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10. TRANSPORTE 
 
10.1. Base legal: 
 
O transporte é serviço público passível de concessão ou permissão pela Administração 
Pública, que, por meio de leis especiais, estabelece as regras que orientam a prestação 
do serviço. 
 
De acordo com o art. 731 do CCB: 
 
Art. 731. O transporte exercido em virtude de autorização, 
permissão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e pelo 
que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do disposto neste 
Código. 
 
Portanto, o CCB estabelece as regras gerais do contrato de transporte, dialogando, 
contudo, com as normas que regulam de modo mais específico, o transporte aéreo, 
marítimo, rodoviário, ferroviário etc. 
 
Há, por assim dizer, um diálogo entre as diversas fontes normativas existentes, dentre 
as quais mencionamos as seguintes: 
 
a) Código Civil Brasileiro (arts. 730 a 756), que estabelece regras gerais do 
contrato de transporte; 
b) Código de Proteção e Defesa do Consumidor, porquanto, geralmente, os 
contratos de transporte são de natureza consumerista; 
 
Inclusive, conforme enunciado 369, firmado na IV Joranada de Direito Civil 
promovida pelo CJF e STJ: 
 
369 – Diante do preceito constante no art. 732 do Código Civil, 
teleologicamente e em uma visão constitucional de unidade do 
sistema, quando o contrato de transporte constituir uma relação de 
consumo, aplicam-se as normas do Código de Defesa do 
Consumidor que forem mais benéficas a este. 
 
c) Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA – Lei 7.566/1986), suplementando as 
regras referentes ao transporte aéreo; 
d) Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007, que dispõe sobre o transporte 
rodoviário de cargas; 
e) Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001; Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; 
Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, estas regulamentadas pelo Decreto nº 
2.521, de 20 de março de 1998, referentes ao transporte rodoviário 
interestadual e internacional de passageiros; 
f) Decreto nº 1.832, de 4/3/96, que aprova o Regulamento dos Transportes 
Ferroviários; 
g) Regulamento de Tráfego Marítimo, aprovado pelo Decreto nº 87.648, de 24 de 
setembro de 1982; 
h) DECRETO Nº 5.910, DE 27 DE SETEMBRO DE 2006, que promulga a 
Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo 
Internacional, celebrada em Montreal, em 28 de maio de 1999. 
 
Deve ser observado, contudo aquilo que dispõe o art. 732 do CCB. Vejamos: 
 
Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, 
quando couber, desde que não contrariem as disposições deste 
Código, os preceitos constantes da legislação especial e de tratados e 
convenções internacionais. 
 
Sílvio Venosa, comentando o dispositivo acima, afirma que: 
 
Desse modo, foi intenção do legislador do Código Civil de 2002 
estabelecer as regras gerais do contrato de transporte, que deverão 
ser aplicadas em derrogação aos princípios que contrariarem a 
vasta legislação pretérita sobre transportes. Assim, qualquer que 
seja a modalidade de transporte, a cartilha básica a ser procurada 
para aplicação é a constante desse capítulo do Código. Somente 
norma posterior à vigência do Código poderá modificar esse 
entendimento. 
 
 
10.2. Conceito: Contrato por meio do qual alguém se obriga, mediante retribuição, a 
transportar de um lugar para outro, pessoas ou coisas, por meio aéreo, aquático ou 
terrestre. 
 
 Nesse sentido o art.730 do CCB. Verbis: Pelo contrato de transporte alguém se 
obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou 
coisas. 
 
10.3. Natureza Jurídica: 
 
a) Bilateral; 
b) Oneroso; 
 
Inclusive, estabelece o CCB que: 
 
Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte 
o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia. 
 
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte 
quando, embora feito sem remuneração, o transportador auferir 
vantagens indiretas. 
 
c) Comutativo; e 
d) Consensual; 
e) Consumo; 
f) Não solene; 
g) Evolutivo; 
h) Caracterizado por uma obrigação de resultado, que impõe ao transportador o 
dever de levar a pessoa ou mercadoria ao destino com absoluta segurança1, 
podendo-se falar que há uma cláusula de incolumidade intrínseca a esse tipo de 
contrato. 
 
10.4. Espécies: O transporte pode ser de pessoas ou coisas. 
 
10.5. Sujeitos: 
 
a) Remetente/expedidor ou carregador: Entrega a coisa ao transportador para ser 
deslocada; 
 
b) Transportador ou condutor: O que se obriga a transportar, entregando a coisa 
ou a pessoa; 
 
c) Comissário de transporte ou agência de viagens: O que se obriga a transportar 
mercadoria ou pessoa, respectivamente, apesar de não o fazer pessoalmente, mas 
por intermédio de um transportador. 
 
d) Destinatário ou consignatário: Não é parte do contrato. Trata-se da pessoa 
designada para receber a mercadoria. 
 
e) Passageiro: Pessoa transportada. 
 
