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AS PRÁTICAS DA PSICOTERAPIA CONJUGAL E FAMILIAR NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

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AS PRÁTICAS DA PSICOTERAPIA CONJUGAL E FAMILIAR NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA: UMA REEDUCAÇÃO DA CONJUGALIDADE: CONCEITUAÇÕES E REFLEXÕES
Introdução
Em 1972, Carl Rogers ao responder uma pergunta sobre o relacionamento entre homens e mulheres, disse que um dia as pessoas iriam se encontrar por computados e que teria vários tipos de casais, podendo haver casais com filhos ou não, e estes relacionamentos seriam realizados de maneira mais liberal.
Sabemos que a família vem se transformando, já não existe um único modelo de família. A família é um sistema sócio-cultural em transformação. O modelo de família hoje se caracteriza pela sua diversidade.
Com o passar dos anos valores e costumes vêm se reestruturando nas famílias influenciados pelas mudanças decorrentes da sociedade, dessa forma, modelos antigos de família têm a necessidade de conviver com novos tipos de família que vem surgindo.
No entanto, Carl Rogers, o criador da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) não trabalhou com famílias. 
Este trabalho tem por finalidade fazer breve reflexão sobre a prática da terapia conjugal ou familiar sob a ótica da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).
1. PSICOTERAPIA CONJUGAL E/OU FAMILIAR
1.1 Família
O conceito de família se modifica conforme o tipo de sociedade, o tempo e a sua estrutura social, na medida em que sofre as influências dos acontecimentos sociais.
De acordo com Gomes, 1988 e Szymanski, 2002 apud Carnut & Faquim, 2014, para a psicologia família é: 
Um grupo de pessoas, vivendo em uma estrutura hierarquizada, que convive com uma proposta de uma ligação afetiva duradoura, incluindo uma relação de cuidado entre adultos e deles para crianças e idosos que aparecem no contexto. Pode-se também entender como uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um compromisso de cuidado mútuo e, se houver, com crianças, adolescentes e adultos.
A classificação mais utilizada pelos estudos de psicologia e sociologia é a Classificação de Kaslow (Carnut & Faquim, 2014), de composição familiar, que consiste no arranjo dos membros que compõem esta família. Segundo o autor, a família pode ser classificada em:
a) Família nuclear, incluindo duas gerações com filhos biológicos – é a mais observada e aceita socialmente na cultura do ocidente. Composta de um homem e uma mulher que coabitam e mantém um relacionamento.
b) Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações – são compostas pelo núcleo familiar e agregados que coabitam a mesma unidade doméstica.
c) Famílias adotivas, que podem ser bi-raciais ou multirraciais – é composta por um homem e mulher cujo filho não apresenta laços de consaguinidade.
d) Casais – é aquela e que o homem e mulher se enlaçam via matrimônio, mas não concebem nem adotam filhos.
e) Famílias monoparentais, chefiadas por pai (masculina) ou mãe (feminina) – são aqueles que vivem com um único progenitor, com os filhos que não são ainda adultos.
f) Casais homoafetivos (homoparentais), com ou sem crianças – são constituídas por pessoas do mesmo sexo que têm filhos via três caminhos: (a) reconstituição – um dos parceiros traz para a relação homossexual os filhos do casamento anterior; (b) a adoção – legalizada ou não; (c) a co-parentalidade – em que um dos membros do casal gera uma criança com um pessoa que oferece parceria biológica e o filho passa a fazer parte do núcleo parental do pai ou mãe homossexual.
g) Famílias reconstituídas, após divórcio – o recasamento, fenômeno cada vez mais comum atualmente, surgiu como uma possibilidade de reconquistar vínculos essenciais de intimidade, companheirismo e afeto.
h) Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.
1.1 Proposta da ACP na terapia conjugal e/ou familiar alinhada aos pressupostos da ACP
O aconselhamento psicológico teve início nos primeiros anos do século XX, onde recebeu influência da necessidade em compreender o ser humano por uma visão mais tecnicista e objetiva no qual poderia ser mensurado e aconselhado em um plano linear e focado nos resultados e na adaptação a algum desajuste. No decorrer dos anos técnicas, metodologias baseadas nas diferentes concepções do homem, tornou-se um campo de estudo e de prática que leva em consideração a complexidade do ser humano, a capacidade de escolha e seus processos desenvolvimentais (Pupo e Ayres, 2013 apud Scorsolini-Comin, 2014).
