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665--CAPÍTULO-21
Angiografia e Procedi'mentos Intervencionistas
C O L A B O R A Ç Õ E S D E: CINDY MURPHY. ACR COLABORADORES NAS EDIÇÕES ANTERIORES: BARRY 1. ANTHONY, RT (R)
MARIANNE TORTORICI, ED D, RT (R), PATRICK APFEL, M ED, RT (R),
CONTEÚDO
Anatomia Radiográfica
Introdução e definição, 666
Componentes do sistema circulatório, 666
Circulação pulmonar e sistêmica geral, 667
Artérias e veias coronárias, 668
Artérias cerebrais, 669
Veias cerebrais, 672
Artérias e veias torácicas, 673
Artérias e veias abdominais, 674
Artérias e veias dos membros superiores e inferiores, 675
Sistema linfático, 677
Procedimentos Intervencionistas Definição e objetivos, 697
Procedimentos intervencionistas vasculares:
. Embolização, 697
. Angioplastia transluminal percutânea (PTA) e colocação de stent, 692
. Colocação de stent-enxerto, 692
. Filtro de veia cava inferior, 693
. Inserção de dispositivos de acesso venoso, 693
. Shunt (derivação) portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS), 693
. Trombólise, 694
. Terapia infusional, 694
. Extração de corpos estranhos vasculares, 694
Procedimentos intervencionistas não-vasculares:
Procedimentos Angiográficos Visão global, 678
Equipamento para estudo angiográfico, 682
Modalidades ou procedimentos alternativos, 684
Procedimentos angiográficos específicos, 684
. Angiografia cerebral, 685
. Angiografia torácica, 686
. Angiocardiografia, 687
. Angiografia abdominal, 688
. Angiografia periférica, 689
. Linfografia, 690
. Vertebroplastia percutânea, 694
. Colocação de stent no cólon, 695
. Nefrostomia, 695
. Drenagem biliar percutânea (DBP), 696
. Drenagem percutânea de abscesso abdominal (DPA), 696 .
Biopsia percutânea com agulha, 697
. Gastrostomia percutânea, 697
. Referências, 697
666-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS
INTERVENCIONISTAS
ANATOMIA RADIOGRÁFICA Introdução
DEFINiÇÃO
Angiografia refere-se ao exame radiográfico dos vasos após
injeção de um contraste. Como as várias partes moles do corpo
possuem densidades radiográficas similares, o contraste tem de
ser adicionado parélo estudar a distribuição normal e anormal do
sistema circulatório. Por exemplo, a radiografia lateral do crânio de
rotinél nél Fig. 21.1 não mostra os vasos do sistema circulatório do
crânio, enquanto a arteriografia lateral da carótida na Fig. 21.2
claramente diferencia o cérebro dos vasos sangüíneos.
Isso também é verdadeiro no que diz respeito ao sistema
circulatório de outras regiões do corpo como tórax, abdome e
membros superiores e inferiores (periferia).Uma boa compreensão
da anatomia envolvida, conforme descrito na primeira parte deste
capítulo, é essencial para a realização da angiografia.
DIVISÕES OU COMPONENTES DO SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sistema circulatório consiste nos componentes cardiovascular e
linfático. A porção cardiovascular inclui coração, sangue e vasos
que transportam o sangue.
O elemento linfático do sistema circulatório é composto de um
fluido aquoso claro chamado linfa, de vasos linfáticos e
delinfonodos. Os componentes cardiovasculares e linfáticos
diferem em sua função e na maneira de transportar seus
respectivos fluidos no interior dos vasos.A divisão cardiovascular
ou circulatória sangüínea pode ainda ser dividida em componentes
cardíaco (circulação no interior do coração) e vascular
(vaso sangüíneo).
O componente vascular ou dos vasos é dividido no sistema
pulmonar (do coração para o pulmão e vice-versa) e no sistema
global ou sistêmico (por todo o corpo). (Ver o quadro do sumário
na coluna à direita.)
SISTEMA CARDIOVASCULAR
O coração é o órgão principal do sistema cardiovascular e
funciona como uma bomba para manter a circulação de sangue
por todo o corpo. O componente vascular é uma rede de vasos
sangüíneos que carrega o sangue do coração para os tecidos
corporais e vice-versa.Funções As funções do sistema
cardiovascular incluem as ceguetes:
1. Transporte de oxigênio, nutrientes, hormõnios e componentes
químicos necessários para a atividade corporal normal.
2. Remoção dos produtos excretados pelos rins e pulmões,
3. Manutenção da temperatura corporal e do balanço de água e
ele trólitos.
Essas funções são realizadas pelos seguintes componentes
sangüíneos: hemácias, leucócitos e plaquetas suspensas no
plasma.
Componentes Sangüíneos As hemácias, ou eritrócitos, são
produzidas na medula vermelha de alguns ossos e transportam
oxigênio através da proteína hemoglobina até os tecidos
corporais.
Os leucócitos são formados na medula óssea e no tecido linfático
e defendem o corpo contra infecção e doença. As plaquetas,
também originadas da medula óssea, reparam lesões nas paredes
dos vasos sangüíneos e promovem a coagulação sangüínea.
O plasma, a porção líquida do sangue, consiste em 92% de água
e cerca de 7% de proteínas e sais plasmáticos, nutrientes e
oxigênio.
SUMÁRIO DOS COMPONENTES DO SISTEMA CIRCULATÓRIO
Sistema circulatório
Sistema cardiovascular 1 Cardíaco (coração) 1 Vascular (vasos) 1
Pulmonar (pulmões) 1 Sistema linfático -Linfa
Vasos linfáticos – Linfonodos 1 Sistêmico (corporal) Veia Artéria
Coração ]
CIRCULAÇÃO SISTÊMICA
Artérias
Os vasos que levam o sangue oxigenado do coração para os
tecidos são chamados de artérias. As artérias originadas
diretamente do coração são calibrosas, mas são subdivididas e
diminuem de tamanho conforme se estendem do coração para as
várias partes do corpo. As artérias menores são denominadas
arteríolas. Conforme o sangue circula através das arteríolas, ele
penetra nos tecidos através das menores subdivisões desses
vasos, conhecidas como capilares (Fig. 21.3).
Veias
O sangue desoxigenado retoma ao coração através do sistema
venoso. O sistema venoso estende-se dos capilares venosos até
vênulas e veias, aumentando em tamanho conforme se aproxima
do coração.
667-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
Circulação Pulmonar
o circuito de vasos sangüíneos (veias, vênulas, capilares, arteríolas e artérias),
que fornece sangue para os pulmões e vice-versa, abrange o componente
denominado circulação pulmonar do sistema cardiovascular.
Como dito previamente, as artérias geralmente transportam sangue oxigenado
do coração até os capilares. Exceções a essa regra são as artérias pulmonares,
que transportam sangue desoxigenado até os pulmões, sangue esse que foi
trazido ao coração através do sistema venoso.
As veias cavas superior e inferior deságuam o sangue desoxigenado no interior
do átrio direito do coração.
O coração bombeia esse sangue desoxigenado do ventrículo direito através
das artérias pulmonares até os pulmões, onde oxigênio e dióxido de carbono
são trocados através de pequenos sacos acerados ou alvéolos pulmonares.
O sangue oxigenado então retoma através das veias pulmonares até o átrio
esquerdo do coração (Fig. 21.4).
Circulação Sistêmica Geral
CORAÇÃO
o coração é um órgão muscular que bombeia sangue para as várias partes
do corpo. Anatomicamente, o coração situa-se no mediastino e apóia-se no
diafragma (Fig. 21.5). O tecido cardíaco diferencia-se dos outros tecidos
musculares do corpo em sua construção e é denominado miocárdio. O lado
esquerdo do coração é responsável pela extensa circulação sistêmica; por
isso, a parede muscular esquerda é cerca de três vezes mais espessa que a
direita.
O coração é dividido em quatro câmaras: os átrios direito e esquerdo e os
ventrículos direito e esquerdo. Cada câmara tem como função receber e/ou
bombear sangue. A circulação sangüínea é um sistema fechado através do
qual o sangue desoxigenado penetra no átrio direito, proveniente de todas as
partes do corpo, é reoxigenado nos pulmões e retoma para o corpo através
do ventrículo esquerdo.
O sangue que retoma ao coração penetra no átrio direito através das veias
cavas superior e inferior (Fig. 21.6). O sangue na veia cava superior é
proveniente da cabeça, do tórax e dos membros superiores. A veia cava
inferior serve para carrearo sangue para o átrio direito a partir do abdome e
dos membros inferiores.
A partir do átrio direito, o sangue é bombeado através da valva tricúspide até
o ventrículo direito. O ventrículo direito contrai-se, movendo o sangue através
da valva pulmonar (semilunar pulmonar) até as artérias pulmonares e os
pulmões. Durante a sua permanência nos pulmões, o sangue é oxigenado e
então retoma para o átrio esquerdo do coração através das veias pulmonares.
Conforme o átrio esquerdo se contrai, o sangue é transportado através da
valva mitral (bicúspide) até o ventrículo esquerdo.
Quando o ventrículo esquerdo sofre contração, o sangue oxigenado sai
dessa câmara através da valva aórtica (semilunar aórtica), passa pela
aorta e é transportado para os vários tecidos corporais.
SUMÁRIO DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA GLOBAL
Veias cavas Aorta
(Valva aórtica)
Átrio direito Ventrículo esquerdo
(Valva tricúspide) (Valva mitral)
Ventrículo direito Átrio esquerdo
(Valva pulmonar) (Valvas pulmonares)
Artérias pulmonares Pulmões Veias pulmonares
(Sangue desoxigenado) (Sangue oxigenado)
668-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ARTÉRIAS CORONÁRIAS
As artérias coronárias são os vasos que fornecem sangue para o músculo
cardíaco. As duas artérias coronárias são denominadas direita e
esquerda. Ambas são originadas no bulbo aórtico.
A artéria coronária direita origina-se no seio direito (anterior) do bul
bo aórtico, e a coronária esquerda é originada no seio esquerdo (posterior)
do bulbo aórtico. A artéria coronária direita fornece suprimento para a maior
parte do átrio direito e ventrículo direito do coração.
A artéria coronária esquerda fornece suprimento sangüíneo para ambos os
ventrículos e para o átrio esquerdo
do coração. Existem muitas interconexões ou anastomoses entre as artérias
coronárias direita e esquerda. O sangue retoma para o átrio direito do coração
através das veias coronárias.
VEIAS CORONÁRIAS
O sistema do seio coronário retoma o sangue para o átrio direito para
nova circulação. O seio coronário é uma ampla veia na face posterior
do coração entre os átrios e os ventrículos. O seio coronário possui três
ramos principais: as veias cardíacas maior, média e menor.
A veia cardíaca maior recebe sangue de ambos os ventrículos e do
átrio esquerdo. A veia cardíaca média drena o sangue proveniente do
ventrículo direito, do átrio direito e de parte do ventrículo esquerdo. A veia
cardíaca menor faz o retorno sangüíneo do ventrículo direito. O seio
coronário drena a maior parte do sangue do coração. Algumas pequenas
veias drenam diretamente para ambos os átrios.
669-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Artérias Cerebrais
SUPRIMENTO SANGüíNEO CEREBRAL
o suprimento sangüíneo do cérebro é feito pelas artérias principais da
circulação sistêmica. As quatro artérias principais a seguir fornecem o
suprimento sangüíneo do cérebro (Fig. 21.9):
1. Artéria carótida comum 3. Artéria vertebral direita direita
2. Artéria carótida comum esquerda 4. Artéria vertebral esquerda
Os ramos principais das duas carótidas comuns fornecem a circulação
anterior do cérebro, e as duas vertebrais fazem a circulação posterior.
Exame radiográfico dos vasos do pescoço e de toda a circulação cerebral
é denominado "angiograma dos quatro vasos" devido ao fato de esses
quatro vasos serem seletiva e coletivamente injetados com contraste. Outro
exame comum é o "angiograma dos três vasos", no qual as duas carótidas
e apenas uma das artérias vertebrais são estudadas.
RAMOS DO ARCO AÓRTICO
A aorta é a principal artéria que deixa o ventrículo esquerdo do coração.
Três ramos principais originam-se do arco da aorta, e incluem os seguintes
(Fig. 21.1 O):
1. Artéria braquiocefálica 3. Artéria subclávia esquerda
2. Artéria carótida comum esquerda
O tronco braquiocefálico é um vaso curto que se bifurca em artéria carótida
comum direita e artéria subclávia direita. Essa bifurcação ocorre diretamente
posterior à articulação esterno clavicular direita. As artérias vertebrais direita
e esquerda são ramos das artérias subclávias em cada lado como descrito
acima (ver Fig. 21.9). Devido à artéria carótida comum esquerda se originar
diretamente do arco aórtico, ela é ligeiramente mais longa do que a artéria
carótida comum direita.
