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RESENHA LIVRO ÉTICA HUMANISTA E PSICOTERAPIA

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2
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE FOZ DO IGUAÇU
SÍRLEI APARECIDA PEREIRA 
RESENHA
Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia da CESUFOZ - Centro de Ensino Superior, para a disciplina de Psicologia Humanista, 8º período Professora Martinha Costa Rego
FOZ DO IGUAÇU
2020
Introdução
Carl Rogers, figura do século XX, nos trouxe algo novo e revolucionário para a prática do atendimento psicológico firmada na postura de confiança irrestrita do potencial de cada um para encontrar os melhores caminhos para a superação de suas dificuldades. A contribuição básica do psicólogo, como de qualquer pessoa que esteja conversando para ajudar alguém com relação às suas questões pessoais, é oferecer uma caixa de ressonância onde a própria pessoa possa se ouvir, voltar às suas fontes humanas e, assim, vislumbrar um caminho. Nenhuma das formas, anteriormente vigentes, de atendimento levou isso tão a sério. O pressuposto das outras formas é de que somente o psicólogo, detentor de um saber capaz de trazer solução - seria capaz de penetrar no misterioso mundo das causas escondidas do comportamento e de lá trazer luz para a pessoa em sofrimento. 
O pressuposto de Rogers foi totalmente diferente. Sem negar o valor dos saberes psicológicos, ele deu um outro sentido à relação de ajuda. O que ele fazia, na prática, era facilitar ao outro o acesso às suas próprias fontes interiores. Estava convencido de que apenas isso seria suficiente para desencadear profundas transformações. No início, pensava em transformações pessoais, mas logo percebeu que isso não ficava no âmbito individual: adotou a mesma postura com grupos e com comunidades e, com isso, inaugurou um novo modo de ser social e cultural. 
Rogers foi um tanto radical, a ponto de gerar afirmações paradoxais em alguns seguidores: o saber do psicólogo de nada serve; o psicodiagnóstico é uma forma de dominação e acaba sendo contraproducente na ajuda ao crescimento; na relação de ajuda devemos abandonar todas as técnicas e procedimentos padronizados; todas as estratégias são pré-fabricadas; quem sabe o momento de encerrar o atendimento é o próprio cliente; existe uma sabedoria que emerge quando as pessoas se encontram em uma comunicação aberta e plena etc. Quando ele disse, em uma palestra, que não pretendia ser um revolucionário, o auditório deu sonoras gargalhadas (Rogers, 1978). 
O livro mostra uma colaboração de ajuda que se refere a questões e recursos subjetivos do sujeito, oferecendo uma reflexão na qual a própria pessoa possa ouvir e, assim, enxergar um caminho pertinente. Rogers leva isso muito a sério no livro as formas de atendimento deixam bem comprovadas. 
Rogers acreditou que o que ele tinha a fazer era oferecer às pessoas uma relação acolhedora, compreensiva e honesta. Ele praticou isso com uma coerência radical e mudou a vida de muitas pessoas. Envolveu-se com esse modo de ser, em trabalhos de grupo, até chegando reunir partidários opostos em conflitos internacionais, e assim, aproximou pessoas hostis ou mesmo inimigas (Amatuzzi, p.13). 
Outras formas de atendimento não levam tão sério como Rogers, o pressuposto dessas outras formas era de que o psicólogo fosse possuidor de um saber capaz de trazer a solução que, a pessoa não conseguia ver, ou ao menos, que o psicólogo fosse capaz de trazer uma luz para a pessoa em sofrimento. O que ele fazia, na prática, era facilitar ao outro o recurso as próprias fontes interiores, adotou a mesma postura com grupos e com comunidade e, assim, inaugurou um novo modo de ser social e cultural. Ele foi radical nessa postura, a ponto de gerar afirmações como:
- O saber do psicólogo de nada serve.
O psicodiagnóstico é uma forma de dominação e acaba sendo contraproducente na ajuda ao crescimento.
