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09 - PODER LEGISLATIVO

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Livro Eletrônico
Aula 09
Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
Felipo Livio Lemos Luz
55314334925 - marcos santos
 
 
1 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Teoria e Questões 
Prof. Felipo Luz 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Sumário 
Sumário .................................................................................................. 1 
1 – Organização ..................................................................................... 2 
1.1 – Funções Típicas e atípicas do Poder Legislativo .................................. 2 
1.2 – Mesas Diretoras ............................................................................. 5 
1.3 – Comissões Parlamentares ............................................................... 7 
1.4 – Comissões Parlamentares de Inquérito ............................................. 8 
1.4.1 – Requisitos Constitucionais para a criação de CP’s ............................ 9 
1.4.2 – Poderes de investigação das CPI’s ............................................... 10 
1.5 – Atribuições do Congresso Nacional ................................................. 14 
1.6 – Atribuições privativas da Câmara dos Deputados ............................. 17 
1.7 – Atribuições privativas do Senado Federal ........................................ 18 
1.8 – O Estatuto dos Congressistas ........................................................ 23 
1.9 – Imunidades Parlamentares............................................................ 23 
1.9.1 – Imunidade Material ................................................................... 23 
1.9.2 – Imunidade Formal ..................................................................... 25 
1.10 – Prerrogativa de Foro ................................................................... 27 
1.11 – Incompatibilidade dos Parlamentares ........................................... 29 
1.12 – Hipóteses de perda do mandato ................................................... 30 
1.13 – Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária ......................... 38 
Súmulas importantes sobre o tema ........................................................... 44 
Jurisprudência importante sobre o tema .................................................... 44 
Legislação .............................................................................................. 48 
QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................ 56 
Questões sem comentários ...................................................................... 69 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
Teoria e Questões 
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PODER LEGISLATIVO 
1 – Organização 
 
1.1 – Funções Típicas e atípicas do Poder Legislativo 
 
Em continuidade ao tema da separação de poderes, damos início ao estudo da 
organização do Poder Legislativo. Nesse contexto, cabe ao Poder Legislativo 
tipicamente fiscalizar as contas públicas (e.g, por meio do controle externo 
realizado através do Tribunal de Contas) e inovar a legislação, conferindo, como 
regra, novas prerrogativas e restrições aos cidadãos. Atipicamente, cabe ao 
Poder Legislativo administrar seus próprios serviços e proferir julgamento nos 
casos previstos na Constituição Federal (e.g, impeachment do Presidente da 
República). 
No campo federal, o Poder Legislativo, por inspiração americana, adota o 
bicameralismo, consoante previsão do art. 44 da CF, estabelecendo também 
esse artigo que cada legislatura terá a duração de 4 anos: 
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, 
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. 
A legislatura compreende o período de quatro anos em 
que há renovação na composição das Casas 
Legislativas. A sessão legislativa ordinária, por 
sua vez, ocorre anualmente, no período de 2 de 
fevereiro a 17 de Julho (1º período legislativo) e de 1º de Agosto a 22 de 
Dezembro. 
Nos termos da Constituição (art. 35, ADCT), o projeto de lei de diretrizes 
orçamentárias será encaminhado pelo Presidente da República ao 
Congresso Nacional até oito meses e meio antes do encerramento do 
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro 
período da sessão legislativa. Por seu turno, o projeto de lei orçamentária 
da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do 
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão 
legislativa. 
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Teoria e Questões 
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A sessão legislativa extraordinária do Congresso Nacional ocorre durante o 
recesso parlamentar e pressupõe: 
 
Cabe ainda ressaltar que na sessão legislativa extraordinária, o Congresso 
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, 
ressalvada a hipótese de medidas provisórias em vigor no período (serão 
incluídas obrigatoriamente na pauta da convocação extraordinária), sendo, por 
seu turno, vedado o pagamento de parcela indenizatória em razão dessa 
convocação. 
Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso 
Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período 
legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição 
reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária 
(art. 58, § 4º). 
Além de outros casos previstos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o 
Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para (Art. 57, § 3º, da CF): 
I - inaugurar a sessão legislativa; 
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços 
comuns às duas Casas; 
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da 
República; 
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. 
A convocação pelo Presidente do Senado Federal, em caso de
decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de
pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e
para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-
Presidente da República (art. 57, §6º, I);
A convocação pelo Presidente da República, pelos Presidentes da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento 
da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de 
urgência ou interesse público relevante, em todas essas hipóteses 
com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional (art. 57, § 6º, II).
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Além dessas hipóteses do art. 57, § 3º, a Constituição também estabelece a 
necessidade de sessão conjunta para: 
 
A Câmara dos Deputados adota o sistema proporcional para a eleição de seus 
parlamentares, sendo o número de deputados correspondente à população dos 
diferentes estados, contando, no mínimo, cada Estado com 8 deputados e, no 
máximo, 70 deputados: 
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do 
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada 
Território e no Distrito Federal. 
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por 
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei 
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos 
ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que 
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou 
mais de setenta Deputados. 
Embora a atual configuração do Estado Brasileiro não 
conte com territórios federais, o § 2º do art.45 
estabelece que, nessa situação, cada Território 
elegerá quatro Deputados. 
Regulando o art. 45 da CF, a lei complementar 78/93, em seu art. 1º, afirma 
que o número de deputados federais não ultrapassará quinhentos e treze 
representantes, devendo a proporcionalidade obedecer esse limite global. 
Afirmar que o sistema é proporcional, por seu turno, é determinar que o 
número de deputados eleitos deverá obedecer a quantidade de votos do partido 
ou coligação do candidato, porquanto nem sempre o número de votos recebidos 
Discussão e votação da lei orçamentária, conforme art. 166, 
CF/88.
Delegar ao Presidente da República, por meio de Resolução do 
Congresso Nacional, a competência para editar lei delegada.
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pelo candidato será suficiente para que seja eleito, diferentemente do sistema 
majoritário, onde sempre o candidato mais votado terá a aptidão para o 
exercício do mandato legislativo. 
Para viabilizar a adoção do sistema proporcional, utiliza-se o método do 
quociente eleitoral, que consiste no cálculo de quantas cadeiras serão ocupadas 
por cada legenda partidária. Para isso, inicialmente, divide-se o total de votos 
válidos em candidatos pelo número de cargos em disputa, obtendo-se o 
quociente eleitoral. O total de votos obtidos por cada legenda partidária é 
dividido por esse quociente, chegando-se, finalmente, ao número de cadeiras 
por legenda (quociente partidário). 
Por seu turno, a eleição para o Senado Federal obedecerá o sistema 
majoritário, devendo cada unidade federativa contar com três senadores 
eleitos para um mandato de oito anos: 
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos 
Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio 
majoritário. 
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, 
com mandato de oito anos. 
Embora o mandato de Senador dure 8 anos, o § 2º desse mesmo artigo 
assevera que a representação nessa casa legislativa deverá ser renovada, 
alternadamente, a cada 4 anos, o que, do ponto de vista prático, significa que 
em uma eleição será eleito um senador e na seguinte dois: 
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será 
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e 
dois terços. 
Cada Senador será eleito com dois suplentes, como prevê o § 3º do art. 46. O 
Art. 47, por sua vez, afirma que, salvo disposição constitucional em contrário, 
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria 
dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 
 