Na região cervical, as duas carótidas comuns são similares. Cada artéria
carótida comum passa cefalicamente à sua origem, ao longo de cada lado
da traquéia e laringe até o nível da borda superior da cartilagem tireóide.
Nesse ponto, cada artéria carótida comum se divide em artérias carótidas
interna e externa. O local da bifurcação de cada carótida comum está no
nível da terceira ou quarta vértebra cervical.
ARTÉRIAS DA CABEÇA E DO PESCOÇO
As artérias principais que fornecem o suprimento para a cabeça, conforme
visto a partir do lado direito do pescoço, são mostradas na Fig. 21.11
(apenas os vasos do lado direito são identificados nesse desenho). O tronco
braquiocefálico bifurca-se em artéria carótida comum direita
e artéria subclávia direita.
A artéria carótida comum direita ascende até o nível da quarta vértebra
cervical para ramificar-se em artéria carótida externa e artéria carótida interna,
como já descrito acima. Cada artéria carótida externa supre basicamente a face
anterior do pescoço, a face e grande parte do couro cabeludo e as meninges
(que cobrem o cérebro). Cada artéria carótida interna supre os hemisférios
cerebrais, a hipófise, as estruturas orbitárias, a parte externa do nariz e a
porção anterior do cérebro.
A artéria vertebral direita origina-se da artéria subclávia direita e passa através
dos forames transversos de C6 até C1. Cada artéria vertebral passa
posteriormente ao longo da borda superior de C1 antes de sofrer angulação
ascendente através do forame magno para penetrar no crânio.
Um arteriograma carotídeo comum é mostrado à direita visualizando a
(A) carótida interna direita, (B) carótida externa direita e
(C) carótida comum direita.
670-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClNISTAS
RAMOS DA ARTÉRIA CARÓTIDA EXTERNA
Quatro Qmos principais da artéria carótida externa incluem os seguintes:
1. Artéria facial 3. Artéria temporal superficial
2. Artéria maxilar 4. Artéria occipital
Elas não desempenham um pllpet importante na angiografia e não
serão mostradas nos desenhos.
ARTÉRIA CARÓTIDA INTERNA
Cada artéria car6tida interna ascende para penetrar no canal
carotídeo na porção petrosa do osso temporal. No interior da
pirâmide petrosa, a artéria se curva para a frente e
medialmente. Antes de fornecer o suprimento para os
hemisférios cerebrais, cada carótida interna passa através de uma
coleção de canais venosos ao redor da sela turca. A artéria carótida
interna atravessa a dura-máter medialmente em relação ao processo
dinóide anterior, e então bifurca-se nos ramos cerebrais.
A porção em forma de S da artéria carótida interna é
denominada sifão carotideo e é estudada cuidadosamente pelo
radiologista.
ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR
Os dois ramos terminais de cada artéria carótida interna são as artérias
cerebrais anteriores (Fig. 21.12) e as artérias cerebrais médias (Fig. 21.13).
Cada artéria cerebral anterior e seus ramos fornecem o suprimento para
a maior parte da região anterior do cérebro, próximo à linha média.
As artérias cerebrais anteriores curvam-se ao redor do corpo caloso,
dando diversos ramos para as porções médias do hemisfério cerebral.
Cada artéria cerebral anterior conecta-se com a artéria do lado oposto
e com a circulação cerebral posterior.
ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA
A artéria cerebral média é o maior ramo de cada artéria carótida interna.
Essa artéria supre as regiões laterais da circulação cerebral anterior (Fig. 21.13).
Conformea artéria cerebral média caminha em direção à periferia do cérebro,
ramos ascendem ao longo da porção lateral da insula ou lobo central do cérebro.
Esses pequenos ramos fornecem suprimento para tecidos cerebrais situados
profundamente no interior do cérebro.
ARTERIOGRAMA DA CARÓTIDA INTERNA
Quando uma artéria carótida interna é injetada com contraste, as artérias
cerebrais anterior e média são opacificadas. A fase arterial do angiograma
cerebral da carótida é similar aos desenhos na Fig. 21.14.
Na visão frontal ou incidência AP, ocorre pequena sobreposição dos dois
vasos, pois a artéria cerebral anterior direciona-se para a linha média e a
cerebral média estende-se lateralmente.
Na posição lateral, alguma sobreposição obviamente existe. Note que a artéria
carótida interna supre basicamente a porção anterior do cérebro.
Arteriogramas em incidência lateral e AP axial da carótida interna são mostrados,
demonstrando a bifurcação da artéria carótida em artérias cerebrais anterior e
média. A região do sifão carotideo em forma de S descrita acima é visualizada.
Compare o desenho legendado com as radiografias para ver se você consegue
identificar os vasos legendados antes de olhar as respostas abaixo.
A. Artéria cerebral anterior
B. Artéria cerebral média
C. Região do sifão carotídeo
D. Artéria carótida interna esquerda
Artéria carótida interna
Fig. 21.12 Carótida interna e artéria cerebral anterior.
Artéria cerebral média
Artéria cerebral interna /
Fig. 21.13 Artéria cerebral média.
Artéria cerebral anterior
Artéria cerebral
média
\Artéria carótida intern
Fig. 21.14 Arteriografia da carótida interna visualizando as artérias cerebrais anterior e média.
671--ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ARTÉRIAS VERTEBROBASllARES
As duas artérias vertebrais penetram no crânio através do forame magno
e se unem para formar a artéria basilar única. As artérias vertebrais e a
artéria basilar e seus ramos formam o sistema vertebrobasilar. Retirando
boa parte do OSSO pital na Fig. 21.15, essas artérias são mostradas ao
longo da base do crânio. Diversas artérias originam-se de cada artéria
vertebral antes do seu ponto de convergência para formar a artéria basilar.
Esses ramos suprem a medula espinhal e a parte posterior do cérebro.
A artéria basilar apóia-se no clivo, uma porção do OSSO nóide, e na base
do OSSO pital anterior ao forame magno e posterior ao dorso selar.
CíRCULO DE WllLlS
O sangue do cérebro é fornecido pela carótida interna e pelas artérias
vertebrais. A circulação posterior do cérebro comunica-se com a circulação
anterior ao longo da base do cérebro no círculo arterial, ou círculo de Willis
(Fig. 21.16). Essas cinco artérias ou ramos que formam o círculo de Willis são
(1) a artéria comunicante anterior,
(2) as artérias cerebrais anteriores,
(3) ramos das artérias carótidas internas,
(4) a artéria comunicante posterior e
(5) as artérias cerebrais posteriores.
Há comunicação da circulação anterior e posterior e também ambos os lados
são conectados através da linha média. Desse modo, uma elaborada
anastomose interconecta todo o suprimento arterial cerebral. Conforme a
artéria basilar segue em direção ao círculo de Willis, ela fornece diversos
ramos para a parte posterior do cérebro. As artérias cerebrais posteriores
são dois dos maiores ramos.
Certos aneurismas podem ocorrer nesses vasos que formam o círculo de Willis,
e eles devem ser bem demonstrados nos estudos angiográficos cerebrais.
A importante glândula "mestre", a hipófise (glândula pituitária) e sua estrutura
óssea circundante, a sela turca, localizam-se no interior do círculo de Willis.
Ver a Fig. 21.1 5 para localizar a artéria basilar apoiada no clivo e a relação
dessas estruturas com o dorso selar.
ARTERIOGRAMA VERTEBROBASILAR
Um arteriograma vertebrobasilar padrão parece similar ao desenhado
simplificadamente na Fig. 21.17. As artérias vertebrais, a artéria basilar e as
artérias cerebrais posteriores podem ser vistas. 05 vários ramos para o
cerebelo não foram legendados nesse desenho.
Arteriogramas vertebrobasilares em incidência lateral e AP são mostrados,
demonstrando uma injeção no lado esquerdo com preenchimento dos vasos
associados do lado esquerdo. Compare o desenho legendado com as
radiografias para ver se você consegue identificar 05 vasos legendados antes
de olhar as respostas abaixo.
A. Artérias cerebrais posteriores
B. Artéria basilar
C. Artéria vertebral esquerda
D. Artéria cerebral posterior esquerda
E. Artéria cerebral posterior direita
.
672-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Veias Cerebrais
GRANDES VEIAS DO PESCOÇO
OS três pares de veias principais do pescoço que fazem a drenagem da
cabeça, face e região do pescoço mostrados na Fig. 21.1 8 são os seguintes:
1. Veias jugulares internas direita e esquerda 2. Veias jugulares externas
direita e esquerda 3. Veias vertebrais direita e esquerda
Cada veia jugular interna drena as cavidades cranianas e orbitárias. Além
disso, muitas veias pequenas encontram cada veia jugular interna conforme
esta passa caudalmente para por fim conedar-se com a veia braquiocefálica
de cada lado. As veias braquiocefálicas direita e esquerda unem-se para
formar a veia cava superior, que leva o sangue até o átrio direito do coração.
As duas veias jugulares externas são troncos mais superficiais que fazem a
drenagem do couro cabeludo e de grande parte da face e do pescoço. Cada
veia jugular externa deságua na respectiva veia subclávia.
As veias vertebrais direita e esquerda são formadas do lado externo do crânio
e drenam a parte superior do pescoço e a região occipital. Cada veia vertebral
penetra no forame transverso de C1, desce até C6 e então encontra a veia
subclávia.
SEIOS DA DURA-MÁTER
OS seios da dura-máter são canais venosos que drenam sangue do cérebro
(Fig. 21.19). Os seios estão situados entre as duas camadas de dura-máter
como descrito no Capo 22, que abrange o revestimento cerebral e os espaços
meníngeos.
Um espaço entre as duas camadas da dura, ao longo da porção superior da
fissura longitudinal, contém o seio sagital superior. O seio sagital inferior segue
posteriormente para drenar no interior do seio reto. O seio reto e o seio sagital
superior esvaziam-se nos seios transversos opostos.
Cada seio transverso curva-se medialmente para ocupar um sulco ao longo da
porção mastóidea do osso temporal. O seio nessa região é denominado seio
sigmóide. Cada seio sigmóide então se curva caudaimente para prosseguir na
veia jugular interna, no forame jugular.
O seio occipital ruma posteriormente do forame magno para unirse ao seio
sagital superior, seio reto e seios transversos na confluência desses.
A confluência dos seios é localizada proximamente à protuberância occipital
interna. Outros seios importantes da dura-máter drenam a área de cada lado
do osso esfenóide e da sela turca.
SISTEMA VENOSO CRANIANO
As principais veias de todo o sistema venoso craniano estão legendadas na
Fig. 21.20. Apenas as veias mais proeminentes são identificadas. Um grupo
não-nomeado individualmente diz respeito às veios cerebrais externos, que,
juntamente com alguns seios da dura-máter, drenam as superfícies externas
dos hemisférios cerebrais. Como todas as veias do cérebro, as veias
cerebrais externas não possuem válvulas e são extremamente finas, pois
não têm tecido muscular.
673-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Sistema Circulatório Torácico
ARTÉRIAS TORÁCICAS
A aorta e as artérias pulmonares são as principais artérias localizadas no
tórax. As artérias pulmonares suprem os pulmões com sangue desoxigenado
(como mostrado anteriormente na Fig. 21.4).
A aorta estende-se do coração até aproximadamente a quarta vértebra lombar
e é dividida em porções torácica e abdominal. A porção torácica é subdividida
nos quatrosegmentos seguintes (Fig. 21.21):
1. Bulbo aórtico (raiz)
2. Aorta ascendente
3. Arco aórtico
4. Aorta descendente
O bulbo, ou raiz, fica na extremidade proximal da aorta e é o segmento do
qual se originam as artérias coronárias. Estendendo-se do bulbo está a
porção ascendente da aorta, que termina aproximadamente na segunda
articulação esternocostal e passa a ser o arco. O arco é incomparável em
relação aos outros segmentos da aorta torácica pois existem três ramos que
se originam nele: a artéria braquiocefálica, a carótida comum esquerda e a
artéria subclávia esquerda. Isso é também mostrado na p. 669, na Fig. 21.10
no sistema circulatório craniano.
Existem muitas variações do arco aórtico. As três variações mais comuns,
ocasionalmente vistas na angiografia, são as seguintes (Fig. 21.22):
A. Aorta esquerda circunflexa arco normal com aorta descendente
direcionada para baixo e para a esquerda.
B. Aorta inversa (arco à direita)
C. Pseudocoarctação (aorta descendente arqueada)
Em sua extremidade distal, o arco aórtico passa a ser a aorta descendente
(ver Fig. 21.21). A aorta descendente estende-se do istmo até o nível da
décima segunda vértebra dorsal. Inúmeros ramos arteriais intercostais,
brônquicos, esofágicos e frênicos superiores originam-se da aorta
descendente, não mostrados na Fig. 21.21. Essas artérias transportam
sangue para órgãos que Ihes dão o nome.
