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CRIMES AMBIENTAIS

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Livro Eletrônico
Aula 09
Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
55314334925 - marcos santos
 
Aula 
 
 
 
2 
 
AULA 
CRIMES AMBIENTAIS 
 
Sumário 
 
1 – Considerações iniciais................................................................................................................2 
2 - Da aplicação da pena................................................................................................................15 
3 - Dos crimes ambientais..............................................................................................................31 
4 - Lista de Questões sem comentários............................................................................................85 
5 - Lista de Questões com comentários............................................................................................92 
6 - Resumo................................................................................................................................105 
7 - Gabarito...............................................................................................................................107 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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Aula 
 
 
 
3 
 
Crimes ambientais 
1 – Considerações iniciais 
 
 O Poder Constituinte Originário fez questão de ressalvar a sua preocupação 
com meio ambiente no art. 225 da Constituição Federal e impor mecanismos de 
proteção nas esferas penal e extrapenal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os 
processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a 
diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e 
manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente 
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental 
em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função 
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de 
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a 
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o 
que não poderão ser instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as 
práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do 
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio 
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais 
envolvidos. 
 
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 A lei 9605/1998 foi o diploma legal confeccionado para regulamentar 
a norma constitucional, contendo regras de índole civil, penal e administrativo. 
Nessa lei pode ser observada tanto infrações administrativas como crimes 
ambientais. 
 
 Estamos diante de uma lei que possui inúmeras regras que destoam da 
Parte Geral do Código Penal. De tal sorte, naquilo que não for tratado de modo 
diverso na Lei Ambiental aplica-se as regras do Código Penal, conforme o previsto 
no art. 12 do CP1. 
 
 O bem jurídico tutelado é o meio ambiente, que deve ser compreendido 
como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
(Lei n.6.938/81, art. 3º, I). De acordo com o art. 225, caput, da Constituição 
Federal, meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 OBS: A proteção ao meio ambiente também acarreta em limitação ao 
direito de propriedade, segundo aponta o art. 1228, §1º, do Código Civil: “O 
direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar 
e das águas.” 
 
 Em regra, a competência para processar e julgar os delitos ambientais é 
da Justiça Estadual em razão de sua competência residual. Vale dizer, a 
competência apenas será da Justiça Federal quando presente uma das hipóteses 
taxativas delineadas no art. 109 da Constituição Federal. Exemplos: crime 
ambiental cometido no interior de uma unidade de conservação mantida pela 
União Federal (art. 109, IV, da Constituição Federal2), delito ambiental cometido 
 
1 Art. 12 do CP: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial 
se esta não dispuser de modo diverso. 
2 Art. 109, da CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. 
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em águas da União Federal ou em terras tradicionalmente ocupadas por 
indígenas, etc. Vejamos um julgado esclarecedor do Supremo Tribunal Federal 
sobre esse assunto: 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃOGERAL 
RECONHECIDA. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL 
PENAL. CRIME AMBIENTAL TRANSNACIONAL. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INTERESSE DA 
UNIÃO RECONHECIDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 
1. As florestas, a fauna e a flora restam protegidas, no ordenamento jurídico inaugurado pela 
Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios (art. 23, VII, da Constituição da República). 
2. Deveras, a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações” (CF/88, art. 225, caput), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, 
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a 
extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/88, art. 225, § 1º, VII). 
3. A competência de Justiça Estadual é residual, em confronto com a Justiça Federal, à luz da 
Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
4. A competência da Justiça Federal aplica-se aos crimes ambientais que também se enquadrem 
nas hipóteses previstas na Constituição, a saber: (a) a conduta atentar contra bens, serviços ou 
interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; (b) os delitos, 
previstos tanto no direito interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem iniciada 
a execução no país, mas o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro - ou na hipótese 
inversa; (c) tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; (d) houver grave violação 
de direitos humanos; ou ainda (e) guardarem conexão ou continência com outro crime de 
competência federal; ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, conforme 
previsão expressa da Constituição. 
5. As violações ambientais mais graves recentemente testemunhadas no plano internacional e no 
Brasil, repercutem de modo devastador na esfera dos direitos humanos e fundamentais de 
comunidades inteiras. E as graves infrações ambientais podem constituir, a um só tempo, graves 
violações de direitos humanos, máxime se considerarmos que o núcleo material elementar da 
dignidade humana “é composto do mínimo existencial, locução que identifica o conjunto de bens 
e utilidades básicas para a subsistência física e indispensável ao desfrute da própria liberdade. 
Aquém daquele patamar, ainda quando haja sobrevivência, não há dignidade”. 
6. A Ecologia, em suas várias vertentes, reconhece como diretriz principal a urgência no 
enfrentamento de problemas ambientais reais, que já logram pôr em perigo a própria vida na 
Terra, no paradigma da sociedade de risco. É que a crise ambiental traduz especial dramaticidade 
nos problemas que suscita, porquanto ameaçam a viabilidade do ‘continuum das espécies’. Já, a 
interdependência das matrizes que unem as diferentes formas de vida, aliada à constatação de 
que a alteração de apenas um dos fatores nelas presentes pode produzir consequências 
significativas em todo o conjunto, reclamam uma linha de coordenação de políticas, segundo a 
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lógica da responsabilidade compartilhada, expressa em regulação internacional centrada no 
multilateralismo. 
7. (a) Os compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro, perante a comunidade internacional, 
de proteção da fauna silvestre, de animais em extinção, de espécimes raras e da biodiversidade, 
revelaram a existência de interesse direto da União no caso de condutas que, a par de produzirem 
violação a estes bens jurídicos, ostentam a característica da transnacionalidade. (b) Deveras, o 
Estado Brasileiro é signatário de Convenções e acordos internacionais como a Convenção para a 
Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América (ratificada pelo 
Decreto Legislativo nº 3, de 1948, em vigor no Brasil desde 26 de novembro de 1965, promulgado 
pelo Decreto nº 58.054, de 23 de março de 1966); a Convenção de Washington sobre o Comércio 
Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES ratificada 
pelo Decreto-Lei nº 54/75 e promulgado pelo Decreto nº 76.623, de novembro de 1975) e a 
Convenção sobre Diversidade Biológica CDB (ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 
nº 2, de 8 de fevereiro de 1994), o que destaca o seu inequívoco interesse na proteção e 
conservação da biodiversidade e recursos biológicos nacionais. (c) A República Federativa do 
Brasil, ao firmar a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais 
dos Países da América, em vigor no Brasil desde 1965, assumiu, dentre outros compromissos, o 
de “tomar as medidas necessárias para a superintendência e regulamentação das importações, 
exportações e trânsito de espécies protegidas de flora e fauna, e de seus produtos, pelos 
seguintes meios: a) concessão de certificados que autorizem a exportação ou trânsito de espécies 
protegidas de flora e fauna ou de seus produtos”. (d) Outrossim, o Estado Brasileiro ratificou sua 
adesão ao Princípio da Precaução, ao assinar a Declaração do Rio, durante a Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO 92) e a Carta da Terra, no “Fórum 
Rio+5”; com fulcro neste princípio fundamental de direito internacional ambiental, os povos 
devem estabelecer mecanismos de combate preventivos às ações que ameaçam a utilização 
sustentável dos ecossistemas, biodiversidade e florestas, fenômeno jurídico que, a toda 
evidência, implica interesse direto da União quando a conduta revele repercussão no plano 
internacional. 
8. A ratio essendi das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz à 
conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental, voltado à exportação de animais 
silvestres, atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da segurança 
ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a Comunidade das Nações. 
9. (a) Atrai a competência da Justiça Federal a natureza transnacional do delito ambiental de 
exportação de animais silvestres, nos termos do art. 109, IV, da CF/88; (b) In casu, cuida-se de 
envio clandestino de animais silvestres ao exterior, a implicar interesse direto da União no 
controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na observância dos 
compromissos do Estado brasileiro perante a Comunidade Internacional, para a garantia conjunta 
de concretização do que estabelecido nos acordos internacionais de proteção do direito 
fundamental à segurança ambiental. 
10. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com a fixação da seguinte tese: “Compete à 
Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais 
silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por Tratados e Convenções 
internacionais” (RE 835558, Relator: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/02/2017) 
 