1.2 – Mesas Diretoras 
 
Em cada uma das Casas Legislativas, existe uma Mesa Diretora, que tem por 
atribuição conduzir os trabalhos legislativos e administrativos. Nesse contexto, 
o Poder Legislativo Federal é composto pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados, do Senado Federal e, ainda, do Congresso Nacional. 
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A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo 
Presidente do Senado Federal, e os demais 
cargos serão exercidos, alternadamente, pelos 
ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos 
Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF). Já as Mesas da Câmara e 
do Senado são eleitas, respectivamente, pelos deputados e senadores, 
devendo assegurar-se, tanto quanto possível, a representação proporcional dos 
partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (art. 
58, § 1º, CF). 
O mandato dos cargos da Mesa é de 2 (dois) anos, vedada a recondução 
para o mesmo cargo na eleição subsequente. Por seu turno, a jurisprudência do 
STF entende que essa vedação somente se aplica dentro de uma mesma 
legislatura, de modo que é possível a recondução no âmbito de legislaturas 
distintas. Ademais, é cediço na mesma Corte que a vedação à recondução 
dentro da mesma legislatura não é norma de reprodução obrigatória nas 
Constituições dos estados-membros, que poderão estabelecer a 
possibilidade de recondução para o mesmo cargo na Mesa da Assembleia 
Legislativa dentro da mesma legislatura. Esse entendimento também é aplicável 
na esfera municipal, podendo as leis orgânicas municipais dos municípios 
também poderão estabelecer a possibilidade de recondução dos membros de 
suas mesas para o mesmo cargo na eleição subsequente. 
Segundo o STF, as características do sistema proporcional, com sua ênfase nos 
votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para 
garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam 
minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do 
mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. 
Dessa forma, fica claro que o mandato no sistema proporcional é do partido (ou 
coligação partidária); trata-se do chamado voto de legenda. Isso traz 
relevantes consequências, especialmente com relação à fidelidade partidária. 
Assim, perderá o mandato o Deputado que, sem razão legítima que o justifique, 
cancelar a sua filiação partidária ou transferir-se para outra legenda. Nesses 
casos (razão legítima) o parlamentar tem direito a instaurar, perante a Justiça 
Eleitoral, procedimento em que possa demonstrar a ocorrência dessa situação 
excepcional, caso em que manterá a titularidade de seu mandato eletivo. 
No caso de coligações partidárias, a vaga decorrente da perda do mandato 
por infidelidade pertencerá à coligação e não ao partido do parlamentar ora 
excluído. Segundo o STF, “a coligação assume perante os demais partidos e 
coligações, os órgãos da Justiça Eleitoral e, também, os eleitores, natureza de 
superpartido”. Por outro lado, para parlamentares eleitos pelo sistema 
majoritário (presidente, governador, prefeito e senador), não se aplica a regra 
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da perda de mandato em razão da mudança de partido, sob pena de violação 
da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. 
 
1.3 – Comissões Parlamentares 
 
As Comissões são criadas por cada Casa separadamente ou pelo Congresso 
Nacional, na forma do regimento interno correspondente. Nesse contexto, as 
comissões podem ser compostas por apena deputados (Comissão da Câmara), 
senadores (Comissão do Senado) ou podem ser mistas, como aquela que 
examina as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem 
apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional. (art. 62, §9º, CF). 
Na constituição das Comissões, é assegurada, tanto quanto possível, a 
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que 
participam da respectiva Casa (art. 58, §1º, CF). 
As comissões podem ser permanentes ou temporárias. 
As comissões permanentes não possuem prazo 
de duração, integrando a própria estrutura da casa 
legislativa correspondente e permanecendo 
existentes mesmo após o término da legislatura. As comissões temporárias, 
por sua vez, devem ser extintas após a conclusão de seus trabalhos, ao término 
do prazo de sua duração ou da sessão legislativa (CF, art. 57). Segundo a 
doutrina, ainda que ocorra a prorrogação do período anteriormente 
determinado para os trabalhos de uma comissão temporária, em nenhuma 
hipótese ela poderá ultrapassar a legislatura na qual foi criada. 
 
A Constituição Federal relaciona, no art. 58, § 2º, as atribuições, 
em razão da matéria de sua competência,das Comissões 
Parlamentares: 
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do 
regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de 
um décimo dos membros da Casa; 
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; 
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre 
assuntos inerentes a suas atribuições; 
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de 
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou 
entidades públicas; 
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; 
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VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e 
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 
Segundo o §4º do art. 58, durante o recesso, haverá uma Comissão 
representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão 
ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, 
cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da 
representação partidária. 
 
1.4 – Comissões Parlamentares de Inquérito 
 
Por meio das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), o Poder 
Legislativo exerce sua função típica de fiscalização da coisa pública. 
Segundo o STF 
“(...) incumbe às Comissões em apreço não apenas as atividades 
de fiscalização. As CPIs também têm como horizonte 
instrumentalizar a atividade legiferante do Parlamento, a avaliação 
da conveniência de alocação de recursos e de financiamento de 
políticas públicas, etc. Nesse cenário, é natural que se confira às 
CPIs ampla autonomia para o exercício do relevante múnus”. 
Trata-se, portanto, de controle político-administrativo exercido pelo 
Parlamento com o objetivo de apurar situações que possam malferir o interesse 
público. A Constituição Federal tratou das Comissões Parlamentares de 
Inquérito no art. 58, §3º, in verbis: 
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes 
de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros 
previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou 
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus 
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, 
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério 
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos 
infratores. 
As Comissões Parlamentares de Inquérito podem ser criadas pela Câmara dos 
Deputados ou pelo Senado Federal, podendo ainda haver a constituição de 
comissões parlamentares de inquérito mistas. 
 
 
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1.4.1 – Requisitos Constitucionais para a criação de 
CP’s 
 
Os pressupostos para a criação de CPI s estão previstos na parte final do § 3º, 
quais sejam: 
i) Requerimento de 1/3 dos membros da casa legislativa: Para o 
STF existe o direito subjetivo à instauração das CPI´s pelas minorias 
parlamentares (direito das minorias), de modo que preenchido o 
número mínimo exigido pelo texto constitucional, é obrigatória a 
instauração da CPI. Segundo o Regimento do Congresso Nacional, as 
Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito serão criadas em sessão 
conjunta, sendo automática a sua instituição se requerida por 1/3 dos 
membros da Câmara dos Deputados mais 1/3 dos membros do Senado 
Federal. O STF entende, também, válida norma do Regimento Interno 
da Casa Legislativa que estabeleça um número máximo de CPI’s que 
poderão existir de modo simultâneo. 
 
ii) Apuração de fato determinado: O ato de instauração da CPI deverá 
delimitar, precisamente, os fatos que serão objeto da investigação 
parlamentar, porquanto não se admite a criação de CPI’s para 
apuração de fatos genéricos, sem contornos minimamente objetivos. 
Ressalte-se que, para a doutrina e a jurisprudência, as CPIs de um 
ente da federação não podem investigar fatos referentes aos demais, 
pois essa possibilidade atingiria o equilíbrio federativo. Segundo 
Novelino, a exigência de ter como objeto de apuração um fato 
determinado não impede a ampliação do objeto para outros fatos 
conexos ao principal ou que fatos inicialmente desconhecidos e 
revelados durante a investigação também sejam investigados. Para o 
mesmo autor, não cabe à CPI investigar assuntos de interesse 
exclusivamente privado dos indivíduos apenas com o objetivo de 
conhecer ou informar por curiosidade, ou seja, negócios privados que 
não guardem relação com um propósito legislativo válido ou que não 
possuam nexo causal com a gestão da coisa pública. 
 