10.6. Objeto: É a obrigação de fazer (transportar) mercadorias ou pessoas. 
 
10.7. Responsabilidade do transportador: Vale destacar inicialmente aquilo que 
deixamos assentado quando dos estudos relativos à Unidade XIII: 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
EXTRACONTRATUAL OU 
AQUILIANA 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
CONTRATUAL 
Decorre de um dever geral negativo, de 
não causar dano a outrem; 
Decorre do dever de adimplir 
determinada prestação; 
Decorre do descumprimento da lei; Decorre do descumprimento de um dever 
pactuado; 
Não requer a preexistência de uma 
relação jurídica entre os sujeitos 
envolvidos; 
Requer a existência prévia de uma 
relação jurídica entre os envolvidos; 
A culpa do réu deve, em regra, ser 
provada pela vítima, excetuadas as 
hipóteses em que a própria lei determina 
a responsabilidade objetiva ou a culpa 
presumida do agente; 
De acordo com o CCB: 
 
Art. 392. Nos contratos benéficos, 
responde por simples culpa o 
contratante, a quem o contrato 
aproveite, e por dolo aquele a quem 
não favoreça. Nos contratos onerosos, 
 
1 Tal ideia não é exclusividade do contrato de transporte. Conforme estudado ao longo da 
Unidade I, o Princípio da Boa-fé Objetiva impõe aos contratantes de um modo geral a observância do 
dever anexo de proteção ou segurança. 
responde cada uma das partes por 
culpa, salvo as exceções previstas em 
lei. 
 
Portanto, a responsabilidade subjetiva 
também é a regra da responsabilidade 
civil contratual. 
 
Nos contratos benéficos ou gratuitos o 
contratante onerado responde apenas por 
dolo no descumprimento do pacto. 
 
Já nos contratos onerosos, ambos os 
contratantes respondem por culpa, salvo, 
hipótese de responsabilidade objetiva. 
 
Segundo Venosa: “Como regra geral, 
para fins de apuração da responsabilidade 
civil, no âmbito civil não se distingue 
culpa ou dolo. [...] Aqui, porém, há uma 
exceção no sistema geral de culpa civil, 
para a proteção dos contratantes 
benéficos ou unilaterais”. 
 
Assim, o contratante onerado [como é o 
caso do doador e da pessoa que dá coisa 
em comodato gratuito] só responde pelo 
dano causado dolosamente, isto é, 
deliberadamente, decorrendo, esse 
raciocínio, da equidade. 
 
No entanto, adverte a doutrina que na 
apuração da responsabilidade contratual, 
à vítima cumpre apenas a comprovação 
do descumprimento do contrato, cabendo 
ao inadimplente, a demonstração da 
inexistência de culpa ou a ocorrência de 
alguma excludente de responsabilidade. 
 
Há, portanto, segundo Stolze, no mínimo 
uma presunção de culpa em detrimento 
do inadimplente. 
 
Não é correto, portanto, tratar a 
responsabilidade civil contratual como 
sendo objetiva. 
A capacidade para assumir e responder 
pelos danos causados é disciplinada pelo 
art. 928 do CCB: 
 
O menor somente pode ser 
responsabilizado contratualmente se, 
relativamente capaz [menor púbere], 
houver contratado devidamente assistido 
Art. 928. O incapaz responde pelos 
prejuízosque causar, se as pessoas por 
ele responsáveis não tiverem obrigação 
de fazê-lo ou não dispuserem de meios 
suficientes. 
 
Parágrafo único. A indenização 
prevista neste artigo, que deverá ser 
eqüitativa, não terá lugar se privar do 
necessário o incapaz ou as pessoas que 
dele dependem. 
ou, de modo excepcional, quando, 
dolosamente, houver se declarado maior, 
cf. art. 180 do CCB. 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e 
dezoito anos, não pode, para eximir-se 
de uma obrigação, invocar a sua idade 
se dolosamente a ocultou quando 
inquirido pela outra parte, ou se, no 
ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
 Feita essa recordação inicial, propomos outro quadro esquemático, este específico 
para os contratos de transporte, a fim de melhor orientar os estudos do leitor. 
 
TRANSPORTE DE PESSOAS TRANSPORTE DE COISAS 
 
Art. 734. O transportador responde 
pelos danos causados às pessoas 
transportadas e suas bagagens, salvo 
motivo de força maior, sendo nula 
qualquer cláusula excludente da 
responsabilidade. 
 
Parágrafo único. É lícito ao 
transportador exigir a declaração do 
valor da bagagem a fim de fixar o 
limite da indenização. 
 
Art. 735. A responsabilidade 
contratual do transportador por 
acidente com o passageiro não é 
elidida por culpa de terceiro, contra o 
qual tem ação regressiva. 
 
 
 
Art. 749. O transportador conduzirá a 
coisa ao seu destino, tomando todas as 
cautelas necessárias para mantê-la em 
bom estado e entregá-la no prazo 
ajustado ou previsto. 
 
