/1965). A Teologia, valoriza os esforços, aquisições e 
orientações deste Concílio, que concebe a fé como dom recebido e orienta o estudo das realidades 
divinas à luz da fé, sob a orientação do Magistério, fazendo da Sagrada Escritura a alma da Teologia. 
1.4. Revelação 
1.4.1. Conceito de revelação 
Entende-se por revelação o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar 
acessível uma verdade até então velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a 
realidade ampla que constitui o dado de fé que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo. 
18 
 
1.4.2. Conteúdos da revelação 
A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da 
Revelação na Economia da Salvação6 nos seguintes termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade e 
sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual os 
homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele se tornam 
participantes da natureza divina” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, 2) Está claro que é livre 
iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente datal liberdade é a sua bondade e sabedoria. Era 
natural que Deus que é suma bondade não permanecesse fechado em si mesmo eternamente. E a 
sabedoria sempre move para o bem. A intenção do acto é salvífica, porque é para que os homens 
tenham acesso ao Pai pelo Espírito. Deus faz-se conhecer para o homem entrar no mundo de Deus. 
A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao longo 
da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o mediador e o 
agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o agente porque Ele 
mesmo é Deus em acção. 
1.4.3. Etapas da revelação 
Chamamos etapas da Revelação os diferentes momentos nos quais as verdades sobre Deus foram 
reveladas à humanidade. 
1.5. Deus se revela na Criação 
Um dos aspectos nos quais Deus se revelou ao homem é como o Deus criador. Este aspecto da 
revelação é comum às três grandes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o Islão. 
1.5.1. Conceito de Criação 
O termo «criação» é um conceito propriamente teológico de fé judaico-cristão e trata do 
conjunto de todos os seres com o sinónimo de criaturas. A criação é «o fundamento de todos os 
divinos desígnios salvíficos, e manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo 
para a aliança do único Deus com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em 
Cristo; é a primeira resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da própria origem e do 
próprio fim» (cfr. CIC 279-289 315). 
 
6 Chamamos Economia da Salvação ao processo de revelação da Verdade sobre Deus ao longo da história da humanidade, 
tal como se revelou na História de Israel atingindo o seu ápice em Jesus Cristo. 
19 
 
O termo criar, assim designa uma actividade própria e exclusiva de Deus, uma actividade diferente 
de fabricação humana. Não se trata, portanto, de um mero fazer teórico e instrumental que exige 
provas científicas, mas sim um agir que envolve a intencionalidade do agente (Deus) pela própria 
iniciativa como seu projecto por Ele iniciado e que envolve o homem através do seu convite a ser co-
criador. 
Para designar a acção criadora de Deus, se emprega o verbo hebraico barã (criar), da tradição 
sacerdotal, para designar a criação de Deus. Ele significa a criação – não condicionada e livre de 
requisitos – como marco histórico da natureza e do espírito. O que não existia passa a existir nesse 
momento (Ex 34,10; Nm 16,30; Sl 51,12, etc.). Esta actividade divina carece de analogias (Conte, 
1994, p. 237). 
Distingue –se assim o “criar” (barã) e “fazer” (asâh). O verbo barã designa a totalidade da criação e 
é empregado exclusivamente quando se fala de Deus, na sua acção criadora, ou seja, na criação: «No 
princípio, Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). Diferentemente, o verbo asâh, inicia no versículo 2 e 
é concluído com o dia de descanso, indica a realização consequente de uma obra, a função 
determinada de uma obra. Somente o fazer, na medida em que é uma configuração e produção, é 
modelo do trabalho manual. Mas a actividade criadora divina e a actividade humana não têm nada 
em comum. 
1.5.2. Deus é o Criador 
A omnipotência de Deus tem como última consequência a sua actividade criadora, ou mais 
exactamente, a criação do nada. 
O evento da criação é apresentado como criação mediante a palavra: Ele cria pela sua palavra (Bauer, 
1988, p. 233). 
A ideia da criação do nada, ou seja, do nada tudo proveio, vem da expressão Creatio ex nihil, 
expressão que se encontra na boca da mãe dos filhos Macabeus (cf. 2Mac 7,28). 
Deus cria livremente, sem necessidade alguma, sem coação alguma. No entanto, a expressão creatio 
ex nihil indica um limite. O nihil é limite “do nada”, i. é.do puro nada (La Peña, 1986, pp. 
134-139). A preposição “de” não aponta para algo preexistente, mas exclui toda matéria. 
1.5.3. Cristo princípio, centro e fim da criação 
A história iniciada com a criação tem o seu ponto culminante naquele constituído por Deus pela 
ressurreição, Cristo, Palavra que ultimamente Deus falou (Hb1,1) e inclui em si a palavra sobre a 
20 
 
