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ANÁLISE ESPACIAL E GESTÃO DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO SEGURANÇA E LAZER

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1 
ANÁLISE ESPACIAL E GESTÃO DE EQUIPAMENTOS 
PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E LAZER 
 
RESUMO 
A partir da dissertação intitulada “Planejamento Urbano e Equipamentos Comunitários: o caso 
de Passo Fundo”, que tinha como objetivo central identificar os equipamentos comunitários de 
três bairros da cidade de Passo Fundo e verificar se os mesmos atendiam ou não às demandas 
municipais, chegou-se a justificativa deste trabalho. Em função dos dados levantados com a 
dissertação foi possível constatar, que quase todos os equipamentos comunitários implantados 
nos setores analisados, ocorreram sem planejamento adequado e sem a preocupação com o 
número de pessoas que iriam atender. A partir desta verificação, a dissertação apontou a 
necessidade de implantação de novos equipamentos nos bairros, e por ser a tecnologia de 
Sistemas de Informações Geográficas (SIG) uma ferramenta de auxílio ao planejamento urbano, 
buscou-se com este estudo, simular as melhores áreas para a implantação de novos 
equipamentos comunitários de educação, segurança e lazer em um dos três bairros da 
dissertação, selecionado em função da carência de equipamentos e das características físicas 
que o mesmo apresenta. 
Palavras-chaves: Sistemas de Informações Geográficas (SIG), Equipamentos Comunitários, 
Infra-Estrutura Urbana, Equilíbrio social da população. 
 
ABSTRACT 
From the dissertation entitled “Urban Planning and Communitarian Equipments: the case of 
Passo Fundo”, that it had as objective central office to identify the community equipments of 
three neighborhoods of the city of Passo Fundo and verify if the same ones meet or not to the 
municipal demands, came the justification of this work. In function of the data raised with the 
dissertation it was possible to evidence, that almost all implanted community equipments in the 
analyzed sectors, occurred without adequate planning and without worrying about the number of 
people that would attend. From this verification, the dissertation pointed the necessity of 
equipment implantation new in the quarters, and for being the technology of Geographical 
Information Systems (GIS) a tool of aid to the urban planning, searched with this study, simulate 
the best areas for the implantation of community equipments new of education, security and 
leisure in one of the three neighborhoods of the dissertation, selected in function the lack of 
equipment and the physical characteristics that it presents. 
Palavras-chaves: Geographical Information Systems (GIS), Communitarian Equipments, 
Urban Infrastructure, Social balance of the population. 
 
 
 2 
1 INTRODUÇÃO 
 
A fim de devolver a cidade moderna à coletividade desapropriada ao longo 
do processo de formação das grandes aglomerações urbanas 
contemporâneas, Arantes (1995, p.97) cita que a partir de meados dos anos 
1960, arquitetos e urbanistas entregaram-se a uma verdadeira obsessão pelo 
‘lugar público’. Para eles, este era “o antídoto mais indicado para a patologia da 
cidade funcional” que ocorria após as primeiras separações do Movimento 
Moderno no pós-guerra. 
No século XXI, Guimarães (2004, p.173), coloca que cada vez mais se deve 
tentar preservar todos os grandes espaços disponíveis das cidades, pois “o 
espaço público deve ser a opção aos espaços confinados e socialmente 
estratificados dos clubes e condomínios”. Isto porque, as áreas comunitárias de 
uso comum do povo proporcionam qualidade de vida não só a população local, 
mas também aos moradores dos bairros vizinhos, sobretudo à comunidade 
carente, que têm suas necessidades básicas supridas através dos 
equipamentos comunitários localizados próximos as suas residências, além de 
praticar seu lazer nas áreas públicas da mesma, como as praças, parques, 
áreas verdes e espaços afins. 
Segundo Arfelli (2004): 
 
[...] enquanto que os equipamentos urbanos integram a infra-
estrutura básica à expansão da cidade, destinados portanto, a dar 
suporte ao seu crescimento e a proporcionar condições dignas de 
habitabilidade, os equipamentos comunitários são aqueles dos quais 
se valerá o Poder Público para servir a comunidade, que ocupará 
lotes criados pelo parcelamento urbano, nas áreas de educação, 
saúde, assistência social, esportes, cultura, lazer, etc. 
 
