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Estudo dirigido II

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3º Período.
Teoria da Constituição.
Prof. Bruno de Almeida Oliveira.
Estudo dirigido II
Aluno: Esio Junio Batista Viana 
QUESTÕES: 1. 
Leia o texto “A POLÊMICA DOS ARTIGOS NÃO VOTADOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988: NORMAS CONSTITUCIONAIS INCONSTITUCIONAIS?” 
disponível em: 
http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/manaus/direito_racion_demc_claudio_colnago.pdf) e, depois, responda: 
A) Que distinção faz Otto Bachof entre “constituição formal” e “constituição material”? (1 pt) 
RESPOSTA:
Constituição formal para Otto Bachof recebe tal qualificação em função de aspectos formais, como particularidades do processo de formação e maior dificuldade de alteração.
Constituição Material consiste no conjunto das normas jurídicas sobre a estrutura, atribuições e competências dos órgãos supremos do Estado, sobre as instituições fundamentais do Estado e sobre a posição do cidadão no Estado. 
B) Defina o princípio da Unidade da Constituição. Qual a sua relevância? (1 pt)
RESPOSTA:
Luiz Roberto Barroso define o princípio da Unidade da Constituição como sendo:
“Uma especificação da interpretação sistemática, e impõe ao intérprete o dever de harmonizar as tensões e contradições entre normas. Deverá fazê-lo guiado pela grande bússola da interpretação constitucional: os princípios fundamentais, gerais e setoriais inscritos ou decorrentes da Lei Maior.
O papel do princípio da unidade é o de reconhecer as contradições e tensões – reais ou imaginárias – que existam entre normas constitucionais e delimitar a força vinculante e o alcance de cada uma delas. Cabe-lhe, portanto, o papel de harmonização ou “otimização” das normas, na medida em que se tem de produzir um equilíbrio, sem jamais negar por completo a eficácia de qualquer delas.”
Desta forma, tal princípio traz a ideia de evitar contradições (devem ser eliminadas as antinomias). Nesse sentido, as normas constitucionais devem ser consideradas em um sistema unitário de regras e princípios. Por ele podemos entender que todas as normas constitucionais possuem a mesma hierarquia.
C) A partir das considerações do texto, pesquise e aponte distinções entre os processos constituintes de 1946, 1967 e 1988? Pode-se dizer que algum deles tenha sido mais ou menos democrático? Por quê? Cite as fontes de sua pesquisa. (3 pts)
RESPOSTA:
Processo Constituinte de 1946
A Assembleia Nacional Constituinte de 1946 foi realizada num momento de afirmação do Legislativo Nacional. Antes disso, em 1937, o Senado Federal, a Câmara dos Deputados, os Senados Estaduais e as Câmaras em níveis estaduais e municipais haviam sido fechados pelo Estado Novo. O parlamento fora reaberto em 1946 num contexto em que a economia e a sociedade brasileiras tinham muito pouco contato com o exterior. A agenda política do momento era a reconstrução da democracia, que surgia como contraposição ao autoritarismo decorrente da revolução de 1930.
Essa conjuntura favoreceu a redação de uma Carta Constitucional que foi a mais parlamentar e liberal da história republicana brasileira. A citada Constituição Federal de 1946 não só ampliava a atuação legislativa do próprio Congresso, como também restringia apenas ao Poder Executivo a faculdade de enviar uma proposta de orçamento, apesar das diversas tentativas do Executivo para burlar o controle parlamentar sobre a produção legislativa da Presidência da República.
Na citada assembleia nacional constituinte, a Constituição Federal foi elaborada a partir da Carta Magna de 1934 (Baleeiro: 1999, 13-31); os trabalhos foram coordenados, de maneira centralizadora, por uma Comissão de Constituição, (Silva: 1985, 137-140. ou 1999, 33-53), que, assessorada por diversas subcomissões temáticas, (BRASIL, 1946b), limitou a atuação destas à mera discrição. 