natureza da criação. Cristo é identificado como salvador e posteriormente inserido na dimensão 
cósmico-criadora e, a Criação que já havia recebido a função histórico-salvífica passa a uma 
conotação cristológica: Cristo é, «ao mesmo tempo, como princípio, o centro e o fim da criação» 
(Cl1,15-20). Com a Sua presença, a Criação assume novas dimensões da nova criação. 
1.5.4. Dificuldades e objeções 
A doutrina da criação suscitou sempre grandes dificuldades e objecções no decurso do tempo no 
âmbito do seu desenvolvimento. Foi negada a criação como obra de Deus. Para além do ateísmo 
científico que a partir da teoria da explosão primordial diz o mundo ter um longínquo começo em 
que todas as radiações e toda a matéria estavam numa bola primordial de fogo, e do materialismo 
dialéctico, encontramos outros escolhos (o dualismo, o panteísmo e o problema do mal) contra os 
quais sempre embate a reflexão da Igreja, no que toca à doutrina da criação. 
Santo Irineu afirmou que a criação é uma iniciativa do Pai: “A vontade de Deus Pai é o 
substrato de todas as coisas” (Irineu, p.44). O Deus criador é o Pai de Jesus Cristo e toda a Trindade 
opera na criação. Para ele, há somente um Deus em quem tudo tem origem. A economia salvífica una 
de Deus se estende da criação até a sua consumação final, e a chave para ela é o Filho eterno, o 
Verbo que se fez carne e por sua encarnação, resume em si toda a humanidade e até o universo. O 
Filho, Logos de Deus é o ápice de toda a revelação, corporalmente humano em Jesus Cristo nele se 
experimenta a salvação de Deus a vida em liberdade, amor e Imortalidade. 
Hoje, a teologia no seu dever, apresenta-nos a criação no quadro dos escritos 
neotestamentários, que também são a base dos ensinamentos do concílio Vaticano II. 
Substancialmente, a criação se nos apresenta com significação da história da salvação cujo centro é 
mistério da Incarnação. Segundo as Escrituras, Cristo é a perfeita «imagem de Deus invisível, o 
primogénito de toda a criatura» (Cl 1, 15.18). Ele foi predestinado por Deus antes da criação do 
mundo, para recapitular consigo todas as coisas, as do céu e da terra (Cf. Ef 1,3.10). Isto quer dizer 
que no plano de Deus, a criação e a salvação estão entrelaçadas de modo que se identificam. Assim, a 
protologia tem na escatologia a sua concretização. Estes são os elementos teológicos na definição da 
criação que nos levam a entender a criação como um mistério da fé em torno do qual ocorrem 
discussões sobre a sua relação com a conservação, pois, «depois da criação, Deus não abandona as 
coisas e as pessoas ao seu destino, sem se preocupar mais com elas» (Frosini, 2011, p.121). Esta 
relação nunca se pode interromper. 
21 
 
1.6. A dimensão trinitária da criação 
Na concepção cristã, a criação do mundo é um acontecimento trinitário: o Pai cria pelo Filho 
e no Espírito santo. Durante muito tempo, a tradição teológica compreendeu a criação como obra do 
Pai, Senhor de sua criação (monoteísmo).Posteriormente, desenvolveu-se uma doutrina 
especificamente cristológica da criação, com ênfase na criação através da Palavra. Diz o CIC 229 
«Insinuada no Antigo Testamento, revelada na Nova Aliança, a acção criadora do Filho e do Espírito 
Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é claramente afirmada pela regra de fé da Igreja “existe um 
só Deus. Ele é o Pai, o Criador, o Autor, o Organizador. Ele fez todas as coisas por Si próprio, quer 
dizer, pelo seu Verbo e pela sua Sabedoria, pelo Filho e pelo Espírito Santo” “que são como as suas 
mãos” (Santo Ireneu). A Criação é a obra comum da Santíssima Trindade» (Frosini, 2011, p.124). 
1.7. A Revelação em Abraão, Moisés e profetas 
O projecto da revelação obedeceuum plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer dele um 
grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos Profetas para 
que O reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e para que 
esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3). Como se pode depreender do texto 
conciliar, Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a Moisés, sucessivamente aos profetas e 
quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos falou 
por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2), o profeta por excelência. Neste projecto estão 
envolvidos a palavra, o encontro, a experiência num percurso histórico. Os padres conciliares não 
deixam margens para dúvidas que “a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais 
passará, e não se há- de esperar outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso 
Senhor Jesus Cristo” (Concílio Vaticano II, O.C, 4). 
Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para onde ia 
(Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é ser pai de um 
grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus que se revela em Abraão 
é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de salvação. 
Deus revelou se a Moisés oferecendo a libertação ao povo escravo no Egipto. O Seu nome “ Sou 
Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o ser humano. Por isso o Deus de Moisés é 
o Deus Libertador. 
Os Profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o cuidado de 
Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos pobres e dos 
vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e injustiçados. 
22 
 