A idéia e a justificativa à realização do presente artigo vieram a partir da 
conclusão da dissertação intitulada “Planejamento Urbano e Equipamentos 
Comunitários: o caso de Passo Fundo”, Baseada na Lei Federal 6.766/791, a 
 
1 Lei Federal 6.766 de 19 de dezembro de 1979 (alterada pela Lei 9.785, e já em revisão pelo 
Projeto de Lei 3.057, de 2000), que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras 
providências, trata do assunto, disciplinando as atividades urbanísticas voltadas ao 
ordenamento territorial e à expansão da cidade, definindo e diferenciando equipamentos 
urbanos e equipamentos comunitários. Em seu quarto artigo, cita os equipamentos 
 
 3 
dissertação tinha como objetivo geral identificar os equipamentos comunitários 
em três bairros da cidade de Passo Fundo/RS e verificar se os mesmos 
atendiam ou não às demandas municipais de acordo com os critérios 
estabelecidos por essa lei. 
Em função dos dados levantados com a dissertação, Romanini constatou 
que a localização e dimensionamento de quase todos os equipamentos 
comunitários implantados nos setores analisados, ocorreram sem planejamento 
adequado e sem a preocupação com o número de pessoas que iriam atender. 
Observou ainda, que em relação às áreas mínimas edificadas, as distâncias 
permitidas de deslocamento e a conservação dos equipamentos, para a melhor 
utilização dos mesmos, também não foi respeitada. A partir desta verificação, a 
dissertação apontou a necessidade de implantação de novos equipamentos nos 
bairros. 
Todavia para a realização do artigo, fez-se um recorte, tomando apenas uma 
das três áreas estudadas: o Bairro Santa Marta, selecionado em função da 
carência de equipamentos e dos aspectos físicos que o mesmo apresenta. O 
objetivo da pesquisa, ao fazer tal recorte é, a partir das constatações de 
Romanini das carências deste local e utilizando o Sistema de Informações 
Geográficas2 (SIG), trabalhando com softwares apropriados, comprovar a 
necessidade de colocação de novos equipamentos comunitários, bem como 
simular onde seriam os melhores lugares para tal. 
A investigação dividiu-se em alguns capítulos: logo abaixo segue um 
apanhado teórico sobre os equipamentos comunitários, as explicações 
referentes à metodologia e levantamento histórico-geográfico do bairro Santa 
Marta, baseado em Romanini (2006). Por fim mostra-se como, através da 
utilização dos softwares Idrisi e Arcgis chegam-se à visualização e 
 
comunitários: Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: I – as 
áreas destinadas a sistema de circulação, a implantação de equipamentos urbanos e 
comunitários, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais á densidade de 
ocupação prevista para a gleba, ressalvando o disposto no § 1 deste artigo; § 2 – Consideram-
se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares. 
2 Os Sistemas de Informação Geográfica - SIG ou Geographic Information System - GIS, são 
ambientes computacionais automatizados usados para captura, armazenamento, análise e 
manipulação de dados geográficos georeferenciados (dados referenciados por coordenadas 
geográficas localizados na superfície terrestre em um sistema de representação cartográfica). 
 
 4 
comprovação das necessidades do bairro, sendo possível apontar soluções às 
necessidades e falhas estruturais deste. 
 
2 EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS 
 
Para Couto (1981), os equipamentos comunitários desempenham 
importantefunção para o equilíbrio social, político, cultural e psicológico de 
uma população, pois funcionam como fator de escape das tensões geradas 
pela vida contemporânea em comunidade. 
Campos Filho, (1999, p.111) cita ainda que, ao se referir aos equipamentos 
comunitários, automaticamente estará se referindo a população mais carente, 
pois: 
[...] quanto mais baixa a renda dos moradores, mais eles serão 
dependentes dos serviços da rede estadual subsidiados. Por isso, a 
grande maioria da população, com renda familiar da ordem de até 
dez salários mínimos mensais, preferirão as creches, escolas de 
primeiro grau, postos de saúde, praças de lazer e áreas verdes do 
Estado. Essa condição é crucial para a definição do tamanho do 
bairro de vizinhança. Isso porque a dimensão ótima desses 
equipamentos é uma condição de fundamental importância para a 
qualidade de prestação de serviços [...]. 
 