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 Por oportuno, vejamos alguns casos jurisprudenciais envolvendo o temário 
competência: 
Crime ambiental resultante de construção de moradias de programa 
habitacional popular em que a Caixa Econômica Federal figura como 
agente financiador da obra. Compete à Justiça estadual o julgamento de 
crime ambiental decorrente de construção de moradias de programa 
habitacional popular, nas hipóteses em que a Caixa EconômicaFederal atue, 
tão somente, na qualidade de agente financiador da obra. O fato de a CEF atuar 
como financiadora da obra não tem o condão de atrair, por si só, a competência 
da Justiça Federal. Isto porque para sua responsabilização não basta que a 
entidade figure como financeira. É necessário que ela tenha atuado na 
elaboração do projeto ou na fiscalização da segurança e da higidez da obra. 
STJ. 3ª Seção. CC 139.197-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
25/10/2017 (Info 615) 
Crime contra a fauna. Em regra, a competência será da Justiça Estadual. 
OBS: A Súmula 91 do STJ foi cancelada, que preconizava: "Compete à Justiça 
Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna”. 
Crime ambiental apurado a partir de auto de infração lavrado pelo 
IBAMA. A atribuição do IBAMA de fiscalizar a preservação do meio ambiente 
não atrai a competência da Justiça Federal para processamento e julgamento 
de ação penal referente a delitos ambientais (STJ, 3ª Seção, CC 97372, Rel. 
Min. Celso Limongi, Desembargador Convocado do TJ/SP, julgado em 
24/3/2010). 
Crime ocorrido em área de assentamento do INCRA. Embora a 
pulverização do agrotóxico tenha ocorrido em escola localizada em área 
de assentamento de responsabilidade do INCRA, autarquia federal, não há 
diretamente qualquer interesse, direito ou bem da União, de suas 
autarquias ou empresas públicas envolvidas, sendo, se existente, 
meramente reflexo o interesse do INCRA. Logo, a competência é da Justiça 
Estadual. (STJ. 3ª Seção. CC 139.810/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 26/08/2015). 
Crime ambiental praticado em rio interestadual. Vejamos um julgado do 
STJ: CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA 
ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL E AÇÃO PENAL EM TRÂMITE, 
CONCOMITANTEMENTE. DERRAMAMENTO DE 30 MIL LITROS DE ÓLEO NO RIO 
NEGRO - ART. 54 DA LEI 9.605/1998. PREJUÍZO CAPAZ DE AFETAR GRANDE 
EXTENSÃO DE RIO INTERESTADUAL, BEM DA UNIÃO (ART. 20, III, CF/88). 
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COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
1. A preservação do meio ambiente é matéria de competência comum da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, incisos 
VI e VII, da Constituição Federal. 
2. A competência do foro criminal federal não advém apenas do interesse 
genérico que tenha a União na preservação do meio ambiente. É necessário 
que a ofensa atinja interesse direto e específico da União, de suas entidades 
autárquicas ou de empresas públicas federais. 
3. Evidencia-se a competência da Justiça Federal para processar e julgar ação 
penal envolvendo crime ambiental praticado em rio interestadual (bem da 
União, nos termos do art. 20, III, CF), tanto mais quando a conduta investigada 
(derramamento de 30 mil litros de óleo no leito do rio) tem potencial para 
afetar a saúde de grande parte do trecho do rio. Precedentes. 
4. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 7ª Vara 
Ambiental e Agrária da Seção Judiciária do Estado do Amazonas, o suscitante. 
(CC 145.420/AM, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 10/08/2016, DJe 16/08/2016) 
Crime ambiental praticado em terreno de Marinha. Vejamos um julgado 
do STJ: CONSTITUCIONAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. CRIME AMBIENTAL. TRANCAMENTO. TERRENO DE MARINHA. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO DESPROVIDO. 
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da 
ação penal por meio do habeas corpus é medida excepcional, que somente 
deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da 
conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de 
indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não se 
infere não hipótese dos autos. 
2. Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a União 
tem interesse direto e específico na causa que envolva crime ambiental 
praticado em terreno de marinha, atraindo a competência da Justiça Federal. 
Precedentes. 
3. Narra a exordial acusatória que o recorrente teria construído uma residência 
de alvenaria e diversas outras estruturas em terreno de marinha. Ainda, 
mesmo que não haja demarcação oficial, havendo elementos probatórios 
indicativos da prática de crime ambiental em bem da União (art. 20, VI, da 
Constituição Federal), não se pode afastar, ab initio, a competência da Justiça 
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Federal para julgamento do processo-crime (art. 109, IV, da Constituição 
Federal). 
4. Recurso desprovido. 
(RHC 50.692/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 
05/04/2016, DJe 15/04/2016) 
Animais silvestres, em extinção, exóticos ou protegidos por 
compromissos internacionais. Compete à Justiça Federal processar e julgar 
o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, 
ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos 
internacionais assumidos pelo Brasil. (STF. Plenário. RE 835558-SP, Rel. Min. 
Luiz Fux, julgado em 09/02/2017 -repercussão geral). 
 