Art. 750. A responsabilidade do 
transportador, limitada ao valor 
constante do conhecimento, começa no 
momento em que ele, ou seus prepostos, 
recebem a coisa; termina quando é 
entregue ao destinatário, ou depositada 
em juízo, se aquele não for encontrado. 
 
 
 
 
Flávio Tartuce2 entende que a responsabilidade do transportador independe de culpa 
(é objetiva, pois), primeiramente em razão do tratamento que sempre foi dado à 
matéria, e ainda: a) em razão da existência de uma cláusula implícita de 
incolumidade; b) por conta da vedação da cláusula de não indenizar, conforme 
previsão do art. 734 do CCB; c) por se tratar de contrato potencialmente 
enquadrado numa relação de consumo. 
 
Venosa, por sua vez, afirma peremptoriamente que: “A responsabilidade do 
transportador é objetiva. [...] Não há necessidade de a vítima provar culpa do 
 
2 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. V.2. São 
Paulo: Grupo GEN. 2012, p. 534 e seguintes. 
transportador, que somete se exonera de indenizar, na hipótese de caso fortuito ou 
força maior, ou de culpa exclusiva da vítima3, justificando seu posicionamento em 
digressão histórica e na cláusula de incolumidade que é ínsita a toda e qualquer 
modalidade de contrato de transporte. 
 
Deve ser observado que, embora não tenha sido expressamente mencionada, a culpa 
exclusiva da vítima deve ser igualmente admitida como excludente da 
responsabilidade, na medida em que exclui o nexo causal. 
 
A doutrina informa, ainda, que não obstante a redação doa art. 735 do CCB, o fato 
exclusivo de terceiro também pode ser considerado como excludente da 
responsabilidade do transportador, conforme o caso concreto. 
 
Entenda: O fato exclusivo de terceiro pode decorrer de ato doloso ou culposo. 
 
Caso se configure como ato doloso, ou seja, se o terceiro agiu deliberadamente para 
atingir determinado resultado prejudicial aos sujeitos do contrato de transporte, esse 
ato será considerado um fortuito externo, é dizer, alheio ou estranho à execução do 
serviço, excluindo, portanto, a responsabilidade do transportador. 
 
De outro modo, se o fato exclusivo de terceiro decorrer de ato culposo, haverá 
responsabilidade do transportador, estando inserido nos riscos da atividade do 
transportador. 
 
Nesse sentido Ana Lucia Porto de Barros e outros, in. O Novo Código Civil 
Comentado, São Paulo: Freitas Bastos Editora, 2002, p. 589: Sustenta de forma 
brilhante o Desembargador Cavalieri o fato culposo de terceiro se liga ao risco da 
atividade de transportar o que caracterizaria o chamado fortuito interno que não 
afasta a responsabilidade da transportadora que terá em seu favor a possibilidade de 
ação regressiva, de forma diferente do fato doloso de terceiro que não poderia ser 
caracterizada como fortuito interno, sendo verdadeiro fortuito externo, ou seja, 
desvinculado da atividade do transportador. 
 
Quanto à limitação da responsabilidade do transportador ao valor especificado no 
conhecimento de transporte ou na declaração do valor da bagagem, a doutrina critica a 
redação dos arts. 750 e 734, parágrafo único do CCB, por não ressalvarem os danos 
morais. 
 
TRANSPORTE PURAMENTE GRATUITO OU DESINTERESSADO 
 
Puramente gratuito é o transporte absolutamente desinteressado, em troca do qual não 
é devida qualquer vantagem patrimonial. 
 
Quanto à natureza jurídica do transporte gratuito e à responsabilidade civil derivada 
dessa circunstância, a doutrina chega a divergir diametralmente. 
 
Segundo Pablo Stolze e Flávio Tartuce o transporte desinteressado não deve ser 
 
3 VENOSA. Silvio de Salvo. Direito Civil: Contratos em Espécie. v. 3. São Paulo: Atlas, 2012, p. 
342/343. 
encarado como ato negocial, desafiando, portanto, a responsabilidade extracontratual 
ou aquiliana. 
Havendo acidente e dano causado ao tomador da carona, 
entendemos dever ser aplicado o sistema de regras da 
responsabilidade aquiliana do Código Civil, o que significa dizer 
que o juiz, nos termos do art. 186, deverá perquirir a culpa (em 
sentido lato) do condutor para efeito de lhe impor a obrigação de 
indenizar. [...] negamos a natureza contratual da relação jurídica 
travada entre condutor e “caronista”, pela idêntica razão de não 
encontrar respaldo legal. Trata-se, pois, a carona em si, de um ato 
jurídico não negocial que, se causar dano ao passageiro por má 
atuação do condutor, poderá se converter em ato ilícito4. 
 