Para Ferrari (1977, p.301) “[...] a população ótima para a unidade de 
vizinhança deve ser tal que permita, no mínimo, a instalação de uma única 
escola primária e cujo tamanho não provoque sua desintegração, pela 
duplicação de equipamentos comunais”. Santos (1988) observa que os 
equipamentos públicos voltados para a vizinhança e os bairros devem ser 
distribuídos com a maior regularidade possível pelo espaço urbano. 
 Moretti (1997, p.129), no entanto, ao listar os equipamentos comunitários 
coloca que estes devem ser localizados em áreas específicas: 
 
[...] chamam-se de áreas institucionais aquelas destinadas à 
implantação de equipamentos urbanos e comunitários. As 
necessidades urbanas quanto às áreas institucionais constituem 
uma lista extensa: além das creches, pré-escolas, escolas de 1º. E 
2º. Graus e postos de saúde, têm-se hospitais, universidades, 
cemitérios, postos policiais e de correios, escritórios administrativos 
municipais, mercados, bibliotecas, teatros, centros culturais e 
comunitários, terminais rodoviários, asilos e locais para caixa 
d’água, estações de tratamento de água e esgoto, entre outros. 
 
 
 5 
Segundo Guimarães (2004, p.173), cada vez mais se deve tentar preservar 
os grandes espaços disponíveis das cidades, pois “o espaço público deve ser a 
opção aos espaços confinados e socialmente estratificados dos clubes e 
condomínios”. 
Logo, uma postura antecipativa deveria ser levada em conta na formulação 
de diretrizes urbanísticas tanto para o planejamento da cidade como um todo, 
quanto na abertura de novos loteamentos, de acordo com Guimarães (2004, 
p.134), “da área loteada das cidades serão destinados para uso público, no 
mínimo 35% (incluindo o sistema viário), dos quais 15% serão utilizados 
exclusivamente para equipamentos comunitários e áreas livres para uso 
público”. 
Moretti (1997, p.129), também trata especificamente sobre o assunto, 
citando que nos projetos de parcelamento do solo, os municípios devem 
estabelecer a exigência de doação de 5% do total da gleba como área 
institucional, independente da densidade populacional do empreendimento. 
 
2.1 EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO 
Junto aos estudos de arquitetura e urbanismo pesquisados sobre os 
equipamentos de educação, Campos Filho (2003, p.58) coloca que: 
 
[...] no caso da educação, os equipamentos principais são: a creche, 
a escola maternal, a pré-escola, o primeiro grau até a 4ª série (o 
antigo primário), da 5ª a 8ª série (o antigo ginásio) e o segundo grau. 
O ensino de nível superior tem outra lógica de localização, a qual 
pode ser muito mais distante da moradia que a dos equipamentos 
do primeiro e segundo graus. 
 
Em específico na educação brasileira, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 
1996, estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, citando em seu 
1º artigo, que “a educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas 
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e nas manifestações culturais”. 
 
 6 
No artigo 21º da mesma Lei, se estabelece que a educação escolar é 
composta pela: educação básica (I), formada pela educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio e pela educação superior (II). 
Moretti (1997, p.141) trata a questão do dimensionamento da seguinte 
maneira: “Quanto à localização das escolas, os técnicos da FDE, indicam uma 
localização preferencial que possibilite o acesso a pé em não mais que 15 min., 
correspondendo a um raio de atendimento de aproximadamente 800 m”. 
Para Guimarães (2004, p.238), o dimensionamento dos equipamentos de 
ensino é calculado em função da população em idade estudantil de 7 a 17 anos 
(aproximadamente de 25% a 36% da população brasileira) e com o índice de 
m² de construção por aluno: 
� Ensino Fundamental (1º Grau): 0,864 m² por população e um raio de 800 
m das unidades residenciais; 
� Ensino Médio (2º Grau): 0,182 m² por população e um raio de 1.600 m 
das residências. 
 