 Questão: É cabível o princípio da insignificância aos crimes ambientais? 
 
 É admissível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes 
ambientais, a depender do caso concreto. Contudo, aos delitos praticados contra 
a Administração Ambiental (arts. 66/69-A da Lei 9605/98) não há que se falar na 
adoção do princípio da insignificância, pois o bem jurídico protegido é a 
moralidade administrativa, mesmo raciocínio existente aos crimes contra a 
Administração Pública no Código Penal. 
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. 
ATIPICIDADE MATERIAL. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 
I - Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a 
aplicação do denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, 
quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado (AgRg no 
Resp n. 1558312/ES, de minha lavra, Quinta Turma, julgado em 02/02/2016). 
II - In casu, contudo, é significativo o desvalor da conduta, a impossibilitar o 
reconhecimento da atipicidade material da ação ou sua irrelevância penal, tendo 
em vista ter o recorrente "com vontade livre e consciente, extraído areia do leito 
do Rio Peixe, em Afonso Cláudio/ES, ilegalmente, com utilização de draga com 
motor, sem qualquer autorização do órgão competente" (fl. 218), a demonstrar 
a relevância do dano causado ao meio ambiente pela prática delitiva. 
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III - Esta Corte Superior já decidiu que "deve-se aferir com cautela o grau de 
reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade 
da conduta, haja vista a fundamentalidade do direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e futura gerações (princípio da 
equidade intergeracional)" (AgRg no REsp n. 1.558.576/PR, Sexta Turma, Rel. 
Min. Sebastião Reis Júnior, DJe de 17/3/2016).Agravo regimental não provido. 
(STJ, AgRg no AREsp 1051541/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 28/11/2017, DJe 04/12/2017) 
 
PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELO CRIME PREVISTO 
NO ART. 34 DA LEI 9.605/1998 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS). 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 
REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. REITERAÇÃO DELITIVA.ORDEM DENEGADA. 
I - Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, a aplicação do princípio da 
insignificância, de modo a tornar a ação atípica exige a satisfação de certos 
requisitos, de forma concomitante: a conduta minimamente ofensiva, a ausência 
de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento e a lesão jurídica inexpressiva. 
II – A quantidade de peixes apreendida em poder do paciente no momento em 
que foi detido, fruto da pesca realizada em local proibido e por meio da utilização 
de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos, como no caso dos 
autos, lesou o meio ambiente, colocando em risco o direito constitucional ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, o que impede o reconhecimento da 
atipicidade da conduta. 
III - Ademais, os autos dão conta da existência de registros criminais pretéritos, 
bem como de relatos de que o paciente foi surpreendido por diversas vezes 
pescando ou tentando pescar em área proibida, a demonstrar a reiteração delitiva 
do paciente. 
IV - Os fatos narrados demonstram a necessidade da tutela penal em função da 
maior reprovabilidade da conduta do agente. Impossibilidade da aplicação do 
princípio da insignificância. Precedentes. 
V – Ordem denegada. (STF, HC 135404, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, 
Segunda Turma, julgado em 07/02/2017) 
 
 
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SUJEITO ATIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 A primeira parte do dispositivo legal em comento é desnecessária, pois 
repete o comando já previsto no art. 29 do Código Penal. Por sua vez, a segunda 
parte do art. 2º da Lei nº 9605/98 não cria uma hipótese de responsabilidade 
penal objetiva, mas somente visa atribuir a responsabilidade penal por omissão, 
na forma do art. 13, §2º, do Código Penal. É interessante destacar que nos crimes 
societários (crimes cometidos no âmbito de pessoa jurídica) a mera posição 
ocupada pelo agente é insuficiente para a configuração de sua responsabilidade 
penal, sendo indispensável a demonstração de sua participação no caso concreto. 
Em resumo, o art. 2º da Lei 9605/98 a Lei Ambiental prevê a corresponsabilidade 
entre as diversas pessoas que tenham participado da empreitada criminosa, 
sejam executores ou mandantes, o que inclui a pessoa física do diretor, 
administrador ou membro da sociedade com poderes decisórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esse assunto é extremamente importante. Em razão disso, a tendência de 
cair em prova é enorme!!!! 
 
 Com fundamento no art. 225, § 3º, da Constituição Federal e no art. 3º da 
Lei nº 9.605/98, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no 
sentido de que as pessoas jurídicas podem cometer crimes ambientais. 
 
Art. 2º da Lei 9605/98: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos 
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão 
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, 
sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando 
podia agir para evitá-la. 
Art. 3º da Lei 9605/98: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas 
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos 
em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua 
entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das 
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. 
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 O Superior Tribunal de Justiça tinha a posição de que era necessária a dupla 
imputação, ou seja, para a ocorrência da prática delitiva era indispensável a 
imputação simultânea à pessoa jurídica e à pessoa física que atua em seu nome 
e em seu benefício. Vale, dizer a denúncia deveria contemplar a pessoa física e a 
pessoa jurídica. 
 
 Contudo, o Superior Tribunal de Justiça alterou o seu posicionamento para 
alinhar-se ao entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal no 
sentido de que não é necessária a dupla imputação ou coautoria 
necessária (obrigatória responsabilização simultânea das pessoas físicas e das 
pessoas jurídicas), porquanto a Constituição Federal em seu artigo 225, §3º não 
faz essa exigência. Vejamos os julgados dos Tribunais Superiores: 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO 
PENAL. CRIME AMBIENTAL. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA 
JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO 
PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA PESSOA 
FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA. 
1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização 
penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da 
pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional 
não impõe a necessária dupla imputação. 
2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela 
descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo 
inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma 
pessoa concreta. 
3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta Política a uma concreta 
imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma 
constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de 
ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos 
crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos 
responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem 
jurídico ambiental. 
4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da 
produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como 
forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no 
exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar 
se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal 
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esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa 
jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa 
jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. 
Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão 
diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de 
responsabilidade penal individual. 
5. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido. 
(STF, RE 548181, Relator: Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 
06/08/2013) 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR CRIME 
AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE 
À PESSOA FÍSICA E À PESSOA JURÍDICA. 
1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição 
Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes 
ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável 
no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla 
imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado 
em 6/8/2013, acórdão eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public. 
30/10/2014).2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por 
delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da 
pessoa física que agia em seu nome. Precedentes desta Corte. 
3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício 
para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis 
pela sua condução. 
4. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(STJ, RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 
TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) 
 
 Como se vê, pessoa física e pessoa jurídica apresentam 
responsabilidades penais diversas e devem ser apuradas de forma 
isolada e autônoma. Ainda que analisadas num mesmo processo, é possível 
que reste demonstrada a responsabilidade penal da pessoa física, mas não a da 
pessoa jurídica, e vice-versa. Em outras palavras, a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica não representa, por si só, a de seus sócios, sob pena de ser 
esvaziada a premissa da intranscendência da pena. 
 