VEIAS TORÁCICAS
As principais veias do tórax são a veia cava superior, a veia ázigos e as veias
pulmonares. A veia cava superior leva o sangue transportado do tórax para
o átrio direito. A veia ázigos é a principal tributária que traz o sangue do tórax
para a veia cava superior (Fig. 21.23). A veia ázigos penetra na veia cava
superior posteriormente. O sangue proveniente do tórax penetra na veia ázigos
através das veias intercostais, brônquicas, esofágicas e frênicas. Note que
uma parte da veia cava superior foi retirada nesse desenho para melhor
visualização da veia ázigos e das veias intercostais.
As veias pulmonares inferior e superior trazem o sangue oxigenado dos pulmões
para o átrio esquerdo, como mostrado anteriormente. A veia cava inferior é
responsável pelo retorno venoso do abdome e dos membros inferiores até o
átrio direito (ver Figs. 21.4 e 21.6).
674-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Sistema Circulatório Abdominal
ARTÉRIAS ABDOMINAIS
A aorta abdominal é a continuação da aorta torácica. A aorta abdominal é
anterior às vértebras e estende-se do diafragma até aproximadamente o
nível de L4, onde se bifurca em artérias ilíacas comuns direita e esquerda.
Existem cinco ramos principais da aorta abdominal que são de maior
interesse na angiografia. Qualquer um desses ramos pode ser seletivamente
cateterizado para estudo de um órgão específico.
Esses ramos são mostrados na Fig. 21.24 a seguir:
1. Artéria celíaca
2. Artéria mesentérica superior
3. Artéria renal esquerda
4. Artéria renal direita
5. Artéria mesentérica inferior
O tronco do eixo celíaco origina-se na região anterior da aorta, imediatamente
abaixo do diafragma e cerca de 1,5 cm acima da origem da artéria mesentérica
superior. Órgãos que recebem suprimento sangüíneo dos três grandes ramos
do tronco celíaco são os órgãos hepático, esplênico e gástrico.
A artéria mesentérica superior fornece sangue para o pâncreas, para a maior
parte do intestino delgado e para porções do intestino grosso (ceco, cólon).
(ascendente e metade do cólon transverso). Ela é originada na superfície
anterior da aorta, ao nível da primeira vértebra lombar, cerca de 1,5 cm
abaixo da artéria celíaca.
A artéria mesentérica inferior origina-se da aorta, aproximadamente na
terceira vértebra lombar (3 ou 4 cm acima do nível da bifurcação das artérias
ilíacas comuns). O sangue é fornecido para porções do intestino grosso
(metade esquerda do cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide
e maior parte do reto) através da artéria mesentérica inferior.
As artérias renais direita e esquerda que fornecem sangue para os rins
originam-se de cada lado da aorta imediatamente abaixo da artéria mesentérica
superior, ao nível do disco entre a primeira e a segunda vértebra lombar.
A porção distal da aorta abdominal bifurca-se ao nível da quarta vértebra
lombar em artérias ilíacas comuns direita e esquerda. Cada artéria ilíaca
comum então se divide em artérias ilíacas interna e externa. As artérias ilíacas
internas fornecem suprimento sangüíneo para os órgãos pélvicos (bexiga, reto,
órgãos reprodutivos e musculatura péllvica.
Os membros inferiores recebem sangue das artérias ilíacas externas. A artéria
ilíaca externa é significativa na angiografia e é usada para estudar cada
membro inferior.
VEIAS ABDOMINAIS
O retorno venoso das estruturas abaixo do diafragma (tronco e membros
inferiores até o átrio direito do coração é feito pela veia cava inferior. Existem
várias tributárias da veia cava inferior que são importantes radiograficamente.
Essas veias incluem as veias ilíacas comuns direita e esquerda, as veias
ilíacas externas e internas, as veias renais (Fig. 21.25) e o sistema porta
(Fig. 21.26). As ilíacas drenam a área pélvica e os membros inferiores, e as
veias renais trazem o sangue dos rins.
As veias mesentéricas superior e inferior fazem o retorno venoso dos intestinos
delgado e grosso através da veia porta, das veias hepáticas, até a veia cava
inferior. Isso é visto melhor na Fig. 21.26, na página seguinte.
675-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
SISTEMA PORTA
O sistema porta inclui todas as veias que drenam sangue do trato digestivo
abdominal e do baço, pâncreas e vesícula biliar. Desses órgãos, esse
sangue converge para o fígado através da veia porta. Durante a sua
permanência no fígado, esse sangue é "filtrado" e retoma para a veia cava
inferior através das veias hepáticas. Existem várias tributárias importantes
das veias hepáticas (Fig. 21.26). A veia esplênica é uma grande veia com
suas próprias tributárias, que trazem o sangue do baço.
A veia mesentérica inferior, que faz o retorno venoso do reto e de partes
do intestino grosso, usualmente se abre na veia esplênica, mas, em cerca
de 10% dos casos, ela termina no ângulo de união das veias esplênica e
mesentérica superior. A veia mesentérica superior traz o sangue do intestino
delgado e de partes do intestino grosso. Ela se une com a veia esplênica
para formar a veia porta.
Sistema Circulatório Periférico
ARTÉRIAS DOS MEMBROS SUPERIORES
Geralmente considera-se que a circulação arterial dos membros
superiores é iniciada na artéria subclávia. A origem da artéria
subclávia difere no lado direito em comparação com o esquerdo.
À direita, a subclávia origina-se da artéria braquiocefálica, ao passo
que a subclávia esquerda é originada diretamente do arco aórtico.
A subclávia passa a se chamar artéria axilar, que dá origem à artéria
braquial. A artéria braquial bifurca-se para formar as artérias ulnar e
radial, aproximadamente ao nível do colo do rádio. As artérias ulnar
e radial continuam a ramificar-se até que se unem para formar os
dois arcos pai mares (profundo e superficial). Ramos desses arcos
fornecem suprimento sangüíneo para a mão e os dedos.
676-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
VEIAS DOS MEMBROS SUPERIORES
O sistema venoso dos membros superiores pode ser dividido em duas partes:
as veias profundas e superficiais (Fig. 21.28). Elas comunicamse umas às
outras em locais freqüentes e desse modo formam dois canais paralelos de
drenagem a partir de uma única região. As veias cefálicas e basílicas são as
principais tributárias do sistema venoso superficial. Ambas as veias se originam
no arco da mão. Anteriormente à articulação do cotovelo está a veiacubital
media I (a veia mais comumente usada para coleta de sangue), que se
conecta com os sistemas de drenagem superficial do antebraço. A veia
basílica superior deságua na grande veia axilar, que drena para a veia
subclávia e finalmente para a veia cava superior. A veia basílica inferior
une-se à veia cubital media I para prosseguirem até a veia basílica superior.
As veias profundas incluem as duas veias braquiais que drenam a veia
radial, a veia ulnar e os arcos palmares. As veias braquiais profundas
unem-se à veia basílica superficial para formar a veia axilar, que deságua
na subclávia e finalmente na veia cava superior.
ARTÉRIAS DOS MEMBROS INFERIORES
A circulação arterial dos membros inferiores começa na artéria ilíaca externa
e termina nas veias do pé (Fig. 21.29). A primeira artéria a penetrar no
membro inferior é a artéria femoral comum. A artéria femoral comum divide-se
em artéria femoral e artéria femoral profunda. A artéria femoral estende-se
distalmente na perna e passa a ser chamada de artéria poplítea ao nível do
joelho. Ramos da artéria poplítea são a artéria tibia! anterior, artéria tibial
posterior e artéria fibular.
A artéria tibial anterior continua como artéria dorsal do pé, com ramos para
o tornozelo e o pé. A artéria fibular e a artéria tibial anterior fornecem
suprimento sangüíneo para a panturrilha e a superfície plantar do pé.
VEIAS DOS MEMBROS INFERIORES
As veias dos membros inferiores são similares às dos membros superiores
no que diz respeito ao sistema venoso superficial e profundo. O sistema
venoso superficial contém as veias safenas magna e parva e suas tributárias
e as veias superficiais do pé.
A veia safena magna é a veia mais longa do corpo e se estende desde o pé,
ao longo da região media! da perna, até a coxa, onde deságua na veia
femoral A veia safe na parva origina-se no pé e se estende posteriormente ao
longo da perna para terminar no joelho, onde deságua na veia poplítea.
As principais veias profundas são as veias tibial posterior, fibular, tibial
anterior, poplítea e femoral A veia tibial posterior e a veia fibular unem-se
após a drenagem da parte posterior do pé e da perna. A veia tibial posterior
estende-se para cima e se une com a veia tibial anterior para tornar-se a
veia poplítea ao nível do joelho. A veia poplítea é contínua, proximamente,
com a veia femoral, antes de se tornar à veia ilíaca externa (Fig. 21.30).
677-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
Sistema Linfático
RENAGEM LINFÁTICA
o sistema linfático serve para drenar o líquido intersticial (líquido nos espaços
entre as células) e trazê-Io para o sistema venoso. O líquido proveniente do
lado esquerdo do corpo, membros inferiores, pelve e abdome penetra no
sistema venoso através do dueto torácico (maior vaso linfático do corpo), que
drena para o interior da veia subclávia esquerda, próximo à sua junção com
a veia jugular esquerda.
A parte superior do lado direito do corpo, os membros superiores, a cabeça
e a região do pescoço drenam a linfa para o sistema venoso na junção das
veias jugular direita e subclávia direita através do dueto linfático direito
(Figs. 21.31 e 21.32).
FUNÇÕES
As funções da porção linfática do sistema circulatório são as seguintes:
1. Combater doenças através da produção de linfócitos e microfagócitos.
2. Promover o retorno de proteínas e de outras substâncias para o sangue.
3. Filtrar a linfa nos linfonodos.
4. Transferir gordura do intestino para o ducto torácico e deste para o sangue.
O sistema linfático não possui um coração para bombear a linfa para
o seu destino. Em vez disso, a linfa é transportada por difusão, peristal-se,
movimentos respiratórios, atividade cardíaca, massagem e atividade
muscular. O transporte da linfa ocorre em uma única direção - para longe
dos tecidos. A seqüência de movimentos do líquido ocorre a partir dos
capilares linfáticos até diversos vasos linfáticos nos quais a linfa penetra
nos linfonodos e retoma para o sistema venoso através de vasos linfáticos
eferentes.
Os linfonodos tendem a formar grupos, embora eles possam ser solitários.
Existem milhares de nodos por todo o corpo, alguns dos quais são
identificados na Fig. 21.32. As principais coleções de nodos que são vistas
radiograficamente são aquelas nas regiões torácica, abdominal, pélvica e
inguinal.
LlNFOGRAFIA
Linfografia é o termo geral usado para descrever o exame radiográfico dos
vasos linfáticos e linfonodos após a injeção de um contraste. O termo
linfangiografia é freqüentemente usado para o estudo radiográfico dos vasos
linfáticos após a injeção de um contraste. Isso é feito através da injeção de
um contraste oleoso no interior do vaso linfático (usualmente nos pés ou
nas mãos) e do rastreamento de sua trajetória, com radiografias em
intervalos cronometrados.
Como o ritmo da circulação do sistema linfático é muito lento, as seqüências
cronometradas necessárias são também muito lentas. Os vasos linfáticos
são usualmente visualizados dentro da primeira hora após a injeção, e os
linfonodos são vistos 24 horas após.
Com o advento da tomografia computadorizada, que pode visualizar
prontamente linfonodos aumentados, exames de linfografia usando
contraste, como descrito acima, estão sendo realizados em menor número.
678-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
P R O C E D I M E N TO S AN G lOGRA FICO S
Visão Global
Como definido no início deste capítulo, angiografia refere-se ao estudo
radiológico dos vasos após injeção de contraste. Para visualizar essas
estruturas de baixo contraste, um contraste é injetado através de um
cateter colocado no vaso de interesse. Contraste positivo é mais
comumente usado, mas há momentos nos quais o uso de contraste
negativo é indicado. Equipamento altamente especializado para o estudo
é exigido para esses procedimentos.
A angiografia pode ser mais especificamente descrita da seguinte forma:
Arteriografia: estudo das artérias.
Venografia: estudo das veias.
Angiocardiografia: estudo do coração e estruturas associadas. Linfografia:
estudo dos vasos linfáticos/linfonodos.
Este capítulo tenciona ser uma introdução à angiografia e procedimentos
intervencionistas, não incluindo a variedade de técnicas, informação e
procedimentos disponíveis.
A EQUIPE DE ANGIOGRAFIA
A angiografia é realizada por uma equipe de profissionais de saúde, incluindo
(1) um radiologista (ou outro angiografista qualificado),
(2) um técnico ou enfermeiro qualificado e
(3) um técnico em radiologia. Dependendo do protocolo departamental e
da situação específica, um médico, enfermeiro ou técnico e/ou técnico
em hemodinâmica adicional pode também estar disponível para auxiliar
no procedimento.
A angiografia é freqüentemente uma área ou especialidade prática para
técnicos ou outros profissionais de saúde. Uma equipe competente e
eficiente é crucial para o sucesso do procedimento.
