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“O termo retalho indica uma divisão dos tecidos moles que é demarcada por uma incisão cirúrgica, possui seu próprio suprimento sanguíneo, permite acesso cirúrgico aos tecidos subjacentes, pode ser recolocado na posição original e pode ser mantido com suturas e que se espera que cicatrize.” (HUPP et al, 2009) Planejamento do retalho: · O retalho deve ser planejado de forma a evitar lesões às estruturas vitais localizadas na área da cirurgia. Deve-se sempre ter cuidado ao proceder-se às incisões relaxantes durante a realização de retalhos cirúrgicos. Ao planejar as incisões, deve-se ter em mente a localização das estruturas anatômicas presentes no local. · Base do retalho maior que a margem livre. A nutrição do retalho deve ser mantida mediante a conservação da microcirculação regional. · A base do retalho deverá ser sempre mais ampla que seu ápice, a menos que uma artéria calibrosa esteja presente nutrindo este tecido. Os retalhos devem possuir margens que estejam preferencialmente convergentes da base para o ápice do retalho ou, no máximo, paralelas entre si. · Tamanho adequado para favorecer a visualização de toda a área a ser manipulada. · As margens do retalho devem estar apoiadas sobre osso sadio · A amplitude do retalho deve ser suficiente para que, ao término da cirurgia, o retalho seja reposicionado adequadamente e esteja sobre tecido ósseo sadio · Os retalhos devem ser manipulados cuidadosa e delicadamente, evitando-se torções, compressões e distensões excessivas. Os tecidos devem ser protegidos do calor ou trauma mecânico, · Os retalhos devem ser afastados sem tensão · O retalho deve ser mucoperiosteal, de espessura total, isto é, incluir mucosa, submucosa e periósteo. É importante a realização de retalho de espessura total, pois o periósteo é o principal responsável pela cicatrização óssea, e sua reposição no local original acelera o processo de cicatrização Tipos de retalhos mucoperiosteais: Retalho em envelope É o tipo de retalho mais comum e consiste em um descolamento de papilas. Esse tipo de retalho pode ser utilizado em todas as regiões da cavidade bucal, tanto nas regiões vestibulares quanto nos descolamentos linguais e palatinos. Essa incisão é feita no sulco gengival até a crista óssea, e, através do periósteo, rebate-se apicalmente um retalho mucoperiosteal de espessura total Retalho quadrangular ou trapézio Este retalho é resultante de uma incisão em envelope com duas incisões verticais relaxantes. Apresenta uma boa ampliação para fundo de vestíbulo, porém é restrito quando se trata de ampliação para mesial e distal. Deve-se ter o cuidado de realizar as incisões relaxantes divergentes na direção da base do retalho, proporcionando, assim, adequado suprimento vascular. Incisão semilunar Este tipo de retalho visa ao acesso à região apical dos dentes. Essa incisão evita o trauma à papila e à margem gengival, porém oferece acesso limitado, pois com esse tipo de retalho a raiz do dente não fica totalmente visível. Está indicado nas cirurgias do periápice radicular. Incisão em Y É uma incisão preconizada para a região palatina, resultante de uma incisão linear no centro do palato duro, associada a duas verticais relaxantes menores e que não devem aproximar-se da região da artéria palatina. Essa incisão é útil para a remoção de torus palatino. Pode ser realizada também formando um duplo Y, quando se deseja maior exposição da área palatina posterior. Etapas da técnica cirúrgica a retalho Para a realização de incisões bucais utiliza-se geralmente o cabo de bisturi no 3 montado em lâmina no 15. A empunhadura do cabo de bisturi deve ser na forma de caneta. A incisão é realizada introduzindo-se a face cortante da lâmina de bisturi dentro do sulco gengival, até ela entrar em contato com o osso, direcionando a incisão de posterior para anterior. Para a realização da incisão relaxante é necessário um adequado afastamento dos tecidos para que seja feita uma incisão regular. O descolamento do retalho deve começar pela região de gengiva inserida. Após o descolamento completo do retalho, utiliza-se um afastador para manter o retalho em posição adequada de reflexão. O afastador deverá ser utilizado durante todo o procedimento cirúrgico, mantendo o retalho afastado e protegendo-o de traumatismos. Descolado o retalho cirúrgico, pode-se tentar adaptar o fórceps ou a alavanca, caso o elemento dental a ser extraído não esteja abaixo do nível ósseo Caso contrário, concluído o retalho cirúrgico, a resistência à extração dental pode ser reduzida pela realização de remoção óssea ao redor do dente (osteotomia) e/ou pela divisão e fragmentação do dente (odontossecção). Em periodontia Retalho de espessura total: Indicações: Persistência de sinais clínicos de inflamação Áreas de difícil acesso a raspagem Áreas de retenção de placa Aumento de coroa clínica Exposição radicular: fraturas de trapanações Enxertia de tecidos duros e moles Colocação de implantes. Contraindicações: Hiperplasia e fibrose gengival Referências Bibliográficas: Prado, Roberto - Salim, Martha. Cirurgia Bucomaxilofacial - Diagnóstico e Tratamento - 2ª Ed. 2018 Araujo A, Gabrielli MFR, Medeiros PJ. Aspectos Atuais da Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. São Paulo: Santos, 2007. GHupp JR, Ellis E, Tucker MR. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 6 ed. Mosby: Elsevier, 2014. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Patologia Oral e Maxillofacial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Peterson LJ, Ellis E, Hupp JR, Tucker MR. Princípios de Cirurgia Bucomaxilofacial de Peterson. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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