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Livro Eletrônico Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca 55314334925 - marcos santos Aula 2 AULA CRIMES AMBIENTAIS Sumário 1 – Considerações iniciais................................................................................................................2 2 - Da aplicação da pena................................................................................................................15 3 - Dos crimes ambientais..............................................................................................................31 4 - Lista de Questões sem comentários............................................................................................85 5 - Lista de Questões com comentários............................................................................................92 6 - Resumo................................................................................................................................105 7 - Gabarito...............................................................................................................................107 Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 3 Crimes ambientais 1 – Considerações iniciais O Poder Constituinte Originário fez questão de ressalvar a sua preocupação com meio ambiente no art. 225 da Constituição Federal e impor mecanismos de proteção nas esferas penal e extrapenal. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 4 A lei 9605/1998 foi o diploma legal confeccionado para regulamentar a norma constitucional, contendo regras de índole civil, penal e administrativo. Nessa lei pode ser observada tanto infrações administrativas como crimes ambientais. Estamos diante de uma lei que possui inúmeras regras que destoam da Parte Geral do Código Penal. De tal sorte, naquilo que não for tratado de modo diverso na Lei Ambiental aplica-se as regras do Código Penal, conforme o previsto no art. 12 do CP1. O bem jurídico tutelado é o meio ambiente, que deve ser compreendido como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (Lei n.6.938/81, art. 3º, I). De acordo com o art. 225, caput, da Constituição Federal, meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. OBS: A proteção ao meio ambiente também acarreta em limitação ao direito de propriedade, segundo aponta o art. 1228, §1º, do Código Civil: “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.” Em regra, a competência para processar e julgar os delitos ambientais é da Justiça Estadual em razão de sua competência residual. Vale dizer, a competência apenas será da Justiça Federal quando presente uma das hipóteses taxativas delineadas no art. 109 da Constituição Federal. Exemplos: crime ambiental cometido no interior de uma unidade de conservação mantida pela União Federal (art. 109, IV, da Constituição Federal2), delito ambiental cometido 1 Art. 12 do CP: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial se esta não dispuser de modo diverso. 2 Art. 109, da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos ==162515== Aula 5 em águas da União Federal ou em terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, etc. Vejamos um julgado esclarecedor do Supremo Tribunal Federal sobre esse assunto: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃOGERAL RECONHECIDA. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL TRANSNACIONAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO RECONHECIDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. As florestas, a fauna e a flora restam protegidas, no ordenamento jurídico inaugurado pela Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 23, VII, da Constituição da República). 2. Deveras, a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CF/88, art. 225, caput), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/88, art. 225, § 1º, VII). 3. A competência de Justiça Estadual é residual, em confronto com a Justiça Federal, à luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 4. A competência da Justiça Federal aplica-se aos crimes ambientais que também se enquadrem nas hipóteses previstas na Constituição, a saber: (a) a conduta atentar contra bens, serviços ou interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; (b) os delitos, previstos tanto no direito interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem iniciada a execução no país, mas o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro - ou na hipótese inversa; (c) tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; (d) houver grave violação de direitos humanos; ou ainda (e) guardarem conexão ou continência com outro crime de competência federal; ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, conforme previsão expressa da Constituição. 5. As violações ambientais mais graves recentemente testemunhadas no plano internacional e no Brasil, repercutem de modo devastador na esfera dos direitos humanos e fundamentais de comunidades inteiras. E as graves infrações ambientais podem constituir, a um só tempo, graves violações de direitos humanos, máxime se considerarmos que o núcleo material elementar da dignidade humana “é composto do mínimo existencial, locução que identifica o conjunto de bens e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da própria liberdade. Aquém daquele patamar, ainda quando haja sobrevivência, não há dignidade”. 6. A Ecologia, em suas várias vertentes, reconhece como diretriz principal a urgência no enfrentamento de problemas ambientais reais, que já logram pôr em perigo a própria vida na Terra, no paradigma da sociedade de risco. É que a crise ambiental traduz especial dramaticidade nos problemas que suscita, porquanto ameaçam a viabilidade do ‘continuum das espécies’. Já, a interdependência das matrizes que unem as diferentes formas de vida, aliada à constatação de que a alteração de apenas um dos fatores nelas presentes pode produzir consequências significativas em todo o conjunto, reclamam uma linha de coordenação de políticas, segundo a Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 6 lógica da responsabilidade compartilhada, expressa em regulação internacional centrada no multilateralismo. 