[...] no transporte por cortesia não há responsabilidade contratual 
objetiva daquele que dá a carona. A responsabilidade deste é 
extracontratual, subjetiva, dependendo da prova de culpa5. 
 
Venosa faz um contraponto: 
 
Sobre a natureza do transporte gratuito muito se discutiu. Inserido 
no contexto da responsabilidade aquiliana, o transportador 
responderia pelo art. 186 do Código, por culpa em sentido amplo. 
Assim, mesmo a culpa leve o brigaria a indenizar, A solução não 
seria satisfatória, porque seria injusta e atécnica. Solução mais 
recentemente aceita concebe o transporte como contrato gratuito, 
porque, em síntese, o preço não é figura essencial desse negócio. 
Assim configurado, o transporte desinteressado seria regulado pelo 
art. 392: [...] trata-se de referência aos contratos benéficos. Desse 
modo, afastar-se-ia a peremptoriedade da responsabilidade 
objetiva destinada apenas ao contrato oneroso e o rigor da 
responsabilidade aquiliana do art. 186, extracontratual. 
 
Não se trata de discussão estritamente acadêmica. A definição da natureza jurídica do 
transporte gratuito pode ser decisiva em um caso concreto envolvendo a 
responsabilidade civil do envolvidos. Vejamos. 
 
Não se considerando o transporte gratuito como ato negocial responderia, o 
transportador, por mera culpa, conforme as regras da responsabilidade civil aquiliana 
ou extracontratual. De outro modo, considerando-o como contrato gratuito, 
responderia apenas por dolo, nos termos do art. 392, primeira parte. Em mais. 
 
Acatando-se a regra da responsabilidade civil extracontratual, o ônus da prova recairia 
sobre a pessoa prejudicada que, além da conduta do transportador, do dano e do nexo 
causal existente entre esses dois elementos, deveria demonstrar a culpa do agente.4 STOLZE, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Contratos em 
espécie. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 449. 
5 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. v.3. São 
Paulo: Grupo GEN. 2012, p. 547. 
 
Noutro passo, adotando-se as regras da responsabilidade civil contratual, persistiria a 
discussão em torno da culpa, já que se trata de responsabilidade subjetiva. Contudo, 
tratando-se de contrato gratuito, o transportador responderia apenas por dolo, recaindo 
o ônus da prova sobre ele mesmo, que estaria incumbido da demonstração de que o 
resultado danoso não ocorreu em razão de sua culpa. 
 
