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TCC - DANIELLA VILELA DE ABREU HAICKEL DE OLIVEIRA

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0 
 
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI 
CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA 
 
 
DANIELLA VILELA DE ABREU HAICKEL DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
O APRESSADINHO, A CAIXA DE VIDRO E O POLVO 
O USO LÚDICO DO POLVO DE CROCHÊ COM PREMATUROS EM 
INCUBADORAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PI 
2018 
1 
 
DANIELLA VILELA DE ABREU HAICKEL DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O APRESSADINHO, A CAIXA DE VIDRO E O POLVO 
O USO LÚDICO DO POLVO DE CROCHÊ COM PREMATUROS EM 
INCUBADORAS 
 
Monografia apresentada à Faculdade do 
Ensino Superior do Piauí – FAESPI como 
parte dos requisitos exigidos para a 
obtenção do título de bacharel Psicologia. 
 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Aurelina 
Machado de Oliveira. 
 
 
 
 
TERESINA – PI 
2018 
2 
 
DANIELLA VILELA DE ABREU HAICKEL DE OLIVEIRA 
 
 
 
O APRESSADINHO, A CAIXA DE VIDRO E O POLVO 
O USO LÚDICO DO POLVO DE CROCHÊ COM PREMATUROS EM 
INCUBADORAS 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade do 
Ensino Superior do Piauí – FAESPI como 
parte dos requisitos exigidos para a 
obtenção do título de bacharel Psicologia. 
 
 
 
Aprovada em: _____ / _____ / 2018. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Maria Aurelina Machado de Oliveira 
 Orientadora 
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof.º Ddo. Welyton Paraíba da Silva Sousa 
 1º Examinador 
Universidade Federal do Rio Grade do Norte – UFRN 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof.ª Me. Karine Cardozo Rodrigues Machado 
 2ª Examinadora 
Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI 
 
 
 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À minha orientadora, Professora Doutora Maria Aurelina Machado de 
Oliveira, fonte de inspiração e parceira em empolgação. Desde o primeiro momento, 
você demonstrou encanto pelo tema, o que me fortaleceu no sentido de persistir 
mesmo diante das dificuldades. E agora no final, mostrou-se preocupada não só 
com este estudo, mas com minha saúde diante de tantas adversidades. Você me 
inspira! Obrigada! 
À minha Professora de Metodologia, Doutora Ruth Raquel Soares de Farias, 
que se revelou uma grande “caixa de fósforos” dе agradáveis surpresas. Com seus 
ensinamentos divertidos e despretensiosos despertou em mim a curiosidade e o 
interesse pela pesquisa. Obrigada! 
A Amara Rayane da Silva Santos, amiga, filha de coração, guia de 
espiritualidade, companheira de estudos e de aflições: obrigada! 
A Adonnys, também meu filho de meu coração, por ser uma eterna fonte de 
oportunidade de aprendizado para mim. Obrigada! 
A Lúcio, amigo e fonte de incentivo, que com seus abraços e demonstrações 
de carinho consegue me acalmar. Obrigada! 
Às meninas e mulheres fortes que me acompanharam nessa jornada que 
está se encerrando: Marliene, Fafátima, Sol, Cilene, Loura (Lourrany), Nicolle, 
Zenilde, Carol e Amanda. Partilharmos nossas aflições finais e percebemos que 
somos capazes, então: obrigada! 
À minha Coordenadora, Professora Mestre Karolyna Pessoa, por ter me 
suportado (tanto dando suporte quanto tolerando), nas alegria e nas tristeza, nas 
frustrações e nas realizações, nas irritações e calmarias. Suas palavras, nos dias 
finais da elaboração deste trabalho, foram muito importantes. Obrigada! 
À minha Professora, Especialista Myrla Sirqueira Soares, pelas palavras de 
motivação e pela crença de que eu conseguiria. Obrigada! 
Ao meu Professor, Mestre Kelvis Rodrigo Sampaio por ter me dado as 
primeiras orientações para este trabalho. Obrigada! 
À minha terapeuta, Psicanalista Leile Marise Costa, que me frustra, mas me 
acolhe, acompanha e ajuda a iluminar não só minhas recordações de infância, mas 
também o caminho que tenho à frente. Obrigada! 
4 
 
Aos meus amigos mais que caros, amados: Adriana, Cass ius e Hercyla. 
Sem o apoio de vocês este curso teria sido mais difícil de concluir. Obrigada! 
Ao meu amigo, companheiro, amor de uma vida, Claudio, que me conhece 
como poucas pessoas conhecem, e ainda assim me ama. Pela paciência durante 
esse período intenso de trabalho: obrigada! 
Aos meus filhos, Victoria e Vinicius, que são meus alunos e meus 
professores, meus amigos e inquisidores, mas que, acima de tudo, são meus 
grandes amores. Obrigada! 
À minha irmã, Rachel, que me deixa agora sem palavras para expressar a 
importância que tem em minha vida. Seja como irmã (um pouquinho) mais velha, 
como médica ou como chef de cozinha, você sempre me servirá de inspiração. 
Obrigada! 
E àquela que por toda minha vida desejou meu bem, zelou por mim, alegrou-
se com minhas vitórias e, às vezes, preocupou-se com elas (quando decidi ingressar 
novamente na universidade e consegui), que fiz sorrir, mas também fiz chorar, que 
soube não só me educar como também soube servir de exemplo vivo de como ser 
verdadeiramente feliz, apesar das tristezas. Minha mãe: Vilemina, que em seus 
últimos 55 dias de vida fez surgir em mim a vontade de ser psicóloga e por isso hoje 
estou aqui. A ela meu maior e mais afetuoso agradecimento. Obrigada! 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todo prematuro tem direito ao tratamento 
estabelecido pela ciência, sem distinção 
de qualquer espécie, seja de raça, cor, 
sexo, ou de outra natureza, origem 
nacional ou social, riqueza, nascimento, 
ou qualquer outra condição. Sendo assim, 
todo prematuro tem o direito de ser 
cuidado por uma equipe multidisciplinar 
capacitada a compreendê-lo, interagir 
com ele e a tomar decisões harmônicas 
em seu beneficio e em prol de seu 
desenvolvimento. 
Artigo IV - Declaração Universal dos 
Direitos do Bebê Prematuro 
 
6 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho teve como o objetivo analisar os efeitos do uso lúdico do polvo 
de crochê com recém-nascidos prematuros. Revisão sistemática feita bases de 
dados Scielo, LILACS, MEDLINE e Google Acadêmico e nos sites 
Prematuridade.com e Spruttegruppen.com, em busca material acadêmico a partir de 
termos como polvo de crochê, recém-nascido pré-termo, prematuro, prematuridade, 
UTIN, UCINCa, UCINCo octo project, polvo de amor. Os artigos utilizados foram 
também selecionados a partir de critérios de inclusão como conterem qualquer das 
palavras-chave citadas associadas; estarem disponíveis Português, Inglês ou 
Espanhol; e que contemplassem o tema e os objetivos da pesquisa. Artigos que não 
contemplassem qualquer desses critérios foram excluídos. Predominaram artigos em 
Português e de pesquisas feitas em território nacional. Verificou-se que no Brasil é 
comum o uso de artefatos lúdicos em unidades de cuidados neonatais, entretanto o 
uso do polvo de crochê ainda não é amplamente difundido. Tal prática, tanto no 
Brasil quanto em outras partes do mundo onde é utilizada, carece de comprovação 
científica que corrobore efeitos percebidos pelos profissionais de saúde que 
trabalham em unidades de cuidados neonatais, quais sejam melhora das funções 
cardíaca e respiratória, saturação sanguínea, pressão arterial e ganho de peso do 
RN. 
 
Palavras-chave: Recém-nascido pré-termo. Prematuridade. Unidade de Terapia 
Intensiva Neonatal. Octo Project. Polvo de Amor. 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
 
The objective of this study was to analyze the effects of playful use of crochet 
octopus with preterm newborns. Systematic review made databases Scielo, LILACS, 
MEDLINE and Google Scholar and on the sites Prematuridade.com and 
Spruttegruppen.com, in search of academic material from terms such as crochet 
octopus, preterm newborn, premature, prematurity, NICU, UCINCa, UCINCo octo 
project, octopus of love. The articles used were also selected from the inclusion 
criteria as they contain any of the associated cited keywords; Portuguese, English or 
Spanish were available; and that they contemplate the theme and the objectives of 
the research. Articlesthat did not meet any of these criteria were excluded. 
Predominated articles in Portuguese and of researches done in national territory. It 
was verified that in Brazil it is common the use of playful artifacts in neonatal care 
units, however the use of crochet powder is not yet widespread. This practice, both in 
Brazil and in other parts of the world where it is used, lacks scientific evidence to 
corroborate effects perceived by health professionals working in neonatal care units, 
such as improvement in cardiac and respiratory functions, blood saturation, blood 
pressure and RN weight gain. 
 
Keyword: Preterm Newborn. Prematurity. Neonatal Intensive Care Unit. Octo 
Project. Octopus of Love. 
 
 
 
8 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
1 CRH Corticotropina 
2 fFN Fibronectina 
3 GMMS Gabinete do Ministro – Ministério da Saúde 
4 IL-1 Interleucina 1 
5 IL-1β Interleucina 1 Beta 
6 IL-10 Interleucina 6 
7 IL-10 Interleucina 10 
8 LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde 
9 MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online 
10 MS Ministério da Saúde 
11 NI Não Informado 
12 NP Nutrição Parenteral 
13 OMS Organização Mundial de Saúde 
14 ONG Organização Não Governamental 
15 PMMC Programa Método Mãe-Canguru 
16 RDC Resolução de Diretoria Colegiada 
17 RN Recém-Nascido 
18 RNAR Recém-Nascido de Alto Risco 
19 RNBP Recém-Nascido de Baixo Peso 
20 RNPT Recém-Nascido Pré-Termo 
21 SCIELO Scientific Electronic Library Online 
22 SNC Sistema Nervoso Central 
23 SNG Sonda Nasogástrica 
24 SPA Substância Psicoativa 
25 SOG Sonda Orogástrica 
26 S/D/R Sucção/Digestão/Respiração 
27 UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 
28 UCINCa Unidade de Cuidado Intermediário Canguru 
29 UCINCo Unidade de Cuidado Intermediário Convencional 
30 TNF-α Fator de Necrose Tumoral Alfa 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 01 Recém-nascido segurando polvo azul ........................................... 15 
FIGURA 02 Recém-nascido com polvo colorido ............................................... 16 
FIGURA 03 Recém-nascido com sonda nasogástrica ...................................... 26 
FIGURA 04 Incubadora de Tarnier .................................................................... 30 
FIGURA 05 Incubadora Lyon ............................................................................ 31 
FIGURA 06 Recém-nascido em incubadora ..................................................... 34 
FIGURA 07 Recém-nascido em posição do PMMC .......................................... 36 
FIGURA 08 Recém-nascido em banho de ofurô ............................................... 38 
FIGURA 09 Recém-nascido em rede de balanço ............................................. 39 
FIGURA 10 Recém-nascido aconchegado ao polvo ......................................... 41 
FIGURA 11 Recém-nascido com polvo azul ..................................................... 42 
FIGURA 12 Recém-nascido segurando cordão umbilical ................................. 43 
FIGURA 13 Polvos de crochê 1.......................................................................... 43 
FIGURA 14 Recém-nascido com polvo rosa ..................................................... 44 
FIGURA 15 Recém-nascido aconchegado a polvo verde ................................. 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE QUADR OS 
 
 
QUADRO 01 Fatores de aumento de perda e diminuição de produção de 
calor em RNPTs ......................................................................... 
 
