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Contabilidade Social Aula 8: Os gastos do governo e as cargas tributárias bruta e líquida Apresentação Nesta aula, discute-se sobre os gastos e sobre a carga tributária na atividade econômica de um país e como estes agregados acabam in�uenciando a composição do produto. Objetivos Analisar a in�uencia da carga tributária da atividade econômica. Discutir a composição dos gastos do setor público e a in�uencia dos mesmos na evolução econômica do país. Apresentar a diferença entre carga tributária bruta e carga tributária líquida. Apresentar a diferença entre o PIB a custo de fatores a preços de mercado. Avaliar a composição da poupança pública na poupança total do país. Carga Tributária inibe competitividade | Fonte: Postigo Consultoria – Youtube Carga tributária inibe a competitividadeCarga tributária inibe a competitividade O setor público, ou a administração pública, diz respeito às três esferas de governo: javascript:void(0); https://www.youtube.com/watch?v=WBRmIvGq0nY 1 UNIÃO 2 ESTADOS 3 MUNICÍPIOS Possuem como função básica prover bens (e serviços) públicos, o que é feito através da sua arrecadação �scal. Como não se consegue determinar adequadamente o preço de mercado dos bens (e serviços) públicos , o valor de sua produção é mensurado por meio dos custos de produção. Segundo Vasconcellos, a arrecadação �scal do governo é formada (a) por tributos que são divididos em (a.1) impostos indiretos, embutidos sobre os preços das mercadorias que são vendidas ; e em (a.2) impostos diretos, incidentes sobre a renda e a propriedade das pessoas físicas e jurídicas ; (b) pelas contribuições obtidas na forma de encargos trabalhistas recolhidos tanto de empregados como de empregadores à Previdência Social; (c) e outras receitas do governo apresentadas, por exemplo, através de multas, aluguéis, etc. Ainda segundo Vasconcellos, em face das receitas do governo, o mesmo realiza gastos condizentes com as necessidades públicas que, pela contabilidade social, são basicamente os gastos dos ministérios, secretarias e autarquias medidos pelas despesas correntes (ou de custeio) e pelas despesas de capital ou de investimento (aquisição de equipamentos, construção de hospitais, etc.); e os gastos com transferências e subsídios (considerados pelas contas nacionais somente como transferências). 1 2 3 1 Em função da arrecadação e dos gastos da administração pública, é conveniente ressaltar, nesta nossa aula, os conceitos de índice de: Clique nos botões para ver as informações. CTB = [(Tributos + Outras Receitas Correntes)/PIB]*100 No caso da carga tributária bruta, esta diz respeito ao resultado percentual da relação do total obtido pelo governo (incluindo aí tudo o que foi arrecadado na forma de tributos e de outras receitas correntes) com o valor do PIB a preços correntes, de acordo com a fórmula acima apresentada. Carga Tributária Bruta CTL = [(Receitas do Governo + Transferências)/PIB]*100 A relação acima apresenta uma diferença entre a CTL e a CTB. Tal diferença refere-se à introdução das transferências (incluindo-se aí as próprias transferências e os subsídios) com sinal negativo na fórmula. Carga Tributária Líquida http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html No que se refere à tributação, mais propriamente dito aos impostos indiretos (II), estes, quando são embutidos nos preços das mercadorias, fazem com que os preços de mercado sejam maiores do que os custos de produção dos produtos criados pelos setores produtivos do sistema econômico. Porém, já vimos na aula 6, que a utilização das receitas de vendas das mercadorias iria parte para pagamentos ao consumo de insumos e a outra parte, ou seja, no que se refere ao valor adicionado, está relacionada aos pagamentos das remunerações aos proprietários dos fatores de produção (em renda de empregados e renda de propriedade). Setores de Produção Receitas de Vendas (VBP) Utilização das Receitas de Vendas VABGastos com insumos Remunerações dos