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Livro Eletrônico Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 Felipo Livio Lemos Luz 55314334925 - marcos santos 1 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz DIREITO CONSTITUCIONAL Sumário Sumário .................................................................................................. 1 1 – Organização ..................................................................................... 2 1.1 – Funções Típicas e atípicas do Poder Legislativo .................................. 2 1.2 – Mesas Diretoras ............................................................................. 5 1.3 – Comissões Parlamentares ............................................................... 7 1.4 – Comissões Parlamentares de Inquérito ............................................. 8 1.4.1 – Requisitos Constitucionais para a criação de CP’s ............................ 9 1.4.2 – Poderes de investigação das CPI’s ............................................... 10 1.5 – Atribuições do Congresso Nacional ................................................. 14 1.6 – Atribuições privativas da Câmara dos Deputados ............................. 17 1.7 – Atribuições privativas do Senado Federal ........................................ 18 1.8 – O Estatuto dos Congressistas ........................................................ 23 1.9 – Imunidades Parlamentares............................................................ 23 1.9.1 – Imunidade Material ................................................................... 23 1.9.2 – Imunidade Formal ..................................................................... 25 1.10 – Prerrogativa de Foro ................................................................... 27 1.11 – Incompatibilidade dos Parlamentares ........................................... 29 1.12 – Hipóteses de perda do mandato ................................................... 30 1.13 – Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária ......................... 38 Súmulas importantes sobre o tema ........................................................... 44 Jurisprudência importante sobre o tema .................................................... 44 Legislação .............................................................................................. 48 QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................ 56 Questões sem comentários ...................................................................... 69 Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 2 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz PODER LEGISLATIVO 1 – Organização 1.1 – Funções Típicas e atípicas do Poder Legislativo Em continuidade ao tema da separação de poderes, damos início ao estudo da organização do Poder Legislativo. Nesse contexto, cabe ao Poder Legislativo tipicamente fiscalizar as contas públicas (e.g, por meio do controle externo realizado através do Tribunal de Contas) e inovar a legislação, conferindo, como regra, novas prerrogativas e restrições aos cidadãos. Atipicamente, cabe ao Poder Legislativo administrar seus próprios serviços e proferir julgamento nos casos previstos na Constituição Federal (e.g, impeachment do Presidente da República). No campo federal, o Poder Legislativo, por inspiração americana, adota o bicameralismo, consoante previsão do art. 44 da CF, estabelecendo também esse artigo que cada legislatura terá a duração de 4 anos: Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. A legislatura compreende o período de quatro anos em que há renovação na composição das Casas Legislativas. A sessão legislativa ordinária, por sua vez, ocorre anualmente, no período de 2 de fevereiro a 17 de Julho (1º período legislativo) e de 1º de Agosto a 22 de Dezembro. Nos termos da Constituição (art. 35, ADCT), o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa. Por seu turno, o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 3 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz A sessão legislativa extraordinária do Congresso Nacional ocorre durante o recesso parlamentar e pressupõe: Cabe ainda ressaltar que na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese de medidas provisórias em vigor no período (serão incluídas obrigatoriamente na pauta da convocação extraordinária), sendo, por seu turno, vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão dessa convocação. Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária (art. 58, § 4º). Além de outros casos previstos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para (Art. 57, § 3º, da CF): I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. A convocação pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente da República (art. 57, §6º, I); A convocação pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas essas hipóteses com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional (art. 57, § 6º, II). Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 4 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz Além dessas hipóteses do art. 57, § 3º, a Constituição também estabelece a necessidade de sessão conjunta para: A Câmara dos Deputados adota o sistema proporcional para a eleição de seus parlamentares, sendo o número de deputados correspondente à população dos diferentes estados, contando, no mínimo, cada Estado com 8 deputados e, no máximo, 70 deputados: Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. § 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. Embora a atual configuração do Estado Brasileiro não conte com territórios federais, o § 2º do art.45 estabelece que, nessa situação, cada Território elegerá quatro Deputados. Regulando o art. 45 da CF, a lei complementar 78/93, em seu art. 1º, afirma que o número de deputados federais não ultrapassará quinhentos e treze representantes, devendo a proporcionalidade obedecer esse limite global. Afirmar que o sistema é proporcional, por seu turno, é determinar que o número de deputados eleitos deverá obedecer a quantidade de votos do partido ou coligação do candidato, porquanto nem sempre o número de votos recebidos Discussão e votação da lei orçamentária, conforme art. 166, CF/88. Delegar ao Presidente da República, por meio de Resolução do Congresso Nacional, a competência para editar lei delegada. Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 5 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz pelo candidato será suficiente para que seja eleito, diferentemente do sistema majoritário, onde sempre o candidato mais votado terá a aptidão para o exercício do mandato legislativo. Para viabilizar a adoção do sistema proporcional, utiliza-se o método do quociente eleitoral, que consiste no cálculo de quantas cadeiras serão ocupadas por cada legenda partidária. Para isso, inicialmente, divide-se o total de votos válidos em candidatos pelo número de cargos em disputa, obtendo-se o quociente eleitoral. O total de votos obtidos por cada legenda partidária é dividido por esse quociente, chegando-se, finalmente, ao número de cadeiras por legenda (quociente partidário). Por seu turno, a eleição para o Senado Federal obedecerá o sistema majoritário, devendo cada unidade federativa contar com três senadores eleitos para um mandato de oito anos: Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. Embora o mandato de Senador dure 8 anos, o § 2º desse mesmo artigo assevera que a representação nessa casa legislativa deverá ser renovada, alternadamente, a cada 4 anos, o que, do ponto de vista prático, significa que em uma eleição será eleito um senador e na seguinte dois: § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. Cada Senador será eleito com dois suplentes, como prevê o § 3º do art. 46. O Art. 47, por sua vez, afirma que, salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 1.2 – Mesas Diretoras Em cada uma das Casas Legislativas, existe uma Mesa Diretora, que tem por atribuição conduzir os trabalhos legislativos e administrativos. Nesse contexto, o Poder Legislativo Federal é composto pelas Mesas da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e, ainda, do Congresso Nacional. Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 6 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF). Já as Mesas da Câmara e do Senado são eleitas, respectivamente, pelos deputados e senadores, devendo assegurar-se, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, § 1º, CF). O mandato dos cargos da Mesa é de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subsequente. Por seu turno, a jurisprudência do STF entende que essa vedação somente se aplica dentro de uma mesma legislatura, de modo que é possível a recondução no âmbito de legislaturas distintas. Ademais, é cediço na mesma Corte que a vedação à recondução dentro da mesma legislatura não é norma de reprodução obrigatória nas Constituições dos estados-membros, que poderão estabelecer a possibilidade de recondução para o mesmo cargo na Mesa da Assembleia Legislativa dentro da mesma legislatura. Esse entendimento também é aplicável na esfera municipal, podendo as leis orgânicas municipais dos municípios também poderão estabelecer a possibilidade de recondução dos membros de suas mesas para o mesmo cargo na eleição subsequente. Segundo o STF, as características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. Dessa forma, fica claro que o mandato no sistema proporcional é do partido (ou coligação partidária); trata-se do chamado voto de legenda. Isso traz relevantes consequências, especialmente com relação à fidelidade partidária. Assim, perderá o mandato o Deputado que, sem razão legítima que o justifique, cancelar a sua filiação partidária ou transferir-se para outra legenda. Nesses casos (razão legítima) o parlamentar tem direito a instaurar, perante a Justiça Eleitoral, procedimento em que possa demonstrar a ocorrência dessa situação excepcional, caso em que manterá a titularidade de seu mandato eletivo. No caso de coligações partidárias, a vaga decorrente da perda do mandato por infidelidade pertencerá à coligação e não ao partido do parlamentar ora excluído. Segundo o STF, “a coligação assume perante os demais partidos e coligações, os órgãos da Justiça Eleitoral e, também, os eleitores, natureza de superpartido”. Por outro lado, para parlamentares eleitos pelo sistema majoritário (presidente, governador, prefeito e senador), não se aplica a regra Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 7 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz da perda de mandato em razão da mudança de partido, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. 1.3 – Comissões Parlamentares As Comissões são criadas por cada Casa separadamente ou pelo Congresso Nacional, na forma do regimento interno correspondente. Nesse contexto, as comissões podem ser compostas por apena deputados (Comissão da Câmara), senadores (Comissão do Senado) ou podem ser mistas, como aquela que examina as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (art. 62, §9º, CF). Na constituição das Comissões, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 58, §1º, CF). As comissões podem ser permanentes ou temporárias. As comissões permanentes não possuem prazo de duração, integrando a própria estrutura da casa legislativa correspondente e permanecendo existentes mesmo após o término da legislatura. As comissões temporárias, por sua vez, devem ser extintas após a conclusão de seus trabalhos, ao término do prazo de sua duração ou da sessão legislativa (CF, art. 57). Segundo a doutrina, ainda que ocorra a prorrogação do período anteriormente determinado para os trabalhos de uma comissão temporária, em nenhuma hipótese ela poderá ultrapassar a legislatura na qual foi criada. A Constituição Federal relaciona, no art. 58, § 2º, as atribuições, em razão da matéria de sua competência,das Comissões Parlamentares: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 8 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Segundo o §4º do art. 58, durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária. 1.4 – Comissões Parlamentares de Inquérito Por meio das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), o Poder Legislativo exerce sua função típica de fiscalização da coisa pública. Segundo o STF “(...) incumbe às Comissões em apreço não apenas as atividades de fiscalização. As CPIs também têm como horizonte instrumentalizar a atividade legiferante do Parlamento, a avaliação da conveniência de alocação de recursos e de financiamento de políticas públicas, etc. Nesse cenário, é natural que se confira às CPIs ampla autonomia para o exercício do relevante múnus”. Trata-se, portanto, de controle político-administrativo exercido pelo Parlamento com o objetivo de apurar situações que possam malferir o interesse público. A Constituição Federal tratou das Comissões Parlamentares de Inquérito no art. 58, §3º, in verbis: § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, podendo ainda haver a constituição de comissões parlamentares de inquérito mistas. Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 9 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz 1.4.1 – Requisitos Constitucionais para a criação de CP’s Os pressupostos para a criação de CPI s estão previstos na parte final do § 3º, quais sejam: i) Requerimento de 1/3 dos membros da casa legislativa: Para o STF existe o direito subjetivo à instauração das CPI´s pelas minorias parlamentares (direito das minorias), de modo que preenchido o número mínimo exigido pelo texto constitucional, é obrigatória a instauração da CPI. Segundo o Regimento do Congresso Nacional, as Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito serão criadas em sessão conjunta, sendo automática a sua instituição se requerida por 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados mais 1/3 dos membros do Senado Federal. O STF entende, também, válida norma do Regimento Interno da Casa Legislativa que estabeleça um número máximo de CPI’s que poderão existir de modo simultâneo. ii) Apuração de fato determinado: O ato de instauração da CPI deverá delimitar, precisamente, os fatos que serão objeto da investigação parlamentar, porquanto não se admite a criação de CPI’s para apuração de fatos genéricos, sem contornos minimamente objetivos. Ressalte-se que, para a doutrina e a jurisprudência, as CPIs de um ente da federação não podem investigar fatos referentes aos demais, pois essa possibilidade atingiria o equilíbrio federativo. Segundo Novelino, a exigência de ter como objeto de apuração um fato determinado não impede a ampliação do objeto para outros fatos conexos ao principal ou que fatos inicialmente desconhecidos e revelados durante a investigação também sejam investigados. Para o mesmo autor, não cabe à CPI investigar assuntos de interesse exclusivamente privado dos indivíduos apenas com o objetivo de conhecer ou informar por curiosidade, ou seja, negócios privados que não guardem relação com um propósito legislativo válido ou que não possuam nexo causal com a gestão da coisa pública. iii) Prazo certo: A CPI é uma comissão temporária e, nos termos da Constituição (CF, art. 58, § 3.