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O Pensamento Sociológico de Durkheim

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13
UNIDADE 4.
O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE EMILE DURKHEIM
França
1858 – 1917
Principais obras:
As regras do método sociológico;
O suicídio;
A divisão do trabalho social.
Sociologia funcionalista: faz analogia entre a sociedade e o organismo humano.
- o organismo humano é constituído de diferentes órgãos com diferentes funções.
- a sociedade é constituída de diferentes instituições com diferentes funções
"O todo é mais do que a simples soma das partes".
Objetivo: Buscar a causa e a função do fato social.
Objeto de estudo da Sociologia
Fato social
O estudo científico da sociedade sofreu indiscutível impacto, no século XX, com a contribuição de Durkheim. Ele formulou, com firmeza e convicção, uma assertiva que fortemente repercutiu nas interpretações sociológicas. Qualificou, com efeito, o fato social como uma "coisa", e preconizou que, para estudá-lo, fossem aplicados os métodos e processos, isto é, os recursos experimentais empregados nas ciências exatas. Para a explicação do fato social havia a necessidade, segundo ele, de investigação das causas sociais, e não meramente históricas, psicológicas e biológicas.
O pensador francês, em defesa do seu ponto de vista, apresenta uma definição clara, compreensível e mesmo correta: "É fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter."
Características do fato social segundo Durkheim 
De sua definição podemos tirar as características específicas do fato social:
a) exterioridade, em relação às consciências individuais;
b) coercitividade, a coerção que o fato social exerce ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos; 
c) generalidade, em virtude de ser comum ao grupo ou à sociedade.
a) Exterioridade - O conceito de exterioridade dos fatos sociais baseia-se na concepção de Durkheim sobre consciência coletiva. Definida como o conjunto das maneiras de agir, de pensar e sentir, comum a um grupo e, portanto, produto da interação das consciências individuais dos membros de determinada sociedade, e que compõe a herança própria dessa sociedade. Essa herança persiste no tempo, transmitindo-se de geração em geração. As maneiras de pensar e de sentir são exteriores às pessoas, porque as precedem, transcendem e a elas sobrevivem. 
Exemplo: quando desempenhamos nosso papel de cidadãos, de filhos, de adeptos de determinada religião, ou de comerciantes estamos praticando deveres definidos fora de nós e de nossos hábitos individuais, no direito e nos costumes. 
Até mesmo quando essas leis e costumes estão de acordo com sentimentos que nos são próprios, e que nos levam a sentir, interiormente, sua realidade, esta não deixa de ser objetiva: não fomos nós que criamos essas leis e costumes, estes nos foram transmitidos através da educação. Como cidadãos, ao atingirmos determinada idade, devemos cumprir certos deveres para com o Estado, que é e independente da nossa existência particular. Como filhos, já encontramos estabelecidas as normas que regulam a instituição em nossa sociedade. Se nos tornarmos adeptos de uma determinada religião, constatamos que seus dogmas de fé e sua organização precederam a nossa existência e continuarão a existir, mesmo que as reneguemos. Como comerciantes, verificamos que a sociedade possui todo um código regulativo de nossa atividade nesse campo. Se viermos a falecer, o Estado, a instituição família, o credo religioso e o direito comercial continuarão a existir.
Essas características de anterioridade e posterioridade levam à conclusão de que os fatos sociais transcendem os indivíduos, estão acima e fora deles, portanto, independentes do indivíduo em particular.
b) Coercitividade - As normas de conduta ou de pensamento são, além de externas aos indivíduos, dotadas de poder coercitivo, porque se impõem aos indivíduos, independente de suas vontades. Quando, através da educação, aceitamos como válidas as maneiras de agir, de pensar e de sentir de nosso grupo, conformando-nos com eles, de bom grado, não sentimos essa coerção, pois ela se torna então inútil, o que não significa que deixe de existir. A força coercitiva aparece assim que tentamos opor resistência à mesma. 
Exemplo: ao atingirmos determinada idade, possuindo as qualificações que a lei determina. Se não quisermos exercer o direito e o dever de votar, ou a obrigação de prestar serviço militar (referente ao elemento masculino, na maioria das sociedades), esta coerção se fará sentir através das sanções legais de que lança mão a sociedade para punir a nossa atitude. Se, como comerciantes, deixarmos de cumprir as obrigações legais que temos para com os nossos fornecedores e clientes, a sociedade exercerá sanções que podem consistir, inclusive, em pena de prisão.
A coerção não necessita ser drástica. O riso, a zombaria, o afastamento dos amigos, são igualmente eficazes quando nosso comportamento não constitui transgressões às leis, mas às convenções da sociedade. Exemplo: não se portar corretamente à mesa, vestir-se inadequadamente, falar de modo impróprio.
