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Livro - Guia de Proteção Direitos Humanos

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Guia de proteção dos 
l>ireiibS 
-t-111ma"os 
sistemas internacionais 
e sistema constitucional 
• EDITOR" intersaberes 
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-. b.O 
""'4 o -
O presente Guia de Proteção dos Direitos Humanos tem o obje-
tivo de proporcionar, a título de abordagem inicial e didática, um 
primeiro contato dos acadêmicos com os múltiplos sistemas de 
proteção dos direitos que coexistem na atualidade. Partindo da 
pluralidade das perspectivas que se abrem aos direitos humanos, 
o foco é demonstrar a paisagem contemporânea dos sistemas de 
direitos humanos, marcada pelo diálogo constitucional e interna-
cional e pelo constitucionalismo plural e multinível na formação 
do que se vem chamando de ius commune. 
O guia tem como finalidade permitir que seus leitores possam, 
por meio de uma reflexão crítica e construtiva, bem compreen-
der os instrumentos de proteção dos direitos presentes no direito 
internacional dos direitos humanos. Também objetiva mostrar 
sua relação com as jurisdições constitucionais locais e os diálogos 
institucionais que daí emergem, marcados pela abertura material 
das constituições, pela expansão do bloco de constitucionalidade 
e pelo controle de convencionalidade. 
Para tanto, foram selecionadas as reflexões sobre o sistema global 
de proteção dos direitos humanos - sobre o umbral da Organização 
10 
das Nações Unidas (ONU) - que compõem o primeiro capítulo. 
Em seguida, o tema dos sistemas regionais - o europeu, o ameri-
cano e o africano-, os quais conformam o espaço internacional de 
proteção, é explicado nos capítulos segundo, terceiro e quarto da 
obra, respectivamente. Ao final, como quinto capítulo, o sistema 
constitucional (local) brasileiro avulta como objeto de estudo para 
que os leitores possam bem compreender, no plano prático, como 
todo o aparato do direito internacional aporta no Brasil. 
O enfoque deste livro é a compreensão da proteção dos direitos 
humanos no século XXI, pautada pelos diálogos entre os diferen-
tes sistemas de proteção (global-regional-local) e pelo impacto do 
direito internacional dos direitos humanos, em especial dos seus sis-
temas jurisdicionalizados. Isso tudo tendo na proteção dos direitos 
humanos - e, como consequência, a consolidação da democracia 
e do Estado de Direito - um idioma comum que aponta para o 
repensar das estruturas jurídicas tradicionais na matéria. 
Boa leitura! 
Como aproveitar 
aes eli 
.., 
ao 
Este livro traz alguns recursos que visam enriquecer o seu aprendi-
zado, facilitar a compreensão dos conteúdos e tornar a leitura mais 
dinâmica. São ferramentas projetadas de acordo com a natureza 
dos temas que vamos examinar. Veja a seguir como esses recursos 
se encontram distribuídos no decorrer desta obra. 
Conteúdos do capítulo: 
Logo na abertura do capí-
tulo, você fica conhecendo 
os conteúdos que serão nele 
abordados. 
Após o estudo deste capítu-
lo, você será capaz de: 
Você também é informa-
do a respeito das compe-
tências que irá desenvolver 
e dos conhecimentos que 
irá adquirir com o estudo 
do capítulo. 
-
Conteúdos do capitulo: 
• Hisu$r ioo <h crUIÇ:lioe daoonwlitbç:\o dosis1etru unive~I 
dé Jll'()(tÇioJ.:.s d irdlU huma.1Jú$. 
• Princip1is rnoc:anismos e órg.íos oomj>Ol1C.'fll<$ do s.is1cm2 
univers:i,IJc proteç:k>J0111Jireitos hum2110$. 
• ÚM embk:miticos do sistt.'l'IU univel)al de protcç:lio OOs 
d irdtcH hu m.J.11()$. 
Após o estudo deste capitulo, você será capaz de: 
1. dominar a compreendo p2110rlimica do sistema univernl 
de pl'(){cçj,;,Joidir\.'ÍIOS hum:ll1os; 
1. CO"°"rttnder,i;t'\1$ princ:ip.ti~inurummt0$.~$edi~u~ 
contem por incas. 
II 
12 
Síntese-----------------, 
A fonnaçio do SEDH reprel1(.'TIU um gr:1;nde nurco nodirci10 
ir1«.Tnaci(,nal d<,>:s direiu,>s hum anos. C(.111'11,> vanguardi.su no sis• 
1enu regic>nal de pro~çio d<)!] direitos humMios <:m SL.U. cona,pçk) 
comempod.nc:.. OSistcm1 EurQpcu 1cm unuestrU1ur:1oompkx.a 
e «msólidadaem suas q ..... $ltxu.,Jttadal Je fc)rmaçió. As ,~rias 
1r:1.nsfornuç6es reali:ud:u :10 longo Je$$1;:s 2nos demonsu:1111 sul 
resili.!nci.t e $llll xlap 1açio 30s nqvos des;;afios enfrenndos na busca 
peb oompleu pr01cçió Josdireims hununos no oo,xeuo europeu. 
Vinculado ao C.Ons,ell,o W Europa. é o Si.s1cma EurQf,cu com-
póSlü p<X dóis órslos: :1. G:irte EDH <: o Comitê Je Mini.se:~. 
A Convençio EDH,comodememo fundante doSEDH, fund,ub 
no i mbit() dv Conselho dl Eul\>pa, l"-'S.Sui O csoopo> de 1•oi:c• 
çio e promoçio de direitos hum;1.nos, e sua entndi cm vigor em 
19s;rcpre,en1ou umgr.1nde passo na integraçiod.ao«km jurídica 
imema e intt.,cna,cio),ru.l, que passam a oon11\ir1ilha.r Q J>ilr:u.lig,ruo 
de respt'it<l :.ios din::-il)S humam)!l em todos os ni,·eis, k>rnun<b :1 
.su,1 pr0tcçio mullinhd 
H:i wtróS imp()rUr•<S docurnenu:>$ neMt Sü1cm:1, WmO :1 
üru Soci:11 Europei:1. que compk.•menu seu <SCOpO de protcçlo 
com :1 1)1'C\'isiode direi1os econômioos.sociai.s ecuhur.11is. enqu:.in1:.> 
:1 C0111,;,11çio prel'ê prindp:a.l1ntnte dirtiws dvis e pólilioos. Além 
di5SI.>, S(.'U c,:wpo n,;wrnuivo, inici.llrncn1e rtstriW à C0r,w:nçio 
EDH, foi :ICrtscido de 14 Procoool.)s Adicio1uü que l:llllO CXp:lndi-
r.tm o rol de direi1os ptevis1os em ll)SJ, :1cresccm::1ndo novos direi10$.,. 
Qtiu ndos de n(IV;lS dtnund:i,s );(l(i,1,is, o;11noektiv.lum mud:uiç:.s 
no 1oc:uite:1 su:1es1rutul':lle j('U proc~imenco, poreiu::mplo, 00111 
:1 cx1inçio J,1 Comis$ÓO Europci:1 em 1998, pennili,_fo :ISSim o 
aces:sodireio de i1di,íduóS à CQtce E.DH 
Conundo com 6rglos de pr0tcçlo e mea.nisnios p1r.11 1 ci-
liuçio desses direitos, :1 Corie E.OH é o 6,gio jurisdiciotul res-
pr>nsivcl pcl:1 intdprwç5,ú dóS dird1os \>1\-"'VÍSlOS 1u. Con\\'nçio 
Questões para revisão ---------------< 
l Qwl é :1 rcblm:i<l J,1 Dccb~io Uni,·crs.J dos Direitos 
Hununus (DUD H), de 1948, p:u.a o sis1erru uniw,ri;.J dt 
pro1cçiodos direi1,:;,s hun.:inose qu.al é:1 rebçio entreesu 
D.::-cbr-.açio tos P:1etos l nttrnacion.ais de Dirtitos Civis 
e Políticos (PIDCP) e de Direitos Económicos, Sociais e 
Culturais (Pidcsc), de 1966? 
2. Qwissfou prim:ip1isdis1in,çócset1treos mecanismoscon-
vtnciumú.s e n1o oorm,.,ncion.ais (ou n:1r11ctm!.lfnt:itm11iI) Jc, 
pro1cçiodosdireitos hununosemimbito universal?Qw.is 
s:ic>os6rp(IS quccor:111,õcm C:ll(h umad<SSas:ircu? 
3. Sobre osis1e111a w1i1ersalde pro1eçiodosdirei1os humanos, 
a,·;Jie as asscitil'.ll!i :l seguir e assin:ale a :1.ltcrn;uiV.lcorrcu: 
1. Aind;i que scj:lm in1porun1cs. n1o se considera que pro-
oedime111os de reb16rios. tendo cm vÍ$1a $11u3Ções cspecl-
ficas Jc, p;aiscs, J)l))$J.m scrconOOtradóSum moornismo 
ii•egrante do .s.is1ema de pr(ncçio. S6 t.::Tio <SSe 11;1ru1 
moécanismos que pussibilitem denúncias individu:1.i$ o u 
coletivas (por mcio de paições individu:lisou colc1ivas) 
ou ina-resu.t;1.is, po,ssibili~<bo;,ndenaçõesdirecion~.u 
~ uiloqur::td.::1m 11Ci~oe111 t;1.is petições. 
11 Nk>sc podediurqueaQ,missliode Direi1osHumanos 
fu.zi.i pMtédosistema un,wrs.ldtc pn)(t-Çk.>. $u<l lubSu-
1uiçio pelo C.Onsclhode Direi1os H wnanos indic.lque, 
antes <h rtbrnu, o ualu.lhu daComisslio,,.,u in6cuo 
111. 0 Comité de Direiws Humanos das N:1çóe$ Un idu 
:1V.lli:1 si1u.aç¼ J,,., poss:rv,,.,is viol.aç¼ ¼ Dei:b~1() 
Universal dos Direi1:.>s Hunuoos,sendo m11ry-ixldyJcsse 
in5trumena;, 
Síntese 
Você dispõe, ao final doca-
pítulo, de uma síntese que 
traz os principais conceitos 
nele abordados. 
Questões para revisão 
Com estas atividades, você 
tem a possibilidade de rever 
os principais conceitos ana-
lisados. Ao final do livro, as 
autoras disponibilizam as 
respostas às questões, a fim 
de que você possa verificar 
como está sua aprendiza-
gem. 
Questões para reflexão 
Nesta seção, a proposta é 
levá-lo a refletir criticamen-
te sobre alguns assuntos e 
trocar ideias e experiências 
com seus pares. 
Para saber mais 
Você pode consultar as 
obras indicadas nesta seção 
para aprofundar sua apren-
dizagem. 
