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Doação: Conceito, Características e Espécies

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4. DOAÇÃO 
 
4.1. Base legal: Arts. 538 e ss. do CCB. 
 
4.2. Conceito: 
 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, 
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
 
As partes são, portanto, o doador [aquele que transfere o bem] e o donatário 
[que recebe o bem]. 
 
4.3. Características: 
 
a) Unilateral/Gratuito; 
b) típico; 
c) consensual; 
d) nominado; 
e) formal ou não: 
 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. 
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens 
móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. 
 
f) De adesão, na medida em que ao donatário cabe apenas anuir ou não à liberalidade do 
doador; 
 
4.4. Aceitação da doação: Pode ser expressa, tácita ou presumida [nos casos de doação pura]. 
 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou 
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro 
dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a 
encargo. 
 
Consequentemente, caso o donatário permaneça silente, deixando 
transcorrer o prazo assinalado para a manifestação da aceitação, o contrato 
restará aperfeiçoado, podendo o donatário, inclusive, reivindicar a coisa 
doada. 
 
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu 
representante legal. 
 
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, 
desde que se trate de doação pura. 
 
4.5. DOAÇÕES PROIBIDAS: 
 
a) Doação Mortis Causa: Considerada como aquela quem que o doador prevê a 
transferência de parte do seu patrimônio, a título gratuito, para depois da sua morte, é 
tida, pela maior parte da doutrina, como inadmissível, em razão de a legislação civil 
não prever tal possibilidade, bem como por conta do sistema sucessório brasileiro 
prever a figura do testamento. 
 
b) Doação Inoficiosa: Aquela que importa em violação da legítima dos herdeiros 
necessários. 
 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o 
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. 
 
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da 
metade da herança. 
 
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o 
cônjuge. 
 
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade 
dos bens da herança, constituindo a legítima. 
 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade 
dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. 
 
§1º. A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no 
testamento. 
 
Nota: Por ser nula de pleno direito, a declaração de sua nulidade não se 
submete a prazo nenhum, em razão do art. 169 do CCB. 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem 
convalesce pelo decurso do tempo. 
 
No entanto, defende Pablo Stolze que, caso os prejudicados pretendam 
reparação de danos ou a reivindicação da coisa, deverão fazê-lo no prazo 
prescricional específico ou no geral de dez anos, na forma do art. 205 do 
CCB. 
 
c) Doação universal: Aquela que compreende todo o patrimônio do doador sem a 
reserva mínima para sua mantença: 
 
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda 
suficiente para a subsistência do doador. 
 
4.6. Espécies de doação: 
 
a) Pura: traduz simples liberalidade; 
b) Com fatores eficaciais: Sujeita a condição, termo ou encargo; 
c) Contemplativa: Aquela em que o doador indica ou justifica as razões que o levaram a 
doar. Pode ser espécie de doação pura. 
d) Remuneratória: Feita em retribuição a serviços prestados pelo donatário. 
 
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não 
perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, 
ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao 
encargo imposto. 
 
e) Conjuntiva: Feita a mais de uma pessoa em conjunto: 
 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de 
uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. 
 
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, 
subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. 
 
f) Com cláusula de reversão: Aquela em que o doador determina o retorno do bem 
alienado ao seu patrimônio, caso o donatário venha a falecer antes dele. 
 
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu 
patrimônio, se sobreviver ao donatário. 
 
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. 
 
g) Doações mútuas: As partes são, simultaneamente, doadoras e donatárias. 
h) Doação sob forma de subvenção periódica: O doador se compromete a prestar algo, 
periodicamente, ao donatário. 
 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado 
extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não 
poderá ultrapassar a vida do donatário. 
 
i) Doação disfarçada: Forjada, simulada ou que frauda à lei. 
 
4.7. Doação entre companheiros e concubinos. 
 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada 
pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois 
de dissolvida a sociedade conjugal. 
 
OBS: Notas sobre união estável [art. 1.723] e concubinato [1.727]. Distinções e implicações 
jurídicas. 
 