º), deve ter um prazo certo de duração. Entrementes, o termo “prazo certo”, segundo o STF, não impede prorrogações sucessivas dentro da mesma legislatura, pois, como falado anteriormente, a legislatura é o limite das comissões de natureza temporária. Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 10 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz 1.4.2 – Poderes de investigação das CPI’s A Constituição afirma que as CPI’s têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Dessa forma, as CPIs, no desempenho de seus poderes de investigação, estão sujeitas às mesmas limitações incidentes sobre os magistrados. No entanto, algumas medidas calcadas no princípio da reserva de jurisdição são vedadas às CPI´s. Do sítio da Câmara dos Deputados podemos extrair que, entre os poderes conferidos às CPI´s, podemos destacar a prerrogativa de: i) convocar ministro de Estado; ii) tomar depoimento de autoridade federal, estadual ou municipal; iii) ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para não se autoincriminar) e testemunhas (que têm o compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a comparecer); iv) ir a qualquer ponto do território nacional para investigações e audiências públicas; v) prender em flagrante delito; vi) requisitar informações e documentos de repartições públicas e autárquicas; vii) requisitar funcionários de qualquer poder para ajudar nas investigações, inclusive policiais; viii) pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca e apreensão (vetada em domicílio); ix) determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de inspeções e auditorias; e x) quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive telefônico, ou seja, extrato de conta e não escuta ou grampo). Dentre as vedações, pode-se dizer que as CPI´s não podem: i) condenar; ii) determinar medida cautelar, como prisões, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro; iii) determinar interceptação telefônica e quebra de sigilo de correspondência; iv) impedir que o cidadão deixe o território nacional e determinar apreensão de passaporte;; iv) expedir mandado de busca e apreensão domiciliar; e Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos ==162515== 11 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz v) impedir a presença de advogado do depoente na reunião (advogado pode: ter acesso a documentos da CPI; falar para esclarecer equívoco ou dúvida; opor a ato arbitrário ou abusivo; ter manifestações analisadas pela CPI até para impugnar prova ilícita). Esse quadro esquemático é o quevai ser efetivamente cobrado pelo examinador sobre o tema. Por isso, é importante que o estudante o conserva na memória. Da jurisprudência podemos colher importantes decisões a respeito do tema. Com efeito, já decidiu o STF que: As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório circunstanciado não só ao Ministério Público e à AGU, mas, também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, documentação que possibilite a instauração de inquérito policial em face de pessoas envolvidas nos fatos apurados (art. 58, § 3º, CRFB/1988, c/c art. 6º-A da Lei 1.579/1952, incluído pela Lei 13.367/2016). (MS 35.216 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 17-11-2017). (...) a CPI "não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal" (HC 71.231, rel. min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 5-5- 1994). MS 33.751, voto do rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 15-12-2015 O mandado de segurança não é meio hábil para questionar relatório parcial de CPI, cujo trabalho, presente o § 3º do art. 58 da CF, deve ser conclusivo (MS 25.991 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 25-8-2015). A Constituição do Brasil assegura a 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados e a 1/3 dos membros do Senado Federal a criação da CPI, deixando porém ao próprio parlamento o seu destino. A garantia assegurada a 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado estende-se aos membros das assembleias legislativas estaduais – garantia das minorias. O modelo federal de criação e instauração das CPIs constitui matéria a ser compulsoriamente observada pelas casas legislativas estaduais. A garantia da instalação da CPI independe de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou da assembleia legislativa. (...) Não há razão para a submissão do requerimento de constituição de CPI a qualquer órgão da assembleia legislativa. Os requisitos indispensáveis à criação das CPIs estão dispostos, estritamente, no art. 58 da Constituição do Brasil/1988 (ADI 3.619, rel. min. Eros Grau, j. 1º-8-2006). Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 12 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz (...) não se revela legítimo opor, ao advogado, restrições, que, ao impedirem, injusta e arbitrariamente, o regular exercício de sua atividade profissional, culminem por esvaziar e nulificar a própria razão de ser de sua intervenção perante os órgãos do Estado, inclusive perante as próprias CPIs. [MS 30.906 MC, rel. min. Celso de Mello, dec. monocrática, j. 5-10-2011). É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o investigado, convocado para depor perante CPI, permanecer em silêncio, evitando-se a autoincriminação, além de ter assegurado o direito de ser assistido por advogado e de comunicar-se com este durante a sua inquirição. (...) Considerando a qualidade de investigado convocado por CPI para prestar depoimento, é imperiosa a dispensa do compromisso legal inerente às testemunhas. Direitos e garantias inerentes ao privilégio contra a autoincriminação podem ser previamente assegurados para exercício em eventuais reconvocações (HC 100.200, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 8-4-2010). É firme a jurisprudência deste STF no sentido de que a extinção da CPI prejudica o conhecimento do habeas corpus impetrado contra as eventuais ilegalidades de seu relatório final, notadamente por não mais existir legitimidade passiva do órgão impetrado. (...) O encaminhamento do relatório final da CPI, com a qualificação das condutas imputáveis às autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função, para que o Ministério Público ou as Corregedorias competentes promovam a responsabilidade civil, criminal ou administrativa, não constitui indiciamento (...).