AULA 5 EXECUÇÃO E PROCEDIMENTO DA PERÍCIA CONTÁBIL

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Perícia Contábil
Aula 5: Execução e procedimentos da perícia contábil
Apresentação
Como são os principais procedimentos técnicos do trabalho pericial? Quais conhecimentos especí�cos e habilidades
necessárias que o perito deve ter? Onde são apresentadas as matérias nas quais a perícia deverá ser o instrumento de
prova?
Nesta aula, compreenderemos a execução e os procedimentos da perícia contábil.
Objetivos
Identi�car as principais fases da execução da perícia;
Descrever as abordagens especí�cas dentro de cada execução.
 As fases de fatos e verdades
O relatório contábil é o documento que contém o
resultado materializado, fundamentado cienti�camente
ou tecnicamente, por meio dos procedimentos
utilizados na perícia para constatação, prova ou
demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado
do objeto sobre o qual recaiu a situação, coisa ou fato.
A perícia analisa fatos e verdades na visão do autor, do
juiz e do réu. O laudo pericial contábil é a manifestação
de opinião técnica e cientí�ca sobre o fato que gera
questões formuladas com o �m de esclarecer dúvidas.
O que for descrito no relatório não pode ser mera sugestão ou um texto subjetivo e não pode conter emoções. Ele deve ser um
relatório claro, racional, técnico e cientí�co. Considerado uma peça autêntica apoiada em fatos constatados verdadeiramente,
excluídas quaisquer possibilidades de hipóteses ou suposições.
Em razão desses aspectos o relatório pericial contábil se diferencia de um simples demonstrativo de informações contábeis, já
que não haverá somente uma demonstração, haverá sim a opinião e explicação sobre o que é efetivamente evidenciado.
Quando nos referimos à opinião, nesse caso, estamos nos referindo à entrega de um entendimento técnico e cientí�co
produzido racionalmente.
Comentário
Na perícia judicial, o juiz determina a realização de perícia para esclarecer dúvida, quando a lide depender de conhecimento
técnico ou cientí�co. Qualquer uma das partes pode requerer a perícia, mas é o magistrado que decide sua necessidade.
A escolha do perito recai sobre pro�ssional devidamente inscrito em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está
vinculado, desde que habilitado para o exercício de tais funções.
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 Nomeação do perito e procedimentos para inícios dos trabalhos
Após ser nomeado o perito, a pedido das partes ou de ofício pelo próprio juiz, é concedido o prazo de quinze dias para as partes
apresentarem quesitos e assistentes técnicos, na forma do parágrafo primeiro, do artigo 465 do Novo Código de Processo Civil,
que assim dispõe:
“Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e �xará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito:
I. arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II. indicar assistente técnico;
III. apresentar quesitos.”
Se o processo judicial ainda não está sistematizado, após a apresentação dos quesitos e indicação dos assistentes técnicos, o
perito dirige-se ao cartório da vara correspondente e retira o processo. Se o procedimento judicial estiver sistematizado, a
disponibilização do processo ao perito é via internet.
 Indicação e requisição dos honorários periciais
Após aceitar a perícia, o perito encaminhará a proposta de honorários periciais e solicitará o depósito prévio, para início
dos trabalhos.
A proposta deve ser fundamentada, indicando o número de horas para execução de todas as tarefas planejadas para o
trabalho, a �m de convencer as partes de sua pertinência e evitar impugnações.
Pode ser incluído serviços de terceiros, como pro�ssionais de outras áreas que atuarão no processo oferecendo laudos e
pareceres.
Essa apuração de horas é �exível, de acordo com a natureza da perícia. Classi�cam-se em perícia simples e outras
altamente complexas. Nestas, para elucidar o objeto litigioso, é necessário um maior número de horas que varia por
tarefas, de acordo com a necessidade, de investigação e pesquisa a cada tarefa.
As perícias judiciais possuem diversas modalidades, de acordo com as necessidades processuais. Principais ações que
demandam perícia contábil:
Varas
Cíveis
Prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações, lucros cessantes, liquidação e dissolução
de empresa, ações rescisórias, falências e concordatas, inventários na sucessão hereditária, revisões contratuais, ação de
cobranças, entre outras.
Varas
Criminais
Fraudes e vícios contábeis, econômicos e financeiros, adulterações de lançamentos e registros, desfalques e alcances,
apropriação de indébitas, contrabando e descaminho, confisco de bens e outras.