-Na relação de ajuda, devemos abandonar todas técnicas e procedimentos padronizados, todas as estratégias pré-fabricadas. 
- Quem sabe o momento de encerrar o atendimento é o próprio cliente.
- Existe uma sabedoria que emerge quando as pessoas se encontram na comunicação aberta e plena (Amatuzzi, 2012, p. 12). 
O livro também destaca que, Rogers trás uma finalidade, apontando que ele mudou o modo de conceber os problemas e a relação de ajuda, nesse sentido, destacando sua contribuição com a ética. 
E existem formas de atendimento psicológico que partem de pressupostos deterministas, o ser humano é forçado com algum tipo de mecanismo em suas decisões são, na verdade, determinadas por causas identificáveis, e essas causas podem serem internas, cognições representações sociais, motivações inconscientes, resíduos da história passada ou externas, como estímulos do meio ambiente físico ou social, isoladamente ou em configurações complexas, na prestação de serviços psicológicos, ao certo não se nega a liberdade, ela vai ser respeitada dentro de uma postura ética, porém entendendo que o pensamento científico, e essa autonomia posta ao ser humano, passar a ser ilusória (Amatuzzi, 2012). 
A obra mostra que o atendimento supõe um olhar atencioso na situação, o qual se configura como um diagnóstico. Pressuposto humanista é o da autonomia, ou seja, o ser humano tem algum poder sobre as determinações que o afetam, e esse poder é, na verdade, mais relevante para o desenvolvimento do sujeito. 
O trabalho psicológico consiste fundamentalmente em oferecer um contexto dialógico no qual a liberação desse pode ser promovida (Amatuzzi, 2012). 
Assim sendo no livro mosta a confirmação de que, o atendimento não se baseia apenas em um diagnóstico, mas na afirmação de uma tendência ao crescimento, e não é concebido com como uma intervenção direcionada, mas como uma relação aberta centrada na pessoa. As atitudes do profissional nessa relação adquire importância. Os limites do atendimento são definidos pela própria relação, onde o terapeuta segue a intenção da pessoa que busca ajuda. 
Outro ponto que se destaca nesta obra é que para Rogers a ACP não é uma psicologia, uma terapia, tão pouco uma teoria ou uma linha psicológica. É a terapia centrada no cliente TCC deve se diferenciar da ACP, porque é uma aplicação dela a uma situação especial, a situação de psicoterapia individual de adulto. Esta aplicação faz conceber a psicoterapia como um processo de facilitação do crescimento pessoal e saúde psicológica de indivíduos em uma relação terapêutica pessoal. Na abordagem mostra um pouco da história de Rogers onde teve um papel decisivo nos Estados Unidos. 
Nessa época, a Psicologia norteamericana está dividida entre behaviorismo e psicanálise, ambas apoiadas nas ciênciasnaturais. Para Rogers, a metade do século XX é uma época que valoriza a tecnologia como valor máximo, aplicando esse valor às relações humanas. Com isso, visando um tratamento eficiente, o psicólogo mantém uma postura distanciada de seu “objeto de estudo”, o paciente. Além disso, o ser humano é visto como “vítima passiva de forças”, sejam elas impulsos inconscientes, pressões sociais ou condicionamentos. 
Através de seu trabalho como psicólogo no Centro de Prevenção, Rogers percebe os efeitos positivos de uma postura acolhedora e respeitosa com seus clientes. Essa postura se contra põe à postura distanciada, científica, dos psicólogos da época. Colocando-se assim na relação com os clientes, Rogers descobre que todo indivíduo tem a capacidade de descobrir e buscar o que é melhor para si mesmo. 
Essa ideia está em sintonia com a compreensão humanista, que, como já discutido, enfatiza a liberdade e a responsabilidade essenciais do homem. A hipótese sobre o ser humano formulada por Rogers é a seguinte: “Os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a autocompreensão e para a modificação de seus autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras.” (p.38) Em outras palavras, as pessoas são capazes de perceber e compreender o que acontece em suas vidas e de se posicionarem em relação aessesacontecimentos. Para isso, precisamdispor de liberdade e criatividade diantedas situações da vida. 