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 Quais são os requisitos para o reconhecimento da responsabilidade 
penal da pessoa jurídica: a) por decisão de seu representante legal ou 
contratual; b) no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. De tal 
sorte, não há que se falar em responsabilidade da pessoa jurídica se o ato foi 
praticado por iniciativa isolada de um empregado ou para proveito pessoal do 
dirigente 
 
 
 
 
 
 
 Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade 
do meio ambiente; a pessoa jurídica constituída ou utilizada, 
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime 
definido na Lei 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio 
será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo 
Penitenciário Nacional. 
 
 Observa-se que o dispositivo legal acima não versa sobre matéria de Direito 
Penal, mas sim cuida-se de um instituto de direito civil, pois o ressarcimento de 
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente é de natureza civil, já que a 
responsabilidade na seara penal é sempre pessoal, não podendo ser transferido 
a qualquer pessoa (jurídica ou física), em virtude do primado da intranscendência 
da pena (art. 5º, XLV, da Constituição Federal3). 
 
 
 
 
 
 
 
3 Art. 5º, XLV, da CF: nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido. 
Art. 4º da Lei 9605/98: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados 
à qualidade do meio ambiente. 
 
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2 – Aplicação da Pena 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ao lado das circunstâncias judiciais genéricas descritas no art. 59 do Código 
Penal, a lei 9605/98 acrescenta ainda 3 circunstâncias específicas ligadas ao 
Direito ambiental para serem analisadas no momento da 1ª fase do cálculo 
trifásico da pena. São elas: 
 
1) A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas 
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; 
2) Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação 
de interesse ambiental; 
3) A situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
 OBS: Essas 3 circunstâncias judiciais específicas também incidem no 
momento da aplicação da pena para a pessoa jurídica, desde que compatíveis 
com as penas a ela aplicadas (art. 21 da Lei 9605/98) 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 6º da Lei nº 9605/98: Para imposição e graduação da penalidade, a 
autoridade competente observará: 
I – a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas 
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; 
II – os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de 
interesse ambiental; 
III – a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
 
Art. 7º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são autônomas 
e substituem as privativas de liberdade quando: 
I – tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade 
inferior a quatro anos; 
II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que 
a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do 
crime; 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo 
terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. 
 
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 A pena restritiva de direitos é uma espécie de sanção penal imposta em 
substituição à pena privativa de liberdade, consistente na diminuição ou 
supressão de um ou mais direitos do condenado. 
 
 
 Reparem que essas penas restritivas de 
direitos da Lei dos Crimes Ambientais, assim como 
ocorre no Código Penal, não são cominadas 
abstratamente na norma penal incriminadora. 
Elas são autônomas (não podem ser cumuladas com as penas privativas de 
liberdade) e substitutivas (primeiro o juiz aplica a pena privativa de liberdade 
e, depois, na própria sentença, a substitui pela pena restritiva de direito). De 
acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei 9605/98, essa pena restritiva de 
direito terá a mesma duração da pena privativa de liberdade. 
 
 
 Observem ainda que o art. 7º da Lei 9605/98 trata de requisitos diversos 
do Código Penal para a concessão de pena restritivas de direitos. Assim, em prol 
do princípio da especialidade, prevalece os pressupostos da Lei dos Crimes 
Ambientais em relação ao Código Penal para a concessão da referida espécie de 
pena. 
 
 
 E quais são os requisitos cumulativos para a fixação de penas restritivas 
de direitos? 
 
 
Requisito objetivo: Crime culposo ou pena privativa de liberdade aplicada 
inferior a 4 anos. 
Requisito subjetivo: A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do 
crime. 
 
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 As espécies de penas restritivas de direito estão descritas no art. 8º 
da Lei nº 9605/98: 
 
 
 
 
 
 
 
 Chamo atenção de vocês para alertar que o Estado-Juiz somente pode 
aplicar essas penas restritivas de direitos em decorrência lógica do princípio da 
reserva legal. São penas destinadas apenas às pessoas físicas. As penas 
aplicáveis às pessoas jurídicas foram contempladas nos artigos 21 e 22 da Lei nº 
9605/98. 
 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE 
 
 A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao 
condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de 
conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na 
restauração desta, se possível (art. 9º da Lei nº 9605/98). 
 
 Cuida-se de pena autônoma, bem similar à existente no Código Penal, com 
o diferencial apenas no tocante ao local onde as tarefasserão cumpridas (jardins 
públicos, parques e unidades de conservação). Essa atividade de defesa do meio 
ambiente visa conscientizar o apenado da importância da preservação do meio 
ambiente. 
 
 Além da prestação de serviços à comunidade, a lei ainda previu que o 
agente deve realizar a restauração de coisa particular, pública ou tombada, 
se possível. 
 
Art. 8º da Lei nº 9605/98: As penas restritivas de direitos são: 
I – prestação de serviços à comunidade; 
II – interdição temporária de direitos; 
III – suspensão parcial ou total de atividades; 
IV – prestação pecuniária; 
V – recolhimento domiciliar. 
 
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PENAS DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS 
 
 As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o 
condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou 
quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de 
5 anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (art. 
10 da Lei nº 9605/98). 
 
 Como se vê, as penas de interdição temporária de direito são de 3 tipos: 
 
a) Contratar com o Poder Público. OBS: Eventuais contratos com o Poder 
Público antes da sentença penal condenatória não são alcençados com essa 
pena. 
b) Receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios; 
c) Participar de licitações. 
 
Essa pena tem caráter transitório. Se o crime for 
doloso, o prazo será de 5 anos. De outro lado, se 
o delito for culposo, o prazo será de 3 anos. 
 
 
SUSPENSÃO DE ATIVIDADES 
 
 A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às prescrições legais (art. 11 da Lei nº 9605/98). Cuida-se de uma 
pena em que suspendem total ou parcialmente as atividades desempenhadas 
pela pessoa física em razão dela não estar cumprindo as regras legais. 
 
