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O ISOLAMENTO SOCIAL E A SAÚDE MENTAL: UM NOVO VIÉS Profº José Expedito Dias Reis Pandemia, é uma palavra de origem grega, formada com o prefixo neutro pan e demos, povo, foi pela primeira vez empregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão usou-a no sentido genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população. No mesmo sentido foi também utilizada por Aristóteles. Galeno, grande médico da corte romana utilizou o adjetivo pandémico em relação a doenças epidêmicas de grande difusão. A incorporação definitiva do termo pandemia ao glossário médico firmou-se a partir do século XVIII, encontrando-se o seu registro em francês no Dictionnaire universel français et latin, de Trévoux, de 1771. Segundo Chien Li (1983.p.232): O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de grandes proporções, que se espalha a vários países e a mais de um continente, Exemplo tantas vezes citado é o da chamada "gripe espanhola", que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918-1919, e que causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo Neste sentido, a epidemiologia estuda tanto as epidemias como as doenças e condições morbígenas não epidêmicas. A pandemia do coronavírus segundo Quammen (2012), são vírus e bactérias que infectam animais selvagens ou domésticos e conseguem “pular” para a espécie humana, causando doenças e mortes. Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus, conhecidos desde meados da década de 1960, que receberam esse nome devido às espículas na sua superfície, que lembram uma coroa (do latim corona). Segundo Cimerman et al (2020): “[..]podem causar desde um resfriado comum até síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome) e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês Middle East Respiratory Syndrome). Os vírus foram denominados SARS-CoV e MERS-CoV, respectivamente.” O novo coronavírus foi identificado em investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de uma série de casos de pneumonia de causa desconhecida a partir de 31/12/2019, diagnosticados inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei. Apesar dos testes em andamento com vários remédios, ainda não existe um tratamento oficial contra a Covid-19. Segundo Pinheiro (2020), O paciente, mesmo sem diagnóstico confirmado do coronavírus, deve permanecer por 14 dias isolado em casa, tomar bastante líquidos e monitorar a evolução do quadro. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus Ministério da Saúde (MS) e as Secretarias de Saúde (SES) de cada estado começaram a tomar medidas essenciais para o controle da transmissão do coronavírus propondo higienização rigorosa das mãos e o uso de equipamentos de proteção individual. Para que não houvesse uma maior propagação do vírus a Organização Mundial de Saúde (OMS), propôs isolamento social. Segundo Rodrigues (2020), o isolamento social ocorre quando um grupo ou um indivíduo, seja de forma involuntária ou voluntária, afasta-se, evita o contato ou a interação, ou é privado pelos demais de ter contato ou de manter relações com esse grupo, sendo excluído do ambiente comum. O isolamento social está como uma das principais medidas para combater o coronavirus. Segundo Felix(2020), existe uma discussão sobre qual tipo de isolamento tem maior precisão no combate do coronavirus: o horizontal ou vertical. O Isolamento vertical e horizontal são formas de distanciamento social que buscam reduzir a circulação de pessoas e, assim, conter a disseminação de determinada doença. No isolamento vertical, apenas os grupos mais vulneráveis à doença são isolados. Já no isolamento horizontal, há uma maior restrição da circulação de pessoas, ocorrendo o fechamento de escolas, igrejas etc. e com isso vem a chamada quarentena. De acordo com Santos (2019), Na Idade Média, a prática da quarentena foi adotada durante o início da peste negra, isolando viajantes oriundos de regiões onde ocorriam a doença por cerca de 40 dias. Porém, com a explosão de casos em diferentes localidades, atualmente a quarentena está também sendo recomendada ou imposta como forma de proteção aos suscetíveis sem histórico de contato, por período indeterminado, o isolamento profilático. E como os indivíduos respondem a essas restrições? Quais os efeitos psicológicos à mudança da rotina e restrição da mobilidade frente a quarentena? O próprio estado de quarentena, o qual implica em modificação da rotina e limitação da mobilidade, duração prolongada da quarentena, medo de infecções, frustração, tédio, suprimentos inadequados, informação limitada, perdas financeiras e estigma, produzem grandes impactos psicológicos. Para Duarte (2020) haverá maior probabilidade de ocorrência de exaustão, distanciamento social, ansiedade, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, indecisão, prejuízo