O termo “responsabilidade” tem dois significados aqui. O primeiro é o significado mais corrente do termo: os acontecimentos de minha vida estão sob meu encargo. O segundo significado enfatiza a etimologia da palavra, indicando a capacidade de responder. Ser responsável significa ser capaz de responder ao que me solicita. Esse responder não é um mero reflexo, mas um posicionamento do indivíduo em relação ao que lhe advém. É, portanto, um ato de livre determinação do homem, mas que exige criatividade.
Rogers estuda o ser humano visando descobrir as causas determinantes de seu comportamento. A psicanálise hipotetiza as pulsões como princípio dos comportamentos. Ademais, explica que as pulsões, correlatospsíquicos dos instintos, objetivam a satisfação do prazer ou alívio do desprazer. Na vida em sociedade, essesimpulsos, que facilmente nos levariam a destruir o próximo para satisfazernossosdesejos, precisariam ser reprimidos. A partir de sua experiência no contato com pessoas que atendia, Rogers vê-se obrigado a contestaressahipótese. Segundo ele, “O ser humano é, em seu cerne, um organismo em que se pode confiar.” (p.41)
O ser humano não é determinado por forças que oimpelem a destruir o outro ou si mesmo. Pelo contrário, todo organismo busca a autorrealização e o crescimento cada vez mais plenos. Realizar-me como indivíduo significa também judar os outros na busca da autorrealização. Assim, Rogers formula que todo organismo possui uma tendência natural a um desenvolvimento mais completo e mais complexo. Isso pode ser observado em todos os organismos e não seria diferente com o ser humano. Nossos processos naturais também estão voltados para a manutenção, para o crescimento e para reprodução do organismo que somos. 
Essa tendência natural ao desenvolvimento mais completo e mais complexorecebe o nome de Tendência à Autorrealização (ou Tendência Atualizante).
Na Abordagem Centradana Pessoa, todos os comportamentos humanos são manifestação dessa tendência à autorrealização, o que significa que buscam a manutenção e o crescimento do organismo. Todas as pessoas possuem essa tendência intrínseca para buscar estados novos de maior complexivida de afetividade e cognitiva. A compreensão da tendência atualizante intrínseca às pessoas é o fundamento da proposta rogeriana para a psicoterapia. “Tornar-se quem se é” é o objetivo da relação terapêutica. Significa poder experimentar seus sentimentos e se relacionar consigo mesmo e com os outros de modo profundo, complexo e satisfatório. Porém, as relações vivenciadas podem conduzir à direção oposta. 
Circunstâncias ameaçadoras fazem com que o indivíduo priorize a defesa de sua integridade, ficando limitada na sua capacidade de experimentar a complexidade de sentimentos presentes nas relações humanas. Outras circunstâncias podem levar o indivíduo a falsear ou negar a sua realidade vivenciada, ou ainda a reprimir seus sentimentos e desejos. 
Por exemplo, uma criança pode sentir inveja diante do nascimento de um irmão, mas essesentimento é mal visto e repreendido pelos pais. Isso pode levaressa criança a reprimir sentimentos percebidos como errados, ficando limitado na sua capacidade de se relacionar com os demais, pois a inveja é um sentimento humano. 
A Abordagem Centrada na Pessoa compreende que a repetição e o acúmulo de ameaças à integridade ou repressão de sentimentos, que experimentamos na família, na escola e na cultura podem limitar nossa liberdade de nos reconhecermos como somos e nossas necessidades, de experimentarmos nossos sentimentos e de realizarmos escolhas pertinentes ao nosso desenvolvimento pessoal e relacional.