Estudo de caso 
Esta seção traz ao seu co-
nhecimento situações que 
vão aproximar os conteú-
dos estudados de sua prá-
tica profissional. 
p<>rém,quea«msulu,a t:11$ Po"'osse;.i, pc>S~rÍór:.M} pb.no 
dcdcsem·olvimento no l<'rri1ório. 
f------ Questões para reflextio 
1 Di)))o;'rte.iúbrt :is w,,..,.i;<,"nSe :bdl'S\•.u1tal!tn:S<l.:atxUtCncU 
de dois 6rg.i~dis1in1os (Com~.k> e Corte) no .imbiiodo 
SIDH. &ubdcça, p,u.i uni(), i..n compar;uivocm rebçki 
:..:iSEDH, ~asUJ. rtt:Strutu r:açlorom 1entW.1em vigot 
dó Jlr(l((l((II(, n . 11, nureado pcb pré!;t',nç:;i de ;ipcn:;l!o uma 
Cor1t>dC' funcion.:amemo ptrm.:anC'nte,q.r podi: $t'r ~.t. 
inclusive. por inJMduos. 
De que form:i. os Cij<)S par«M..li:gm:i.1kos julg;M:tos pela. Corte 
IDH,inscridosnos temas prcvi:imentc apresenudos, podi:m 
in1pacur a re:Jic:bde l'nsikir.i? H:í ,iricub.çlo, por p.:artedo 
út;ido br:asikin), cm rel;IÇÍ() ao m&í10 de ClSóS cmol,·cnd,;i 
aconden:iç5,o de outrul Esbdos <.b regik>? 
f------- Pam saber mais 
Os k imres iniere.w,dos em :aprofund:u tcuç escudos sobreos 1cm:ü 
1r.:awdos netcophulo p(idcm cQn~ulur os seguintes C()lllcúdl.>!o: '71 
I.F.DE.::.MA, l i. F. ElSi.n ana lnicranwrà:anodtPooic«ióondt k.6 Dtrtehou 
ll•manos: .:aspcao, i,urirucion.:,ks y fYo«Ja l~ . }. C'd. S;,n José: l1U1i1U!Q 
lm~~mnicxiod, IX«-dw» l lum.:ano,, 1004. Diironi\dtm: <hnps:.f/ 
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cm:10,01. 1013 
rASQl.lAU.lCCI. J. M.. 1hr Pnc1icund Proc..!.11ttofln1u-Amnictn 
Co,,n ofll111wu1 Rigtu . 1. No únbridgt: Canilridgt Univ«$ÍIY Pr~. 
,----- A crssoà informapio na Amtrica la una 
OSis1ema. l mer.1Jnénta.nodt Direitos Hununos (SIDH) tem oor-
ml.c,r.uL pa. l"ól. :t prumc:>çS:o do E.su,Ju Dtm,:><."dtioo de Dirtitu 
n;a n:.-gilo oorn Jcc::isócs cmbkndticis ac.::n.;a d:t 11C<.-C'-Sidxk dé 
mud:tnÇ:t nus pauJigrn:tl, loais <julnw à po~ul"ól. Jo EJUOO -
,:k agtntt viobc.itx :t agtntc promotor e resp,:it.adr:or Jus Jin:i• 
U.>S hunuu,;,s. Nesse iníluXI,>, singr,1 a jurisprudência d:t Ç(XlC 
1 ntcramenta.n;a - Jtsdt s<.1.1 primeiro pn....::e,.knte é /,su/;ng aur, em 
19ll9, 14/dsqurz Rodrig,w vs. Hondunn (Cone IDH, 198Sb) -. que 
vcr..a .iúlx-c dc.'SJ.1,Ul'\.~im,;.111l)S Íór~Ú!o - én.:i::md<.>a limi1açic:,d.:a 
vi~ncia institucion.:ali:t.ada. N.:a rnesrn:,. 1oaJ :1,. a jurispru<l.:11<.Íl 
qué pugn:t pela irl\·:tli<br;io J;u leis de .:aulú.Lnisti.:a (IJ4rriús Altas l'l. 
Pn,,, COJ1e !OH, 1,:xnb)- n.-ferenc.ixhs pcb Corte como ilíc.i1os 
in1ernxion;r.is -e pelo rompimento o;,m pritic;i.s :;r.Ulorit.iri:,.s é 
J iuiori.ais (Trib1m11I Comtinuitm11l 11s. Prru, Corte IDH, zoo1<0 
cc:wrubor.:a <:Om a ,,:,:,moliJaçio do.s En.1&:,s de Direiw n.:a regúo é 
com :t .1mpli:M;,iodox~ popular .li plrtic:ip"'rioé.li inf(Xma.;:.ío. 
ÉIIC!o)CC()r:•c,c10, egui:,.da. pcloSIDH, que a Amc.'riado, Su\1em 
aprimor.1Jo a) legisbi,:N soLrexcsso .li inÍOt"m"'rio. 
O USt.> br;osileiru (: c,c<.mplo disSt.>, p que ;i. Lei de A~St.> .li 
lnformai;;io foi, sobretudo, fomenuda. pelo julg,micntu do C11stJ 
C,omrs Lund r outrOJ vs. Br11Jil (Glit'rrill,a tÍ4 Ar11gu.:iill), <.·m l -4 de 
n(M!mbro de zao. no qwl di,-erw OOfl.Sé(tUCn<.U.s 3th·ieum 30 
d irt:iw 1,,...._~lciro: a crilçfo d,1 Ç,.,.niss.\o Nxion :i.l da Verd:idé 
(Ç,:,nc IDH, 1aol~; :t rrt'lrm .:a l~isl::.iti-.-.:a cm rcl.:açjo .li L..i dr:" Ac.'.6)1) 
.li Infornuçio - a l ei n. ll.SZ?, de 18 de m:1\-embro Jc za1 (Br6Sil, 
1a1), <:m,:-q;iu tom o fit0 de n.-gular o a«sso .li.s informações pre-
vi5iocons1i1ucionalrnenr. A U'i deAcC$$0.li lnf(Xnur;iosieaplicaa 
t(>(h C!,tru1u r.1 d.:a AdmirlÍstu~j,;, Pública br-.:a)ileir:i., «m..:. c>.p<,cm 
os indSOi' 1 e li do ::.irt. l"CO an . r>do rcferidü d iplom.1. Além da 
.:aJminbtr:i.çio dil'\.-t..1, cm toda arma.;:.ío fodtutiv.:a, tmto :t ...Jrni-
nislr-'Çlo indirc:t3 oomo :t.S cr•i<hJu pri,-:ida.s setn fins luc.n1i,·o:, 
13 
O processo histórico de formação da concepção 
contemporânea de direitos humanos 
Os direitos humanos não apresentam um início situado na histó-
ria. Eles acompanham a própria evolução social e são, na mesma 
medida em que ela, dinâmicos. Assim sendo, a presente obra tra-
balhará com uma dimensão dinâmica de direitos, cuja evolução 
histórica acompanha aquela da própria humanidade, focando na 
evolução histórica do enquadramento jurídico desses direitos. 
Nesse cenário, o tratamento jurídico conferido aos direi-
tos humanos - em sua dimensão internacionalizada, como são 
compreendidos - é extremamente recente. Foi com a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que se inaugurou, de 
modo pioneiro, um discurso unívoco internacional sobre a proteção 
dos direitos humanos - e que vem sendo chamado de concepção 
contemporânea de direitos humanos. A partir de então se desenvol-
veu, no plano internacional, com reflexos nos planos constitucionais, 
uma nova etapa na compreensão dos direitos e na proteção das 
pessoas. É esse novo cenário que a presente obra pretende delinear, 
sem a pretensão de exauri-lo. 
16 
Essa concepção contemporânea de direitos humanos tem como 
marca, de um lado, a humanização dos constitucionalismos inter-
nos (com reforço da tutela dos direitos e das cláusulas abertas 
de proteção à dignidade1) e, de outro, a internacionalização da 
proteção da pessoa humana. Ambos são fenômenos recentes que 
remetem ao pós-Segunda Guerra Mundial. 
Comprovando a inexorável historicidade dos direitos (Lafer, 
1998), é da negação que surge a necessidade de proteção dos direi-
tos humanos (Arendt, 1989). É nesse sentido que Piovesan (2012a, 
p. 190) assevera: "Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os 
direitos humanos, o pós-guerra deveria significar a sua reconstru-
ção". Como delineamos antes, o período do pós-guerra produziu 
consequências não apenas na ordem internacional dos direitos 
humanos, mas também ao expandir o bloco de constitucionali-
dade e fundar-se no valor basal da dignidade da pessoa humana, 
bem como impactou o direito constitucional dos países por ele 
influenciados. 
Assim, houve o descortinar da "era dos direitos", cuja marca repousa 
na centralidade da dignidade humana como fundamento normativo e 
de efetivação desses direitos no plano interno e internacional (Bobbio, 
2004). Um dos principais reflexos desses movimentos é a renovada visão 
acerca da soberania estatal, uma vez que os direitos humanos passam 
a ser questão de interesse internacional, não mais se circunscrevendo 
1 A Constituição Espanhola que, para além de demonstrar essa abertura principiológica, realça o direito 
internacional dos direitos humanos: "Artículo 10. 1. La dignidad de la persona, los derechos inviolables 
que le son inherentes, cl libre desarrollo de la personalidad, cl respeto a la ley y a los derechos de los 
demás son funda mento dei orden político y de la paz social. 2. Las normas relativas a los derechos 
fundamentalesy a las libertades que la Constitución reconoce se interpretarán de conformidad con 
la Occlaración Universal de Oerechos Humanos y los tratados y acuerdos intcrnacionalcs sobre las 
mismas materias ratificados por Esparia" (Esparia, 1978). Já a Lei Fundamental Alemã de 1949, em 
seu arr. 1°, ao tratar da dignidade da pessoa humana e dos direitos humanos, assegura: "(1) A digni~ 
dade da pessoa humana é intangível. Respeitá-la e protegê-la é obrigação de todo o poder público. 
(2) O povo alemão reconhece, por isto, os direitos invioláveis e inalienáveis da pessoa humana como 
fundamento de toda comunidade humana, da paz e da justiça no mundo. (3) Os direitos funda-
mentais, discriminados a seguir, consciruem direitos dircramcnrc aplicáveis e v inc ulam os poderes 
legislativo, executivo e judiciário" (Oeutscher Bundestag, 2011, p . 18) . 
ao domínio particular do Estado. Com isso, as noções de direitos 
humanos e de direitos fundamentais se aproximam. 
Nomenclatura 
Em outros momentos, já pudemos distinguir a divisão da nomencla-
tura no que se refere aos direitos humanos. 
Tradicionalmente, direitos humanos é a terminologia predileta da 
arena internacional; direitos fundamentais , do âmbito constitucio-
nal; e direitos da personalidade, da seara privada do direito civil. Essa 
abordagem estanque não combina, todavia, com os influxos multini-
velados que influenciam o fenômeno jurídico contemporâneo (Fachin; 
Gonçalves, 2016). 