CONSENTIMENTO E CUIDADOS DO PACIENTE PRÉ-PROCEDIMENTO
Uma história clínica deve ser obtida antes do procedimento. Ela deve incluir
perguntas para avaliar a capacidade do paciente de tolerar a injeção de
contraste (isto é, história de alergias, condição cardíaca/pulmonar e função
renal). O paciente também será entrevistado a respeito da história
medicamentosa e sintomas. A história medicamentosa é importante, pois
alguns medicamentos são anticoagulantes e causarão sangramento
excessivo durante e após o procedimento. Conhecer a história
medicamentosa é também importante durante a seleção da prémedicação.
Resultados laboratoriais prévios e outros dados pertinentes são também
revisados.
Uma explicação detalhada do procedimento será dada ao paciente, o que
é importante para garantir completa compreensão e cooperação. A
explicação incluirá possíveis riscos e complicações do procedimento, de
forma que o paciente fique completamente informado antes de assinar oconsentimento.
Alimentos sólidos são suspensos por aproximadamente 8 horas antes do
procedimento a fim de reduzir o risco de aspiração. No entanto, assegurar-se
de que o paciente está bem hidratado é importante para reduzir o risco da
indução de lesão renal pelo contraste.
Pré-medicação usualmente é dada para os pacientes antes do procedimento
a fim de ajuda-los a relaxar. O paciente pode ficar mais confortável na mesa
com a colocação de uma esponja sob os joelhos a fim de reduzir a tensão
das costas. Sinais vitais são obtidos e registrados, e o pulso na extremidade
distal do local de punção selecionado é avaliado. No local da punção são
realizadas tricotomia e assepsia, e, em seguida, são colocados os campos
estéreis.
Comunicação e monitorização contínuas do paciente pelo técnico e pelos
outros membros da equipe de angiografia aliviarão muito o medo e o
desconforto do paciente.
679-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
ACESSO VASCULAR PARA INJEÇÃO DE CONTRASTE
Para visualizar o(s) vaso(s) de interesse, um cateter deve ser introduzido
na vasculatura do paciente para que o contraste seja injetado através dele.
Um método comumente usado para cateterização é a técnica de Seldinger.
Essa técnica foi desenvolvida pelo Dr. Sven Seldinger na década de
1950 e permanece popular até hoje. É uma técnica percutânea
(através da pele) e pode ser usada para acessos venosos ou arteriais.
Três vasos são tipicamente avaliados para a cateterização:
(1) femoral, (2) braquial e (3) axilar. O angiografista fará a seleção com
base na presença de um pulso forte e na ausência de doença vascular.
A artéria femoral é o local preferido para punção arterial devido ao seu
tamanho e à localização facilmente acessível. Se uma punção femoral
for contra-indicada devido a enxertos cirúrgicos prévios, presença de
aneurisma ou doença vascular oclusiva, a artéria braquial ou axilar
pode ser selecionada. A veia femoral seria também o vaso de escolha
para acesso venoso.
A seguir, a descrição passo a passo da técnica de Seldinger:
TÉCNICA DE SELDINGER
Passo 1 - inserção da agulha: A agulha, com uma cânula interna, é
colocada em uma pequena incisão e avançada de modo a puncionar ambas
as paredes do vaso.
Passo 2 - colocação da agulha na luz do vaso: A colocação da agulha
na luz do vaso é obtida com a remoção da cânula interna e a retirada lenta
da agulha até que um fluxo sangüíneo constante retome através da agulha.
Passo 3 - inserção do guia metálico: Quando o fluxo sangüíneo desejado
retoma através da agulha, a extremidade flexível de um guia metálico é
inserida através da agulha e avançada cerca de 10 cm no interior do vaso.
Passo 4 - remoção da agulha: Após o posicionamento do guia metálico, a
agulha é removida pela retirada dessa por sobre a porção do guia metálico
que permanece externamente ao paciente.
Passo 5 - condução do cateter até a área de interesse: O cateter é então
conduzido sobre o guia metálico e avançado até a área de interesse sob
controle fluoroscópico.
Passo 6 - remoção do guia metálico: Quando o cateter estiver localizado na
área desejada, o guia metálico é removido do interior do cateter. O cateter
então permanece em seu posicionamento como uma conexão entre o
exterior do corpo e a área de interesse.
OUTRAS TÉCNICAS PARA ACESSO VASCULAR
Existem duas técnicas menos comuns para acessar vasos que podem ser
usadas quando necessário. Uma é chamada de dissecção, a qual exige um
pequeno procedimento cirúrgico para expor o vaso de interesse. A segunda
técnica é a abordagem translombar, que exige que o paciente seja colocado
em decúbito ventral e que uma longa agulha seja \Jassada através do
abdome ao nível de T12 ou L2 para o interior da aorta. Essas duas técnicas
não são tão comuns e não são ilustradas especificamente neste capítulo.
680-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
ACESSO VASCULAR, cont.
Os itens estéreis mostrados na Fig. 21.38 foram colocados pelo radiologista
e estão preparados para a punção arterial. O monifoldo de três divisões
mostrado no campo estéril nessa fotografia é conectado por extensões de
tubos a
1) um transdutor para medição da pressão no vaso,
(2) um gotejamento salino heparinizado sob pressão e
(3) um contraste apropriado. A seringa adaptada à extremidade inferior do
monifoldo permite injeção manual de medicação ou do contraste, e a outra
extremidade do monifoldo fixa-se ao cateter posicionado.
Os cateteres possuem diferentes formatos em suas extremidades distais a
fim de permitir um fácil acesso ao vaso de interesse. O técnico deve estar
familiarizado com os tipos, a radiopacidade, os tamanhos, a construção e a
forma da ponta dos cateteres e guias metálicos usados. Muitos desses
cateteres estão disponíveis (Fig. 21.39).
O cateter deve ser lavado com freqüência durante o procedimento para
prevenir a formação de coágulos sangüíneos que possam se tornar embólicos.
BANDEJA ANGIOGRÁFICA
Uma bandeja estéril contém o equipamento básico necessário para uma
cáteterização de Seldinger de artéria femoral (Fig. 21 AO). Itens estéreis
básicos incluem os seguintes:
1. Hemostatos
2. Solução anti-séptica e esponjas preparadas
3. Lâmina de bisturi
4. Seringa e agulha para anestesia local
5. Bacias e cuba
6. Campos e toalhas estéreis
7. Band-Aids
8. Cobertura do intensificador de imagem estéril
CONTRASTE
O contraste de escolha é uma substância iodada não-iônica e hidrossolúvel
devido à sua baixa osmolaridade e ao risco reduzido de reação
alérgica. A quantidade necessária dependerá do vaso a ser examinado.
Como em todos os procedimentos que usam contraste, um equipamento
de emergência deve estar prontamente disponível, e o técnico deve estar
familiarizado com o protocolo em caso de reação alérgica do paciente. Uma
escrição completa do contraste está disponível no Capo 17.
681-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
IMAGEM
Uma vez que o vaso de interesse esteja cateterizado sob orientação fluoroscópica, uma pequena injeção manual de contraste será dada para
garantir que o cateter esteja em uma posição precisa (isto é, está na luz do vaso e não cravado contra a parede). Para a série de imagens, um
injetor eletromecânico fornece uma quantidade predeterminada de contraste e as imagens são obtidas. A taxa de aquisição de imagens é
rápida, freqüentemente na faixa de vários quadros por segundo. A série será revisada para determinar qual série adicional precisa ser feita, se é
que precisa.
PROTEÇÃO CONTRA RADIAÇÃO
Existe um risco potencial no que diz respeito à dose aumentada de radiação para os profissionais de saúde que são membros de uma equipe
de angiografia. Isso ocorre devido ao uso de fluoroscopia e à sua proximidade com o paciente e o equipamento durante o procedimento. O uso
consciencioso de dispositivos de proteção contra radiação como protetores de chumbo, escudos tireoidianos e óculos de chumbo é necessário.
Garantir que o tempo de fluoroscopia é o mínimo absoluto é também vital para redução da dose.
Colimação precisa é importante para reduzir a dose para o paciente e para a equipe de angiografia e limitar a quantidade de radiação
secundária produzida que irá degradar a qualidade da imagem é também essencial.
Protetores de chumbo podem ser suspensos no teto como um modo adicional de proteção ao rosto e aos olhos do angiografista. Além disso, a
unidade de angiografia pode possuir filtros especializados de feixes e capacidade de fluoroscopia pulsada para ajudar a assegurar que a dose
seja mantida em valores mínimos.
CONTRA-INDICAÇÕES
Contra-indicações para pacientes que serão submetidos à angiografia incluem alergia ao contraste, função renal prejudicada, distúrbios da
coagulação sangüínea ou uso de medicamento anticoagulante e função cardiopulmonar /neurológica instável.
RISCOS/COMPLICAÇÕES
Procedimentos angiográficos não são isentosde risco para o paciente. Alguns dos riscos e complicações mais comuns são os seguintes:
Sangramento no local da punção: Isso pode usualmente ser controla do com aplicação de compressão.
Formação de trombos: Um coágulo sangüíneo pode se formar em um vaso e interromper o fluxo para áreas distais.
Formação de êmbolo: Um pedaço de placa pode ser desalojado de uma parede do vaso pelo cateter. Um acidente vascular cerebral ou
oclusão de outro vaso pode ocorrer. . Dessecação de um vaso: O cateter pode romper a íntima de um vaso. . Infecção do local de punção: Isso
é causado pela contaminação do campo estéril.
Reação ao contraste: Essa pode ser leve, moderada ou grave (ver Capo 17).
Se a artéria braquial ou axilar foi usada para a cateterização, há o risco adicional de dano aos nervos adjacentes e de espasmo arterial. A
abordagem translombar também possui riscos adicionais para o paciente, que incluem hemotórax, pneumotórax e hemorragia retroperitoneal.
Raramente, uma porção do guia metálico ou do cateter pode quebrar no vaso. O fragmento se torna um êmbolo e o paciente corre muito risco.
O fragmento pode ser recuperado usando um tipo especial de cateter (ver p. 694).
CUIDADOS APÓS O PROCEDIMENTO
Após o procedimento angiográfico, o cateter é removido e compressão é aplicada no local da punção. O paciente permanece em repouso no
leito por no mínimo 4 horas, mas a cabeceira da cama/maca deve estar elevada aproximadamente 30°. Durante esse período, o paciente é
monitorizado e os sinais vitais e o pulso periférico distal ao local da punção são conferidos regularmente. A extremidade é também avaliada
quanto à temperatura, cor e sensibilidade para garantir que a circulação não tenha sido interrompida. Líquidos orais são dados e analgésicos
são fornecidos se necessário.
Devem ser dadas instruções aos pacientes em caso de sangramento espontâneo no local da punção: aplicar pressão e procurar socorro.
Pacientes que sofreram uma abordagem translombar devem seguir condutas similares após o procedimento, com exceção de compressão
externa. Nesse caso, o sangramento é controlado internamente, já que sangramento na musculatura periaórtica fornece compressão interna.
Avanços recentes incluem o desenvolvimento de dispositivos para fechar cirurgicamente o local de punção de forma percutânea. O dispositivo
usado para isso é parte do sistema de introdução de cateter. Na conclusão do procedimento, o vaso é suturado usando o dispositivo
especializado fixado. Isso é vantajoso para o paciente, pois reduz o risco de hemorragia e não é necessário que o angiografista comprima a
virilha por diversos minutos. Essa técnica é efetiva mesmo se o paciente tomar anticoagulantes. '
Modificações no Procedimento
APLICAÇÕES PEDIÁTRICAS
Pacientes pediátricos que necessitam de angiografia geralmente são efetivamente sedados ou estão sob anestesia geral para os
procedimentos, dependendo da idade e da condição do paciente. Neonatos provenientes de berçários com terapia especial são cobertos com
cobertores aquecidos durante o procedimento para manter a sua temperatura corporal.
Parentes e acompanhantes não são usualmente permitidos na unidade de angiografia. No entanto, deve ser dada uma explicação completa a
eles sobre o procedimento antes de assinarem o consentimento.
Pacientes pediátricos podem sofrer de patologias semelhantes às dos pacientes adultos. No entanto, procedimentos angiográficos, especial-
mente cateterização cardíaca, são freqüentemente indicados para investigar defeitos congênitos.
APLICAÇÕES GERIÁTRICAS
Perda do sensório (visão, audição etc.) associada ao envelhecimento pode levar o paciente geriátrico a exigir paciência, assistência e
monitorizarão adicionais durante o procedimento. Pacientes geriátricos freqüentemente sentem nervosismo e medo de cair da mesa de exame,
que é bastante estreita nas unidades angiográficas. Renovação da confiança e cuidado adicional por parte do técnico durante o procedimento
ajudam o paciente a sentir-se seguro e confortável.
Um colchão radiolucente para acolchoamento adicional na mesa de exame dará conforto aos pacientes geriátricos. Cobertores adicionais
devem estar disponíveis após o procedimento para mantê-los aquecidos.