As sanções podem ser também indiretas. No mundo dos negócios, se não usarmos as modernas técnicas para vencermos nossos concorrentes, a lei não nos punirá, mas provavelmente iremos à falência.
Os usos e costumes de uma sociedade não são estáticos, eles se transformam continuamente; alguns com maior, outros com menor rapidez. Geralmente, invenções que servem para aperfeiçoar ou facilitar a execução de um trabalho são imediatamente aceitas; a moda, praticamente, se modifica a cada ano; as regras de cortesia, geralmente, em cada década; a Constituição de um país perdura mais tempo e há necessidade de determinadas pressões ou de uma nova configuração da sociedade para mudá-la. Os dogmas e ritos religiosos são os que se modificam mais lentamente. Portanto, podemos verificar que no campo da cultura material as mudanças são mais rápidas do que no da espiritual.
As transformações significam que a sociedade possui inovadores elementos que, pela sua atitude individual, modificam as normas e costumes das sociedades, mas a coerção não deixa de existir. Todos os que, na realidade, quiseram libertar-se de regras, e o fizeram com sucesso, foram obrigados a lutar contra elas. Todo inovador sofre e sofrerá pressões sociais. 
A pressão dos fatos sociais manifesta-se de maneira direta ou indiretamente. 
É direta, por exemplo, quando o professor estabelece seus critérios de avaliação, aos quais o aluno é coagido a se adaptar para se sair bem na prova. Mas é indireta quando um empresário passa a utilizar computadores para administrar os seus negócios, pois ele faz isso pressionado pela concorrência, embora não exista nenhuma lei que o obrigue explicitamente.
A coerção pode também ser formal ou informal. É formal, como o próprio nome já diz, quando a obrigação e a punição pela transgressão estão estabelecidas formalmente. O Código Penal, por exemplo, apresenta um grande número coerções formais para diversos atos predefinidos. 
É informal quando é exercida espontaneamente pelas pessoas no seu dia a dia. Quando, por exemplo, uma pessoa chama a atenção de outra por tentar “furar” uma fila.
Finalmente, a coerção pode estar oculta. A pessoa que cumpre de bom grado e com satisfação as suas obrigações sociais não sente o peso da coerção sobre o seu comportamento. Uma pessoa que gosta de sua profissão, por exemplo, geralmente cumpre seus deveres com prazer, sem a necessidade de imposições. Mas a coerção nunca deixa de existir. Está sempre à espreita. 
c) Generalidade - A consciência coletiva, isto é, o conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, é característica geral de um dado grupo ou sociedade; dará feição particular a uma sociedade e permitirá distinguir, por exemplo, um brasileiro de um boliviano. Entretanto, Durkheim reconhecia a existência de duas consciências, sendo que a segunda, a consciência individual, manifesta-seatravés dos traços de caráter ou de temperamento e de acúmulo das experiências pessoais, o que permite uma relativa autonomia no uso e na adaptação das maneiras de agir, de pensar e de sentir. 
De acordo com a pessoa, essa consciência individual pode ser mais ou menos desenvolvida. Entretanto, o que interessa, ao analisar a característica de generalidade do fato social, é que a consciência coletiva, que é geral, pode impor-se às pessoas com maior ou menor força, isto é, deixando as consciências individuais com variados graus de autonomia. Nas sociedades "primitivas", a generalidade do fato social é vista com maior clareza, em virtude da homogeneidade de seus grupos componentes e do fato de a consciência coletiva dominar, quase totalmente, as consciências individuais. Nas sociedades modernas, tecnologicamente desenvolvidas, a generalidade do fato social continua a existir (é essencial para caracterizar o fato social), mas a relativa autonomia deixada às consciências individuais faz com que estas sociedades congreguem grupos que, sob determinados aspectos, possuam caracteres distintivos. Por esse motivo, podemos falar em certa divergência encontrada nos costumes de brasileiros do Norte e do Sul. 
Esta relatividade dos fatos sociais pode ser constatada nos seguintes exemplos: a maneira de encarar a instituição família variou, e varia, nos diversos países e entre as diferentes religiões. A cristã, por exemplo, foi a primeira a considerar o casamento um sacramento indissolúvel, influenciando a maioria das sociedades ocidentais.