24 
QUADRO 02 Marcos históricos do surgimento dos cuidados especiais ......... 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
LISTA DE TABELAS 
TABELA 1 – Distribuição das publicações em bases de dados 50 
TABELA 2 – Distribuição das publicações por idioma 51 
TABELA 3 – Quantidade de publicações por ano 51 
TABELA 4 – Descrição por título, autor e ano das publicações selecionadas 52 
TABELA 5 – Categorias temáticas e referências dos artigos 55 
 
12 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13 
2 PREMATURIDADE ................................................................................... 16 
2.1 CAUSAS .................................................................................................... 17 
2.2 INDICADORES FISIOLÓGICOS ............................................................... 18 
2.3 CUIDADOS ESPECIAIS COM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS ...... 19 
2.3.1 Humanização em cuidados com prematuros ....................................... 21 
2.3.2 Controle térmico ...................................................................................... 22 
2.3.3 Nutrição parenteral e enteral .................................................................. 23 
3 UNIDADES DE CUIDADOS NEONATAIS ................................................ 26 
3.1 BREVE HISTÓRICO .................................................................................. 26 
3.1.1 “Caixas de Vidro” – Como surgiram as incubadoras .......................... 29 
3.2 LEGISLAÇÃO DE CUIDADOS NEONATAIS ............................................ 31 
3.3 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL – UTIN ....................... 33 
3.4 UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS CONVENCIONAIS – 
UCINCo ..................................................................................................... 
 
34 
3.5 UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS CANGURU – UCINCa .... 34 
3.6 TERAPIAS EM UNIDADES DE CUIDADOS NEONATAIS ....................... 34 
3.6.1 Programa método mãe canguru ............................................................. 35 
3.6.2 Banho de ofurô ........................................................................................ 37 
3.6.3 Musicoterapia para prematuros ............................................................. 38 
3.6.4 Terapia com rede de balanço ................................................................. 39 
 
4 
 
USO DE RECURSOS LÚDICOS EM UNIDADES DE CUIDADOS 
NEONATAIS .............................................................................................. 41 
4.1 O USO LÚDICO DO POLVO DE CROCHÊ COM PREMATUROS EM 
INCUBADORAS ........................................................................................ 
 
41 
4.1.1 Octo project .............................................................................................. 42 
4.1.2 Um polvo de amor ................................................................................... 44 
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 47 
5.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO .............................................. 48 
5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................................... 49 
5.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ......................................... 50 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 51 
6.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS .................................................................... 51 
6.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS ...................................................................... 56 
6.2.1 Prematuridade .......................................................................................... 58 
6.2.2 Unidades de cuidados neonatais ........................................................... 60 
6.2.3 Terapias com prematuros em incubadoras .......................................... 62 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 64 
 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 66 
 ANEXOS .................................................................................................... 72 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Em março de 2017, alguns veículos de comunicação (emissoras de TV),bem como redes sociais (Facebook, Instagram, YouTube) trouxeram ao 
conhecimento do público o uso de um polvo de crochê com Recém-Nascidos (RN) 
prematuros, que estavam em incubadoras de Unidades de Terapia Intensiva 
Neonatal (UTIN) de hospitais em Brasília, no Rio Grande do Sul e em São Paulo 
(PREMATURIDADE, 2017). 
 
 FIGURA 1: Recém-nascido segurando polvo azul 
 
 Fonte: gcn.net.br 
 
Segundo as matérias, as equipes de saúde observaram que os polvos 
acalmam os RNs, que apresentam melhora nas funções cardíaca e respiratória, 
saturação sanguínea e pressão arterial; a presença do polvo possibilita ainda ganho 
de peso, uma vez que os bebês diminuem movimentos corporais, que levariam e 
perda de energia e poderiam levar à remoção de acessos, o que acarretaria atraso 
na evolução positiva dos quadros (PREMATURIDADE, 2017). 
Tal prática teve início na Dinamarca, através de um pai que solicitou à artesã 
Josefine Hagen, do blog En Elefant, que confeccionasse um polvo de crochê para 
sua filha prematura que estava na UTIN do Hospital Universitário de Aarhus. Os 
profissionais de saúde dessa unidade perceberam que após a inclusão do artefato 
na incubadora o bebê apresentou melhora em alguns sinais vitais como: funções 
14 
 
cardíaca e respiratória, pressão arterial e ganho de peso. A ideia, então, foi 
estendida a outros bebês, que também apresentaram resultados satisfatórios 
(SPRUTTEGRUPPEN, 2017). 
 
 FIGURA 2: Recém-nascido com polvo colorido 
 
 Fonte: hypeness.com.br 
 
Formou-se, então, a Organização Não Governamental (ONG) 
Spruttegruppen, integrada por pais de bebês prematuros, que criou, em 2013, o 
Octo Project, projeto que proporciona a distribuição gratuita de polvos de crochê 
para unidades hospitalares que queiram adotar a prática juntos aos bebês mantidos 
em incubadoras. O Octo Project ultrapassou fronteiras e tem sido replicado em 
outros países como Alemanha, França, Itália, Austrália e Estados Unidos 
(SPRUTTEGRUPPEN, 2017). 
A ideia chegou ao Brasil no início do ano de 2017, através da ONG 
Prematuridade, do Rio Grande do Sul, que aqui batizou o projeto de “Um Polvo de 
Amor”. Entretanto, assim como na Europa e demais continentes, aqui na América do 
Sul não há qualquer orientação padrão quanto à implantação do uso do polvo de 
crochê, nem qualquer pesquisa científica que corrobore os seus efeitos. O que há é 
a boa vontade de voluntárias que se propõem a produzir e doar os pequenos polvos, 
a assistência da ONG Prematuridade, que, na medida do possível, faz a 
intermediação entre as artesãs locais e as unidades de saúde interessadas, a 
disposição de profissionais de saúde de UTINs, UCINCas e UCINCos, que acolhem 
a ideia, e, por fim, a disponibilidade dos pais dos RNs mantidos em incubadoras. 
15 
 
Foi realizada uma pesquisa de revisão sistemática de literatura, tendo-se 
como objetivo descrever como recursos lúdicos cooperam para a recuperação de 
prematuros mantidos em incubadoras; mostrando que o uso lúdico de polvos de 
crochê com prematuros mantidos em incubadoras de unidades de cuidados 
neonatais (UTIN, UCINCa e/ou UCINCo) também tem ajudado na recuperação da 
saúde dos bebês. 
O uso lúdico do polvo de crochê pode representar uma nova forma de 
terapia em unidades especiais. Para tanto, devem ser observados todos os cuidados 
no manuseio do bebê e nos cuidados de esterilização e higiene do artefato antes de 
sua introdução à incubadora. 
Espera-se que este tenha sido o primeiro passo para incentivar pesquisas 
sobre os efeitos do uso lúdico do polvo de crochê com Recém-Nascidos de Alto 
Risco (RNAR), Recém-Nascidos de Baixo Peso (RNBP) e Recém-Nascidos Pré-
Termo (RNPT). 
Para a Psicologia, trata-se de mais uma ferramenta na busca do bem-estar 
de pequenos que, já desde o nascimento, encontram-se em situação de fragilidade, 
sendo a cada dia expostos a situações invasivas, desconfortáveis e de sofrimento. 
 
16 
 
2 PREMATURIDADE 
 
O período gestacional é reconhecido como uma fase de profundas 
alterações fisiológicas e emocionais, como observam Oliveira, Sousa e Maia (2017). 
Não só o corpo da mulher, externa e internamente, modifica-se, mas a sua rotina e a 
daqueles que a cercam também. 
O estudo realizado para a avaliação e validade de conteúdo brasileiro da 
Cambridge Worry Scale pode verificar que a ansiedade e a preocupação com 
eventos futuros relacionados à gestação, parto e saúde do bebê, são sentimentos 
presentes nas mães, não importando, nos casos pesquisados, diferenças 
sociodemográficas de qualquer linha (GREEN et al., 2003 apud OLIVEIRA; SOUSA; 
MAIA, 2017). 
 
Na gravidez, dentre as preocupações mais frequentes relatadas, 
destacam-se: a possibilidade de o bebê ter algum problema médico, 
bem como a possibilidade de ocorrer um aborto espontâneo (GREEN 
et al., 2003, CARMINA MONGE et al., 2012, GRAÇA; FIGUEIREDO; 
CONCEIÇÃO, 2011 apud OLIVEIRA; SOUSA; MAIA, 2017). 
Posteriormente, acontecem as preocupações com o parto e com a 
interação com o bebê à proporção que se aproxima a data prevista 
para o nascimento (CARMINA MONGE et al., 2012, GRAÇA; 
FIGUEIREDO; CONCEIÇÃO, 2011 apud OLIVEIRA; SOUSA; MAIA, 
2017). 
 