 O termo atividade deve ser compreendido como qualquer tipo de trabalho 
(remuneratório ou não). 
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PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA 
 
 A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou 
à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, 
não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários 
mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação 
civil a que for condenado o infrator (art. 12 da Lei nº 9605/98) 
 
 
RECOLHIMENTO DOMICILIAR 
 
 O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar 
curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e 
horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia 
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (art. 13 da Lei 
9605/98). 
 
 
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES ESPECÍFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 14 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que atenuam a pena: 
I – baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II – arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do 
dano, ou limitação significativa da degradação ambiental; 
III – comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental; 
IV – colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. 
V – recolhimento domiciliar. 
 
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 Além das circunstâncias atenuantes descritas no Código Penal, o juiz 
também considerar essas circunstâncias atenuantes específicas 
delineadas na Lei nº 9605/98 na segunda etapa do cálculo trifásico da 
pena. 
 
 As circunstâncias atenuantes específicas são as seguintes: 
 
1) baixo grau de instrução ou escolaridade do agente. Repare que essa 
situação não exclui o crime, mas apenas reduz a pena. 
2) arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea 
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental. 
Essa atenuante exige o cumprimento de duas condicionantes: a) reparação 
espontânea do dano; b) limitação significativa da degradação ambiental. 
3) Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental. Essa atenuante vista justamente alertar e obstar um dano maior 
ao meio ambiente. Repare que basta a prévia informação, não exigindo a lei 
que o agente consiga impedir a degradação ambiental. 
4) Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do 
controle ambiental. Para fazer jus a essa atenuante, o legislador exigiu uma 
conduta positiva do agente, qual seja, colaborar com os agentes encarregados 
da vigilância e do controle ambiental, de forma a minimizar as consequências 
ambientais da sua conduta delituosa. Observem que aqui também o legislador 
não exige que o dano ambiental seja impedido ou suas consequências 
ambientais minoradas, bastando o comportamento ativo do agente em 
colaborar com os agentes estatais. 
 
 
 Por sua vez, o art. 15 da Lei nº 9.605/98 cuida das circunstâncias 
agravantes específicas. 
 
 
 
 
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Art. 15 da Lei nº 9605/98: São circunstâncias que agravam a pena, quando 
não constituem ou qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio 
ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas 
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades 
competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
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É possível a aplicação conjunta das 
circunstâncias agravantes do Código Penal com as 
da Lei nº 9605/95. Somente restará caracterizado bis in idem se existir 
identidade entre as agravantes. 
Atenção especial merece o inciso I do art. 15 da Lei nº 9605/98 
(reincidência nos crimes de natureza ambiental). À luz do princípio da 
especialidade, somente essa reincidência em crimes ambientais tem o condão de 
fazer incidir a circunstância agravante. Caso esteja configurada a reincidência 
prevista no Código Penal (art. 63), essa agravante não poderá incidir,incidindo 
apenas a prevista no Código Penal4. 
 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
 
 
 
 
 
 Nos crimes ambientais pode ser concedido sursis em condenação a pena 
privativa de liberdade até 3 anos. Essa regra destoa da norma geral imposta 
no Código Penal, prevalecendo-se, no ponto, a lei nº 9605/98 por ser uma lei 
especial. No tocante aos demais requisitos para a concessão do sursis devem ser 
observados os pressupostos elencados no art. 77 do Código Penal. 
 
 Em resumo, nos crimes ambientais, o sursis é aplicável na condenação 
a pena privativa de liberdade de até três anos (art. 16), ao passo que nos 
demais crimes o benefício só pode ser aplicado em condenações que não excedem 
a dois anos. 
 
 No caso do sursis especial, a verificação da reparação do dano será feita 
mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições judiciais a 
 
4 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 151. 
Art. 16 da Lei nº 9605/98: Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão 
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena 
privativa de liberdade não superior a três anos. 
 
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serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente 
(art. 17 da Lei nº 9605/98). 
 
 
MULTA 
 
 A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-
se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada 
até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida 
(art. 18 da Lei 9805/98). 
 
 Da mesma forma da prevista no Código Penal, a pena de multa emprega o 
sistema conhecido dias-multa. Vale dizer, em um primeiro momento, o 
magistrado pode fixar o número de dias-multa (que pode ser de 10 até 360 dias-
multa). Em um segundo momento, o juiz fixa o valor de cada dia-multa (que 
pode ser 1/30 do salário mínimo até 5 salários mínimos vigente no instante da 
conduta). 
 
 Pois bem. Caso o valor fixado se mostre insuficiente, o juiz pode elevar a 
pena de multa em até três vezes, porém, de forma diversa do Código Penal, o 
fator a ser considerado para tanto será o valor da vantagem econômica 
auferida, e não a situação financeira do acusado. 
 
 A multa também levará em conta também o montante do prejuízo 
ambiental causado, que será apurado por meio de uma perícia de constatação do 
dano ambiental (art. 19 da Lei nº 9605/98). 
 
 Essa perícia de constatação de dano ambiental também serve para a 
aferição do cálculo da fiança. 
 
 Questão: E se já existir uma perícia de constatação de dano ambiental 
encartada em inquérito civil ou no juízo cível? 
 
 Nesse caso é possível se valer desse laudo pericial como prova 
emprestada, desde que referentes às mesmas partes e com obediência dos 
princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 19, parágrafo único, da Lei nº 
9605/98). 
 
 
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 A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor 
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente (art. 20, caput, da Lei nº 
9605/98). 
 
 Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá 
efetuar-se pelo valor fixado na sentença condenatória, sem prejuízo da liquidação 
para apuração do dano efetivamente sofrido (art. 20, parágrafo único, da Lei nº 
9605/98). Vale dizer, a sentença penal condenatória vale como título executivo 
judicial e dará ensejo a execução no juízo cível, na forma do art. 515, VI, do 
Código de Processo Civil. Não sendo possível alcançar toda a extensão do dano 
ou das espécies de danos (material ou moral), será realizada a liquidação na 
esfera do Juízo Cível. 
 
 
PENAS APLICÁVEIS À PESSOA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Em razão do princípio da taxatividade, apenas a multa, as penas 
restritivas de direitos e a prestação de serviços à comunidade são 
previstas como penas para as pessoas jurídicas. O fator determinante para 
optar entre a alternatividade e a cumulação é o previsto no art. 3º da Lei 
9605/98. 
 