Nos últimos tempos Deus se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da história 
de Salvação (Fisichella, 2002, p. 81). A Lei e os profetas são orientados a ele e somente nele 
encontram pleno cumprimento. 
De facto toda a vida de Jesus foi marcada por eventos que revelam algo transcendente. O seu 
Baptismo, a sua pregação, os milagres, a sua morte por amor e finalmente a sua gloriosa 
Ressurreição só podem ser revelação de Deus. 
Os Sinópticos descrevem a actividade reveladora de Jesus com os verbos pregar e ensinar. Jesus 
pregou o reino de Deus e testemunhou com a sua própria vida: “Convertei-vos porque o reino de 
Deus está próximo” (Mt 4, 17). 
No Evangelho de São João Jesus é o Logos como sinónimo de Palavra de Deus. Deus não fez ouvir a 
sua voz mas a sua palavra que se pode reconhecer somente em Cristo (Jo 5, 37-38). A invisibilidade 
do Pai torna-se visível na glória do Filho, pois este é o unigénito, isto é, o único que possui a vida 
mesma do Pai, o único que pode revelar o Pai dada a sua preexistência junto de Deus (Jo 1,1-2). 
Com S. Paulo pode se afirmar que quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho 
nascido duma mulher […] para resgatar aqueles que estavam sob o domínio da Lei, para que 
recebessem a adopção de filhos (Gal 4,4-5). Paulo identifica o tempo último esperado com o tempo e 
a história de Cristo. 
Na carta aos Hebreus Deus que tinha já falado nos tempos antigos muitas vezes e de muitos modos 
aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou a nós por meio do Filho que constitui 
herdeiro de todas as coisas e por meio do qual fez também o mundo (Heb 1, 1-2). 
1.7.1. Transmissão da Revelação divina 
Cristo mandou os Apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos 
profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade 
salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concílio 
Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os Apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho com 
palavras e a própria vida. 
Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os 
Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu, III,3). Portanto, a 
sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que um espelho, no qual 
a Igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até chegar a vê-lo face a 
23 
 
face, tal qual Ele é (1Jo 3,2).Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a sagrada Tradição é a 
garantia da integridade do depositum fidei. 
No ensinamento dos padres conciliares, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura, estão intimamente 
unidas e aglutinadas entre si; porque brotando ambas da mesma fonte divina, reúnemse num mesmo 
caudal e tendem para o mesmo fim. A Sagrada Escritura é a Palavra enquanto redigida sob a 
inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores 
dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e o Espírito Santo aos Apóstolos para 
que eles com a luz do Espírito de verdade, a guardem, exponham e difundam fielmente na sua 
pregação (Concílio Vaticano II; O.c.,9). 
1.7.2. A atitude do homem para com a revelação divina 
O homem na qualidade de destinatário da revelação tem uma atitude a tomar. Este pode-se abrir ou 
permanecer indiferente. Mas como a finalidade da revelação é a salvação do homem, no sentido que 
é para que o homem tenha acesso a Deus, Deus espera do homem a obediência da fé (Rom 16, 26), 
isto é adesão ao projecto divino. 
O encontro entre Deus e a pessoa humana acontece no coração e uma vez aberto o coração professa-
se com a boca o que se crê. Paulo atesta: “Acredita-se com o coração e, com a boca, fazse a profissão 
de fé” (Rom 10,10). A abertura do coração é manifestada pelo testemunho público. Pois a fé não é 
um acto privado. Porque o encontro com Deus é renovador. Deus comunica-se para nos introduzir no 
seu mundo. Esse toque do coração é um acto de graça. Os Actos dos Apóstolos descrevem muito 
bem esse movimento na cena de Lídia onde encontramos explicitamente afirmado que “O Senhor 
abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia” (Act 16,14). 
O que Deus espera do homem perante a sua revelação, ou por outra qual deve ser a atitude do homem 
perante a iniciativa salvífica de Deus? Resposta positiva, abertura a Deus, abandonar-se a ele. É esta 
resposta positiva que se chama fé. 
1.8. Evento Cristo 
1.8.1. Quem é Jesus 
Na história da humanidade foram várias e diferentes as respostas dadas a esta pergunta. Ainda Jesus 
vivia e esta pergunta foi feita por Ele aos seus discípulos. As respostas dos discípulos foram várias: 
«E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: 
Quem diz a multidão que eu sou? 
24 
 
E, respondendo eles, disseram: João o Batista; outros, Elias, e outros que um dos antigos profetas 
ressuscitou. E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de 
Deus.» (Luc 9, 18-21) 
Depois da morte e da ressurreição de Jesus a pergunta sobre a identidade de Jesus contínua 
pertinente. Um olhar sobre as respostas dadas ao longo da história, é útil para a compreensão do 
mistério que encerra a figura de Jesus. 
1.8.2. Algumas respostas da época patrística 
Uma das características da fé da época patrística é o monoteísmo radical e o gnosticismo. O 
Monoteísmo radical afirma a unidade de Deus e vê na afirmação da Trindade um grave risco para a 
unicidade de Deus. E o Gnosticismo: movimento religioso sincretista – oferece a salvação por meio 
do conhecimento. Buscando submeter à razão, o Mistério revelado. A preocupação excessiva pelo 
monoteísmo radical, gerou respostas erróneas chamadas heresias. São assim chamadas pelo 
Magistério da Igreja para distingui-las das respostas correctas sobre a identidade de Jesus. 
Descrição de algumas heresias: 
a) Gnosticismo(séc I-II) 
É uma corrente de pensamento dualista: preocupa-se com a redenção e salvação entendidos como 
libertação da existência material e corpórea. Rejeita tudo o que tem relação com o corpo e com a 
sexualidade – dimensões que pertencem ao mundo decaído, segundo os gnósticos. Este pensamento 
não admite a ideia de encarnação de Deus em Jesus Cristo. 
b) Docetismo (séc II) 
Esta corrente de pensamento não reconhece o corpo real de Jesus nem a sua humanidade. Os 
expoentes deste pensamento falam de Jesus como tendo um corpo aparente ou apenas espiritual. Eles 
também negam a possibilidade da encarnação do Verbo e fazem do sofrimento na cruz uma ilusão. 
 