Varas de
família e
sucessões
Avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais, apuração de haveres, prestação de contas de inventariantes e
outras.
Justiça do
Trabalho
Cálculos de liquidação, liquidação por arbitramento, liquidação por artigo, instrução contábil e diversas espécies de litígios
entre empregadores e empregados.
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 Áreas de conhecimentos especí�cos
O conhecimento em áreas especí�cas é necessário para as respostas aos quesitos formulados pelo magistrado e pelas partes
interessadas no processo.
Para atuação na Justiça Trabalhista, a especialização deve permear:
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
Legislação suplementar;
Súmulas do Supremo Tribunal Federal;
Súmulas do Tribunal Federal de Recursos;
Documentos em poder das empresas nos departamentos de contabilidade, pessoal, recursos humanos. Exemplos: folhas
de pagamentos, recibos, cartões ponto, mapas de produção e/ou comissões, relações e guias – FGTS; normatizações
referentes à prêmios de produção e/ou comissões; bases legais para aumentos salariais de natureza diversas;
Bases legais para cálculo dos juros de mora;
Bases legais para atualização dos débitos trabalhistas etc.
A fase de instrução é o momento em que o perito prepara a formulação de quesitos. Na fase de liquidação de sentença, o
trabalho está relacionado à elaboração dos cálculos das importâncias devidas aos reclamantes, com base nos fundamentos e
na parte dispositiva da sentença.
Na Justiça Federal e Cível são exigidos do perito os mesmos conhecimentos básicos especi�cados em relação às perícias
que ocorrem na Justiça do Trabalho. Já nos processos que envolvem todos os órgãos federais, sejam Caixa Econômica,
Receita Federal, Previdência Social, invasões e desapropriações de terra ou outras, exigem muitas habilidades dos peritos, que
devem reunir sólidos conhecimentos de:
Contabilidade;
Legislação �scal e tributária;
Legislação previdenciária;
Legislação bancária e principalmente sobre o sistema �nanceiro habitacional;
Domínio de matemática �nanceira aplicada;
Domínio de matéria em relação ao terreno da prática;
Nos processos que envolvem Direito de Família, a atuação do perito contábil está voltada a partilha de bens ou revisão de
alimentos.
Nos processos de natureza falimentar (falências ou recuperação judicial), o perito contábil deve prestar assessoramento ou
consultoria ao síndico e/ou comissário, em assuntos de sua área de atuação especializada, ou seja:
Nas habilitações de crédito, tempestivas, retardatárias e nas impugnadas;
No exame da contabilidade da falida e/ou em recuperação judicial;
Na veri�cação da existência ou não de crime falimentar;
No exame de valores ativos e passivos para projetar a possibilidade de atendimento de credores.
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 Conhecimento em áreas a�ns
É frequente a realização de trabalho pericial com a participação de pro�ssionais de outras áreas, quando, para realizar ou
concluir um trabalho pericial, seja necessário conhecimento técnico em áreas em que o pro�ssional contábil não é especialista,
por exemplo:
Para calcular o custo de determinado produto,
precisamos da informação da quantidade de produto
químico consumido;
Para calcular o lucrocessante, deve-se calcular o valor
de determinada obra;
Para avaliar o rebanho, será necessária a classi�cação
genética dos animais;
Para calcular o valor do patrimônio líquido, pela
equivalência patrimonial, em função da descoberta de
jazidas de propriedade controlada;
Avarias: marítima, aérea, rodoviária e ferroviária;
Sinistros: incêndios (veículos, imóveis, meio
ambientes);
Médica (medicina legal, comprovação de paternidade);
Engenharia (cálculo estrutural, resistência).
 Qualidade do trabalho pericial
Além do conhecimento especí�co do perito contábil, outras características são de relevante importância na elaboração dos
relatórios:
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1
OBJETIVIDADE
Não desviar da matéria que motivou a questão, nem opinar
sobre fato não solicitado a esclarecer.
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2
PRECISÃO
Oferecer respostas pertinentes e adequadas.
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3
CLAREZA
Usar uma linguagem clara, de forma a não confundir quem
utilizará o trabalho pericial.

4
FIDELIDADE
Não se deixar in�uenciar por terceiros, nem por informes que
não tenham consistência em seu conteúdo.

5
CONCISÃO
Evitar o prolixo e emitir uma opinião que possa, de maneira
fácil, ajudar o juiz ou árbitro a tomar a decisão de forma
imparcial.