Pacientes idosos podem apresentar tremores ou dificuldade de permanecer imóveis; o uso de alta mA resultará em períodos menores de
exposição que ajudarão a reduzir o risco de movimentação nas imagens.
682-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Equipamento para Estudo Angiográfico
SALA DE ANGIOGRAFIA
Uma sala de angiografia é equipada para todos os tipos de procedimentos
angiográficos e intervencionistas e possui uma ampla variedade de agulhas,
cateteres e guias metálicos ao alcance das mãos. É maior do que as salas
para radiografia convencional e possui uma pia e área para escovação e
uma sala de espera para os pacientes. A sala angiográfica deve ter saídas
para oxigênio e aspiração, e equipamento médico de emergência deve
estar próximo.
EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS
Uma unidade angiográfica geralmente exige o seguinte:
Uma mesa do tipo ilha que forneça acesso ao paciente por todos os lados.
Ela deve ter capacidade flutuante nos quatro sentidos, altura ajustável e
um mecanismo de inclinação.
Imagem com amplo campo de visão, justificados com fluoroscopia
digital com braço C.
Sistema de aquisição de imagem digital programável que permita seleção
e aquisição de taxa e seqüência de imagem e processamento das imagens.
Tubo(s) especializado(s) de raios-X com alta capacidade de carregar calor e
rápido esfriamento a fim de atender à necessidade de mA alta, taxas de
quadro mais altas e série de aquisição múltipla. (Um sistema biplano é
mostrado na Fig. 21.4 1). Injetor eletromecânico para fornecimento do
contraste (ver descrição completa na p. 683).
Equipamento para monitorizarão fisiológica que permita monitorizar as
pressões arterial e venosa do paciente e ECG (especialmente importante
para angioplastia e cateterização cardíaca).
Método de arquivamento de imagens ligado ao PACS e/ou à impressora
a laser.Sistemas mais antigos usam alternadores biplanos de corte do filme
(ver Fig. 21.44), mas estão sendo amplamente substituídos pelos sistemas
digitais.
AQUISiÇÃO DIGITAL
Conforme a radiação atravessa o paciente e é detectada pelo intensificador
de imagem, este converte a energia dos raios X para luz. Esta é então
transmitida para um sistema de televisão que converte a luz em um sinal
elétrico e envia esse sinal para um conversar de analógico para digital. O
sinal é então digitalizado e enviado para o processador digital de imagem.
O processador de imagem permite que o técnico exiba, manipule e armazene
as imagens. A imagem digital de um arteriograma carotídeo é mostrada na
Fig. 21.42.
ANGIOGRAFIA DIGITAL COM SUBTRAÇÃO (DSA)
Uma vantagem da tecnologia digital é a capacidade de realizar a angiografia
digital com subtração (OSA). O método digital substitui o antigo método
fotográfico de subtração de imagem. Com a tecnologia digital, um
computador altamente sofisticado "subtrai" ou remove algumas estruturas
anatômicas de modo que a imagem resultante demonstre apenas o(s)
vaso(s) de interesse contendo o contraste (Fig. 21.43). Uma imagem
subtraída aparece como uma imagem inversa e pode visualizar
informações diagnósticas não-aparentes em uma imagem convencional
não-subtraída.
Imagens Pós-processamento Como as imagens são digitais e armazenadas,
muitas opções após o processamento estão disponíveis a fim de melhorar
ou modificar a imagem. Algumas funções pós-processamento (ex.,
alteração de pediu ) permitem que o técnico melhore a qualidade da imagem
subtraída. A imagem pode ser ampliada (zoom) para se ver estruturas
específicas, e analisada quantitativamente para medir distâncias, calcular
estenose etc. Muitas outras opções também estão disponíveis.
A aquisição digital permite que as imagens sejam arquivadas diretamente
para um PACS sedisponível, com todas as vantagens inerentes (fácil acesso
às imagens pelos especialistas, eliminação de filmes perdidos, visão
simultânea de imagens etc.).
683-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ALTERNADORES BIPLANOS DE FILME
No passado, o típico procedimento angiográfico cerebral usava alternadores
biplanos de filme em conjunção com dois tubos radiográficos. Eles têm sido
amplamente substituídos por equipamento biplano digital, mas alternadores
de corte de filme ainda podem ser usados ocasionalmente, e os técnicos
devem estar familiarizados corn eles.
Um tipo de alternador de corte de filme é mostrado na Fig. 21.44. Cada
unidade do alternador de corte do filme deve ser independente da outra,
e as duas devem ser colocadas facilmente em ângulo reto entre si. Esse
arranjo permite exposição de uma série de radiografias tanto na posição
lateral quanto na posição AP com uma única injeção de contraste.
O mecanismo interno do alternador de filme move rapidamente o filme
desde o compartimento de fornecimento até a área de exposição e finalmente
até o depósito receptor. Um selecionador de programa opera o alternador
de filme durante exposições seriadas ou únicas, regulando a taxa de filmagem
e a duração de cada fase da série. Desse modo, o selecionador de programa
controla o número de filmes por segundo e a duração total do tempo em que
as exposições devem ser feitas. O selecionador de programa é integrado de
modo que o injetar de contraste é sincronizado com o processador de imagem.
INJETOR AUTOMÁTICO ELETROMECÂNICO DE CONTRASTE
Conforme o contraste é injetado para o interior do sistema circulatório, ele
é diluído pelo sangue. O material contrastado deve ser injetado com
pressão suficiente para vencer a pressão arterial sistêmica do paciente e
para manter uma concentração a fim de minimizar a diluição pelo sangue.
Para manter a taxa de fluxo necessária para a angiografia, um injetor
automático eletromecânico é usado. A taxa de fluxo é afetada por várias
variáveis, como a viscosidade do contraste, o comprimento e o diâmetro do
cateter e a pressão de injeção. Dependendo dessas variáveis e do vaso a
ser injetado, a taxa de fluxo desejada pode ser selecionada antes da injeção.
Um típico injetor digital automático de contraste é mostrado na Fig. 21.45.
Todo injetor é equipado com seringas, um dispositivo de aquecimento, um
mecanismo de alta pressão e um painel de controle. As seringas de uso
comum são descartáveis. Seringas reutilizáveis devem ser facilmente
desmontadas para esterilização. O dispositivo de aquecimento aquece e
mantém o contraste na temperatura corporal, reduzindo a viscosidade do
contraste. O mecanismo de alta pressão é usualmente um dispositivo
eletromecânico que consiste em um impulso motor que move o êmbolo da
seringa para dentro ou para fora.
Aspectos adicionais de um injetor eletromecânico automático além de
segurança, conveniência, facilidade de uso e confiabilidade dos parâmetros
da taxa de fluxo incluem os seguintes: (1) acendimento de luz quando
armado e pronto para injeção; (2) um controle de injeção lento ou manual
para remover bolhas de ar da seringa; e (3) controles para impedir a injeção
inadvertida ou pressão excessiva ou a injeção de grande quantidade.
684-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Modalidades ou Procedimentos Alternativos
Além dos procedimentos específicos de angiografia listados abaixo, modalidades e procedimentos alternativos estão também disponíveis nos
centros de imagem.
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (Te)
Aquisição de volume, reconstrução de imagens subseqüente e equipamento sofisticado fizeram da TC uma valiosa ferramenta na avaliação de
vasos. A tomografia computadorizada é usada para estudar aneurismas aórticos e (se as especificações do equipamento permitirem) é útil no
diagnóstico de embolia pulmonar.
A angiografia por tomografia computadorizada (ATe) é um estudo que fornece imagens das estruturas vasculares em corte transversal e que,
dependendo da capacidade do equipamento, podem ser reconstruídas em uma imagem em 3D. A ATC fornece a vantagem da administração
intravenosa do contraste, eliminando a necessidade de punção arterial e inserção de cateter.
MEDICINA NUCLEAR
A tecnologia da medicina nuclear é freqüentemente usada em conjunto com a angiografia na investigação de certas patologias
cardiovasculares, algumas das quais incluem embolia pulmonar, sangramento GI, hipertensão renovasculare doença arterial coronariana. A
medicina nuclear complementa outras modalidades de imagem, pois fornece basicamente informações fisiológicas mas poucos detalhes
anatômicos.
ULTRA-SOM (SONOGRAFIA)
O papel da ultra-sonografia no estudo cardiovascular tem aumentado. O ultra-som pode ser usado para estudar a permeabilidade dos vasos e
demonstrar a formação de trombos, placas ou estenose. Duplex colorido (fluxo Doppler colorido) é também usado, no ultra-som, para
demonstrar a presença ou a ausência de fluxo no interior do vaso, a direção do fluxo e, com equipamento mais sofisticado, a velocidade do
fluxo. A ecocardiografia fornece imagens detalhadas do coração para a investigação de inúmeras condições cardíacas, incluindo doença valvar,
aneurisma, cardiomiopatia, infarto miocárdico e defeitos congênitos.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM)
A angiografia por ressonância magnética (ARM) fornece imagens altamente detalhadas da vasculatura do paciente. Essa é uma vantagem, já
que não é necessário contraste e a punção de vaso é evitada.
ANGIOGRAFIA ROTACIONAL
Durante a injeção do contraste e durante a obtenção das imagens, o braço C de uma unidade angiográfica é rodado até 1800 ao redor do
paciente. A estrutura e o sistema vasculares são visualizados em uma ampla variedade de ângulos com uma única injeção de contraste. As
imagens resultantes podem ser executadas digitalmente em um modo cine loop a fim de garantir uma apresentação dinâmica da imagem. O
estudo rotacional pode fornecer informação a respeito de quais vasos necessitam de investigação adicional ou do ângulo ótimo do equipamento
para usar em estudos posteriores.
ANGIOGRAFIA ROTACIONAL TRIDIMENSIONAL (3D)
Uma imagem tridimensional (3D) pode ser produzida a partir de dados da imagem adquirida durante uma aquisição rotacional. Os dados são
processados por um sofisticado sistema computadorizado e exibidos.
Os sistemas de reconstrução 3D de imagens são valiosos na visualização de patologias complexas da vasculatura intracraniana (por exemplo,
malformações arteriovenosas ou aneurismas com localização ou características incomuns). Informações obtidas por imagens 3D são
freqüentemente úteis no planejamento da abordagem intervencionista para essas patologias. O estudo rotacional 3D está sendo também
avaliado para uso em outras áreas, incluindo as regiões torácica e abdominal.
ANGIOGRAFIA COM CO2
Como uma alternativa para o contraste iodado, o CO2 está sendo usado em alguns centros para procedimentos selecionados quando agentes
contrastados iodados são contra-indicados. Isso pode incluir pacientes com doença cardiopulmonar, diabetes melito ou insuficiência renal. O
uso de CO2 como agente contrastado é também indicado para pacientes com história de reação alérgica ao contraste iodado.
Injetores especializados em CO2 têm sido desenvolvidos para garantir fornecimento preciso e adequadamente cronometrado do gás para o
interior dos vasos a serem examinados. Alguns equipamentos angiográficos possuem programação especializada de imagem digital para
otimizar o uso do C02o
Certas limitações e riscos estão associados com a angiografia com CO2, mas espera-se que o uso de CO2 como um contraste encontre grande
aplicação no futuro.
Procedimentos Angiográficos Específicos
A próxima parte deste capítulo introduz e descreve rapidamente os sei_ procedimentos angiográficos mais comumente realizados em um típico{
centro de imagem, que são os seguintes:(A rotina específica de cad. um deles será determinada pelas preferências do radiologista ou pc
protocolo departamental.)
1. Angiografia cerebral 2. Angiografia torácica 3. Angiocardiografia
4. Angiografia abdominal
5. Angiografia periférica
6. Linfografia
As descrições de cada um desses procedimentos incluirão o segui te:
Objetivo
Indicações patológicas
Cateterização
Contraste
Imagem
685-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ANGIOGRAFIA CEREBRAL
Objetivo
Angiografia cerebral é um estudo radiológico dos vasos sangüíneos do
cérebro. O objetivo básico da angiografia cerebral é fornecer um "mapa" da
vasculatura que facilitará, para os médicos, a localização e o diagnóstico de
patologias ou outras anormalidades do cérebro e região do pescoço.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para a angiografia cerebral incluem as seguintes:
Estenose e oclusões vasculares
Aneurismas
Trauma
Malformações arteriovenosas
Doença neoplásica
Cateterizaçào
A abordagem femoral é preferida para a inserção do cateter. O cateter é
avançado até o arco aórtico e o vaso a ser estudado é selecionado. Vasos
comumente selecionados para angiografia cerebral incluem as artérias
carótidas comuns, as artérias carótidas internas, as artérias carótidas
externas e as artérias vertebrais.
Contraste
A quantidade de contraste necessária depende do vaso a ser examinado,
mas usualmente varia entre 5 a 10 ml.
Imagem
Equipamento biplano é preferido para a angiografia cerebral (Fig. 21 .46).