Por inferência, a prematuridade pode ser incluída entre essas preocupações 
sob três óticas, no mínimo: possibilidade de o bebê ter problemas médicos (saúde 
do bebê), o que ocorre desde o início com recém-nascidos pré-termo, já que 
demandam assistência e cuidados diferenciados; possibilidade de ocorrer aborto 
espontâneo, entendendo-se aqui por extensão, não o aborto, mas o parto 
antecipado (relacionado à gestação interrompida); e, por fim, preocupações com o 
parto, que podem ser entendidas, novamente, como sua antecipação. 
Portanto, desde o início da gravidez, a ansiedade e as preocupações a 
respeito de um parto prematuro cercam a gestante, e quando tal possibilidade se 
concretiza, os sentimentos de medo e incerteza, característicos da ansiedade, 
intensificam-se e se supõe que só diminuam com o passar do tempo e a saída do 
bebê, então fragilizado devido à antecipação do nascimento, da Unidade de Terapia 
Intensiva Neonatal – UTIN. 
17 
 
Pode-se inferir, então, que a prematuridade traz consigo consequências 
ansiogênicas para a mãe, além, é evidente, de todo cuidado que demanda o 
prematuro. 
Para a Organización Mundial de la Salud (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE 
SAÚDE – OMS) (2017), de um modo geral, é recomendável que os partos ocorram 
até a 39ª semana de gestação, quando, então, aconselha-se a indução. Os bebês 
nascidos até a 37ª semana são considerados prematuros assim classificados: 
prematuros extremos – menos de 28 semanas; de 28 a 32 semanas – muito 
prematuros; e de 32 a 37 semanas – prematuros moderados a tardios. 
Logo, a prematuridade é caracterizada pelo nascimento do bebê até a 37ª 
semana de gestação (FONSECA; SCOCHI, 2004), fato que o leva a necessitar de 
cuidados especiais que visam sua maturação fisiológica e equilíbrio de sua saúde. 
 
2.1 CAUSAS 
 
Os fatores relacionados aos partos prematuros ainda hoje não puderam ser 
claramente determinados na maioria dos casos. Ramos e Cuman (2009) 
constataram que variáveis relacionadas ao aparelho genital feminino, alterações de 
placenta e líquido amniótico em excesso (polidrâmnio) são comuns, podendo o parto 
antecipado também ocorrer devido à idade da mãe (quanto mais jovem, maior o 
risco), infecções que ela venha a desenvolver ou ainda em caso de primeira 
gestação. 
Além dos componentes citados enumeram-se outras causas, a saber: 
desnutrição ou dieta inadequada, falta de condições de higiene, tabagismo, 
consumo de álcool e outras drogas, todos eles relacionados aos hábitos da 
gestante; reprodução assistida; histórico anterior de parto pré-termo (PPT), 
hemorragia anteparto; mioma, conização do colo – procedimento para biópsia do 
colo uterino; gravidez de gêmeos; anomalias do feto; pré-natal deficiente; excesso 
de peso ou baixopeso anterior à gravidez, havendo ainda a classe de fatores 
sociodemográficos como: baixo nível socioeconômico e educacional e etnicidade 
(RIO DE JANEIRO, 2017). 
Para Dória e Spautz (2011) a gestação de mulheres com mais de 35 anos 
também pode ser incluída no rol dos eventos propensos à prematuridade, assim 
como indicadores bioquímicos. 
18 
 
Contudo, apesar das causas acima citadas, podem coexistir outros 
precipitadores da finalização da gestação, o que faz com que a prematuridade não 
seja ocorrência exclusiva de grupo de gestante A, B ou C. 
 
2.2 INDICADORES FISIOLÓGICOS 
 
Fatores de risco, entretanto, não podem ser visto como indicadores precisos 
de parto prematuro. Entretanto estudos foram capazes de identificar marcadores 
fisiológicos que podem indicar a antecipação do parto. 
 
Tanto o trabalho de parto a termo como o que ocorre antes de 37 
semanas estão associados a um aumento de marcadores 
inflamatórios, como o Fator de Necrose Turmoral alfa (TNF-α), 
Interleucina I (IL-I) e Interleucina 6 (IL-6) e a uma diminuição de 
Interleucina 10 (IL-10) (anti-inflamatória) (DÓRIA; SPAUTZ, 2011, p. 
2). 
 
 
Da mesma forma Bocking e colegas (1999 apud DÓRIA; SPAUTZ, 2011) 
apontam a elevada concentração de hormônio liberador de corticotropina (CRH) em 
parturientes com até 37 semanas de gestação. 
Segundo Bittar e Zugaib (2009) 
 
Dos possíveis marcadores bioquímicos conhecidos, podem ser 
citados: as interleucinas (6 e 8), o hormônio liberador da 
corticotropina (CRH), o estriol salivar, a fibronectina fetal e, mais 
recentemente, a proteína-1 fosforilada ligada ao fator de crescimento 
insulina-símile (phIGFBP-1). As interleucinas, o CRH e o estriol 
demonstraram baixas sensibilidades e baixos valores preditivos, 
além de não trazerem benefícios para a predição do parto prematuro 
(BITTAR; ZUGAIB, 2009, p. 204). 
 
Entretanto, estudos mais atuais demonstram que a presença de fibronectina 
fetal (fFN) (glicoproteína produzida pelo trofoblasto encontrada no material vaginal 
na primeira metade da gestação e na 35ª semana) é um importante indicador de 
trabalho de parto quando aparece fora dos períodos esperados (BITTAR; ZUGAIB, 
2009). 
A fFN é responsável por pela aderência do blastocisto (embrião) à decídua 
(parte da mucosa uterina). Da 22ª semana até a 35ª a fFN desaparece, retornando 
apenas quando o organismo inicia a preparação para o parto ou quando há cisão de 
19 
 
membrana, incidência de fator mecânico, infeccioso, inflamatório ou isquêmico 
(BITTAR; ZUGAIB, 2009). 
Outro fator indicador de parto pré-termo é o aspecto do colo uterino. O 
exame pode ser feito através do toque ginecológico ou por ultrassonografia vaginal 
ou abdominal. Quanto menor o comprimento do colo, maiores as chances de 
ocorrência de parto, já que o afinamento cervical é uma das etapas iniciais do 
processo, indicando que o nascimento do bebê pode ocorrer num intervalo de quatro 
a oito semanas após sua detecção (BITTAR; ZUGAIB, 2009). 
 
2.3 CUIDADOS ESPECIAIS COM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS 
 
O manual de Atenção à Saúde do Recém-nascido: Guia para Profissionais 
de Saúde (BRASIL, 2011) destaca que: 
 
no período neonatal, momento de grande vulnerabilidade na vida, 
concentram-se riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e 
culturais, havendo necessidade de cuidados especiais, com atuação 
oportuna, integral e qualificada de proteção social e de saúde 
(BRASIL, 2011, p. 11). 
 
A seguir constam algumas ações assistenciais de cuidado peri e neonatal 
que o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) considera essenciais: 
1-Cuidados prestados com qualidade, integralidade, resolutividade e 
continuidade à gestante ao bebê; 
2-Prática de ações de promoção integral da saúde e prevenção de agravos, 
para além das demandas colocadas; 
3-Integração da rede de saúde e outros setores de assistência e 
desenvolvimento social; 
4-Acolhimento prioritário do RN com intercorrência e da gestante com 
intercorrência e/ou em trabalho de parto; 
5-Abordagem de risco para garantia de atendimento adequado - imediato e 
continuado - a cada criança e mulher que assim necessitarem; 
6-Vigilância à saúde, entendida como ação que o serviço de saúde deve 
assumir em situações de mais alto risco, para minimizar danos; 
7-Captação precoce e busca ativa para início do acompanhamento pré-natal; 
20 
 
8-Acolhimento imediato para o acompanhamento pré-natal, conforme 
protocolo e atenção humanizada; 
9-Identificação e devido acompanhamento da gestação de alto risco; 
10-Visita domiciliar à gestante que não comparece às consultas pré-natais; 
11-Visita domiciliar à gestante no último mês de gestação; 
12-Acolhimento imediato na maternidade, evitando busca de vaga quando 
em trabalho de parto e/ou em caso de urgências; 
13-Garantia de acesso a leitos de alto risco e/ou cuidado intensivo para a 
mãe e o bebê pela Central de Regulação/Central de Leitos; 
14-Atenção qualificada ao parto, entendida como: equipamentos, recursos 
humanos e acompanhamento adequados durante o trabalho de parto, utilização do 
partograma (rotina de parto composta por dilatação cervical, frequência cardíaca 
fetal, duração do trabalho de parto e sinais vitais), promoção do trabalho de parto 
fisiológico, direito a acompanhante para a gestante e puérpera durante o trabalho de 
parto (Lei Federal 11.108) e para o bebê, com garantia de alojamento conjunto, 
inclusive em caso de internação do RN, promoção do contato imediatamente após o 
parto entre mãe e-bebê saudável, estimulando o aleitamento materno logo na 
primeira hora de vida; 
15-Avaliação do RNAR, no mínimo, duas vezes por ano durante os dois 
primeiros anos de vida, sendo recomendável permanecer acompanhado até o quinto 
aniversário, para avaliações de desenvolvimento cognitivo e de linguagem. 
Apesar de todos os cuidados elencados, a prematuridade ainda se destaca 
entre os fatores determinantes da mortalidade infantil no Brasil. Segundo dados do 
Ministério da Saúde (2011) cerca de 6,7% dos nascidos vivos no país em 2008 eram 
prematuros. “A mortalidade neonatal representa cerca de 60 a 70% da mortalidade 
infantil e, portanto, maiores avanços na saúde da criança brasileira requerem maior 
atenção à saúde do RN” (BRASIL, 2011, p. 18). 
O nascimento prematuro dificulta a adaptação do RN à vida fora do útero 
materno. Imaturo em sua anatomia e fisiologia, o RNPT tem elevada possibilidade 
de comprometimento de seu crescimento e desenvolvimento, necessitando, de 
imediato, de cuidados especializados, tendo como foco a atenção integral e 
humanizada, visando sua qualidade de vida (PEREIRA et al., 2013). 
Nas UTINs, a instabilidade do quadro clínico do RNPT precisa ser 
cuidadosamente monitorada, e a sua incapacidade de manter-se em homeostase, 
21 
 
sem ajuda, pode levá-lo a permanecer em uma incubadora por meses (CRUVINEL; 
PAULETTI, 2009). 
O Ministério da Saúde, através da Resolução 7, de 24 de fevereiro de 2010, 
determinou serem equipamentos obrigatórios nas UTINs, entre outros: incubadora 
com parede dupla; equipamentos para monitoração ininterrupta de temperatura, 
frequências cardíaca e respiratória, pressão arterial não invasiva e oximetria de 
pulso. Tudo sob rigorosos cuidados de higiene e limpeza. 
 