2.2 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA 
Em relação aos equipamentos de segurança, Santos (1988, p.159) é um 
dos únicos autores que trata diretamente deste assunto. Ele coloca que a 
implantação do posto policial deve: ser da alçada do Governo do Território; 
funcionar em prédio com delegacia e cadeia atuando em áreas que podem ir 
além da urbana, incluindo o meio rural; localizar-se em área periférica ao centro 
da cidade, afastada de residências, escolas, creches etc.; ocupar terreno com 
área mínima de 1.000 m²; prever pátio para estacionamento e manobra de 
viaturas policiais, além de estacionamento defronte ao prédio. 
Dados do IBGE (2001) citam que apenas 18,9% dos municípios brasileiros 
têm guarda municipal, conseqüentemente Ferrari (1977, p.305), entretanto, diz 
que o Posto Policial deve estar localizado na Unidade de Vizinhança ou no 
Bairro, ou seja, próximo mais ou menos 800 m das residências. 
 
2.3 EQUIPAMENTOS DE LAZER 
Finalmente, sobre os equipamentos de lazer, têm-se Santos (1988, p.158) o 
 
 7 
qual explica que as praças ou áreas verdes devem: 
 
[...] ser pequenas, servindo a grupos de vizinhança ou quarteirões 
(ver proposta de utilização do miolo dos quarteirões); ser ruas 
tratadas como “praças lineares”; ser praças de bairro ou centrais 
abrigando ou se interligando a atividades recreativas (escolas, 
campos de esporte. igrejas, mercados. quiosques malocões, bares e 
restaurantes, cinemas sorveterias etc; e ser faixas lineares 
arborizadas a partir das margens de rios, córregos, igarapés. 
 
O autor coloca ainda que devem ser previstos nas praças, estacionamentos 
para automóveis e bicicletas; ser previstas articulações sinalizadas com o 
sistema viário, e ser obedecido o seguinte dimensionamento: 4,5 m²/habitante. 
Em relação aos índices e conforme Cavalheiro & Del Picchia (1992) é 
importante comentar que está difundida e arraigada no Brasil a assertiva de 
que a ONU, ou a OMS, ou a FAO, considerariam ideal que cada cidade 
dispusesse de 12,00 m2 de área verde/habitante. 
Referindo-se ainda às praças, Ferrari (1977, p.612) cita que os jardins 
públicos das unidades residenciais e das unidades de vizinhança devem ter 
área de 1,00 m² por habitante, enquanto os jardins públicos de zonas (setoriais) 
devem ter área de 8,00 a 9,00 m² por habitante. Guimarães (2004, p.245), 
entretanto cita que a praça deve distar 800 m das unidades residenciais. 
 
3 METODOLOGIA 
 
O presente artigo desenvolve-se como parte integrante da disciplina de 
Geoprocessamento aplicado ao Planejamento Urbano e Ambiental. Segundo o 
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2004), o termo 
Geoprocessamento pode ser definido como um conjunto de tecnologias 
voltadas à coleta e tratamento de informações espaciais para um objetivo 
específico. As atividades de geoprocessamento são executadas por sistemas 
específicos, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG). “Geoprocessamento 
é um conceito abrangente que representa qualquer tipo de processamentode 
dados georeferenciados, enquanto um SIG processa dados gráficos e não-
gráficos com ênfase em análises espaciais e modelagens de superfícies” 
(JESUS, 2006, p.09). 
 