          O terapeuta nesta abordagem é um facilitador do desenvolvimento pessoal. É alguém que se dispõe a compreender o cliente, respeitá-lo e aceitá-lo tal como ele próprio de percebe. Vê o cliente como pessoa, isto é, um ser livre e responsável, capaz de compreender-se e transforma-se, e relaciona-se com eleenquantotal. A partir dessa relação terapêutica, a pessoa cliente, começa a afastar-se de modelos falseados de si mesmo, encaminhando-se para maior autonomia. Torna-se progressivamente mais responsável por si mesmo, pois capaz de decidir-se sobre quais são comportamentos e sentimentos significativos e quais não. Encaminha-se, assim, para uma realidade mais fluida, em processo.
Abordagem Centrada na Pessoa como ética das relações humanas
   A palavra “ética” é definida no Dicionário Houaiss como:
1.    parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. (Dicionário Houaiss online, 2016). 
Dessa definição deriva o significado de conjunto de regras e valores morais. Ao formar-se psicólogo, você comprometer-se-á com o Código de Ética profissional, que rege os comportamentos aceitos e não aceitos dos psicólogos no exercício profissional.  
    Etimologicamente, ética deriva de duas palavras gregas que compartilham a mesma raiz: éthos e êthos. A primeira significa costume, uso, hábito e a segunda, caráter, maneira de ser de uma pessoa, disposições naturais de alguém. A disciplina filosófica Ética trata da segunda. 
O que significa, então, afirmar, como que a Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers, traz contribuições éticas e é, ela própria, uma ética? Significa que as propostas de Rogers não se dirigem a técnicas, manejos e procedimentos do psicólogo, como um código de ética faria, mas, sim, à sua atitude. Significa ainda mais que isso: que, embora a ACP seja tida como uma abordagem psicológica, ela propõe uma atitude, um modo de ser em relação com os outros e consigo mesmo.
As Psicologias Humanistas são um acontecimento recente numa história de resgate da ética do pensamento. Assim como o Humanismo renascentista recolocou como centro de preocupação o homem, resgatando sua dignidade, devolvendo-lhe sua responsabilidade por seu ser e se seu mundo, a ACP surge como abordagem psicológica, no primeiro momento ela é Terapia Centrada no Cliente para, em seguida, tornar-se uma reflexão sobre as relações humanas (Amatuzzi, 2012). 
Diferenciando-se das psicologias em voga nos EUA na década de 1940, Rogers assume a crença na orientação positiva e na tendência ao crescimento das pessoas. Tal atitude manifesta-se na relação com o cliente como horizontalidade, ou seja, o psicólogo deixa de ser um “vidente ilustrado”, que usa teorias psicológicas gerais e causa listas para diagnosticar e intervir, para “facilitar ao o outro o recurso às suas  próprias fontes interiores”. Contribui, portanto, postulando um modo de acontecer a relação psicólogo-cliente que resguarda, e resgata sua autonomia e sua responsabilidade.
“Tornar-se quem se é” é o objetivo da relação terapêutica. Significa poder experimentar seus sentimentos e se relacionar consigo mesmo e com os outros de modo profundo, complexo e satisfatório. Porém, as relações vivenciam das podem conduzir à direção oposta. Circunstâncias ameaçadoras fazem com que o indivíduo priorize a defesa de sua integridade, ficando limitada na sua capacidade de experimentar a complexidade de sentimentos presentes nas relações humanas. Outras circunstâncias podem levar o indivíduo a falsear ou negar a sua realidade vivenciada, ou ainda a reprimir seus sentimentos e desejos. Por exemplo, uma criança pode sentir inveja diante do nascimento de um irmão, mas esse sentimento é mal visto e repreendido pelos pais. Isso pode levar essa criança a reprimir sentimentos percebidos como errados, ficando limitado na sua capacidade de se relacionar com os demais, pois a inveja é um sentimento humano.