Deste modo, o aconselhamento pode ser compreendido como uma tecnologia de ajuda e cuidado utilizada em situações diversas que envolvem o manejo de crises e em que se busca a adaptação, a autonomia, a maior capacidade de se tomar decisões e também o crescimento pessoal. O crescimento pessoal é um dos objetivos assumidos pela abordagem humanista como disparadores do processo de mudança, além de ser uma tendência em nosso desenvolvimento. É a partir desse pressuposto que a Abordagem Centrada na Pessoa, que tem como principal expoente o norte-americano Carl Rogers, que compreende que o ser humano tem como uma de suas principais metas na vida a autorrealização. (Scorsolini-Comin, 2014).
Nos processos de grupo as possibilidades de intervenções e cruzamentos entre as histórias de cada um se encontram, seus membros têm a oportunidade de oferecer apoio mútuo e compreender o sofrimento do outro, “uma pessoa explora os seus próprios sentimentos, mas também os seus sentimentos sobre os outros (além do facilitador) em relação com eles” (Wood, 1983a, p. 28). 
Entende-se que as atitudes de empatia, congruência e aceitação positiva incondicional, mantidas pelo psicoterapeuta para com os membros da família, devem ser expressas da mesma forma que na terapia individual. O grande diferencial é que, nestes atendimentos, todas as atitudes ocorrem simultaneamente, para um maior número de pessoas, o que torna a vida do psicoterapeuta mais complexa, sendo-lhe mais difícil atingi-las e mantê-las para com todos os membros da família. A postura do psicoterapeuta, segundo Gaylin apenas seria mais facilmente percebida na psicoterapia conjugal e familiar se, alguns dos membros da família o notasse como cuidadoso e compreensivo. Contudo ele frisa a importância de que as atitudes do psicoterapeuta sejam percebidas por todos os membros da família, a fim de auxiliá-lo a facilitar o processo psicoterápico (GAYLIN, 2001 apud KLÖCKNER, 2010).
O ser humano está sempre em busca do seu crescimento pessoal e da sua autorrealização. Tanto o psicoterapeuta como o profissional de aconselhamento tem a função de facilitar o processo, dispondo de cuidado, compreensão, de forma com que o cliente se expresse de forma autêntica e que o profissional seja empático.
Ao perceber que o psicoterapeuta demonstrou empatia e aceitação por todos os membros da família com suas diferenças específicas e contraditórias, não apontando julgamento de valor, as pessoas também passam a desenvolver entre ela, as mesmas atitudes. Quando percebem também a autenticidade do psicoterapeuta para com o grupo, também experenciam entre si.
A resposta terapêutica Gaylin (2001) refere na psicoterapia conjugal e familiar, não fornecê-la somente para cada um dos membros presentes, mas de forma a trabalhar a interação entre todos.
De maneira diferente, Mearns apud Köcklener (2010), considera a psicoterapia conjugal sendo um atendimento a cada cônjuge, simultaneamente, na presença do outro. Ou seja, atende-se os dois na sessão, mas o enfoque da devolutiva centra-se em cada um deles como numa psicoterapia individual.
Para Anderson (1989) apud Köcklener (2010), existe uma correlação entre a psicoterapia conjugal e/ou familiar e a psicoterapia individual, quando aponta entre elas o “constante interjogo de congruência, aceitação e empatia do psicoterapeuta tanto para o sentido pessoal, subjetivo, quanto para com o sentido interpessoal, na família”.
Autores interessados na compreensão destes grupos e seu funcionamento, não tratam da explicitação da prática psicoterápica propriamente dita, mas de correlacionar conceitos fundamentais da ACP.
Define-se por Self a estrutura queimplica na consciência de ser e de funcionar, formada mediante a interação avaliatória com os outros, e constituída num padrão organizado, fluido e coerente de características percebidas em relação ao eu (ROGERS, 1992 apud KÖCKLENER (2010), para eles, os dois aspectos vitais, tanto da convivência como do tratamento conjugal e familiar, são: o significado da unidade conjugal e familiar por cada um dos seus membros. Essa concepção, ainda centra-se no poder de influenciar o comportamento da pessoa tanto dentro ou fora do círculo familiar; está sujeito a avaliação por parte do grupo familiar ou não; e o fato de ser fluído e mutável.