c) Adocionismo (séc II) 
Corrente que prega que Jesus é filho adoptivo de Deus. Cristo é visto como um simples homem sobre 
o qual desceu o Espírito de Deus. Sustenta que até o seu baptismo Jesus viveu a vida de um homem 
ordinário embora supremamente virtuoso. Os milagres por ele praticados seriam a prova de que o 
Espírito Santo ou o Cristo desceram sobre ele sem que ele seja divino. 
25 
 
d) Monarquismo (séc III) 
Teoria que reivindica a unidade absoluta de Deus. (um só princípio). Duas correntes principais: 
Patripassionistas e modalistas – Patripassionistas afirmam que é o Pai que sofre na cruz. Modalistas 
afirmam que Jesus é chamado filho apenas para significar em Deus esta modalidade segundo a qual 
ele encarna, sofre e morre. 
e) Arianismo (séc IV, 318) 
Dizia que Jesus era inferior ao Pai e ensinava que Jesus era “semelhante” ao Pai, e não Deus como o 
Pai, pois Cristo havia dito: ” O Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28), referindo-se à sua condição 
humana, como “servidor” do Pai na Redenção da humanidade. Portanto Jesus é uma criatura, e não 
Deus, como o Pai Criador. 
f) Apolinarismo: 
Dizia que Jesus não tinha alma humana, a pessoa divina do Filho de Deus supria a falta de uma alma 
humana em Jesus Cristo. Esta posição se justificava pelo facto de pensar que a alma humana era 
pecaminosa. E Jesus, por ser filho de Deus, não podia ter alma humana. Esta viria a “manchar” a 
divindade de Cristo. 
g) Nestorianismo 
Partindo do princípio de que Jesus tem duas naturezas (humana e divina), em Cristo há também duas 
pessoas: uma Pessoa humana unida à Pessoa divina. Assim umas coisas eram feitas por Jesus Deus e 
outras por Jesus-Homem. Maria não seria Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Jesus-Homem. O erro 
estava nisto: Jesus tem duas naturezas, mas uma só pessoa. A natureza humana é assumida pela 
Pessoa Divina do Filho de Deus. Essa união chama-se união “hipostática”. O sujeito ou agente da 
acção é a pessoa, não a natureza. 
 
h) Monofisimo 
Dizia que, em Cristo, havia uma só natureza. A natureza divina “absorvia a natureza humana. Era 
como se Jesus tivesse só a natureza divina. Sua heresia chamou-se monofisismo, que significa uma 
só natureza. 
26 
 
i) Monotelismo 
Ensinava que em Cristo há uma só vontade divina. Desaparecia, assim, o “querer humano” de Jesus. 
Em 681, com o terceiro concílio de Constantinopla, foi encerrada a questão: Ficou definido que Jesus 
tem vontade divina e vontade humana. 
1.8.3. Respostas correctas sobre a identidade de Jesus 
 
 
 
Na Sagrada Escritura encontramos a resposta sobre a identidade de Jesus: 
No prólogo de João encontramos a resposta: Jesus é o Verbo incarnado, é a Palavra feita carne (Jo 
1,14). Jesus é o Filho, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sendo Jesus a segunda Pessoa da 
Trindade Santíssima é, logicamente, Deus. É assim que ele é verdadeiramente Deus e 
verdadeiramente homem. Jesus é o Filho de Deus que tomou a carne humana no seio da Virgem 
Maria pelo poder do Espírito Santo (Lc 1,35). É a única pessoa da Santíssima Trindade que se 
incarnou por nós homens e para a nossa salvação. É Deus feito homem. É Deus mesmo que desceu 
Local e 
Designação 
Duração do 
Concílio 
Temas Principais 
Niceia I 20 de Maio a 25 de Julho de 
325 
Jesus é: Deus; Deus verdadeiro do Deus 
verdadeiro, gerado e não criado, 
Consubstancial ao Pai… 
Éfeso 22 de Junho a 17 de Julho de 
431 
Jesus foi concebido pelo poder do 
Espírito Santo no seio da virgem Maria. 
Maria é mãe do Filho de Deus: 
Maternidade divina de Maria. 
Calcedónia 8 de Outubro a 1 de 
Novembro de 451 
Condenação do monofisismo. A 
existência em Jesus Cristo de duas 
naturezas completas e perfeitas na 
unidade da pessoa, que é divina. 
Constantinopla 
III 
7 de Novembro de 680 a 
16 de Setembro de 681 
Condenação do monotelismo. 
27 
 
dos Céus, veio entre nós, para caminhar connosco. Porque o Deus dos cristãos é um Deus próximo, é 
um Deus que caminha com o seu povo. Depois da sua morte na cruz, ressuscitou. Ele venceu a 
morte. É um combate que durou três dias. Período que para os Judeus, transcorrido, não havia mais 
esperança (cf. Jo 10,39). 
Enquanto o Pai, a primeira Pessoa da Santíssima Trindade é não gerada, é a fonte é origem de tudo 
(agenetos), o Filho, a segunda Pessoa é gerada (genetos) e por sua vez o Espírito Santo, a terceira 
Pessoa da Trindade procede do Pai e do Filho. Portanto, enquanto o Filho provem por via da geração 
o Espírito Santo é por via da processão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2: A IGREJA 
 
