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MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 1 MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 2 Caro candidato, Das bancas organizadoras de concursos, uma das mais temidas é do CESPE (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), vinculada à Fundação Universidade de Brasília (UnB). E não à toa que ela tem essa fama! Nas provas de língua portuguesa, os motivos são vários: textos longos, questões bem (ou mal elaboradas, a depender do ponto de vista), alternativas (quando é o caso) com pequenas e quase imperceptíveis “armadilhas” e, claro, exigência de conhecimentos prévios articulados. Sabe o que isso significa? Para responder uma questão de sintaxe, morfologia, pontuação, variedades linguísticas, dentre outras, sempre é solicitada uma análise semântica. A semântica, ao contrário do que muitos pensam, não é mera interpretação de textos. É um campo de conhecimento muito reservado aos estudos da linguística aplicada que, nas provas do CESPE, é cobrado de “pessoas comuns”, “meros mortais”. Tanto é que, tentar classificar a questão de acordo com o conteúdo, é uma tarefa bem difícil (ou até impossível), já que apenas uma questão aborda e transita por vários tipos de conhecimento simultaneamente. Mas não se desespere. Não estou querendo assustá-lo! Há estratégias sobre como “quebrar a banca”. Neste material você encontrará questões comentadas da banca CESPE. As questões nível hard, isto é, as mais difíceis foram retiradas de concursos anteriores com base em alguns critérios, mas, principalmente: 1) questões de provas de concursos de nível superior; 2) classificadas como “muito difíceis”; 3) índice de erro superior a 50% dos concurseiros que as responderam; 4) questões recentes (aqui, a maior parte é dos últimos 3 anos, com raras exceções para questões que realmente foram uma raridade não repetida). Você irá verificar que os “comentários” das questões, na verdade, são análises, pois eles ultrapassam a justificativa de dizer porque está certou errado. Mais do que isso, procuramos, aqui, retomar aspectos teóricos, dar dicas e lembretes sobre determinado conteúdo e explicitar o processo de formulação da questão. Esse processo é essencial, pois a melhor forma de aprender a lidar com determinada banca é conseguir “estar do outro lado”, ou seja, PREFÁCIO MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 3 compreender o processo de avaliação do examinador, praticamente entrar na cabeça dele no momento da formulação. Bons estudos e... que comecem os jogos! =D Prof.ª Mestra Cláudia Abreu 1. ANÁLISE SINTÁTICA /SEMÂNTICA Questão 1 2017 – CESPE – SEDEF. Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue. Qualquer língua, escrita ou não, tem uma gramática que é complexa. Do ponto de vista naturalista, não faz sentido afirmar que há gramáticas melhores e gramáticas piores. Não é certo, por exemplo, dizer que a gramática que produz Os meninos saíram é melhor do que a que produz Os menino saiu. Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo. São duas maneiras de chegar ao mesmo lugar. São duas gramáticas distintas, uma em que a pluralidade é marcada em todos os termos da oração, outra em que o plural aparece marcado apenas no artigo. Mas esses dois modos de falar não são avaliados socialmente da mesma maneira. O valor social de cada um deles é muito diferente. Aquele que fala Os menino saiu não sabe falar, diz a voz que define qual variedade está correta. Só que há línguas, como o inglês, em que o plural só ocorre em 16 um dos termos: The tall boys left (tradução literal possível, desconsiderada a marca de plural: O alto meninos saiu). É claro que a gramática do inglês não é a mesma gramática do português, mas o nosso ponto é que o plural só está em um lugar na oração do inglês e isso não recebe uma avaliação negativa. No português do dia a dia, é possível marcar o plural em apenas um dos elementos, mas isso é avaliado negativamente. Roberta Pires de Oliveira e Sandra Quarezemin. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 44 (com adaptações) Caso o vocábulo “certo”, em “um certo conteúdo” (l. 6), fosse deslocado para imediatamente após “conteúdo”, seriam alterados o sentido e as relações sintáticas entre os termos da oração em que o trecho ocorre. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 4 ( ) CERTO ( ) ERRADO Esta é uma questão que possui 70% de erros. Vou te dizer por que isso acontece: Para responder esta questão, aparentemente simples, é preciso ficarmos atentos ao enunciado. A “pegadinha” está justamente aí, pois são duas afirmações em uma que dizem respeito a duas áreas diferentes da LP: Semântica (relações de sentido) e Sintaxe (relações sintáticas entre os termos da oração). Vamos então analisar esta assertiva por partes: 1º Por considerar que envolve uma afirmação sobre sentido, é preciso resgatar no texto o trecho original, pois apenas a expressão destacada retomada no enunciado da afirmação não é suficiente para respondê-la. O trecho é: Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo. 2.º fazer o que se indica no enunciado (deslocar a palavra “certo” após “conteúdo”), que ficaria assim Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um conteúdo certo. A partir dessa alteração, você deve verificar a 1ª afirmação da sentença: 1ª afirmação: a mudança da posição da palavra altera os sentidos CORRETO, pois na frase original, a palavra “certo” funciona como um pronome indefinido, como sinônimo de “determinado conteúdo”. Na frase reescrita, a palavra “certo” é sinônimo de adequado, tem valor de adjetivo. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 5 O mesmo processo ocorre nos pares de sentenças abaixo: 1) Ele é um amigo velho. (= amigo idoso) Ele é um velho amigo. (= amizade antiga) 2) Ele é um oficial alto. (= de estatura alta) Ele é um alto oficial. (= importante) 3) Chame qualquer pessoa. (= qualquer uma) Não sou uma pessoa qualquer. (= insignificante) 2ª afirmação: altera a função sintática? ERRADO, pois embora no 1º caso (original), “certo” seja um pronome indefinido e no 2º “certo” seja um adjetivo, em ambos os casos a palavra CERTO exercerá a função sintática de adjunto adnominal. Vamos retomar as funções sintáticas. Em análise sintática, cada palavra da oração é chamada de termo da oração. Termo é a palavra considerada de acordo com a função sintática que exerce na oração. Para isso, é preciso lembrar que os termos da oração se dividem em: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu6 1) Essenciais Também conhecidos como termos "fundamentais", são representados pelo sujeito e predicado nas orações. 