(HC 95.277, rel. min. Cármen Lúcia, j. 19-12-2008) Existe, no sistema político-jurídico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional das minorias parlamentares, cujas prerrogativas – notadamente aquelas pertinentes ao direito de investigar – devem ser preservadas pelo Poder Judiciário, a quem incumbe proclamar o alto significado que assume, para o regime democrático, a essencialidade da proteção jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposição, analisado na perspectiva da prática republicana das instituições parlamentares. A norma inscrita no art. 58, § 3º, da Constituição da República destina-se a ensejar a participação ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, sem que, para tanto, mostre-se necessária a concordância das agremiações que compõem a maioria parlamentar. O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não se transforme numa prerrogativa constitucional inconsequente, há de ser aparelhado com instrumentos de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta no âmbito de cada uma das Casas do Congresso Nacional. A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar, por período certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, rel. min. Celso de Mello. A ofensa ao direito das minorias parlamentares constitui, em essência, um desrespeito ao direito do próprio povo, que também é representado pelos grupos minoritários que atuam nas Casas do Congresso Nacional. (...) O requisito constitucional concernente à Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 13 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz observância de 1/3, no mínimo, para criação de determinada CPI (CF, art. 58, § 3º), refere-se à subscrição do requerimento de instauração da investigação parlamentar, que traduz exigência a ser aferida no momento em que protocolado o pedido junto à Mesa da Casa Legislativa, tanto que, "depois de sua apresentação à Mesa", consoante prescreve o próprio Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 102, § 4º), não mais se revelará possível a retirada de qualquer assinatura. Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da CPI, que não depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigências (CF, art. 58, § 3º), cumpre, ao presidente da Casa Legislativa, adotar os procedimentos subsequentes e necessários à efetiva instalação da CPI, não se revestindo de legitimação constitucional o ato que busca submeter, ao Plenário da Casa Legislativa, quer por intermédio de formulação de questão de ordem, quer mediante interposição de recurso ou utilização de qualquer outro meio regimental, a criação de qualquer CPI. A prerrogativa institucional de investigar, deferida ao Parlamento (especialmente aos grupos minoritários que atuam no âmbito dos corpos legislativos), não pode ser comprometida pelo bloco majoritário existente no Congresso Nacional, que não dispõe de qualquer parcela de poder para deslocar, para o Plenário das Casas Legislativas, a decisão final sobre a efetiva criação de determinada CPI, sob pena de frustrar e nulificar, de modo inaceitável e arbitrário, o exercício, pelo Legislativo (e pelas minorias que o integram), do poder constitucional de fiscalizar e de investigar o comportamento dos órgãos, agentes e instituições do Estado, notadamente daqueles que se estruturam na esfera orgânica do Poder Executivo. A rejeição de ato de criação de CPI, pelo Plenário da Câmara dos Deputados, ainda que por expressiva votação majoritária, proferida em sede de recurso interposto por líder de partido político que compõe a maioria congressual, não tem o condãode justificar a frustração do direito de investigar que a própria Constituição da República outorga às minorias que atuam nas Casas do Congresso Nacional (MS 26.441, rel. min. Celso de Mello, j. 25-4-2007). (...) O controle jurisdicional de abusos praticados por CPI não ofende o princípio da separação de poderes. O STF, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, neutralizando, desse modo, abusos cometidos por CPI, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício da função jurisdicional, nesse contexto, porque vocacionado a fazer prevalecer a autoridade da Constituição, não transgride o princípio da separação de Poderes (MS 25.668, rel. min. Celso de Mello, j. 23-3-2006, P, DJ de 4-8-2006). Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a LC 105/2001, podem essas comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com base no art. 58, § 3º, da Constituição (ACO 730, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 22-9-2004). O princípio constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de decretação da prisão, ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) – Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 14 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz não se estende ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de expressa autorização dada pela própria Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), assiste competência à CPI, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. Autonomia da investigação parlamentar. O inquérito parlamentar, realizado por qualquer CPI, qualifica-se como procedimento jurídico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade própria, circunstância esta que permite à Comissão Legislativa – sempre respeitados os limites inerentes à competência material do Poder Legislativo e observados os fatos determinados que ditaram a sua constituição – promover a pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto da apuração congressual. HC 100.341, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 4-11-2010 1.5 – Atribuições do Congresso Nacional Sistematizando o tema, José Afonso da Silva divide as atribuições do Congresso Nacional em: 1) Atribuições legislativas: são aquelas em que cabe ao Congresso Nacional dispor a respeito das matérias de competência da União (CF, arts. 22 e 24), em especial as elencadas no art. 48 da Constituição, exigindo, por seu turno, sanção do Presidente da República; 2) Atribuições constituintes: reservadas às hipóteses de alteração do texto constitucional; 3) Atribuições meramente deliberativas: prática de atos concretos, de resoluções referendárias, de autorizações, de aprovações, de sustação de atos, de fixação de situações e de julgamento técnico, tal como previstas no art. 49 da CF e em normas regimentais. Desempenham-se por via de decreto legislativo ou de resolução, sem a participação do Presidente da República. 4) Atribuições de Fiscalização e controle: 4.1) pedidos de informação: remetidos pelas Mesas do Senado e da Câmara, são dirigidos a Ministro de Estado ou a qualquer órgão ou autoridade diretamente ligados à Presidência da República. Devem ser Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 15 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz respondidos em até 30 dias, sob pena de crime de responsabilidade (art. 50, § 2º); 4.2) comissões parlamentares de Inquérito; 4.3) controle externo: fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da Administração direta e indireta. Exercido com o auxílio do TCU e da comissão mista permanente. 4.4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo: incluídos os atos da administração indireta. Trata-se de atribuições exercidas diretamente pelo Congresso Nacional ou por qualquer das casas que o compõem (art. 49, X); 4.5) tomada de contas do Presidente da República: de atribuição da Câmara, se o Presidente não as prestar, anualmente, até o dia 15 de Abril (artigos 51, II, e 84, XXIV). 