O avanço tecnológico em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal 
(UTIN) tem contribuído para o aumento da sobrevida de recém-
nascidos pré-termo (RNPT), porém, fatores como o aumento da 
quantidade de equipamentos e do número de procedimentos 
invasivos, a necessidade constante de luz, o ruído ambiente e a 
manipulação excessiva durante o cuidado ocasionam uma série de 
efeitos adversos que desencadeiam alterações no desenvolvimento 
dos neonatos, principalmente dos RNPT (PEREIRA et al., 2013, p. 
1). 
 
Cruvinel e Pauletti (2009) ressaltam que a identificação de situações 
estressantes para o RNPT ou Recém-Nascido de Baixo Peso (RNBP) previne ou 
minimiza o aparecimento de complicações,sendo essencial para o seu 
desenvolvimento normal. 
 
2.3.1 Humanização de cuidados com prematuros 
 
Entende-se por cuidado humanizado ao RNPT todas as ações que 
respeitem sua individualidade, garantindo atendimento tecnológico que vise a 
promoção de sua segurança, bem como o acolhimento de suas necessidades e de 
sua família, estimulando desde cedo o fortalecimento do vínculo entre a mãe e o 
bebê (CRUVINEL; PAULETTI, 2009). 
O cuidado humanizado promove uma melhor recuperação do RN, 
contribuindo para minimizar os efeitos causados pelo ambiente inóspito da 
hospitalização, especialmente aqueles percebidos nas UTINs, contribuindo ainda 
para uma participação mais ativa dos pais no processo de recuperação do RNPT 
(REICHERT; LINS; COLLET, 2007). 
 
Uma vez que o recém-nascido permaneça internado em uma 
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, ele estará exposto a 
22 
 
estímulos nociceptivos como dor, estresse, ruídos de equipamentos 
e conversas de funcionários, manuseio excessivo e procedimentos 
invasivos dolorosos (CRUVINEL; PAULETTI, 2009, p. 3). 
 
Compreende-se, assim, que o cuidado humanizado pode amenizar os 
efeitos decorrentes do desconforto inerente à internação em UTIN, incrementando 
não só a recuperação da saúde do RN, mas também promovendo maior contato e e 
interação dele com a família, especialmente com a mãe/cuidador(a). 
O acolhimento humanizado levou os profissionais de saúde e assistência 
social a repensarem suas relações com o RNPT, sua família e demais sujeitos 
envolvidos no processo de hospitalização. Entre as várias estratégias de cuidados, a 
manipulação mínima do RN pode ser destacada, como frisam Pereira e 
colaboradores (2013), o que auxilia na diminuição de gasto energético e de estresse. 
 
2.3.2 Controle térmico 
 
Como mencionado no item 2.3, o RNPT nasce com imaturidade anátomo-
fisiológica, o que, dentre outros fatores o impede de desempenhar bem a 
manutenção e regulação de sua temperatura corporal. 
Uma vez em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais, os RNPTs são 
mantidos em incubadoras ou berços aquecidos, podendo ali ser mantido por vários 
dias e até meses (CRUVINEL; PAULETTI, 2009). 
O equilíbrio termogênico resulta da interação entre produção e eliminação de 
calor (BRASIL, 2011). No caso de RNPTs pode ocorrer desequilíbrio desses 
mecanismos, com aumento nas perdas e limitação na produção, conforme mostra a 
tabela abaixo: 
 
QUADRO 01 – Fatores de aumento de perda e diminuição de produção de calor em RNPTs 
FATORES DE AUMENTO DE PERDA E 
DIMINUIÇÃO DE PRODUÇÃO DE CALOR EM RNPTs 
AUMENTO DA PERDA DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO 
Maior área de superfície corporal Menor estoque de gordura marrom 
Epiderme não queratinizada Menor resposta termogênica por 
hipóxia, restrição do crescimento 
intrauterino e doenças 
23 
 
Mais água extracelular (mais 
evaporação) 
Menor mobilização de 
noradrenalina e ácidos graxos 
livres 
Maior quantidade de tecido 
subcutâneo 
Consumo de O2 limitado por 
problemas pulmonares 
Menor capacidade de vasoconstrição 
cutânea 
 
Baixa temperatura ambiental 
 Fonte: BRASIL, 2011 
 
A pele do RNPT é mais fina que a de um recém-nascido a termo, sendo 
pobre em gordura subcutânea; seus pulmões também não conseguem trabalhar a 
contento para mantê-los aquecidos e tais fatores cooperam para que o controle 
térmico natural e fisiológico seja insuficiente para o prematuro (COSTA, 2009). 
A prematuridade é fator de alta morbidade e mortalidade neonatal 
(MIERZWA, 2007 apud COSTA, 2009), entretanto uma vez colocado em câmaras 
com controle térmico a taxa de sobrevida é aumentada (COSTA, 2009). 
A hipotermia no RNPT demanda importante atenção, já que se constitui em 
fator de risco para morbidade e mortalidade. Dessa forma, estratégias de prevenção 
de perda e diminuição de produção de calor contribuem para a melhora do seu 
prognóstico (BRASIL, 2011). 
Há pelo menos duas maneiras de promover o aquecimento do RNPT: por 
calor radiante ou incubadora. Um método não se sobrepõe ao outro e ambos podem 
ser feitos gradual ou rapidamente. O importante é que o reaquecimento seja 
cuidadosamente monitorado (medição de temperatura a cada 15 minutos) para 
evitar hipertermia, apneia, hipotensão e convulsões (BRASIL, 2011). 
 
2.3.3 Nutrição parenteral e enteral 
 
Estima-se que as necessidades nutricionais de RNPTs sejam, senão 
superiores, pelo menos iguais às de um feto com a mesma idade gestacional. 
Entretanto, a imaturidade do sistema digestório pode dificultar a administração de 
nutrientes por via enteral, o que demanda o uso de sonda parenteral (intravenosa) 
(BRASIL, 2011). 
O desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), da cognição, do 
comportamento e do crescimento corporal podem ser comprometidos em caso de 
24 
 
subnutrição nos períodos iniciais e mais vulneráveis da vida, como é o caso de 
bebês prematuros. Assim, “horas, e não dias, é o tempo que se supõe que os 
RNPTs podem permanecer sem suporte nutricional” (BRASIL, 2011, p. 34). 
 
A nutrição parenteral (NP) é procedimento terapêutico essencial no 
tratamento intra-hospitalar do recém-nascido pré-termo (RNPT). A 
terapia nutricional do RNPT representa um enorme desafio, pois 
quanto menor o peso e a idade gestacional do recém-nascido (RN), 
maiores serão as suas necessidades nutricionais para atingir 
crescimento e desenvolvimento adequados. Os RNPT têm reservas 
reduzidas e maior imaturidade do trato gastrintestinal e de outros 
órgãos, sistemas e aparelhos, o que impossibilita a utilização da via 
enteral de forma exclusiva, especialmente nas primeiras semanas de 
vida. Assim, os avanços nos procedimentos relacionados à nutrição 
parenteral (NP), tais como o tipo de cateter utilizado, o treinamento e 
capacitação dos profissionais envolvidos e o desenvolvimento de 
novos insumos, aliados aos progressos na legislação, têm 
contribuído sobremaneira para elevar a segurança na utilização 
desta forma de terapia nutricional (SOUZA; TESKE; SAMI, 2008). 
 
Souza, Teske e Sami (2008) acreditam que quanto menor o RNPT mais 
rapidamente deve ser iniciada a Nutrição Parenteral (NP). Corroborando 
informações do Ministério da Saúde as autoras estimam que um RN com até 1000g 
teria capacidade para sobreviver, fora da assistência nutricional parenteral, por 
apenas 96 horas; já bebês com pesagem inferior precisam receber NP logo nas 
primeiras horas de vida (SOUZA; TESKE; SAMI, 2008). 
Uma vez estabelecido o bom funcionamento gastrointestinal, o RNPT poderá 
receber alimentação enteral, por sonda orogástrica (SOG) ou sonda nasogástrica 
(SNG). Recomenda-se, todavia, que o uso da sonda seja restrito e suspenso assim 
que possível, para que o desenvolvimento das funções de 
sucção/deglutição/respiração (S/D/R) sejam a contento (MEDEIROS et al., 2010) 
 
Alimentar o recém-nascido pré-termo (RNPT) com leite da própria 
mãe proporciona benefícios que geralmente estão relacionados às 
melhorias da imunidade, digestão e absorção de nutrientes. Porém, 
recém-nascidos prematuros podem apresentar dificuldades 
alimentares, principalmente na aceitação do seio materno (PEREIRA 
et al., 2010, p. 58) 
 
Assim, é importante que o RNPT seja estimulado a desenvolver habilidades 
de coordenação das funções S/D/R para que, o quanto antes, possa fazer a 
transição da nutrição enteral para o aleitamento materno (PEREIRA et al., 2010). 
25 
 
FIGURA 3: Recém-nascido com sonda nasogástrica 
 
 Fonte: ideias.ufpe.br 
 
26 
 
3 UNIDADES DE CUIDADOS NEONATAIS 
 
Para Mendes (2010) a Unidade de Terapia Intensiva é o local destinado ao 
acolhimento de pacientes em estado grave, que necessitam de monitoramento 
constante e cuidados ricos em complexidade. 
A seguir traçar-se-á uma linha do tempo acerca dos cuidados intensivos, que 
começaram com a pioneira Florence Nightingale, passando pelas eras Dandy e 
Safar, até chegar aos dias atuais. 
 
3.1 BREVE HISTÓRICO 
 
As guerras,apesar de notadamente trágicas, também constituem campo 
fértil para inovações, sejam elas bélicas, comerciais, políticas ou mesmo para o 
desenvolvimento de estratégias em saúde. 
A Guerra da Crimeia (1854), entre russos e otomanos, envolveu também 
potências como a França e a Inglaterra, e revelou ao mundo as ideias de uma 
mulher britânica, obstinada e à frente de seu tempo: Florence Nightingale (LOPES; 
SANTOS, 2010). 
Acompanhada de oito voluntárias, Florence Nightingale atuou no Hospital 
Geral e no Barrack Hospital atendendo 4.000 feridos. Ela dedicou-se a eliminar 
problemas de saneamento nos pavilhões, onde internos careciam de cuidados 
profissionais e sofriam com infestação de piolhos e frio. Focada em atingir níveis 
aceitáveis de higiene pessoal e ambiental, Florence conseguiu reduzir a mortalidade 
do local de 42% para 2%, marcando assim seu nome como sanitarista e 
administradora, dedicando atenção especial para cuidados com pacientes cirúrgicos 
e com a prevenção de infecções (BORGES et al., 2000). 
Considerada a fundadora da enfermagem moderna, Nightingale, com sua 
teoria ambientalista, traçou diretrizes que, até hoje, norteiam os cuidados intensivos 
em hospitais. 
 
