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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Departamento de Entomologia e Acarologia Disciplina: Manejo Integrado de Pragas 26/03/2020 Metodologia : Avaliação do voo de Trichogramma pretiosum após aplicação de inseticida Alunos: Carla Mariane Marassatto (N° USP: 7606401) Alice dos Reis Fortes (Nº USP: 11712759) Vinicius Borges da silva (Nº USP 10655879) Rayana Mayara Rocha Carvalho Giovani Apolari Ghirardello (N° USP: 8019756) Taisa Pavani Gomes (Nº USP: 9479477) Barbara Castelano Santos (Nº USP:11958103) Letícia Gonçalves Gasparotto (Nº USP: 10630412) Introdução Espécies do gênero Trichogramma são utilizadas em vários estudos devido a sua eficácia no controle de diversos lepidópteros pragas, assumindo assim um importante papel no controle biológico de pragas (GARDEN et al., 2011; JIANG et al., 2019). De acordo com Knutson (2005) pelo menos 10 espécies de Trichogramma são comercializadas para uso de controle biológico inundativo em diversos cultivos como cana-de-açúcar, soja, algodão, frutíferas e florestais. Dentre as espécies do gênero Trichogramma, destaque pode ser dado para a espécie Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE), que na safra de 2014, foi utilizada em cerca de 250 mil hectares nas culturas de soja, algodão e milho, para o controle de ovos dos lepidópteros: Helicoverpa armigera Hübner (Lepidoptera: Noctuidae), Chrysodeixis includens Walker (Lepidoptera: Noctuidae) e Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Noctuidae) (PARRA, 2014). O Programa de manejo de pragas propõe a integração de diversas táticas de controle de organismos considerados como pragas agrícolas. Desta forma, o uso de inseticidas associados à liberação de agentes de controle biológico pode auxiliar os produtores a diminuir populações das pragas abaixo do nível de dano econômico. Nesta perspectiva, um ponto chave no sucesso da integração das táticas de controle é conhecer o efeito dos inseticidas sobre os inimigos naturais (EL-WAKEIL et al., 2013). O impacto dos inseticidas nos parasitóides não está ligado somente à mortalidade, em alguns casos pode causar efeitos negativos na biologia (SHOEB, 2010) e, na capacidade de parasitismo do inseto, afetando assim a habilidade de busca, oviposição e o tempo para reconhecimento do hospedeiro (WRIGHT e VERKERK, 1995). Deste modo, estudos que buscam avaliar a compatibilidade dos inseticidas com os controladores biológicos colaboram para o desenvolvimento de táticas para o manejo integrado de pragas (EL- SHAFIE, 2018), como a escolha do produto mais adequado (CONSOLI et al., 1998). Objetivo Avaliar o efeito de inseticidas utilizados no controle de H. armigera na capacidade de voo de T. pretiosum. Metodologia A população de ovos do parasitóide Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) será obtida à partir de uma colônia de trabalho presente no laboratório de biologia de insetos da ESALQ/USP. O hospedeiro utilizado será Anagasta kuehniella Zeller (Lepidoptera: Pyralidae). Para manutenção da população, adultos de T. pretiosum serão mantidos em tubos de vidro (9 x 2,5 cm) tampados na parte superior com filme plástico de PVC, contendo uma cartela com aproximadamente 150 ovos do hospedeiro com idade máxima de 24 horas, submetidos a um processo de inviabilização através da exposição dos mesmos a radiação ultravioleta (Stein & Parra, 1987). No processo de criação e manutenção de T. pretiosum, além dos ovos de A. kuehniella serão adicionadas gotas de mel nas bordas do tubo. A criação será mantida em condições de umidade e temperatura controladas (25 ± 1ºC, UR 60 ± 10% e fotofase de 14h). No ensaio, serão utilizados inseticidas comumente empregados no controle H. armigera, sendo eles: clorfenapir (Pirate®) nas doses de 144 e 288 g i.a. ha‑1; metoxifenozida (Intrepid®) nas doses 96 e 144 g i.a. ha-1 e acefato (Perito®) nas doses 776 e 970 g i.a. ha-1, respectivamente. As formulações de cada um dos produtos serão realizadas de acordo com as recomendações presentes na bula de cada um dos produtos comerciais. Cartelas contendo ovos de A. kuehniella serão submetidas à imersão na calda de inseticida por 5 segundos, colocando-as em temperatura ambiente até a completa secagem (IRAC, 2014; Paiva et al., 2018). Em seguida, serão disponibilizadas aos parasitoides por 24h em tubos individuais de vidro (8,5 x 1 cm). Verificada a ocorrência de parasitismo, as cartelas contendo ovos serão utilizadas para posterior teste avaliação da capacidade de voo dos adultos emergidos. Para realização dos testes de voo, será adotado o modelo ESALQ proposto por Prezotti et al. (2002). Esta unidade teste consiste de um cilindro de PVC (18 x 11 cm). O seu interior será pintado com tinta acrílica preta sobre uma camada de tinta látex branca, para facilitar a fixação da mesma. O