5) Atribuições de julgamento de crimes de responsabilidade: Compete ao Senado Federal, sob a direção do Presidente do STF (art. 52, I, II), julgar os crimes de responsabilidade praticados: 5.1) Pelo Presidente da República, pelo Vice - Presidente da República, além dos crimes de responsabilidade conexos praticados pelos Ministros de Estado e pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, após a autorização da Câmara dos Deputados, que funciona como órgão que faz o juízo de admissibilidade do processo (art. 51, I, c/c art. 52, I, com redação da EC 23/99); 5.2) Pelos Ministros do STF, pelos membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, pelo Procurador – Geral da República e pelo Advogado-Geral da União, sem juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados (art. 52, II, com redação da EC 45/ 2004). Ao tratar das atribuições do Congresso Nacional, o art. 48 da CF estabelece que cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 16 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. Por meio de decreto legislativo, ou seja, sem a necessidade de sanção do Presidente da República, é da competência exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do art. 49: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrara paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 17 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Os Ministros de Estado podem ainda comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério (art. 50, § 1º, CF). 1.6 – Atribuições privativas da Câmara dos Deputados As competências privativas da Câmara dos Deputados estão enumeradas no art. 51 da CF. Conquanto a Constituição afirme que as competências são privativas, é cediço que essas atribuições não são passíveis de delegação, significando realmente que são exclusivas. O exercício dessas competências é corporificado, como regra, através da edição de resoluções, sem a necessidade, portanto, de sanção presidencial. A exceção é a matéria Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 18 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz regulada no inciso IV, porquanto há necessidade de aprovação de lei para a fixação da remuneração de seus servidores, conquanto a iniciativa desse diploma seja da própria Câmara. Segundo o art. 51 da CF, compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. 1.7 – Atribuições privativas do Senado Federal Cabe ao Senado, por outro lado, por meio de resolução (sem sanção), disciplinar as competências estabelecidas no art. 52. Nesse diapasão, compete privativamente a essa Casa: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 19 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. A Constituição Estadual não pode condicionar a instauração de processo judicial por crime comum contra Governador à licença prévia da Assembleia Legislativa. A república, que inclui a ideia de responsabilidade dos governantes, é prevista como um princípio constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e, portanto, de observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos Estados-membros Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos20 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da República. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não podem estabelecer a chamada ‘licença prévia’, também não podem elas autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça. [ADI 4.362, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 9-8-2017, P, DJE de 6-2-2018.]. NOVO: Não há necessidade de prévia autorização da assembleia legislativa para o recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador de Estado, por crime comum, cabendo ao STJ, no ato de recebimento ou no curso do processo, dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo. (...) O relator afirmou a necessidade de superar os precedentes da Corte na dimensão de uma redenção republicana e cumprir a promessa do art. 1º, caput, da CF, diante dos reiterados e vergonhosos casos de negligência deliberada pelas assembleias legislativas estaduais, que têm sistematicamente se negado a deferir o processamento de governadores. (...) Esclareceu não haver na CF previsão expressa da exigência de autorização prévia de assembleia legislativa para o processamento e julgamento de governador por crimes comuns perante o STJ. Dessa forma, inexiste fundamento normativo-constitucional expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência em suas Constituições estaduais. Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados- membros. [ADI 5.540, rel. min. Edson Fachin, j. 3-5-2017. Apresentada denúncia contra o presidente da República por crime de responsabilidade, compete à Câmara dos Deputados autorizar a instauração de processo (art. 51, I, da CF/1988). A Câmara exerce, assim, um juízo eminentemente político sobre os fatos narrados, que constitui condição para o prosseguimento da denúncia. (...) Há três ordens de argumentos que justificam esse entendimento. Em primeiro lugar, esta é a única interpretação possível à luz da Constituição de 1988, por qualquer enfoque que se dê: literal, histórico, lógico ou sistemático. Em segundo lugar, é a interpretação que foi adotada pelo STF em 1992, quando atuou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, de modo que a segurança jurídica reforça a sua reiteração pela Corte na presente ADPF. E, em terceiro e último lugar, trata-se de entendimento que, mesmo não tendo sido proferido pelo STF com força vinculante e erga omnes, foi, em alguma medida, incorporado à ordem jurídica brasileira. Dessa forma, modificá-lo, estando em curso denúncia contra a presidente da República, representaria uma violação ainda mais grave à segurança jurídica, que afetaria a própria exigência democrática de definição prévia das regras do jogo político. Partindo das premissas acima, depreende-se que não foram recepcionados pela CF/1988 os arts. 23, §§ 1º, 4º e 5º; 80, 1ª parte (que define a Câmara dos Deputados como tribunal de pronúncia); e 81, todos da Lei 1.079/1950, porque incompatíveis com os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II, todos da CF/1988. (...) O rito do impeachment perante a Câmara, previsto na Lei 1.079/1950, partia do pressuposto de que a tal Casa caberia, nos termos da CF/1946, pronunciar-se sobre o mérito da acusação. Em razão disso, estabeleciam-se duas deliberações pelo Plenário da Câmara: a primeira quanto à admissibilidade da denúncia e a segunda quanto à sua procedência ou não. Havia, entre elas, exigência de dilação probatória. Essa sistemática foi, em parte, revogada pela Constituição de 1988, que, conforme indicado acima, alterou o papel institucional da Câmara no impeachment do presidente da República. Conforme indicado pelo STF e Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 21 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz efetivamente seguido no caso Collor, o Plenário da Câmara deve deliberar uma única vez, por maioria qualificada de seus integrantes, sem necessitar, porém, desincumbir- se de grande ônus probatório. Afinal, compete a esta Casa Legislativa apenas autorizar ou não a instauração do processo (condição de procedibilidade). A ampla