 São essas as penas: 
 
 
Multa – Essa sanção segue as regras previstas no art. 49 Código Penal 
Restritivas de direitos – Está prevista no art. 22 da Lei 9605/98 (será 
explicada a seguir) 
Prestação de serviços à comunidade – Embora essencialmente seja uma 
pena restritivas de direitos, pela lei 9605/98 foi prevista como uma sanção 
autônoma à pessoa jurídica. 
Art. 21 da Lei nº 9605/98: As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou 
alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, 
são: 
I – multa; 
II – restritivas de direitos; 
III – prestação de serviços à comunidade. 
 
 
 
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 Questão: Como se calcula o prazo prescricional para essas sanções do art. 
21 da Lei nº 9605/98? 
 
 O cálculo prescricional segue as regras do Código Penal (art. 109). 
Vejamos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal: 
 
 Agravo regimental em recurso extraordinário 
com agravo. 2. Direito Penal. 3. Prescrição. 
Alegação de aplicação às pessoas jurídicas do 
lapso previsto no inciso I do art. 114 do CP 
(prescrição da pena de multa). 4. Incidência das súmulas 282 e 356. 5. Ofensa 
indireta ao texto constitucional. 5. Súmula 279. 6. Não configurada a ocorrência 
de prescrição em relação ao crime imputado. 7. Nos crimes ambientais, às 
pessoas jurídicas aplicam-se as sanções penais isolada, cumulativa ou 
alternativamente, somente as penas de multa, restritivas de direitos e prestação 
de serviços à comunidade (art. 21 da Lei 9.605/98). No caso, os parâmetros de 
aferição de prazos prescricionais são disciplinados pelo Código Penal. Nos termos 
do art. 109, caput e parágrafo único, do Código Penal, antes de transitar em 
julgado a sentença final, aplica-se, às penas restritivas de direito, o mesmo prazo 
previsto para as privativas de liberdade, regulada pelo máximo da pena privativa 
de liberdade cominada ao crime. O crime do art. 54, § 1º, da Lei 9.605/98 – o 
qual estabelece pena de detenção de seis meses a um ano, e multa – prescreve 
em 4 anos (CP, art. 109, V). Não ocorrência do prazo de 4 anos entre a data dos 
fatos e o recebimento da denúncia. Prescrição não caracterizada. Não se afasta 
o lapso prescricional de 2 anos, se a pena cominada à pessoa jurídica for, 
isoladamente, de multa (inciso I, art. 114, do CP). 8. Ausência de argumentos 
capazes de infirmar a decisão agravada. 9. Agravo regimental a que se nega 
provimento. (ARE 944034 AgR, Relator: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, 
julgado em 30/09/2016) 
 
 
 E quais são as penas restritivas de direito aplicáveis às pessoas jurídicas? 
 
 De acordo com o art. 22 da Lei nº 9605/98, essas penas restritivas de 
direitos são: 
 
 
1) Suspensão total ou parcial de atividades. Essa suspensão será aplicada 
quando a pessoa jurídica não estiver obedecendo às disposições legais ou 
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regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. Essa pena restritiva 
de direitos terá a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada. 
2) Interdição temporáriade estabelecimento, obra ou atividade. Essa 
interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver 
funcionando sem a devida autorização (de modo clandestino), ou em desacordo 
com a concedida (com abuso de autoridade), ou com violação de disposição 
legal ou regulamentar (de maneira ilegal). Essa pena restritiva de direitos terá 
a mesma duração da pena privativa de liberdade aplicada. 
3) Proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, 
subvenções ou doações em prazo não superior a 10 anos. Eventuais 
contratos assinados e em andamento antes dessa pena transitada em julgado 
devem ser cumpridos. Essa pena restritiva de direitos terá a mesma duração 
da pena privativa de liberdade aplicada. 
 
 
 
 De acordo com o art. 23 da Lei 9605/98, a pena de prestação de 
serviços à comunidade, quanto às pessoas jurídicas, constituirá: 
 
a) Custeio de programa e de projetos ambientais; 
 
b) Execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
 
c) Manutenção de espaços públicos; 
 
d) Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 
 
 Vamos imaginar a seguinte situação: Uma empresa é constituída com a 
finalidade de facilitar a prática de crime ambiental. Qual será a consequência 
jurídica para essa pessoa jurídica? 
 
 
A pessoa jurídica constituída ou utilizada, 
preponderantemente, com o fim de permitir, 
facilitar ou ocultar a prática de crime definido na Lei 
nº 9605/98 terá decretada sua liquidação forçada, 
seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em 
favor do Fundo Penitenciário Nacional (art. 24 da Lei 9605/98). 
 
 
 
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DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA 
OU DE CRIME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Reparem que o CPP já determinava a apreensão de produtos e 
instrumentos do crime. Pois bem. A Lei nº 9605/98 apenas aperfeiçoou tal 
instrumento para melhor apurar os crimes da referida lei e assegurar melhor 
proteção ao meio ambiente. 
 
 Dessa forma, realizada a perícia, os animais devem ser devolvidos ao 
seu habitat natural. Apenas e tão somente na hipótese de ser inviável a sua 
restituição ao seu habitat natural ou não recomendável por questões sanitárias, 
os animais serão entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades 
assemelhadas. Animais (1º lugar: habitat natural; 2º lugar: jardins zoológicos, 
fundações ou entidades assemelhadas). Até que os animais sejam entregues as 
referidas instituições, o órgão atuante zelará para que eles sejam mantidos em 
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu 
bem-estar físico. 
Art. 25 da Lei nº 9605/98: Verificada a infração, serão apreendidos seus 
produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 
§1º Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo 
tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues 
a jardim zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. 
§2º Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no §1º 
deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em 
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu 
bem-estar físico. 
§3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e 
doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins 
beneficentes. 
§4º Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou 
doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. 
§5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, 
garantida a sua descaracterização por meio de reciclagem. 
 
 
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 Por sua vez, as madeiras e os produtos perecíveis, haja vista a 
impossibilidade de retornar o status quo ante (restituição à natureza), serão 
avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e 
outras com fins beneficentes. 
 
 Já os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis deverão ser 
doados a instituições científicas, culturais ou educacionais a fim de incentivar as 
pesquisas científicas ou fomentar o conhecimento. Exemplo: Um animal 
empalhado pode ser entregue a uma Universidade para aprimorar o estudo sobre 
biologia. Contudo, caso esse produto ou subproduto da fauna não perecível não 
tenha qualquer utilidade (Exemplo: Peças de tabuleiro feito com casca de jacaré), 
a saída prevista em lei é a sua destruição. 
 
 Por fim, os instrumentos empregados na infração penal somente 
podem ser vendidos após a sua descaracterização, evitando, assim, serem 
usados para vindouros crimes ambientais. 
 