Entretanto, deu-se a separação entre os poderes do Estado e os da Igreja, levando ao aparecimento, nos países do mundo ocidental cristão, do casamento civil; em decorrência deste, surge o divórcio (concedido com maior ou menor dificuldade), ou então o desquite. Por seu lado, em uma tribo africana, após a cerimônia, a mulher casada passa a usar brincos; e, quando os retira, indica simplesmente que não mais ama o marido, ocorrendo automaticamente a separação. Antigamente, eram os pais que escolhiam os cônjuges para seus filhos, na maioria das sociedades ocidentais; hoje, são os jovens que cortejam e tomam a iniciativa de propor casamento à moça de sua escolha. Todavia, em certas regiões do Oriente Próximo, além de a escolha ser feita pelos progenitores, o noivo, ainda hoje, só poderá ver o rosto da noiva no dia do casamento; entre determinadas tribos da África, cabe à mulher a iniciativa de fazer a corte ao homem de sua predileção. 
Para Durkheim, o fato social é geral ainda porque é "coletivo, isto é, mais ou menos obrigatório, e está bem longe de ser coletivo por ser geral. Constitui um estado de grupo porque se repete nos indivíduos e se impõe a eles. Está bem longe de existir no todo devido ao fato de existir nas partes, mas, ao contrário, existe em todas as partes porque existe no todo".
Corrente social e Instituição social
A corrente social estabelece maneiras coletivas de agir e pensar que determinam o comportamento dos indivíduos, que os obrigam a agir de uma determinada forma, mas não têm uma longa duração no tempo, ou seja, são efêmeras e instáveis. 
Um linchamento seria um bom exemplo desse tipo de fenômeno, se considerarmos que, na maioria das vezes, os participantes, individualmente, não seriam capazes de praticar tal ato. É o grupo, a coletividade, pela sua capacidade de coerção, que os leva a agir de uma determinada maneira em um dado momento. 
A instituição social, por sua vez, também estabelece maneiras de ser de ordem coletiva que determinam o comportamento dos indivíduos, mas nesse caso há uma durabilidade no tempo, uma permanência ou estabilidade. 
Um sistema religioso ou econômico estabelecido pode ser um bom exemplo desse tipo de fato social. Os dogmas de uma religião, que não foram criados por nenhum dos fiéis, se impõem de maneira estável e contínua no tempo, coagindo as pessoas a os aceitarem. 
Há uma relação importante entre esses dois tipos de fenômenos. Muitas vezes um movimento social se inicia como maneira de agir e pode vir a se institucionalizar. 
Por exemplo, um movimento religioso de caráter momentâneo (um grupo de pessoas que se reúne para ouvir um líder carismático, por exemplo) pode vir a se estabelecer como uma nova religião organizada, estável e permanente.
Teríamos bons exemplos também no caso da “língua” que falamos. A língua portuguesa, em sua versão formal, apresenta uma série de padrões e regras fixos, estáveis e, até mesmo, codificados. Nesse aspecto, seria uma “maneira de ser”. 
Por outro lado, a língua usada no dia-a-dia é viva e está em constante processo de transformação. Novas palavras, gírias, novas sintaxes, novas formas verbais surgem o tempo todo. Nesse aspecto, a língua estaria recheada de “maneiras de agir” passageiras e efêmeras. 
É interessante observar que muitas dessas, digamos, “maneiras de agir linguísticas” se transformam em “maneiras de ser” à medida que vão sendo incorporadas à língua padrão, à gramática e ao dicionário. 
A dualidade dos fatos morais 
Fatos morais ou sociais são externos em relação aos indivíduos e, portanto são estranhos a eles em alguma medida. No mínimo são coisas que não foram criadas pela pessoa e assim podem diferir mais ou menos de seu pensamento. Além disso, esses fatos externos e “estranhos” têm a capacidade de exercer coerção, isto é, podem se impor aos indivíduos como uma obrigação. 
Desse ponto de vista, a sociedade, as regras e a moral aparecem como realidades que constragem o indivíduo, que limitam a sua ação e a possibilidade de realização de suas vontades. Viver em sociedade representaria, assim, um sacrifício ou, no mínimo, um incômodo. 
Mas esse é apenas um dos lados dessa questão. Se a sociedade e a moral só tivessem esse lado negativo e coercitivo, seria muito difícil explicar a existência da ordem social. 
É sabido que nenhum grupo ou sociedade pode sobreviver por muito tempo com base apenas na coerção. Pessoas muito insatisfeitas são capazes de enfrentar qualquer tipo de perigo para encontrarem uma saída. Basta observar que mesmo nos regimes políticos muito fechados, mantidos pela violência, a resistência não deixa de existir e, na maioria das vezes, leva o sistema à ruína. 
Os fatos sociais ou morais não são apenas obrigações desagradáveis que temos que seguir independentemente de nossa vontade. São também coisas que queremos e necessitamos. Nesse caso, a coerção deixa de se fazer sentir, se transforma em respeito. Aquilo que antes era uma obrigação se transforma em um dever. Algo que poderia ser visto como um sacrifício passa a ser visto como um prazer.