"Resta claro, portanto, que se está a tratar de categorias inequi-
vocamente próximas - afastadas por um tratamento legislativo codifi-
cado ainda inspirada em valores de antanho - sendo que seus sentidos 
podem - e devem - se somar em busca da efetiva proteção da pessoa 
humana no caso concreto" (Fachin; Gonçalves, 2016, p. 91). 
Justamente por essa razão, reconhecendo e afirmando as particula-
ridades ainda existentes, é necessário o tratamento associado das cate-
gorias dos direitos humanos e dos direitos fundamentais. Prosseguir 
tratando os temas de modo dissociado, permitindo que cada qual seja 
submetido a uma lógica monista insular - apenas de direito interna-
cional, de direito interno, de direito privado, por exemplo -, não dá 
conta da realidade complexa da vida das vítimas que se quer proteger. 
Não ignorando importantes precedentes, a criação da Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU), em 1945, e a adoção da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, em 1948, foram o pontapé desse 
novo paradigma (Buergenthal et al., 1988). Essa primeira etapa tem 
como esteio a centralidade do princípio da dignidade humana e 
como bandeiras a universalidade e a integralidade desses direitos. 
A partir desse marco, inaugurou-se uma "nova ordem pública" 
(Bogdandy; Piovesan; Antoniazzi, 2012), com o reconhecimento 
17 
18 
de um conjunto de princípios no âmbito internacional, os quais 
condicionam as práticas singulares dos Estados, impactando toda 
a comunidade internacional (Trindade, 2002). A articulação dessa 
nova ordem e sua relação com as esferas domésticas se equilibra 
sobre dois princípios fundamentais: primazia da norma mais bené-
fica (princípio pro personae) e subsidiariedade. 
De um lado, a coexistência de diversas ordens paralelas e har-
mônicas entre si gravita em torno do princípio pro persona que 
pauta a centralidade do princípio da pessoa humana, pelo viés do 
victim centered approach (em tradução livre, "abordagem centrada 
na vítima"). Tal abordagem prima por colocar os sujeitos no cerne 
da arquitetura protetiva que se baseia na incidência da norma mais 
benéfica (Teitel, 20n). De outro, as obrigações impostas erigem-se 
essencialmente em face dos Estados. Mesmo que o sistema de 
proteção tenha se fortificado após 1948, a implementação desses 
direitos é ainda tarefa primaz do Estado, sendo a proteção inter-
nacional subsidiária. Emerge, assim, o princípio da subsidiariedade 
como pedra angular do direito internacional dos direitos humanos 
(Ramos, 2005). 
Sobre a força inicial da Declaração Universal, somam-se centenas 
de tratados sobre a matéria dos direitos humanos - não apenas no 
âmbito global das Nações Unidas, mas também na esfera das juris-
dições regionais. Sob a influência e o estímulo das Nações Unidas, 
para além das estruturas globais de proteção, em alguns âmbitos 
regionais nascem sistemas também voltados à proteção dos direitos 
humanos. É assim que os sistemas europeu, americano e africano 
se colocam no horizonte, com uma vocação distinta daquela do 
sistema global, como será explicado nesta obra. 
Nessas regiões, os sistemas já se encontram estruturados, apresen-
tando, inclusive, o grande diferencial de jurisdições operantes. Há 
experiências incipientes - ainda não formalizadas - da configuração 
de um sistema asiático2 e de um sistema árabe3 de proteção dos 
direitos humanos, razão pela qual não serão aqui colacionados. 
Não há, ainda, no continente asiático um sistema formalizado de 
proteção dos direitos humanos. A grande maioria dos países do 
hemisfério oriental trabalha dentro do paradigma protetivo global, 
sem, todavia, aderir a uma iniciativa regional que seja compreen-
siva de toda sua pluralidade e diversidade. Esse tem sido um dos 
desafios contemporâneos dos direitos humanos: harmonizar-se com 
os valores orientais, para que seja possível, em um futuro próximo, 
na região mais populosa do globo, o florescimento de um sistema 
regional para fortalecimento de sua proteção. 
Mister enfatizar que o sistema global e os sistemas regionais 
não são concorrentes; ao contrário, somam-se no intuito de ali-
viar o sofrimento das vítimas, dando-lhes uma rede de proteção 
mais completa. Os aparatos protetivos dialogam entre si e com os 
mecanismos constitucionais locais, firmando laços de cooperação 
para a promoção e a proteção dos direitos humanos. 
O presente guia traduz-se no convite ao passeio pelas princi-
pais estações contemporâneas de proteção dos direitos humanos. 
Primeiramente, veremos o sistema global, perpassando pelos sis-
temas regionais consolidados - em ordem cronológica: europeu, 
interamericano e africano - até aportar no sistema constitucional 
pátrio. O objetivo é entrever como se articula a proteção dos direitos 
humanos, em linhas gerais, nesses múltiplos níveis. 19 
2 A Ásia, até mesmo pela sua exten são geográfica, é marcada por contrastes populacionais, religiosos, 
culturais, políticos, entre vários outros. Não foge à regra a perspectiva dos direitos humanos, que 
apresenta diversificadas experiências na região, sem haver, justamente por conta dessa diversidade, 
um sistema internacional. Em que pese essa ausência, cumpre registrar a organização supranacional 
Associação de Nações do Sudeste Asiático (Ascan). Foi c ri ada cm 1967 cm Bangkok, na Tailândia, e 
conta, cm 2012, com dez Estados-Membros, quais sejam: Brunci, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, 
Mianmar, Filipinas, Singapura, T ailândia e Vietn ã. A Asean atua indiretamente em relação aos 
direitos humanos na região. 
3 A Carta Árabe dos Direitos Humanos foi adorada cm 22 de maio de 2004 no conrcxro da Liga dos 
Estados Árabes. Entrou em vigor cm 2008 com sua sétima ratificação, mas não é reconhecida pela 
comunidade internacional, pelo seu parâmetro de proteção ficar aquém do piso mínimo estabelecido 
pela Declaração de 1948. 
20 
Não há pretensão de esgotamento do tema, o que, por si só, seria 
impossível. O objetivo da presente publicação é explorar, de modo 
crítico, as principais características e estruturas disponíveis em rela-
ção aos direitos humanos, com o objetivo de fornecer aos alunos 
um instrumental teórico para a defesa desses direitos. 
Sistema universal 
de proteção dos 
direitos humanos 
Ana Paula Luciani de Carvalho 
Fernanda Sostisso Rubert 
Victor Tozetto da Veiga 
Conteúdos do capítulo: 
• Histórico da criação e da consolidação do sistema universal 
de proteção dos direitos humanos. 
• Principais mecanismos e órgãos componentesdo sistema 
universal de proteção dos direitos humanos. 
• Casos emblemáticos do sistema universal de proteção dos 
direitos humanos. 
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: 
I. dominar a compreensão panorâmica do sistema universal 
de proteção dos direitos humanos; 
2. compreender seus principais instrumentos, casos e discussões 
contemporâneas. 
Este capítulo tem por objeto o sistema universal de proteção dos 
direitos humanos, isto é, o conjunto de instrumentos legais, órgãos, 
competências e procedimentos que, por ser institucionalmente 
vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU) - e, portanto, 
não ser restrito a uma região geográfica do planeta -, tem aplica-
bilidade global. 
Veremos, em breves termos, o histórico de surgimento do sis-
tema universal. Em seguida, apresentaremos sucintamente a clas-
sificação - extraconvencionais (ou não convencionais) e convencio-
nais - dos órgãos que o compõem. 
Trataremos também do Conselho de Direitos Humanos expli-
cando a Revisão Periódica Universal, os procedimentos especiais 
e o procedimento de queixas. Os comitês temáticos vinculados a 
convenções específicas também serão abordados: em um primeiro 
momento, analisaremos suas competências genericamente, para, 
então, tratar de cada um dos comitês de modo específico. 
1.1 Histórico da proteção universal de direitos 
humanos 
A Carta de São Francisco\ ou Carta das Nações Unidas, datada de 
26 de junho de 1945, foi responsável pela inserção da ONU no cená-
rio internacional. Além disso, definiu como objetivos principais 
da instituição a manutenção da paz e da segurança internacionais, 
o desenvolvimento de relações amistosas entre Estados, a coopera-
ção internacional, o padrão internacional de saúde, a proteção do 
meio ambiente, a criação de uma nova ordem econômica interna-
cional e a proteção internacional dos direitos humanos (ONU, 1945). 
1 Os principais documentos internacionais mencionados nos capírulos desta obra (declarações, con-
venções, protocolos, resoluções, relatórios etc.) estão referenciados de maneira concisa. As referências 
completas, com links para acesso, quando existentes, encontram-se ao final desta obra, na seção 
"Referências". 
Inaugurou-se, assim, um novo paradigma da proteção dos 
direitos humanos, a ser efetivado por meio das organizações e das 
agências especializadas da ONU e caracterizado pela revisão da 
ideia tradicional de soberania pelos Estados (Fachin, 2015, p. 22-23), 
submetendo-os a um ordenamento jurídico de caráter supraestatal 
e mundial (Ferrajoli, 2002, p. 41). 
Para a concretização dos propósitos centrais da ONU, decidiu-se pela 
criação de um conjunto de órgãos, cada qual com suas respectivas com-
petências. Os chamados órgãos principais da ONU são: a Assembleia 
Geral, o Conselho de Segurança, a Corte Internacional de Justiça, 
o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela2 e o Secretariado. 
Nesse novo ordenamento, os Estados deixaram de ser os únicos sujei-
tos de direito internacional, dando espaço também para organizações, 
povos e indivíduos pleitearem seus direitos perante a sociedade inter-
nacional (Ferrajoli, 2002, p. 41). A agenda internacional passou a con-
jugar emergentes preocupações relativas à promoção e à proteção dos 
direitos humanos, de modo que apenas com a fundação das Nações 
Unidas tornou-se possível afirmar a existência de uma preocupação 
consciente e organizada dos direitos humanos (Rezek, 2002, p. 210-
2n), baseada na cooperação econômica e social e na coexistência pací-
fica entre os Estados. 
2 Embora ainda exista formalmente, o Conselho de Tutela suspendeu suas operações em 1° de 
novembro de 1994, após a independência do Palau, último Estado sob o sistema de tutela da ONU. 