DIREITO CIVIL. VALOR DE INDENIZAÇÃO PELO EXTRAVIO DE 
MERCADORIAS EM TRANSPORTE AÉREO. 
Independentemente da existência de relação jurídica consumerista, a indenização pelo 
extravio de mercadoria transportada por via aérea, prévia e devidamente declarada, 
com inequívoca ciência do transportador acerca de seu conteúdo, deve corresponder 
ao valor integral declarado, não se aplicando, por conseguinte, as limitações tarifadas 
prevista no Código Brasileiro de Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia. De fato, a 
jurisprudência do STJ já entende que, estabelecida relação jurídica de consumo entre 
as partes, a indenização pelo extravio de mercadoria transportada por via aérea deve 
ser integral, não se aplicando, por conseguinte, a limitação tarifada prevista no Código 
de Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia. Em verdade, tem-se pela absoluta 
inaplicabilidade da indenização tarifada contemplada na Convenção de Varsóvia, 
inclusive na hipótese em que a relação jurídica estabelecida entre as partes não se 
qualifique como de consumo. Isso porque, em matéria de responsabilidade civil no 
serviço de transporte aéreo, pode-se identificar a aparente colisão entre as seguintes 
normas: de um lado, a Convenção de Varsóvia de 1929 e o Código Brasileiro de 
Aeronáutica de 1986 (normas especiais e anteriores à própria Ordem Constitucional 
inaugurada pela CF/1988), e, de outro, o Código Civil de 2002 (norma geral e 
posterior), que preconiza que a indenização mede-se pela extensão do dano (art. 944), 
em consonância com a Ordem Constitucional inaugurada pela CF/1988, que traz, em 
si, como direito fundamental, o princípio da indenizabilidade irrestrita (art. 5º, V e X). 
Nesse contexto, o critério da especialidade, como método hermenêutico para solver o 
presente conflito de normas (Convenção de Varsóvia de 1929 e Código Brasileiro de 
Aeronáutica de 1986 versus Código Civil de 2002), isoladamente considerado, 
afigura-se insuficiente para tal escopo. Deve-se, para tanto, mensurar, a partir das 
normas em cotejo, qual delas melhor reflete, no tocante à responsabilidade civil, os 
princípios e valores encerrados na ordem constitucional inaugurada pela Constituição 
Federal de 1988. E inferir, a partir daí, se as razões que justificavam a referida 
limitação, inserida no ordenamento jurídico nacional em 1931 pelo Decreto 20.704 
(que ratificou a Convenção de Varsóvia), encontrar-se-iam presentes nos dias atuais, 
com observância ao postulado da proporcionalidade. A limitação tarifária 
contemplada pela Convenção de Varsóvia aparta-se, a um só tempo, do direito à 
reparação integral pelos danos de ordem material injustamente sofridos, concebido 
pela Constituição Federal como direito fundamental (art. 5º, V e X), bem como pelo 
Código Civil, em seu art. 994, que, em adequação à ordem constitucional, preceitua 
que a indenização mede-se pela extensão do dano. Efetivamente, a limitação prévia e 
abstrata da indenização não atenderia, sequer, indiretamente, ao princípio da 
proporcionalidade, notadamente porque teria o condão de esvaziar a própria função 
satisfativa da reparação, ante a completa desconsideração da gravidade e da efetiva 
repercussão dos danos injustamente percebidos pela vítima do evento. Tampouco se 
concebe que a solução contida na lei especial, que preceitua a denominada 
indenização tarifada, decorra das necessidades inerentes (e atuais) do transporte aéreo. 
Isso porque as razões pelas quais a limitação da indenização pela falha do serviço de 
transporte se faziam presentes quando inseridas no ordenamento jurídico nacional, em 
1931, pelo Decreto 20.704, não mais subsistem nos tempos atuais. A limitação da 
indenização inserida pela Convenção de Varsóvia, no início do século XX, justificava-
se pela necessidade de proteção a uma indústria, à época, incipiente, em processo de 
afirmação de sua viabilidade econômica e tecnológica, circunstância fática 
inequivocamente insubsistente atualmente, tratando-se de meio de transporte, 
estatisticamente, dos mais seguros. Veja-se, portanto, que o tratamento especial e 
protetivo então dispensado pela Convenção de Varsóvia e pelo Código Brasileiro de 
Aeronáutica ao transporte aéreo, no tocante à responsabilização civil, devia-se ao risco 
da aviação, relacionado este à ocorrência de acidentes aéreos. O art. 750 do CC, por 
sua vez, não encerra, em si, uma exceção ao princípio da indenizabilidade irrestrita. O 
preceito legal dispõe que o transportador se responsabilizará pelos valores constantes 
no conhecimento de transporte, ou seja, pelos valores das mercadorias previamente 
declaradas pelo contratante ao transportador. Desse modo, o regramento legal tem por 
propósito justamente propiciar a efetiva indenização da mercadoria que se perdeu - 
prévia e devidamente declarada, contando, portanto, com a absoluta ciência do 
transportador acerca de seu conteúdo -, evitando-se, com isso, que a reparação tenha 
por lastro a declaração unilateral do contratante do serviço de transporte, que, 
eventualmente de má-fé, possa superdimensionar o prejuízo sofrido. Ressalta-se que a 
restrição ao direito à reparação integral pelos danos de ordem material e moral 
injustamente percebidos somente poderia ser admitida, em tese, caso houvesse 
previsão nesse sentido no próprio diploma legal do qual tal direito emana. Esta 
contemporização do direito à integral reparação, todavia, não se verifica do tratamento 
ofertado à questão pelo Código Civil. Vislumbra-se, quando muito, como hipótese de 
incidência subsidiária, o caso em que o transportador não detém conhecimento prévio 
sobre o conteúdo da mercadoria a ser transportada e, embora incontroverso a 
ocorrência do dano, não se tem elementos idôneos a demonstrar seu valor (ante o 
extravio da mercadoria, por exemplo), circunstâncias diversas da presente hipótese. 
Assim, tem-se pela absoluta inaplicabilidade da indenização tarifada contemplada na 
Convenção de Varsóvia, inclusive na hipótese em que a relação jurídica estabelecida 
entre as partes não se qualifique como de consumo. REsp 1.289.629-SP, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2015, DJe 3/11/2015. 
 
10.8. Transporte Cumulativo: Possível tanto em relação ao transporte de pessoas ou 
coisas. Hipótese em que o contrato é cumprido por mais de um transportador (cada um 
obrigado por uma fração do percurso). 
 
Art. 733. Nos contratos de transporte cumulativo, cada transportador 
se obriga a cumprir o contrato relativamente ao respectivo percurso, 
respondendo pelos danos nele causados a pessoas e coisas. 
 
§1º. O dano, resultante do atraso ou da interrupção da viagem, será 
determinado em razão da totalidade do percurso. 
 
§2º. Se houver substituição de algum dos transportadores no decorrer 
do percurso, a responsabilidade solidária estender-se-á ao substituto. 
 
Art. 756. No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores 
respondem solidariamente pelo dano causado perante o remetente, 
ressalvada a apuração final da responsabilidade entre eles, de modo 
que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou proporcionalmente, naquele 
ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano. 
 
Portanto, o transporte é considerado único, independentemente de 
quantos transportadores hajam participadoda operação, sendo, todos 
eles, solidariamente responsáveis pelos danos causados ao remetente. 
 