A preocupação de Nightingale enfatizava a comodidade do paciente 
com as condições locais, como por exemplo, a iluminação, a limpeza, 
o sanitarismo, a ventilação, a temperatura, a atenção, o cuidado, os 
odores e os ruídos. Em seu intenso cuidado, ela priorizava o 
isolamento, uma dieta adequada, a individualização do cuidado, a 
redução do número de leitos por enfermaria, evitando dessa forma 
27 
 
contaminações cruzadas e a diminuição da circulação de pessoas 
fora do serviço em âmbito hospitalar, evitando, dessa forma, 
condições desfavoráveis aos pacientes (NIGHTINGALE apud 
MARTINS; BENITO, 2016, p. 154). 
 
O cenário de cuidados intensivos estava se desenhando. E no ano de 1926, 
em Baltimore (Estados Unidos da América), o médico Edward Walter Dandy cria a 
primeira unidade de cuidados intensivos no Hospital Johns Hopkins, com três leitos 
de atendimento em cuidados intensivos para pacientes em pós-operatório de 
neurocirurgia (MENDES, 2010). 
A era seguinte é conhecida como Era Safar, que leva o nome do médico 
austríaco Peter Safar, considerado o primeiro médico intensivista e criador do ABC 
primário em cuidados intensivos, tendo criado a técnica de ventilação artificial boca a 
boca e massagem cardíaca externa (MENDES, 2010). 
O quadro abaixo traz um resumo desse breve passeio histórico. 
 
 Quadros 02 – Marcos históricos do surgimento dos cuidados especiais 
 
MARCOS HISTÓRICOS DO SURGIMENTO DE UNIDADES DE TERAPIAS 
INTENSIVAS – UTIs 
ERA NIGHTINGALE ERA DANDY ERA SAFAR 
Saneamento de Pavilhões 
Criação da primeira 
unidade de cuidados 
intensivos 
Primeiro médico 
intensivista 
Cuidados profissionais 
mais focados no paciente 
 
Atendimento diferenciado 
a pacientes em pós-
operatório 
ABC de cuidados 
intensivos 
Cuidados com higiene 
pessoal (paciente e 
profissionais) e ambiental 
 
Criação da técnica de 
ventilação artificial boca 
a boca 
Foco no atendimento de 
pacientes cirúrgicos 
 
Criação da massagem 
cardíaca externa 
Foco na prevenção de 
infecções 
 
 Fonte: MENDES, 2010. 
 
28 
 
Quando se pesquisa sobre o surgimento das UTI neonatais, mais uma vez a 
guerra, ou a possibilidade de sua ocorrência, está presente. Para Rodrigues e 
Oliveira (2004) a Europa, receosa com o crescente despovoamento e a incipiente 
vulnerabilidade diante de cenários bélicos, voltou seu olhar para os cuidados à 
saúde da criança (entre 1870 e 1920). 
Segundo as autoras, até meados do século XIX crianças prematuras e/ou 
com má formação congênita eram ignoradas pelos médicos, que as deixavam à 
própria sorte para que morressem (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
Como já visto, foi uma guerra nos anos de 1850 que fez surgir as primeiras 
noções básicas sobre cuidados intensivos e higiene para com paciente graves, 
através das iniciativas da britânica Florence Nightingale (LOPES, SANTOS, 2010). A 
preocupação com novas guerras e com o envelhecimento da população europeia 
motivou um movimento que ficou conhecido como a gênese da medicina neonatal 
(RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
Pierre Budin, obstetra francês, é considerado o pai da Neonatologia 
(COSTA, 2009), pois foi o primeiro a demonstrar preocupação com os recém-
nascidos pós-salas de parto. Em 1892, criou um ambulatório de puericultura no 
Hospital Charité, em Paris (AVERY, 1978 apud RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004), 
sendo ainda de sua autoria os princípios e métodos que deram base à medicina 
neonatal (LUSSKY, 1999 apud RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
 
No final do século XIX, outras evoluções ocorreram no tratamento 
obstétrico e neonatal. As incubadoras estavam sendo utilizadas no 
tratamento de crianças prematuras com sucesso. [...] Os avanços 
médicos e tecnológicos da época propiciaram grandes 
transformações no cuidado neonatal durante e após o parto. 
Segundo LUSSKY (1999 apud RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004), as 
fundações que antes eram designadas para prestar assistência a 
crianças abandonadas foram modificadas e transformadas em 
hospitais infantis, e os pediatras assumiram um grande papel no 
tratamento neonatal. Na primeira década do século XX, observa-se 
um aumento da contribuição dos pediatras para a ciência da 
medicina neonatal, estudos sobre a alimentação (natural e artificial) e 
a prematuridade foram realizados, e curvas de crescimento eram 
utilizadas para estabelecer demandas de energia. Após uma 
exibição, em Chicago, de lactentes prematuros em uma unidade de 
demonstração, organizada por Coney, o pediatra Julius Hess criou 
um centro para assistência aos lactentes prematuros naquela cidade 
(AVERY, 1978; DOWNES, 1992 apud RODRIGUES; OLIVEIRA, 
2004). 
29 
 
Budin assinala três problemas básicos no cuidado com RNPTs: prevenção 
de doenças infecciosas; o controle térmico e a alimentação (COSTA, 2009). 
Estava criado o primeiro centro para cuidados de neonatos com 
necessidades especiais, hoje conhecido como Unidade de Terapia Intensiva 
Neonatal ou UTIN, onde uma equipe multiprofissional trabalha no sentido de reverter 
o quadro de saúde de recém-nascidos graves ou potencialmente graves. 
 
3.1.1 “Caixas de Vidro” – Como surgiram às incubadoras 
 
Em 1878 o médico francês Stephane Etienne Tarnier, solicitou a um 
funcionário de um zoológico que o mesmo desenvolvesse uma caixa térmica 
semelhante a uma chocadeira de ovos de galinha (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
Batizada de modelo Tarnier, essa primeira incubadora era feita de madeira, 
com uma parte superior projetada para alojar o recém-nascido, e uma inferior, onde 
eram acondicionadas botijas com água quente, que buscavam manter a temperatura 
do artefato aquecida. Vale destacar alteração posterior feita pelo aluno de Tarnier e 
também médico Auvard, que retirou as botijas e projetou um depósito para o 
acondicionamento da água (OLIVEIRA, 2004). 
FIGURA 4: Incubadora de Tarnier 
 
 Fonte: madrimasd.com 
30 
 
Esse protótipo inicial de incubadora fez decrescer em 28% a taxa de 
mortalidade de bebês pesando menos de 2 Kg ao nascer (LUSSKY, 1999 apud 
RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
Há, entretanto, polêmicas acerca do original inventor da incubadora, mas o 
que se sabe é que a mesma ganhou destaque graças aos trabalhos desenvolvidos 
por Pierre Budin e seu aluno Martin Cooney (OLIVEIRA, 2004). 
 
FIGURA 5 Incubadora Lyon 
 
 Fonte: mdrimasd.com 
 
Estima-se que as primeiras incubadoras instaladas no Brasil datam de 1908, 
quando da criação da Creche Senhor Alfredo Pinto, no do Instituto de Proteção e 
Assistência à Infância do Rio de Janeiro, criado pelo médico Arthur Moncovo Filho. 
Na creche havia 21 leitos infantis e 2 incubadoras da marca Lyon, destinadas ao 
atendimento de crianças débeis e prematuras (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2004). 
 
A criação desseserviço se deu [...] por Antonieta Morpurgo. A Lyon 
foi uma incubadora fundamentada nos princípios das primeiras 
incubadoras. Seu objetivo era manter o RNPT num meio aquecido na 
tentativa de simular um ambiente intraútero. A importação das 
incubadoras para o Brasil despertou críticas na área médica. Uma 
das críticas era a não utilização de incubadoras para RNPT, pelo fato 
do o Brasil ser um país de clima tropical. Os argumentos foram 
contestados pelos responsáveis pela importação das incubadoras 
alegando a oscilação de temperatura no Brasil, em alguns meses do 
31 
 
ano. Foi então demostrado que, no Rio de Janeiro, a temperatura 
atingia 12ºC-16ºC no inverno. Desse modo foi confirmado que, a 
condição térmica do ambiente era suficiente para provocar o 
resfriamento corporal do RNPT, desencadeando outras alterações 
corporais. Entre os anos 50 e 60 as incubadoras passaram a ser 
confeccionadas com uma parede de plástico transparente, uma 
ventoinha a fim de permitir circulação de ar passando pelo aquecedor 
e um sistema que permitia causar a umidificação através de um 
recipiente de água, além de aquecimento por convecção com 
controle da temperatura (RAMOS; SOUSA, 2017, p. 4). 
 
As incubadoras neonatais são câmaras com paredes (simples ou dupla) de 
acrílico, colchão com isolamento térmico, aberturas laterais para acesso manual ao 
RN, aquecidas por convecção e com controle rigoroso de fluxo de ar, umidade, 
oxigênio e som (COSTA, 2009). 
Segundo Costa (2009) 
 
As chances de sobrevida dos recém-nascidos prematuros aumentam 
quando eles são colocados em um ambiente em que são controladas 
a temperatura e a umidade relativa do ar. A incubadora neonatal é 
um equipamento médico assistencial que serve para manter a vida 
de bebês prematuros onde estes encontram condições semelhantes 
à existentes no útero materno (COSTA, 2009). 
 
Atualmente as incubadoras não só mantém aquecido o recém-nascido, 
como também monitoram com precisão suas curvas térmicas e umidificam 
adequadamente o ambiente para o RNPT (RAMOS; SOUSA, 2017). 
 