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU apro-
vou, por unanimidade), a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DU DH), consagrando um consenso sobre determinados valores a serem 
seguidos pelos Estados e afirmando uma ética universal. A DUDH é 
marcada por duas características principais: a amplitude e a universali-
dade. Mostra-se ampla ao compreender um conjunto de direitos e facul-
dades necessários para que um indivíduo possa desenvolver sua capaci-
dade física, moral e intelectual e é universal ao ser aplicável a todas as 
pessoas, sem restrições de nacionalidade, raça, religião ou sexo, inde-
pendentemente do regime político do território no qual incide. A afir-
mação da dignidade inerente a toda pessoa humana, titular de direi-
tos iguais e inalienáveis, está presente desde o preâmbulo da DU DH, 
quando se declara que "o reconhecimento da dignidade inerente a todos 
os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis 
constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo" 
(OHCHR, 1948). A concepção de dignidade humana como valor intrín-
seco a todo indivíduo foi incorporada por todos os tratados e todas as 
declarações que passaram a integrar o direito internacional dos direi-
tos humanos nas décadas seguintes (Piovesan, 2013, p. 205). 
O indivíduo, a partir desse momento, deixa de ser apenas cida-
dão de seu país e passa a ser visto como membro da sociedade 
humana, como cidadão do mundo. O único e exclusivo requisito 
para a titularidade de direitos é, assim, a condição de pessoa e, em 
contraposição aos modelos totalitários que os negavam de forma 
absoluta a certas coletividades, o fundamento da noção contem-
porânea de direitos humanos é o princípio da dignidade da pessoa 
humana (Fachin, 2015, p. 31). 
3 Por meio da Resolução n. 217 A (III) da Assembleia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948, 
foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, por 48 votos a zero e oito abstenções. 
Os oito Estados que se abstiveram foram: Bielorrússia, Checoslováquia, Polônia, Arábia Saudita, 
Ucrânia, URSS, África do Sul e Iugoslávia. Os Estados comunistas da Europa aderiram expressamente 
à Declaração apenas no ano de 1975, no Ato Final da Conferência sobre Segurança e Cooperação 
na Europa. 
A DUDH introduziu, ainda, o princípio da indivisibilidade dos 
direitos humanos ao conjugar o catálogo dos direitos civis e polí-
ticos com o dos direitos econômicos, sociais e 
culturais, colocando-os em igualdade de impor-
tância e afirmando a inter-relação e a interde-
pendência de tais direitos (Sohn; Buergenthal, 
1973, p. 516). Assim, combinou o discurso liberal 
com o discurso social da cidadania4 e acolheu 
as ideias de expansão, cumulação e fortaleci-
mento dos direitos humanos, considerando sua 
complementaridade e afastando a visão da 
sucessão "geracional" (Piovesan, 2013, p. 207). 
A DUDH se destaca, portanto, como um marco 
A Declaração Universal 
dos Direitos Humanos 
se destaca como um 
marco no processo de 
internacionalização e 
promoção dos direitos 
humanos nos campos 
internacional e interno, 
bem como serve de ho-
rizonte para o aprimo-
ramento contínuo dos 
no processo de internacionalização e promoção 
sistemas de proteção a 
dos direitos humanos nos campos internacional 
esses direitos. 
e interno, bem como serve de horizonte para o 
aprimoramento contínuo dos sistemas de proteção a esses direitos. 
Ao estabelecer, no âmbito interno, limites e fundamentos à atuação 
estatal, tornou-se possível a contestação de atos dos Estados quando 
violadas as disposições do sistema global de proteção aos direitos 
humanos (Fachin, 2015, p. 37). 
4 Cabe salientar que a conci liação entre os discursos se deu por u m viés formal e normativo, não 
tendo sido estabelecida, ncccssariamentc, uma coexistência pacífica entre a ótica liberal e a socialista. 
27 
(Quadro 2. 1 - concl1mío) 
Ano que 
Protocolo n. entrou Status Conteúdo Observações 
em vigor 
15 Aguardando Procedi menta 1 Conta, atualmente, 
para entrar e/ou est rutural com 37 ratificações 
em vigor e, para ent rar em 
vigor, precisa da 
assinatura e da 
ratificação de todos 
os Estados-membrosda Convenção 
16 Aguardando Procedi menta 1 Conta, atualmente, 
para entrar e/ou estrutural com 8 ratificações 
em vigor e ent rará em v igor 
com a décima 
ratificação 
Fonte: Elaborado com base em Council of Europe, 2018b. 
Também com vistas à operacionalidade mais satisfatória da 
Corte EDH , em 24 de junho de 2013 sobreveio o Protocolo n. 1542, 
o qual, além de fazer referência expressa ao princípio da subsidia-
riedade e à doutrina da margem de apreciação no próprio preâm-
bulo da Convenção, também reduzirá de seis para quatro meses o 
prazo para submissão de casos à Corte, assim que entrar em vigor. 
42 Segundo o Conselho da Europa, o Protocolo n. 15 entrará em vigor tão logo quanto seja assi nado 
e ratificado pelos Estados-membros. 
2.3 Demais documentos adotados pelo Conselho 
da Europa 
Além da Convenção EDH, o Conselho da Europa adota uma série 
de documentos que ampliam a proteção dos direitos humanos. 
De modo não exaustivo, podem ser mencionados a Convenção 
Europeia Sobre Extradição43, a Convenção Europeia sobre Assis-
tência Mútua em Assuntos Criminais44, a Convenção Europeia 
para a Prevenção da Tortura e de Tratamentos ou Punições Desu-
manas ou Degradantes4 5, a Convenção para a Proteção de Mino-
rias Nacionais46 e a Carta Social Europeia47 (Council of Europe, 
20186). Conforme mencionado, no plano da Convenção EDH são 
expressamente protegidos apenas direitos civis e políticos, sendo 
que direitos sociais, econômicos e culturais encontram proteção no 
seio da Carta Social Europeia. Tal dicotomia entre a proteção des-
ses direitos revela a ambivalência do SEDH, já que, enquanto a 
Convenção conta atualmente com 47 ratificações, a Carta Social 
Europeia tem apenas 34, sendo que apenas a França aceitou inte-
gralmente as suas provisões4 8• 
Elaborada em 1961, a Carta Social Europeia passou a vigorar em 
26 de fevereiro de 1965, depois de sua quinta ratificação49• Em 1988, 
43 Convenção Europeia sobre Extradição, aprovada em 13 de dezembro de 1957 pelo Conselho da 99 
Europa. 
44 Convenção Europeia sobre Assistência Mútua cm Assuntos Criminais, aprovada cm 20 de abril 
de 1959 pelo Conselho da Europa. 
45 Convenção Eu ropeia sobre para a Prevenção da Tortura e de Tratamentos ou Punições Desumanas 
ou Degradantes, aprovada cm 26 de novembro de 1987 pelo Conselho da Europa. 
46 Convenção Modelo para Proteção de Minorias Nacionais, aprovada em 1° de janeiro de 1995 pelo 
Conselho da Europa. 
47 Carta Social Europeia (Revisada), aprovada em 3 de março de 1995 pelo Conselho da Europa. 
48 A Carta Social Europeia estabelece um modelo complexo de assinaturas e permite que os Estados a 
ratifiquem mediante a adesão a um número mínimo de artigos, conforme explicado a seguir. Por isso, 
com exceção da França, todos os demais 33 signatários fizeram algum tipo de ressalva (mediante reserva 
ou declarações) quanto à aplicação da Carta Social Europeia, não aderindo à sua ratificação integral. 
49 Carta Social Europeia (Original), aprovada cm 18 de outubro de 1961 pelo Conselho da Europa. 
100 
recebeu um Protocolo Adicional que incorporou ao documento 
principal garantias relativas aos direitos trabalhistas, igualdade 
de gênero e direitos dos idosos50• Em 1996, a Carta foi revisada 
com o propósito de unir em um só documento as disposições de 
sua primeira versão e de seu Protocolo Adicional de 1988, além 
de acrescentar outros direitos e outras garantias. Assim, o atual 
documento (a Carta Social Europeia Revisada) entrou em vigor 
em 1° de julho de 1999, com a terceira ratificação, e seu texto se 
divide entre preâmbulo e partes I a VI. Convém registrar que a 
Carta Social Europeia conta com outros dois protocolos adicionais, 
de 199151 e 199852, sendo que ambos tratam de procedimentos que 
visam conferir maior efetividade ao sistema de monitoramento e 
implementação dos direitos protegidos pelo tratado. 
Diferentemente daqueles previstos pela Convenção EDH, os 
direitos protegidos pela Carta Social não podem ser levados à 
Corte EDH. Isso ocorre porque os seus mecanismos de proteção 
funcionam, principalmente, pela apresentação de relatórios esta-
tais aos órgãos responsáveis53, cujas funções e competências são 
especificadas pelos protocolos adicionais de 1991 e 1998. Além do 
mecanismo de relatórios, há um segundo mecanismo possível, o sis-
tema de denúncias coletivas (introduzido ao sistema pelo Protocolo 
Adicional de 1998). Também distintamente do que ocorre no sis-
tema implementado pela Convenção EDH, não é possível levar 
aos órgãos de monitoramento reclamações individuais com base 
na Carta Social Europeia, sendo que apenas algumas organizações 
da sociedade civil têm legitimidade para tanto. Daí decorrem duas 
50 Protocolo Adicional à Carta Social Europeia, aprovado em 5 de maio de 1988 pelo Conselho da 
Europa. 
51 Protocolo emendando à Carta Social Europeia, aprovado em 21 de outubro de 1991 pelo Conselho 
da Europa. 
52 Protocolo Adicional à C arta Social Europeia provendo Sistema para Reclamações Coletivas. 
Aprovado em 9 de novemb ro de 2011 pelo Conselho da Europa. 
53 Estão envolvidos nos sistemas de monitoramento dos relatórios o Comitê Europeu de Direitos 
Sociais e o Comitê de Ministros, por meio de seu Comitê Governamental da Carta Social Europeia. 
principais consequências no que tange às regras procedimentais: 
(i) aqueles que levam a denúncia aos órgãos competentes não são 
necessariamente as vítimas da violação; e (ii) exclui-se do sistema 
o requisito do esgotamento dos recursos internos. 
Alguns outros detalhes são também peculiares ao modelo de 
ratificação da Carta Social Europeia. Conforme consta exposto em 
sua terceira parte, art. A.154, ao tornar-se parte do tratado, o Estado 
necessariamente deve considerar as provisões da Parte I como obje-
tivos a serem seguidos e implementados por todos os meios úteis ou 
apropriados. Já em relação à Parte II, que é composta por 31 arti-
gos, nem todas as provisões são de vinculação obrigatória. Assim, 
o Estado-membro tem a liberdade de escolha para se vincular, no 
mínimo, a seis dos artigos que preveem o direito ao trabalho, o direito 
sindical, o direito à negociação coletiva, o direito à proteção de crian-
ças e adolescentes, o direito à seguridade social e à assistência social 
e médica, o direito à proteção social, jurídica e econômica da famí-
lia, o direito à proteção e assistência de trabalhadores migrantes e 
suas famílias e, por fim, o direito à igualdade de oportunidade e de 
tratamento em matéria de emprego, sem discriminação baseada em 
gênero (arts. 1, 5, 6, 7, 12, 13, 16, 19 e 20, respectivamente)55. 