Isso acontece porque o indivíduo não se realiza fora da sociedade ou do grupo. Só entre outras pessoas, num meio onde exista ordem e um conjunto de instituições morais reguladoras do comportamento coletivo, o indivíduo pode encontrar segurança (tanto física como psicológica) e tranqüilidade para levar a sua vida. 
Por isso, ou seja, em retribuição a essa segurança, o indivíduo passa a ver a sociedade não como um conjunto de obrigações estranhas a ele, mas como um conjunto de direitos e deveres que ele precisa e, acima de tudo, quer respeitar. 
Coesão, solidariedade e os dois tipos de consciência 
A “solidariedade social”, para Durkheim, é formada pelos laços que ligam os indivíduos, membros de uma sociedade, uns aos outros formando a coesão social. 
Há dois tipos diferentes de solidariedade social. Esses tipos têm relação com o “espaço” ocupado na mentalidade dos membros da sociedade pela consciência coletiva e pela consciência individual. 
A consciência coletiva é representada pelo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria”. São as crenças, os costumes, as idéias que todos que vivem em um mesmo grupo compartilham uns com os outros. 
A consciência individual é aquilo que é próprio do indivíduo, que o faz diferente dos demais. São crenças, hábitos, pensamentos, vontades que não são compartilhados pela coletividade, masque são especificamente individuais. 
Solidariedade mecânica ou por semelhanças 
A consciência coletiva recobre “espaços” de distintos tamanhos na consciência total das pessoas de acordo com o tipo de sociedade onde elas vivem. Assim, quanto maior for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total das pessoas em uma sociedade, mais a coesão, nessa mesma sociedade, origina-se da conformidade e da semelhança existente entre seus membros. Nesse caso, segundo Durkheim, a ordem social se fundamenta na “solidariedade mecânica”. 
Isto é, quanto maior a consciência coletiva mais os indivíduos se parecem uns com os outros e, portanto se ligam, se aproximam por terem os mesmos pensamentos, os mesmos costumes, acreditarem nas mesmas coisas, etc. A coesão, ou solidariedade, resulta das semelhanças. 
Solidariedade orgânica ou por interdependência funcional 
Quanto menor for o “espaço” ocupado pela consciência coletiva em relação à consciência total das pessoas em uma sociedade, ou quanto maior for a “área” ocupada pela consciência individual, mais a coesão se fundamenta nas diferenças existentes entre os indivíduos.
Se a consciência individual é maior numa sociedade, os indivíduos são diferentes uns dos outros e a solidariedade só pode surgir da percepção geral de que cada um, com suas especialidades, contribui de uma maneira diferente, e importante, para a sobrevivência do todo, ao mesmo tempo que depende dos demais membros, especialistas em outras funções. É essa rede de funções interdependentes que promove a solidariedade orgânica. 
Os indicadores dos tipos de solidariedade 
Durkheim não podia visualizar “a olho nu” qual tipo de solidariedade seria predominante em uma sociedade dada. A solidariedade, como um fenômeno moral, só seria identificada a partir de algum indicador que a fizesse visível. 
Os tipos de normas do direito indicam, para Durkheim, o tipo de solidariedade que predomina em uma sociedade.
Direito Repressivo: A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto é que o criminoso agride uma regra social importante para a coletividade e, portanto, merece um castigo de intensidade equivalente a seu erro. 
Assim, quanto mais o direito tende a essa forma repressiva (direito penal), mais forte e abrangente é a consciência coletiva em uma sociedade. É assim porque todo erro que é punido repressivamente representa uma agressão contra a sociedade como um todo e não contra uma parte dela apenas. 
A preocupação principal desse tipo de direito é punir aquele que não cumpre determinada norma social através da imposição de dor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto é que o criminoso agride uma regra social importante para a coletividade e, portanto, merece um castigo de intensidade equivalente a seu erro. 
Assim, quanto mais o direito tende a essa forma repressiva (direito penal), mais forte e abrangente é a consciência coletiva em uma sociedade. É assim porque todo erro que é punido repressivamente representa uma agressão contra a sociedade como um todo e não contra uma parte dela apenas. 
Direito Restitutivo: A preocupação principal nesse tipo de direito é fazer com que as situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. 
Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo, mas apenas uma função específica desempenhada nela. Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva, maior é a diferenciação individual. 
A preocupação principal nesse tipo de direito é fazer com que as situações perturbadas sejam restabelecidas e retornem ao seu estado original. Ao infrator cabe, simplesmente, reparar o dano causado. 