10.8. Transporte de coisas ou mercadorias. Arts. 743 e ss, CCB: 
 
 
Remetente Transportador Destinatário 
 
Obs. O destinatário, dependendo da situação, pode coincidir com a figura do 
remetente. 
 
Obs. A remuneração do transportador é denominada de frete. 
 
 
A. Necessidade de individualização da coisa e do destinatário: A fim de possibilitar 
o perfeito cumprimento da obrigação. 
 
Art. 743. A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracterizada 
pela sua natureza, valor, peso e quantidade, e o mais que for 
necessário para que não se confunda com outras, devendo o 
destinatário ser indicado ao menos pelo nome e endereço. 
 
B. Conhecimento de transporte: Documento que contém os dados relativos à 
mercadoria, comprovando seu recebimento e a obrigação de transportá-la. Trata-se, 
segundo Tartuce, de título de crédito atípico, inominado ou impróprio, sendo 
tutelado, pois, pelas normas estabelecidas a partir do art. 887 do CCB. É importante 
no que tange à responsabilidade civil do transportador, conforme será explicado no 
momento oportuno. 
 
Art. 744. Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimento 
com a menção dos dados que a identifiquem, obedecido o disposto em 
lei especial. 
 
Parágrafo único. O transportador poderá exigir que o remetente lhe 
entregue, devidamente assinada, a relação discriminada das coisas a 
serem transportadas, em duas vias, uma das quais, por ele 
devidamente autenticada, ficará fazendo parte integrante do 
conhecimento. 
 
C. Direitos e obrigações do remetente: 
 
I) Entregar a mercadoria em condições de envio; 
 
Art. 746. Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem seja 
inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, 
ou danificar o veículo e outros bens. 
 
Se o transportador deve diligenciar no sentido de entregar a 
mercadoria ao destinatário em perfeito estado, nada mais razoável do 
que lhe garantir o direito de exigir do remetente que, em respeito aos 
deveres anexos de cooperação e proteção, providencie o adequado 
acondicionamento da coisa a ser transportada. 
 
Perceba que o contrato pode ser rescindido por com base nesse 
dispositivo legal. 
 
Questão das normas técnicas 
 
II) Pagamento do preço convencionado (frete): Salvo hipótese de estipulação em 
favor do terceiro que assume a responsabilidade pelo pagamento; 
 
III) Declarar com exatidão a mercadoria e o seu preço; 
 
Art. 745. Em caso de informação inexata ou falsa descrição no 
documento a que se refere o artigo antecedente, será o transportador 
indenizado pelo prejuízo que sofrer, devendo a ação respectiva ser 
ajuizada no prazo de cento e vinte dias, a contar daquele ato, sob pena 
de decadência. 
 
Destaque-se inicialmente a atecnia do legislador ao considerar como 
decadencial a natureza jurídica do prazo estabelecido nesse 
dispositivo. 
Ora, sendo, a ação indenizatória, tipicamente condenatória, o prazo 
para a sua interposição é, necessariamente, prescricional, uma vez 
que os decadenciais são próprios das ações constitutivas (positivas 
ou negativas), relacionadas ao exercício de um direito potestativo. 
 
A presente regra decorre do descumprimento do dever anexo de 
informação. 
 
No contrato de transporte rodoviário há uma regra específica para a 
ação de reparação de danos. De acordo com o art.18 da Lei 
11.442/2007 
 
Art. 18. Prescreve em 1 (um) ano a pretensão à 
reparação pelos danos relativos aos contratos de 
transporte, iniciando-se a contagem do prazo a 
partir do conhecimento do dano pela parte 
interessada. 
 
IV) Recolhimento de tributos e demais valores relativos ao transporte. 
 
V) Desistir do transporte ou alterar o destinatário, arcando, contudo, com as 
despesas devidas. 
 
Art. 748. Até a entrega da coisa, pode o remetente desistir do 
transporte e pedi-la de volta, ou ordenar seja entregue a outro 
destinatário, pagando, em ambos os casos, os acréscimos de despesa 
decorrentes da contraordem, mais as perdas e danos que houver. 
 
E. Direitos e obrigações do Transportador: 
 
I) Agir com diligência: Reflete a já mencionada ideia da cláusula de incolumidade. 
 
Art. 749. O transportador conduzirá a coisa ao seu destino, tomando 
todas as cautelas necessárias para mantê-la em bom estado e entregá-
la no prazo ajustado ou previsto. 
 
II) Receber a coisa a ser transportada na forma convencionada: Ver observações 
feitas aos arts. 743/746 do CCB. 
 
III) Emitir conhecimento de transporte: Conforme anotações feitas ao art. 744 do 
CCB, no “item B” supra. 
 
IV) Entregar a mercadoria ao destinatário, mediante apresentação do respectivo 
documento (conhecimento de transporte). 
 