Os conceitos de tendência formativa e atualizante afirma que o grupo conjugal e familiar e não somente os seus membros têm o poder de autorrealização. Entende como um sistema vivo capaz de mover-se ao crescimento, pois os indivíduos estão sempre em busca de um crescimento dentro do sistema familiar (tendência atualizante) e o sistema conjugal busca manter e melhorar seu potencial de saúde (BOZARTH e SHANKS, 1989 apud KÖCKLENER, 2010).
A proposta feita por Rogers no que abrange a psicoterapia – individual, conjugal e familiar- parte de um mesmo princípio, uma mudança construtiva da personalidade.
Como sabemos, Carl Rogers não atendeu a casais e famílias, mas manteve grande contato com estes. Na teoria de Carl Rogers a mudança no sistema conjugal e familiar não se dá pela reorganização da comunicação. A comunicação se reorganizará, mas não por ser ela o foco de uso de técnicas por parte do psicoterapeuta, esta se altera em decorrência a uma mudança de percepção deste grupo, tanto quanto ao próprio grupo, quanto os seus membros (KÖCKLENER, 2010).
1.2 Proposta de atendimento conjugal e/ou familiar que agrega aos pressupostos da ACP princípios e técnicas de outras abordagens
Um pequeno número de seguidores de Carl Rogers e autores de artigos sobre psicoterapia conjugal e familiar, declaram atuar nesta área fazendo associação aos princípios da ACP de outros referências teóricos, notadamente da Teoria Sistêmica.
De acordo com O’Leary (1989) os psicoterapeutas centrados na pessoa precisam ir além das atividades facilitadoras, incorporando-as em um papel terapêutico mais ativo, ao qual, segundo ele, os terapeutas de família se sentem intimidados. Ele concorda que as mesmas atitudes da psicoterapia individual devem ser utilizadas em psicoterapia conjugal e familiar, como por exemplo, a aceitação positiva incondicional, seria dirigida a cada um dos membros da família com a intenção de mostrar que nenhum deles é superior ao outro. 
Seguindo a mesma perspectiva de uma atuação mais ativa, Warner (1989) mescla em seu atendimento conjugal e familiar princípios da ACP com os da Teoria Sistêmica, na tentativa de que, o psicoterapeuta familiar e conjugal não permaneça em “nível superficial de compreensão” (p.340). Segundo ela, essa “superficialidade” pode desconsiderar a comunicação estratégica que está presente em uma família, sendo que, tal forma de comunicação – definida como a discrepância entre o que as pessoas dizem/fazem e o que elas realmente querem dizer/fazer – surgem aspectos que, segundo a autora, em que a terapia centrada na pessoa não englobam. Ela expõe também que “embora possa ser mais intrusivo que outras formas de terapia centrada no cliente, esta forma de atuação detém intenso respeito pela autonomia e pelo potencial de auto-atualização dos membros da família” (p. 341). 
Snyder (1989) diz não acreditar que seja suficiente “apenas” a utilização da ACP, se justificando em uma visão sistêmica, por terem ambos os referenciais estruturas democráticas de atuação: “O modelo de aprimoramento de relacionamentos de terapia conjugal e familiar oferece uma possibilidade de integrar critérios Rogerianos para uma terapia afetiva com contribuições feitas por teóricos sistêmicos, como Bateson” (p.358). 
Tanto Warner (1989) como Snyder (1989) concordam captar em seus textos uma devida justificativa por objetivar um psicoterapeuta mais ativo de forma diferente, senão antagônica à proposta de Rogers. 
O que parece direcionar a postura destes psicoterapeutas da ACP é uma descrença quanto à necessidade e suficiência das condições propostas por Rogers, quanto da psicoterapia conjugal e familiar. Esta reveste e mostra uma concomitante descrença no potencial humano, nos extensos recursos dos clientes para lidar com seus problemas. Para estes, o psicoterapeuta necessita ser mais ativo, ser “mais” que facilitador, ser mais cauteloso ao que não é dito pelo cliente e não levar tudo que ele diz em consideração.
Essa postura mostra uma incongruência por parte desses autores que não têm por base a mesma concepção de ser humano da ACP mas utilizam de seus pressupostos como técnicas quando estas são atitudes, um jeito de ser. 