defesa do acusado no rito da Câmara dos Deputados deve ser exercida no prazo de dez sessões (RICD, art. 218, § 4º), tal como decidido pelo STF no caso Collor (MS 21.564, rel. p/ o ac. min. Carlos Velloso). [ADPF 378 MC, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 17-12-2015]. A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF tem por finalidade tutelar o exercício regular dos cargos de presidente da República e de ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontram investidos em tais funções. Essa é a orientação do Plenário ao dar parcial provimento a agravos regimentais interpostos contra decisão, por meio da qual, diante da negativa de autorização por parte da Câmara dos Deputados para instauração de processo penal em face do presidente da República e de ministros de Estado, fora determinado o desmembramento dos autos em relação a diversos investigados não detentores de foro por prerrogativa de função no STF, determinando-se a remessa dos autos ao competente juízo de primeira instância. (...) A Corte registrou que o regime de imunidades previsto na CF, por se tratar de exceção à norma de responsabilização por atos que afrontem regras dispostas no ordenamento jurídico positivo, não admite interpretação extensiva, sendo legítima a incidência apenas nas restritas hipóteses elencadas pelo Poder Constituinte. Assim, assentado o caráter restritivo das imunidades formais previstas no art. 86, caput, e art. 51, I, da CF, a negativa de autorização por parte da Câmara dos Deputados impede o processamento da denúncia, exclusivamente, em relação ao presidente da República e aos ministros de Estado denunciados, sendo inviável a extensão dos efeitos de tal decisão, de natureza eminentemente política, aos agravantes que não se encontram investidos nos referidos cargos. [Inq 4.483 AgR e Inq 4.327 AgR-segundo, rel. min. Edson Fachin, j. 19-12-2017]. Ao Senado compete, privativamente, processar e julgar o presidente (art. 52, I), locução que abrange a realização de um juízo inicial de instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara. (...) Por outro lado, há de se estender o rito relativamente abreviado da Lei 1.079/1950 para julgamento do impeachment pelo Senado, incorporando-se a ele uma etapa inicial de instauração ou não do processo, bem como uma etapa de pronúncia ou não do denunciado, tal como se fez em 1992. Estas são etapas essenciais ao exercício, pleno e pautado pelo devido processo legal, da competência do Senado de processar e julgar o presidente da República. Diante da ausência de regras específicas acerca dessas etapas iniciais do rito no Senado, deve-se seguir a mesma solução jurídica encontrada pelo STF no caso Collor, qual seja, a aplicação das regras da Lei 1.079/1950 relativas a denúncias por crime de responsabilidade contra ministros do STF ou contra o PGR (também processados e julgados exclusivamente pelo Senado). Conclui-se, assim, que a instauração do processo pelo Senado se dá por deliberação da maioria simples de seus membros, a partir de parecer elaborado por comissão especial, sendo improcedentes as pretensões do autor da ADPF de (i) possibilitar à própria Mesa do Senado, por decisão irrecorrível, rejeitar sumariamente a denúncia; e (ii) aplicar o Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 22 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof.Felipo Luz quórum de 2/3, exigível para o julgamento final pela Casa Legislativa, a esta etapa inicial do processamento. [ADPF 378 MC, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 16- 12-2015 Processo de impeachment. Ministro do STF. (...) Inexiste previsão legal de que os arquivamentos de denúncias por ausência de justa causa em processo de impeachment devam ser exercidos pela Mesa do Senado Federal, sendo inviável aplicar a regra de competência prevista para o recebimento de denúncia por crime de responsabilidade praticado por presidente da República, em que já houve um juízo prévio de admissibilidade na Câmara dos Deputados. [MS 34.592 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 6-10-2017]. O STF, por maioria, julgou improcedentes pedidos formulados em ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra a Lei 3.579/2001 do Estado do Rio de Janeiro. O referido diploma legal proíbe a extração do asbesto/amianto em todo o território daquela unidade da Federação e prevê a substituição progressiva da produção e da comercialização de produtos que o contenham. A Corte declarou, também por maioria e incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei federal 9.055/1995, com efeito vinculante e erga omnes. O dispositivo já havia sido declarado inconstitucional, incidentalmente, no julgamento da ADI 3.937/SP (rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Dias Toffoli, julgamento em 24-8-2017). A partir da manifestação do ministro Gilmar Mendes, o Colegiado entendeu ser necessário, a fim de evitar anomias e fragmentação da unidade, equalizar a decisão que se toma tanto em sede de controle abstrato quanto em sede de controle incidental. O ministro Gilmar Mendes observou que o art. 535 do CPC reforça esse entendimento. Asseverou se estar fazendo uma releitura do disposto no art. 52, X, da CF, no sentido de que a Corte comunica ao Senado a decisão de declaração de inconstitucionalidade, para que ele faça a publicação, intensifique a publicidade. O ministro Celso de Mello considerou se estar diante de verdadeira mutação constitucional que expande os poderes do STF em tema de jurisdição constitucional. Para ele, o que se propõe é uma interpretação que confira ao Senado Federal a possibilidade de simplesmente, mediante publicação, divulgar a decisão do STF. Mas a eficácia vinculante resulta da decisão da Corte. Daí se estaria a reconhecer a inconstitucionalidade da própria matéria que foi objeto deste processo de controle abstrato, prevalecendo o entendimento de que a utilização do amianto, tipo crisotila e outro, ofende postulados constitucionais e, por isso, não pode ser objeto de normas autorizativas. A ministra Cármen Lúcia, na mesma linha, afirmou que a Corte está caminhando para uma inovação da jurisprudência no sentido de não ser mais declarado inconstitucional cada ato normativo, mas a própria matéria que nele se contém. O ministro Edson Fachin concluiu que a declaração de inconstitucionalidade, ainda que incidental, opera uma preclusão consumativa da matéria. Isso evita que se caia numa dimensão semicircular progressiva e sem fim. E essa afirmação não incide em contradição no sentido de reconhecer a constitucionalidade da lei estadual que também é proibitiva, o que significa, por uma simetria, que todas as legislações que são permissivas – dada a preclusão consumativa da matéria, reconhecida a inconstitucionalidade do art. 2º da lei federal – são também inconstitucionais. [ADI 3.406 e ADI 3.470, rel. min. Rosa Weber, j. 29- 11-2017]. Impeachment. Ministro do STF. (...) Na linha da jurisprudência firmada pelo Plenário desta Corte, a competência do presidente da Câmara dos Deputados e da Mesa do Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 23 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz Senado Federal para recebimento, ou não, de denúncia no processo de impeachment não se restringe a uma admissão meramente burocrática, cabendo- lhes, inclusive, a faculdade de rejeitá-la, de plano, acaso entendam ser patentemente inepta ou despida de justa causa. Previsão que guarda consonância com as disposições previstas tanto nos regimentos internos de ambas as Casas Legislativas, quanto na Lei 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento. O direito a ser amparado pela via mandamental diz respeito à observância do regular processamento legal da denúncia. Questões referentes à sua conveniência ou ao seu mérito não competem ao Poder Judiciário, sob pena de substituir-se ao Legislativo na análise eminentemente política que envolvem essas controvérsias. [MS 30.672 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 15-9-2011, P, DJE de 18-10-2011.] Vide MS 23.885, rel. min. Carlos Velloso, j. 28- 8-2002. 