fundo do tubo será então vedado com um plástico de preto e ajustado firmemente com um disco de isopor com espessura de 1 cm. A sobra do plástico preto será presa com elásticos ao redor do tubo para uma melhor vedação, além de evitar a fuga dos insetos. No tubo de PVC, diretamente na parede interna será feito um anel de cola a 3,5 cm da extremidade inferior através de um pincel, como forma de barreira para o caminhamento dos parasitoides. Na parte de cima do tubo, uma placa de Petri transparente será depositada para servir como uma tampa. A parte de dentro da placa será pincelada com cola, para servir como armadilha para os parasitoides que terão capacidade de realizar voo. Figura 1. Unidade experimental que será utilizada para os testes de voos. Fonte:PREZOTTI, L. (2002). No centro de cada unidade experimental, será fixado com fita dupla face um tubo de ensaio (9 x 2,5 cm) , contendo a cartela dos ovos de A. kuehniella parasitados e tratados com inseticidas. Cada unidade experimental será mantida em uma sala controlada com a temperatura de 25 ± 1°C e UR 60 ± 10%. O ambiente será constantemente iluminado durante o período do experimento. O experimento será realizado no delineamento de blocos casualizados (6 datas distintas), com 4 tratamentos (doses), com um total de 30 repetições. As variáveis analisadas serão: Número de insetos voadores (NIV); Número de insetos não voadores (NINV); Número de insetos no anel (NIA); Número de insetos com asas deformadas (NIAD). Análise de dados Os dados serão submetidos a testes de normalidade (Shapiro-Wilk), homocedasticidade (Levene), análise de variância (ANOVA) e para a comparação entre as médias será utilizado o do teste de tukey a 5% de significância. Para a realização das análises será utilizado o software R. Referências CÔNSOLI, F.L.; PARRA, J. R. P.; HASSAN, S. A. Side effects of insecticides used in tomato fields on the egg parasitoid Trichogramma pretiosum Riley, a natural enemy of Tuta absoluta (Meyrick) (Gelechiidae). Journal of Applied Entomology, v. 122, p. 43-47, 1998. EL-WAKEIL, N.; GAAFAR, N.; SALLAM, A.; VOLKMAR. Side effects of insecticides on natural enemies and possibility of their integration in plant protection strategies. Insecticides: Development of Safer and More Effective Technologies. Agricultural and Biological Sciences, p. 1-56, 2013. GARDNER, J.; HOFFMANN, M.P.; PITCHER, S.A.; HARPER, J.K. Integrating insecticides and Trichogramma ostriniae to control European corn borer in sweet corn: Economic analysis. Biological Control, v. 56, p. 9–16, 2011. IRAC, Insecticide Resistance Action Committee, 2014. Method No: 007: Leaf eating Lepidoptera and Coleoptera. Disponivel em: <https://www.irac- online.org/content/uploads/Method_007_v3.1_24july14.pdf > JIANG, J.G.; LIU, X.; ZHANG, Z.Q.; LIU, F.; MU, W. Lethal and sublethal impact of sulfoxafloron three species of Trichogramma parasitoid wasps (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Biological Control, v. 134, p. 32-37, 2019 KNUTSON, A. The Trichogramma manual: a guide to the use of Trichogramma for biological control with special reference to augmentative releases for control of bollworm and budworm in cotton. Texas Agricultural Extension Service, Texas A&M University System, p. 42, 2005. PAIVA, A.C.R.; BELOTI, V.H.; YAMAMOTO, P.T. Sublethal effects of insecticides used in soybean on the parasitoid Trichogramma pretiosum. Ecotoxicology, v. 27, p. 448-456, 2018. PARRA, J. R. P. Biological control in Brazil: an overview. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 71, n. 5, p. 345-355, 2014. PREZOTTI, L.; PARRA, J.R.P.; VENCOVSKY, R.; DIAS, C.T.S.; CRUZ,I.; CHAGAS, M.C.M. Teste de Vôo como Critério de Avaliação da Qualidade de Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae): Adaptação de Metodologia. Neotropical entomology, v. 31, p. 411-417, 2002. RODRIGUES, S.M.M.; SAMPAIO, M.V.; MIRANDA, J.E. Avaliação da capacidade de voo, parasitismo e emergência de linhagens de Trichogramma https://www.irac-online.org/content/uploads/Method_007_v3.1_24july14.pdf https://www.irac-online.org/content/uploads/Method_007_v3.1_24july14.pdf pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Arquivos do Instituto Biológico, v. 76, p. 749–753, 2009. SHOEB, M. A. Effect of some insecticides on the immature stages of the egg parasitoid Trichogramma evanescens. Egypt Acad J biolog Sci, v. 3, p. 31- 38, 2010. STEIN, C.P.; PARRA, J.R.P. Uso da radiação ultra-violeta para inviabilizar ovos de Anagasta kuehniella (Zeller, 1879) visando estudos com Trichogramma. An. Soc. Entomol. v. 16, p.229-234, 1987. WRIGHT, D.J.; VERKERK, R.H.J. Integration of chemical and biological control systems for arthropods: evaluation in a multitrophic context. Pesticide Science, Oxford, v. 44, p. 207-218, 1995.
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