3.2 LEGISLAÇÃO DE CUIDADOS NEONATAIS 
 
Optou-se, neste item, iniciar pela carta magna a apresentação dos 
dispositivos legais que se referem a cuidados com recém-nascidos. Desta forma, em 
seu artigo primeiro lê-se que “A República Federativa do Brasil [...] constitui-se em 
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] II–a cidadania; III–a 
dignidade da pessoa humana” (BRASIL, 1988, p. 12). 
No mesmo dispositivo o artigo terceiro determina que “Art. 3o Constituem 
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] IV–promover o bem 
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação” (grifou-se) (BRASIL, 1988, p. 12). 
32 
 
No capítulo II (Dos Direitos Sociais), artigo sexto: “Art. 6o São direitos sociais 
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer [...]” 
(grifou-se) (BRASIL, 1988, p. 18) 
A Saúde tem diretrizes estabelecidas no Título VIII – Da Ordem Social – 
Capítulo II – Da Seguridade Social, Seção II – Da Saúde, que inicia com o artigo 196 
discorrendo ser “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” (BRASIL, 1988, 
p. 118). 
São dispositivos legais referentes atendimento humanizado em unidades de 
cuidados especiais neonatais – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 
Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), e Unidade de Cuidados 
Intermediários Convencional (UCINCo), a saber: 
1-Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que regula o Sistema Único de 
Saúde – SUS (BRASIL, 1990); 
2-Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a lei do SUS e 
dá outras providências (BRASIL, 2011); 
3-Portaria 371, de 07 de maio de 2014, que traça as diretrizes para a 
organização a atenção integral e cuidado humanizado ao RN no SUS (BRASIL, 
2014); 
4-Portaria 693, de 05 de julho de 2000, que orienta sobre a implementação 
do Programa Método Mãe Canguru (BRASIL, 2000). 
5-Portaria 895, de 31 de março de 2017, que trata dos cuidados 
progressivos ao paciente crítico ou grave, alocado em UTIN, UCINCa e UCINCo, 
além de outras (BRASIL, 2017); 
6-Portaria 930, de 10 de maio de 2012, que define diretrizes e objetivos 
relativos à organização do atendimento integral e humanizado ao RNPT, RNAR e 
RNBP, assim como os critérios de classificação e habilitação de leitos de Unidade 
Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2012); 
7-Portaria 1.683, de 12 de julho de 2007, que atualiza a Portaria 693/00. 
8-Portaria 2.351, de 05 de outubro de 2011, que institui a Rede Cegonha, 
que assegura às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e 
desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011); 
9-Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 07, da ANVISA, de 24 de 
fevereiro de 2010, que dispõe acerca de requisitos mínimos para funcionamento de 
UTIN e dá outras providências (BRASIL, 2010); 
33 
 
10-RDC 137, da ANVISA, de 08 de fevereiro de 2017, que altera a RDC 
07/2010 (BRASIL, 2017); 
 
3.3 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL – UTIN 
 
O artigo 5º, da Portaria 930/12 define a Unidade de Terapia Intensiva 
Neonatal como: 
 
Um serviço de internação responsável pelo cuidado integral ao 
recém-nascido grave ou potencialmente grave, dotado de estruturas 
assistenciais que possuam condições técnicas adequadas à 
prestação de assistência especializada, incluindo instalações físicas, 
equipamentos e recursos humanos (BRASIL, 2012, p.1). 
 
 
Para Reichert, Lins e Collet (2007), apesar da UTIN ser ambiente destinado 
ao tratamento e recuperação de RNPT, RNAR e RNBP, não deixa de ser barulhento, 
frio e desconfortável, bem diferente da cavidade uterina, que possui temperatura e 
filtragem de ruídos e promove o aconchego e bem-estar ao bebê. 
As UTINS estão categorizadas com tipo II e tipo III, como descrito nos 
artigos 13 e 14, respectivamente, da Portaria 930/12. 
 
 FIGURA 6: Recém-nascido em incubadora 
 
 Fonte: stacasa.com.br 
34 
 
Apesar de toda a equipe que cerca o RNPT, acredita-se que o mesmo possa 
sentir falta de contatos afetuosos, pois, como relatam Pereira e colaboradores 
(2013) poucas são as intervenções afetuosas a ele dispensadas. 
 
3.4 UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS CONVENCIONAIS – UCINCo 
 
As Unidades de Cuidados Intermediários Convencionais ou Unidades Semi-
intensivas destinam-se ao atendimento de RNs de menor complexidade de 
atendimento por serem considerados pacientes de médio risco (BRASIL, 2012). 
Podem funcionar de forma independente ou como unidades de suporte às 
UTINs (BRASIL, 2012). 
O artigo 16, da Portaria 930/12 elenca as condições de saúde de RNs que 
poderão ser atendidos sob cuidados intermediários convencionais (Anexo A). 
 
3.5 UNIDADE DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS CANGURU - UCINCa 
 
São unidades de serviços com infraestrutura física e material para adequado 
acolhimento de mãe e bebê para a prática do Programa Método Mãe Canguru 
(BRASIL, 2012). 
Ambos, mãe e bebê, receberão assistência por equipe de saúde 
devidamente treinada, capaz de prestar todo cuidado e orientação necessários ao 
pleno restabelecimento da saúde do RN e da mãe (BRASIL, 2012). 
A Portaria 930/12, que regula a instalação e manutenção das UTINs, 
UCINCo e UCINCa determina que só haverá Unidade Canguru onde também houver 
Unidade Convencional (BRASIL, 2012). 
 
3.6 TERAPIAS EM UNIDADES DE CUIDADOS NEONATAIS 
 
Como exposto ao longo desse trabalho, as unidades de cuidados especiais 
neonatais são centros de excelência tecnológica e profissional no atendimento a 
recém-nascidos pré-termo, recém-nascido de alto risco e recém-nascido de baixo 
peso. 
Sabe-se, entretanto, que tais unidades também podem ser fatores geradores 
de estresse tanto para os bebês quanto para profissionais e familiares, como ensina 
Moreira, Braga e Morsch (2003): 
35 
 
O ambiente físico de uma UTI é, muitas vezes, estressantepara os 
bebês e suas famílias. Em geral, é muito iluminado e muito 
barulhento. Os equipamentos, os sons dos alarmes e as luzes 
piscando costumam gerar muita ansiedade na família, nos pacientes 
e até mesmo nos profissionais que ali trabalham (MOREIRA; 
BRAGA; MORSCH, 2003, p. 35) 
 
Assim, profissionais estão sempre em busca de recursos que possam 
auxiliar na recuperação dos pequenos internos. O Programa Método Mãe Canguru, 
o banho de Ofurô, a Musicoterapia e a Terapia com rede de Balanço são alguns 
destes recursos que serão brevemente explanados a seguir. 
 
3.6.1 Programa método mãe canguru 
 
São muitas as formas terapêuticas utilizadas em Unidades de Terapia 
Intensiva Neonatal e, entre as que buscam amenizar os efeitos do parto antecipado, 
atualmente no Brasil a que possui reconhecimento e indicação por parte do 
Ministério da Saúde é o Programa Método Mãe-Canguru, o qual conta, inclusive com 
uma cartilha amplamente divulgada e praticada nos hospital das redes pública e 
privada (BRASIL, 2011). 
A cartilha Atenção Humanizada ao Recém-nascido de Baixo Peso – Método 
Canguru – Manual Técnico (BRASIL, 2011) traz como objetivos principais do 
programa: 
a) promover, o quanto antes, a proximidade da mãe com o bebê, 
fortalecendo o vínculo afetivo; 
b) estimular, logo que possível, o reflexo de sucção ao peito, favorecendo 
o aleitamento materno e a contratilidade do útero; 
c) garantir o acesso aos cuidados especializados necessários ao pronto 
restabelecimento da saúde do recém-nascido. 
Segundo Azevedo (2008, p. 9) o Método Mãe Canguru é: 
 
Um tipo de assistência neonatal que implica o contato pele a pele 
precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo peso, de forma 
crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e 
suficiente, permitindo, dessa forma, maior participação dos pais no 
cuidado ao filho (AZEVEDO, 2008, p. 9). 
 
No final da década de 70, os médicos pediatras colombianos Edgar Rey 
Sanabria, Hector Martinez Gómez e, posteriormente, Dr. Luís Navarrete Pérez, 
36 
 
buscavam uma solução para o problema de superlotação nas unidades de cuidados 
neonatais do Hospital San Juan de Díos, em Bogotá. Naquele período era comum 
encontrar dois ou até mais RNs em uma única incubadora (AZEVEDO, 2008; 
BRASIL, 2011). 
 FIGURA 7: Recém-nascidos em posição do PMMC 
 
 Fonte: secom.to.gov.br 
 
Inspirados na ideia da gestação marsupial, onde os bebês “amadurecem” 
em uma bolsa localizada na parte externa do corpo da mãe, os médicos imaginaram 
que prematuros com estabilidade clínica e cujas preocupações fossem apenas o 
ganho de peso e a regulação de temperatura corporal, poderiam ser aconchegados 
à suportes similares à bolsas dos marsupiais adaptados ao corpo das mães 
(CHARPAK et al., 1997 apud AZEVEDO, 2008). 
Assim, o bebê deveria ser aconchegado, verticalmente, entre os seios de 
sua mãe, mantendo contato pele a pele com ela, o que estimularia o vínculo e 
também a troca de calor corporal. A posição favorecia inclusive o aleitamento 
materno, essencial para bebês que precisam ganhar peso e desenvolver resistência 
(AZEVEDO, 2008). 
Azevedo (2008) ressalta que no Brasil, o método começou a ser praticado 
em 1992, em Santos-SP e, posteriormente, em 1993, no Instituto Materno Infantil de 
Pernambuco, obtendo resultados satisfatórios em ambas as instituições. O principal 
benefício secundário dessa terapia é o fortalecimento do vínculo mãe-bebê, já que 
37 
 
há contato direto, pele a pele, e diário entre os dois. Além disso, a amamentação, 
outro foco de campanhas do Ministério da Saúde, também é estimulada. 
Entretanto o Manual Técnico (BRASIL, 2011) traz como marco inicial o ano 
de 1997, quando o Instituto Materno‑Infantil de Pernambuco, atualmente Instituto de 
Medicina Integral Professor Fernando Figueira, participou do concurso “Gestão 
Pública e Cidadania”, com o projeto social da “Enfermaria Mãe Canguru”. 
O certo é que em 05 de julho de 2000 a Portaria 693/GMMS (Gabinete do 
Ministro - Ministério da Saúde) instituiu o PMMC como Política Nacional de Saúde, 
sendo posteriormente revogada em 12 de julho de 2007, pela Portaria GMMS 1.683 
(BRASIL, 2011). 
 