1.8 – O Estatuto dos Congressistas A Constituição estabelece, na Seção V, Capítulo I, Título IV, imunidades e vedações aos parlamentares, a fim de garantir independência ao Poder Legislativo, assim como a plena independência e liberdade no exercício de suas atribuições constitucionais. A doutrina denomina essas normas de “estatuto dos congressistas”. 1.9 – Imunidades Parlamentares As imunidades parlamentares não são privilégios, são, na realidade, garantias funcionais objetivam assegurar que os membros do Poder Legislativo exerçam seu mandato com independência, totalmente livre de coerções de natureza externa. São prerrogativas de ordem pública e, portanto, irrenunciáveis. É importante destacar que, segundo o STF, as imunidades não se estendem aos suplentes. Isso porque elas decorrem do efetivo exercício da função parlamentar, não são prerrogativas da pessoa. Em outras palavras, elas são objetivas (e não subjetivas). As imunidades parlamentares podem ser de dois tipos: imunidade material e imunidade formal. 1.9.1 – Imunidade Material Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 24 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz A imunidade material dos parlamentares federais é regulada pelo art. 53. da CF ao assegurar que os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Como podemos depreender da leitura desse dispositivo, a inviolabilidade parlamentar abarca o âmbito da responsabilidade civil (e.g, danos morais) e penal (e.g, crime de injúria). Nesse último aspecto, a doutrina majoritária entende que a imunidade material acarreta a exclusão da tipicidade penal, não sendo admitido, portanto, o início da persecução penal contra parlamentar. No entanto, alguns aspectos da imunidade parlamentar devem ser ressaltados, pois essa espécie de vedação de responsabilidade civil e penal tem que encontrar limites interpretativos do próprio texto constitucional. Com efeito, sistematizando o tema, podemos fazer os seguintes apontamentos: 1) A imunidade material independe do local em que seja proferida as opiniões ou palavras. Dessa forma, se os deputados ou senadores pronunciarem discursos fora do recinto parlamentar, ainda assim estarão acobertados pela imunidade. Essa regra, no entanto, não é aplicável aos vereadores, tendo em vista que o art. 29, VIII da CF contém regra específica, asseverando que os Vereadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município; 2) Para que haja a imunidade material, as opiniões e palavras devem ter relação com o mandato, pois, segundo o STF, deve haver nexo de causalidade entre o exercício do mandato e a manifestação por meio de opiniões ou palavras. Deve ser lembrado também que o entendimento clássico do STF era no sentido de que essa aferição era necessária apenaspara os pronunciamentos realizados fora do parlamento, pois segundo a Corte (RE 463.671 AgR, 19/06/2007), “sendo a ofensa irrogada em plenário, independe de conexão com o mandato para o fim de elidir a responsabilidade civil por perdas e danos”. Recentemente, no entanto, o STF entendeu, ao receber denúncia e queixa-crime contra parlamentar, que as declarações do deputado durante discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, quando teria dito que outra deputada “não merecia ser estuprada”, não guardava qualquer relação com a função de deputado, não incidindo, portanto, a imunidade prevista na Constituição Federal, de modo que deveria ser acolhida a denúncia por incitação ao crime de estupro e queixa-crime – relativo ao crime de injúria – devendo ambos serem convertidos em ação penal. Assim, se a prova ressaltar esse julgado específico, deve ser deixada de lado o entendimento clássico do STF. 3) A imunidade material tem uma eficácia temporal absoluta. Assim, após o fim do mandato, mesmo não tendo mais imunidade, o parlamentar Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 25 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz continua imune de responsabilidade pelas palavras proferidas durante o exercício da função. 4) Segundo o STF, a garantia da imunidade parlamentar não se estende ao congressista candidato, ou seja, quando o parlamentar em disputa eleitoral ofende a honra de terceiro – e.g, outros candidatos -, pode ser responsabilizado, na medida em que o objetivo exclusivamente eleitoreiro não guarda relação de pertinência com o exercício do mandato. 1.9.2 – Imunidade Formal A imunidade formal representa a possibilidade dos deputados e senadores não serem presos, permanecerem presos, bem como na faculdade da Casa Legislativa respectiva do parlamentar de sustar o andamento da ação penal contra deputado ou senador por crime cometido após a diplomação. Com efeito, dispõe a Constituição que, desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF): § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Nesse diapasão, em caso de prisão em flagrante de deputado ou senador por crime inafiançável, os autos serão remetidos à Casa respectiva para que, pelo voto aberto da maioria dos seus membros, resolva sobre a prisão. Essa prerrogativa (remessa dos autos para resolução da prisão), segundo o STF, é aplicável apenas para as situações de prisão cautelar, sendo plenamente possível a prisão de parlamentar para o efetivo cumprimento da pena em definitivo, ou seja, aquela decorrente de sentença judicial transitada em julgado. Assim, a privação da liberdade de deputado ou senador poderá ocorrer em duas situações: i) prisão em flagrante de crime inafiançável e; ii) prisão em decorrência de sentença judicial transitada em julgado. A Emenda Constitucional 35/01 alterou a sistemática da persecução penal de parlamentares federais, porquanto não há mais a necessidade de licença prévia da casa respectiva para que se deflagre a ação penal de deputado ou senador no STF. A partir dessa modificação do texto constitucional, cabe à Suprema Corte apenas informar ao parlamento a respeito do recebimento da denúncia, Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 26 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz abrindo possibilidade para que a casa respectiva, a partir da iniciativa de partido político, suste o andamento da ação penal (art. 53, § 3º): Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. O pedido de sustação pode ser feito a qualquer tempo, desde que seja, por óbvio, em data anterior à decisão final do STF. Todavia, informa o § 4º do mesmo artigo, que o pedido de sustação deverá