54 Parte III, arr. A, da Carta Social Europeia: "Compromissos. 1 - Sob reserva do disposto no 
artigo B infra, cada um adas Partes compromete-se: a) A considerar a Parte Ida presente Carta como 
uma declaração que fixa os objetivos cuja realização assegurará por rodos os meios Úteis, conforme 
as disposições do parágrafo introdutório da referida parte; b) A considerar-se vinculada a, pelo 
menos, seis dos nove artigos seguintes da Parte 11 da Carta: artigos 1°, 5°, 6°, 7°, 12°, 13°, 16°, 19° e 
20°; e) A considerar-se vinculada a um número suplementar de artigos ou parágrafos numerados da 
Parte II da Carta, que escolherá de maneira que o número torai dos artigos e parágrafos numerados 
que a vinculam não seja inferior a 16 artigos ou a 63 parágrafos numerados" (Council of Europe, 
1996, eirado por Portugal, 2002, p. 15). 
55 Quanto a essa escolha, não é preciso que o Estado se vincule a seis desses artigos de maneira inte-
gral. Ou seja, é possível que não se vincule a algum de seus parágrafos. O que conta é que, cm algum 
grau, esses artigos sejam vinculantes e o número mínimo de artigos ou parágrafos sejam respeitados. 
101 
102 
O total de dispositivos vinculantes ao Estado deve ser de: 
16 artigos 
Desde que, entre esses dispositivos, estejam incluídos 
ou 
63 parágrafos 
seis dos seguintes artigos: 1, 5, 6, 7, 12,13, 16, 19 e 20 
Ao todo, o Estado não pode estar vinculado a um número total 
inferior a 16 artigos ou a 63 parágrafos numerados. A adesão pos-
terior a qualquer outro artigo antes não selecionado pelo Estado 
pode ser feita a qualquer momento. 
2.4 Órgãos de proteção e mecanismos do 
Sistema Europeu de Direitos Humanos 
Na mudança de paradigma inaugurada pelo SEDH, foi essencial 
a criação de órgãos responsáveis pela supervisão e pela aplicação 
dos direitos humanos previstos, para interpretação e aplicação da 
Convenção, observando-se o cumprimento pelos Estados das obri-
gações assumidas. As mais de seis décadas que compõem o SEDH 
apontam para várias etapas até a consolidação dos moldes que 
existem hoje. 
Inicialmente, a Convenção estruturava os órgãos de proteção 
em uma tríade, formada pela Comissão, pela Corte EDH e pelo 
Comitê de Ministros do Conselho da Europa. Como dito, com o 
Protocolo n. n foi alterado o desenho original em 1998, com a extin-
ção da Comissão, passando a Corte Europeia a ser um órgão per-
manente desde então, ampliando o escopo de atuação do Comitê 
de Ministros. 
2.4.I A Corte Europeia de Direitos Humanos 
A Corte EDH é o órgão de caráter jurisdicional responsável pela 
interpretação e pela aplicação dos direitos previstos na Convenção 
EDH e de seus protocolos. Ela possui as funções contenciosa e con-
sultiva, sendo que esta última é limitada. Apesar de a Convenção ter 
sido adorada em 1950, a Corte foi estabelecida em 1959, tornando-se 
um órgão permanente em 1998. Com sede em Estrasburgo, a sua 
primeira sentença foi dada no ano de 1960, no Caso Lawless vs. 
Irlanda (Council of Europe, 1960). 
Como um órgão jurisdicional, a Corte EDH apresenta caracte-
rísticas de independência e imparcialidade de seus membros, além 
da previsão do exercício do contraditório no procedimento e a força 
vinculativa das decisões aos Estados membros56. Relativamente 
à sua composição, conforme dispõe o art. 2057, o número de 
juízes será equivalente ao número de membros do Conselho da 
Europa. Atualmente, 47 juízes compõem a Corte EDH. Os juízes 
são escolhidos de uma lista com três indicações apresentadas por 
cada Estado e só poderão ser demitidos por decisão de maioria de 
dois terços dos membros do Tribunal. O mandato durará por um 
período não renovável de nove anos, que será encerrado quando o 
juiz completar 70 anos. Nesse caso, o juiz deverá permanecer ativo 
56 O arr. 21 da Convenção EDH diz: "Condições para o exercício de funções. [ ... ] 3. Durante o res-
pectivo mandato, os juízes não poderão exercer qualquer atividade incompatível com as exigências 
de independência, imparcialidade ou disponibilidade exigidas por uma atividade exercida a tempo 
inteiro. Qualquer questão relativa à aplicação do disposto no presente número é decidida pelo 
Tribunal" (Council ofEurope, 2013, p. 16). 
O arr. 38 da Convenção EDH diz: "Apreciação contraditória do assunto. O Tribunal procederá a 
uma apreciação contraditória do assunto cm conjunto com os rcprescncanrcs das Partes e, se for caso 
disso, realizará um inquérito para cuja eficaz condução as Altas Partes C ontratantes interessadas 
fornecerão todas as facilidades necessárias" (Council ofEuropc, 2013, p. 25). 
O art. 46 da Convenção EDH diz: "Força vinculativa e execução das sentenças. 1. As Altas Partes 
Conrraranrcs obrigampsc a respeitar as sentenças definitivas do Tribunal nos licígios cm que forem 
partes" (Council of Europe, 2013, p. 28). 
57 O art. 20 da Convenção EDH diz: "Número de juízes. O Tribunal compõe-se de um número de 
juízes igual ao número de Altas Partes Contratantes" (Council ofEurope, 2013, p. 16). 
103 
104 
até que o seu sucessor assuma, atuando nos casos em que esteja 
envolvido, conforme dispõe o art. 23 da C onvenção58. 
2-4-I.I O procedimento perante a Corte Europeia de Direitos 
Humanos 
O procedimento da Corte EDH é regido pela C onvenção, em 
menor parte, mas principalmente seu Regulamento (Rules of Court). 
Este é composto por III artigos e é de autoria da própria C orte, 
conforme previsto no art. 25, d, da C onvenção59• A legitimidade 
ativa se refere a indivíduos, a grupos de indivíduos, a ONGs ou 
mesmo Estado que alegue ter sido vítima de violação, caso no qual 
um Estado apresentará queixa em face de outro. Além disso, a juris-
prudência da Corte EDH reconheceu a possibilidade de pessoas 
jurídicas no polo ativo das demandas, como no Caso Autronic AG 
vs. Suíça (Council of Europe, 1990). É um elemento marcante do 
SEDH a possibilidade de que indivíduos acionem diretamente o 
sistema de proteção por meio da Corte, sendo que qualquer pes-
soa, grupo ou ONG poderá acessar o organismo responsável pela 
supervisão no caso de queixas individuais. 
Em relação aos indivíduos, destacam-se os principais pontos: 
(i) a plena capacidade processual na condição de peticionário ante 
o tribunal, conferido pelo Protocolo n. n; (ii) a desnecessidade de 
que o indivíduo seja nacional de um dos Estados-membros do Con-
selho da Europa; e, por fim, (iii) o indivíduo deve ter sido vítima 
de atuação violadora de direitos cometida por um desses Estados 
sob sua jurisdição. 
58 O are. 23 da Convenção EDH diz: "Duração do mandato e destituição. 1. Os juízes são eleitos por 
um período de nove anos. Não são reelegíveis. 2 . O mandato dos juízes cessará logo que estes atinjam 
a idade de 70 anos. 3. Os juízes permanecerão cm funções até serem substituídos. Depois da sua 
substituição continuarão a ocupar-se dos assuntos que já lhes tinham sido cometidos. 4. Nenhum juiz 
poderá ser afastado das suas funções, salvo se os restantes juízes decidirem, por maioria de dois terços, 
que o juiz cm causa deixou de corresponder aos requisitos exigidos" (Council ofEurope, 2013, p. 17). 
59 O are. 25 da Convenção EDH diz: "Assembleia plenária do T ribunal. O Tribunal, reunido cm 
assembleia plenária: [ . . . ] d) Adorará o regulamento do Tribunal" (Council ofEuropc, 2013, p. 18). 
Em relação ao terceiro ponto, destacamos a impossibilidade 
de ações coletivas perante a Corte EDH ou de apresentar petições 
em nome de terceiros, salvo por representante legal. Ou seja, para 
requisitar a Corte, é necessário que o peticionário seja direta e 
pessoalmente vítima dos atos alegados. 
A legitimidade passiva, por sua vez, é apenas dos Estados, 
sendo impossível processar atos particulares e instituições priva-
das. O indivíduo ou o Estado podem apresentar queixa contra um 
ou contra vários Estados signatários da Convenção que a tenham 
violado, por ação ou omissão realizada por uma autoridade pública 
do Estado, como um Tribunal, ou pela Administração Pública. 
Portanto, é possível apresentar uma queixa à Corte EDH inde-
pendentemente de ser cidadão de um dos Estados-membros, quando 
se considerar vítima direta de uma ou mais violações de direitos 
e garantias contidos na Convenção ou em Protocolos Adicionais, 
e que possam ser imputáveis a um dos Estados que tenham ratifi-
cado a Convenção. 
Não obstante as legitimidades ativa e passiva sejam restritas às 
vítimas e aos Estados, a Convenção prevê também a participação 
de uma terceira parte, por meio do A micus Curiae. Assim, a par-
ticipação poderá ser autorizada ou mesmo requerida, conforme o 
art. 36, parágrafo 2, da Convenção EDH60 e o art. 44 do Regimento 
Interno. Assim, terceiros interessados, sejam Estados ou pessoas 
que não integrem um dos polos da demanda, podem submeter 105 
comentários à Corte EDH. Destaca-se a participação de ONGs 
como A micus Curiae, que vem sendo cada vez mais ampliada. Sobre 
o assunto, o Caso Lautsi e outros vs. Itália (Council of Europe, 
20n) é ilustrativo. Nele, a Corte EDH unanimemente decidiu em 
primeira instância sobre os crucifixos tradicionalmente presentes 
60 O arr. 36 da Convenção EDH diz: "Intervenção de terceiros. [ .. . ]. 2 . No interesse da boa adminis-
tração da justiça, o presidente do Tribunal pode convidar qualquer Alta Parte Contratanteque não 
seja parte no processo ou qualquer outra pessoa interessada que não o autor da petição a apresentar 
observações escritas ou a participar nas audiências" (Council ofEurope, 2013, p. 24). 
106 
nas salas de aula em escolas italianas, afirmando que a presença 
de símbolos religiosos nesse ambiente restringia os direitos dos 
pais de educar seus filhos de acordo com suas convicções, bem 
como o direito das crianças de crer ou não na liberdade de religião. 