iii) Prazo certo: A CPI é uma comissão temporária e, nos termos da 
Constituição (CF, art. 58, § 3.º), deve ter um prazo certo de duração. 
Entrementes, o termo “prazo certo”, segundo o STF, não impede 
prorrogações sucessivas dentro da mesma legislatura, pois, como 
falado anteriormente, a legislatura é o limite das comissões de 
natureza temporária. 
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1.4.2 – Poderes de investigação das CPI’s 
 
A Constituição afirma que as CPI’s têm poderes de investigação próprios 
das autoridades judiciais. Dessa forma, as CPIs, no desempenho de seus 
poderes de investigação, estão sujeitas às mesmas limitações incidentes sobre 
os magistrados. No entanto, algumas medidas calcadas no princípio da reserva 
de jurisdição são vedadas às CPI´s. Do sítio da Câmara dos Deputados 
podemos extrair que, entre os poderes conferidos às CPI´s, podemos destacar 
a prerrogativa de: 
 
i) convocar ministro de Estado; 
ii) tomar depoimento de autoridade federal, estadual ou municipal; 
iii) ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para não se autoincriminar) e 
testemunhas (que têm o compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a 
comparecer); 
iv) ir a qualquer ponto do território nacional para investigações e audiências públicas; 
v) prender em flagrante delito; 
vi) requisitar informações e documentos de repartições públicas e autárquicas; 
vii) requisitar funcionários de qualquer poder para ajudar nas investigações, inclusive 
policiais; 
viii) pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca e apreensão (vetada em 
domicílio); 
ix) determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de inspeções e 
auditorias; e 
x) quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive telefônico, ou seja, extrato de 
conta e não escuta ou grampo). 
 
Dentre as vedações, pode-se dizer que as CPI´s não podem: 
 
i) condenar; 
ii) determinar medida cautelar, como prisões, indisponibilidade de bens, 
arresto, sequestro; 
iii) determinar interceptação telefônica e quebra de sigilo de correspondência; 
iv) impedir que o cidadão deixe o território nacional e determinar apreensão de 
passaporte;; 
iv) expedir mandado de busca e apreensão domiciliar; e 
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v) impedir a presença de advogado do depoente na reunião (advogado pode: 
ter acesso a documentos da CPI; falar para esclarecer equívoco ou dúvida; 
opor a ato arbitrário ou abusivo; ter manifestações analisadas pela CPI até 
para impugnar prova ilícita). 
 
Esse quadro esquemático é o quevai ser efetivamente cobrado pelo 
examinador sobre o tema. Por isso, é importante que o estudante o conserva na 
memória. Da jurisprudência podemos colher importantes decisões a respeito do 
tema. Com efeito, já decidiu o STF que: 
 
As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório circunstanciado não só ao 
Ministério Público e à AGU, mas, também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, 
inclusive, documentação que possibilite a instauração de inquérito policial em face de 
pessoas envolvidas nos fatos apurados (art. 58, § 3º, CRFB/1988, c/c art. 6º-A da Lei 
1.579/1952, incluído pela Lei 13.367/2016). (MS 35.216 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 
17-11-2017). 
 
(...) a CPI "não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente, com o 
fato principal" (HC 71.231, rel. min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 5-5-
1994). MS 33.751, voto do rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 15-12-2015 
 
O mandado de segurança não é meio hábil para questionar relatório parcial de CPI, 
cujo trabalho, presente o § 3º do art. 58 da CF, deve ser conclusivo (MS 25.991 AgR, 
rel. min. Marco Aurélio, j. 25-8-2015). 
 
A Constituição do Brasil assegura a 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados e 
a 1/3 dos membros do Senado Federal a criação da CPI, deixando porém ao próprio 
parlamento o seu destino. A garantia assegurada a 1/3 dos membros da Câmara ou 
do Senado estende-se aos membros das assembleias legislativas estaduais – garantia 
das minorias. O modelo federal de criação e instauração das CPIs constitui matéria a 
ser compulsoriamente observada pelas casas legislativas estaduais. A garantia da 
instalação da CPI independe de deliberação plenária, seja da Câmara, do Senado ou 
da assembleia legislativa. (...) Não há razão para a submissão do requerimento de 
constituição de CPI a qualquer órgão da assembleia legislativa. Os requisitos 
indispensáveis à criação das CPIs estão dispostos, estritamente, no art. 58 da 
Constituição do Brasil/1988 (ADI 3.619, rel. min. Eros Grau, j. 1º-8-2006). 
 
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(...) não se revela legítimo opor, ao advogado, restrições, que, ao impedirem, injusta 
e arbitrariamente, o regular exercício de sua atividade profissional, culminem por 
esvaziar e nulificar a própria razão de ser de sua intervenção perante os órgãos do 
Estado, inclusive perante as próprias CPIs. [MS 30.906 MC, rel. min. Celso de Mello, 
dec. monocrática, j. 5-10-2011). 
 
É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o investigado, convocado para 
depor perante CPI, permanecer em silêncio, evitando-se a autoincriminação, além de 
ter assegurado o direito de ser assistido por advogado e de comunicar-se com este 
durante a sua inquirição. (...) Considerando a qualidade de investigado convocado por 
CPI para prestar depoimento, é imperiosa a dispensa do compromisso legal inerente 
às testemunhas. Direitos e garantias inerentes ao privilégio contra a autoincriminação 
podem ser previamente assegurados para exercício em eventuais reconvocações (HC 
100.200, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 8-4-2010). 
 
É firme a jurisprudência deste STF no sentido de que a extinção da CPI prejudica o 
conhecimento do habeas corpus impetrado contra as eventuais ilegalidades de seu 
relatório final, notadamente por não mais existir legitimidade passiva do órgão 
impetrado. (...) O encaminhamento do relatório final da CPI, com a qualificação das 
condutas imputáveis às autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função, 
para que o Ministério Público ou as Corregedorias competentes promovam a 
responsabilidade civil, criminal ou administrativa, não constitui indiciamento (...).(HC 
95.277, rel. min. Cármen Lúcia, j. 19-12-2008) 
 