A Teoria Sistêmica desenvolveu-se a partir da Teoria Geral dos Sistemas de Von Bertallanfy e da Cibernética posta na psicoterapia conjugal e familiar nos anos de 1950, em Palo Alto, Califórnia, por Gregory Bateson – biólogo e antropólogo, que acata que: 
 ... a família desenvolvia formas básicas de interações, sequências padronizadas de comportamentos, com caráter repetitivo garantidor da organização conjugal e familiar, que eram governadas por regras que não precisavam ser verbalizados, mas que podiam ser percebidos pela observação dos tipos de transações conjugal e familiar. O equilíbrio ou estabilidade do sistema conjugal e familiar não seria considerado indício de saúde, uma vez que a família poderia estar se equilibrando em torno de padrões disfuncionais, como, por exemplo, a manutenção rígida das regras do sistema conjugal e familiar. A psicoterapia, praticada dentro deste enfoque, valorizava a mudança no sistema conjugal e familiar pela reorganização da comunicação entre seus membros. (BATESON apud ALVES, 1997, p.14 e 15).
Para Carl Rogers, a mudança no sistema conjugal e familiar não se dá pela reorganização da comunicação, que provavelmente se reorganizará, porém ela não pode ser o foco de utilização de técnicas por parte do psicoterapeuta. Ela muda em consequência de uma alteração de percepção deste grupo. 
1.3 Proposta de atendimento conjugal e/ou familiar como ação educativa
Os autores expostos até aqui, descrevem suas atuações junto aos grupos conjugal e familiar de uma forma prática educativa. A conduta pedagógica é posposta tanto sob a forma de programas de treinamento como introduzida na prática psicoterápica para esses pais e casais. Treinamento e psicoterapia são termos usados de forma indiscriminada pelos autores. 
Os programas de treinamento que sugerem se constituem no ensino, aos integrantes da família, das atitudes de empatia, aceitação incondicional positiva e congruência. Possui como objetivo instruir os treinados a lidar com suas dificuldades e aperfeiçoar as relações interpessoais. São práticas que, utilizam como método a observância, atitudes de empatia, congruência e aceitação positiva incondicional. 
O Treinamento de Eficiência Parental de Gordon (1970), busca modificar o comportamento dos pais, com o propósito de melhorar seus relacionamentos com os filhos, ensinando-lhes as atitudes da ACP, para o autor, a sociedade tem se apresentado incapaz de criar crianças emocionalmente saudáveis: “os pais estão treinados para a paternidade” (p.407). 
Os Guerneys (1989) instruem os pais das crianças com problemas a serem seus ludoterapeutas, assim como ensinar vários conjuntos de habilidades e atitudes em terapia conjugal e familiar, com o objetivo de aprimorar as relações. Guerneys, no artigo de 1984, justifica sua postura, relatando fazer uso correto da ACP, pois considera este um procedimento que, mesmo não fazendo parte da tradição da ACP, não é contraditório, pois a meta específica para com os clientes sempre é abertamente discutida com eles. 
Snyder (1989) orienta casais a serem centrados na pessoa, por meio de programas de Aprimoramento de Relações, com o objetivo de “capacitar um casal a se engajar na prática do diálogo e experienciarum ambiente de compaixão e segurança no relacionamento” (p. 380). 
O casal Karlsberg (1994) fazem o uso também de uma postura educativa no trabalho com casais, apresentando o lugar central que esta ocupa em suas condutas psicoterápicas, que compreende:
1. O estabelecimento de um ambiente seguro para abertura emocional
2. A ajuda a cada cônjuge a se tornar empaticamente receptivo, instruindo-se na habilidade de escuta e no compartilhar das experiências mútuas 
O ensino aos cônjuges de uma comunicação emocionalmente aberta que não desconsidere os sentimentos do parceiro.
2 A LITERATURA DE AUTOAJUDA
2. 1 Contextualização da literatura de autoajuda 
A leitura de autoajuda parte de um marco de pensamento que tem como conjectura que qualquer pessoa pode ajudar-se a si próprio, prescindindo de auxílios especializados, é um produto cultural de grande sucesso de vendas. Somente em 2001, por exemplo, este mercado editorial obteve no Brasil crescimento de 700% (ALVES, 2005). 