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6
CONFIABILIDADE
A qualidade do trabalho do perito contábil espelha-se na
própria con�ança que seu relato e opinião despertam nas
pessoas que a utilizarão.
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 Outros conhecimentos necessários
O perito contábil deve ter conhecimentos gerais e profundos
das ciências teórica ou aplicada em suas várias
manifestações organizacionais públicas e privadas, além de
outras áreas correlatas, como, por exemplo, matemática
�nanceira, econômica, estatística, assuntos tributários,
técnicas e práticas de negócios, bem como domínio do
Direito Processual Civil, em especial quanto aos usos e
costumes relativos à perícia e da legislação correlata.
São essenciais ao desempenho competente da função do
perito contábil, aliados com qualidades de espírito que o
fazem perspicaz, crítico, hábil e sério.
O perito é o pro�ssional que deve possuir conhecimentos técnicos e aprimoramento especializado e aperfeiçoado em sua área
de atuação. Por isso mesmo é também louvado. O termo louvado é um termo da linguagem jurídica.
Entende-se o homem hábil, que, por suas qualidades ou conhecimentos, está em condições de esclarecer a situação do
fato ou do assunto que se pretende aclarar ou pôr em evidência para uma solução justa e verdadeira da contenda.
 Atividade
1) De acordo com o parágrafo primeiro, artigo 465 do Novo Código de Processo Civil, o juiz concede o prazo de 15 dias para as
partes:
a) Apresentarem a defesa.
b) Apresentar o nome e RG das testemunhas.
c) Repensar a necessidade da intervenção judicial no fato.
d) Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; indicar assistente técnico; apresentar quesitos.
e) Resulta na materialização de um instrumento inconclusivo sobre Processo Civil.
2) Assinale a alternativa que contém as expressões que compõem a a�rmativa que está em acordo com o Novo Código de
Processo Civil:
“Na perícia judicial, o juiz determina a _______________ de perícia para esclarecer dúvida, quando a _______________ depender de
conhecimento técnico ou ___________________. Qualquer das partes pode ________________a perícia, mas é o magistrado que
decide da ____________________ ou não da mesma.”
a) Liberação – obra-prima – vinculado – peticionar – autoriza.
b) Contratação – hora – culinário – requerer – calcula
c) Carga – advogada – duvidoso – realizar – desconfia
d) Ocultação – causa – científico – oferecer – tolera
e) Realização – lide – científico, requerer – decide.
3) Os processos que envolvem todos os órgãos federais, sejam Caixa Econômica, Receita Federal, Previdência Social, invasões
e desapropriações de terra ou outras, exigem muitas habilidades dos peritos devendo os mesmos reunir sólidos
conhecimentos de:
a) Contabilidade, legislação fiscal e tributária, legislação previdenciária.
b) Métodos quantitativos, publicidade e marketing.
c) Biologia, Química e Física.
d) Classificação patrimonial e assuntos gerais de biometria.
e) Legislação bancária e arquivologia.
4) Assinale V para as a�rmativas Verdadeiras e F para as a�rmativas Falsas
I. Na fase de instrução, o trabalho está relacionado à elaboração dos cálculos. A fase de liquidação de sentença é o
momento em que o perito prepara a formulação de quesitos.
II. O conhecimento de áreas especí�cas é necessário para atender as respostas aos quesitos formulados pelo magistrado e
partes interessadas no processo.
III. Objetividade: Não desviar da matéria que motivou a questão, porém opinar sobre o fato não solicitado a esclarecer é
sempre bem visto pelo juiz.
IV. É frequente a realização de trabalho pericial com a participação de pro�ssionais de outras áreas, quando para realizar ou
concluir um trabalho pericial, é necessário conhecimento técnico em áreas em que o pro�ssional contábil não é
especialista.
V. Varas de família e sucessões são avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais, apuração de haveres,
prestação de contas de inventariantes e outras.
a) V – F – F – F – V
b) F – V – F – V – V
c) V – F – V – V – V
d) F – F – F – F – V
e) V – V – F – F – F
Notas
Referências
BRASIL. Casa Civil. Código de Processo Civil: Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm. Acesso em 16 abr. 2019.
Próxima aula
Quesitos elaborados como argumentos em termos técnicos e suas variadas situações no contexto pericial.
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Leia os livros:
Perícia contábil — Diretrizes e procedimentos, de Martinho Maurício Gomes de Ornelas.
Perícia contábil – Judicial e Extrajudicial, de Ril Moura.
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