A seqüência de imagem selecionada deve incluir todas as fases da
circulação: arterial, capilar e venosa; e tipicamente durará de 8 a 10
segundos.As incidências necessárias dependem dos vasos a serem
examinados. A seguir estão vários exemplos.
Arteriografia da Carótida Comum
Arteriogramas carotídeos estão entre os angiogramas cerebrais mais
freqüentemente realizados.
Ocasionalmente, antes de um angiograma carotídeo de três vasos ou
de quatro vasos, são feitas duas visões radiográficas do pescoço para
visualizar cada artéria carótida comum (Figs. 21.47 e 21.48). A artéria
carótida comum direita é demonstrada na incidência AP e a posição lateral
examina essa artéria e sua bifurcação em artérias carótidas interna e
externa. A área de bifurcação é cuidadosamente estudada em busca de
doença oclusiva (ver setas). A artéria carótida comum esquerda é estudada
de modo similar durante o exame.
Arteriografia da Carótida Interna
Um segundo arteriograma craniano comum demonstra as artérias carótidas
internas. Radiografias representativas da fase arterial de um angiograma da
carótida interna esquerda são mostradas nas radiografias das Figs. 21.49 e
21 .50. Na radiografia axial AP, o assoalho da fossa anterior e as cristas
petrosas estão superpostos. Isso permite a visualização da bifurcação da
artéria carótida interna em artérias cerebrais anterior e média
(ver Anatomia, p. 670).
686-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ANGIOGRAFIA TORÁClCA
Objetivo
A angiografia torácica demonstra o contorno e a integridade da vasculatura
torácica. Aortografia torácica é um estudo angiográfico da aorta ascendente,
do arco, da porção descendente da aorta torácica e dos ramos principais.
Arteriografia pulmonar é um estudo angiográfico dos vasos pulmonares
usualmente realizado para investigar em boi ia pulmonar. Como mencionado
anteriormente, a angiografia pulmonar é realizada menos freqüentemente
devido à disponibilidade de modalidades alternativas.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para angiografia torácica e pulmonar incluem as
seguintes:
Aneurismas
Anormalidades congênitas
Estenose dos vasos
Embolia
Trauma
Cateterização
O local de punção preferido para um aortograma torácico é a artéria fernoral.
O cateter é avançado até o local desejado na aorta torácica. Procedimentos
seletivos podem ser realizados com o uso de cateteres especialmente feitos
para o acesso do vaso de interesse.
Devido à localização da artéria pulmonar, a veia femoral é o local preferido
para inserção do cateter. Ele é avançado ao longo das estruturas venosas,
para o interior da veia cava inferior, através do átrio direito do coração até
o ventrículo direito e desse para a artéria pulmonar. Ambas as artérias
pulmonares são usualmente examinadas.
Contraste
A quantidade de contraste necessária variará de acordo com o procedimento;
no entanto, uma quantidade média para angiografia torácica é de 30 a 50 ml.
Para angiografia pulmonar seletiva, a quantidade média é de 25 a 35 ml.
Imagem
Imagens seriadas para angiografia torácica são obtidas em vários segundos.
A taxa e a seqüência de imagens dependem de muitos fatores, incluindo
tamanho do vaso, história do paciente e preferência do médico.
A respiração é suspensa durante a obtenção da imagem.
Aortograma Torácico Devido à estrutura da aorta proximal, uma incidência
oblíqua é necessária para visualizar o arco aórtico. Uma AGE a 45° é
preferida para evitar a sobreposição de estruturas e para visualizar qualquer
anomalia (Figs. 21.51 e 21.52). Isso é feito através da manipulação do
braço C, em vez do paciente, até o grau de obliqüidade desejado.
Arteriograma Pulmonar A Fig. 21.53 demonstra a fase arterial de um
angiograma pulmonar (DSA). A seqüência de imagem é usualmente
ampliada durante esse procedimento para visualizar a fase venosa da
circulação.
687-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ANGIOCARDIOGRAFIA
Objetivo
Angiocardiografia refere-se especificamente ao estudo radiológico do coração
e estruturas associadas. Arteriografia coronariana é usualmente realizada
ao mesmo tempo para visualizar as artérias coronárias.
Cateterização cardíaca é um termo mais geral usado para descrever a
colocação do cateter no coração, e inclui estudos adicionais aos estudos
radiológicos, como obter amostras de sangue para medição da saturação
de oxigênio ( oximetria ) e medição das pressões e gradientes
hemodinâmicos. É necessário equipamento especializado para monetarização
fisiológica para essas medições sensíveis. Para os fins deste texto,
focalizaremos o estudo da cateterização cardíaca.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para angiocardiografia e arteriografia coronariana
incluem as seguintes:
Doença arterial coronariana e angina
Infarto miocárdico
Doença valvular
Dor torácica atípica
Anomalias cardíacas congênitas
Outras patologias do coração e da aorta
Cateterização
Como nos outros angiogramas, a artéria femoral é o local preferido para
cateterização. O cateter é avançado até a aorta e ao longo de sua extensão
para o interior do ventrículo esquerdo para o ventriculograma esquerdo.
Um cateter pígtoíl é usado, pois um grande volume de contraste será
injetado. Para o arteriograma coronariano, o cateter é trocado e a artéria
coronária é selecionada; as artérias coronárias direita e esquerda são
examinadas rotineiramente. Cateteres com formatos especiais são
projetados para caber em cada uma das artérias coronárias.
Após a injeção do contraste nas artérias coronárias, o cateter é
imediatamente removido para evitar oclusão do vaso.
Acesso ao lado direito do coração seria obtido através da cateterização da
veia femoral e avanço do cateter através das estruturas venosas até que o
lado direito do coração seja alcançado.
Contraste
Aproximadamente 40 a 50 ml de contraste iodado hidrossolúvel nãoiônico
e de baixa osmolaridade são injetados para o ventriculograma. As artérias
coronárias exigem tipicamente 7 a 10 ml de contraste por injeção.
Imagem
A taxa de imagem para angiocardiografia é muito rápida, na faixa de 15 a
30 quadros por segundo, e é mais alta em pacientes pediátricos.
Se equipamento biplano estiver disponível para o ventriculograma esquerdo,
imagens em incidência AOD e AOE serão obtidas. Se o equipamento é de
plano único, umaimagem AOD a 30° será obtida rotineiramente (Fig. 21.54).
Usando o ventriculograma, a fração de ejeção pode ser calculada. A fração
de ejeção é expressa como uma porcentagem e fornece uma indicação da
eficiência da bomba do ventrículo esquerdo (Fig. 21.56).
Uma série de imagens oblíquas é obtida para visualização completa das
coronárias. Rotineiramente, seis tomadas da coronária esquerda são
obtidas, e duas tomadas da coronária direita são obtidas (mais tomadas são
obtidas da coronária esquerda, pois na maioria das pessoas ela e seus
ramos fornecem o suprimento sangüíneo para a maior parte do coração).
O uso de equipamento biplano de imagem é vantajoso, pois reduz a
quantidade de contraste necessária, já que duas incidências oblíquas podem
ser obtidas simultaneamente. A respiração é suspensa para a aquisição
da imagem.
As imagens são arquivadas em compacte dísco ou no PACS e, quando
executadas, são vistas em modo de filme.
688-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
ANGIOGRAFIA ABDOMINAL
Objetivo
Angiografia abdominal demonstra o contorno e a integridade da
vasculatura abdominal. Isso significa que a disposição ou o deslocamento
dos vasos abdominais que estão sendo estudados e possíveis obstruções
ou roturas de vasos (por exemplo, abaulamento do aneurisma)
serão demonstradas. Qualquer deslocamento dos vasos pode indicar uma
lesão ocupando espaço.
Aortografia refere-se ao estudo angiográfico da aorta, e estudos se
letivos referem-se a cateterização de um vaso específico. Cavografia
demonstra a veia cava superior e/ou inferior.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para angiografia abdominal incluem as seguintes:
Aneurismas
Anormalidade congênita . Sangramento GI
Estenose ou oclusão
Trauma
Cateterização
Para um aortograma, a aorta é tipicamente acessada pela artéria femoral.
O tamanho e o tipo do cateter necessário dependem da estrutura,
mas um cateter pigtoil é geralmente usado devido à grande quantidade de
contraste a ser injetado conforme a necessidade para o aortograma
(Fig. 21.57).
Estudos angiográficos seletivos exigem o uso de cateteres especialmente
configurados para acessar o vaso de interesse. Estudos seletivos
comumente realizados incluem o tronco celíaco, as artérias renais
(Fig.21.58) e as artérias mesentéricas inferior e superior, que são seleciona
das durante a investigação de sangramento GI. Um estudo super seletivo
envolve a seleção de um ramo do vaso. Um exemplo comum disso é a
seleção da artéria hepática ou esplênica, que são dois ramos do tronco celíaco.
A cateterização para a cavografia é obtida através da punção da veia femoral.
O cateter é então avançado até o nível desejado.
Contraste
Uma quantidade média de contraste para um aortograma e para um
cavograma é de 30 a 40 ml. A quantidade de contraste para estudos
seletivos varia, dependendo do vaso a ser examinado. Como em outros
procedimentos angiográficos, o contraste de escolha é iodado, hidros
solúvel e não-iônico, com baixa osmolaridade.
Imagem
As imagens são obtidas o paciente na posição supina; qualquer obliqüidade
exigida é obtida através da manipulação do braço C. Imagens seriadas
são obtidas tipicamente por vários segundos. A taxa e a seqüência
cia de imagens dependem de muitos fatores, incluindo tamanho do vaso,
história do paciente e preferência médica.
Antes da realização de qualquer estudo arterial seletivo, um angioograma
grama abdominal geralmente é obtido, preferivelmente incluindo desde
de o diafragma até a bifurcação da aorta. Ramos associados da aorta,
como as artérias renais direita e esquerda e as artérias mesentéricas
superior e inferior, serão visualizados, como mostrado nas imagens da
Fig. 21.59.
As seqüências de imagem para estudos seletivos são usualmente
estendidas para visualizar a fase venosa. A respiração é suspensa
durante a obtenção da imagem.
689-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
ANGIOGRAFIA PERIFÉRICA
Objetivo
Angiografia periférica é um exame radiológico da vasculatura periférica
após a injeção de contraste. Angiografia periférica pode ser um
arteriograma (Fig. 21.60), onde a injeção é feita através de um cateter
em uma artéria, ou um venograma, onde a injeção é feita no interior de
uma veia periférica. Venogramas são raramente realizados nos dias de
hoje devido à sensibilidade aumentada do ultra-som (Doppler colorido)
para demonstrar patologia, e não serão discutidos nesta seção.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para angiografia periférica incluem as seguintes:
Doença aterosclerótica
Estenose ou oclusão dos vasos
Trauma
Neoplasia
Embolia ou trombose
Cateterização
A técnica de Seldinger é usada para acessar a artéria femoral, ou,
alternativamente, para um arteriograma periférico. Para um arteriograma
de membro inferior, o cateter é avançado imediatamente superior à
bifurcação da aorta.
Para um arteriograma de membro superior, o cateter é avançado ao
longo da aorta torácica e abdominal. Para um estudo do membro
superior esquerdo, a artéria subclávia esquerda é selecionada; para
um estudo do membro superior direito, a artéria subclávia direita é
selecionada a partir do tronco braquiocefálico.
Contraste
A quantidade média de contraste necessária para um arteriograma de
membro superior é muito menor que para um arteriograma de membro
inferior. Isso ocorre devido à diferença no tamanho da parte e pelo fato
de o exame de membro superior ser unilateral, ao passo que no membro
inferior o exame é bilateral.
Imagens: Membro Superior
O estudo do membro superior exige o cálculo do tempo do fluxo sangüíneo,
e uma técnica similar àquela descrita previamente pode ser usada. A
diferença básica entre o estudo do membro superior e inferior é o fato de
ele ser unilateral no membro superior, e não bilateral como no membro
inferior.
Imagens: Membro Inferior
Devido à existência de variação no fluxo sangüíneo através de ambos os
membros inferiores como resultado da potência e oclusão de vaso, o tempo
de circulação deve ser determinado para garantir que o contraste seja
visível nos vasos durante o estudo. Diferentes métodos podem ser usados
para controlar o tempo do estudo. Isso pode ser feito manualmente controlando
a velocidade do movimento da mesa durante a obtenção da imagem, ou a
programação pode ser feita por computador.
Usando a técnica atual, uma vez que o tempo do fluxo sangüíneo tenha sido e
estabelecido, a mesa se move na faixa predeterminada e imagens são obtidas
na incidência PA. Essas imagens podem então ser reconstruídas para
garantir a visualização de todo o membro inferior (Fig. 21.61) ou podem ser
vistas individualmente (Fig. 21.62).
A respiração é suspensa para obtenção da imagem.
690-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
LlNFOGRAFIA
Objetivo
Linfografia é realizada para visualizar os vasos linfáticos e linfonodos.
Procedimentos em membros inferiores são os mais comuns e serão
discutidos nesta seção; no entanto, procedimentos em membros superiores
podem ser feitos.