2.1. Conceito de Igreja 
2.1.1. Terminologia e etimologia 
 
28 
 
O termo “Igreja” deriva do termo latino “ecclesia”, e este, por sua vez deriva do verbo grego “kaleo” 
que significa “chamar, convocar”. Designa a assembleia do povo geralmente de carácter religioso. 
O termo grego “kuriaka” do qual derivam os termos “church”, “kirchie” significa “pertencente ao 
Senhor”. Em hebraico, Igreja diz-se “qahal”. 
Na linguagem cristã, “Igreja” designa a assembleia litúrgica, mas também a comunidade local ou 
toda a comunidade universal dos crentes. Igreja é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Igreja é o 
povo de Deus. Cristo é a cabeça deste povo que é o seu corpo. 
2.2. Mistério da Igreja 
2.2.1. Pressupostos da Eclesiologia do Vaticano II 
A concepção da Igreja, predominante na teologia católica anterior ao Vaticano II, caracteriza-se por 
uma atenção privilegiada aos aspectos cristológicos, e portanto, à sua dimensão institucional e 
visível. 
Os estudos bíblicos e patrísticos, lidos no seu contexto histórico, ajudaram na redescoberta da 
interioridade da Igreja em Cristo e no Espírito. Repensa-se a comunidade eclesial como realidade 
histórica. A Igreja passa a ser vista como ‘sacramento’, como ‘povo de Deus’, como ‘comunhão’ de 
pessoas e de igrejas. O Vaticano II rejeitará o exclusivismo da realidade espiritual ou da realidade 
simplesmente visível, para propor o seu ‘mistério’ de comunhão, que brota da Trindade e para ela 
tende (Forte, 1992). 
O Vaticano II caraterizou-se desde o início como Concilio da Igreja. Como se pode ler nestas 
palavras do Cardeal Suenens: O Concílio há-de ser um Concílio ‘de Ecclesia’ e há-de articular-se 
sobre dois pilares: ‘de Ecclesia ad intra’ e de Ecclesia ad extra’. Que é Igreja? Que é que a Igreja 
faz? (Suenens, 1962). 
Sobre o que é Igreja, responderá a Lumen Gentium e o que ela faz? Responderá a Constituição 
Pastoral Gaudium et Spes. 
2.2.2. Eclesiologia da Lumen Gentium 
Este capítulo apresenta o Mistério da Igreja à luz de Cristo e do seu mistério. A Igreja como 
sacramento da realização do sinal salvífico da Trindade. A Igreja é o povo reunido na unidade do 
Pai, do Filho e do Espírito Santo (LG, 4, extraído de De domenica oratione, 23 de Cipriano). 
29 
 
Apresentando a Igreja como mistério, fruto da leitura dos textos de S. Paulo, supera-se a visão 
puramente visibilista da Igreja que concebia a Igreja como Sociedade perfecta inequalis. 
A Igreja é sacramento enquanto é expressão da vontade salvífica de Cristo, uma salvação universal. 
A Igreja é como um sacramento ou sinal da íntima união com Deus e da unidade de todo ogénero 
humano. É também um instrumento para o alcance de tal união e unidade (LG 1). «A Igreja que 
compreende no seu seio os pecadores, santa ao mesmo tempo e sempre necessitada de purificação, 
incessantemente se aplica na penitência e no seu renovamento» (LG 8). 
O Concílio esclareceu que não há coincidência entre o Reino de Deus e a Igreja. A Igreja é o seu 
gérmen e início. 
O Concílio também esclareceu que não há conflito entre a Igreja peregrina e Igreja celeste, portanto 
entre a Igreja visível e invisível, ponto de muita controvérsia, auxiliando-se da analogia do mistério 
da Incarnação do Verbo, pois constituem uma realidade única e complexa. E afirma claramente que 
esta é a única Igreja de Cristo e tal subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e 
pelos bispos em comunhão com ele, ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente vários 
elementos de santificação e de verdade, elementos que, na sua qualidade de dons próprios da Igreja 
de Cristo, conduzem para a unidade católica (LG 8). O emprego do verbo subsist em vez de 
simplesmente est é sem dúvidas uma renovação. 
Existe uma continuidade histórica radical na sucessão apostólica entre a Igreja que Cristo fundou e a 
Igreja católica. 
O termo subsist é, porém, matéria de muita discussão, pois há quem não acha muita distância e 
mesmo diferença com o termo est que era usado anteriormente. Urgia um esclarecimento. O 
documento Dominus Iesus apresenta o seguinte esclarecimento. Usando o verbo “subsistir”, o 
Vaticano II queria afirmar duas verdades (Decl. Dominus Iesus, 16-17): 
A Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja 
católica. 
Por outro lado, existem numerosos elementos de santidade e de verdade fora da sua composição, nas 
igrejas e comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja católica. 
As comunidades que não conservam um válido episcopado e a genuína e integra substância do 
mistério eucarístico, não são igrejas em sentido próprio. Os que, porém, foram baptizados nestas 
30 
 