 8 
Durante a disciplina foram apresentados dois softwares: o Idrisi Kilimanjaro 
e Arcgis, programas que reúnem ferramentas nas áreas de processamento de 
imagens, sensoriamento remoto, SIGs, geoestatística, apoio a tomada de 
decisões e análise de imagens geográficas. 
Para esse trabalho foram utilizados mapas base em vetor e figura, criados 
em CAD (Computer Aided Design – Desenho assistido por computador), 
contendo informações sobre as características da malha urbana do bairro 
estudado. Optou-se por fazer este recorte, pela dificuldade de 
georeferenciamento de toda a área urbana e para facilitar a visualização do 
bairro. Não foi possível ainda utilizar imagens de satélite devido à sua baixa 
resolução, fato que impossibilitou a manipulação de dados nos softwares 
anteriormente citados. Todavia estas imagens são apresentadas aqui, como 
forma de complemento à metodologia. 
Para o correto desenvolvimento do método exposto, fez-se uma 
classificação dos equipamentos comunitários, segundo diversos autores, 
apresentada no capítulo anterior, que serve de parâmetro regulador aos 
procedimentos explorados nos softwares e abaixo se tem a caracterização da 
realidade do Bairro em estudo, que serve igualmente como elemento norteador 
e possibilitador de construção de um banco de dados sobre o Santa Marta. 
Os procedimentos de criação do banco de dados, de visualização dos 
mapas e de manipulação e simulação destes, para chegar aos resultados 
planejados no artigo, são apresentados no capítulo 05 de forma detalhada. 
 
4 BAIRRO SANTA MARTA 
 
A cidade de Passo Fundo conta atualmente com uma população de cerca 
de 185.000 hab. e uma densidade demográfica de 228,7 hab/Km² de acordo 
com dados da FEE (2005). Os dados de Passo Fundo revelam e retratam um 
incremento populacional na região e a expansão urbana do município. 
O Bairro Santa Marta localiza-se a região sudoeste da cidade de Passo 
Fundo (Figura 01), a aproximadamente 3,00 Km da área da cidade. O Setor do 
Bairro Santa Marta é formado pelos seguintes Loteamentos: Nossa Senhora 
 
 9 
Aparecida, Jardim América, Vila 20 de Setembro, Vila Donária, Loteamento 
Força e Luz. 
 
Figura 01. Implantação do Bairro Santa Marta na cidade de Passo Fundo, sem escala 
Fonte: Autoras, 2007. 
 
De acordo com o IBGE (Agência de Passo Fundo, 2006), são 
características do Bairro: 
� Área total: 5.517.070,58 m² ou 551,70 ha 
� Total de domicílios: 1.412 
� População total: 5.360 (Jovens de 10 a 19 anos = 1.199) 
� Alfabetização: 87,17% das pessoas residentes são alfabetizadas 
� Média de moradores por domicílio ocupado: 4,0 pessoas 
� Predominância da Renda do responsável pelo domicílio: ½ a 2 
Salários Mínimos 
 
4.1 EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS DO BAIRRO SANTA MARTA 
A pesquisa de campo feita por Romanini (2006) e que segue abaixo é parte 
integrante da dissertação que guiou este trabalho. Esta revelou que dentre os 
 
 10 
equipamentos comunitários implantados no Bairro Santa Marta, somente três 
são equipamentos de educação, um de segurança e não há nenhum 
equipamento público de lazer para uma população de 5.360 habitantes. 
Além da verificação se há equipamento de determinado tipo inserido no 
bairro, Romanini (2006) analisou se os mesmos atendiam ou não aos 
parâmetros de referência estipulados na pesquisa. De acordo com a análise, 
nenhum dos equipamentos aqui avaliados atende aos parâmetros de referência 
especificados na dissertação. 
Além da análise qualitativa exposta acima, a dissertação utilizou-se do 
método quantitativo para medir a demanda de equipamentos diante da 
comunidade local. As aspirações de 40% da população que respondeu ao 
questionário no Bairro Santa Marta demonstram que a prioridade para que o 
Setor fique melhor seria com a implantação de Equipamentos Comunitários de 
Segurança. Em segundo lugar com 16% aparecem os Equipamentos de 
Educação, seguidos pelos de Lazer com 15%: A pesquisa demonstra então 
que o Setor do Bairro Santa Marta, mostra-se carente da implantação 
principalmente dos Equipamentos de Segurança e de Lazer. 
 