Autoajuda está frequentemente ligado a uma específica atividade grupal, por exemplo, grupos que se reúnem com um problema semelhante, por vez, não apenas por saúde. A solidariedade e os objetivos comuns são os que se sustentam. Quando atribuídos à leitura, faz dela um recurso que se assemelha a práticas grupais. Descobre-se um conjunto de leitura, que tem por objetivo fornecer ao leitor variadas soluções para os seus problemas. A solução e o aprimoramento podem ser postos sem ajuda profissional, sem qualquer auxílio coletivo ou social. A finalidade é que o leitor, seguindo aos comandos oferecidos pelos autores da obra, esteja instrumentalizado para alcançar seus objetivos.
Starker (2002) e Rüdiger (1996) identificam as raízes da literatura de autoajuda na tradição e nos valores do Protestantismo que lá se desenvolveu substituindo as ideias Calvinistas: cada indivíduo teria a liberdade de desejos e poderia usar como garantia de Deus para melhorar sua vida e, quiçá, o mundo. 
Era vigente o ideal de self-made-man, na segunda metade do século XIX, o homem que se faz por si próprio, vence obstáculos e, mesmo com origem humilde, chega ao sucesso se cultiva sua ambição e se sabe galgar os degraus da mobilidade social. 
Com o objetivo de melhor instrumentalizar o indivíduo, no final do século XIX, esta literatura ressignifica alguns conceitos mentalistas que surgiu em meio à expansão religiosa mind-cure; terapia da cura através da mente que, para Rüdiger (1996), foi um movimento terapêutico marcante nesse segmento. 
O uso da mente, disseminado na literatura de autoajuda sob sugestões de exercícios de mentalização, foi, contudo, propagado como um caminho para o indivíduo atingir, não só a saúde perfeita mas também um bem estar consigo próprio, além de status social, proposta da qual, tornou-se fenômeno popular de autoajuda e recebeu o nome de Novo Pensamento (RÜDIGER, 1996).
Na observação feita por Starker (2002), após a I Guerra Mundial, o culto ao Novo Pensamento foi trocado pelo culto à ciência. A saúde, por exemplo, deixa de ser assunto de reeducação espiritual para compor a matéria de diagnóstico e tratamento, fazendo com que esta literatura começasse a resgatar, especificamente, a psicologia – mas não apenas dessa área do conhecimento. Começavam a desenvolver-se e causar impacto na sociedade, a psicologia e a psiquiatria, a ponto de ser publicados inúmeros livros de autoajuda entre 1919 e 1928. Psicanálise e Behaviorismo encontravam-se “traduzidos” em obras que conviviam com as do Novo Pensamento.
As obras de autoajuda voltaram a difundir o retorno aos valores religiosos, nas décadas de 1930 e 1940 – reaparecendo a ética protestante, enquanto que, juntamente e com maior ênfase na década de 1950, desenvolveu todo um “ethos da personalidade”, que troca os princípios do pensamento positivo pelos princípios da carismática individual: o sucesso da vida é oriundo da cooperação de outras pessoas: “A pregação da crença no próprio eu, com vistas à salvação mundana, foi passando a gravitarem torno da capacidade de manipular a própria personalidade e a dos outros” (RÜDIGER, 1996, p.144).
Como assinala Starker (2002), foi com grande sucesso, que Carnegie espalhou esta atitude manipulativa. Ensinava-lhes aos leitores a não criticarem os interlocutores, a procurarem valoriza-los sempre, com o intuito de que eles não se tornem defensivos; elogiando-os, os leitores conseguiram influencia-los na direção que desejassem. 
A leitura de autoajuda, na década de 1960/70, conforme o mesmo autor, consolida a psicologia como sua grande fonte de informação e divulga maciçamente as concepções advindas de uma nova escola desta ciência, que surge na época: A Psicologia Humanista.
Diferentemente da psicanálise que concebe, na base da formação da personalidade, a libido e o inconsciente, a psicologia humanista entende o ser humano. Ela favorece a autoestima, a natureza positiva do homem e a valoração das relações interpessoais. 
Desde 1960 e 1970 até a atualidade, a leitura de autoajuda, vem sendo “divulgadora das ciências”, buscando nestas, via de regra de maior repercussão social no momento. 
A Psicologia Humanista entende o ser humano, diferentemente da psicanálise que concebe, na base da formação da personalidade, a libido e o inconsciente. Ela privilegia a auto-estima, a natureza positiva do homem e a valoração das relações interpessoais. A conceituação e a preocupação com a consciência de si, o self que a caracteriza, acabaram sendo, todavia, resumidas e simplificadas, segundo STARKER (2002) na literatura de auto-ajuda dos anos 1960 e 1970.