 
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
 
 Segundo artigo 26 da Lei nº 9605/98, a ação penal nos crimes ambientais 
é sempre pública e incondicionada. Vale dizer, a legitimidade para intentar a ação 
penal é do Ministério Público e independente de qualquer condicionante. 
 
 Chamo ainda a atenção de vocês para ressaltar que esse dispositivo legal 
era desnecessário, porquanto na ausência de qualquer previsão expressa em lei 
aplica-se a regra geral do art. 100 do Código Penal, ou seja, a ação penal é 
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
 
Art. 26 da Lei 9605/98: Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação 
penal é pública incondicionada. 
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INSTITUTOS DESPENALIZADORES 
 
 A lei nº 9605/98, em seus artigos 27 e 28, de maneira expressa prevê a 
aplicação da Lei dos Juizados Especiais Criminais no âmbito dos crimes 
ambientais. Como veremos, é possível a aplicação de institutos 
despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo) aos 
crimes ambientais. 
 
 TRANSAÇÃO PENAL 
 
 A transação penal nos crimes ambientais está condicionada à prévia 
composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade 
devidamente demonstrada nos autos (exemplo: impossibilidade financeira do 
autor dos fatos)5. Vale dizer, o legislador estabeleceu um novo pressuposto para 
a realização da transação penal nos crimes ambientais não descrito na Lei nº 
9099/95, qual seja, prévia composição do dano ambiental (condição de 
admissibilidade da transação penal). 
 
 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 
 
 Como já mencionamos, o instituto do sursis processual também tem 
aplicabilidade aos crimes ambientais. Todavia, a suspensão condicional do 
processo apenas acarretará a extinção da punibilidade depois da integral 
reparação do dano ambiental, constatada através de laudo próprio, salvo 
impossibilidade de reparação do dano devidamente comprovada nos autos (art. 
28, I, da Lei nº 9605/98. Observem que a reparação do dano é uma das condições 
a serem cumpridas durante o período de prova do sursis processual. 
 
 Questão: E se a reparação do dano for parcial? 
 
5 Art. 27 da Lei nº 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de 
aplicação imediata de pena restritivas de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9099, 
de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia 
composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvoem caso de comprovada 
impossibilidade. 
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 Constatada a reparação parcial por laudo, o prazo do período de prova será 
prorrogado até o máximo previsto no art. 89 da lei 9099/95 (4 anos), acrescido 
de mais 1 ano e suspenso o prazo prescricional, conforme determina o art. 28, 
II, da Lei 9605/98. Vale dizer, se a reparação for parcial, o período de prova 
pode ser prorrogado até o total de 5 anos e o prazo prescricional será 
suspenso nesse período. Somente o prazo é prorrogado, de forma a permitir 
que o agente repare o dano ambiental causado. Assim, nessa prorrogação de 
prazo, o agente não fica obrigado ao cumprimento das demais condições do sursis 
processual. 
 
 Encerrado o período da prorrogação, é realizado um segundo laudo de 
constatação de reparação do dano para verificar se houve, ou não, reparação 
integral do dano ambiental. 2 consequências podem advir: 
 
 a) Reparação integral do dano Extinção da punibilidade 
 
 b) Reparação parcial do dano O sursis pode ser prorrogado 
novamente pelo período máximo de 5 anos para que o agente repare 
integralmente o dano. 
 
 Esgotado o prazo máximo de prorrogação (10 anos), a declaração de 
extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove 
ter o réu tomado as providências necessárias à reparação integral do 
dano, a ser analisado pelo magistrado, levando em conta o empenho pessoal do 
acusado para reparar esse dano ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
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3 – Dos crimes ambientais 
 
 Os crimes ambientais dividem-se em 5 grupos: a) Dos Crimes contra a 
fauna; b) Dos crimes contra a Flora; c) Da poluição e outros crimes 
ambientais; d) Dos crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio 
cultural; e) Dos crimes contra a Administração Ambiental. 
 
 Fauna. A fauna consiste no conjunto de animais, terrestres ou aquáticos, 
próprios de determinada região, que se dividem em: invertebrados, mamíferos, 
aves, répteis e anfíbios. Os peixes estão incluídos na fauna aquática. 
 
 Flora. A flora é o conjunto de plantas de uma determinada região ou 
período listadas por espécies e consideradas como um todo, incluídos os fungos, 
as bactérias do solo, os musgos, bromeliáceas, podendo ser encontrada nas 
matas, nos pântanos, no ambiente marinho, (flutuante ou fixa no fundo das 
águas). 
 
 Poluição. Poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio 
ambiente, provocada por agentes de qualquer espécie, prejudicial à saúde, à 
segurança ou ao bem-estar da população que é atingida pelos efeitos da poluição. 
 
 Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural. Consiste no patrimônio 
histórico, cultural, artístico, arqueológico e paisagístico. 
 
 Administração Ambiental. A Administração Ambiental é a Administração 
Pública com destinação específica de proteger o meio ambiente.6 
 
 
 
 
 
 
6 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. 10ª ed. Salvador: JusPodvm, 2018, p. 163. 
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DOS CRIMES CONTRA A FAUNA 
 
 OBS 1: Os crimes contra a fauna descritos na Lei nº 9605/98 revogaram 
os crimes previstos na Lei 5197/67 (Código de Caça, também conhecido como 
Lei de Proteção à Fauna). 
 
 OBS 2: Os crimes descritos nos arts. 29/33 e 37 versam sobre a caça em 
geral, ao passo que os crimes dos arts. 34, 35 e 36 são específicos aos atos de 
pesca. 
 
 CAÇA (art. 29 da Lei nº 9605/98) 
 
 Art. 29 da Lei 9605/98: Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes 
da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, 
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. 
(...) 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada 
ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de 
aplicar a pena. 
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às 
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que 
tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do 
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. 
Objetividade Jurídica: A preservação da fauna e o equilíbrio ecológico. 
 
Sujeito ativo: É um crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer 
pessoa. 
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Elementos objetivos do tipo: Matar significa abater (tirar a vida). 
Perseguir ir ao encalço (correr atrás). Caçar é procurar o animal para abatê-lo. 
Apanhar é capturar, pegar. Utilizar é usar alguma espécie de fauna (Exemplos: 
comércio de animais, escambo, troca de um animal) 
Questão: O que é fauna silvestre (próprio das selvas)? 
São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies 
nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo 
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, 
ou águas jurisdicionais brasileiras (art. 29, §3º, da Lei 9605/98 – exemplo de 
norma penal explicativa). 
 
Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla 
ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta 
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio 
da alternatividade, incorrerá num único delito. 
 