5 APLICAÇÃO DE SIG NA BUSCA PELA ADEQUADA 
IMPLANTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS NO 
BAIRRO SANTA MARTA 
 
Por ser a tecnologia de sistemas de informações geográficas (SIG) uma 
ferramenta de auxílio ao planejamento urbano, busca-se nas linhas que se 
seguem, simular as melhores áreas para a implantação de novos equipamentos 
comunitários de educação, segurança e lazer no bairro Santa Marta, da 
seguinte maneira: 
Após a constituição do banco de dados, iniciou-se o processo de 
manipulação dos mapas, para ter a dimensão do raio de abrangência dos 
equipamentos comunitários. Ficou claro, como já havia sido dito por Romanini 
(2006), que a abrangência dos equipamentos é pequena e insuficiente para a 
demanda existente. 
 
 11 
Abaixo segue o buffer de abrangência dos equipamentos de educação – 
escola de ensino médio (Figura 02), raio de 1.600m, segundo Guimarães 
(2004). Percebe-se que apesar da escola ter a função de atender todo bairro, 
ela consegue abranger somente as zonas mais próximas. De acordo com 
Romanini (2006), a escola possui um raio de abrangência muito superior ao 
permitido segundo a literatura da área, e não atinge a porcentagem de 
população servida do setor. 
Já o buffer de abrangência das escolas de ensino fundamental (Figura 02), 
raio de 800 m, segundo Guimarães (2004), mostra que estas cobrem somente 
as áreas em que estão assentadas, não sendo problema neste momento, 
todavia se novas zonas forem urbanizadas, outras escolas deverão ser 
construídas nos pontos carentes. 
Ao analisar-se o buffer do equipamento de segurança (Figura 03), percebe-
se que a carência é ainda maior, comprovando o estudo de Romanini. O único 
posto policial tem a função de atender todo o bairro, porém ao delimitar-se o 
raio de abrangência deste, de 800 m, segundo Ferrari (1977), fica evidenciado 
a impossibilidade de cumprimento das recomendações. 
Fica clara a necessidade de novos equipamentos de educação e 
segurança. Desse modo, partiu-se à investigação dos melhores locais para a 
implantação destes, atendendo às recomendações de Romanini. 
 
Figura 02. Mapa da abrangência dos 
equipamentos de educação – escola de 
ensino fundamental e médio no Bairro Santa 
Marta, sem escala. Fonte: Autoras, 2007 
Figura 03. Mapa da abrangência do 
equipamento de segurança no Bairro Santa 
Marta, sem escala. Fonte: Autoras, 2007. 
 
A autora sugere que seja feita a implantação de pelo menos um Posto 
Policial em cada unidade de vizinhança do setor, sendo necessários mais dois 
 
 12 
Postos Policiais. Recomenda que seja implantado uma nova Escola de Ensino 
Médio no Bairro Santa Marta, que atenda os 1.702 estudantes deste e em 
relação aos equipamentos de lazer, recomenda a implantação de pelo menos 
24.120,00 m² de área verde, a fim de atingir a área mínima necessária em 
função do setor. Sugere que as mesmas sejam implantadas com um raio de 
abrangência que varie de 600 a 800 m das residências a que irão atender. 
Por fim, atendendo ao objetivo de simular melhores locais para a 
implantação dos equipamentos de educação, em específico, uma escola de 
ensino médio, dois equipamentos de segurança e ainda a criação de 
equipamentos de lazer, inexistentes no bairro, criaram-se três novos layers de 
pontos – um para cada equipamento – sobrepondo-os ao mapa das zonas 
adequadas para cada um, simulando o raio de abrangência destes novos 
equipamentos. Os testes repetiram-se por diversas vezes até chegar-se nos 
mapas que seguem a seguir (Figuras 04 a 06). 
É importante ainda chamar a atenção para uma ocorrência durante a 
pesquisa de Romanini (2006). Ao aplicar os questionários no bairro SantaMarta, a autora constatou que 15% dos 60 entrevistados não reconhecem o 
local onde moram como um único bairro. Essas pessoas, de alguns dos 
loteamentos, faziam questão de riscar o nome do bairro que estava na ficha e 
colocar o nome da unidade de vizinhança (vila ou loteamento) em que 
moravam, demonstrando pouco reconhecimento ou legibilidade da Área 
Administrativa Santa Marta como um todo. 
 