Isso acontece porque o dano causado não afeta a sociedade como um todo, mas apenas uma função específica desempenhada nela. Quanto maior é a participação do direito restitutivo em uma sociedade, menor é a força e a abrangência da consciência coletiva e maior é a diferenciação individual. 
Portanto, ao identificar o tipo de direito que predomina em uma sociedade, estamos identificando o tipo de solidariedade existente. Assim, quando maior quantidade de normas for mantida pela consciência coletiva predominará o direito repressivo (solidariedade mecânica). Quando houver baixo predomínio de normas que dizem respeito à sociedade como um todo, teremos o direito restitutivo (solidariedade orgânica). 
A QUESTÃO DO MÉTODO
Os fenômenos sociais devem ser tratados como coisas.
 “A coisa se opõe à idéia, como se opõe entre si tudo o que conhecemos a partir do exterior e tudo o que conhecemos a partir do interior. É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais profundos".
Assim, se é da natureza dos fatos sociais serem tratados como coisas, eles podem e devem ser estudados objetiva e cientificamente.
(Lembrar seu trabalho sobre “O Suicídio”, no qual o autor, como bom judeu, enfatiza o papel da coesão grupal para classificá-lo como egoístico, altruístico e anômico).
Explicam-se os fatos sociais por causas sociais. 
“Quando procuramos explicar um fenômeno social, é preciso buscar, separadamente, a causa eficiente que o produz e a função que desempenha....”.
A causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os estados de consciência individual. A função de um fato social deve ser sempre buscada na relação que mantém com algum fim social.
Durkheim usou o termo função, em vez de fim ou objetivo, por considerar que os fenômenos sociais, em geral, não existem visando aos resultados úteis que possam produzir. Segundo o autor, é necessário determinar se há uma correspondência entre o fato que se considera e as necessidades gerais do organismo social em que consiste esta correspondência, sem que a preocupação seja descobrir se é intencional ou não. Exemplo: um indivíduo seqüestra e mata uma criança, apesar de ter recebido resgate de seus pais; descoberto, é preso e condenado a uma longa pena: o castigo é uma reação social devido à intensidade dos sentimentos coletivos causada pelo crime. O castigo tem, por outro lado, uma função útil: manter esses sentimentos em determinado grau de intensidade, pois, sem isso, se exacerbariam, podendo, inclusive, ocorrer o linchamento do culpado. 
Os fatos sociais são interdependentes. 
As transformações que se produzem no meio social, "sejam quais forem as causas, repercutem em todas as direções do organismo e não podem deixar de afetar mais ou menos todas as suas funções". Exemplo: o PIS (Plano de Integração Social), determinação que emanou do setor administrativo do Estado (setor político) alterou a configuração das empresas (setor econômico). 
São inegáveis os serviços prestados por Durkheim aos estudos sociais em geral, graças ao seu esforço de delimitação do conceito de fato social e do realce que deu aos respectivos característicos de coercitividade e exterioridade. Há quem o acuse de não ter reconhecido suficientemente a importância da historicidade e das contribuições psicológicas individuais. É certo, porém, que em seus trabalhos não negou nem uma coisa nem outra, e que também não esqueceu o papel da interação. Outro mérito seu reside no empenho em classificar e situar adequadamente as diversas modalidades de estudos sociais e em propor uma metodologia para tais estudos.
A Divisão do Trabalho Social
Introdução
A origem deste estudo:
Por que quanto mais civilizado, tanto mais dependente o indivíduose torna da sociedade?
Como se processa o fato de que, embora tenha se tornando mais autônomo, o indivíduo depende mais estreitamente da sociedade? 
Para responder estas indagações é preciso mostrar as relações existentes entre a personalidade individual e a solidariedade social.
Esta aparente antinomia tem como causa a transformação da solidariedade social, devida ao desenvolvimento sempre crescente da divisão do trabalho.
"Adam Smith foi o primeiro a fazer uma teoria sobre a divisão do trabalho. Foi ele quem criou esta palavra, que a ciência social depois emprestou da biologia".
"Mas a divisão de trabalho não é específica ao mundo econômico. Pode-se observar sua influência crescente, nas mais diferentes esferas da vida social. Estamos longe do tempo em que a filosofia era a única ciência, ela fragmentou-se numa multiplicidade de disciplinas especiais, cada uma destas tendo seu objeto, seu método e seu espírito”.
Sabe-se que a lei da divisão do trabalho se aplica tanto aos organismos como às sociedades; pode-se mesmo dizer que um organismo ocupa um lugar na escala animal tanto mais elevado quanto as funções nele são mais especializadas.
Embora a divisão do trabalho faça com que os homens se especializem também parece sempre temer que eles se especializem demais. 