3.6.2 Banho de ofurô 
 
O termo Ofurô tem raiz no japonês e significa banheira (WIKIPÉDIA, 2018), 
sendo caracterizado por ser mais profundo e mais curto que uma banheira 
convencional, permitindo um banho em posição fetal, com água até os ombros 
(WIKIPÉDIA – ENCICLOPÉDIA LIVRE, 2018). 
O banho de ofurô terapêutico para recém-nascidos é uma conduta 
humanizada, baseada na ideia de que a imersão do RN em água aquecida pode 
contribuir para a redução do estresse, perda de peso e tempo de internação 
(ATAÍDE et al., 2016). 
Criado na Holanda nos últimos anos da década de 90, a ofuroterapia tenta 
simular os estímulos do útero materno, ambiente líquido no qual o bebê se 
desenvolveu, resgatando no RN sensações prazerosas ali experimentadas (ATAÍDE 
et al., 2016). 
Com objetivos de reduzir o estresse, a ofuroterapia pode ser aplicada a 
RNPTs com estabilidade clínica, peso entre 1.250g e 2.500g, nutrição enteral plena 
e em processo normal de ganho de peso (GONÇALVES; SANCHEZ, 2017). 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 FIGURA 8: Recém-nascido em banho de ofurô 
 
 Fonte: g1.globo.com/ 
 
Pelas orientações de Gonçalves e Sanchez (2017), a terapia é indicada 
para: reduzir a sensibilidade do RN, levando à diminuição da dor; relaxamento 
muscular; redução de estresse devido aos dois efeitos anteriores, diminuindo os 
níveis de cortisol; vasodilatação, que promove o aumento da circulação periférica; 
incremento da capacidade vital e do retorno venoso; e, por fim, promoção de 
sensação de bem-estar, devido à similitude com o ambiente do útero materno. 
 
3.6.3 Musicoterapia para prematuros 
 
O poeta inglês Robert Browning uma vez disse “quem ouve música, sente a 
sua solidão de repente povoada” (PENSADOR, 2017). Talvez essa seja a sensação 
maior da música também ao recém-nascido em incubadora, ali tão só, mas cercado 
de ruídos, luzes e intervenções dolorosas. 
“A questão de se a musicoterapia deveria ou não ser introduzida no 
ambiente da UTIN deve ser tratada com muito cuidado e é dividida em duas partes: 
o benefício da musicoterapia para lactentes e o benefício para as mães” (ARNON, 
2011, p. 1). 
Para os RNs os ganhos mais significativos foram ganho de peso, redução de 
comportamento de estresse e tempo de hospitalização e níveis elevados de 
39 
 
saturação de oxigênio. Já para as mães os poucos estudos demonstraram redução 
de estado ansiogênico e estresse (ARNON, 2011). 
 
3.6.4 Terapia com rede de balanço 
 
O uso da rede de balanço em incubadora é um método humanizado de 
atendimento, que visa melhorar a recuperação da saúde do RN mantido em unidade 
de cuidados especiais (LINO et al., 2015). 
 FIGURA 9: Recém-nascido em rede de balanço 
 
 Fonte: prematuridade.com 
 
Para Guerin e Birk (2016) as redes de balanço constituem um recurso que 
vem se destacando no cuidado destinado aos RNPTs, cooperando para amenizar os 
efeitos da: 
Separação dos pais, manobras dolorosas, entre outras que enfrenta 
um prematuro na Unidade de Terapia Intensiva. Todos estes eventos 
levam a um esgotamento físico ou emocional, exaustão, com muito 
gasto de energia, que deveria ser poupada, pois sua escassez causa 
um impacto futuramente na qualidade de vida desses bebês. [As 
redes] são colocadas dentro das incubadoras, suspensas pelas 
extremidades se tornando um lugar onde os bebês dormem e 
descansam na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. O 
posicionamento na rede simula a postura que o recém-nascido se 
encontrava no útero materno (GUERIN; BIRK, 2016). 
 
Redução da perda de calor e do gasto de energia, o que leva ao 
consequente ganho de peso, a acomodação do RN em rede de balanço leva-o ao 
40 
 
relaxamento muscular, mediante a postura flexionada dos membros (similar à 
posição fetal),o que leva a respostas comportamentais de diminuição de choro e 
irritabilidade, provocando ainda estimulação sensorial (visual, auditiva e tátil) 
adequada por meio do balançar, melhora da frequência cardíaca e desenvolvimento 
neuropsicomotor (LINO et al., 2015). 
O RNPT acomodado na rede tende a demonstrar sinais de tranquilidade e 
segurança, uma vez que, acreditam Guerin e Birk (2016), ele se sinta mais 
aconchegado e menos estressado. Além disso, a redinha estimula os sentidos 
(visão, audição e tato) e aprimora os reflexos primitivos (CAVALARIA, 2009 apud 
GUERIN; BIRK, 2016). 
 
41 
 
4 O USO DE RECURSOS LÚDICOS EM UNIDADES DE CUIDADOS NEONATAIS 
 
Perrone (2015) ensina que através da brincadeira o organismo consegue 
atingir equilíbrio e compensação diante das frustrações, tensões e conflitos. Em 
hospitais, o uso de recursos lúdicos transforma um ambiente relacionado a choro, 
tristeza e medo, em local de risos, alegria e descontração. 
Assim, cada vez mais recursos lúdicos estão sendo acrescidos à unidade 
hospitalares, alcançando grande relevância na recuperação da saúde de crianças 
(BRASIL; SHWARTZ, 2015). 
 
4.1 O USO LÚDICO DO POLVO DE CROCHÊ COM PREMATUROS EM 
INCUBADORAS 
 
No início de 2017 foram veiculadas notícias de que o uso de um polvo feito 
em crochê estava auxiliando na recuperação da saúde de prematuros mantidos em 
incubadoras. Segundo as notícias, uma vez em contato com os tentáculos 
espiralados e aconchegados ao macio corpinho do “bichinho” confeccionado em 
algodão, os RNs mantinham-se calmos, tranquilos, mantendo intactos acessos 
medicamentosos e de monitoramento (PREMATURIDADE, 2018). 
FIGURA 10: Recém-nascido aconchegado ao polvo 
 
 Fonte: comunhão.com.br 
 
42 
 
Além da perceptível diminuição da agitação do RN, profissionais de saúde 
intensivista perceberam que houve incremento das funções cardíaca e respiratória, 
melhora da saturação sanguínea, pressão arterial e ganho de peso 
(PREMATURIDADE, 2018). 
 
4.1.1 Octo project 
 
Diferentemente do Método Canguru o uso de um artefato de crochê junto a 
um RNPT não aconteceu com a intenção de promover bem-estar à criança. 
Segundo o site da ONG dinamarquesa Spruttegruppen a ideia surgiu através de um 
pai que solicitou à artesã Josefine Hagen, do blog EnElefant, que confeccionasse 
um polvo de croché para sua filha prematura que estava na UTIN do Hospital 
Universitário de Aarhus (SPRUTTEGRUPPEN, 2017). 
FIGURA 11:Recém-nascido com polvo azul 
 
 Fonte: spruttegruppen.com 
 
Segundo a ONG SPRUTTEGRUPPEN (2017), após a devida esterilização, o 
polvo foi colocado junto a bebê e esta começou a dar sinais de melhora nas funções 
respiratória e cardíaca, saturação sanguínea e pressão arterial. Além disso, foi 
percebido que ela se mantinha mais tranquila, agitando menos braços e pernas, o 
que colaborava para manter todos os acessos em seus lugares. Supõe-se que por 
esse motivo, após um tempo, que não foi especificado, percebeu-se que houve 
também ganho de peso. 
https://www.spruttegruppen.dk/wp-content/uploads/press/Adrian2_til_brug_for_spruttegruppe_kvit_og_frit.jpg
43 
 
A ideia, então, foi estendida a outros bebês, que também apresentaram 
resultados satisfatórios (SPRUTTEGRUPPEN, 2017). 
Formou-se, então, o grupo Spruttegruppen, integrado por pais de bebês 
prematuros, que criou, em 2013, o Octo Project, o qual tem sido replicado em outros 
países como Alemanha, França, Itália, Austrália e Estados Unidos 
(SPRUTTEGRUPPEN, 2017). 
 
FIGURA 12: Recém-nascido segurando cordão umbilical 
 
 Fonte: arquivo pessoal 
 
Acredita-se que os bebês recordam e revivem sensações de conforto e 
aconchego quando seguram o tentáculo do polvo, pois, supõe-se, ele se assemelha 
ao cordão umbilical com o qual brincavam ou seguravam quando estavam no útero 
materno (PREMATURIDADE, 2017). 
O Octo Project, ou Projeto Polvo, consiste na disseminação do uso do polvo 
feito de linha 100% algodão, com pontos de crochê e preenchido com lã siliconada, 
que é colocado junto a bebês prematuros mantidos em incubadoras. Os voluntários 
engajados no projeto recebem as doações de artesãs crocheteiras e as encaminham 
aos hospitais que já utilizam os polvinhos (SPRUTTEGRUPPEN, 2017; 
PREMATURIDADE, 2017). 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 FIGURA 13:Polvos de crochê 1 
 
 Fonte: spruttegruppen.com 
 
Na Dinamarca o polvo de crochê, como alternativa de cuidado ao prematuro, 
vem sendo usado desde 2011, ainda que não haja qualquer dado científico da 
eficácia do método, e atualmente dezessete países da Europa adotam a prática, já 
tendo sido distribuídos gratuitamente pela Spruttegruppen mais de trinta mil polvos 
(SPRUTTEGRUPPEN, 2017). Número que não para de crescer. 
 
4.1.2 Um polvo de amor 
 
A ideia chegou ao Brasil através da Organização Não Governamental 
Prematuridade, do Rio Grande do Sul, que chamou o projeto de “Um Polvo de 
Amor”. 
 FIGURA 14: Recém-nascido com polvo rosa 
 
 Fonte: spruttegruppen.com 
https://www.spruttegruppen.dk/wp-content/uploads/press/Maya_til_brug_for_spruttegruppe_kvit_og_frit.jpg
45 
 
Entretanto, assim como na Europa e demais continentes, aqui na América 
do Sul não há qualquer orientação padrão quanto à implantação do uso do polvo, 
nem qualquer pesquisa científica que corrobore os seus efeitos. O que há é a boa 
vontade de voluntárias que se propõem a produzir e doar os pequenos polvos, a 
assistência da Prematuridade, que faz a intermediação entre as artesãs e as 
unidades de saúde interessadas, assim como orienta todo o processo de forma 
intuitiva. 
Pelos dados da ONG são mais de vinte unidades de cuidados neonatais 
(ANEXO A) utilizando o polvo (PREMATURIDADE, 2017), ainda de forma não 
padronizada e sem acompanhamento dos resultados; ou seja, tudo aqui, como no 
resto do mundo, está sendo feito sem base científica e é isso que se pretende mudar 
com este estudo inicial. 
Receoso com o abandono de métodos cientificamente comprovados como 
Programa Método Mãe Canguru o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica 
08/2017 (ANEXO B) que recomendava a utilização do polvo apenas como recurso 
lúdico e não como recurso terapêutico (BRASIL, 2017). 
 