Fonte de Pesquisa: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292010000200002
Processo Constituinte de 1967
A poucos meses do fim de seu mandato presidencial, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco envia ao Congresso, já em fim de legislatura, um projeto de Constituição para justificar o novo regime.
A Constituição de 1967 busca legitimar o regime militar pondo fim a inconstitucionalidade dos atos institucionais baixados pelo novo governo.
"Pelo projeto o governo quer que o Congresso lhe dê o que o ato institucional não lhe deu, porque pretende que aprovemos todos os atos praticados pelo governo revolucionário sem apreciação judicial."
Dentro do clima de autoritarismo, não foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte como pedia a oposição.
Em dezembro de 1966, é baixado o AI-4 que se propunha a ser o último ato institucional. O Ato convoca de forma extraordinária o Congresso durante o recesso de final de ano para homologar a nova Carta em cerca de 30 dias. A comissão constitucional de 11 deputados e 11 senadores examina o texto e dá seu parecer em 7 dias.
O plenário aprova o projeto e outras 270 emendas. O texto final é votado em 21 de janeiro e promulgado no dia 24.
O novo texto incorpora o autoritarismo dos atos institucionais. De acordo com as regras daquele momento, apenas o Executivo possui iniciativa legislativa em termos de segurança nacional e finanças públicas.
Fonte de Pesquisa: https://www.camara.leg.br/radio/programas/277511-constituicao-promulgada-em-1967-constituicao-que-buscou-legitimar-o-governo-militar-autoritario-07-55/
Processo Constituinte de 1988
	O processo constituinte ocorrido nos anos de 1986, 1987 e 1988 foi muito mais complexo do que o ocorrido na Assembleia Constituinte de 1946. Não se deu uma ruptura radical, como aconteceu com o Estado Novo em 1945/46, com os governos militares instalados em 1964. A própria dinâmica de uma sociedade mais industrializada, urbanizada, multifacetada e articulada significativamente com o exterior do que o Brasil rural da Era Vargas caracterizou essa maior complexidade.
 Assembleia Nacional Constituinte de 1986 foi implantada por um governo que carecia de legitimidade, uma vez que a Presidência da República era exercida pelo então vice-presidente José Sarney, que assumiu o cargo após a morte do presidente eleito Tancredo Neves em 1985, tendo entre os seus aliados os militares.
A Assembleia Nacional Constituinte de 1988 tinha, num primeiro momento, um processo decisório totalmente descentralizado em Comissões e Subcomissões temáticas (BRASIL, 1987r). Num segundo estágio, a Comissão de Sistematização compatibilizaria as propostas (Resolução nº 2/1987), ou seja, o Regimento Interno da Assembleia Nacional Constituinte de 1988, BRASIL (1987a). Esse tipo de procedimento era o oposto da centralização ocorrida no processo constituinte de 1946, onde as comissões temáticas tinham muito menos poder do que as comissões/subcomissões temáticas da Assembleia Nacional Constituinte de 1988.
Fonte de pesquisa: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292010000200002
Ao analisarmos os momentos históricos que antecederam a elaboração e promulgação das constituições, já citadas, podemos afirmar claramente que existiram constituições de cunho mais democráticos, tanto é, que ao analisarmos a Constituição de 1967 percebemos que a referida constituição foi promulgada em um contexto, claramente ditatorial, onde já se tinha estabelecido o governo militar. 
Essa constituição foi elaborada sob supervisão dos militares no poder, esta Carta legitimava o regime iniciado pelo Golpe de 1964, abandonando sua fachada democrática e formalizando a ditadura militar. Talvez a mais repressiva de todas as constituições, ela desfazia boa parte dos preceitos democráticos da Constituição de 1946, servindo, na prática, de mero pretexto para a ação do governo militar sobre a vida pública. Por si só muito autocrática, concentrando poderes no Executivo e autorizando a extinção de partidos políticos, ela foi suplementada por diversas emendas, decretos-lei e, mais famosamente, atos institucionais, que foram incorporados ao seu texto na Emenda Constitucional de 1969.

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