ser apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. Deve ser ressaltado, ainda, que a sustação deve ser decidida por maioria e que o processo terá a sua prescrição suspensa, enquanto durar o mandato do parlamentar (art. 53, § 5º). Por fim, cumpre destacar que a sustação da ação penal somente é aplicável a crimes cometidos após a diplomação. Dessa forma, crimes cometidos antes da diplomação não estão sujeitos à sustação pela Casa Legislativa respectiva. IMUNIDADE PARLAMENTAR FORMAL DOS PARLAMENTARES RELATIVA À PRISÃO Desde a espedição do diploma Exceção: Flagrante por crime inafiançável RELATIVA AO PROCESSO Apenas para crimes cometidos após a diplomação O processo poderá ser sustado a pedido de partido com representação do na casa Legislativa. A casa Legislativa terá 45 dias, improrrigáveis, do recebimento do pedido pela mesa diretora, para votar Decisão: voto da maioria Ostensivo e Normal Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 27 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz 1.10 – Prerrogativa de Foro A jurisprudência do STF promoveu importantes e recentes alterações nas regras sobre prerrogativa de foro. Assim, o estudante deve manter redobrada atenção sobre o tema, tendo em vista que, provavelmente, as provas de concurso darão enfoque diferenciado a essa mudança durante algum tempo. Nos termos do art. 53, §1º, os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão penalmente submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. Historicamente, a jurisprudência do STF sempre entendeu que, a partir da diplomação, todo congressista deveria ser julgado pelo STF por qualquer infração penal cometida, inclusive em relação àquelas praticadas antes da diplomação. Era aplicável também o entendimento de que, encerrado o mandato, caberia o encaminhamento do processo à Justiça Comum, eis que não havia mais falar em foro por prerrogativa de função. Essa regra era sujeita a temperamentos, pois em caso de abuso de direito, como nas hipóteses de renúncia de parlamentar com nítido objetivo de furtar-se ao julgamento penal da Suprema Corte, o STF entendia que era prorrogável sua competência, pois, conquanto o ato de renúncia seja legítimo, não é razoável que seja utilizada “como subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas”, mormente pelo fato de que estas (competências) não podem ser objeto de escolha pelo acusado. Todavia, recentemente, na AP 937 - julgada em 03/05/2018, o STF promoveu uma alteração sobre o tema, decidindo dar nova interpretação ao foro por prerrogativa de função. Nesse julgado, foram fixadas as seguintes teses: 1. O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. 2. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar as ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. Felipo LivioLemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 28 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz Dessa forma, fica superado o entendimento anterior a respeito da fixação da competência do STF para julgamento das infrações penais cometidas em momento anterior à diplomação do parlamentar. De outro giro, resta definido o momento processual em que a competência do STF é prorrogada, a despeito do fato do agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qual seja, a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais. Outro tema controvertido diz respeito às situações em que, em um mesmo processo, há concurso de agentes entre pessoas submetidas ao foro por prerrogativa de função com outras regidas pelas regras comuns de competência. Embora com decisões em sentido contrário, o STF entende atualmente aplicável a regra da obrigatoriedade de desmembramento do processo, nos casos em que, na mesma ação penal, compõem o polo passivo sujeitos submetidos a regimes distintos de competência. Dessa forma, são julgados no STF apenas os réus com previsão constitucional específica de foro na Corte, devendo o processamento e julgamento dos demais acusados ficar a cargo do respectivo juízo competente. Não deve ser esquecida, no entanto, a redação da súmula 704 do STF, quando afirma que: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”. Na Ação Penal 470 (Mensalão), por exemplo, não ocorreu o desmembramento do processo, tendo o STF julgado todos os réus, independentemente de apenas parte deles possuir o foro naquele Tribunal. Assim, embora o entendimento atual aplique a regra do desmembramento, de maneira excepcional, é possível a aplicação da Súmula 704 do STF, que não foi deveras cancelada. Por sua vez, nas ações civis (inclusive nas ações de improbidade administrativa), os Deputados e Senadores não farão jus ao foro por prerrogativa de função. Assim, eventuais ações civis contra parlamentares deverão ser ajuizadas perante a Justiça Comum. Os §§ 6º, 7º e 8º do art. 53 da CF trazem outras prerrogativas concernentes ao regime jurídico aplicável aos deputados e senadores, quais sejam: i) a isenção do dever de testemunhar; ii) a necessidade de prévia licença para incorporação às Forças Armadas e; iii) a imunidade parlamentar durante o estado de sítio. Nesse sentido: Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 29 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. 1.11 – Incompatibilidade dos Parlamentares Segundo o art. 54 da CF, os Deputados e Senadores não poderão: a) Desde a expedição do diploma: - Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; - Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público. b) Desde a posse: - Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; - Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público; - Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades acima citadas; - Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Deve ser lembrado que a incompatibilidade e inelegibilidade são conceitos distintos. A inelegibilidade ocorre antes da eleição, afetando a capacidade eleitoral passiva. Como já visto, a inelegibilidade absoluta está relacionada a uma condição pessoal e não permite a disputa eleitoral de qualquer cargo eletivo; por sua vez, a inelegibilidade relativa pode ser Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 30 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz afastada por meio da desincompatibilização. Já a incompatibilidade ocorre após a eleição e impede a celebração de contratos, o pleno gozo do direito de propriedade pelo parlamentar eleito ou o exercício simultâneo de cargos, funções ou empregos públicos remunerados. 1.12 – Hipóteses de perda do mandato As hipóteses de perda do mandato de parlamentares federais estão delineadas no art. 55, CF/88: Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. Como afirmado no § 2º, nos casos previstos nos incisos I, II e VI, a perda do mandato deverá ser votada pela Casa Legislativa, porquanto a perda não é automática. Com efeito, nessas situações, a perda do mandato deverá ser decidida pela maioria absoluta da Casa Legislativa, mediante provocação da Felipo Livio Lemos Luz Aula 09 Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos 31 DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria e Questões Prof. Felipo Luz respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. Até
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