7. (a) Os compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro, perante a comunidade internacional, de proteção da fauna silvestre, de animais em extinção, de espécimes raras e da biodiversidade, revelaram a existência de interesse direto da União no caso de condutas que, a par de produzirem violação a estes bens jurídicos, ostentam a característica da transnacionalidade. (b) Deveras, o Estado Brasileiro é signatário de Convenções e acordos internacionais como a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América (ratificada pelo Decreto Legislativo nº 3, de 1948, em vigor no Brasil desde 26 de novembro de 1965, promulgado pelo Decreto nº 58.054, de 23 de março de 1966); a Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES ratificada pelo Decreto-Lei nº 54/75 e promulgado pelo Decreto nº 76.623, de novembro de 1975) e a Convenção sobre Diversidade Biológica CDB (ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 8 de fevereiro de 1994), o que destaca o seu inequívoco interesse na proteção e conservação da biodiversidade e recursos biológicos nacionais. (c) A República Federativa do Brasil, ao firmar a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, em vigor no Brasil desde 1965, assumiu, dentre outros compromissos, o de “tomar as medidas necessárias para a superintendência e regulamentação das importações, exportações e trânsito de espécies protegidas de flora e fauna, e de seus produtos, pelos seguintes meios: a) concessão de certificados que autorizem a exportação ou trânsito de espécies protegidas de flora e fauna ou de seus produtos”. (d) Outrossim, o Estado Brasileiro ratificou sua adesão ao Princípio da Precaução, ao assinar a Declaração do Rio, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO 92) e a Carta da Terra, no “Fórum Rio+5”; com fulcro neste princípio fundamental de direito internacional ambiental, os povos devem estabelecer mecanismos de combate preventivos às ações que ameaçam a utilização sustentável dos ecossistemas, biodiversidade e florestas, fenômeno jurídico que, a toda evidência, implica interesse direto da União quando a conduta revele repercussão no plano internacional. 8. A ratio essendi das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz à conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental, voltado à exportação de animais silvestres, atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da segurança ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a Comunidade das Nações. 9. (a) Atrai a competência da Justiça Federal a natureza transnacional do delito ambiental de exportação de animais silvestres, nos termos do art. 109, IV, da CF/88; (b) In casu, cuida-se de envio clandestino de animais silvestres ao exterior, a implicar interesse direto da União no controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na observância dos compromissos do Estado brasileiro perante a Comunidade Internacional, para a garantia conjunta de concretização do que estabelecido nos acordos internacionais de proteção do direito fundamental à segurança ambiental. 10. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com a fixação da seguinte tese: “Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por Tratados e Convenções internacionais” (RE 835558, Relator: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2017) Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 7 Por oportuno, vejamos alguns casos jurisprudenciais envolvendo o temário competência: Crime ambiental resultante de construção de moradias de programa habitacional popular em que a Caixa Econômica Federal figura como agente financiador da obra. Compete à Justiça estadual o julgamento de crime ambiental decorrente de construção de moradias de programa habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa EconômicaFederal atue, tão somente, na qualidade de agente financiador da obra. O fato de a CEF atuar como financiadora da obra não tem o condão de atrair, por si só, a competência da Justiça Federal. Isto porque para sua responsabilização não basta que a entidade figure como financeira. É necessário que ela tenha atuado na elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e da higidez da obra. STJ. 3ª Seção. CC 139.197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/10/2017 (Info 615) Crime contra a fauna. Em regra, a competência será da Justiça Estadual. OBS: A Súmula 91 do STJ foi cancelada, que preconizava: "Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”. Crime ambiental apurado a partir de auto de infração lavrado pelo IBAMA. A atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio ambiente não atrai a competência da Justiça Federal para processamento e julgamento de ação penal referente a delitos ambientais (STJ, 3ª Seção, CC 97372, Rel. Min. Celso Limongi, Desembargador Convocado do TJ/SP, julgado em 24/3/2010). Crime ocorrido em área de assentamento do INCRA. Embora a pulverização do agrotóxico tenha ocorrido em escola localizada em área de assentamento de responsabilidade do INCRA, autarquia federal, não há diretamente qualquer interesse, direito ou bem da União, de suas autarquias ou empresas públicas envolvidas, sendo, se existente, meramente reflexo o interesse do INCRA. Logo, a competência é da Justiça Estadual. (STJ. 3ª Seção. CC 139.810/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 26/08/2015). Crime ambiental praticado em rio interestadual. Vejamos um julgado do STJ: CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL E AÇÃO PENAL EM TRÂMITE, CONCOMITANTEMENTE. DERRAMAMENTO DE 30 MIL LITROS DE ÓLEO NO RIO NEGRO - ART. 54 DA LEI 9.605/1998. PREJUÍZO CAPAZ DE AFETAR GRANDE EXTENSÃO DE RIO INTERESTADUAL, BEM DA UNIÃO (ART. 20, III, CF/88). Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 8 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. A preservação do meio ambiente é matéria de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, incisos VI e VII, da Constituição Federal. 2. A competência do foro criminal federal não advém apenas do interesse genérico que tenha a União na preservação do meio ambiente. É necessário que a ofensa atinja interesse direto e específico da União, de suas entidades autárquicas ou de empresas públicas federais. 3. Evidencia-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar ação penal envolvendo crime ambiental praticado em rio interestadual (bem da União, nos termos do art. 20, III, CF), tanto mais quando a conduta investigada (derramamento de 30 mil litros de óleo no leito do rio) tem potencial para afetar a saúde de grande parte do trecho do rio. Precedentes. 4. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 7ª Vara Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Estado do Amazonas, o suscitante. (CC 145.420/AM, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 16/08/2016) Crime ambiental praticado em terreno de Marinha. Vejamos um julgado do STJ: CONSTITUCIONAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. TRANCAMENTO. TERRENO DE MARINHA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medida excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se infere não hipótese dos autos. 2. Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a União tem interesse direto e específico na causa que envolva crime ambiental praticado em terreno de marinha, atraindo a competência da Justiça Federal. Precedentes. 3. Narra a exordial acusatória que o recorrente teria construído uma residência de alvenaria e diversas outras estruturas em terreno de marinha. Ainda, mesmo que não haja demarcação oficial, havendo elementos probatórios indicativos da prática de crime ambiental em bem da União (art. 20, VI, da Constituição Federal), não se pode afastar, ab initio, a competência da Justiça Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 9 Federal para julgamento do processo-crime (art. 109, IV, da Constituição Federal). 4. Recurso desprovido. (RHC 50.692/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 05/04/2016, DJe 15/04/2016) Animais silvestres, em extinção, exóticos ou protegidos por compromissos internacionais. Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. (STF. Plenário. RE 835558-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/02/2017 -repercussão geral). Questão: É cabível o princípio da insignificância aos crimes ambientais? É admissível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais, a depender do caso concreto. Contudo, aos delitos praticados contra a Administração Ambiental (arts. 66/69-A da Lei 9605/98) não há que se falar na adoção do princípio da insignificância, pois o bem jurídico protegido é a moralidade administrativa, mesmo raciocínio existente aos crimes contra a Administração Pública no Código Penal. PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. ATIPICIDADE MATERIAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. I - Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a aplicação do denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado (AgRg no Resp n. 1558312/ES, de minha lavra, Quinta Turma, julgado em 02/02/2016). II - In casu, contudo, é significativo o desvalor da conduta, a impossibilitar o reconhecimento da atipicidade material da ação ou sua irrelevância penal, tendo em vista ter o recorrente "com vontade livre e consciente, extraído areia do leito do Rio Peixe, em Afonso Cláudio/ES, ilegalmente, com utilização de draga com motor, sem qualquer autorização do órgão competente" (fl. 218), a demonstrar a relevância do dano causado ao meio ambiente pela prática delitiva. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 10 III - Esta Corte Superior já decidiu que "deve-se aferir com cautela o grau de reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e futura gerações (princípio da equidade intergeracional)" (AgRg no REsp n. 1.558.576/PR, Sexta Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 17/3/2016).Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no AREsp 1051541/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 04/12/2017) PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELO CRIME PREVISTO NO ART. 34 DA LEI 9.605/1998 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. REITERAÇÃO DELITIVA.ORDEM DENEGADA. I - Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, a aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a ação atípica exige a satisfação de certos requisitos, de forma concomitante: a conduta minimamente ofensiva, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a lesão jurídica inexpressiva. II – A quantidade de peixes apreendida em poder do paciente no momento em que foi detido, fruto da pesca realizada em local proibido e por meio da utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos, como no caso dos autos, lesou o meio ambiente, colocando em risco o direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que impede o reconhecimento da atipicidade da conduta. III - Ademais, os autos dão conta da existência de registros criminais pretéritos, bem como de relatos de que o paciente foi surpreendido por diversas vezes pescando ou tentando pescar em área proibida, a demonstrar a reiteração delitiva do paciente. IV - Os fatos narrados demonstram a necessidade da tutela penal em função da maior reprovabilidade da conduta do agente. Impossibilidade da aplicação do princípio da insignificância. Precedentes. V – Ordem denegada. (STF, HC 135404, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 07/02/2017) Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 11 SUJEITO ATIVO A primeira parte do dispositivo legal em comento é desnecessária, pois repete o comando já previsto no art. 29 do Código Penal. Por sua vez, a segunda parte do art. 2º da Lei nº 9605/98 não cria uma hipótese de responsabilidade penal objetiva, mas somente visa atribuir a responsabilidade penal por omissão, na forma do art. 13, §2º, do Código Penal. É interessante destacar que nos crimes societários (crimes cometidos no âmbito de pessoa jurídica) a mera posição ocupada pelo agente é insuficiente para a configuração de sua responsabilidade penal, sendo indispensável a demonstração de sua participação no caso concreto. Em resumo, o art. 2º da Lei 9605/98 a Lei Ambiental prevê a corresponsabilidade entre as diversas pessoas que tenham participado da empreitada criminosa, sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor, administrador ou membro da sociedade com poderes decisórios. Esse assunto é extremamente importante. Em razão disso, a tendência de cair em prova é enorme!!!! Com fundamento no art. 225, § 3º, da Constituição Federal e no art. 3º da Lei nº 9.605/98, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no sentido de que as pessoas jurídicas podem cometer crimes ambientais. Art. 2º da Lei 9605/98: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Art. 3º da Lei 9605/98: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 12 O Superior Tribunal de Justiça tinha a posição de que era necessária a dupla imputação, ou seja, para a ocorrência da prática delitiva era indispensável a imputação simultânea à pessoa jurídica e à pessoa física que atua em seu nome e em seu benefício. Vale, dizer a denúncia deveria contemplar a pessoa física e a pessoa jurídica. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça alterou o seu posicionamento para alinhar-se ao entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não é necessária a dupla imputação ou coautoria necessária (obrigatória responsabilização simultânea das pessoas físicas e das pessoas jurídicas), porquanto a Constituição Federal em seu artigo 225, §3º não faz essa exigência. Vejamos os julgados dos Tribunais Superiores: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA PESSOA FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. 4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 13 esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de responsabilidade penal individual. 5. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido. (STF, RE 548181, Relator: Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 06/08/2013) PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR CRIME AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE À PESSOA FÍSICA E À PESSOA JURÍDICA. 1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 6/8/2013, acórdão eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public. 30/10/2014).2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes desta Corte. 3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis pela sua condução. 4. Recurso ordinário a que se nega provimento. (STJ, RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) Como se vê, pessoa física e pessoa jurídica apresentam responsabilidades penais diversas e devem ser apuradas de forma isolada e autônoma. Ainda que analisadas num mesmo processo, é possível que reste demonstrada a responsabilidade penal da pessoa física, mas não a da pessoa jurídica, e vice-versa. Em outras palavras, a responsabilidade penal da pessoa jurídica não representa, por si só, a de seus sócios, sob pena de ser esvaziada a premissa da intranscendência da pena. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 14 Quais são os requisitos para o reconhecimento da responsabilidade penal da pessoa jurídica: a) por decisão de seu representante legal ou contratual; b) no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. De tal sorte, não há que se falar em responsabilidade da pessoa jurídica se o ato foi praticado por iniciativa isolada de um empregado ou para proveito pessoal do dirigente Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente; a pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Observa-se que o dispositivo legal acima não versa sobre matéria de Direito Penal, mas sim cuida-se de um instituto de direito civil, pois o ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente é de natureza civil, já que a responsabilidade na seara penal é sempre pessoal, não podendo ser transferido a qualquer pessoa (jurídica ou física), em virtude do primado da intranscendência da pena (art. 5º, XLV, da Constituição Federal3). 3 Art. 5º, XLV, da CF: nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido. Art. 4º da Lei 9605/98: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 15 2 – Aplicação da Pena Ao lado das circunstâncias judiciais genéricas descritas no art. 59 do Código Penal, a lei 9605/98 acrescenta ainda 3 circunstâncias específicas ligadas ao Direito ambiental para serem analisadas no momento da 1ª fase do cálculo trifásico da pena. São elas: 1) A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; 2) Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; 3) A situação econômica do infrator, no caso de multa. OBS: Essas 3 circunstâncias judiciais específicas também incidem no momento da aplicação da pena para a pessoa jurídica, desde que compatíveis com as penas a ela aplicadas (art. 21 da Lei 9605/98) Art. 6º da Lei nº 9605/98: Para imposição e graduação da penalidade, a autoridade competente observará: I – a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; II – os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III – a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 7º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I – tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime; Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 16 A pena restritiva de direitos é uma espécie de sanção penal imposta em substituição à pena privativa de liberdade, consistente na diminuição ou supressão de um ou mais direitos do condenado. Reparem que essas penas restritivas de direitos da Lei dos Crimes Ambientais, assim como ocorre no Código Penal, não são cominadas abstratamente na norma penal incriminadora. Elas são autônomas (não podem ser cumuladas com as penas privativas de liberdade) e substitutivas (primeiro o juiz aplica a pena privativa de liberdade e, depois, na própria sentença, a substitui pela pena restritiva de direito). De acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei 9605/98, essa pena restritiva de direito terá a mesma duração da pena privativa de liberdade. Observem ainda que o art. 7º da Lei 9605/98 trata de requisitos diversos do Código Penal para a concessão de pena restritivas de direitos. Assim, em prol do princípio da especialidade, prevalece os pressupostos da Lei dos Crimes Ambientais em relação ao Código Penal para a concessão da referida espécie de pena. E quais são os requisitos cumulativos para a fixação de penas restritivas de direitos? Requisito objetivo: Crime culposo ou pena privativa de liberdade aplicada inferior a 4 anos. Requisito subjetivo: A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 17 As espécies de penas restritivas de direito estão descritas no art. 8º da Lei nº 9605/98: Chamo atenção de vocês para alertar que o Estado-Juiz somente pode aplicar essas penas restritivas de direitos em decorrência lógica do princípio da reserva legal. São penas destinadas apenas às pessoas físicas. As penas aplicáveis às pessoas jurídicas foram contempladas nos artigos 21 e 22 da Lei nº 9605/98. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível (art. 9º da Lei nº 9605/98). Cuida-se de pena autônoma, bem similar à existente no Código Penal, com o diferencial apenas no tocante ao local onde as tarefasserão cumpridas (jardins públicos, parques e unidades de conservação). Essa atividade de defesa do meio ambiente visa conscientizar o apenado da importância da preservação do meio ambiente. Além da prestação de serviços à comunidade, a lei ainda previu que o agente deve realizar a restauração de coisa particular, pública ou tombada, se possível. Art. 8º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são: I – prestação de serviços à comunidade; II – interdição temporária de direitos; III – suspensão parcial ou total de atividades; IV – prestação pecuniária; V – recolhimento domiciliar. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 18 PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de 5 anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art. 10 da Lei nº 9605/98). Como se vê, as penas de interdição temporária de direito são de 3 tipos: a) Contratar com o Poder Público. OBS: Eventuais contratos com o Poder Público antes da sentença penal condenatória não são alcençados com essa pena. b) Receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios; c) Participar de licitações. Essa pena tem caráter transitório. Se o crime for doloso, o prazo será de 5 anos. De outro lado, se o delito for culposo, o prazo será de 3 anos. SUSPENSÃO DE ATIVIDADES A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais (art. 11 da Lei nº 9605/98). Cuida-se de uma pena em que suspendem total ou parcialmente as atividades desempenhadas pela pessoa física em razão dela não estar cumprindo as regras legais. O termo atividade deve ser compreendido como qualquer tipo de trabalho (remuneratório ou não). Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 19 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator (art. 12 da Lei nº 9605/98) RECOLHIMENTO DOMICILIAR O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13 da Lei 9605/98). CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES ESPECÍFICAS Art. 14 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que atenuam a pena: I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II – arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental; III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. V – recolhimento domiciliar. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 20 Além das circunstâncias atenuantes descritas no Código Penal, o juiz também considerar essas circunstâncias atenuantes específicas delineadas na Lei nº 9605/98 na segunda etapa do cálculo trifásico da pena. As circunstâncias atenuantes específicas são as seguintes: 1) baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. Repare que essa situação não exclui o crime, mas apenas reduz a pena. 2) arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental. Essa atenuante exige o cumprimento de duas condicionantes: a) reparação espontânea do dano; b) limitação significativa da degradação ambiental. 3) Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental. Essa atenuante vista justamente alertar e obstar um dano maior ao meio ambiente. Repare que basta a prévia informação, não exigindo a lei que o agente consiga impedir a degradação ambiental. 4) Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Para fazer jus a essa atenuante, o legislador exigiu uma conduta positiva do agente, qual seja, colaborar com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental, de forma a minimizar as consequências ambientais da sua conduta delituosa. Observem que aqui também o legislador não exige que o dano ambiental seja impedido ou suas consequências ambientais minoradas, bastando o comportamento ativo do agente em colaborar com os agentes estatais. Por sua vez, o art. 15 da Lei nº 9.605/98 cuida das circunstâncias agravantes específicas. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 21 Art. 15 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 22 É possível a aplicação conjunta das circunstâncias agravantes do Código Penal com as da Lei nº 9605/95. Somente restará caracterizado bis in idem se existir identidade entre as agravantes. Atenção especial merece o inciso I do art. 15 da Lei nº 9605/98 (reincidência nos crimes de natureza ambiental). À luz do princípio da especialidade, somente essa reincidência em crimes ambientais tem o condão de fazer incidir a circunstância agravante. Caso esteja configurada a reincidência prevista no Código Penal (art. 63), essa agravante não poderá incidir,incidindo apenas a prevista no Código Penal4. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Nos crimes ambientais pode ser concedido sursis em condenação a pena privativa de liberdade até 3 anos. Essa regra destoa da norma geral imposta no Código Penal, prevalecendo-se, no ponto, a lei nº 9605/98 por ser uma lei especial. No tocante aos demais requisitos para a concessão do sursis devem ser observados os pressupostos elencados no art. 77 do Código Penal. Em resumo, nos crimes ambientais, o sursis é aplicável na condenação a pena privativa de liberdade de até três anos (art. 16), ao passo que nos demais crimes o benefício só pode ser aplicado em condenações que não excedem a dois anos. No caso do sursis especial, a verificação da reparação do dano será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições judiciais a 4 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 151. Art. 16 da Lei nº 9605/98: Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 23 serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente (art. 17 da Lei nº 9605/98). MULTA A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar- se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida (art. 18 da Lei 9805/98). Da mesma forma da prevista no Código Penal, a pena de multa emprega o sistema conhecido dias-multa. Vale dizer, em um primeiro momento, o magistrado pode fixar o número de dias-multa (que pode ser de 10 até 360 dias- multa). Em um segundo momento, o juiz fixa o valor de cada dia-multa (que pode ser 1/30 do salário mínimo até 5 salários mínimos vigente no instante da conduta). Pois bem. Caso o valor fixado se mostre insuficiente, o juiz pode elevar a pena de multa em até três vezes, porém, de forma diversa do Código Penal, o fator a ser considerado para tanto será o valor da vantagem econômica auferida, e não a situação financeira do acusado. A multa também levará em conta também o montante do prejuízo ambiental causado, que será apurado por meio de uma perícia de constatação do dano ambiental (art. 19 da Lei nº 9605/98). Essa perícia de constatação de dano ambiental também serve para a aferição do cálculo da fiança. Questão: E se já existir uma perícia de constatação de dano ambiental encartada em inquérito civil ou no juízo cível? Nesse caso é possível se valer desse laudo pericial como prova emprestada, desde que referentes às mesmas partes e com obediência dos princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 19, parágrafo único, da Lei nº 9605/98). Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 24 A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente (art. 20, caput, da Lei nº 9605/98). Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado na sentença condenatória, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido (art. 20, parágrafo único, da Lei nº 9605/98). Vale dizer, a sentença penal condenatória vale como título executivo judicial e dará ensejo a execução no juízo cível, na forma do art. 515, VI, do Código de Processo Civil. Não sendo possível alcançar toda a extensão do dano ou das espécies de danos (material ou moral), será realizada a liquidação na esfera do Juízo Cível. PENAS APLICÁVEIS À PESSOA JURÍDICA Em razão do princípio da taxatividade, apenas a multa, as penas restritivas de direitos e a prestação de serviços à comunidade são previstas como penas para as pessoas jurídicas. O fator determinante para optar entre a alternatividade e a cumulação é o previsto no art. 3º da Lei 9605/98. São essas as penas: Multa – Essa sanção segue as regras previstas no art. 49 Código Penal Restritivas de direitos – Está prevista no art. 22 da Lei 9605/98 (será explicada a seguir) Prestação de serviços à comunidade – Embora essencialmente seja uma pena restritivas de direitos, pela lei 9605/98 foi prevista como uma sanção autônoma à pessoa jurídica. Art. 21 da Lei nº 9605/98: As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I – multa; II – restritivas de direitos; III – prestação de serviços à comunidade. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 25 Questão: Como se calcula o prazo prescricional para essas sanções do art. 21 da Lei nº 9605/98? O cálculo prescricional segue as regras do Código Penal (art. 109). Vejamos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal: Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Penal. 3. Prescrição. Alegação de aplicação às pessoas jurídicas do lapso previsto no inciso I do art. 114 do CP (prescrição da pena de multa). 4. Incidência das súmulas 282 e 356. 5. Ofensa indireta ao texto constitucional. 5. Súmula 279. 6. Não configurada a ocorrência de prescrição em relação ao crime imputado. 7. Nos crimes ambientais, às pessoas jurídicas aplicam-se as sanções penais isolada, cumulativa ou alternativamente, somente as penas de multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade (art. 21 da Lei 9.605/98). No caso, os parâmetros de aferição de prazos prescricionais são disciplinados pelo Código Penal. Nos termos do art. 109, caput e parágrafo único, do Código Penal, antes de transitar em julgado a sentença final, aplica-se, às penas restritivas de direito, o mesmo prazo previsto para as privativas de liberdade, regulada pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. O crime do art. 54, § 1º, da Lei 9.605/98 – o qual estabelece pena de detenção de seis meses a um ano, e multa – prescreve em 4 anos (CP, art. 109, V). Não ocorrência do prazo de 4 anos entre a data dos fatos e o recebimento da denúncia. Prescrição não caracterizada. Não se afasta o lapso prescricional de 2 anos, se a pena cominada à pessoa jurídica for, isoladamente, de multa (inciso I, art. 114, do CP). 8. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 9. Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 944034 AgR, Relator: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 30/09/2016) E quais são as penas restritivas de direito aplicáveis às pessoas jurídicas? De acordo com o art. 22 da Lei nº 9605/98, essas penas restritivas de direitos são: 1) Suspensão total ou parcial de atividades. Essa suspensão será aplicada quando a pessoa jurídica não estiver obedecendo às disposições legais ou Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 26 regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. Essa pena restritiva de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada. 2) Interdição temporáriade estabelecimento, obra ou atividade. Essa interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização (de modo clandestino), ou em desacordo com a concedida (com abuso de autoridade), ou com violação de disposição legal ou regulamentar (de maneira ilegal). Essa pena restritiva de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada. 3) Proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações em prazo não superior a 10 anos. Eventuais contratos assinados e em andamento antes dessa pena transitada em julgado devem ser cumpridos. Essa pena restritiva de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada. De acordo com o art. 23 da Lei 9605/98, a pena de prestação de serviços à comunidade, quanto às pessoas jurídicas, constituirá: a) Custeio de programa e de projetos ambientais; b) Execução de obras de recuperação de áreas degradadas; c) Manutenção de espaços públicos; d) Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Vamos imaginar a seguinte situação: Uma empresa é constituída com a finalidade de facilitar a prática de crime ambiental. Qual será a consequência jurídica para essa pessoa jurídica? A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei nº 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional (art. 24 da Lei 9605/98). Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 27 DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME Reparem que o CPP já determinava a apreensão de produtos e instrumentos do crime. Pois bem. A Lei nº 9605/98 apenas aperfeiçoou tal instrumento para melhor apurar os crimes da referida lei e assegurar melhor proteção ao meio ambiente. Dessa forma, realizada a perícia, os animais devem ser devolvidos ao seu habitat natural. Apenas e tão somente na hipótese de ser inviável a sua restituição ao seu habitat natural ou não recomendável por questões sanitárias, os animais serão entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas. Animais (1º lugar: habitat natural; 2º lugar: jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas). Até que os animais sejam entregues as referidas instituições, o órgão atuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. Art. 25 da Lei nº 9605/98: Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. §1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardim zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. §2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no §1º deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. §3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. §4º Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. §5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio de reciclagem. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 28 Por sua vez, as madeiras e os produtos perecíveis, haja vista a impossibilidade de retornar o status quo ante (restituição à natureza), serão avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. Já os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis deverão ser doados a instituições científicas, culturais ou educacionais a fim de incentivar as pesquisas científicas ou fomentar o conhecimento. Exemplo: Um animal empalhado pode ser entregue a uma Universidade para aprimorar o estudo sobre biologia. Contudo, caso esse produto ou subproduto da fauna não perecível não tenha qualquer utilidade (Exemplo: Peças de tabuleiro feito com casca de jacaré), a saída prevista em lei é a sua destruição. Por fim, os instrumentos empregados na infração penal somente podem ser vendidos após a sua descaracterização, evitando, assim, serem usados para vindouros crimes ambientais. DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL Segundo artigo 26 da Lei nº 9605/98, a ação penal nos crimes ambientais é sempre pública e incondicionada. Vale dizer, a legitimidade para intentar a ação penal é do Ministério Público e independente de qualquer condicionante. Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que esse dispositivo legal era desnecessário, porquanto na ausência de qualquer previsão expressa em lei aplica-se a regra geral do art. 100 do Código Penal, ou seja, a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Art. 26 da Lei 9605/98: Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 29 INSTITUTOS DESPENALIZADORES A lei nº 9605/98, em seus artigos 27 e 28, de maneira expressa prevê a aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais no âmbito dos crimes ambientais. Como veremos, é possível a aplicação de institutos despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo) aos crimes ambientais. TRANSAÇÃO PENAL A transação penal nos crimes ambientais está condicionada à prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade devidamente demonstrada nos autos (exemplo: impossibilidade financeira do autor dos fatos)5. Vale dizer, o legislador estabeleceu um novo pressuposto para a realização da transação penal nos crimes ambientais não descrito na Lei nº 9099/95, qual seja, prévia composição do dano ambiental (condição de admissibilidade da transação penal). SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Como já mencionamos, o instituto do sursis processual também tem aplicabilidade aos crimes ambientais. Todavia, a suspensão condicional do processo apenas acarretará a extinção da punibilidade depois da integral reparação do dano ambiental, constatada através de laudo próprio, salvo impossibilidade de reparação do dano devidamente comprovada nos autos (art. 28, I, da Lei nº 9605/98. Observem que a reparação do dano é uma das condições a serem cumpridas durante o período de prova do sursis processual. Questão: E se a reparação do dano for parcial? 5 Art. 27 da Lei nº 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritivas de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvoem caso de comprovada impossibilidade. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 30 Constatada a reparação parcial por laudo, o prazo do período de prova será prorrogado até o máximo previsto no art. 89 da lei 9099/95 (4 anos), acrescido de mais 1 ano e suspenso o prazo prescricional, conforme determina o art. 28, II, da Lei 9605/98. Vale dizer, se a reparação for parcial, o período de prova pode ser prorrogado até o total de 5 anos e o prazo prescricional será suspenso nesse período. Somente o prazo é prorrogado, de forma a permitir que o agente repare o dano ambiental causado. Assim, nessa prorrogação de prazo, o agente não fica obrigado ao cumprimento das demais condições do sursis processual. Encerrado o período da prorrogação, é realizado um segundo laudo de constatação de reparação do dano para verificar se houve, ou não, reparação integral do dano ambiental. 2 consequências podem advir: a) Reparação integral do dano Extinção da punibilidade b) Reparação parcial do dano O sursis pode ser prorrogado novamente pelo período máximo de 5 anos para que o agente repare integralmente o dano. Esgotado o prazo máximo de prorrogação (10 anos), a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o réu tomado as providências necessárias à reparação integral do dano, a ser analisado pelo magistrado, levando em conta o empenho pessoal do acusado para reparar esse dano ambiental. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 31 3 – Dos crimes ambientais Os crimes ambientais dividem-se em 5 grupos: a) Dos Crimes contra a fauna; b) Dos crimes contra a Flora; c) Da poluição e outros crimes ambientais; d) Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; e) Dos crimes contra a Administração Ambiental. Fauna. A fauna consiste no conjunto de animais, terrestres ou aquáticos, próprios de determinada região, que se dividem em: invertebrados, mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Os peixes estão incluídos na fauna aquática. Flora. A flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou período listadas por espécies e consideradas como um todo, incluídos os fungos, as bactérias do solo, os musgos, bromeliáceas, podendo ser encontrada nas matas, nos pântanos, no ambiente marinho, (flutuante ou fixa no fundo das águas). Poluição. Poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, provocada por agentes de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população que é atingida pelos efeitos da poluição. Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural. Consiste no patrimônio histórico, cultural, artístico, arqueológico e paisagístico. Administração Ambiental. A Administração Ambiental é a Administração Pública com destinação específica de proteger o meio ambiente.6 6 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 163. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 32 DOS CRIMES CONTRA A FAUNA OBS 1: Os crimes contra a fauna descritos na Lei nº 9605/98 revogaram os crimes previstos na Lei 5197/67 (Código de Caça, também conhecido como Lei de Proteção à Fauna). OBS 2: Os crimes descritos nos arts. 29/33 e 37 versam sobre a caça em geral, ao passo que os crimes dos arts. 34, 35 e 36 são específicos aos atos de pesca. CAÇA (art. 29 da Lei nº 9605/98) Art. 29 da Lei 9605/98: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. (...) § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Objetividade Jurídica: A preservação da fauna e o equilíbrio ecológico. Sujeito ativo: É um crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 33 Elementos objetivos do tipo: Matar significa abater (tirar a vida). Perseguir ir ao encalço (correr atrás). Caçar é procurar o animal para abatê-lo. Apanhar é capturar, pegar. Utilizar é usar alguma espécie de fauna (Exemplos: comércio de animais, escambo, troca de um animal) Questão: O que é fauna silvestre (próprio das selvas)? São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras (art. 29, §3º, da Lei 9605/98 – exemplo de norma penal explicativa). Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. Também é um exemplo de norma penal em branco, porquanto o preceito primário da norma penal necessita de complementação para saber se há permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Assim, existindo autorização da autoridade ou comportando-se o agente dentro dos limites autorizados, o fato será atípico. Elemento subjetivo do tipo: Dolo, ou seja, vontade livre e consciente de realizar qualquer das condutas descritas no tipo penal. Não há previsão da modalidade culposa. Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa. Logo, admite a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9099/95). Esse crime admite perdão judicial. Para tanto, são necessários dois requisitos: a) Guarda doméstica do animal silvestre, ou seja, o animal em questão Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 34 deve ser mantido no interior; b) Espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção. Figuras equiparadas (art. 29, §1º, da Lei nº 9605/98): I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III – Quem vende, expõe a venda, exporta, ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Causas de aumento de pena (art. 29, §4º, da Lei nº 9605/98): A pena é aumentada de ½ (metade): a) contra espécie rara ou consideradaameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração. b) em período proibido à caça. Esse período é determinado pela autoridade ambiental competente; c) durante a noite; d) com abuso de licença; e) em unidade de conservação. Nessa situação não se aplica a agravante do art. 15, II, e, da Lei 9605/98, sob pena de incorrer no indevido bis in idem; Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 35 f) com emprego de métodos ou instrumentos capazes de destruição em massa. A pena é aumentada até o triplo se o crime decorre do exercício de caça profissional (art. 29, §5º, da Lei 9605/98). As disposições do art. 29 não se aplicam aos atos de pesca7. É uma hipótese de causa de exclusão da tipicidade formal. Competência: Em regra, a competência será da Justiça Estadual, salvo se presente alguma situação do art. 109 da Constituição Federal, com a consequente competência da Justiça Federal. Exemplo: Se o crime ocorrer a bordo de navio ou aeronaves (art. 109, IX, da Constituição Federal). EXPORTAÇÃO IRREGULAR DE PELES e COUROS (art. 30 da Lei nº 9605/98) Art. 30 da Lei nº 9605/98: Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. OBS 1: Esse delito da conduta específica de exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto. Animais vivos e produtos e objetos industrializados são tratados no art. 29, III, da Lei nº 9605/98. Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por qualquer pessoa. 7 Art. 36 da Lei 9605/98: Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e flora. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 36 Elemento objetivo: Exportar significa encaminhar para o exterior. Se a exportação for devidamente autorizada pela autoridade competente, o fato será atípico. OBS 2: Em conformidade com o art. 158 do CPP é fundamental a realização de perícia no produto exportado para aferir se é ou não peles e couros de anfíbios e répteis em bruto. Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Admite o sursis processual. Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal). INTRODUÇÃO IRREGULAR DE ESPÉCIME ANIMAL NO PAÍS (art. 31 da Lei nº 9605/98) Art. 31 da Lei nº 9605/98. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por qualquer pessoa. Elemento objetivo: Introduzir significa ingressar com a espécime animal no território nacional. Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos despenalizadores da transação penal e do sursis processual. Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal). MAUS TRATOS (art. 32 da Lei nº 9605/98) Art. 32 da Lei nº 9605/98. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 37 § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. OBS: Esse dispositivo legal revogou o art. 64 da Lei de Contravenções Penais (crueldade contra animais). Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por qualquer pessoa. Elemento objetivo: Praticar ato de abuso significa extrapolar os limites do animal (ex: submeter o animal a trabalho excessivo). Ferir é lesionar o animal. Mutilar é arrancar parte do corpo do animal. Animal silvestre é aquele pertencente às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Animal doméstico é aquele que convive de forma harmoniosa com o homem. Exemplos: Cães e gatos. Animal domesticados são aqueles que foram retirados do ambiente silvestre, porém o convívio com o ser humano os deixou domesticados. Exemplos: araras e papagaios. Animais nativos são os oriundos do meio silvestre nacional. Ex: Logo guará. Animais exóticos são aqueles que são encontrados em local distinto do qual são originários. Ex: canguru. Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio da alternatividade, incorrerá num único delito. Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos despenalizadores da transação penal e do sursis processual. Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca Aula 09 Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2 www.estrategiaconcursos.com.br 1451285 55314334925 - marcos santos Aula 38 Figura equiparada. O art. 32, §1º, da Lei 9605/98 versa sobre condutas de vivisseção, ou seja, realizar experiência dolorosa e cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. Causa de aumento. A morte do animal acarreta no aumento da pena de 1/6 até 1/3. PERECIMENTO DE ESPÉCIMES DA FAUNA AQUÁTICA (art. 33 da Lei nº 9605/98) Art. 33 da Lei nº 9605/98. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente; III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. Elemento objetivo: Expelir efluentes significa expelir fluidos ou gases (descarga líquida). Carrear materiais é conduzir resíduos sólidos. Com uma dessas condutas o agente é responsável pela morte de espécime da fauna aquática. Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais
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