Existe, no sistema político-jurídico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional 
das minorias parlamentares, cujas prerrogativas – notadamente aquelas pertinentes 
ao direito de investigar – devem ser preservadas pelo Poder Judiciário, a quem 
incumbe proclamar o alto significado que assume, para o regime democrático, a 
essencialidade da proteção jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposição, 
analisado na perspectiva da prática republicana das instituições parlamentares. A 
norma inscrita no art. 58, § 3º, da Constituição da República destina-se a ensejar a 
participação ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, 
sem que, para tanto, mostre-se necessária a concordância das agremiações que 
compõem a maioria parlamentar. O direito de oposição, especialmente aquele 
reconhecido às minorias legislativas, para que não se transforme numa prerrogativa 
constitucional inconsequente, há de ser aparelhado com instrumentos de atuação que 
viabilizem a sua prática efetiva e concreta no âmbito de cada uma das Casas do 
Congresso Nacional. A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos 
minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é 
assegurado pelo art. 58, § 3º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver 
efetivamente instaurada a investigação parlamentar, por período certo, sobre fato 
determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, rel. min. Celso de Mello. A ofensa ao direito 
das minorias parlamentares constitui, em essência, um desrespeito ao direito do 
próprio povo, que também é representado pelos grupos minoritários que atuam nas 
Casas do Congresso Nacional. (...) O requisito constitucional concernente à 
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observância de 1/3, no mínimo, para criação de determinada CPI (CF, art. 58, § 3º), 
refere-se à subscrição do requerimento de instauração da investigação parlamentar, 
que traduz exigência a ser aferida no momento em que protocolado o pedido junto à 
Mesa da Casa Legislativa, tanto que, "depois de sua apresentação à Mesa", consoante 
prescreve o próprio Regimento Interno da Câmara dos Deputados (art. 102, § 4º), 
não mais se revelará possível a retirada de qualquer assinatura. Preenchidos os 
requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da CPI, que não 
depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas 
tais exigências (CF, art. 58, § 3º), cumpre, ao presidente da Casa Legislativa, adotar 
os procedimentos subsequentes e necessários à efetiva instalação da CPI, não se 
revestindo de legitimação constitucional o ato que busca submeter, ao Plenário da 
Casa Legislativa, quer por intermédio de formulação de questão de ordem, quer 
mediante interposição de recurso ou utilização de qualquer outro meio regimental, a 
criação de qualquer CPI. A prerrogativa institucional de investigar, deferida ao 
Parlamento (especialmente aos grupos minoritários que atuam no âmbito dos corpos 
legislativos), não pode ser comprometida pelo bloco majoritário existente no 
Congresso Nacional, que não dispõe de qualquer parcela de poder para deslocar, para 
o Plenário das Casas Legislativas, a decisão final sobre a efetiva criação de 
determinada CPI, sob pena de frustrar e nulificar, de modo inaceitável e arbitrário, o 
exercício, pelo Legislativo (e pelas minorias que o integram), do poder constitucional 
de fiscalizar e de investigar o comportamento dos órgãos, agentes e instituições do 
Estado, notadamente daqueles que se estruturam na esfera orgânica do Poder 
Executivo. A rejeição de ato de criação de CPI, pelo Plenário da Câmara dos 
Deputados, ainda que por expressiva votação majoritária, proferida em sede de 
recurso interposto por líder de partido político que compõe a maioria congressual, não 
tem o condãode justificar a frustração do direito de investigar que a própria 
Constituição da República outorga às minorias que atuam nas Casas do Congresso 
Nacional (MS 26.441, rel. min. Celso de Mello, j. 25-4-2007). 
 
(...) O controle jurisdicional de abusos praticados por CPI não ofende o princípio da 
separação de poderes. O STF, quando intervém para assegurar as franquias 
constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição, 
neutralizando, desse modo, abusos cometidos por CPI, desempenha, de maneira 
plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. O 
regular exercício da função jurisdicional, nesse contexto, porque vocacionado a fazer 
prevalecer a autoridade da Constituição, não transgride o princípio da separação de 
Poderes (MS 25.668, rel. min. Celso de Mello, j. 23-3-2006, P, DJ de 4-8-2006). 
 
Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a LC 105/2001, podem essas 
comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com base no art. 
58, § 3º, da Constituição (ACO 730, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 22-9-2004). 
 
O princípio constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de 
busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de 
decretação da prisão, ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) – 
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não se estende ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de 
expressa autorização dada pela própria Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), 
assiste competência à CPI, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, 
a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. Autonomia da 
investigação parlamentar. O inquérito parlamentar, realizado por qualquer CPI, 
qualifica-se como procedimento jurídico-constitucional revestido de autonomia e 
dotado de finalidade própria, circunstância esta que permite à Comissão Legislativa – 
sempre respeitados os limites inerentes à competência material do Poder Legislativo e 
observados os fatos determinados que ditaram a sua constituição – promover a 
pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, 
eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos 
policiais ou a processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto 
da apuração congressual. HC 100.341, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 4-11-2010 
 
1.5 – Atribuições do Congresso Nacional 
 
Sistematizando o tema, José Afonso da Silva divide as atribuições do Congresso 
Nacional em: 
 
1) Atribuições legislativas: são aquelas em que cabe ao Congresso 
Nacional dispor a respeito das matérias de competência da União (CF, 
arts. 22 e 24), em especial as elencadas no art. 48 da Constituição, 
exigindo, por seu turno, sanção do Presidente da República; 
2) Atribuições constituintes: reservadas às hipóteses de alteração do 
texto constitucional; 
3) Atribuições meramente deliberativas: prática de atos concretos, de 
resoluções referendárias, de autorizações, de aprovações, de sustação de 
atos, de fixação de situações e de julgamento técnico, tal como previstas 
no art. 49 da CF e em normas regimentais. Desempenham-se por via de 
decreto legislativo ou de resolução, sem a participação do Presidente da 
República. 
4) Atribuições de Fiscalização e controle: 
4.1) pedidos de informação: remetidos pelas Mesas do Senado e da 
Câmara, são dirigidos a Ministro de Estado ou a qualquer órgão ou 
autoridade diretamente ligados à Presidência da República. Devem ser 
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respondidos em até 30 dias, sob pena de crime de responsabilidade (art. 
50, § 2º); 
4.2) comissões parlamentares de Inquérito; 
4.3) controle externo: fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial da União e das entidades da Administração 
direta e indireta. Exercido com o auxílio do TCU e da comissão mista 
permanente. 
4.4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo: incluídos os atos 
da administração indireta. Trata-se de atribuições exercidas diretamente 
pelo Congresso Nacional ou por qualquer das casas que o compõem (art. 
49, X); 
4.5) tomada de contas do Presidente da República: de atribuição da 
Câmara, se o Presidente não as prestar, anualmente, até o dia 15 de Abril 
(artigos 51, II, e 84, XXIV). 
5) Atribuições de julgamento de crimes de responsabilidade: Compete 
ao Senado Federal, sob a direção do Presidente do STF (art. 52, I, II), 
julgar os crimes de responsabilidade praticados: 
5.1) Pelo Presidente da República, pelo Vice - Presidente da República, 
além dos crimes de responsabilidade conexos praticados pelos Ministros 
de Estado e pelos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
após a autorização da Câmara dos Deputados, que funciona como órgão 
que faz o juízo de admissibilidade do processo (art. 51, I, c/c art. 52, I, 
com redação da EC 23/99); 
5.2) Pelos Ministros do STF, pelos membros do Conselho Nacional de 
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, pelo Procurador – 
Geral da República e pelo Advogado-Geral da União, sem juízo de 
admissibilidade da Câmara dos Deputados (art. 52, II, com redação da EC 
45/ 2004). 
Ao tratar das atribuições do Congresso Nacional, o art. 48 da CF estabelece que 
cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, 
dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: 
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; 
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, 
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; 
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; 
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de 
desenvolvimento; 
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V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens 
do domínio da União; 
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de 
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias 
Legislativas; 
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; 
VIII - concessão de anistia; 
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e 
da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização 
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; 
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e 
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; 
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração 
pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; 
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições 
financeiras e suas operações; 
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida 
mobiliária federal. 
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, 
III; e 153, § 2º, I. 
 