Figura 04. Mapa com sugestões de 
implantação do novo equipamento de 
educação no Bairro Santa Marta, sem escala. 
Fonte: Autoras, 2007. 
Figura 05. Mapa com sugestões de 
implantação dos novos equipamentos de 
segurança no Bairro Santa Marta, sem escala. 
Fonte: Autoras, 2007. 
 
 13 
 
 
Figura 06. Mapa com sugestões de 
implantação dos novos equipamentos de lazer 
no Bairro Santa Marta, sem escala. Fonte: 
Autoras, 2007. 
Figura 07. Mapa do Bairro Santa Marta com 
destaque para o arroio (ao centro, cortando o 
bairro) e seus vazios urbanos, sem escala. 
Fonte: Autoras, 2007. 
 
Parte dessa falta de legibilidade, em hipótese, é devido à formação 
geográfica do bairro. Percebe-se que ele apresenta algumas peculiaridades em 
sua topografia (Figura 07). As seis unidades de vizinhança são distribuídas 
separadamente pelo terreno e existem barreiras físicas (zonas de arroio 
contornado por mata) entre elas. Esta formação não foi considerada pela 
prefeitura que, há mais de um ano, uniu os loteamentos transformando-os em 
um único bairro ou Área Administrativa Santa Marta. 
Todavia, segundo Lynch (1997), um bairro é uma área de caráter 
homogêneo, reconhecida por indicações que são contínuas dentro desta área e 
descontínuas num outro local. A homogeneidade pode traduzir-se em 
características espaciais dos espaços abertos, assim como pode ser notada na 
topografia, na vegetação ou em contornos. Ainda segundo o autor (p.78): 
 
Não é incomum um bairro com um núcleo forte e cercado por um 
gradiente temático que vai desaparecendo aos poucos. Às vezes, de 
fato, um ponto nodal forte pode criar uma espécie de bairro numa 
zona homogênea mais ampla, simplesmente por “radiação”, ou seja, 
pela sensação de proximidade com o ponto nodal. 
 
Por fim, Lynch (1997) reforça que a topografia é um elemento muito 
importante para o reforço dos elementos urbanos. Colinas de forte presença 
visual podem definir regiões, rios configuram fortes limites; os pontos nodais 
podem ser confirmados por sua localização em pontos-chave do terreno. 
Arroio 
Vazios 
Urbanos 
 
 14 
Desse modo acredita-se que a presença do arroio cortando o bairro, 
dividindo-o ao meio e as grandes zonas vazias entre as nucleações urbanas, 
causam uma baixa legibilidade por parte dos moradores do bairro Santa Marta. 
Portanto como forma de “unir” os loteamentos, buscando melhorar a 
legibilidade do lugar, é que simulou-se aqui a implantação dos equipamentos 
nas zonas não-urbanas, entre os loteamentos. A escola, as praças e os postos 
policiais, quando em funcionamento, podem servir como marcos referenciais 
entre os residentes, pois a percepção destes pode ser influenciada pelos usos, 
hábitos e rotinas cotidianas desenvolvidas dentro e fora dos bairros e por 
características físico-espaciais do entorno (KOHLER et all, 1997). 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Após o término da pesquisa, ressalta-se que o geoprocessamento de 
dados, através do uso de SIG torna-se relevante para a distribuição e 
implantação de equipamentos na malha urbana. A possibilidade de 
manipulação dos dados coletados, de confecção de mapas, utilizando as 
ferramentas computacionais, facilita muito o processo de investigação e a 
tomada de decisões futuras, além de gerar uma base cartográfica para uma 
região importante como Passo Fundo. 
Ressalta-se também a necessidade de cautela perante a Prefeitura 
Municipal quando da formação de novos bairros, para que considere as 
características locais e conseqüentemente, atenda aos princípios da 
legibilidade. 
Por barreiras metodológicas não foi possível utilizar o mapa de relevo da 
região analisada. Todavia, recomenda-se para trabalhos futuros que este seja 
considerado tendo em vista que a topografia do terreno é importante tanto para 
medidas estruturais quanto para o processo de percepção dos moradores. 
Segundo Romanini (2006) sugere-se ainda, a implantação de pelo menos um 
campo de esporte que atenda a população do bairro, em um raio de influência 
de até 2.400 m. 
 
 
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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