2.2 A literatura de autoajuda direcionada a conjugalidade
Têm feito parte da cultural dos EUA desde a primeira metade do século XX, as obras de autoajuda sobre conjugalidade, como sexo e amor, por exemplo. Para Starker (2002), os norte-americanos, ávidos de conselhos para a vida sexual e sem liberdade de conversar com amigos e famílias e até com os próprios parceiros e parceiras, “escondiam no armário do quarto”, um exemplar sobre a técnica e fisiologia sexual. 
Sempre direcionadas às mulheres, obras deste estilo têm sido escritas desde o século XV, de acordo com Gay (1999). São publicações de casamento precursores da literatura de autoajuda que objetivam como estas, normatizar as diversas condutas do âmbito conjugal.
De um lado, alguns livros do século XVIII apresentam o sexo como aspecto saudável e natural do matrimônio, estimulando o casamento precoce para que “o frescor da juventude não fosse perdido”, por outro lado, os do século XIX, produzidos nos EUA, apresentavam o sexo como nocivo.
Nas primeiras décadas do século XX, os profissionais de saúde na esfera acadêmica, começavam a ser influenciados pelos trabalhos de Krafft-Ebing, Psychopathia Sexualis [Psicopatia Sexual] de 1892 e de Havelock Ellis, Studies In Psychology of Sex [Estudos Sobre A Psicologia Do Sexo], no qual, volumes foram publicados no período de 1903 a 1910, juntamente como pelo trabalho de Freud, destacando as consequências neuróticas da repressão sexual, para a população em geral, os livros de autoajuda limitava-se a especificar a técnica sexual e a apresentar relatos de casos.
Atualmente, o que se encontra nas livrarias são obras exclusivamente voltadas à sexualidade, assim como outras direcionadas à conjugalidade. A convicção de sexualidade e afetividade e as prescrições divulgadas na literatura de autoajuda continuam sendo frutos das interpretações dos autores sobre textos científicos, da avaliação moral dos comportamentos dos homens e mulheres, da afinidade aos valores vigentes, se atendo ou não a levar em consideração a sexualidade entre parceiros de uma relação calcada na afetividade.
A parte conjugal desta literatura, está, portanto, realizado por obras que ensinam a estabelecer e a obras que ensinam a cuidar de relações conjugais. São obras que, comumente, contemplam separadamente os dois momentos das relações amorosas: a fase de conquista de parceiros/as e a fase em que a conjugalidade já está estabelecida. Algumas parcelasde livros fornecem prescrições para quando a relação vier a se estabelecer, contudo, os livros voltados aos cuidados de tais relações, não abordam os aspectos desta fase de conquista e as obras sobre conquista de parceiros/as são fabricadas com um direcionamento diferenciado para cada sexo (ALVES, 2005).
2.3 Semelhanças entre a proposta de psicoterapia com ação educativa e a proposta da literatura de autoajuda 
Segundo esta literatura, casar é algo exposto como benéfico, benigno ao desenvolvimento emocional de cada indivíduo e ser solteiro, não traz benefícios do que ser casado. Todavia, os textos estabelecem a conjugalidade – como norma da ordem do emocional – a todos, que sejam homens e mulheres. 
Atribui-se a conjugalidade um novo papel, uma nova função que é da ordem do psicológico, do terapêutico. Os cônjuges deverão ser facilitadores do processo de desenvolvimento emocional de seus parceiros, devendo atuar com eles, como se fossem terapeutas.
Dois autores que ilustram bem estas apropriações, Taylor e Mc Gee (2000), foram buscar na proposta de psicoterapia de casais de Thomas Gordon, uma técnica que ele faz uso para melhorar a comunicação entre parceiros. Com ela, estabelecem que o casal substitua as “declarações-do-você” por “declarações-do-eu”. Portanto, o cônjuge deve falar ao parceiro, não as coisas que este fez e de que ele não gostou, mas sim apenas como se sentem em decorrência delas, sem culpabilizar o parceiro. Ao invés de falar “você fez...” deve dizer-lhe “me senti de tal e tal forma mediante seus atos...”. 