Por meio de decreto legislativo, ou seja, sem a necessidade de sanção do 
Presidente da República, é da competência exclusiva do Congresso Nacional, 
nos termos do art. 49: 
 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos 
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos 
ao patrimônio nacional; 
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a 
celebrara paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo 
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, 
ressalvados os casos previstos em lei complementar; 
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se 
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar 
o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem 
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
VI - mudar temporariamente sua sede; 
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VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os 
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da 
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os 
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de 
governo; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas 
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração 
indireta; 
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face 
da atribuição normativa dos outros Poderes; 
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de 
emissoras de rádio e televisão; 
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da 
União; 
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades 
nucleares; 
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o 
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de 
riquezas minerais; 
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras 
públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. 
 
Os Ministros de Estado podem ainda comparecer ao Senado Federal, à Câmara 
dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante 
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu 
Ministério (art. 50, § 1º, CF). 
 
1.6 – Atribuições privativas da Câmara dos Deputados 
 
As competências privativas da Câmara dos Deputados estão enumeradas no 
art. 51 da CF. Conquanto a Constituição afirme que as competências são 
privativas, é cediço que essas atribuições não são passíveis de delegação, 
significando realmente que são exclusivas. O exercício dessas competências é 
corporificado, como regra, através da edição de resoluções, sem a 
necessidade, portanto, de sanção presidencial. A exceção é a matéria 
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regulada no inciso IV, porquanto há necessidade de aprovação de lei para a 
fixação da remuneração de seus servidores, conquanto a iniciativa desse 
diploma seja da própria Câmara. Segundo o art. 51 da CF, compete 
privativamente à Câmara dos Deputados: 
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado; 
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, 
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de 
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; 
III - elaborar seu regimento interno; 
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de 
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva 
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de 
diretrizes orçamentárias; 
 V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do 
art. 89, VII. 
 
1.7 – Atribuições privativas do Senado Federal 
 
Cabe ao Senado, por outro lado, por meio de resolução (sem sanção), 
disciplinar as competências estabelecidas no art. 52. Nesse diapasão, compete 
privativamente a essa Casa: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado 
e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos 
crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os 
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional 
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o 
Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, 
a escolha de: 
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; 
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo 
Presidente da República; 
c) Governador de Território; 
d) Presidente e diretores do banco central; 
e) Procurador-Geral da República; 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
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IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em 
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de 
caráter permanente; 
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de 
interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos 
Territórios e dos Municípios; 
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais 
para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de 
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades 
controladas pelo Poder Público federal; 
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de 
garantia da União em operações de crédito externo e interno; 
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da 
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal 
Federal; 
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a 
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do 
término de seu mandato; 
XII - elaborar seu regimento interno; 
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, 
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e 
funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da 
respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos 
na lei de diretrizes orçamentárias; 
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do 
art. 89, VII. 
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário 
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho 
das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito 
Federal e dos Municípios. 
 
 
A Constituição Estadual não pode condicionar a instauração de processo judicial por 
crime comum contra Governador à licença prévia da Assembleia Legislativa. A 
república, que inclui a ideia de responsabilidade dos governantes, é prevista como um 
princípio constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e, portanto, de 
observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos Estados-membros 
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a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da República. Tendo em vista que as 
Constituições Estaduais não podem estabelecer a chamada ‘licença prévia’, também 
não podem elas autorizar o afastamento automático do Governador de suas funções 
quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior Tribunal de Justiça. [ADI 
4.362, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 9-8-2017, P, DJE de 6-2-2018.]. 
 
NOVO: Não há necessidade de prévia autorização da assembleia legislativa para o 
recebimento de denúncia ou queixa e instauração de ação penal contra governador de 
Estado, por crime comum, cabendo ao STJ, no ato de recebimento ou no curso do 
processo, dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares 
penais, inclusive afastamento do cargo. (...) O relator afirmou a necessidade de 
superar os precedentes da Corte na dimensão de uma redenção republicana e cumprir 
a promessa do art. 1º, caput, da CF, diante dos reiterados e vergonhosos casos de 
negligência deliberada pelas assembleias legislativas estaduais, que têm 
sistematicamente se negado a deferir o processamento de governadores. (...) 
Esclareceu não haver na CF previsão expressa da exigência de autorização prévia de 
assembleia legislativa para o processamento e julgamento de governador por crimes 
comuns perante o STJ. Dessa forma, inexiste fundamento normativo-constitucional 
expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência em suas 
Constituições estaduais. Não há, também, simetria a ser observada pelos Estados-
membros. [ADI 5.540, rel. min. Edson Fachin, j. 3-5-2017. 
 
Apresentada denúncia contra o presidente da República por crime de responsabilidade, 
compete à Câmara dos Deputados autorizar a instauração de processo (art. 51, I, da 
CF/1988). A Câmara exerce, assim, um juízo eminentemente político sobre os fatos 
narrados, que constitui condição para o prosseguimento da denúncia. (...) Há três 
ordens de argumentos que justificam esse entendimento. Em primeiro lugar, esta é a 
única interpretação possível à luz da Constituição de 1988, por qualquer enfoque que 
se dê: literal, histórico, lógico ou sistemático. Em segundo lugar, é a interpretação que 
foi adotada pelo STF em 1992, quando atuou no impeachment do então presidente 
Fernando Collor de Mello, de modo que a segurança jurídica reforça a sua reiteração 
pela Corte na presente ADPF. E, em terceiro e último lugar, trata-se de entendimento 
que, mesmo não tendo sido proferido pelo STF com força vinculante e erga omnes, foi, 
em alguma medida, incorporado à ordem jurídica brasileira. Dessa forma, modificá-lo, 
estando em curso denúncia contra a presidente da República, representaria uma 
violação ainda mais grave à segurança jurídica, que afetaria a própria exigência 
democrática de definição prévia das regras do jogo político. Partindo das premissas 
acima, depreende-se que não foram recepcionados pela CF/1988 os arts. 23, §§ 1º, 
4º e 5º; 80, 1ª parte (que define a Câmara dos Deputados como tribunal de 
pronúncia); e 81, todos da Lei 1.079/1950, porque incompatíveis com os arts. 51, I; 
52, I; e 86, § 1º, II, todos da CF/1988. (...) O rito do impeachment perante a Câmara, 
previsto na Lei 1.079/1950, partia do pressuposto de que a tal Casa caberia, nos 
termos da CF/1946, pronunciar-se sobre o mérito da acusação. Em razão disso, 
estabeleciam-se duas deliberações pelo Plenário da Câmara: a primeira quanto à 
admissibilidade da denúncia e a segunda quanto à sua procedência ou não. Havia, 
entre elas, exigência de dilação probatória. Essa sistemática foi, em parte, revogada 
pela Constituição de 1988, que, conforme indicado acima, alterou o papel institucional 
da Câmara no impeachment do presidente da República. Conforme indicado pelo STF e 
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efetivamente seguido no caso Collor, o Plenário da Câmara deve deliberar uma única 
vez, por maioria qualificada de seus integrantes, sem necessitar, porém, desincumbir-
se de grande ônus probatório. Afinal, compete a esta Casa Legislativa apenas 
autorizar ou não a instauração do processo (condição de procedibilidade). A ampla 
defesa do acusado no rito da Câmara dos Deputados deve ser exercida no prazo de 
dez sessões (RICD, art. 218, § 4º), tal como decidido pelo STF no caso Collor (MS 
21.564, rel. p/ o ac. min. Carlos Velloso). [ADPF 378 MC, rel. p/ o ac. min. Roberto 
Barroso, j. 17-12-2015]. 
 