Art. 754. As mercadorias devem ser entregues ao destinatário, ou a 
quem apresentar o conhecimento endossado, devendo aquele que as 
receber conferi-las e apresentar as reclamações que tiver, sob pena de 
decadência dos direitos. 
 
Parágrafo único. No caso de perda parcial ou de avaria não perceptível 
à primeira vista, o destinatário conserva a sua ação contra o 
transportador, desde que denuncie o dano em dez dias a contar da 
entrega. 
 
V) Entregar a coisa em domicílio e comunicar ao remetente o cumprimento da 
prestação, se isso for pactuado; 
 
Art. 752. Desembarcadas as mercadorias, o transportador não é 
obrigado a dar aviso ao destinatário, se assim não foi convencionado, 
dependendo também de ajuste a entrega a domicílio, e devem constar 
do conhecimento de embarque as cláusulas de aviso ou de entrega a 
domicílio. 
 
O presente dispositivo é criticado pela doutrina mais atenta, na 
medida em que contraria o princípio da Boa-Fé Objetiva, 
notadamente no que diz respeito ao dever anexo de informação, 
“ínsito a qualquer negócio patrimonial, não havendo sequer a 
necessidade de previsão no instrumento”, cf. Flávio Tartuce. 
 
VI) Seguir o itinerário ajustado, salvo motivo de força maior ou caso fortuito ou, 
ainda, quando oferecer perigo ou estiver impedido; 
 
VII) Recusar mercadoria inconvenientemente embalada: Cf. anotações ao art. 746, 
CCB; 
 
VIII) Recusar coisa cuja comercialização ou transporte sejam proibidos ou que 
estejam desacompanhadas de documentos exigidos legalmente. 
 
Art. 747. O transportador deverá obrigatoriamente recusar a coisa cujo 
transporte ou comercialização não sejam permitidos, ou que venha 
desacompanhada dos documentos exigidos por lei ou regulamento. 
 
IX) Reter a mercadoria até o pagamento do frete: Consequência da teoria da 
exceção do contrato não cumprido. 
 
Art. 742. O transportador, uma vez executado o transporte, tem direito 
de retenção sobre a bagagem de passageiro e outros objetos pessoais 
deste, para garantir-se do pagamento do valor da passagem que não 
tiver sido feito no início ou durante o percurso. 
 
Tal dispositivo, apesar de localizado na seção que trata do transporte 
de pessoas, também pode ser invocado em relação ao transporte de 
coisas. 
 
X) Reajustar o preço caso haja variação do itinerário, motivo porque pode ser 
considerado como contrato evolutivo: Decorrência do art. 748 do CCB. 
 
XI) Recorrer a outros transportadores: Nessa hipótese, em que o contrato será 
cumprido por mais de um transportador (cada um obrigado por uma fração do 
percurso), caracterizado estará o contrato de transporte cumulativo, previsto no art. 
756 do CCB. 
 
F. Direitos e obrigações do destinatário ou consignatário: 
 
I) Protestar contra o transportador, na hipótese de avaria ou perda da coisa 
transportada; 
 
Art. 754. As mercadorias devem ser entregues ao destinatário, ou a 
quem apresentar o conhecimento endossado, devendo aquele que as 
receber conferi-las e apresentar as reclamações que tiver, sob pena de 
decadência dos direitos. 
 
Parágrafo único. No caso de perda parcial ou de avaria não perceptívelà primeira vista, o destinatário conserva a sua ação contra o 
transportador, desde que denuncie o dano em dez dias a contar da 
entrega. 
 
De acordo com Venosa, o protesto pode ser feito mediante anotação 
no próprio conhecimento de transporte, ou em outro instrumento em 
separado, devendo sempre constar a ciência do transportador ou de 
quem o represente. Pode ser feito, ainda, por intermédio do Cartório 
de Títulos e Documentos ou mesmo judicialmente (arts. 867 e 
seguintes do CPC). 
 
Mais uma vez, deve ser observado que é prescricional a natureza do 
prazo referido no artigo sob comento, uma vez que se refere a ação 
indenizatória. 
 
II) Endossar o conhecimento de transporte, se isso não for vedado na própria 
cártula: A possibilidade de endosso do conhecimento de transporte está prevista 
no texto do art. 754 do CCB, anteriormente comentado. Como vimos, o 
conhecimento de transporte é título de crédito atípico, sendo próprio de sua 
natureza, a transmissibilidade e circulação no mercado mediante endosso, que 
nada mais é do que “o ato cambiado que opera a transferência do crédito 
representado por título à ordem”, cf. definição de Fábio Ulhoa Coelho (in. 
Manual de Direito Comercial, 18ª ed. São Paulo: Saraiva. 2007, p.250). 
 
III) Entregar o conhecimento de transporte, no ato do recebimento da 
mercadoria: O conhecimento de transporte deve ser devolvido ao transportador 
no momento em que a mercadoria é entregue ao destinatário, servindo como 
prova desse fato. 
 