A repercussão do uso do “polvo” facilita o uso de brinquedos nas 
incubadoras, resgatando o lugar do lúdico junto à esses bebês [...]. 
Por muito tempo a presença de pequenos presentes 
familiares/brinquedos trazidos para o bebê foi proibida , com o 
argumento de que poderiam comprometer o controle de infecções 
nas unidades neonatais. A presença do polvo resgata essa 
discussão. A utilização de brinquedos na unidade neonatal tem 
benefícios, podendo ser o polvo assim como girafas, sapos, ursos, 
bonecos, carros, desde que respeitadas as normas e protocolos de 
controle de infecção hospitalar de cada unidade (BRASIL, 2017, p. 
1). 
 
Entende-se a preocupação do Ministério da Saúde, para que a prática não 
se torne uma fonte de riscos ao RN, uma vez que movidas pela empolgação as 
pessoas possam começar a produzir polvos com material diverso ao recomendado 
ou fora dos padrões de tamanho, o que pode comprometer a integridade física do 
RN (enlaçamento ou sufocamento, alergias respiratórias e/ou cutâneas). 
 
 
 
 
46 
 
 FIGURA 15: Recém-nascido aconchegado a polvo verde 
 
 Fonte: ficargravida.com.br 
 
Todavia é importante que pesquisas sejam desenvolvidas para que se possa 
orientar, assim como é feito com o Programa Método Mãe Canguru, a 
implementação do uso do polvo, criando orientações que abarquem desde a sua 
confecção, até a entrega definitiva para o RN em alta. 
 
 
47 
 
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS 
 
Buscou-se com esse trabalho levantar as publicações existentes acerca do 
uso lúdico de polvos de crochê com prematuros em incubadora. 
Realizando-se buscas de referenciais teóricos publicados, os mesmos 
nortearam a pesquisa, contribuindopara a análise e organização dos dados 
coletados, além de terem fundamentado e dado base a todo o estudo, seguindo-se 
orientação de Costa e Zoltowski (2014), que destacam constituir-se a revisão 
sistemática em um trabalho crítico, reflexivo e compreensivo sobre a temática a ser 
pesquisada e avaliada. 
Para Guanilo, Takahashi e Bertolozzi (2010) a pesquisa sistematizada 
constitui-se de uma metodologia rigorosa que se propõe a identificar estudos sobre 
um tema específico, utilizando métodos explícitos e sistematizados de busca; avaliar 
a qualidade e validade desses estudos, e também verificar a aplicabilidade no 
contexto onde mudanças poderão ser implementadas. 
As mesmas autoras ressaltam ainda que os estudos sobre o tema 
selecionado poderão fornecer evidência científica que possibilitará a implementação 
de uma nova prática baseada em evidências (GUANILO; TAKAHASHI; 
BERTOLOZZI, 2010). 
MacLure et al. (2016) ressaltam quatro razões que fundamentam a pesquisa 
sistematizada: identificar, avaliar e interpretar evidências em pesquisas disponíveis 
sobre o tema escolhido; identificar intervenções eficazes e ineficazes sobre o tema; 
auxiliar na informação de práticas e políticas integradas e imparciais nas quais as 
evidências se baseiam; e identificar lacunas na literatura (acerca do tema escolhido) 
para informar estudos futuros (MACLURE et al., 2016). 
O estudo foi dividido em oito etapas: 1-Delimitação do tema; 2-Escolha das 
fontes de dados; 3-Escolha dos descritores para a busca; 4-Busca e armazenagem 
de artigos; 5-Seleção de estudos de acordo com critérios de inclusão e exclusão e 
análise de resumo; 6-Seleção de dados dos artigos selecionados; 7-Avaliação dos 
artigos; 8-Síntese e interpretação dos dados. As etapas não foram rigorosamente 
sequenciais, pois conversam entre si (MACLURE et al., 2016). 
Os dados do estudo para esta revisão sistemática foram selecionados 
através de pesquisas realizadas em bancos de dados com respaldo nacional e 
internacional, a saber: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da 
48 
 
Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online 
(MEDLINE), acessados através do portal bvsalud.org; Scientific Eletronic Library 
Online (SciELO). Também foi utilizada a plataforma do Google Acadêmico, por 
conter monografias, dissertações, teses, leis, manuais e materiais diversos 
relacionados aos descritores utilizados. 
Por ser um tema novo, nessas bases não foram encontrados estudos 
científicos diretamente relacionados aos efeitos do uso lúdico do polvo de crochê 
com prematuros em incubadoras, por esse motivo, também foram utilizadas 
informações dos sites das Organizações Não Governamentais Prematuridade e 
Spruttegruppen, do Brasil e Dinamarca, respectivamente. As referidas ONGs são 
responsáveis pela criação e divulgação da ideia e trazem dados importantes sobre 
sua história, orientações para confecção do artefato, países que já adotam o uso, 
efeitos percebidos e quantidade de polvos distribuídos. 
Como já mencionado, não foram encontrados artigos científicos sobre o 
tema escolhido, então, a seleção de artigos científicos sobre os benefícios do uso de 
artefatos lúdicos com prematuros em unidades de cuidados neonatais, o que auxilia 
na compreensão dos possíveis efeitos que o uso lúdico do polvo de crochê pode 
trazer. Buscou-se ainda dados sobre os processos que envolvem a prematuridade e 
a complexidade da internação de um prematuro, estudando-se as unidades de 
cuidados neonatais e algumas terapias ali utilizadas. 
 
5.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 
 
Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos publicados 
foram os seguintes: que contivessem (isoladamente ou cruzados) qualquer dos 
descritores do item 5.2 e/ou das palavras-chave citadas no resumo (e título) deste 
trabalho (para cruzamento foram utilizados os conectores ‘e’, ‘ou’; ‘and’, ‘or’, ‘y’ e ‘o’, 
para artigos em Português, Inglês e Espanhol, respectivamente); que estivessem 
disponíveis português, inglês e/ou espanhol; e que contemplassem o tema e os 
objetivos da pesquisa. 
Artigos que não contemplassem qualquer dos critérios citados foram 
excluídos. 
 
 
 
 
49 
 
5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 
 
Foram realizadas buscas, no período de março de 2017 a junho de 2018, 
nos bancos de dados e sites já citados (LILACS, MEDLINE, SciELO, Google 
Acadêmico, prematuridade.com e spruttegruppen.dk). 
Os descritores utilizados foram: polvo de crochê; projeto polvo; 
prematuridade; prematuro; recém-nascido prematuro; recurso lúdico; incubadora; 
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e UTIN, Unidade de Cuidado Intermediário 
Convencional e UCINCo; Unidade de Cuidado Intermediário Canguru e UCINCa, 
Programa Método Mãe Canguru. Todos os termos em língua vernácula foram 
também pesquisados em inglês (crochet powder e crochet octo; octo project; 
prematurity; preterm newborn; recreational resource e/ou playful artifact; incubator; 
Neonatal Intensive Care Unit e NICU, Conventional Intermediate Care Unit e CICU; 
Kangaroo Internidiate Care Unit e KICU e Kangaroo Mother Method Program) e 
espanhol (pulpo de crochet; programa pulpo; prematuridad; recién nacido prematuro; 
recurso lúdico; incubadora; Unidad de Terapia Intensiva Neonatal e UTIN, Unidad de 
Cuidado Intermedio Convencional e UCINCo; Unidad de Cuidado Intermedio de 
Canguro e UCINCa; e Programa Método Madre Canguro). Os cruzamentos 
utilizados foram: polvo de crochê e/ou prematuridade/prematuro/recém-nascido 
prematuro/recurso lúdico/incubadora/ UTIN/UCINCo/UCINCa; projeto polvo e/ou 
prematuridade/prematuro/recém-nascido prematuro/recurso lúdico/incubadora/UTIN 
/ UCINCo / UCINCa; prematuridade e/ou recurso lúdico / incubadora/ UTIN / 
UCINCo/UCINCa; prematuro e/ou recurso lúdico/incubadora/UTIN/UCINCo/UCINCa; 
recém-nascido prematuro e/ou recurso lúdico/incubadora/UTIN/UCINCo/UCINCa; 
recurso lúdico e/ou incubadora/UTIN/UCINCo/UCINCa; incubadora e/ou 
UTIN/UCINCo/UCINCa. Os cruzamentos também foram pesquisados em inglês e 
espanhol. 
 
5.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS 
 
A análise do material coletado foi organizada através de categorização 
cientométrica e temática. Os dados das categorias cientométricas foram utilizados 
para estatísticas descritivas, apresentados em formato de frequências simples, 
considerando a quantidade de artigos encontrados base e sites, ano e título de 
artigo. 
50 
 
Quanto às categorias temáticas, utilizou-se a Análise de Conteúdo de Bardin 
(2009) para o agrupamento. As unidades de registro foram trechos dos artigos que 
contemplaram o tema uso de recurso lúdico com prematuros em incubadoras, como 
também as colocações feitas sobre o tema. Assim as unidades de registro foram 
agrupadas em 3 categorias temáticas, sendo elas: Categoria 1 – Prematuridade; 
Categoria 2 – Unidades de Cuidados Neonatais; e Categoria 3 – Terapias com 
Prematuros em Incubadoras. 
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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
A busca de produções com os descritores já citados levou a um total de 
700.872 (setecentos mil, oitocentos e setenta e dois) artigos. Quando a busca foi 
feita cruzando os termos chegou-se a um total de 87.346 (oitenta e sete mil, 
trezentos e quarenta e seis) trabalhos. 
Após a realização da primeira seleção de artigos, apenas 84 (oitenta e 
quatro) permaneceram, entretanto, ao realizar todos os filtros, tomando por base os 
critérios de inclusão e exclusão, e considerando apenas os materiais que abordavam 
a temática e os objetivos do referido trabalho, ficaram um total de 49 (quarenta e 
nove) publicações, englobando monografias, dissertações, teses, artigos, livros 
(partes), trabalhos apresentados em eventos acadêmicos, manuais e rotinas de 
orientação em atendimento hospitalar, leis, portarias, decretos e publicações de 
órgãos públicos, especialmente do Ministério da Saúde. 
A seguir serão apresentadas as informações coletadas,

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