comunidades estão, pelo Baptismo, incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa, se bem 
que imperfeita, comunhão com a Igreja (UR, 3) 
Essas comunidades não são Igreja porque os elementos desta Igreja já realizada existem reunidos na 
sua plenitude na Igreja católica e sem essa plenitude nas demais comunidades. Porém, o Espírito não 
se recusa a servir-se delas como instrumentos de salvação (UR, 3; Ut Unum sint, 14). Esta admissão 
é uma grande novidade. 
A eclesiologia do Vaticano é centrada na Eucaristia. Há um nexo entre a Eucaristia e a Igreja 
enquanto é a Eucaristia que faz a Igreja e a Igreja celebra a Eucaristia. 
A Igreja segundo o Vaticano II está radicada no mistério de Deus uno e trino e nas missões do 
Filho e do Espírito Santo. O Vaticano II superando todos os reducionismos na visão da Igreja, no I 
capítulo da Lumen gentium faz uma leitura de índole trinitária da Igreja. Na visão da Lumen gentium 
a Igreja vem da Trindade, é estruturada à imagem da Trindade e vai em direcção do cumprimento 
trinitário da história. Vindo do alto, oriens ex alto, como o seu Senhor (Lc 1, 78), plasmada do alto e 
em caminho em direcção ao alto, enquanto é o regnum Christi iam praesens in mysterio (LG 5). 
2.2.3. Maria, figura da Igreja 
No seio do povo de Israel Deus suscitou uma mulher, serva humilde do Senhor para que depois de ter 
falado muitas vezes e de muitos modos pudesse falar pelo seu próprio Filho. Maria depois de um 
diálogo com o anjo, decidiu obedecer e colaborar no projecto de Deus (Lc 1, 26-38).Concebeu a 
Palavra e teve lugar a Incarnação do Verbo. 
A Igreja ao logo da sua história formulou algumas verdades dogmáticas sobre Maria mãe de Jesus. 
Apresentamos as mais importantes: 
a) Maternidade divina de Maria (Éfeso-431) 
A formulação da verdade sobre a maternidade divina de Maria foi definida no Concílio de Éfeso, sob 
o título de theotókos. Éfeso assumiu a ideia da maioria conciliar de matriz alexandrina que defendia 
que Maria é geradora de Deus. Maria gerou segundo a carne o Verbo de Deus que se fez carne (DS, 
525). Para Éfeso, Jesus tem duas naturezas: humana e divina, unidas sem distinção nem separação 
mútua, união hipostática.“Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no verdadeiro sentido da 
Palavra, e que, por isso, a santa virgem é geradora de Deus porque gerou segundo a carne o Verbo de 
Deus feito carne seja anátema” (DS, 252). 
31 
 
b) Virgindade de Maria 
A virgindade é a consagração do coração e do corpo a Deus. Ela tem como finalidade acolher 
plenamente o amor de Deus. O Vaticano II reafirmou o símbolo niceno-constantinopolitano segundo 
o qual “por nós homens e para a nossa salvação desceu dos céus, e incarnou pelo Espírito Santo no 
seio da virgem Maria” (LG, 52). Maria foi sempre virgem corporal e moralmente. A afirmação da 
virgindade de Maria permite-nos falar da concepção virginal de Jesus pela força do Espírito Santo. 
c) Imaculada Conceição 
A doutrina sobre a Imaculada Conceição pretende afirmar que Maria foi preservada do pecado 
original, como preparação para a sua maternidade divina. No projecto de redenção que Deus traçou 
para a humanidade era necessário que a Mãe do Filho de Deus fosse preservada de todo o contacto 
com o pecado. Pio IX declarou oficialmente esta doutrina na encíclica Ineffabilis Deus a 8 de 
Dezembro de 1854. Declarámos que “no primeiro momento da concepção, a bem aventurada virgem 
Maria foi pela graça singular e o privilégio de Deus em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador 
do género humano, preservada, intacta de toda a mancha do pecado original” (DS, 2803). 
Ela foi chamada por Deus na qualidade de primeira redimida a contribuir no plano salvífico de Cristo 
(LG, 8). 
O discurso sobre a Imaculada Conceição não é um discurso de natureza ética, mas é um testemunho 
de fé em favor da possibilidade humana de se abrir à vontade de Deus. 
d) Assunção de Nossa Senhora-15 de Agosto 
A Escritura não dá nenhuma informação específica sobre a assunção de Maria. Em Jerusalém, há 
dois textos que se referem à assunção de Maria. Um em siríaco e outro do evangelho apócrifo de 
Tiago. O primeiro diz que Maria morreu (dormiu), mas quando a sepultavam, uma nuvem envolveu 
o seu corpo e desapareceu. O outro texto diz que Maria foi enterrada, mas ao terceiro dia o seu corpo 
já não estava no túmulo. 
Os cristãos acreditam que se Maria teve uma concepção e uma vida excepcionais, também pode ter 
tido um fim excepcional. Assim, foram levados a acreditar na assunção de Maria. 
O mais antigo exame da morte de Maria está nos escritos de Epifânio (+403). Ele apresenta duas 
possibilidades: que Maria morreu ou não morreu e confessa que não sabe qual é a verdadeira. 
32 
 