2) Integrantes Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são representados por: complemento verbal - objeto direto e indireto; complemento nominal; agente da passiva. 3) Acessórios Desempenham função secundária (especificam o substantivo ou expressam circunstância). São representados por: adjunto adnominal; adjunto adverbial; aposto. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 7 Para saber a função sintática, é preciso lembrar que cada uma delas tem uma tarefa em relação aos termos da oração. Nos dois casos, a palavra “certo” serve para determinar o sentido da palavra “conteúdo”, desempenhando, portanto, a função de adjunto adnominal, cuja definição é: aquele que” determina, especifica ou explica um substantivo, possui função adjetiva e se prende diretamente ao nome a que se refere, ou seja, pode se relacionar a adjetivos, locuções adjetivas, artigos, pronomes adjetivos enumerais adjetivos. 1 - Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um certo conteúdo. tem a função de restringir o substantivo "conteúdo". 2- Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmitir um conteúdo certo tem a função de qualificar "conteúdo" Dica: Ao substituir um substantivo por um pronome: todos os adjuntos adnominais que estão ao redor do substantivo têm de acompanhá-lo nessa substituição. Nas duas frases, ao substituir o substantivo “conteúdo” por um pronome (lo), ficaria assim: Ambas as frases cumprem a sua função, que é transmiti-lo. Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois altera o sentido, mas não altera a função sintática. 2. COESÃO/COERÊNCIA/ SEMÂNTICA /ANÁLISE SINTÁTICA Questão 2 – 58% erros 2015- CESPE - Especialista em Assistência Penitenciária/Enfermagem Educação prisional No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por meio da leitura. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 8 O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias para ler um livro e escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como circunscrição ao tema e estética, subtraem quatro dias da pena. Ao todo, os detentos podem remir até quarenta e oito dias apenas com as leituras. Essa possibilidade, no entanto, ainda é restrita a penitenciárias federais de segurança máxima. Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios. Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros, em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo. Na visão do coletivo de incentivo cultural Perifatividade, o projeto é uma oportunidade de os detentos ampliarem seu universo e perceberem novas dinâmicas de como analisar o mundo, além de ser um incentivo à educação. Internet: <www.revistaeducacao.uol.com.br> (com adaptações). No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o seguinte item. A correção gramatical e o sentido original do texto seriam mantidos caso a expressão “de vinte e um a trinta” fosse substituída por entre vinte e um a trinta. ( ) CERTO ( ) ERRADO Esta é uma questão que possui 69% de erros. Vamos analisá-la? 1º Vamos retomar a frase no contexto original Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias para ler um livro 2.º Reescrita conforme enunciado: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 9 Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm entre vinte e um a trinta dias para ler um livro 3.º O enunciado faz duas afirmações: 1.ª afirmação: a alteração manteria a correção gramatical, isto é, o texto continua correto do ponto de vista gramatical. Esta afirmação por si só, já tornaria o item incorreto, pois a preposição “entre” acompanhada da preposição “a” não existe em língua portuguesa. O correto seria “entre vinte e um e trinta”. 2.ª afirmação: o sentido seria mantido Errada, o sentido não se mantém, uma vez que, gramaticalmente, está incorreto e, mesmos se fosse entre vinte e um e trinta dias, o sentido seria diferente. Veja o período que cada afirmação corresponde: De vinte e um a trinta = 10 dias, a contar do dia 21º ao 30º Entre vinte e um e trinta = 8 dias, pois neste caso o dia 21e o 30 não pertencem ao período. Dica: Usamos a expressão “entre x e y” quando a intenção é excluir os extremos da contagem. Usamos a expressão “de x a y” quando a intenção é incluir os extremos da contagem. A regrinha, portanto, é: Use os pares ENTRE uma coisa E outra DE uma coisa a outra Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois não se mantém a correção gramatical e nem o sentido. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 10 Questão 3 – 80% erros 2015- TRE-GO – Analista Judiciário Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia Constituinte que resultou na Carta de 1988. Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação. Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante, quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser escolhido pelo povo brasileiro. Em meio a esse cenário,foi elaborado o texto constitucional, que, desde então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação da vontade política. Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do candidato – avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, n.o 2, 2014, p. 52-3. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações). Com referência às estruturas linguísticas do texto, julgue o próximo item. As formas verbais “ocorreram" (L.13), “deram" (L.13) e “deixaram transparecer" MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 11 (L.14) estão ligadas ao mesmo termo, que, nos dois primeiros casos, é retomado pelo pronome “que": “os movimentos populares" (L. 12 e 13) ( ) CERTO ( ) ERRADO Esta é uma questão que possui 80% de erros. Vamos analisá-la? 1º Retomando o trecho original em que as palavras destacadas no enunciado aparecem: [...] os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes [...] 2º O enunciado faz duas afirmações: 1 ª afirmação: ERRADA: As formas verbais “ocorreram" (L.13), “deram" (L.13) e “deixaram transparecer" (L.14) estão ligadas ao mesmo termo Esta afirmação não está correta, pois não se ligam ao mesmo termo. Dica 1: Lembre-se de que para identificar o sujeito, nós fazemos a pergunta: sobre quem ou o quê se diz algo? Este verbo está ligado a qual informação/ação? Vamos testar essa dica? Se eu perguntar sobre o 1º verbo: o que ocorreu? R. Os movimentos populares O que deu margem ao início do processo de elaboração da nova Carta? R. Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984. Quem deixou transparecer de maneira cristalina aos então governantes? R. Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 12 2ª afirmação: nos dois primeiros casos, é retomado pelo pronome “que": “os movimentos populares" ERRADA: A partir da análise da afirmação anterior, é possível observar que o 1º que retoma “movimentos populares”, mas o 2º não, pois retoma “os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984”. Portanto, esta afirmação também está errada. Dica 2: Para perceber que em cada caso o uso do QUE tem uma função diferente ao retomar os termos e esta função está associada ao uso da vírgula. Neste caso, ele é pronome relativo, pois retoma/caracteriza o sujeito. Mas cada uma delas é um tipo de oração subordinada adjetiva: I- “Os movimentos populares que ocorreram a partir de 1984 [...] ”, ou seja, não é qualquer movimento popular, mas sim estes II- Os movimentos populares [...], que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta, [...] . Neste caso, a oração está entre vírgulas, o que a torna uma oração subordinada adjetiva explicativa. Dica 3: É importante compreender a relação semântica dessa classificação sintática nas orações, pois cada uma delas tem um sentido. Veja o outro exemplo: Os professores, que fizeram greve no mês de agosto, tiveram desconto salarial. O.S.Adj. Explicativa pressupõe-se que todos os professores fizeram greve e todos tiveram desconto. Os professores que fizeram greve no mês de agosto tiveram desconto salarial OSAdj. Restritiva pressupõe-se que apenas os professores que fizeram greve tiveram desconto Portanto, apenas se houvesse uma vírgula após "movimentos populares" a questão estaria correta, pois isso tornaria a oração uma adjetiva explicativa. Logo, o primeiro "que" retoma: "os movimentos populares". O segundo "que" retoma a frase inteira: "os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984" E “deixaram transparecer" (L.17) também diz respeito a frase inteira: "os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984" MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 13 Portanto, a resposta para esta questão é: ERRADO, pois os verbos não se relacionam ao mesmo termo e o pronome não retoma o mesmo elemento nos dois casos. 3. CRASE Questão 4 – 74% erros 2015- CESPE – Especialista em assistência penitenciária Educação prisional No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes no país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por meio da leitura. O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias para ler um livro e escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como circunscrição ao tema e estética, subtraem quatro dias da pena. Ao todo, os detentos podem remir até quarenta e oito dias apenas com as leituras. Essa possibilidade, no entanto, ainda é restrita a penitenciárias federais de segurança máxima. Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) revelaram os hábitos de leitura nos presídios. Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, o que resultou em um total de 7.508 dias remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estavam A Menina que Roubava Livros, em primeiro lugar, e O Pequeno Príncipe, em décimo. Na visão do coletivo de incentivo cultural Perifatividade, o projeto é uma oportunidade de os detentos ampliarem seu universo e perceberem novas dinâmicas de como analisar o mundo, além de ser um incentivo à educação. Internet: <www.revistaeducacao.uol.com.br> (com adaptações). No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto Educação prisional, julgue o seguinte item. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 14 Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia ser eliminado em ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à reinserção social" ( ) CERTO ( ) ERRADO Vamos lá! Para analisar esta afirmação, vamos seguir os seguintes passos: 1º Vamos retomar a sentença em seu trecho original: Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por meio da leitura. 2.º Observe que o enunciado pede para verificar apenas se há errogramatical ou não caso as crases sejam retiradas, ou seja, não se pede para analisar a questão semântica, de alteração de sentido. 3.º Nós costumamos decorar as regras de crase obrigatória, mas nesse caso, trata-se do emprego facultativo. Os casos que permitem o emprego facultativo da crase são: I. Após a preposição "até"; II. Antes do pronome possessivo feminino adjetivo no singular "sua"; III. Antes de nome próprio no singular; 4.º Nesta questão, o emprego das crases é facultativo, ou seja, tirá-las, não configura erro gramatical. A regra que sustenta esta afirmação é a “II – Antes do pronome possessivo feminino adjetivo no singular "sua". Nesse caso, o pronome feminino “sua” está em forma elíptica (subentendido), cujo referente está dentro do texto (a palavra é presos = reinserção e recuperação social dos presos). 5.º Lembre-se de que a crase é junção da preposição (a) mais artigo (a). Uma dica é substituir o A (preposição) por PARA retirando o artigo: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 15 Desde 2012, entre os projetos voltados para recuperação e para reinserção social, está a remição de pena por meio da leitura. Observe que o artigo suprimido nos dois casos não faz com que a oração fique errada, não se configura como erro gramatical. 6.º Observe também que colocando a oração na ordem direta (sujeito+verbo+complemento), temos: A remição de pena por meio da leitura está entre os projetos voltados a recuperação e a reinserção social, Dica: Nesta questão, a retirada das ocorrências de crase só esta certa porque ocorreu ao mesmo tempo e é sustentada pela ideia de paralelismo sintático, ou seja, pelo encadeamento de funções sintáticas idênticas ou encadeamento de orações de valores sintáticos iguais. Portanto, a resposta para esta questão é: CORRETO pois a retirada das duas crases não se configura erro gramatical neste caso. 4. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO/COESÃO/COERÊNCIA Questão 5 – 68% erros 2016- Analista Judiciário – TRE -PI Texto O livro vê-se perante um concorrente que o intimida, porque disputa a mesma clientela: os que podem comprar livros são os mesmos que dispõem de recursos econômicos para adquirir e renovar seus computadores pessoais (PCs). O livro, que já constituiu a materialização mais completa da modernidade, tendo aparecido à época em que se inauguravam as revoluções que marcariam o progresso econômico e cultural da Europa ocidental (revoluções das quais ele fez parte), alcança o começo do novo milênio sem a MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 16 mesma qualificação. Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível (e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros. Contudo, não se trata de uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu possível antagonista, mostra-se, por outro, seu parceiro. A produção editorial ganhou com os recursos introduzidos pela informática, tendo o processo de formatação, revisão, impressão e distribuição sido facilitado graças a programas de editoração de textos, de digitalização de imagens e de tratamento de figuras. Porém, a introdução desse novo suporte provoca determinados efeitos, já que ele se vale de códigos específicos e exige formas particulares de manipulação. Transplantada para a tela, a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece novas possibilidades de reproduzir a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa representação. A escrita, no meio digital, produziu seu próprio código, não transferível automaticamente para outros contextos, e seus usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre os diferentes gêneros de escrita, aplicando cada um deles em conformidade com as situações práticas. (Marisa Lajolo e Regina Zilberman. Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos. São Paulo: Editora Ática, 2009- adaptado). Na organização retórica do texto Das tábuas da lei à tela do computador..., a) a oração sublinhada em “a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala” e os termos sublinhados em “seu próprio código, não transferível automaticamente para outros contextos” e “seus usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens” constituem definições, respectivamente, para “a escrita”, “seu próprio código” e “seus usuários”. ERRADA: Para analisar esta afirmação é preciso analisar a oração e seus referentes. Para isso, vamos retomar o fragmento na íntegra: Transplantada para a tela, a escrita, que sempre procurou acompanhar a fala, oferece novas possibilidades de reproduzir a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa representação. A escrita, no meio digital, produziu seu próprio código, não transferível automaticamente para outros contextos, e seus usuários — como poliglotas usuários de diferentes linguagens — sabem bem distinguir entre os diferentes gêneros de escrita, aplicando cada um deles em conformidade com as situações práticas. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 17 O segmento “que sempre procurou acompanhar a fala” é definição do termo “a escrita”. Trata-se de uma oração subordinada adjetiva explicativa. O segmento “não transferível automaticamente para outros contextos” tem como referente “seu próprio código”, o que não significa que seja uma definição ou apresentação do conceito de código. O segmento “como poliglotas usuários de diferentes linguagens” refere-se a “seus usuários”, mas indica apenas uma condição (como= enquanto) e não uma definição deles. b) a oração “alcança o começo do novo milênio sem a mesma qualificação” encerra uma generalização a que se chega com base nas afirmações constantes nas orações anteriores e que vai ser corroborada pelo período que se segue a essa oração: “Desde que se expandiu (...) na produção de livros”. ERRADA: Para analisar esta afirmação é preciso analisar o fragmento na íntegra: O livro, que já constituiu a materialização mais completa da modernidade, tendo aparecido à época em que se inauguravam as revoluções que marcariam o progresso econômico e cultural da Europa ocidental (revoluções das quais ele fez parte), alcança o começo do novo milênio sem a mesma qualificação. O erro desta afirmação consiste em dizer que chegamos à generalização – ideia geral contida no fragmento – com base nas afirmações/informações contidas nas orações anteriores. No entanto, as orações anteriores apresentam duas ideias diferentes e contrárias entre si: 1.ª a ideia de que o livro apresentava uma modernidade na época em que surgiu 2.ª a ideia de que o livro perdeu a condição de modernidade quando foi substituído pelos computadores. Portanto, as afirmações a respeito do livro e das transformações de modernidade pelas quais ele passou não são as mesmas. Mesmo porque a questão fala sobre “orações anteriores”, o que não nos permite saber exatamente a qual delas se refere. c) os termos “o uso do PC”, “telas”, “teclados” e “mouses”, são usados para fornecer exemplificaçãodo que vem a ser “fruto de tecnologia mais sofisticada”. ERRADA: retomando o trecho: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 18 Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível (e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros. Neste fragmento afirma-se que esses recursos (PC, telas, teclados, mouse) são frutos da tecnologia mais avançada, mas não necessariamente são usadas como exemplificação no texto. Além disso, uma análise ainda mais detalhada nos mostra que a oração fala sobre o “uso do PC” e não o PC, ou seja, a ação de usar não pode ser vista como uma “tecnologia mais sofisticada”. É nessas duas ideias que consistem o erro da afirmação. d) o trecho “o processo de formatação, revisão, impressão e distribuição” descreve as etapas do processo de produção de livros que foram beneficiadas graças à introdução da informática nesse mercado, enquanto o trecho “programas de editoração de textos, de digitalização de imagens e de tratamento de figuras” descreve ferramentas que foram introduzidas pela informática no mercado editorial. ERRADA: Retomando o trecho A produção editorial ganhou com os recursos introduzidos pela informática, tendo o processo de formatação, revisão, impressão e distribuição sido facilitado graças a programas de editoração de textos, de digitalização de imagens e de tratamento de figuras. Ao ler o fragmento é possível perceber que a alternativa distorce parcialmente a ideia do fragmento original. Nesta questão, é preciso ficar atento e, principalmente, saber diferenciar produção de livros/produção editorial x mercado editorial. No texto não se fala sobre beneficiamento no mercado editorial pelas ferramentas da informática, mas sim na produção editorial. Isso porque a ideia de mercado editorial está associada à comercialização de livros e não produção. e) as duas orações presentes em “livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco o universo do livro” foram empregadas para especificar uma informação mais geral anteriormente apresentada. CORRETA: retomando o fragmento: Desde que se expandiu o uso do PC, telas, teclados e mouses passaram a encarnar o novo, já que são fruto de tecnologia mais sofisticada, que exclui a fabricação artesanal, ainda possível (e altamente valorizada em certos círculos) na produção de livros. Contudo, não se trata de uma opção, livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 19 o universo do livro: se o PC se apresenta, por um lado, como seu possível antagonista, mostra- se, por outro, seu parceiro A ideia genérica presente nesta afirmação é justamente uma síntese do que se apresenta anteriormente a respeito dos livros e das tecnologias. Essas ideias mostram que o que a autora defende é o fato de que os livros não irão acabar por conta das tecnologias, mas sim que terão seu processo de produção enriquecidos por conta das tecnologias que serão empregadas. A oração “livros e computadores não se excluem, nem o PC põe necessariamente em risco o universo do livro” fazem uma síntese da tese principal defendida pelo autor, portanto, a afirmação está correta e não apresenta nenhum conceito distorcido ou afirmação que extrapola os limites do texto, como ocorreu nas anteriores. Portanto, a resposta para esta questão é: E . Questão 6 – 56% erros CESPE - Analista Judiciário (STF)/Apoio Especializado/Comunicação Social/2013 O item apresenta fragmentos adaptados de textos diversos. Julgue-o quanto à correção gramatical. Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos, a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes sociais em seus embates políticos. ( ) CERTO ( ) ERRADO Para responder esta questão, é preciso se atentar não apenas para a questão gramatical, mas para os efeitos semânticos que o fragmento produz. Lembre-se de que um texto gramaticalmente correto é aquele que se apresenta adequado em termos de coesão e coerência. Verifique o uso excessivo dos pronomes possessivos enquanto recursos de coesão. É neles que reside o erro gramatical. Observe-os destacados no fragmento e verifique a qual elemento do texto se referem: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 20 Apesar de seus eventuais problemas, de suas críticas e de suas emendas ao longo dos anos, a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes sociais em seus embates políticos. Seus - suas- suas – seu em destaque, consecutivamente, essas ocorrências se referem à Constituição brasileira (seus- eventuais problemas; suas = críticas; suas= emendas; seu- papel). Um pronome relativo é aquele que indica posse, que dá a ideia de pertencimento. Para verificar a adequação dessas ocorrências, basta respondermos às questões de seus devidos referentes: De quem são os eventuais problemas? De quem são as críticas? De quem são as emendas? De quem é o papel de mediar as relações? Segundo a REDAÇÃO do texto, todas essas responsabilidades estariam relacionadas à Constituição brasileira, pois os pronomes possessivos se ligam a ela. No entanto, veja que a ideia das críticas não deveria ser de pertencimento, mas sim de direcionamento. Isso porque as críticas não são DA Constituição, mas sim DIRECIONADAS a ela. Sua redação/reescrita de modo adequado seria (dentre várias possibilidades) da seguinte forma: Apesar de seus eventuais problemas, das críticas recebidas e de suas emendas ao longo dos anos, a Constituição brasileira tem cumprido seu papel de mediar as relações entre os agentes sociais em seus embates políticos. Portanto, o fragmento não contém correção gramatical, uma vez que apresenta uso inadequado de pronome que leva a problema de coesão/coerência. O item deve ser julgado como ERRADO. 6. SINTAXE/SEMÂNTICA MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 21 Questão 7 – 61% erros 2008- CESPE - Oficial de Inteligência Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um traçado único, um horizonte de sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se intensamente complexo e as respostas não são diretas nem estáveis. Mesmo que não possamos olhar de um curso único para a história, os projetos humanos têm um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros possíveis. Tornar-se um ser humano consiste em participar de processos sociais compartilhados, nos quais emergem significados, sentidos, coordenações e conflitos. A complexidade dos problemas desarticula-se e, precisamente por essa razão, torna- se necessária uma reordenação intelectual que nos habilite a pensar a complexidade.Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações). Julgue o seguinte item, a respeito da organização das ideias no texto acima. Preservam-se as relações entre os argumentos do texto caso se empregue, em lugar de "que não possamos", uma oração correspondente com o gerúndio: não podendo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 1.º - Retomando o fragmento: Mesmo que não possamos olhar de um curso único para a história, os projetos humanos têm um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros possíveis. 2.º - O enunciado afirma que a reescrita manteria a ideia original da argumentação. Vamos ver como fica: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 22 Mesmo não podendo olhar de um curso único para a história, os projetos humanos têm um assentamento inicial que já permite abrir o presente para a construção de futuros possíveis. No trecho original, o sujeito é oculto e está implícito na flexão verbal (não possamos = nós não podemos); Na reescrita, ao empregar o gerúndio, o sujeito é determinado e passa a ser “os projetos”: “mesmo não podendo olhar para o curso da história, os projetos humanos [...] Portanto, o item deve ser julgado como ERRADO, já que não mantém a mesma linha de argumentação, pois atribui a ação de olhar para a história de um curso diferente como de responsabilidade dos projetos humanos (o que também tornaria a argumentação incoerente). Questão 8 – 58% erros Esta é uma daquelas questões em que as estratégias de leitura são essenciais, pois há muitas assertivas dentre as opções que nos induzem ao erro. CESPE – 2010- Diplomata (Terceiro Secretário) Texto para a questão É uma tecla muito batida pelos que procuram estudar o caráter dos brasileiros o gosto que estes revelam pela improvisação em todos os ramos de atividade. A cada passo, se verifica o pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se saem com brilho e galhardia. Isso de se preparar