“Ao lado das máximas que elogiam o trabalho intensivo, há outras, não menos difundidas, que lhe assinalam os perigos”.
Este trabalho contém três partes principais:
1a. funções da divisão do trabalho, isto é, à quais necessidades sociais ela responde
2a. as causas e as condições das quais ela depende
3a. porque ela teria sido objeto de acusações tão severas.
Funções da divisão do trabalho social
Nada parece mais fácil, à primeira vista, do que determinar o papel da divisão do trabalho. Ela aumenta tanto a força produtiva como a habilidade do trabalhador; ela é a condição necessária do desenvolvimento intelectual e material das sociedades; ela é a fonte da civilização.
Ela produz uma função social que é a de criar entre duas ou mais pessoas um sentimento de solidariedade chamada - solidariedade orgânica. Este sentimento é decorrente da interdependência funcional gerada pela divisão do trabalho e que, nas sociedades industriais, está baseada na especialização de tarefas. Portanto, se por um lado, ela provoca um afastamento entre as pessoas, por outro cria uma interdependência funcional chamada de solidariedade orgânica.
Diferentes especializações e diferentes tarefas estabelecem diferenças de mentalidades Isto faz com que as pessoas percam o prazer da companhia umas das outras.
Solidariedade mecânica ou por similitude
(nome dado em alusão aos elementos que compõem os corpos brutos).
Para Durkheim, era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam através da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.
Solidariedade orgânica
(Nome dado em alusão aos elementos que compõem os corpos vivos).
É aquela típica das sociedades “capitalistas, onde, através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes”.
Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo em que os indivíduos são, mutuamente, dependentes cada qual se especializa numa atividade e tende a. desenvolver maior autonomia pessoal.
Causas da divisão do trabalho social
Busca da felicidade = satisfação de necessidades. (Quanto mais divide o trabalho tanto mais aumenta o rendimento).
Desaparecimento da estrutura segmentaria = o aumento da divisão do trabalho é devido ao fato dos segmentos sociais perderem a sua individualidade. Estabelece-se uma aproximação entre as partes da massa social que até então não se afetavam reciprocamente.
Aumento do volume social = na medida em que, numa determinada sociedade, os vários segmentos passam a interagir uns com os outros, temos também aumentado o número de pessoas que entram em contato direto ou indireto.
Aumento da densidade moral = densidade moral pode ser traduzida por competitividade.É o intercambio ativo resultante do contato entre indivíduos.é produto da ação e reação de uns sobre os outros.
Busca de maior especialização = o trabalho se divide mais porque a luta se torna mais ardente. A concorrência se torna mais viva quanto mais semelhança houver entre as profissões - daí a necessidade da evolução da divisão do trabalho.
Divisão Anômica do Trabalho
Todo excesso é um mal, assim como a insuficiência.
A divisão do trabalho é um fenômeno normal, mas apresenta formas patológicas.
(anomia = impossibilidade de o indivíduo responder as expectativas do grupo).
Alienação - sentimento de inutilidade provocado pela perda de visão global decorrente do excesso de divisão do trabalho.
Exploração = sentimento de utilidade não recompensado adequadamente pelo salário. É decorrente do antagonismo capital / trabalho.
Considerações Finais
A divisão do trabalho é resultado da luta pela sobrevivência, mas não é, necessariamente, uma solução. Graças a ela os rivais não são obrigados a se eliminar mutuamente, mas podem coexistir uns ao lado dos outros.
Uma indústria não pode viver se ela não responder a alguma necessidade. Uma função não pode especializar-se se esta especialização não corresponde a alguma necessidade da sociedade. Assim, toda nova especialização tem por objetivo melhorar e aumentar a produção.
Todavia o excesso de especialização pode provocar a divisão anômica do trabalho.
Leitura Complementar
A depressão, enquanto fenômeno cultural
A depressão, enquanto fenômeno cultural, configurou-se de um modo particular nas sociedades modernas.
Ferreira e Tourinho elencam aspectos centrais que constituem a depressão e presumem algumas variáveis culturais relacionadas ao fenômeno. 
As sensações de “apreensão quanto ao futuro” e de “incompetência e fracasso” poderiam estar relacionadas com a maneira pela qual a infância e a adolescência são vividas modernamente. 
Considerando que, nessas fases, os indivíduos não exercitam muitas das atividades exigidas na vida adulta, uma sensação de “apreensão quanto ao futuro” e de “incompetência e fracasso” para lidar com as novas contingências futuras parece ser um produto colateral previsível. Talvez, por essa razão, observa-se que a adolescência seja um período crítico para início de sintomas psicopatológicos.