na performance laboral, relutância ao trabalho ou resignação. Até o momento desconhecemos estudos que relataram que pacientes em quarentena desenvolva sentimentos positivos ligados a felicidade, alívio e proteção. Segundo Duarte (2020), “[...] Alguns autores sugerem que os impactos psicológicos prolongados gerados pela quarentena podem durar até três anos após, e que o histórico de transtorno mental consiste em fator de risco para a maior durabilidade dos impactos psicológicos negativos.” Ainda Rubins e Wessely (2020) descreveram os efeitos psicológicos da moderna quarentena quando imposta a uma cidade inteira, tomando como modelo a cidade de Wuhan, China em 2019-2020. Os autores https://www.biologianet.com/doencas citam ansiedade, pânico, preocupação com a falta de suprimentos alimentares, percepções apocalípticas e outros, mas reforçam que a base de toda a tensão e sentimentos negativos consiste no medo da incerteza, do desconhecido, do descontrole, e especialmente da morte. Em diferentes fases da vida em face a acontecimentos adversos, estes padrões podem representar fatores de proteção ou de vulnerabilidade, que se associam ao adoecer físico ou mental. Somos um ser naturalmente social, então afunilar/reduzir o contato social causa estranhamento, mas é importante gerir positivamente os afazeres, equilibrando as atividades. Segundo Pelegrini (2020, p.1) “[...] O equilíbrio psicológico é fundamental neste momento, ainda que estejamos aterrorizados com o que estamos vivendo”. Buscar o equilíbrio, tentando elaborar possíveis respostas, é o caminho desejável, seja por recursos próprios ou ainda procurando ajuda profissional quando necessário. Segundo Fernandes (2020) Vivenciar o isolamento e superar os conflitos que um simples “fique em casa” pode causar . Uma mudança de rotina tão repentina, causa desorientação e ansiedade em muitas pessoas. De olho nesse problema, a OMS divulgou algumas recomendações oficiais para ajudar quem precisa. Vejamos: • Mantenha-se informado apenas do essencial - A absorção constante de notícias sobre o vírus pode causar ansiedade e estresse; • Sua saúde mental é importante - Cuidar da sua saúde mental é tão importante quanto cuidar da sua saúde física. • Mantenha-se conectado e crie uma rotina. Tente o máximo possível manter uma rotina diária. Se necessário, crie novas e se adapte. Mas, tente manter horários fixos para ir dormir, acordar e comer. Além disso, mantenha-se conectado com outras pessoas online, de qualquer maneira que for possível. Se puder, faça vídeo chamadas para ver o rosto de outras pessoas durante sua interação. • Tente se manter saudável e relaxado - A saúde física contribui com a saúde mental e vice-versa. Mas também, procure um momento para relaxar. Procure uma série ou um filme, ou qualquer outra atividade que te traga prazer, e reserve um tempo da sua rotina diária paraisso. Tudo isso leva-nos a refletir sobre o valor da vida, a integração e a motivação primária na vida de um ser humano. Compreendemos que é a partir do tédio existencial que surgem as frustração que se dá com a perda do sentido da vida, em que o indivíduo não sabe mais se sua vida vale ou não a pena ser vivida. Portanto, para Frankl (1989, p. 15 “[...] em nossos dias um https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/mental-health-considerations.pdf número cada vez maior de indivíduos dispõem de recursos para viver, mas não de um sentido pelo qual viver”. O homem é um ser que procura sentido por participar da história e, na história, construir vida e dar sentida a ela. Para aliviar a tensão deste período de crise, é essencial que você se cuide. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIEN, Li. Influenza. fn: Hoeprich, P,D. {ed.): Infectious diseases, 3 ed Philadelpliia: Harper & Row Publ., 1983. CIMERMAN, Sérgio. (Org ). Informe da Sociedade Brasileira de Infectologia Sobre o Novo Coronavirus – Perguntas e Respostas para Profissionais da Saúde e Publico em Geral. Disponível em: https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/principal/2020/03/NovoCoronavirus_PeR_29- 01.pdf. Acesso em: 16 de abril de 2020. DUARTE, Rafael. Coronavírus: os impactos psicológicos da quarentena. Revista PEBMED. Disponível em:https://pebmed.com.br/coronavirus-os-impactos-psicologicos-da-quarentena/. Acesso em: 16 de abril de 2020. FRANKL, Viktor Um sentido para vida.. Aparecida, SP: Santuário, 1989. FELIX, Paula. Perguntas e Respostas: Entenda as Recomendacoes de isolamento-durante a crise de coronavirus. Jornal o Estado de São Paulo. Disponivel em: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,perguntas-e-respostas-entenda-as-recomendacoes- de-isolamento-durante-a-crise-de-coronavirus,70003254289. Acesso em: 16 de abril de 2020. FERNANDES, Eleonora Barros e Gláucia. 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