Também é um exemplo de norma penal em branco, porquanto o preceito 
primário da norma penal necessita de complementação para saber se há 
permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Assim, existindo 
autorização da autoridade ou comportando-se o agente dentro dos limites 
autorizados, o fato será atípico. 
 
Elemento subjetivo do tipo: Dolo, ou seja, vontade livre e consciente de 
realizar qualquer das condutas descritas no tipo penal. Não há previsão da 
modalidade culposa. 
 Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa. Logo, admite a 
suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9099/95). 
 
Esse crime admite perdão judicial. Para tanto, são 
necessários dois requisitos: a) Guarda doméstica 
do animal silvestre, ou seja, o animal em questão 
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deve ser mantido no interior; b) Espécie silvestre não considerada ameaçada de 
extinção. 
 
 Figuras equiparadas (art. 29, §1º, da Lei nº 9605/98): 
 
I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em 
desacordo com a obtida; 
 
II – quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
 
III – Quem vende, expõe a venda, exporta, ou adquire, guarda, tem em cativeiro 
ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, 
nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, 
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença 
ou autorização da autoridade competente. 
 
 Causas de aumento de pena (art. 29, §4º, da Lei nº 9605/98): A 
pena é aumentada de ½ (metade): 
 
a) contra espécie rara ou consideradaameaçada de extinção, ainda que somente 
no local da infração. 
 
b) em período proibido à caça. Esse período é determinado pela autoridade 
ambiental competente; 
 
c) durante a noite; 
 
d) com abuso de licença; 
 
e) em unidade de conservação. Nessa situação não se aplica a agravante do art. 
15, II, e, da Lei 9605/98, sob pena de incorrer no indevido bis in idem; 
 
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f) com emprego de métodos ou instrumentos capazes de destruição em massa. 
 
 
 A pena é aumentada até o triplo se o crime decorre do exercício de caça 
profissional (art. 29, §5º, da Lei 9605/98). 
 
 As disposições do art. 29 não se aplicam aos atos de pesca7. É uma 
hipótese de causa de exclusão da tipicidade formal. 
 
 Competência: Em regra, a competência será da Justiça Estadual, salvo se 
presente alguma situação do art. 109 da Constituição Federal, com a consequente 
competência da Justiça Federal. Exemplo: Se o crime ocorrer a bordo de navio 
ou aeronaves (art. 109, IX, da Constituição Federal). 
 
 EXPORTAÇÃO IRREGULAR DE PELES e COUROS (art. 30 da Lei nº 
9605/98) 
 
Art. 30 da Lei nº 9605/98: Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios 
e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
OBS 1: Esse delito da conduta específica de exportar peles e couros de 
anfíbios e répteis em bruto. Animais vivos e produtos e objetos industrializados 
são tratados no art. 29, III, da Lei nº 9605/98. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
 
7 Art. 36 da Lei 9605/98: Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, 
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, 
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as 
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e flora. 
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Elemento objetivo: Exportar significa encaminhar para o exterior. Se a 
exportação for devidamente autorizada pela autoridade competente, o fato será 
atípico. 
OBS 2: Em conformidade com o art. 158 do CPP é fundamental a realização 
de perícia no produto exportado para aferir se é ou não peles e couros de anfíbios 
e répteis em bruto. 
Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. 
Pena: Reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Admite o sursis processual. 
Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da 
internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal). 
INTRODUÇÃO IRREGULAR DE ESPÉCIME ANIMAL NO PAÍS (art. 31 da Lei 
nº 9605/98) 
Art. 31 da Lei nº 9605/98. Introduzir espécime animal no País, sem parecer 
técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Elemento objetivo: Introduzir significa ingressar com a espécime animal 
no território nacional. 
Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. 
Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e do sursis processual. 
Competência: A ação será ajuizada na Justiça Federal em decorrência da 
internacionalidade do delito (art. 109, V, da Constituição Federal). 
MAUS TRATOS (art. 32 da Lei nº 9605/98) 
 Art. 32 da Lei nº 9605/98. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou 
mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
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Legislação Penal e Processual Especial p/ PC-PR (Delegado) - 2019.2
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 § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel 
em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem 
recursos alternativos. 
 § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do 
animal. 
 OBS: Esse dispositivo legal revogou o art. 64 da Lei de Contravenções 
Penais (crueldade contra animais). 
 Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, isto é, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Elemento objetivo: Praticar ato de abuso significa extrapolar os limites do 
animal (ex: submeter o animal a trabalho excessivo). Ferir é lesionar o animal. 
Mutilar é arrancar parte do corpo do animal. 
Animal silvestre é aquele pertencente às espécies nativas, migratórias e 
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo 
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas 
jurisdicionais brasileiras. Animal doméstico é aquele que convive de forma 
harmoniosa com o homem. Exemplos: Cães e gatos. Animal domesticados são 
aqueles que foram retirados do ambiente silvestre, porém o convívio com o ser 
humano os deixou domesticados. Exemplos: araras e papagaios. Animais nativos 
são os oriundos do meio silvestre nacional. Ex: Logo guará. Animais exóticos são 
aqueles que são encontrados em local distinto do qual são originários. Ex: 
canguru. 
Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla 
ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais de uma conduta 
descrita no tipo penal, no mesmo contexto fático, em homenagem ao princípio 
da alternatividade, incorrerá num único delito. 
Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. 
Pena: Detenção, de 3 meses a 1 ano. Compatível com os institutos 
despenalizadores da transação penal e do sursis processual. 
 
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 Figura equiparada. O art. 32, §1º, da Lei 9605/98 versa sobre condutas 
de vivisseção, ou seja, realizar experiência dolorosa e cruel em animal vivo, ainda 
que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 
 
 Causa de aumento. A morte do animal acarreta no aumento da pena de 
1/6 até 1/3. 
 
 PERECIMENTO DE ESPÉCIMES DA FAUNA AQUÁTICA (art. 33 da Lei nº 
9605/98) 
Art. 33 da Lei nº 9605/98. Provocar, pela emissão de efluentes ou 
carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática 
existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais 
brasileiras: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: 
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura 
de domínio público; 
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem 
licença, permissão ou autorização da autoridade competente; 
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza 
sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. 
Sujeito ativo: Cuida-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Elemento objetivo: Expelir efluentes significa expelir fluidos ou gases 
(descarga líquida). Carrear materiais é conduzir resíduos sólidos. Com uma 
dessas condutas o agente é responsável pela morte de espécime da fauna 
aquática. 
Estamos diante de um tipo penal misto alternativo (crimes de ação múltipla 
ou de conteúdo variado). Assim, se o agente praticar mais

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