Embora a TC tenha substituído amplamente a linfografia na avaliação dos
linfonodos, a linfografia é indicada em certas situações.
Indicações Patológicas
As indicações patológicas para linfografia incluem as seguintes:
Avaliação dos linfáticos no estagiamento das doenças malignas,
especialmente em cânceres cervicais e prostáticos
Avaliação do linfoma de Hodgkin
Edema periférico
Contra-indicações
A linfografia é contra-indicada para pacientes sensíveis a iodo, com doença
pulmonar avançada (o contraste é oleoso e terminará nos pulmões através
do ducto torácico), e para pacientes submetidos a radioterapia pulmonar
recentemente. Pacientes com tremores marcantes também não são
candidatos a esse procedimento, pois os vasos são frágeis e o tempo
de injeção é longo.
Técnica
A linfografia pode ser realizada na sala de raiosX geral; fluoroscopia não
é necessária. Assim como a angiografia, o procedimento é realizado em
condições assépticas.
Como os vasos linfáticos não são identificados, um corante azul é injetado
no subcutâneo interdigital entre o 1.° e 2° pododáctilos. Após 15 a 20
minutos, os pés são preparados, e o local de dissecção é isolado após a
colocação de campos estéreis. É feita anestesia local e em seguida a
dissecção. Quando os pés são incisados, os vasos linfáticos são
identificados como finas linhas azuis (os vasos linfáticos captaram o corante
azul). O linfático de cada pé é cateterizado e é iniciada a injeção do contraste.
Após o procedimento, a incisão é suturada.
Contraste
Um injetor automático é usado para fornecer aproximadamente 6 ml de
contraste para cada pé. Isso é fornecido lentamente, em cerca de 45
minutos, devido ao tamanho e à fragilidade dos vasos. É um agente
iodado oleoso; agentes hidrossolúveis são absorvidos muito rapidamente
para os fins desse procedimento.
Imagem
Durante a injeção, o procedimento padrão é obter uma imagem da
perna ou coxa para garantir que o contraste esteja progredindo
satisfatoriamente nos vasos linfáticos.
Aproximadamente 1 hora após a injeção, uma série de imagens é obtida.
Essa série de imagens demonstra os vasos linfáticos (Fig. 21 .63). Cerca
de 24 horas mais tarde, outra série de imagens é obtida para visualizar
os linfonodos (Fig. 21.64). O contraste permanecerá nos linfonodos por
3 a 4 semanas.
A série de imagens é focalizada na pelve e região abdominal inferior.
Incidências AP e posições laterais ou oblíquas são usadas para demonstrar
completamente as estruturas.
Riscos e Complicações
Riscos para o paciente que se submete a uma linfografia incluem infecção
na incisão, embolia oleosa e reação ao contraste.
,
691-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Definição e Objetivos
Procedimentos intervencionistas são procedimentos radiológicos que
intervêm em um processo de doença, fornecendo um desfecho terapêutico.
Relatando simplificadamente, os procedimentos intervencionistas usam
técnicas angiográficas para o tratamento da doença, além de fornecerem
algumas informações diagnósticas.
Essa é uma especialidade que cresce muito rapidamente à medida que os
procedimentos intervencionistas vêm se tornando uma ferramenta importante
no tratamento de uma lista crescente de patologias.
O objetivo desses procedimentos e os benefícios para o paciente e para o
sistemas de saúde incluem os seguintes:
Técnicas que são minimamente evasivas e de menor risco se comparadas
com os tradicionais procedimentos cirúrgicos
Procedimentos que são mais baratos que os procedimentos tradicionais
médicos e cirúrgicos . Menor tempo de hospitalização para o paciente .
Menor tempo de recuperação devido à segurança e à menor invasividade
do procedimento
Alternativa para pacientes que não podem se submeter à cirurgia
Esses procedimentos são usualmente realizados em uma unidade
angiográfica, sob a direção de um radiologista. Orientação fluoroscópica
é crucial para seguir o trajeto das agulhas e cateteres necessários.
O aumento na complexidade do tipo de procedimento intervencionista
usualmente realizado tem feito com que muitas unidades angiográficas
sejam aperfeiçoadas para alcançar as especificações de salas cirúrgicas.
Isso reduzirá o risco de infecção e permitirá o manejo cirúrgico rápido em
caso de complicações.
Procedimentos intervencionistas podem ser categorizados como
procedimentos vasculares ou não-vasculares.
PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS VASCULARES
Imobilização
Imobilização transcateter é um procedimento que usa uma abordagem
angiográfica para criar um êmbolo em um vaso, restringindo desse modo
o fluxo sangüíneo. Existem várias indicações clínicas para esse procedimento,
incluindo as seguintes:
Cessar o afluxo de sangue para um local de patologia.
Reduzir o fluxo sangüíneo para uma estrutura e tumor altamente
vascularizados antes da cirurgia.
Interromper sangramento ativo em um local específico.
Fornecer um agente quimioterápico.
Exemplos de procedimentos específicos de embolização incluem os seguintes:
Embolização da Artéria Uterina Esse é um procedimento usado para tratar fibróides sintomáticos. Embolização da artéria uterina pode reduzir o
fibróide e eliminar a dor e o sangramento associados a ele, substituindo assim a histerectomia.
Quimioembolização Isso é mais comumente usado para doenças malignas hepáticas. O agente quimioterápico é injetado no interior da
vasculatura tumoral. A taxa de sobrevida com esse procedimento é comparável à do tratamento com ressecção cirúrgica mais evasiva.
Investigação do uso dessa técnica para outros cânceres localmente avançados (por exemplo, pulmonar, mama, cerebral) está em andamento.
Embolização Endovascular Intracraniana com Molas Isso fornece uma alternativa para pacientes com aneurismas cerebrais que são inoperáveis
ou de alto risco cirúrgico. Usando microcateteres especial
Fig. 21.65 Angiografia (OSA) antes do procedimento de embolização. (Cortesia de Philips Medical Systems.)
Fig. 21.66 Angiografia (OSA) depois do procedimento de embolização (oclusão de aneurisma). (Cortesia de Philips Medica! Systems.)
mente projeta dos, molas destacáveis são usadas para ocluir completamente o saca e o calo do aneurisma.
Cateteres especiais são usados para colocar o agente embólico que pode ser temporário (por exemplo, gelfoam) ou permanente (por exemplo,
molas de aço inoxidável), dependendo da aplicação clínica do procedimento.
Riscos e Complicações As complicações dos procedimentos de embolização são similares às de outros procedimentos angiográficos e incluem
perfuração do vaso, acidente vascular cerebral e hemorragia. Para esses procedimentos, existe o risco adicional de oclusão do vaso
inapropriado. Deve-se ter bastante cuidado para evitar que isso ocorra.
Exemplos Um exemplo de um procedimento de embolização usado com sucesso para ocluir um aneurisma na artéria comunicante anterior é
demonstrado nas Figs. 21.65 e L 1.66 acima (imagens de angiograma digital DSA). A Fig. 21.66 demonstra que o local do aneurisma (ver seta)
está completamente ocluído após a realização da microcateterização e nove molas destacáveis foram colocadas no interior do aneurisma.
692-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Angioplastia Transluminal Percutânea e Colocação de Stent Angioplastia
A angioplastia transluminal percutânea (PTA) usa uma abordagem
angiográfica e cateteres especializados para dilatar um vaso, estenosado.
Um cateter com um balão vazio é avançado no vaso de interesse.
Pressões hemodinâmicas proximal e distal à estenose são obtidas e um
angiograma pré-angioplastia é realizado. A porção balonada do cateter
é colocada na estenose vascular e o balão é inflado. A pressão da
insuflação é monitorada por um medidor de pressão a fim de prevenir a
rotura vascular, e pode ser necessária mais de uma insuflação. A duração
das insuflações é cuidadosamente calculada a fim de eliminar o dano aos
tecidos distais devido à oclusão temporária do fluxo sangüíneo.
Os passos finais do procedimento incluem a obtenção da pressão arterial
proximal e distal à porção dilatada do vaso e um angiograma pós
angioplastia. Isso permite que a eficácia do procedimento seja avaliada.
Colocação de stent Para auxiliar na manutenção da desobstrução do vaso,
um stent pode ser inserido através da área a ser tratada durante a
angioplastia. Um stent é um dispositivo metálico, similar a uma gaiola,
que é colocado na luz do vaso a fim de fornecer suporte. Ele pode se
auto-expandir ou pode ser expandido por balão. O tipo que se auto
expande sofre expansão automática quando a cobertura do stent é
removida no vaso, e o tipo que se expande por balão (o stent comprimido
cobre o balão no cateter) é posicionado durante a fase da angioplastiana qual o balão é inflado. O uso de stents aumenta a duração do efeito
terapêutico do procedimento.
Esse procedimento é um dos procedimentos intervencionistas mais
duradouros e possui aplicação em uma ampla gama de tipos e tamanhos
de vasos (por exemplo, artérias coronárias, ilíacas, renais).
Riscos e Complicações Os riscos da angioplastia transluminal incluem rotura
e perfuração do vaso, embolia, oclusão vascular e dissecção.
Colocação de Stent-enxerto
Stent-enxerto é uma combinação de stents intervencionistas e enxertos
cirúrgicos. As indicações clínicas básicas para a colocação de stentenxerto
incluem aneurisma aórtico e injúrias vasculares traumáticas (Fig. 21.67).
Esse procedimento oferece uma opção para os pacientes que não são
candidatos a procedimentos cirúrgicos e representa menor risco para
pacientes que são candidatos à cirurgia.
Usa-se a abordagem angiográfica por dissecção, e á fluoroscopia é usada
para acompanhar a progressão do cateter. O stent-enxerto se autoexpande
após sua inserção através do cateter e sua fixação à parede do vaso
através de seus esteios. Embora a colocação de stent-enxerto seja
usada há muitos anos na Europa, ensaios clínicos para esse procedimento
estão em andamento nos Estados Unidos e no Canadá.
Riscos e Complicações As complicações para esse procedimento incluem
escape ao redor da enxertia de stent ou migração do dispositivo. Rotura
do vaso é também um risco.
693-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Filtro de Veia Cava Inferior
Um filtro de veia cava inferior é indicado para pacientes com embolia
pulmonar recorrente ou em pacientes de risco para embolia (por exemplo,
após o trauma com fraturas pélvicas e de membros inferiores). Um filtro é
colocado na veia cavo inferior para aprisionar êmbolos potencialmente fatais
originados nos membros inferiores. Vários filtros projetados estão
disponíveis para esse procedimento (Figs. 21.70 e 21.71).
A punção de veia femoral ou jugular é usada para obter o acesso até a veia
cava inferior. Uma técnica angiográfica é então usada para dispor do filtro
pelo cateter. O filtro possui esteios que o ancoram às paredes do vaso.
O filtro deve ser colocado inferiormente às veias renais a fim de prevenir
trombose dessas.
Riscos e Complicações Além das complicações angiográficas usuais
(infecção, sangramento etc.), há o risco adicional da migração do filtro para
o coração e os pulmões. O filtro pode também sofrer oclusão com o passar
do tempo.
Inserção de Dispositivos de Acesso Venoso
A colocação de dispositivos de acesso venoso tornou-se um procedimento
comum nas unidades vasculares e intervencionistas, pois a inserção do
cateter pode ser seguida por fluoroscopia. Esses cateteres venosos são
usados para administração de quimioterapia ou de grandes quantidades
de antibióticos, para exames de sangue freqüentes e para nutrição parenteral
total (NPT). Os cateteres podem permanecer no local por vários meses,
dependendo do tipo que está sendo usado e da indicação clínica. Os três
dispositivos mais comumente inseridos incluem os seguintes:
. Cateter central inserido perifericamente (acesso PICC) pode
permanecer no local por até 6 meses. A extremidade proximal do cateter
é posicionada nas proximidades do átrio direito, e a terminação distal
permanece exposta e deve ser coberta.
. Acesso de Hickman usualmente é usado para NPT e para pacientes
com transplante de medula óssea. A ponta do cateter é posicionada nas
proximidades do átrio direito, e a terminação distal é colocada em um
túnel sob a pele.
. Orifício subcutâneo é o mais permanente e o mais caro. A ponta do
cateter é posicionada nas proximidades do átrio direito, e o orifício de
injeção para quimioterapia fica imediatamente abaixo da parede torácica,
Os acessos são inseridos sob condições estritamente assépticas, pois o
paciente freqüentemente é imuno comprometido. O acesso ao sistema
venoso é usualmente feito através da veia cefálica ou da veia jugular.
Riscos e Complicações Complicações incluem infecção, trombose e
pneumotórax.
Shunt (derivação) Portossistêmico Intra-hepático Transjugular (TIPS)
Um shunt portos sistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) é um procedimento vascular intervencionista desenvolvido para tratar sangramento
por varizes (causadas por hipertensão porta), asciterefratária e cirrose. É útil no tratamento de pacientes com condições que variam de doença
hepática em estágio terminal até aqueles que aguardam transplante hepático. Esse procedimento cria uma passagem artificial para permitir que
a circulação venosa portal desvie da rota normal através do fígado (Fig.21.72).