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF tem por finalidade 
tutelar o exercício regular dos cargos de presidente da República e de ministro de 
Estado, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontram 
investidos em tais funções. Essa é a orientação do Plenário ao dar parcial provimento 
a agravos regimentais interpostos contra decisão, por meio da qual, diante da 
negativa de autorização por parte da Câmara dos Deputados para instauração de 
processo penal em face do presidente da República e de ministros de Estado, fora 
determinado o desmembramento dos autos em relação a diversos investigados não 
detentores de foro por prerrogativa de função no STF, determinando-se a remessa dos 
autos ao competente juízo de primeira instância. (...) A Corte registrou que o regime 
de imunidades previsto na CF, por se tratar de exceção à norma de responsabilização 
por atos que afrontem regras dispostas no ordenamento jurídico positivo, não admite 
interpretação extensiva, sendo legítima a incidência apenas nas restritas hipóteses 
elencadas pelo Poder Constituinte. Assim, assentado o caráter restritivo das 
imunidades formais previstas no art. 86, caput, e art. 51, I, da CF, a negativa de 
autorização por parte da Câmara dos Deputados impede o processamento da 
denúncia, exclusivamente, em relação ao presidente da República e aos ministros de 
Estado denunciados, sendo inviável a extensão dos efeitos de tal decisão, de natureza 
eminentemente política, aos agravantes que não se encontram investidos nos 
referidos cargos. [Inq 4.483 AgR e Inq 4.327 AgR-segundo, rel. min. Edson 
Fachin, j. 19-12-2017]. 
 
Ao Senado compete, privativamente, processar e julgar o presidente (art. 52, I), 
locução que abrange a realização de um juízo inicial de instauração ou não do 
processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara. (...) Por 
outro lado, há de se estender o rito relativamente abreviado da Lei 1.079/1950 para 
julgamento do impeachment pelo Senado, incorporando-se a ele uma etapa inicial de 
instauração ou não do processo, bem como uma etapa de pronúncia ou não do 
denunciado, tal como se fez em 1992. Estas são etapas essenciais ao exercício, pleno 
e pautado pelo devido processo legal, da competência do Senado de processar e julgar 
o presidente da República. Diante da ausência de regras específicas acerca dessas 
etapas iniciais do rito no Senado, deve-se seguir a mesma solução jurídica encontrada 
pelo STF no caso Collor, qual seja, a aplicação das regras da Lei 1.079/1950 relativas 
a denúncias por crime de responsabilidade contra ministros do STF ou contra o PGR 
(também processados e julgados exclusivamente pelo Senado). Conclui-se, assim, que 
a instauração do processo pelo Senado se dá por deliberação da maioria simples de 
seus membros, a partir de parecer elaborado por comissão especial, sendo 
improcedentes as pretensões do autor da ADPF de (i) possibilitar à própria Mesa do 
Senado, por decisão irrecorrível, rejeitar sumariamente a denúncia; e (ii) aplicar o 
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quórum de 2/3, exigível para o julgamento final pela Casa Legislativa, a esta etapa 
inicial do processamento. [ADPF 378 MC, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 16-
12-2015 Processo de impeachment. Ministro do STF. (...) Inexiste previsão legal de 
que os arquivamentos de denúncias por ausência de justa causa em processo 
de impeachment devam ser exercidos pela Mesa do Senado Federal, sendo inviável 
aplicar a regra de competência prevista para o recebimento de denúncia por crime de 
responsabilidade praticado por presidente da República, em que já houve um juízo 
prévio de admissibilidade na Câmara dos Deputados. 
[MS 34.592 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 6-10-2017]. 
 
O STF, por maioria, julgou improcedentes pedidos formulados em ações diretas de 
inconstitucionalidade ajuizadas contra a Lei 3.579/2001 do Estado do Rio de Janeiro. O 
referido diploma legal proíbe a extração do asbesto/amianto em todo o território 
daquela unidade da Federação e prevê a substituição progressiva da produção e da 
comercialização de produtos que o contenham. A Corte declarou, também por maioria 
e incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei federal 9.055/1995, com 
efeito vinculante e erga omnes. O dispositivo já havia sido declarado inconstitucional, 
incidentalmente, no julgamento da ADI 3.937/SP (rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ 
o ac. min. Dias Toffoli, julgamento em 24-8-2017). A partir da manifestação do 
ministro Gilmar Mendes, o Colegiado entendeu ser necessário, a fim de evitar anomias 
e fragmentação da unidade, equalizar a decisão que se toma tanto em sede de 
controle abstrato quanto em sede de controle incidental. O ministro Gilmar Mendes 
observou que o art. 535 do CPC reforça esse entendimento. Asseverou se estar 
fazendo uma releitura do disposto no art. 52, X, da CF, no sentido de que a Corte 
comunica ao Senado a decisão de declaração de inconstitucionalidade, para que ele 
faça a publicação, intensifique a publicidade. O ministro Celso de Mello considerou se 
estar diante de verdadeira mutação constitucional que expande os poderes do STF em 
tema de jurisdição constitucional. Para ele, o que se propõe é uma interpretação que 
confira ao Senado Federal a possibilidade de simplesmente, mediante publicação, 
divulgar a decisão do STF. Mas a eficácia vinculante resulta da decisão da Corte. Daí 
se estaria a reconhecer a inconstitucionalidade da própria matéria que foi objeto deste 
processo de controle abstrato, prevalecendo o entendimento de que a utilização do 
amianto, tipo crisotila e outro, ofende postulados constitucionais e, por isso, não pode 
ser objeto de normas autorizativas. A ministra Cármen Lúcia, na mesma linha, afirmou 
que a Corte está caminhando para uma inovação da jurisprudência no sentido de não 
ser mais declarado inconstitucional cada ato normativo, mas a própria matéria que 
nele se contém. O ministro Edson Fachin concluiu que a declaração de 
inconstitucionalidade, ainda que incidental, opera uma preclusão consumativa da 
matéria. Isso evita que se caia numa dimensão semicircular progressiva e sem fim. E 
essa afirmação não incide em contradição no sentido de reconhecer a 
constitucionalidade da lei estadual que também é proibitiva, o que significa, por uma 
simetria, que todas as legislações que são permissivas – dada a preclusão 
consumativa da matéria, reconhecida a inconstitucionalidade do art. 2º da lei federal – 
são também inconstitucionais. [ADI 3.406 e ADI 3.470, rel. min. Rosa Weber, j. 29-
11-2017]. 
 
Impeachment. Ministro do STF. (...) Na linha da jurisprudência firmada pelo Plenário 
desta Corte, a competência do presidente da Câmara dos Deputados e da Mesa do 
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Senado Federal para recebimento, ou não, de denúncia no processo 
de impeachment não se restringe a uma admissão meramente burocrática, cabendo-
lhes, inclusive, a faculdade de rejeitá-la, de plano, acaso entendam ser patentemente 
inepta ou despida de justa causa. Previsão que guarda consonância com as 
disposições previstas tanto nos regimentos internos de ambas as Casas Legislativas, 
quanto na Lei 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o 
respectivo processo de julgamento. O direito a ser amparado pela via mandamental 
diz respeito à observância do regular processamento legal da denúncia. Questões 
referentes à sua conveniência ou ao seu mérito não competem ao Poder Judiciário, 
sob pena de substituir-se ao Legislativo na análise eminentemente política que 
envolvem essas controvérsias. [MS 30.672 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 
15-9-2011, P, DJE de 18-10-2011.] Vide MS 23.885, rel. min. Carlos Velloso, j. 28-
8-2002. 
 