Já no séc V havia uma forte convicção de que o corpo de Maria não se decompôs no túmulo, mas que 
tinha sido elevado logo depois da sua morte, reunido à sua alma e transformado pelo poder do 
Espírito. 
Logo cedo em muitas igrejas orientais começou a ser celebrada a festa da dormitio de Maria que só 
chegou a Roma no século VI, embora persistissem as dúvidas, como no caso de São Beda (+735). 
A assunção de Nossa Senhora foi declarada dogma por Pio XII em 1950 na encíclica 
Munificentissimus Deus, onde se afirma: “proclamamos (...) e definimos ser um dogma revelado por 
Deus que quando a etapa de sua vida terrena terminou a imaculada mãe de Deus e sempre virgem 
Maria foi elevada de corpo e alma à glória do seu Filho” (DS, 3903). 
Era apropriado que o corpo de Maria não fosse deixado à sorte da terra. Proclamar a assunção de 
Maria dogma de fé é afirmar que ela participa da plenitude da ressurreição que Deus prometeu a 
todos os povos quando ressuscitou Jesus. 
A doutrina da assunção do corpo e da ama de Maria significa que toda a pessoa é salva. Nesse 
ínterim, a mãe de Jesustal como está no céu já glorificada de corpo e alma é imagem do começo da 
Igreja como deverá ser consumada no tempo futuro. Assim, também brilha aqui na terra como sinal 
de esperança segura e de conforto para o povo de Deus em peregrinação até que chegue o dia do 
Senhor (LG, 66). 
 
 2.4. Os Sacramentos na Igreja 
2.4.1. Conceito 
Sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça de Deus instituídos por Cristo. 
2.4.2. Divisão dos Sacramentos 
Os sacramentos estão divididos de acordo com a sua natureza e graça em três grupos: Sacramentos 
de Iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Estes introduzem o ser humano na vida 
cristã. O Baptismo nos configura com Cristo na sua morte e ressurreição, é a porta de entrada, a 
Confirmação vem selar o Baptismo e nos torna testemunhas de Cristo e por sua vez a Eucaristia é o 
alimento de quem se configurou com Cristo de modo que não seja mais ele quem vive mas Cristo 
que vive nele (Gl 2,20). Eucaristia é o Sacramento central da vida da Igreja. Segundo o Papa Bento 
XVI existe um influxo causal da Eucaristia nas próprias origens da Igreja. Pelo facto que “a 
Eucaristia é Cristo que se dá a nós, edificando-nos continuamente como seu corpo. Portanto, na 
sugestiva circularidade entre a Eucaristia que edifica a Igreja e a própria Igreja que faz a Eucaristia, a 
33 
 
causalidade primária está expressa na primeira fórmula: a igreja pode celebrar e adorar o mistério de 
Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo se deu a ela no sacrifício da 
Cruz” (Bento XVI, 2007, 14). 
Os sacramentos da cura: Penitência ou Reconciliação e Unção dos Enfermos também conhecido por 
Santa unção. Tempos houve que este sacramento foi chamado Extrema-unção. Estes nos curam da 
ferida ou doença causada pelo pecado. 
Sacramentos da Comunhão ou da Missão: Ordem e matrimónio. O matrimónio tem a missão de 
garantir as gerações, cooperar com o Criador na geração de seres humanos. Executando o mandato 
“crescei e multiplicai-vos” (Gn 1,28) e é comunhão entre marido e mulher que não são dois mas uma 
só carne. O sacramento da ordem tem a missão de transformar os seres humanos gerados no 
matrimónio em filhos de Deus administrando os sacramentos da iniciação cristã e outros 
sacramentos. A comunhão neste sacramento é com Cristo, uma vez que o Sacerdote configura-se 
com Cristo Sacerdote, aliás ele é alter Christus. E dada a indissolubilidade esponsal entre Cristo e 
sua Igreja, também é comunhão com a Igreja. 
2.5. Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos evangelizados 
2.5.1. Conceito 
É a incarnação do Evangelho nas culturas e ao mesmo tempo introdução dessas culturas na vida da 
Igreja. Inculturação significa uma íntima transformação dos autênticos valores culturais através da 
sua integração no cristianismo e o enraizamento do cristianismo nas diversas culturas (Congregação 
para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, CCDDS, 4). 
2.5.2. Necessidade 
De uma parte, a penetração do Evangelho num dado ambiente sócio- cultural fecunda como de 
dentro, fortifica, completa e restaura em Cristo as qualidades do espírito e os dotes de cada povo. 
Doutra parte, a Igreja assimila esses valores, no caso que os mesmos sejam compatíveis com o 
Evangelho, para aprofundar o anúncio de Cristo e para melhor exprimi-lo na celebração litúrgica e na 
vida multiforme da comunidade dos fiéis. 
O fim principal da Inculturação é de ajudar o povo a acolher e a viver melhor a mensagem 
evangélica. Percebe-la com as suas categorias mentais. De modo que o Evangelho continuando uma 
Novidade (Boa Nova) não uma novidade estranha o que abre espaço à duplicidade ou incoerência. É 
igualmente para participar com mais envolvimento nos actos litúrgicos. 
34 
 