O sistema porta é acessado através da veia jugular direita. Uma bainha é inserida para proteger os vasos da manipulação da agulha e cateter.
Usando orientação fluoroscópica e uma agulha transjugular, a agulha é avançada, acompanhando as estruturas venosas até alcançar a veia
hepática. A agulha avança então através de uma veia intra-hepática e do fígado, até a veia porta. Um guia metálico é avançado através da
agulha, que é removida, de modo que o cateter com balão (angioplastia) possa ser avançado. O balão no cateter é então inflado para criar um
trato através do fígado. Um stent metálico é colocado através do trato que se formou para manter sua desobstrução.
Riscos e Complicações Complicações principais do procedimento incluem hemorragia e formação de trombo. Mais tarde, há risco de estenose
ou oclusão do TIPS, de modo que o paciente segue em monitorização rigorosa. Incidência aumentada de encefalopatia hepática após esse
procedimento também existe, Como grande parte do sangue se desvia do fígado, o sangue contém um nível de toxinas mais alto que o normal.
Isso afeta o cérebro e pode causar confusão, desorientação e, em casos extremos, coma. Nos casos graves de encefalopatia hepática, o TIPS
pode necessitar de oclusão, Pesquisa está em andamento para encontrar métodos de aumentar a eficácia em longo prazo do TIPS.
Suplementos possíveis a este procedimento incluem terapia anticoagulante e o desenvolvimento de uma enxertia de stent.
694-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Trombólise
Se estudos angiográficos diagnósticos demonstrarem que um vaso está
bloqueado por um trombo (coágulo), um procedimento trombolítico pode
estar indicado. Se os estudos laboratoriais de coagulação sangüínea
apoiarem esse procedimento, uma trombólise pode ser realizada, na qual o
trombo ou coágulo é destruído (desintegrado). pela passagem de um guia
metálico e cateter através do coágulo ou o mais profundamente possível no
interior do coágulo.
Um agente dissolvente é então injetado através do cateter no interior da
região do trombo. Vários tipos de cateteres podem ser usados para isso,
como um cateter pulverizador de pulso ou um de infusão (Fig. 21.73).
O método de pulverização de pulso envolve a injeção manual com uma
seringa, ao passo que o método de infusão geralmente envolve um processo
lento de injeção usando uma bomba para infundir lentamente o agente
dissolvente em um período de horas ou até vários dias. O cateter pode ser
avançado durante esse tempo conforme o trombo estiver sendo dissolvido.
Riscos e Complicações Possíveis complicações com esse procedimento
são sangramento ou a possibilidade de coágulos parcialmente dissolvidos
se moverem para bloquear outros vasos menores.
Terapia Infusional
A infusão de drogas terapêuticas pode ser através de uma abordagem
sistêmica ou superseletiva. A duração do tratamento varia de alguns dias
até várias semanas. O tipo de abordagem e a duração da terapia infusional
são determinados pela patologia presente, a área a ser tratada, a condição
do paciente e os resultados dos métodos terapêuticos prévios. Vaso
constritores, vasodilatadores, drogas quimioterápicas e materiais radioativos
são empregados na terapia infusional.
Vasoconstritores são usados para ajudar no controledo sangramento. Uma
droga vasoconstritora comumente empregada é a vasopressina (Pitressin),
que pode ser administrada por via intravenosa ou intraarterial.
Vasodilatadores são úteis no tratamento de espasmos ou constrições
vasculares. Usualmente, o nitroprussiato de sódio é empregado para os
espasmos vasculares, e a papaverina acalma a isquemia vascular
mesentérica não-oclusiva.
A infusão de drogas quimioterápicas é usada em pacientes com doenças
malignas avançadas inoperáveis. A porcentagem de pacientes que
respondem à quimioterapia varia grandemente.
Extração de Corpos Estranhos Vasculares
A maioria dos corpos estranhos encontrados no sistema vascular é limitada a
cálculos, fragmentos de cateteres vasculares ou guias metálicos, eletrodos de
marca-passo e derivações. Alguns instrumentos usados para recuperar os
corpos estranhos incluem loop snores, cateteres ureterais com cesto para
cálculos e fórceps endoscópicos para agarrar. Para remover os corpos estranhos
com um loop snore ou um cateter com cesto, o cateter é inserido além do corpo
estranho e é então retirado para agarrar o corpo estranho.
Riscos e Complicações Devem-se tomar cuidado para evitar a rotura da
íntima vascular durante a remoção de corpos estranhos que estão aderidos
ao vaso; estes devem ser removidos cirurgicamente.
PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS NÃO-VASCULARES
Vertebroplastia Percutânea
A vertebroplastia percutânea é usada para tratar pacientes que sofrem de
dor vertebral e instabilidade causada por osteoporose, metástase vertebral
ou angiomas vertebrais. Uma injeção percutânea de cemento acrílico no
interior do corpo vertebral sob orientação fluoroscópica contribui para a
estabilização da coluna e o alívio prolongado da dor.
Riscos e Complicações Complicações incluem escape do conteúdo para
estruturas adjacentes, que pode exigir cirurgia de emergência. Uma
complicação menos comum é a embolia pulmonar, causando migração do
cemento pira dentro das veias perivertebrais.
695-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENClONISTAS
Colocação de stent no Cólon
Usando guias metálicos e cateteres, stents são avançados no interior do
cólon sob orientação fluoroscópica (e algumas vezes endoscópica)
(Fig. 21.78). Esse procedimento é usado no período pré-operatório para
reduzir as complicações pós-operatórias nos casos de obstrução intestinal
e como medida paliativa nas estenoses colônicas por doença neoplásica
inoperável. A colocação de stent permite a descompressão do intestino
obstruído e diminui a gravidade dos sintomas do paciente (Fig. 21.79). .
Riscos e Complicações Complicações e riscos do procedimento incluem
migração do stent, perfuração e sangramento.
Nefrostomia
A nefrostomia pode ser realizada por razões diagnósticas ou terapêuticas
e é útil no tratamento de diversos tipos de patologia ou distúrbio renal. A
nefrostomia é útil como procedimento diagnóstico para avaliação da função
renal; urinocultura; biopsia de Brush; teste de Whitaker para determinar a
causa da dilatação do trato urinário; nefroscopia; e fracasso na pielografia
retrógrada. Razões terapêuticas incluem desvio de cálculo renal, lise
química e drenagem de abscesso.
Nesse procedimento, um cateter (Fig. 21.80) é introduzido através da pele
e do parênquima renal até a pelve renal ou outra área alvo (Fig. 21.81).
Após a colocação adequada do cateter, ocorre a intervenção específica
como a drenagem ou a remoção do cálculo.
696-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Drenagem Bmar Percutânea (DBP)
A drenagem biliar percutânea (DBP) pode ser usada por várias razões, como
drenagem interna ou externa, remoção de cálculo, dilatação de dudo biliar
obstruído e biopsia. A utilização mais comum da DBP é como procedimento
paliativo na doença maligna inoperável. Usos menos populares incluem
tratamento da obstrução biliar, colangite supurativa, vazamento biliar
pós-operatório ou pós-traumático e remoção de cálculo.
Pacientes submetidos a DBP tendem a ter bile infectada. Para evitar a
disseminação da infecção, antibióticos devem ser administrados no
mínimo 1 hora antes do procedimento.
Um tratamento comum com DBP é a drenagem interna ou externa.
Tratamento externo usualmente envolve a colocação de cateter no duodeno.
Drenagens internas usam um stent ou cateter. Muitas vezes uma
drenagem externa está sendo feita há uns dois dias e então o cateter está
tampado, resultando em drenagem interna.
Drenagem Percutânea de Abscesso Abdominal (DPA)
A drenagem percutânea de abscesso abdominal (DPA) possui uma taxa
de sucesso de 70 a 80%. É indicada quando um abscesso abdominal ou
pélvico não pode ser prontamente tratado por simples incisão e se a
localização do abscesso estiver em local seguro para a entrada da agulha.
Se presentes, corpos estranhos devem ser removidos, já que servem como
foco de infecção. Se não houver melhora visível em 24 a 48 horas, outro
método de tratamento deve ser considerado.
Aspiração por Agulha A colocação da agulha é realizada sob orientação
de TC ou ultra-som. A ultra-sonografia é melhor para abscessos superficiais,
abscesso em locais sólidos e quando o abscesso não está circundado por
intestino. A vantagem da ultra-sonografia é que ela permite monitorização
contínua. O procedimento exige que uma agulha de calibre 20 ou 22 seja
posicionada no abscesso e que o líquido seja retirado para realização
imediata de coloração de Gram e outros testes. Se o líquido for purulento, o
procedimento de drenagem continua. Se o material for estéril, o líquido é
retirado e a agulha é retirada. O líquido é removido usando a força da
gravidade ou com uma bomba especial de sucção. O método da gravidade
é preferido, já que sucção pode erodir a parede do abscesso ou levar à
aderência do cateter à parede.
Drenagem por Cateter Drenagem por cateter, usando a técnica de
Seldinger por sobre o guia, pode ser feita com a inserção do cateter. Um
exemplo disso é o cateter de drenagem de Van Sonnenberg ilustrado na
Fig 21.82. Se um arranjo tipo infusão/drenagem for usado, um cateter de
dupla luz é necessário, pelo qual o ar da sala flui para dentro da região do
abscesso enquanto a sucção está sendo aplicada. Isso simultaneamente
drena e ventila evitando a sucção, que levará o material do abscesso a
unir-se à parede do cateter, bloqueando as aberturas de drenagem. O tipo
pitail desenhado na extremidade do cateter mostrado na Fig. 21.82 ajuda
na retenção ou na retirada acidental.
O cateter é removido quando não existirem mais sintomas ou os sinais de
infecção tiverem desaparecido (Ieucograma normal); não houver mais
drenagem; ou com uma TC ou ultra-som normal após o procedimento.
G 0 ia metálico e cânula removidos após a inserção do cateter
Posicionado para drenagem
697-- ANGIOGRAFIA E PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS
Biopsia Percutânea com Agulha
A biopsia percutânea com agulha é realizada quando há suspeita de doença maligna primária ou metastática. Uma biopsia é útil no
fornecimento de informações a respeito do estágio e da extensão da doença, confirmando se existe recorrência tumoral, e no diagnóstico de
infecção.
Para realizar a biopsia, o local e a profundidade da patologia são determinados. O posicionamento correto da agulha pode ser alcançado
através da monitorização da entrada da agulha pela ultra-sonografia, tomografia computadorizada ou fluoroscopia. A ultra-sonografia é a
modalidade de escolha para lesões em órgãos que diferem significativamente em ecogenicidade em relação às estruturas adjacentes, como
fígado, rim e órgãos pélvicos. A TC é boa para lesões pequenas e profundas, especialmente aquelas circundadas por grandes vasos ou
intestino. A desvantagem da TC é o tempo necessário para a colocação da agulha, exame e reposicionamento. A fluoroscopia é melhor para
lesões que diferem significativamente em radiopacidade em relação aos tecidos circundantes,como pleura pulmonar, lesões ósseas e
linfonodos cheios de contraste.
Uma amostra tecidual é obtida avançando a agulha até o alvo e movendo-a altemadamente na direção vertical por 1 a 2 em e rodandoa. A
agulha é então removida e a amostra é preparada para exame imediato. Recomenda-se que sejam retiradas no mínimo quatro amostras para
incluir o centro e as áreas periféricas.
Pesquisa indica as seguintes taxas de precisão para a biopsia: Pulmão: 85 a 90%
Fígado, rim e pâncreas: 70 a 90%
Linfonodo: 50 a 75%
Gastrostomia Percutânea
A gastrostomia percutânea é realizada para alimentação prolongada (maior que 4 semanas) de pacientes incapazes de comer, para
descompressão gástrica ou dilatação da parte superior do trato GI quando a abordagem oral falha. Indivíduos que podem ser candidatos à
gastrostomia incluem aqueles que têm a deglutição prejudicada por doença neurológica ou tumores obstrutivos de orofaringe ou esôfago;
pacientes queimados; pacientes traumatizados; pacientes com câncer que sofrem de anorexia; ou pacientes com fístulas faríngeas ou
esofágicas.
Nesse procedimento, pré-exames são realizados para garantir que nenhum órgão esteja localizado sobre o local de punção, a fim de evitar que
esses órgãos sejam puncionados. Uma sonda nasogástrica é colocada no estômago para infláIo com 500 a 1.000 ml de ar. O local de punção
situa-se na área superior ou média do estômago. Um tubo é posicionado e preso ao estômago. Uma vez que o tubo tenha sido posicionado, o
paciente é sugado por 24 horas, após as quais a alimentação é iniciada.
Referências
Modalidades e Procedimentos Alternativos
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Angiografia Intervencionista
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