1.8 – O Estatuto dos Congressistas 
 
A Constituição estabelece, na Seção V, Capítulo I, Título IV, imunidades e 
vedações aos parlamentares, a fim de garantir independência ao Poder 
Legislativo, assim como a plena independência e liberdade no exercício de 
suas atribuições constitucionais. A doutrina denomina essas normas de 
“estatuto dos congressistas”. 
 
1.9 – Imunidades Parlamentares 
 
As imunidades parlamentares não são privilégios, são, na realidade, garantias 
funcionais objetivam assegurar que os membros do Poder Legislativo exerçam 
seu mandato com independência, totalmente livre de coerções de natureza 
externa. São prerrogativas de ordem pública e, portanto, irrenunciáveis. 
É importante destacar que, segundo o STF, as imunidades não se estendem 
aos suplentes. Isso porque elas decorrem do efetivo exercício da função 
parlamentar, não são prerrogativas da pessoa. Em outras palavras, elas são 
objetivas (e não subjetivas). 
As imunidades parlamentares podem ser de dois tipos: imunidade material e 
imunidade formal. 
 
1.9.1 – Imunidade Material 
 
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A imunidade material dos parlamentares federais é regulada pelo art. 53. da CF 
ao assegurar que os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e 
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Como 
podemos depreender da leitura desse dispositivo, a inviolabilidade parlamentar 
abarca o âmbito da responsabilidade civil (e.g, danos morais) e penal (e.g, 
crime de injúria). Nesse último aspecto, a doutrina majoritária entende que a 
imunidade material acarreta a exclusão da tipicidade penal, não sendo 
admitido, portanto, o início da persecução penal contra parlamentar. 
No entanto, alguns aspectos da imunidade parlamentar devem ser ressaltados, 
pois essa espécie de vedação de responsabilidade civil e penal tem que 
encontrar limites interpretativos do próprio texto constitucional. Com efeito, 
sistematizando o tema, podemos fazer os seguintes apontamentos: 
1) A imunidade material independe do local em que seja proferida as 
opiniões ou palavras. Dessa forma, se os deputados ou senadores 
pronunciarem discursos fora do recinto parlamentar, ainda assim estarão 
acobertados pela imunidade. Essa regra, no entanto, não é aplicável 
aos vereadores, tendo em vista que o art. 29, VIII da CF contém regra 
específica, asseverando que os Vereadores são invioláveis por suas 
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na 
circunscrição do Município; 
2) Para que haja a imunidade material, as opiniões e palavras devem ter 
relação com o mandato, pois, segundo o STF, deve haver nexo de 
causalidade entre o exercício do mandato e a manifestação por meio de 
opiniões ou palavras. Deve ser lembrado também que o entendimento 
clássico do STF era no sentido de que essa aferição era necessária apenaspara os pronunciamentos realizados fora do parlamento, pois segundo a 
Corte (RE 463.671 AgR, 19/06/2007), “sendo a ofensa irrogada em 
plenário, independe de conexão com o mandato para o fim de elidir a 
responsabilidade civil por perdas e danos”. Recentemente, no entanto, o 
STF entendeu, ao receber denúncia e queixa-crime contra parlamentar, 
que as declarações do deputado durante discurso no Plenário da Câmara 
dos Deputados, quando teria dito que outra deputada “não merecia ser 
estuprada”, não guardava qualquer relação com a função de deputado, 
não incidindo, portanto, a imunidade prevista na Constituição Federal, de 
modo que deveria ser acolhida a denúncia por incitação ao crime de 
estupro e queixa-crime – relativo ao crime de injúria – devendo ambos 
serem convertidos em ação penal. Assim, se a prova ressaltar esse 
julgado específico, deve ser deixada de lado o entendimento clássico do 
STF. 
3) A imunidade material tem uma eficácia temporal absoluta. Assim, após 
o fim do mandato, mesmo não tendo mais imunidade, o parlamentar 
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continua imune de responsabilidade pelas palavras proferidas durante o 
exercício da função. 
4) Segundo o STF, a garantia da imunidade parlamentar não se estende ao 
congressista candidato, ou seja, quando o parlamentar em disputa 
eleitoral ofende a honra de terceiro – e.g, outros candidatos -, pode 
ser responsabilizado, na medida em que o objetivo exclusivamente 
eleitoreiro não guarda relação de pertinência com o exercício do mandato. 
 
1.9.2 – Imunidade Formal 
 
A imunidade formal representa a possibilidade dos deputados e senadores 
não serem presos, permanecerem presos, bem como na faculdade da 
Casa Legislativa respectiva do parlamentar de sustar o andamento da 
ação penal contra deputado ou senador por crime cometido após a 
diplomação. Com efeito, dispõe a Constituição que, desde a expedição do 
diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em 
flagrante delito de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF): 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso 
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte 
e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria 
de seus membros, resolva sobre a prisão. 
Nesse diapasão, em caso de prisão em flagrante de deputado ou senador por 
crime inafiançável, os autos serão remetidos à Casa respectiva para que, 
pelo voto aberto da maioria dos seus membros, resolva sobre a prisão. 
Essa prerrogativa (remessa dos autos para resolução da prisão), segundo o 
STF, é aplicável apenas para as situações de prisão cautelar, sendo 
plenamente possível a prisão de parlamentar para o efetivo cumprimento da 
pena em definitivo, ou seja, aquela decorrente de sentença judicial transitada 
em julgado. 
Assim, a privação da liberdade de deputado ou senador poderá ocorrer em duas 
situações: i) prisão em flagrante de crime inafiançável e; ii) prisão em 
decorrência de sentença judicial transitada em julgado. 
A Emenda Constitucional 35/01 alterou a sistemática da persecução penal de 
parlamentares federais, porquanto não há mais a necessidade de licença prévia 
da casa respectiva para que se deflagre a ação penal de deputado ou senador 
no STF. A partir dessa modificação do texto constitucional, cabe à Suprema 
Corte apenas informar ao parlamento a respeito do recebimento da denúncia, 
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abrindo possibilidade para que a casa respectiva, a partir da iniciativa de 
partido político, suste o andamento da ação penal (art. 53, § 3º): 
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime 
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará 
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político 
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, 
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
O pedido de sustação pode ser feito a qualquer tempo, desde que seja, 
por óbvio, em data anterior à decisão final do STF. Todavia, informa o § 4º do 
mesmo artigo, que o pedido de sustação deverá ser apreciado pela Casa 
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu 
recebimento pela Mesa Diretora. Deve ser ressaltado, ainda, que a sustação 
deve ser decidida por maioria e que o processo terá a sua prescrição suspensa, 
enquanto durar o mandato do parlamentar (art. 53, § 5º). 
Por fim, cumpre destacar que a sustação da ação penal somente é aplicável a 
crimes cometidos após a diplomação. Dessa forma, crimes cometidos antes 
da diplomação não estão sujeitos à sustação pela Casa Legislativa respectiva. 
 