2.5.3. Exigências 
Evite-se o perigo que a introdução de elementos culturais não pareça aos fiéis como retorno ao um 
estado anterior à Evangelização (CCDDS, 32). Inculturação não se deve confundir com sincretismo 
religioso 
2.5.4. Competências 
Todo o movimento de inculturação, depende unicamente da autoridade da Igreja. Tal autoridade 
compete à Sé Apostólica que a exerce através da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos 
Sacramentos; compete também nos limites previstos pelo Direito, às Conferências episcopais e ao 
Bispo diocesano. Nenhum outro, absolutamente, mesmo se é sacerdote, acrescente, tire ou mude algo 
de sua iniciativa, em matéria litúrgica. A inculturação não é portanto, deixada à iniciativa pessoal dos 
celebrantes, nem à iniciativa colectiva da assembleia (CCDDS, 37). A nível de uma nação, o processo 
da Inculturação Litúrgica é da responsabilidade da Conferência Episcopal a qual apoiando-se de 
peritos em diversas áreas, como é a da Bíblia, Liturgia e Teologia e expoentes das religiões não 
cristãs, pode discernir, avaliar e legitimar, em consonância com a Congregação para o Culto Divino e 
a Disciplina dos Sacramentos, uma dada experiência de inculturação ou o que deve modificado nas 
celebrações litúrgicas de acordo com as tradições e da mentalidade do povo (CCDDS, 30, 62-66). 
 
 
35 
 
CAPÍTULO III: A PESSOA HUMANA À LUZ DA FÉ CRISTÃ 
3.1. Conceito 
A pessoa humana é uma criatura de Deus, justificada por Jesus Cristo e prometida à divinização. 
A visão cristã do ser humano supõe uma estrutura própria de quem crê, espera e ama. 
Crer, esperar e amar são 3 operações reunidas que têm uma significação religiosa e designam a 
verdadeira relação ao Deus verdadeiro, o Deus de Jesus Cristo. 
Ora a relação dos homens a Deus é sempre de ordem activa, da classe do fazer e introduz sempre 
uma dinâmica. 
Esta visão do ser humano, não deve ser confundida com outras maneiras de abordar a questão do 
homem. Trata-se do que o cristianismo confessa e compreende do comportamento humano quando 
ele considera que a maneira de ser homem não é sem relação a Deus. O cristianismo confessa que a 
condição humana é, como tal, vocação a crer, esperar e amar. 
3.1.1. O protótipo do ser humano é Jesus Cristo 
a) ECCE HOMO – Eis o Homem 
O cristianismo aprende a olhar a Jesus Cristo e descobrir quem é o ser humano e o que está chamado 
a ser. É agora e aqui que em Jesus Cristo aprendemos o que significa “tornar-se homem”. 
Quando nós dizemos de Jesus “Eis O Homem” confessamos e afirmamos que Ele é aquele em quem 
o sentido tem sentido, o homem novo que dá à humanidade sua razão de ser. 
Jesus Cristo é alguém que pertenceu à história dos homens, que pertenceu a nossa história, que é um 
dos nossos. Porquê Jesus? 
A resposta é que na história humana Jesus é o único homem, o único verdadeiro, que foi sempre 
verdadeiro com a sua humanidade. Jesus foi desde a sua encarnação – do princípio ao fim de sua 
vida – totalmente homem e verdadeiro com a sua humanidade. Jesus não brincou com a nossa 
humanidade, não fez de contas que era homem; ele foi até ao fim, até as consequências do seu ser 
Homem. 
No seu caminho de humanidade Jesus é aquele em quem se manifesta a graça da criação que consiste 
em ser Filho de Deus, vivendo a dependência a Deus e a autonomia da responsabilidade pessoal. 
36 
 
Ele reconhece e aceita a sua condição de filho e não quer de modo algum tomar o lugar do Pai. 
É analisando o comportamento de Jesus que nós chegaremos a conhecer nele o HOMEM: “EIS O 
HOMEM”. O justo sem pecado – o homem, o verdadeiro sem pecado, aquele que soube guardar a 
todo custo a sua relação filial absolutamente plena de humanidade – a excepção que confirma a regra 
porque todos os homens são pecadores. Ele é o único de entre todos, Ele é o único por todos, ele não 
é o solitário mas o solidário. 
b) O Homem, é Jesus Tentado 
(Uma leitura de Lc 4,1-13) 
Podemos afirmar que Jesus Cristo é protótipo do Homem justamente no momento em que é tentado. 
O texto de Lucas deixa claro que Jesus é tentado na sua qualidade de «filho» e que as tentações

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