Em segunda instância, o julgamento final revogou a decisão anterior 
sob o fundamento de que não há evidências sobre a influência dos 
crucifixos perante os estudantes. Antes do julgamento final, o caso 
recebeu um número sem precedentes de intervenções de terceiros: 
dez Estados, dez ONGs e um grupo de membros do Parlamento 
Europeu requisitaram participação a fim de que fossem ouvidos 
sobre o tema e encaminharam seus pareceres61• Como resultado do 
acesso individual direto à Corte EDH, um dos desafios vivencia-
dos é a ascensão no número de peticionamentos, que acarretaram 
uma demora jurisdicional no processamento e na conclusão dos 
casos. Em 20n, aproximadamente cento e cinquenta mil queixas 
estavam pendentes (Council of Europe, 2012). 
A Corte EDH, que emitia decisões condenando Estados pelo 
descumprimento das garantias judiciais em virtude da demora 
injustificada no curso do processo, de forma contraditória acabou 
apresentando morosidade ao julgar seus processos. Em resposta, 
é cada vez mais frequente a utilização dos chamados p rocedimentos 
de julgamento piloto, desenvolvidos pela própria Corte. 
O s julgamentos piloto, previstos no art. 61 do Regimento da Corte, for-
mam um novo tipo de procedimento. Apoiando-se no entendimento de 
que por trás da apresentação de múltiplas petições similares no tocante 
ao mesmo problema há uma deficiência estrutural do Estado, a técnica 
visa apresentar uma resposta a todos os casos. 
Esses casos viriam de uma "mesma raiz", de forma que a Corte 
EDH seleciona um ou dois casos para tratamento prioritário, 
61 Destacamos, porém, que, sob diversos fu ndamentos, a Corre não confe riu o direito de interven-
ção a rodos eles. 
buscando responder a todas as demandas. A fim de alcançar uma 
solução que ultrapasse as particularidades de um caso individual e seja 
oposta a todo o grupo de casos, é emitida uma decisão que indica a 
adoção de medidas que evitarão a repetição da violação. Nesse tempo, 
é suspendido o trâmite dos demais casos e o julgamento emitido pela 
Corte será por meio de um "julgamento piloto". Dessa forma, os 
peticionários obtêm uma resposta mais rápida do que se seus casos 
fossem processados e analisados individualmente perante a Corte. 
Caso Piloto 
O primeiro caso em que houve julgamento piloto foi o Broniowski vs. 
Polônia (Council of Europe, 2004 ), de 22 de junho de 2004. O cenário 
do caso remonta às delimitações de fronteiras pós-Guerra e à migra-
ção de pessoas envolvidas nesses eventos. Por meio de um acordo do 
Estado, a Polônia havia se comprometido a compensar as pessoas repa-
triadas dos denominados territórios além do Rio Bug, que não mais 
fariam parte de seu território e foram forçadas a se mudar. O peticio-
nário teria o direito à compensação, correspondente ao valor da proprie-
dade abandonada por sua família quando sua avó foi repatriada. Como 
o número de pessoas nessa situação ultrapassava dez mil, a Corte deci-
diu, por meio do julgamento piloto, que houve violação ao direito de 
propriedade, advindo de um problema sistemático no mau funciona-
mento da legislação interna e falha em ordenar um mecanismo efetivo 
para o direito de crédito daquelas pessoas. A Corte EDH entendeu que 
o caso teve um desfecho bem-sucedido, já que houve um acordo entre 
o Estado e as partes, e uma nova legislação foi introduzida na Polônia. 
Além desse instrumento, em junho de 2009 a Corte EDH ado-
tou uma política de prioridade no processamento das petições, 
visando agilizar o procedimento de casos mais urgentes, estabe-
lecendo sete categorias. Essa política foi revista em maio de 2017, 
sendo atualmente as categorias que têm prioridade na tramitação 
(Council of Europe, 2017): 
107 
108 
(i) Queixas urgentes: em que há risco particular à vida ou à integridade 
física do peticionário; quando o peticionário estiver preso como 
consequência direta da violação da Convenção alegada; quando se 
trate de circunstâncias relacionadas à esfera pessoal ou familiar do 
peticionário, especialmente quando o bem-estar de uma criança é 
envolvido. 
(ii) Impacto na efetividade do Sistema Convencional ou Questões de 
Interesse Geral: são as primeiras queixas que possam ter efeitos na 
efetividade do sistema, seja uma situação estrutural que não tenha 
sido analisada pela Corte EDH até o momento, como os julga-
mentos piloto, sejam aquelas situações que se referem a questões 
capazes de trazer implicações à legislação doméstica do Estado ou 
ao SEDH. 
(iii) Artigos 2, 3, 4 ou 5, parágrafo 1°, da Convenção Europeia: as quei-
xas que se relacionem a esses artigos, definidos como "core rights". 
(iv) Queixas potencialmente bem fundamentadas nos artigos alegados. 
(v) Queixas que tragam questões já julgadas por meio de um caso 
paradigmático de ou julgamento piloto ("well established case-law 
cases") . 
(vi) Queixas identificadas como tendo problemas de admissibilidade. 
(vii) Queixas que sejam manifestamente inadmissíveis. 
Assim, expostas as características gerais da Corte Europeia 
de Direitos Humanos, será observado como funciona seu acesso, 
desde a fase do ingresso pelo peticionário até sua conclusão, com a 
execução pelo Comitê de Ministros. 
2-4-I.2 M ecanismos de acesso à Corte Europeia 
de Direitos Humanos 
Em relação aos mecanismos de acesso, é importante destacar que, 
para acessar a Corte, é preciso haver o esgotamento das vias internas. 
Isso ocorre em virtude do art. 3562, que prevê o caráter subsidiário 
do SEDH. Ou seja, a Corte EDH não é a quarta instância de poder 
para reanálise dos fatos e reexame do direito interno. Além disso, 
deve estar presente a fundamentação da queixa, e esta deve observar 
o prazo de seis meses, contados a partir da data da decisão interna 
definitiva, que será provavelmente a sentença da última instância. 
O processo é escrito e o indivíduo será informado de qualquer deci-
são da Corte igualmente de forma escrita. Não é necessário, na fase 
inicial, que o peticionário seja representado por advogado, sendo 
que somente precisará fazê-lo no momento em que houver notifi-
cação de sua queixa ao Estado reclamado, quando poderá solicitar 
assistência judiciária. Com o processamento do feito, em relação 
às custas, o peticionário só deverá suportar suas próprias despesas, 
como honorários de advogados, por exemplo. É também possí-
vel ao peticionário, após ser aceita sua queixa, solicitar assistência 
judiciária. Deve o indivíduo encaminhar um formulário de queixa 
preenchido e assinado ao endereço da Corte EDH63, em uma de 
suas línguas oficiais (inglês ou francês), ou em uma das línguas 
oficiais dos Estados-membros. Os casos serão processados pelos 
juízes, individualmente ou em colegiado, que os interpretarão à 
luz da Convenção e da sua jurisprudência, verificando a violação 
ou a inexistência de lesão aos direitos do peticionário. Após ser 
admitida, a petição será interpretada pelos juízes da Corte EDH 
com o objetivo de dar efeitos práticos à Convenção, em observância 109 
62 O art. 35 da Convenção EDH diz: "Condições de admissibilidade. 1. O Tribunal só pode ser 
solicitado a conhecer de um assunto depois de esgotadas todas as vias de recurso internas, cm con-
formidade com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos e num prazo de seis 
meses a contar da data da decisão interna definitiva" (Council ofEuropc, 2013, p. 22-23) . 
63 O endereço da Corte Europeia de Direitos Humanos, cm Estrasburgo, na França, é: ll1c Registrar,Europcan Court ofHuman Rights, Council ofEurope - F-67075 Strasbourg ccdex. 
ao princípio da efetividade64 e em harmonia com outras regras do 
direito internacional65. Dessa forma, ao verificar a inconvencio-
nalidade da ação ou a omissão do Estado-parte, são determinados 
standards de proteção, condenando-o, quando julgar adequado, 
a realizar o pagamento de compensações em relação ao peticioná-
rio, podendo recomendar medidas individuais em seu favor, bem 
como a implementação de medidas gerais que visem a não repe-
tição da violação. 
2-4-I.3 Trâmite processual na Corte Europeia 
no de Direitos Humanos 
Após ser recebida a queixa redigida pela vítima, uma análise de 
admissibilidade é previamente realizada. Nela, verifica-se a compe-
tência material, pessoal, temporal e territorial. A admissibilidade de 
demanda individual é realizada pelos magistrados da Corte EDH, 
que não poderá ser um dos indicados pelo Estado contra quem 
esta for apresentada. Caso a petição não cumpra com as condições 
necessárias conforme a Convenção EDH, será rejeitada. Na análise, 
o juiz levará em conta também o prejuízo significativo sofrido pelo 
peticionário em decorrência da violação de direitos previstos na 
Convenção, como já decidido em alguns casos (Council ofEurope, 
2010a; 20106), considerando-se uma nova condição de admissibili-
dade a partir do Protocolo n. 14. É possível que haja rejeição parcial 
ou total. A decisão que declara inadmissível a queixa é definitiva 
e irrevogável e, então, o caso é concluído. 
Um outro aspecto que merece destaque é o incentivo aos acor-
dos entre as partes. Se a petição for declarada admissível, a Corte 
64 Esse princípio vem cm defesa de uma interpretação que carregue consigo preocupação com os 
efeitos práticos da decisão e não se funde tão somente cm teorias e abstrações, tornando a sentença 
de fato efetiva, conforme decidido no Caso Airey vs. Irlanda, no qual a Corte deixou claro que a 
interpretação da Convenção deve ser orientada à proteção do indivíduo de modo real e efetivo 
(Council ofEurope, 1979). 
65 Exemplo disso é a utilização dos princípios previstos pela Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados como guia para a aplicação da Convenção EDH, o que foi feito em diversas passagens no 
caso Golder vs. Reino Unido (Cou ncil ofEuropc, 1975, parágrafos 29, 30, 34, 35 e 36) . 
EDH primeiro incentivará as partes a realizarem uma composição 
amigável, nos termos do art. 39 da Convenção. Caso tal composição 
não seja atingida, a Corte passa à apreciação da queixa. 
Quando, após a análise inicial de mérito e admissibilidade, sobre-
vier decisão observando que não houve violação, o Estado será comu-
nicado para que faça comentários sobre as alegações, que serão apre-
sentadas ao demandante. Nesse caso, deverá o peticionário contar 
com assistência jurídica, até o momento desnecessária, para que 
se pronuncie. Apesar de não ser uma prática comum, é possível 
também que haja audiência pública. 
Presentes os requisitos de admissibilidade, portanto, haverá o 
julgamento do caso a fim de determinar se houve ou não violação 
da Convenção EDH em relação aos direitos do peticionário. Caso 
o julgamento tenha reconhecido a existência ou a inexistência de 
violação à Convenção EDH, pode haver pedido de reexame do caso 
pelas partes. Esse pedido pode ser rejeitado - o que leva à conclusão 
do caso - ou aceito - caso no qual há um segundo julgamento, por 
uma segunda instância, a Grand Chamber. Se perseverar o julga-
mento de que não houve violação, o caso é encerrado e concluído. 