Outro fator cultural que presumivelmente produz uma constante sensação de “incompetência e fracasso” são as contingências organizadas numa sociedade individualizada. Os indivíduos são requisitados a tomar suas decisões e fazer suas escolhas de modo independente e autônomo e lhes é ofertada, no mundo moderno industrializado, uma gama cada vez mais ampla de possibilidades de consumo e de cursos de vida.
Eles passam a ter de lidar, portanto, com o “peso” das renúncias feitas, das possibilidades perdidas, das vidas não vividas.
Isso é particularmente aversivo numa sociedade que atribui ao indivíduo, tido como independente dos demais, a responsabilidade pelo próprio sucesso ou fracasso.
Como a concepção de indivíduo, na modernidade, é de um ser cuja natureza não se constrói na relação com os outros, a medida em que a sociedade enaltece demonstrações de autonomia e independência, é comum observar padrões de comportamento socialmente recriminados serem considerados expressão de uma natureza ou personalidade do indivíduo.
A partir da constatação de que práticas existentes nas sociedades ocidentais modernas estavam produzindo indivíduos tristes, insatisfeitos e deprimidos, Skinner colocou uma questão que se tornou título do artigo O que Há de Errado com a Vida Cotidiana no Mundo Ocidental? Sugerindo como resposta:
Muitos daqueles que vivem nas democracias ocidentais desfrutamde um grau razoável de fartura, liberdade e segurança. Mas eles têm os seus próprios problemas. Apesar de seus privilégios, muitos estão aborrecidos, inquietos ou deprimidos. Não estão desfrutando suas vidas. Não gostam daquilo que fazem: não fazem aquilo que gostam. Numa palavra, estão infelizes. Este não é o problema mais sério do mundo, mas pode-se dizer que é um problema definitivo. 
Como decorrência desse recorte, o autor se lança ao exercício de identificar e interpretar, com base nos princípios da Análise do Comportamento, práticas culturais existentes na “vida cotidiana do mundo ocidental” que poderiam responder à questão “o que há de errado?”. O termo “errado” faz especial sentido porque Skinner parte do reconhecimento que o way of life ocidental é aquele cobiçado pela maioria do mundo. Portanto, já de início, Skinner indica seu ponto de partida: as mesmas práticas culturais exaltadas por produzirem bem-estar e felicidade são também produtoras de tédio, indiferença, insatisfação e depressão.
Ao desenvolver essa análise e enfrentar a questão do que precisaria ser mudado para que os indivíduos dessas culturas tivessem outros sentimentos, Skinner faz uma distinção entre dois efeitos do reforçamento: o de prazer e o de fortalecimento. 
Eu farei uma distinção entre os efeitos de prazer e de fortalecimento. Eles ocorrem em momentos diferentes e são sentidos como coisas diferentes. Quando nos sentimos satisfeitos, não estamos necessariamente sentindo uma maior inclinação para nos comportarmos do mesmo modo. . . . Por outro lado, quando repetimos um comportamento que foi reforçado, não sentimos o efeito prazeroso que sentimos no momento que o reforçamento ocorreu. Prazeroso parece ser a palavra do cotidiano que é mais próxima a reforçador, mas ela cobre apenas metade do efeito. (Skinner, 1986, p. 569 [92])
A partir da análise desses dois efeitos, Skinner analisa cinco práticas culturais responsáveis por esses comportamentos. São elas: 
1. Alienação do trabalhador; 
2. Assistencialismo; 
3. Seguimento disseminado de conselhos; 
4. Seguimento de regras éticas e leis; 
5. Promoção de comportamentos passivos.
Alienação do trabalhador
Ao analisar a alienação do trabalhador, Skinner argumenta que o processo de industrialização envolveu uma separação entre o comportamento de trabalhar e o tipo de consequências imediatas que modelavam e mantinham o comportamento do trabalhador, ou seja, as consequências imediatas e intrínsecas que eram contingentes ao trabalhar deixaram de existir. 
Enquanto nas sociedades pré-capitalistas os indivíduos emitiam respostas variadas ao trabalhar (um artesão, por exemplo, fazia a sola do sapato, tratava o couro, construía fôrmas, colocava o couro nestas fôrmas, costurava o couro na sola, etc. até que o sapato estivesse pronto), nas sociedades industriais assistiu-se à especialização do trabalho. 
A Revolução Industrial trouxe consigo o início da era da repetição de um único comportamento no mundo do trabalho (vide a crítica contida na célebre cena do operário autômato de Chaplin que repete, inesgotavelmente, o gesto de apertar parafusos, mesmo quando não está diante deles na esteira de produção). Assim, as contingências de reforçamento de variabilidade comportamental foram substituídas por contingências de reforçamento de estereotipia comportamental.