IMUNIDADE PARLAMENTAR FORMAL DOS 
PARLAMENTARES
RELATIVA À 
PRISÃO
Desde a espedição 
do diploma
Exceção: Flagrante 
por crime 
inafiançável
RELATIVA AO 
PROCESSO
Apenas para crimes 
cometidos após a 
diplomação
O processo poderá 
ser sustado a pedido 
de partido com 
representação do na 
casa Legislativa.
A casa Legislativa 
terá 45 dias, 
improrrigáveis, do 
recebimento do 
pedido pela mesa 
diretora, para votar
Decisão: voto da 
maioria 
Ostensivo e Normal
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1.10 – Prerrogativa de Foro 
 
A jurisprudência do STF promoveu importantes e recentes alterações nas regras 
sobre prerrogativa de foro. Assim, o estudante deve manter redobrada atenção 
sobre o tema, tendo em vista que, provavelmente, as provas de concurso darão 
enfoque diferenciado a essa mudança durante algum tempo. 
Nos termos do art. 53, §1º, os Deputados e Senadores, 
desde a expedição do diploma, serão 
penalmente submetidos a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal. Historicamente, 
a jurisprudência do STF sempre entendeu que, a partir da diplomação, todo 
congressista deveria ser julgado pelo STF por qualquer infração penal cometida, 
inclusive em relação àquelas praticadas antes da diplomação. 
Era aplicável também o entendimento de que, encerrado o mandato, caberia o 
encaminhamento do processo à Justiça Comum, eis que não havia mais falar 
em foro por prerrogativa de função. Essa regra era sujeita a temperamentos, 
pois em caso de abuso de direito, como nas hipóteses de renúncia de 
parlamentar com nítido objetivo de furtar-se ao julgamento penal da Suprema 
Corte, o STF entendia que era prorrogável sua competência, pois, conquanto o 
ato de renúncia seja legítimo, não é razoável que seja utilizada “como 
subterfúgio para deslocamento de competências constitucionalmente definidas”, 
mormente pelo fato de que estas (competências) não podem ser objeto de 
escolha pelo acusado. 
Todavia, recentemente, na AP 937 - julgada em 
03/05/2018, o STF promoveu uma alteração 
sobre o tema, decidindo dar nova interpretação 
ao foro por prerrogativa de função. Nesse julgado, 
foram fixadas as seguintes teses: 
1. O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes 
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções 
desempenhadas. 
2. Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de 
intimação para apresentação de alegações finais, a competência para 
processar e julgar as ações penais não será mais afetada em razão 
de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo 
que ocupava, qualquer que seja o motivo. 
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Dessa forma, fica superado o entendimento anterior a respeito da fixação da 
competência do STF para julgamento das infrações penais cometidas em 
momento anterior à diplomação do parlamentar. 
De outro giro, resta definido o momento processual em que a 
competência do STF é prorrogada, a despeito do fato do agente público vir 
a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qual seja, a publicação 
do despacho de intimação para apresentação de alegações finais. 
Outro tema controvertido diz respeito às situações em 
que, em um mesmo processo, há concurso de 
agentes entre pessoas submetidas ao foro por 
prerrogativa de função com outras regidas pelas regras 
comuns de competência. Embora com decisões em sentido contrário, o STF 
entende atualmente aplicável a regra da obrigatoriedade de 
desmembramento do processo, nos casos em que, na mesma ação 
penal, compõem o polo passivo sujeitos submetidos a regimes 
distintos de competência. Dessa forma, são julgados no STF apenas os réus 
com previsão constitucional específica de foro na Corte, devendo o 
processamento e julgamento dos demais acusados ficar a cargo do respectivo 
juízo competente. Não deve ser esquecida, no entanto, a redação da súmula 
704 do STF, quando afirma que: 
“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do 
devido processo legal a atração por continência ou conexão do 
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos 
denunciados”. 
Na Ação Penal 470 (Mensalão), por exemplo, não ocorreu o 
desmembramento do processo, tendo o STF julgado 
todos os réus, independentemente de apenas parte 
deles possuir o foro naquele Tribunal. Assim, embora o entendimento 
atual aplique a regra do desmembramento, de maneira excepcional, é possível 
a aplicação da Súmula 704 do STF, que não foi deveras cancelada. 
Por sua vez, nas ações civis (inclusive nas ações de improbidade 
administrativa), os Deputados e Senadores não farão jus ao foro por 
prerrogativa de função. Assim, eventuais ações civis contra parlamentares 
deverão ser ajuizadas perante a Justiça Comum. 
Os §§ 6º, 7º e 8º do art. 53 da CF trazem outras prerrogativas concernentes ao 
regime jurídico aplicável aos deputados e senadores, quais sejam: i) a isenção 
do dever de testemunhar; ii) a necessidade de prévia licença para incorporação 
às Forças Armadas e; iii) a imunidade parlamentar durante o estado de sítio. 
Nesse sentido: 
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§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a 
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão 
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes 
confiaram ou deles receberam informações 
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e 
Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, 
dependerá de prévia licença da Casa respectiva. 
 § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão 
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o 
voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de 
atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam 
incompatíveis com a execução da medida. 
 
1.11 – Incompatibilidade dos Parlamentares 
 
Segundo o art. 54 da CF, os Deputados e Senadores não poderão: 
a) Desde a expedição do diploma: 
- Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, 
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o 
contrato obedecer a cláusulas uniformes; 
- Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, 
inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", em pessoa 
jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade 
de economia mista ou empresa concessionária de serviço público. 
b) Desde a posse: 
- Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que 
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de 
direito público, ou nela exercer função remunerada; 
- Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", 
em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, 
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de 
serviço público; 
- Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades 
acima citadas; 
- Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 
Deve ser lembrado que a incompatibilidade e inelegibilidade 
são conceitos distintos. A inelegibilidade ocorre 
antes da eleição, afetando a capacidade eleitoral 
passiva. Como já visto, a inelegibilidade absoluta 
está relacionada a uma condição pessoal e não permite a disputa eleitoral de 
qualquer cargo eletivo; por sua vez, a inelegibilidade relativa pode ser 
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afastada por meio da desincompatibilização. Já a incompatibilidade ocorre 
após a eleição e impede a celebração de contratos, o pleno gozo do direito de 
propriedade pelo parlamentar eleito ou o exercício simultâneo de cargos, 
funções ou empregos públicos remunerados. 
1.12 – Hipóteses de perda do mandato 
 
As hipóteses de perda do mandato de parlamentares federais estão delineadas 
no art. 55, CF/88: 
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo 
anterior; 
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro 
parlamentar; 
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça 
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo 
licença ou missão por esta autorizada; 
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; 
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta 
Constituição; 
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em 
julgado. 
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos 
definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas 
asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de 
vantagens indevidas. 
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será 
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por 
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de 
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada 
ampla defesa. 
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será 
declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante 
provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político 
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou 
possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá 
seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os 
§§ 2º e 3º. 
Como afirmado no § 2º, nos casos previstos nos incisos I, II e VI, a perda do 
mandato deverá ser votada pela Casa Legislativa, porquanto a perda não 
é automática. Com efeito, nessas situações, a perda do mandato deverá ser 
decidida pela maioria absoluta da Casa Legislativa, mediante provocação da 
Felipo Livio Lemos Luz
Aula 09
Direito Constitucional p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
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55314334925 - marcos santos
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
Teoria e Questões 
Prof. Felipo Luz 
 
respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, 
assegurada ampla defesa. Até

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