Trata-se evidentemente de um princípio da ACP, tanto quanto a atitude de aceitação como a de empatia que são, nesta leitura, transformadas em técnicas de forma semelhante à observada fora deste contexto literário, no contexto psicoterápico. Apesar disso, estas obras com claro objetivo pedagógico: ensinar o leitor a se auto-ajudar, a modificar suas condutas e assim solucionar esses problemas. Segundo Silva (2001), elas funcionam como um tipo de intervenção que visa a transformar a pessoa do leitor, do mesmo modo que qualquer prática de sala de aula. 
A literatura de autoajuda, pode se apoiar nesta crença de que aquilo que é ensinado pode ser também aprendido e logo colocado em prática. Não se pode determinar uma psicoterapia com o objetivo de ensinar aos clientes a mudar de vida, ainda assim, sabe-se que, no seu desenvolvimento ocorre um significativo processo de aprendizado. Nada é ensinado ao cliente, o psicoterapeuta não é educador, mas o mesmo pode aprender, não apenas com o psicoterapeuta mas a partir de relações que estabelece e daquilo que ele passa a compreender mais claramente de si e o que pode fazê-lo, mas não necessariamente o fará, alterar muitas de suas posturas.
Para concluir, segundo o autor, as semelhanças entre algumas práticas psicoterápicas e as propostas deste produto incorrem, em alguns problemas, como porventura um descrédito deste referencial de psicologia, além de acatar que toda uma produção teórica possa vir a ser equivocadamente identificada com a literatura de autoajuda. 
CONCLUSÃO
O conceito de família tem se reestruturado na sociedade conforme as mudanças que ocorrem com o tempo. O conceito mais utilizado pelos estudos da psicologia é a classificação feita por Kaslow, onde este diz que a família consiste no arranjo de membros que a compõem, assim sendo, podemos identificar famílias do tipo nuclear, extensas, adotivas, casais, monoparentais, homoafetivas, reconstituídas e até mesmo várias pessoas vivendo juntas.
A proposta da ACP na psicoterapia conjugal e/ou familiar tem como base um profissional que facilite o processo, seja cuidadoso, compreensivo fazendo com que o ciente se expresse de forma autêntica e que o profissional seja empático. Já a resposta terapêutica é vista em diferentes óticas por diversos teóricos.
Para Gaylin as resposta terapêutica, está em não fonecê-la de modo individual, mas de maneira coletiva fazendo assim, com que todos os membros envolvidos trabalhem a interação entre si. Já para Mearns, a resposta terapêutica, considera que o atendimento é feito a um simultaneamente na presença do outro e que assim, a devolutiva também é feita de modo como na psicoterapia individual. Para Anderson, há uma correlação entre as psicoterapias individual e em grupo, pois ele afirma que existe um jogo de congruência, aceitação e empatia do psicoterapeuta tanto de modo pessoal quanto interpessoal na família. 
A proposta de Carl Rogers parte do princípio da mudança construtiva da personalidade, sabendo que Rogers não atendeu famílias, porém teve contato direto com estas. Para Rogers a mudança no sistema conjugal se dá pela reorganização da comunicação entre os mesmos, que se altera pela percepção que ocorre entre os membro do grupo.
Outro grupo de teóricos como O’leary (1989), Warner (1989), Snyder (1989), agrega pressupostos da ACP a princípios e técnicas de outras abordagens como a Teoria Sistêmica, que diz que hoje em dia não é necessária uma família como foco de atenção para que o olhar seja sistêmico, o que importa é a relação, ou seja, o processo de interação entre as pessoas, e não tanto a observação do indivíduo isolado.
Para concluir, segundo o autor, as semelhanças entre algumas práticas psicoterápicas e as propostas dos livros de auto ajuda incorrem, em alguns problemas, como porventura um descrédito deste referencial de psicologia, além de acatar que toda uma produção teórica possa vir a ser equivocadamente identificada com a literatura de autoajuda. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aconselhamento psicológico com casais: interlocuções entre Psicologia Positiva e abordagem centrada na pessoa. Contextos Clínic, São Leopoldo, v. 7, n. 2, p. 192-206, dez.  2014 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-34822014000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 07 set. 2019. http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2014.72.07.
Carnut L, Faquim J. Conceitos de família e a tipologia familiar: aspectos teóricos para o trabalho da equipe de saúde bucal na estratégia de saúde da família. JMPHC [Internet]. 2abr.2014. Acesso em: 07 set 2019. Disponível em: http://www.jmphc.com.br/jmphc/article/view/198SCORSOLINI-COMIN, Fabio. 
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