Como esse arranjo de contingências produz uma tendência de enfraquecimento do comportamento, pois mesmo o que se gosta de fazer perde o valor reforçador intrínseco quando exposto à repetição. Entretanto, o trabalhador se dedica para evitar perder o emprego, mas é acompanhado de sensações de insatisfação, desânimo, infelicidade, tédio e pouca inclinação a agir, aspectos estes presentes na depressão. Além disso, a industrialização envolveu a substituição gradativa de trabalho humano por mecânico. Mais recentemente na história do capitalismo, o desenvolvimento tecnológico levou à construção de aparatos para poupar nossos esforços e aumentar a velocidade na execução de tarefas cotidianas; afinal, “time is money”. 
Como aponta Skinner:
Considere a extensão na qual os mecanismos que economizam trabalho nos tornaram apertadores de botões. Nós apertamos botões em elevadores, telefones, painéis, vídeos, máquinas de lavar, fornos, máquinas de escrever e computadores, tudo em troca de ações que teriam pelo menos um pouco de variedade.
Vale destacar que o artigo O que Há de Errado com a Vida Cotidiana no Mundo Ocidental? data de meados da década de 1980 e que, de lá para o momento atual, o desenvolvimento tecnológico sofreu uma aceleração nunca antes vista, especialmente na área das tecnologias de informação e de sistemas de comunicação, cujo impacto colocou a sociedade capitalista-moderna em um novo estágio, denominado pós-modernidade. Por conseguinte, a ocupação “apertadores de botões” alastrou-se na esfera diária, restringindo ainda mais a variabilidade comportamental e acelerando de maneira inédita o tempo cotidiano. Esses dois aspectos, que têm início na modernidade e se relacionam com a produção de padrões deprimidos, intensificaram-se na pós-modernidade.
Assistencialismo 
Ao valorizar o “fazer pelo outro”, muitas vezes promove ações de ajuda quando o outro teria condições de fazer por si próprio.
Assim, impedem-se o fortalecimento de comportamentos autônomos úteis na vida dos que recebem assistência e a oportunidade de engajamento em atividades prazerosas. No afã de poupar indivíduos do esforço de responder, de frustrações com as quais terão de lidar e de enfrentar e resolver problemas, impossibilita-se que eles venham a ter contato com consequências que fortalecem comportamentos. 
Sabe-se, por exemplo, que se atribui um valor maior para um produto quando este é produzido pelo próprio indivíduo do que quando é feito por outra pessoa. Práticas benevolentes correm o risco de fortalecer classes de comportamentos mais passivos, como solicitar ajuda, queixar-se de incompetência para fazer, dizer que não sabe fazer e autodepreciar-se. Um déficit de repertório para agir associado com excesso de verbalizações de queixas por incapacidades e sentimentos de desmotivação e inutilidade, são aspectos descritos no diagnóstico de depressão.
Seguimento disseminado de conselhos
É caracterizada “quando as pessoas fazem coisas apenas porque se disse a elas para o fazerem... Nas culturas ocidentais houve uma grande expansão deste comportamento “governado por regras’”. 
Segundo Skinner: “as pessoas compram o carro que se aconselhou que comprassem; elas veem o filme que se disse que vissem, elas compram na loja que se disse a elas que comprassem”. O excesso de comportamento governado por regras é mais uma fonte de restrição de variabilidade. 
Seguimento de regras éticas e leis 
Refere-se ao comportamento governado por regras, mas, neste caso, a regras que são seguidas para agradar ou evitar desagradar os outros, chamadas de “leis”, enquanto as regras que foram descritas anteriormente são denominadas “conselho”. Esse tipo de controle, é chamado de “controle por regras éticas”. Isso ocorre primordialmente para evitar punição. Além disso, como as práticas culturais mudam mais rapidamente do que as regras e as leis, as pessoas geralmente “fazem o que é certo” por razões que não são mais vantajosas para ninguém.
Promoção de comportamentos passivos 
É o reforçamento excessivo de comportamentos “passivos”. As culturas ocidentais foram tornando-se exímias provedoras de consequências imediatas e prazerosas. Coisas atraentes, cativantes, curiosas, divertidas, gostosas e encantadoras são produzidas e cobiçadas como objetos de diversão, mas elas reforçam pouco mais do que olhar, saborear, assistir, ler e ouvir.
Em suma, as práticas culturais do ocidente produziram um enfraquecimento do comportamento ao sacrificar as consequências fortalecedoras pela promoção de consequências meramente agradáveis; ao substituir reforçadores naturais por reforçadores arbitrários, condicionados e generalizados; ao distender a relação temporal entre respostae consequência (como no caso do seguimento de regras); e ao promover estereotipia comportamental no lugar de variabilidade.
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