Empregados Remunerações de Propriedade Agropecuária 300,00 60,00 96,00 144,00 240,00 Indústria 500,00 90,00 164,00 246,00 410,00 Serviços 700,00 50,00 260,00 390,00 650,00 Total 1.500,00 200,00 520,00 780,00 1.300,00 Pode-se, então, perceber que surge uma terceira parte em que tais receitas serão repassadas para os pagamentos dos impostos indiretos ao governo. Mas, por outro lado, têm-se determinadas empresas que recebem “pagamentos” do governo na forma de subsídios (Sub) que fazem com os preços �nais dos produtos vendidos sejam menores do que os custos de produção. Nesse contexto, dada a participação do agente de administração pública, as mercadorias produzidas pelas empresas dos setores agropecuária, indústria e serviços estão com os seus preços a custo de fatores (devido aos pagamentos das remunerações pela utilização dos fatores de produção) dentro dessas empresas, mas, quando tais mercadorias chegam no mercado, aos seus preços �nais devem ser somados os tributos indiretos e diminuídos pelos valores dos subsídios (que funcionam como imposto indireto negativo). Assim sendo, chega-se a outras formas de se medir o produto de um país, ou seja, através do Produto Interno Bruto a custo de fatores (PIBcf) e do Produto Interno Bruto a preços de mercado: PIBpm = PIBcf + (II – Sub) Na mensuração dessa diferenciação entre o PIBpm e o PIBcf, são considerados apenas os impostos: Clique nos botões para ver as informações. Os impostos diretos (II) não são relacionados com a diferença entre custos de fatores e preços de mercado. Além disso, como o governo faz transferências na forma de pagamentos de aposentadorias, de pensões, de programas sociais, de juros sobre a dívida pública, etc., essas transferências acabam ampliando a renda dos agentes econômicos, funcionando como impostos diretos negativos. Diretos Os impostos diretos (ID) são descontados das remunerações dos proprietários dos fatores de produção. Indiretos A partir das informações já mencionadas, pelas contas nacionais chega-se ao que podemos de�nir como renda líquida do setor público (RLSP). Esta é calculada através do somatório dos impostos diretos (ID) com os indiretos (II), deduzindo-se pelo somatório das transferências (TR) com os subsídios (Sub). Excetuando-se desse resultado as outras receitas correntes do governo já tendo sido enunciadas em linhas anteriores. Entretanto, deve-se observar que, sem computar as transações com o exterior: PELA ÓTICA DO PRODUTO A PREÇOS DE MERCADO Y = PIB = (remunerações de empregados + remunerações de propriedade) + impostos indiretos – subsídios Nesta equação, vemos que para que haja uma compatibilidade da renda com o produto e o dispêndio (ou a despesa) do país, à renda total, já composta pela renda familiar, somam-se os impostos indiretos menos os subsídios. PELA ÓTICA DA RENDA FAMILIAR Yf = C + Sp + IDL C = Consumo Pessoal | Sp = Poupança pessoal | IDL = Impostos Indiretos Líquidos Esta equação destaca que a renda das famílias é constituída pelas remunerações de empregados e de propriedade sendo destinadas para o consumo pessoal (C), para a poupança pessoal (Sp) e para o pagamento de impostos diretos (ID). Como o governo realiza transferências, estas são incorporadas à renda total das famílias, tendo-se, então, a formação do agregado impostos diretos líquidos (IDL), que é o resultado da diferença entre os impostos diretos com as transferências .5 http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html Pelo que foi dito anteriormente e compatibilizando com a aula 6 referente às relações com o resto do mundo, sabemos que o PIB (a preços de mercado) é o somatório de tudo o que é produzido dentro das fronteiras do país. Se levarmos em consideração se os fatores de produção pertencem ou não aos residentes deste país, chega-se ao produto nacional bruto (PNB) na medida em que se soma a rendalíquida do exterior ( RLE ). PNB = PIB + RLE Pelo lado do dispêndio tem-se que: Y = C + I + G + (X-M) 6 E pela ótica da renda do país, devido ás transações com o resto do mundo, adiciona-se, desse modo, a renda líquida do exterior (RLE). Nesse sentido, parte desta renda irá ser acumulada na forma de uma poupança total, dividida, conforme Vasconcellos, em: 1 A poupança privada (Sp) que cabe às famílias. 