A Abordagem Centrada na Pessoa compreende que a repetição e o acúmulo de ameaças à integridade ou repressão de sentimentos, que experimentamos na família, na escola e na cultura podem limitar nossa liberdade de nos reconhecermos como somos e nossas necessidades, de experimentarmos nossos sentimentos ede realizarmos escolhas pertinentes ao nosso desenvolvimento pessoal e relacional.
O terapeuta nesta abordagem é um facilitador do desenvolvimento pessoal. É alguém que se dispõe a compreender o cliente, respeitá-lo e aceitá-lo tal como ele próprio de percebe. Vê o cliente como pessoa, isto é, um ser livre e responsável, capaz de compreender-se e transforma-se, e relaciona-se com ele enquanto tal. A partir dessa relação terapêutica, a pessoa (cliente) começa a afastar-se de modelos falseados de si mesmo, encaminhando-se para maior autonomia. Torna-se progressivamente mais responsável por si mesmo, pois capaz de decidir-se sobre quais são comportamentos e sentimentos significativos e quais não. Encaminha-se, assim, para uma realidade mais fluida, em processo.
    Esse modo de compreender a relação terapêutica se desenvolve ao longo da obra de Rogers para uma atitude nas relações humanas, isto é, não exclusivamente na relação terapêutica. O pressuposto humanista – resgate da dignidade humana, afirmação de sua responsabilidade, liberdade e autonomia – aparece na Abordagem Centrada na Pessoa como atitude de reconhecer que “O ser humano tem algum poder sobre as determinações que o afetam, e esse poder é, na verdade, mais relevante para o desenvolvimento do que aquelas determinações.” (Amatuzzi, 2012, p.17) Refere-se a um modo de ser, isto é, de assumir-se e estar com outro, como pessoa, no sentido da relação Eu-Tu descrita por Martin Buber.     
Para Buber existem duas formas básicas do homem se relacionar: uma ele chamou de Eu-Isso e outra de Eu-Tu. São modos do homem se relacionar e se colocar diante do outro e do mundo. Na relação Eu-Isso, o homem se coloca diante do mundo como algo objetivo e, nessa atitude, ele se torna capaz de conhecer e habitar o mundo. Jána relação Eu-Tu, o homem se coloca em relação a um outro, que pode ser uma outra pessoa, uma obra artística ou literária, ou, ainda, uma situação vivenciada. A relação Eu-Tu é marcada pelo impacto da presença do outro, é um encontro no qual o homem é atravessado pela potência e pela força da vivência do outro. Este encontro foge às apreensões usuais e se recusa a ser sistematizado ou esquematizado. 
    Na ACP, a relação Eu-Tu, descreve o encontro inter-humano, no qual cadaparticipante é aceito como pessoa autônoma, livre, criativa e capaz de dirigir suas açõesnadireção do crescimento do crescimento, da complexificação e da realização. Issoporque a pessoa que assim se colocana vida reconheceaexistência de uma tendênciaformativa universal. (Amatuzzi, 2010).
O surgimento do Aconselhamento Psicológico como modelo de intervenção psicológica está vinculado a alguns acontecimentos históricos nos Estados Unidos, como a fundação de Centros de Orientação Infantil e Juvenil para pais e filhos, a criação de serviços de Higiene Mental e Centros de Aconselhamento Pré-Matrimonial e Matrimonial, ao surgimento de instituições de Assistência Social que necessitavam oferecer apoio emocional aos seus clientes e ao desenvolvimento de serviços de assistência psicológica nas empresas.
No começo do século XX, o aconselhamento não é realizado por psicólogos. O conselheiro é um perito no assunto a ser tratado, enquanto o aconselhando, alguém que necessita de orientação. O Aconselhamento pode ser profissional, vocacional, educacional ou marital. Diferencia-se bastante da prática psicoterapêutica, então restrita à psicanálise. O Aconselhamento visa a ajudar na tomada de uma decisão e envolve informações objetivas que permitem ao orientando utilizar melhor seus recursos pessoais.