Independentemente da utilização da via recursa!, caso prevaleça 
a decisão que reconheceu a violação pelo Estado, a Corte EDH 
passará o processo para a fase de execução, transmitindo-o ao 
Comitê de Ministros. 
Apesar do caráter predominantemente declaratório das senten-
ças da Corte, há exceções, como nos casos em que há composição 
entre o peticionário e o Estado, ocorrendo satisfação equitativa, 
conforme art. 41 da Convenção66. A Corte estabeleceu categorias 
para essa compensação de acordo com critérios próprios. 
66 O arr. 41 da Convenção EDH d iz: "Reparação razoável. Se o Tribunal declarar que houve violação 
da Convenção ou dos seus protocolos e se o direito interno da Alta Parte Contratante não permitir 
senão imperfeitamente obviar às consequências de tal violação, o Tribunal atr ibuirá à pa rte lesada 
uma reparação razoável, se necessário" (Cou ncil of Europe, 2013, p. 26). 
III 
Figura 2.1 - Trâmite processual 
Procedimentos na esfera nacional: 
Início da demanda 
• 
Procedimentos peran te as Cortes nacionais 
Exaustão das Cortes domésticas 
+ 
Decisão da Corte doméstica superior 
112 -~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~: ,~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ 
Procedimentos na Corte Europeia de Direitos Humanos: 
Cri tério de admissibilidade 
• + 
Exaustão dos Prazo de 6 meses Queixas devem ter Peticionário deve 
remédios 
para apresenta r 
embasamento na ter sofrido prejuízo demanda perante domésticos 
a Corte 
Convenção Europeia significativo 
1 
l 
Exaustão dos remédios 
domésticos 
Pedido negado= caso 
concluído 
1 
• 
Anál ise inicial 
Exame da admissi bi lidade 
emérito 
1 
Julgamento concluindo pela 
vio lação 
Pedido de reexame do caso 
• 
Pedido aceito= 
encaminhamento à Grande 
Câmara 
• 
Julgamento final 
concluindo pela violação= 
encaminhamen to ao Comitê 
de Ministros 
Fonte: Council of Europe, 2018c, tradução nossa. 
1 
l 
Decisão de admissibilidade 
Julgamen to concluindo pela 
não violação 
l 
Julgamento c oncluindo 
ção:::: caso 
ído 
pela não viola 
conclu 
Em decorrência da larga quantidade de acionamentos da Corte 
EDH, o Protocolo n. 14 introduziu, em 2010, a possibilidade de 
declaração de inadmissibilidade por um juízo singular. Em 2015, 
a Corte adotou novo procedimento, a fim de que as decisões fos-
sem mais fundamentadas, superando a anterior inadmissibilidade 
genérica e global na busca pelo equilíbrio entre a falta de motivação 
individualizada nas decisões e a eficiência, evitando tratar casos 
inadmissíveis. 
Uma prática não rara é a aplicação de medidas provisórias, rea-
lizadas quando o requerente corre risco de sofrer danos irreversíveis, 
previstas no Regulamento da Corte EDH, na regra 3967• Parte-se 
do entendimento jurisprudencial de que a proteção aos direitos 
humanos não pode ser meramente formal ou ilusória, mas eficaz. 
Em muitos casos, considerando-se também o grande número de 
queixas que são recebidas na Corte, o atraso jurisdicional pode levar 
à ampliação do prejuízo sofrido pela vítima ou torná-lo irreparável. 
As medidas provisórias têm sido mais comumente aplicadas nas 
demandas que envolvem a expulsão ou a extradição para um país 
em que os peticionários corram o risco de terem violados os direi-
tos previstos na Convenção EDH. A Corte examina cada pedido 
com base em sua prioridade por meio do procedimento escrito. 
Após a decisão, as partes são informadas das decisões referentes às 
medidas provisórias, que poderão ser revogadas a qualquer tempo 
por decisões supervenientes da Corte. n 3 
67 Regra 39 das Rufes of Court: " 1. A Câmara ou, quando apropriado, o Presidente da Seção ou um 
juiz nomeado de acordo com o parágrafo 4 podem, a pedido de uma parte ou de qualquer outra 
pessoa interessada, ou de ofício, ind icar às partes de qualquer medida provisória que considerem que 
devem ser adotadas no interesse das partes ou do bom desenrolar do processo. 2. Quando for con-
siderado apropriado, uma notificação imediata da medida adotada cm um caso particular pode ser 
feita ao Comitê de Ministros. 3. A Câmara ou, quando apropriado, o Presidente da Seção ou um juiz 
nomeado de acordo com o parágrafo 4 desta Regra podem solicitar informações às partes sobre qual-
quer assunto relacionado à implementação de qualquer medida provisória indicada. 4. O Presidente 
do Tribunal pode nomear Vice-Presidentes de Seções como juízes de dever para decidirsobre os 
pedidos de medidas provisórias" (Council ofEurope, 2018a, tradução nossa). 
O Caso Soering vs. Reino Unido, de 7 de julho de 1989 (Council ofEurope, 
1989), foi precursor nessa aplicação, quando determinou a Corte EDH 
não extraditar o peticionário aos Estados Unidos enquanto estavam 
pendentes procedimentos perante ele, considerando que havia previsão 
de aplicação de pena de morte. Entendeu a Corte que o are. 2 (direito à 
vida) e o are. 3 (proibição de tortura ou tratamento desumano ou degra-
dante) da Convenção conduzem à proibição de deportação de indiví-
duos para países em que haja risco elevado de serem submetidos a tra-
tamento incompatível com a Convenção. É possível se referir ainda ao 
Caso F. H. vs. Suécia (Council of Europe, 2009), no qual o peticionário 
alegou que, se fosse deportado ao Iraque, seria exposto ao risco de ser 
morto ou sujeito à tortura ou tratamento desumano em decorrência de 
sua fé cristã, considerando, ainda, que era parte de um partido de opo-
sição (Ba'ath Party) e membro da Guarda Republicana. No Caso M E. 
vs. Suécia (Council of Europe, 2015), o peticionário, na iminência de 
ser expulso da Suécia para a Líbia, alegou que estaria sob risco de per-
seguição e tratamento por ser homossexual, ocasião em que a Corte 
indicou ao Estado que não o encaminhasse até decisão superveniente. 
Os casos mais típicos de aplicação de medidas provisórias se 
referem à violação do art. 2 e do art. 3 da Convenção, sendo menos 
frequentes, mas podendo ser aplicadas em relação ao art. 6 (direito 
ao processo justo) e o art. 8 (direito de respeito à vida privada em 
família). 
O art. 46 da Convenção EDH confere força vinculante a 
todas as decisões da Corte. Ao mesmo tempo, relega aos Estados 
a tarefa de decidir de que forma concreta se dará sua implementa-
ção no âmbito interno, o que ocorre com a supervisão do Comitê 
de Ministros. Apesar desse caráter prospectivo, contudo, a Corte 
tem realizado cada vez mais indicações na sentença sobre a forma 
mais adequada que o Estado pode adotar, visando a uma efetiva 
restituição dos direitos violados, geralmente recomendando, nesses 
casos, a reabertura dos procedimentos criminais. 
Após o julgamento definitivo, a execução das sentenças é respon-
sabilidade do Comitê de Ministros, órgão do Conselho Europeu. 
O Comitê de Ministros tem importante papel na eficácia das 
decisões da Corte, conforme disposto pelo Protocolo n. 14 e nos 
arts. 46.3 e 46.4 da Convenção. 
2 .4.2 Comitê de Ministros 
O Comitê de Ministros é formado pelos Ministros de Relações 
Exteriores de cada Estado-membro do Conselho da Europa. 
Trata-se do órgão responsável pela execução das sentenças. 
Após ser proferida uma sentença pela Corte EDH, esta é 
encaminhada ao Comitê de Ministros, que deve supervisionar 
sua aplicação, visando, por exemplo, assegurar pagamentos de 
compensações financeiras . O Comitê é regido pelo seu próprio 
Regulamento - o Regulamento para Supervisão e Execução das 
Sentenças e Acordos Amistosos. Portanto, tanto as sentenças quanto 
os acordos, bem como casos envolvendo margem de apreciação, 
serão supervisionados pelo órgão. 
Figura 2.2 - Execução das sentenças 
Pagamento da 
compensação 
Execução satisfatória 
Transmissão do caso ao Comitê de Ministros 
Obrigações do Estado em 
questão 
Adoção de medidas gerais 
Resolução final= caso 
concluído 
Fonte: Council of Europe, 2018c, tradução nossa. 
Adoção de medidas 
individuais 
Execução não satisfatória 
n6 
Como observamos, a sentença emitida pela Corte EDH pode 
conter recomendações para a execução de suas sentenças, mas não 
determina a adoção de medidas específicas aos Estados. Assim, decla-
rada a violação da Convenção, a reparação ficará sob o encargo 
dos Estados, sob supervisão do Comitê de Ministros. Os próprios 
Estados devem decidir a recepção do cumprimento da sentença em 
seu ordenamento interno e, apenas quando não o fizerem adequada-
mente, a Corte determinará a "reparação razoável" (just satisfaction), 
conforme art. 41 da Convenção. Nesse aspecto, é importante ressaltar 
que, no SEDH, muitos Estados-membros possuem em sua legislação 
interna normas que regulam a execução das sentenças da Corte EDH. 
Nesse cenário, a atuação do Estado na implementação das sen-
tenças é limitada pela supervisão do Comitê de Ministros. O órgão 
acompanhará a execução das sentenças por meio do requerimento 
de informações aos Estados, descrevendo as medidas adotadas e 
impondo calendários para o cumprimento das medidas. Os Estados, 
por sua vez, normalmente reportam ao Comitê o andamento das 
reparações, informando as medidas adotadas. 
As Resoluções do Comitê são publicadas periodicamente, na 
supervisão de cada caso, indicando as medidas tomadas na esfera 
individual, em relação ao peticionário, como o pagamento de 
compensações e a reabertura de processos, e as medidas gerais, 
relacionadas à alteração ou à manutenção da legislação interna, à 
cooperação internacional, nos casos de extradição, e à divulgação 
da sentença condenatória para conhecimento geral. 
Quando houver dúvida na interpretação da sentença recepcio-
nada, o Estado pode requerer à Corte EDH esclarecimento sobre 
a interpretação visando sua execução. Igualmente, quando houver 
negativa pelo Estado no cumprimento de uma sentença da Corte 
EDH, pode o Comitê encaminhar à Corte a situação para que 
conclua se houve pleno cumprimento da obrigação e respeito à 
Convenção ED H . 