longa e pacientemente para resolver os problemas próprios a uma especialidade não vai muito com eles. Improvisam-se os nossos sociólogos, improvisam-se os nossos estadistas, improvisam-se os nossos linguistas. Os nossos grandes poetas podem se contar pelos dedos, e nenhum tivemos até hoje capaz de uma destas obras de fôlego, como a Divina Comédia, o Fausto ou Os Lusíadas, onde, escolhido o tema capital, o seu autor põe, ao lado das ideias-mestras da cultura do seu tempo, MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 23 toda a sua inteligência e toda a sua sensibilidade. Agora, abancai ao zinco de um bar em dias de carnaval e, aparecendo um violão, vereis com que facilidade o malandro mais desprovido de letras inventa um despotismo de quadrinhas de desafio ou de embolada. Isso na cidade. No sertão, então, nem se fala. Para os matutos do Nordeste, “poeta” só é o sujeito capaz de improvisar na boca da viola. Não sei quem foi o literato que, de uma feita, recitou para uns cantadores do sertão algumas poesias de Bilac. Os homens ouviram calados, mas depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo. — Como poeta mesmo? — Nós queremo sabê se ele é capaz mêmo de improvisá na viola... Manuel Bandeira. O dedo de Deus, o dedo do alemão e o dedo do brasileiro. In: Crônicas inéditas II, 1930-1944. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p.16. Assinale a opção correta acerca de aspectos semânticos e morfossintáticos do texto. a) A expressão “uma tecla muito batida” (l.1), de uso informal, foi empregada com sentido conotativo e significa expressão desgastada pelo uso. ERRADA – O sentido denotativo (real) seria sim, desgastada pelo uso; mas no emprego do texto foi usada no sentido conotativo (figurado) e significa “um assunto muito discutido/ uma questão muito abordada”. b) No segmento “o gosto que estes revelam pela improvisação” (l.2), o termo “pela improvisação” exerce função distinta da exercida na seguinte frase: Revelou, pela improvisação, o quanto se afastara da cultura clássica. CORRETA: O termo “pela improvisação” exerce função distinta em cada frase. Comparando as duas orações: o gosto que estes revelam pela improvisação Aqui a expressão destacada completa o sentido do substantivo “gosto”; é um complemento nominal (pois quem tem gosto, tem gosto por algo) MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 24 Revelou, pela improvisação, o quanto se afastara da cultura clássica Aqui a expressão destacada indica a circunstância do verbo, é um adjunto adverbial que indica como se deu a ação do verbo revelar, isto é, pela (=por meio) da improvisação. c) O vocábulo “se” tem a mesma classificação gramatical nas seguintes ocorrências: “se verifica” (l.3) e “se saem” (l.4). ERRADA – retomando o contexto em que o “se” aparece: A cada passo, se verifica o pendor deles para as tarefas improvisadas, de que, não raro, se saem com brilho e galhardia. Na 1.ª ocorrência (se verifica) o “se” é índice de partícula apassivadora, pois o verbo é transitivo direto (precisa de complemento) = a cada passo é verificado o pendor. Na 2.ª ocorrência (se saem) o “se” faz parte do verbo e é partícula integrante que forma o verbo pronominal. Lembre-se de que o verbo pronominal é aquele que indica a ação do sujeito para ele mesmo (como suicidar-se). Neste caso, é o sentido de eles próprios/eles mesmos (os brasileiros) “se saem com brilho e galhardia” (= sair com sucesso/elegância/êxito). d) No período “No sertão, então, nem se fala” (l.15), verifica-se a antecipação do adjunto adverbial de lugar do verbo falar, o que justifica o emprego da vírgula imediatamente após a palavra “sertão”. ERRADA – Esta é um tipo de afirmação que nos induz ao erro porque está parcialmente correta. O adjunto adverbial de lugar realmente está antecipado (no sertão) e acompanhado por vírgula. Entretanto, nesse caso, a vírgula é facultativa. O que justifica o uso das vírgulas é a palavra então que funciona aí como interjeição intercalando a ordem da frase. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 25 e) No trecho “mas depois indagaram se Bilac era ‘poeta’ mesmo” (l.12), em que se verifica emprego de discurso indireto, a oração iniciada pelo conectivo condicional “se” expressa uma hipótese acerca do que foi mencionado anteriormente. ERRADA – é uma afirmação que também induz ao erro porque está parcialmente correta. Retomando o trecho original: Os homens ouviram calados, mas depois indagaram se Bilac era “poeta” mesmo. Nesse trecho verifica-se, sim, a ocorrência de discurso indireto, onde a fala dos homens está em 3.ª pessoa. Está implícito o diálogo com a indagação: “- Bilac era poeta mesmo?”. O uso do “se” não é usado aqui como conectivo condicional, mas sim como conjunção integrante que foi usada para introduzir uma oração subordinada substantiva. Lembre-se de que o “se” enquanto condição expressa a ideia de pré-requisitopara que uma ação ocorra, como na frase” Se os homens entendessem a poesia de Bilac , o reconheceriam como poeta”. (A condição, o pré-requisito para os homens considerarem Bilac poeta é entenderem de poesia.). Portanto, a resposta para esta questão é a alternativa B 7. REGÊNCIA VERBAL/SEMÂNTICA Questão 9 – 70% erros CESPE – 2015- TRE-RS - Analista Judiciário MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 26 Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la(d) de outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. O nosso legislador constituinte distingue perfeitamente as duas situações. A Constituição Federal de 1988 (CF) estabelece as incompatibilidades no seu artigo 54, e as inelegibilidades no artigo 14, §§ 4.º e seguintes. Os demais casos de inelegibilidade estão fixados na Lei Complementar n.º 64/1990. As inelegibilidades são os impedimentos, de natureza constitucional ou legal (se forem os previstos na lei complementar que regula a matéria das inelegibilidades), que impossibilitam alguém de se registrar como postulante a todos ou a alguns cargos eletivos, ou, se supervenientes(e) ao registro, que servem de embasamento à impugnação de sua diplomação, tornando nulos os votos porventura dados ao cidadão sufragado. As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza diversa, que proíbem o parlamentar(a), desde a expedição do diploma ou desde a sua posse, de obter, direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar do mandato para obtê- las com maior facilidade. Enquanto a inelegibilidade é um impedimento(b) prévio à eleição(b), que torna nulos os votos dados ao cidadão inelegível, a incompatibilidade é um impedimento posterior ao pleito eleitoral e proibitivo do exercício do mandato. Se o parlamentar infringir as proibições constantes do artigo 54 da CF, perderá o seu mandato. Cabe, portanto, a ele, parlamentar, optar por permanecer no Legislativo e abandonar o cargo incompatível com o exercício do seu mandato, ou, então, continuar no exercício do cargo incompatível, e, no entanto, perder o mandato legislativo. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Condições de elegibilidade e inelegibilidade. In: Revista do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, vol. 17, n.º 35, jul.-dez./2012. Porto Alegre: TRE/RS, p. 13-15. Internet: <www.tre-rs.gov.br> (com adaptações). No que se refere aos aspectos linguísticos do texto Condições de elegibilidade e inelegibilidade, assinale a opção correta. a) Dada a regência do verbo proibir, a substituição do termo “o parlamentar” por ao parlamentar não prejudicaria a correção gramatical do texto. ERRADA – Retomando o trecho: As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza diversa, que proíbem o parlamentar, desde a expedição do diploma ou desde a sua posse, de obter, direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar do mandato para obtê- las com maior facilidade. MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 27 O verbo proibir é transitivo e pode assumir duas regências (direto e indireto) Transitivo direto = Proibir alguém de fazer algo Transitivo indireto = Proibir algo a alguém Ao fazer o que a afirmação descreve teríamos a seguinte construção: As incompatibilidades são, da mesma forma, impedimentos, embora de natureza diversa, que proíbem ao parlamentar, desde a expedição do diploma ou desde a sua posse, de obter, direta ou indiretamente, vantagens do poder público, ou de se utilizar do mandato para obtê-las com maior facilidade. Para fazer esta alteração, teríamos também que modificar a sequência do segmento eliminando a preposição em ‘de obter’, de modo que ficasse “[...] proíbem ao parlamentar [...] obter”. Mas como a afirmação não mencionou que deveriam ser feitas outras adaptações para manter a alternativa correta, o item está errado, pois o acréscimo do “a” torna construção incorreta do ponto de vista gramatical. b) O uso do acento indicativo de crase em “à eleição” é exigido pela presença do substantivo “impedimento” e pela presença de artigo definido feminino que determina o substantivo “eleição”. ERRADA – Retomando o trecho: Enquanto a inelegibilidade é um impedimento prévio à eleição, que torna nulos os votos dados ao cidadão inelegível, a incompatibilidade é um impedimento posterior ao pleito eleitoral e proibitivo do exercício do mandato. É uma questão que realmente confunde, pois o termo impedimento, de fato, exige a preposição a. No entanto, neste caso, a preposição é uma exigência da palavra “prévio” e não de “impedimento”. O impedimento em si não é à eleição, mas sim um impedimento que ocorre prévio a ela que também exige a preposição a. c) Na linha linha 1, caso o advérbio “preliminarmente” fosse colocado depois de “distingui-la” — feitas as devidas alterações na pontuação —, o sentido original seria mantido. ERRADA – retomando o trecho MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 28 Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la de outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. A proposta de reescrita do fragmento segundo enunciado ficaria assim: Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário distingui-la, preliminarmente, de outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. Nesse caso o sentido original não seria mantido (conforme diz no enunciado). Na forma original, a posição do advérbio antes da palavra “distingui-la” indica que distinção entre inelegibilidade e incompatibilidade é uma necessidade que deve ser feita antes de qualquer coisa. Ao colocar o advérbio após o verbo “distingui-la” pode ocorrer a interpretação de que existem outras distinções, mas que a primeira delas é entre a inelegibilidade e a incompatibilidade. Embora ocorra uma mudança sutil, não podemos afirmar que não ocorre mudança nenhuma. Assim como a posição do adjetivo em relação ao substantivo pode alterar o sentido da frase (velho amigo = antigo X amigo velho = idoso), a posição do advérbio em relação ao verbo também. d) A forma pronominal “la”, em “distingui-la”, poderia ser corretamente deslocada para imediatamente antes da forma verbal — escrevendo-se a distinguir. ERRADA – retomando o trecho: Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, distingui-la de outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. A reescrita indica pela afirmação teria a seguinte redação: Para que se possa definir a inelegibilidade, é necessário, preliminarmente, a distinguir de outro instituto que com ela não se confunde, a incompatibilidade. Essa forma de redação estaria incorreta, uma vez que o único caso em que se usa próclise (pronome antes do verbo) é quando há um termo atrativo (advérbios, pronomes, conjunções subordinativas etc.). e) Admite-se, para o adjetivo “supervenientes”, a variante sobrevenientes. MODO HARD: AS QUESTÕES MAISDIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 29 CORRETA – esta afirmação depende de um conhecimento lexical prévio. Ela foi elaborada de modo que, quem não souber que superveniente é um sinônimo (embora menos usual) de sobreveniente, tende a errá-la. Isso porque, ao analisarmos a palavra ‘superveniente’, somos induzidos a pensa-la do ponto de vista morfológico como se “super” fosse prefixo que indica superlativo (como na palavra supermercado = mercado grande). No entanto, a origem da palavra é do latim (superveniens. entis.) e indica aquilo que é subsequente, posterior. Sobrevenientes tem o mesmo significado, isto é, subsequente, que ocorre depois. Portanto, a alternativa correta para este item é a letra E 8. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Questão 10 2014- CESPE- Diplomata (Terceiro Secretário)/2014 Que me perdoem os devotos machadianos, eu prefiro Euclides da Cunha e Lima Barreto, com todos os defeitos que ambos possam ter, a Machado de Assis, com todas as suas qualidades. E, até onde pude entender, Millôr Fernandes tem opinião parecida com a minha. Tanto assim que, segundo afirmou, não incluiria qualquer dos livros de Machado de Assis entre os dez maiores romances brasileiros. A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros como Dom Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia contra a qual o músico Jayme Ovalle reclamava. Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de Assis na linhagem cervantina da literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da insânia do Cavaleiro da Triste Figura. Mas, talvez por causa da ironia sem compaixão de Machado de Assis, a loucura de Rubião gira somente em torno de sua pessoa, jamais partindo ele para qualquer ação no sentido de corrigir “os desconcertos do mundo” — como acontecia com o cavaleiro manchego. De modo que o personagem mais generosamente quixotesco da literatura brasileira não é Rubião, é Policarpo Quaresma. Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 30 palavra em seu verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de Assis ou impede ou mancha. Alguns escritores que desprezam o Brasil e seu povo costumam usar Policarpo Quaresma como pretexto para escarnecer de ambos. Pensam, talvez, que Lima Barreto era um deles. Esquecem que, em seu romance, o grande escritor carioca ri, antes de tudo, de si mesmo. E, sobretudo, não veem tais escritores que, se a realidade brutal e mesquinha (inclusive a da política) desmente e destrói, a cada instante, as ações generosas de Policarpo Quaresma, a pureza de seu sonho permanece intocada até a morte, o que o coloca muito acima dos poderosos e “realistas” que o cercam. Ariano Suassuna. In: Cadernos de literatura brasileira – Millôr Fernandes, n.º 15, Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles, 2003, p. 18-9 (com adaptações). Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima, julgue (C ou E) o item subsequente. ( ) CERTO ( ) ERRADO O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é qualidade distintiva de uma narrativa literária e incompatível com a ironia e o sarcasmo, recursos de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu povo”. Este item é ERRADO. Vamos analisar a questão? Primeiramente, é preciso considerar que é uma questão interpretação de texto em que este, por sua vez, deve ser analisado como um conjunto de ideias e não por frases isoladas; Ao elaborar esta questão, o examinador recortou algumas informações do texto, criou outras e as costurou apresentando uma NOVA ideia, que não se alinha à ideia defendida por Ariano Suassuna. Vamos analisar a assertiva e verificar se as afirmações nela contidas se alinham ao que o texto apresenta ao longo de sua tessitura: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 31 1.ª afirmação - O autor do texto postula que o humor, na acepção por ele indicada, é qualidade distintiva de uma narrativa literária e incompatível com a ironia e o sarcasmo [...] Para analisar esta parte da afirmação, vamos primeiro entender o que ele diz e como isso aparece no texto: Qual é esta acepção de humor de indicada no texto? R. No texto, o fragmento que apresenta esta definição de humor está quando Suassuna retoma Lima Barreto: “Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de Assis ou impede ou mancha.” Neste caso, o humor não é apenas riso, mas também compaixão. O que este humor representa em um texto literário? R. É este tipo de humor apresentado no texto que seria qualidade distintiva de uma narrativa literária, ou seja, é a qualidade que distingue uma narrativa literária (dentre outras) e que esta é incompatível com a ironia e sarcasmo [...] 2.ª afirmação: [...] recursos de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu povo”. Esta afirmação vai além do que o texto de Suassuna afirma. Ao falar sobre as obras da literatura brasileira (Lima Barreto e de Machado de Assis) ele não pretende colocar a sua acepção de humor como sendo essencial a qualquer literatura. Ele tece comentários comparando a obra de Lima Barreto e de Machado de Assis, mas não generaliza modo de fazer literatura deste último estendendo-o aos demais. No mesmo trecho: MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 32 “Lima Barreto é nosso escritor mais puramente humorístico, tomada a palavra em seu verdadeiro sentido, que inclui, ao lado do riso, a compaixão, que a ironia de Machado de Assis ou impede ou mancha.” A assertiva da questão diz que a concepção de humor apresentada é qualidade distintiva à narrativa literária e incompatível com a “[...] ironia e o sarcasmo, recursos de uso frequente na literatura brasileira, especialmente entre os escritores com visão antinacionalista, referidos no texto como “escritores que desprezam o Brasil e seu povo”. Essa afirmação distorce a ideia do autor, pois em nenhum momento ele diz sua concepção de humor é incompatível com a ironia e sarcasmo. (Aliás, para quem conhece minimamente as obras de Ariano Suassuna, como o famoso Auto da compadecida sabe que ele próprio incorre a esses recursos.) No entanto, o fato de alguns autores - em especial machado de Assis, a quem a ironia é atribuída enquanto recurso - usarem de ironia e sarcasmo não é suficiente para fazer a afirmação genérica de que são “recursos de uso frequente na literatura brasileira”. Se observamos a opinião de Suassuna sobre Machado de Assis, ele chega a defendê-lo em dois momentos: 1.º Ao dizer que Millôr Fernandes considerou apenas uma obra para dizer o motivo de não incluir Assis “entre os dez maiores romances brasileiros.”“A meu ver, ao falar assim, Millôr Fernandes levou em conta apenas livros como Dom Casmurro, em que, na minha opinião, Machado incorre naquela miopia [...]” 2.º Ao comparar o personagem Quincas Borba (Machado de Assis) com Dom Quixote (Miguel Cervantes-). “Mas esqueceu de Quincas Borba, que inclui Machado de Assis na linhagem cervantina da literatura e em que a insânia de Rubião se aproxima da insânia do Cavaleiro da Triste Figura.” MODO HARD: AS QUESTÕES MAIS DIFÍCEIS Português CESPE www.voceconcursado.com.br © 2017 Professora Cláudia Abreu 33 Para responder esta questão, é preciso depreender a ideia geral do texto - e não fazer interpretação de modo isolado, uma vez que em questões de interpretação é o conjunto de ideias que determina a tese e posicionamento defendidos pelo autor. Portanto, este item é ERRADO. Gabarito 1 ERRADO 2 ERRADO 3 ERRADO 4 CERTO 5 Alternativa E 6 ERRADO 7 ERRADO 8 Alternativa B 9 Alternativa E 10 ERRADO #MODOHARD10 UMA RECOMPENSA POR TER CHEGADO ATÉ AQUI!! Adquira qualquer curso com 10% de desconto*. 1 *Apenas para os 100 primeiros. Veja como é fácil usar seu desconto: 1. Escolha o curso no site https://voceconcursado.com.br; 2. Cole o código abaixo antes de finalizar a compra. 10% OFF