Dentre os principais autores ligados ao início da teorização sobre Aconselhamento Psicológico, destacam-se Parsons e Rogers. O primeiro era engenheiro e compreendia o aconselhamento como o fornecimento de informações e conselhos sobre escolha profissional, baseada na experiência do orientador. A partir da década de 1940, o trabalho como conselheiro leva Carl Rogers a questionar o modelo vigente, propondo em seu lugar o aconselhamento não-diretivo. Concomitantemente, ele desenvolve a Terapia Centrada no Cliente. O Aconselhamento é apresentado como um tipo de contato direto com o indivíduo a fim de lhe fornecer assistência na modificação de suas atitudes.
O Aconselhamento distingue-se da Psicoterapia, pois se trata de um auxílio para o aconselhando maximizar seus recursos pessoais e fazer escolhas. Pode ser útil também como prática educativa, preventiva ou de apoio situacional. Geralmente é um processo de curta duração, diferenciando-se do modelo tradicional de psicoterapia, de longa duração, que visa a reestruturação da personalidade e o tratamento de problemas emocionais e patologias.
  
O aconselhamento psicológico nasce nos anos 1930 nos Estados Unidos como especialidade e área de atuação e saber do psicólogo. No início é estreitamente ligado à orientação vocacional e à psicometria, focando as pesquisas em testes vocacionais e outros meios de medição de aptidões.
A primeira teoria mais expressiva chama-se Traço e Fator e foi desenvolvida pelo engenheiro William Parsons. A teoria Traço e Fator parte do pressuposto de que o aconselhamento deve focar o processo de ensino do aconselhando, pois tem como meta a solução de problemas específicos de adaptação do indivíduo nas áreas educacional e profissional através do desenvolvimento de atitudes e comportamentos (os “traços”) condizentes com o esperado para a realização da atividade proposta (os “fatores”).
Williamson, um dos expoentes do aconselhamento psicológicona Teoria Traço e Fator, define-o como um atendimento que auxilia o indivíduo a aprender determinadas matérias escolares, condutas adequadas de cidadania, valores sociais e todos os outros hábitos, habilidades, atitudes e crenças que constituem um ser humano normal. Em outras palavras, o processo teria o objetivo de eliminar ou modificar comportamentos considerados inadequados. A mudança de comportamentos e atitudes, segundo o autor, seria satisfatória para o aconselhando e para a sociedade em que vivia. Nesse sentido, a Teoria Traço e Fator, articulada à vertente experimental dos estudos psicométricos, dá ao Aconselhamento uma aura de cientificidade e abre espaço para a prática do psicólogo.
A Psicologia ainda não estava regulamentada como profissão nos EUA e aqueles que praticavam a psicologia buscavam delimitar seu campo de atuação. Uma possibilidade era a psicoterapia, que, na época, era prerrogativa dos médicos e encontrava na psicanálise a teoria que a fundamentava. A psicoterapia tinha como público indivíduos que sofriam de distúrbios psicológicos mais graves, exigindo tratamentos prolongados. O Aconselhamento Psicológico surge como possibilidade de prática psicológica voltada para questões de desajustamento, orientando o aconselhando na obtenção das habilidades que o tornam ajustado ao seu meio. Isso pode ocorrer num período mais curto do que a psicoterapia de longa duração.
Em 1942, Carl Rogers publica o livro Aconselhamento e Psicoterapia, lançando as bases da primeira fase de suas ideias: a terapia não-diretiva. A não-diretividade é geralmente associada a total não-interferência do terapeuta (ou conselheiro) no processo do cliente. Sua proposta surge em oposição ao processo de aconselhamento da Teoria Traço e Fator, que é considerada prepotente e autoritária por situar o conselheiro no lugar de quem sabe o caminho certo para modificar os comportamentos desajustados e desadaptados socialmente do aconselhando. Nesse sentido, o conselheiro psicológico que segue a proposta de Rogers coloca-se como “um ouvinte interessado e compreensivo, que, pela técnica da reflexão, queria proporcionar que a esfera de exploração pessoal do cliente ou aconselhando se configurasse o mais proximamente possível de suas vivências e percepções atuais e conscientes.” Com suas ideias, Rogers elimina a distinção entre aconselhamento e psicoterapia.