Síntese 
A formação do SEDH representa um grande marco no direito 
internacional dos direitos humanos, como vanguardista no sis-
tema regional de proteção dos direitos humanos em sua concepção 
contemporânea. O Sistema Europeu tem uma estrutura complexa 
e consolidada em suas quase sete décadas de formação. As várias 
transformações realizadas ao longo desses anos demonstram sua 
resiliência e sua adaptação aos novos desafios enfrentados na busca 
pela completa proteção dos direitos humanos no contexto europeu. 
Vinculado ao Conselho da Europa, é o Sistema Europeu com-
posto por dois órgãos: a Corte EDH e o Comitê de Ministros. 
A Convenção EDH, como elemento fundante do SEDH, fundada 
no âmbito do Conselho da Europa, possui o escopo de prote-
ção e promoção de direitos humanos, e sua entrada em vigor em 
1953 representou um grande passo na integração da ordem jurídica 
interna e internacional, que passam a compartilhar o paradigma 
de respeito aos direitos humanos em todos os níveis, formando a 
sua proteção multinível. 
Há outros importantes documentos nesse Sistema, como a 
Carta Social Europeia, que complementa seu escopo de proteção 
com a previsão de direitos econômicos, sociais e culturais, enquanto 
a Convenção prevê principalmente direitos civis e políticos. Além 
disso, seu corpo normativo, inicialmente restrito à Convenção 117 
EDH, foi acrescido de 14 Protocolos Adicionais que tanto expandi-
ram o rol de direitos previstos em 1953, acrescentando novos direitos, 
oriundos de novas demandas sociais, como efetivaram mudanças 
no tocante a sua estrutura e seu procedimento, por exemplo, com 
a extinção da Comissão Europeia em 1998, permitindo assim o 
acesso direto de indivíduos à Corte EDH. 
Contando com órgãos de proteção e mecanismos para a efe-
tivação desses direitos, a Corte EDH é o órgão jurisdicional res-
ponsável pela interpretação dos direitos previstos na Convenção 
n8 
EDH e de seus protocolos. Os julgamentos da Corte EDH não 
apenas decidem casos concretos isoladamente, mas, ao processar 
demandas em face dos Estados signatários, elucidam os direitos 
contidos na Convenção, desenvolvendo-os e protegendo-os, lan-
çando assim parâmetros de proteção. Nesse sentido, os julgamentos 
da Corte garantem a mais adequada interpretação e o desenvolvi-
mento, visando à plena adoção dos direitos contidos na Convenção, 
contribuindo dessa forma com a observância dos Estados-partes em 
adotá-los e aplicá-los, que advém do caráter vinculantedas senten-
ças. Após o julgamento, havendo reconhecimento de violação de 
direitos humanos, o Comitê de Ministros atua como órgão respon-
sável pela execução das sentenças, monitorando seu cumprimento. 
Assim, a estrutura do Sistema Europeu, seu procedimento e sua 
prática jurisprudencial, produtos das diversas transformações em 
sua formação, servem como referência aos sistemas supervenientes, 
além de ser inegável sua força continental no contexto europeu. 
Contribui, dessa forma, com o fortalecimento e a concretização 
da proteção e da promoção dos direitos humanos regionalmente 
e internacionalmente. 
Questões para revisão 
1. Com base na Convenção ED H e no Regimento interno 
da Corte EDH, quais são os requisitos de admissibilidade 
para uma petição? 
2. Com a entrada em vigor do Protocolo n. II, a dinâmica 
de acesso ao SEDH passou por modificações substanciais. 
Discorra acerca das principais mudanças e aponte possíveis 
pontos positivos e negativos. 
3. Sobre a margem de apreciação, assinale a alternativa incorreta: 
a. Fundamenta-se na subsidiariedade da jurisdição inter-
nacional. 
b. A Corte EDH, com base na margem de apreciação, pode 
negar violação à Convenção, consubstanciando-se no 
entendimento de que cabe ao Estado definir e processar 
aquele específico caso sob sua jurisdição. 
c. Trata-se de uma das principais características da jurisdi-
ção da Corte EDH. 
d. Está prevista na Convenção EDH. 
e. Não há definição exata dos casos em que a Corte EDH 
deve aplicá-la. 
4. Sobre o SEDH, assinale a alternativa correta: 
1. Além da Convenção EDH, há outros documentos ado-
tados pelo Conselho da Europa, como a Convenção 
Europeia para a Prevenção da Tortura e de Tratamentos 
ou Punições Desumanas ou Degradantes e a Carta Social 
Europeia. 
rr. Trata-se a Corte EDH de um importante órgão que com-
põe a União Europeia. 
III. A Convenção EDH apenas garante proteção a direitos 
civis e políticos. 
rv. O SEDH é vinculado ao Conselho da Europa e ape-
nas os seus Estados-membros podem ser signatários da 
Convenção EDH. 
v. Desde sua formação, o SEDH não apresentou grandes 
diferenças estruturais, permanecendo com sua estrutura 
original, composta pela Comissão EDH, Corte EDH e 
Comitê de Ministros. 
120 
a. Estão corretas somente as assertivas I e II. 
b. Estão corretas somente as assertivas I e III. 
c. Estão corretas somente as assertivas III e IV. 
d. Estão corretas somente as assertivas I, III e IV. 
e. Todos as assertivas estão corretas. 
5. Sobre os procedimentos perante a Corte EDH, assinale a 
alternativa correta: 
a. Não é admitida participação de terceiros no procedi-
mento perante a Corte ED H, como amicus curiae. 
b. O Comitê de Ministros tem importante papel na eficácia 
das decisões da Corte, uma vez que é o órgão responsável 
pela análise de admissibilidade das petições. 
c. Após o julgamento final do caso, havendo reconhecido a 
violação de um ou mais direitos previstos na Convenção 
EDH, a Corte EDH determinará a transmissão do caso 
a um órgão responsável pela execução das sentenças. 
d. A Corte EDH não incentiva a composição entre as partes, 
pois não é possível haver acordo em situações de possível 
violação de direitos humanos. 
e. Quando houver dúvida na interpretação da sentença 
recepcionada, o Estado não pode requerer à Corte 
EDH esclarecimento sobre a interpretação visando sua 
execução, apenas ao Comitê de Ministros. 
Questões para reflexão 
1. Uma das características peculiares ao SEDH é a chama-
da doutrina da margem de apreciação. Explique o que é a 
margem de apreciação relacionando-a com o princípio da 
subsidiariedade. 
2. Considerando os instrumentos que compõem o SEDH, bem 
como sua jurisprudência, discorra sobre as peculiaridades da 
proteção dos direitos humanos na região e suas possíveis con-
tribuições para o direito internacional dos direitos humanos. 
Para saber mais 
Os leitores interessados em aprofundar seus estudos sobre os temas 
tratados neste capítulo podem consultar os seguintes conteúdos: 
BENVENISTI, E. Margin of Apreciation, Consensus and Universal 
Standards. Internacional Law and Policies, Journal of International 
Law and Politics, v. 31, p. 843-854, 1999. 
BREMS, E. Indirect Protection of Social Rights by the European Court 
of Human Rights. ln: BARAK-EREZ, D.; G ROSS, A. M. (Ed.). 
Exploring Social Rights: Between Theory and Practice. Portland: Hart 
Publishing, 2007. p. 135-167. 
HARRIS, D.; O'BOYLE, M.; WARBRICK, C. B. Law of the European 
Convention on Human Rights. 3. ed. Oxford: Oxford University Press, 
2014. p. 3. 
LEGG, A. lhe Margin of Appreciation in International Human Rights Law: 
Deference and Proportionality. Oxford: Oxford University Press, 2012. 
W HITE, R. C. A.; OVEY, C.; JACOBS, F. G. lheEuropean Convention 
on Human Rights. 4. ed. Oxford: Oxford University Press, 2006. 
121 
Sistema 
lnteramericano 
de Direitos 
Humanos 
Ananda Hadah Rodrigues Puchta 
Gabriela Sacoman Kszan 
Lucas Carli Cavassin 
Lucas Chermont dos Santos 
Conteúdos do capítulo: 
• Contexto histórico da formação do Sistema Interamericano 
de Direitos Humanos (SIDH). 
• Principais convenções e protocolos. 
• Estrutura, órgãos e mecanismos de proteção. 
• Casos representativos do SIDH. 
Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: 
I. dominar a compreensão panorâmica do SIDH e suas fun-
ções de promoção e proteção aos direitos humanos; 
2. identificar a estrutura e as atribuições da Comissão e da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos; 
3. compreender os principais instrumentos normativos do 
SIDH e os mecanismos para acioná-los; 
4. relacionar os principais casos e discussões contemporâneos. 
126 
Este capítulo tem como objetivo analisar o Sistema Intera-
mericano de Direitos Humanos (SIDH). Primeiramente, traremos 
um breve histórico de sua implementação no âmbito da Organização 
dos Estados Americanos (OEA). Nesse percurso, apontaremos 
diversos instrumentos essenciais à formação do Sistema, atualmente 
composto por uma Comissão e uma Corte, com destaque espe-
cial à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH), 
documento que possibilitou a institucionalização convencional 
do Sistema. 
Em segundo lugar, exploraremos as Convenções e os Protocolos 
do SIDH, a começar pela própria CADH. Tal documento não é 
único no Sistema, sendo que a ele se somam outros instrumen-
tos voltados à proteção específica de certos direitos. Todas as 
Convenções e todos os Protocolos que analisaremos neste capítulo 
compõem o corpus iuris interamericano, cujo objetivo é a garantia 
de maior proteção à pessoa humana. 
Em um terceiro momento, apresentaremos os órgãos e os meca-
nismos de proteção dos direitos humanos no SIDH. De início, no 
que diz respeito à Comissão Interamericana de Direitos Humanos 
(CIDH), diferenciaremos os procedimentos da Carta da OEA e da 
Declaração Americana de 1948 dos procedimentos no âmbito da 
Convenção Americana. Ato contínuo, abordaremos as relatorias 
temáticas dessa mesma Comissão. Por derradeiro, analisaremos os 
mecanismos de acesso e de funcionamento da Corte Interamericana 
de Direitos Humanos (IDH). 
Em seguida, veremos aspectos relevantes da jurisprudência pro-
duzida pela Corte IDH. Nesse sentido, adotaremos a classificação 
das decisões da Corte em grandes temas, envolvendo: violações que 
refletem o legado do regime ditatorial; violações que refletem ques-
tões da justiça de transição; violações que refletem desafios acerca 
do fortalecimento de instituições e da consolidação do Estado de 
Direito (rufe of law); violações a direitos de grupos vulneráveis; 
violações a direitos sociais; e violações a novos direitos da agenda 
contemporânea. 
Por fim, teceremos considerações finais e apresentaremos algu-
mas questões para revisão e reflexão acerca do conteúdo trabalhado. 
3.1 Organização dos Estados Americanos e 
antecedentes do Sistema Interamericano 
de Direitos Humanos

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