IV) Pagar o frete, se assim foi convencionado, bem como a taxa de 
armazenamento se o depósito se prolongar por sua conduta: Caso fique 
acordado que o pagamento do transporte, isto é, o frete será arcado pelo 
destinatário, aplicam-se as regras da estipulação em favor de terceiros. 
 
10.8. Transporte de pessoas: 
 
Transportador Passageiro 
 
Normalmente esse contrato está inserido numa relação de consumo, fato que implica, 
necessariamente, em responsabilidade civil objetiva; 
 
No entanto, ainda que não se trate de relação de consumo, o CCB também impõe a 
responsabilidade civil objetiva para essa espécie de contrato, na medida em que 
constitui atividade de risco, cf. preceitua o art. 927, p. único do CCB. 
 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 
A) Direitos e obrigações do transportador: 
 
I) Cumprir o itinerário e horários previstos 
 
Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários 
previstos, sob pena de responder por perdas e danos, salvo motivo de 
força maior. 
 
II) Recusar passageiros nos casos previstos normativamente 
 
Art. 739. O transportador não pode recusar passageiros, salvo os casos 
previstos nos regulamentos, ou se as condições de higiene ou de saúde 
do interessado o justificarem. 
 
III) Reter o valor correspondente a 5% da importância a ser restituída ao 
passageiro, a título de multa compensatória, quando este não embarcar ou desistir 
oportunamente do transporte 
 
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte 
antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da 
passagem, desde que feita a comunicação ao transportador em tempo 
de ser renegociada. 
 
§ 1º. Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois 
de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor 
correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra 
pessoa haja sido transportada em seu lugar. 
 
§ 2º. Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário 
que deixar de embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi 
transportada em seu lugar, caso em que lhe será restituído o valor do 
bilhete não utilizado. 
 
§ 3º. Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá 
direito de reter até cinco por cento da importância a ser restituída 
ao passageiro, a título de multa compensatória. 
 
IV) Adotar as medidas necessárias à conclusão do transporte quando, por motivo 
imprevisível, não puder fazê-lo em seu próprio veículo. 
 
Art. 741. Interrompendo-se a viagem por qualquer motivo alheio à 
vontade do transportador, ainda que em conseqüência de evento 
imprevisível, fica ele obrigado a concluir o transporte contratado em 
outro veículo da mesma categoria, ou, com a anuência do passageiro, 
por modalidade diferente, à sua custa, correndo também por sua conta 
as despesas de estada e alimentação do usuário, durante a espera de 
novo transporte. 
 
 Essa regra decorre da constatação de que o contrato de transporte encerra uma 
obrigação de resultado. 
 
V) Direito de retenção das bagagens do passageiro para garantir o pagamento do 
valor da passagem. 
 
Art. 742. O transportador, uma vez executado o transporte, tem direito 
de retenção sobre a bagagem de passageiro e outros objetos pessoais 
deste, para garantir-se do pagamento do valor da passagem que não 
tiver sido feito no início ou durante o percurso. 
 
B) Direitos e obrigações do passageiro: 
 
I) Pagamento do preço da passagem até o fim da execução do percurso, conforme o 
contratado. 
 
 Do contrário, aplicar-se-á o disposto no art. 742 mencionado anteriormente 
 
II) Agir com respeito às normas de segurança e conforme a boa-fé objetiva. 
 
Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas 
estabelecidas pelo transportador, constantes no bilhete ou afixadas à 
vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que causem 
incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou 
dificultem ou impeçam a execução normal do serviço. 
 
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for 
atribuível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz 
reduzirá eqüitativamente a indenização, na medida em que a vítima 
houver concorrido para a ocorrência do dano. 
 
 O parágrafo único trata da culpa concorrente da vítima, causa que reduz a 
responsabilidade civil do transportador. 
 
II) Desistir do transporte, com direito à restituição do valor da passagem, na forma 
e nas condições legais. 
 
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte 
antes de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor da 
passagem, desde que feita a comunicação ao transportador em tempo 
de ser renegociada. 
 
§ 1º. Ao passageiro é facultado desistir do transporte, mesmo depois 
de iniciada a viagem, sendo-lhe devida a restituição do valor 
correspondente ao trecho não utilizado, desde que provado que outra 
pessoa haja sido transportada em seu lugar. 
 
§ 2º. Não terá direito ao reembolso do valor da passagem o usuário 
que deixar de embarcar, salvo se provado que outra pessoa foi 
transportada em seu lugar, caso em que lhe será restituído o valor do 
bilhete não utilizado. 
 
§ 3º. Nas hipóteses previstas neste artigo, o transportador terá direito 
de reter até cinco por cento da importância a ser restituída ao 
passageiro, a título de multa compensatória. 
 
III) Assistência do transportador em caso de imprevisto que impossibilite o 
cumprimento do contrato: Cf. anotações feitas ao art. 741, CCB

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