O psicólogo norte americano Carl Rogers não distingue aconselhamento psicológico e psicoterapia, pois considera que ambos consistem em contatos diretos com o indivíduocom o objetivo de facilitar mudanças significativas em suas atitudes e comportamentos. Esses encontros são marcados pelas atitudes facilitadoras – aceitação incondicional, compreensão empática e congruência – que propiciam um ambiente de desenvolvimento psicológico ao indivíduo.
Atualmente, o aconselhamento psicológico é prática exclusiva de psicólogos, caracterizada por centrar-se nas potencialidades e nos aspectos saudáveis dos indivíduos, não nas suas fragilidades ou aspectos psicopatológicos. Além disso, o aconselhamento também tem como foco o modo como a pessoa se percebe e os projetos pessoais que quer realizar para desempenhar um papel social produtivo.
Pode-se também caracterizar o aconselhamento como um atendimento psicológico em períodos de crise, no qual o objetivo é facilitar as escolhas do indivíduo na situação que vive, escolhas essas das quais depende seu desenvolvimento posterior.
Assim, esse atendimento está voltado a questões situacionais, ao apoio e à prevenção, mais comum ente dirigido à solução de problemas.
No entanto, como no início do texto, aconselhamento tem dois sentidos: pode indicar os significados de sugestão, recomendação e orientação, mais próximos ao sentido de aconselhamento na perspectiva tradicional; pode ainda denotar a situação em que várias pessoas se reúnem para pensar e decidir com justeza a respeito de algo de seu interesse, o que se aproxima da definição de Rogers da relação de ajuda presente tanto no aconselhamento quanto na psicoterapia.
Conclusão
Nas palavras de Rogers, “não tarda a compreender que as suas reações e experiências internas, as mensagens de seus sentimentos e das suas vísceras, são amigas”. Descobrem que qualquer escolha que queira fazer, deve partir do critério “organísmico”. A evolução da cliente no caso estudado permite afirmar que tudo que identifica e reforça a sanidade do ser que realmente se é traz vida. Consequentemente, a tarefa da psicoterapia é fortalecer a integridade da consciência sobre ser o que realmente se é. 
Acrescentamos que a pessoa é ela mesma a sua própria medida, uma vez que conhece a si mesma, opta por aquilo que lhe traz identidade, lhe traz mais vida. Quanto mais o psicólogo conseguir ser congruente na relação com o cliente, mais funcional esse será. À medida que se torna mais realista na percepção de si mesmo, o cliente vai se tornando mais análogo à pessoa que realmente se é. No decorrer do processo o cliente (a) revela-se, menos frustrado (a) pelos sofrimentos, menos defensivo (o) e mais capacitado (a) para enfrentar as situações de modo dinâmico e produtivo. 
Parece óbvio, mas é preciso destacar que na relação psicoterápica o cliente é digno de confiança, possui capacidades e potenciais que na liberdade e na segurança de relações compreensivas, consegue desenvolver uma maior autocompreensão e autoconfiança. Torna-se mais consciente das escolhas de seus comportamentos, encaminha-se para a autonomia. Torna-se responsável por si mesmo. E o mais belo, age mais em sintonia com o seu fluxo. Sabe que ele é o próprio fluxo. 
Aprende que é mais livre para ser e para não ser. Na relação psicoterápica o cliente é livre. Livre para se tornar no que realmente é ou para viver com suas máscaras. Livre para crescer ou para retroceder. Livre para declarar a paz ou a guerra em relação a si mesmo, porque agora não é mais uma questão de nariz, agora é uma questão de princípios.
Referência
Amatuzzi, Mauro Martins. 2012. Rogers – ética humanista e psicoterapia. 2ª Ed. Campinas, SP: Editora Alínea.

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