 
DECISÃO 
Quarta Turma anula doação de imóveis feita por cônjuge adúltero para concubina 
 
Acompanhando o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Quarta Turma do Superior 
Tribunal de Justiça (STF) reformou acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que 
havia julgado improcedente uma ação de nulidade envolvendo a doação de imóveis do casal 
feita por cônjuge adúltero em favor da concubina. 
Mãe e filho requereram a anulação da transferência de imóveis doados pelo ex-marido e pai para 
a concubina, com quem teve dois filhos, descobertos após seu falecimento. O casal se divorciou 
em 1989, e a ação ordinária de nulidade de ato jurídico contra a concubina foi ajuizada em 
dezembro de 1997, quase dois anos após a morte do ex-marido, ocorrida em fevereiro de 1996. 
De acordo com os autos, parte do “considerável patrimônio” construído durante os 46 anos de 
casamento em regime de comunhão universal de bens foi transferida à concubina mediante 
procuração que já havia sido revogada pela ex-esposa. 
O tribunal paulista julgou a ação improcedente, ao entendimento de que o prazo decadencial 
para contestar doações fraudulentas, por força do artigo 1.177 do Código Civil de 1916, é de 
dois anos contados da data em que dissolvida a sociedade conjugal. Como a dissolução se deu 
em 1989 e a ação foi proposta em 1997, há muito já transcorrera o lapso decadencial, terminado 
em 1991. 
No recurso ao STJ, mãe e filho sustentaram, entre outros pontos, que em ação proposta por 
herdeiro preterido a prescrição é de 20 anos; que os atos de transmissão da propriedade dos 
bens são nulos de pleno direito, pois houve revogação do mandato antes mesmo da lavratura 
das escrituras; e que a nulidade absoluta não se sujeita à prescrição, pois o vício de 
consentimento não se confunde com sua ausência absoluta. 
 
Sem poderes 
Citando doutrina e precedentes, o ministro Luis Felipe Salomão detalhou a distinção entre 
direitos potestativos e subjetivos e reconheceu que o prazo decadencial para o cônjuge ou seus 
herdeiros necessários anular a doação feita pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice é de dois 
anos, a partir da data do divórcio ou da anulação da sociedade conjugal. 
Para o relator, no entanto, o caso em questão é peculiar, pois requer a anulação de doação 
praticada por quem não dispunha de poderes para efetuar o negócio jurídico discutido na ação. 
Segundo Salomão, a controvérsia consiste em saberse o prazo para anulação de transmissão de 
imóvel efetuada com procuração previamente revogada submete-se à decadência ou se constitui 
nulidade de pleno direito que atinge todos aqueles que não agiram de boa-fé. A resposta, 
acrescentou, é a segunda hipótese. 
Para ele, o prazo decadencial é para anulação de contrato por vício de consentimento, e não 
para ausência de consentimento. Consequentemente, a invocação desses dispositivos pelas 
instâncias ordinárias se torna inadequada, pois a procuração utilizada pelo doador já havia sido 
revogada, resultando em venda a non domino (venda realizada por quem não tem poder de 
disposição sobre a coisa). 
Em tal situação, entendeu o ministro, o que emerge como vício é a completa falta de legitimação 
do alienante, que consiste na inaptidão específica para determinado negócio jurídico. 
Imprescritível 
Luis Felipe Salomão ressaltou em seu voto que a Terceira Turma já firmou entendimento de que 
a ausência de consentimento em transferência de imóvel pertencente ao patrimônio do casal é 
ato jurídico absolutamente nulo e, por isso, imprescritível. 
Assim, prevalece a tese dos recorrentes de que houve error in procedendo, o que torna a 
demanda imprescritível e justifica a anulação dos atos processuais a contar da sentença para 
propiciar a regular instrução do processo e o enfrentamento das questões de fato e de direito 
pelas instâncias ordinárias. 
“Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial para anular o acórdão recorrido e a 
sentença, para que o feito tenha regular instrução, propiciando o adequado enfrentamento das 
teses expostas na exordial, assim como o exercício da ampla defesa e do contraditório pelas 
partes litigantes”, concluiu o relator. A decisão foi unânime. 
O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial. 
 
 
4.8. Revogação da doação: Ocorre quando o doador, verificando a ocorrência de alguma 
situação prevista em lei, manifesta-se contrariamente à liberalidade anteriormente concebida, 
tornando sem efeito a doação. 
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por 
inexecução do encargo. 
 
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: 
 
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de 
homicídio doloso contra ele; 
II - se cometeu contra ele ofensa física; 
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este 
necessitava. 
 
Segundo Rosa Maria de Andrade Nery e Nelson Nery Jr (2016, p. 243): O 
rol do CC 557 é exemplificativo, o que significa dizer que comporta outras 
hipóteses. O meio, para tanto, é a propositura de ação revogatória, no 
bojo da qual o doador requererá a revogação da doação, 
 
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos 
do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que 
adotivo, ou irmão do doador. 
 
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada 
dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o 
fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor. 
 
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do 
doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na 
ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, 
se este falecer depois de ajuizada a lide. 
 
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus 
herdeiros, exceto se aquele houver perdoado. 
 
4.9. Doações não sujeitas à revogação. 
 
Art. 564. Não se revogam por ingratidão: 
 
I - as doações puramente remuneratórias; 
II - as oneradas com encargo já cumprido; 
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; 
IV - as feitas para determinado casamento.

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