2 A poupança pública relacionada ao governo (Sg). 3 A poupança externa (Se), que advém do resto do mundo. Melhor dizendo: Sp = RFL - Consumo Familiar Sg = RLSP - Consumo do Governo Se = X - M - Consumo do Governo A poupança externa representa uma poupança relacionada ao agente econômico resto do mundo. 7 8 9 http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/DIS010/aula8.html Signi�ca dizer que o resto do mundo gerou uma poupança no país em questão e que o mesmo deve enviar para lá (para o resto do mundo). Assim, ao colocar-se em módulo o valor de Se, temos que o investimento total da economia é �nanciado por esses tipos de poupança, sendo que, portanto, a poupança do governo tem uma participação signi�cativa na formação desse investimento do país. Notas Bens (e serviços) públicos1 Como não se consegue determinar adequadamente o preço de mercado dos bens (e serviços) públicos, o valor de sua produção é mensurado por meio dos custos de produção. Vendidas2 Tais como o ICMS e o IPI que são recolhidos pelas empresas, mas que, em última instância, são pagos pelos consumidores. Jurídicas3 É o caso do Imposto de Renda, IPTU e ITR. Transferências4 Aqui, para esta aula, tais transferências e subsídios, ou somente transferências, são destinados às empresas públicas e sociedades de economia mista, e ao setor privado de uma maneira geral (pessoas físicas e jurídicas); tais como as transferências de renda com programas sociais, como o Bolsa Família, o pagamento de juros e os subsídios a empresas privadas. Transferências5 Conforme visto por nós, Produto = Renda = Dispêndios. Do produto forma-se a renda gerada no sistema econômico que �ca com as famílias. Se dessa renda (formada por salários, juros, lucros e aluguéis) for retirado o valor da depreciação, iremos transformá-la em renda nacional líquida a custo de fatores (RNLcf). Paralelo a isso, se forem deduzidos os lucros retidos (ou não distribuídos) pelas empresas, os impostos diretos sobre tais empresas, as contribuições previdenciárias (e demais receitas correntes que vão para o governo) e somarmos as transferências que advêm do governo para as famílias, teremos o conceito de renda disponível (RPD). Finalizando, se da RPD diminuirmos os impostos diretos que recaem sobre as famílias, teremos, portanto, a renda pessoal disponível (RPD). RLE6 RLE = RRdE - RepE RFL7 RFL = renda familiar líquida = salários + juros + lucros + aluguéis + (transferências – impostos diretos) RLSP8 RLSP = [impostos diretos + impostos indiretos (envolvendo outras receitas do governo)] X - M9 (X - M) = saldo entre exportações e importações = exportações líquidas Referências FEIJÓ, Carmem Aparecida & RAMOS, Roberto Luis O. (Orgs.). Contabilidade Social: a nova referência das contas nacionais do Brasil. FEIJÓ, Carmem Aparecida & RAMOS, Roberto Luis O. (Orgs.). Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2008. ROSSETTI, José Paschoal. Contabilidade Social. São Paulo: Atlas, 2008. ______________________. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2008. Bibliogra�a complementar BRUE, McConnell. Macroeconomia. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Cientí�cos Editora S.A, 2005. DORNBUSH, R e FISCHER, S. Macroeconomia. São Paulo: Mac Graw Hill, 2005. MANKYW, G. Introdução à economia. Rio de Janeiro: Campus, 2002. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2005. WONNACOTT e WONNACOT. Economia. São Paulo: MAKRON Books, 2002. Jornais e revistas: Jornal O Globo online, Valor Econômico online, Revista Exame online etc. Sites (instituições o�ciais): www.ibge.gov.br e www.ipea.gov.br Próximos passos Os modelos organizados e ordenados estatisticamente por meio de cálculos que têm como princípios dois (principais) sistemas da contabilidade social (ou nacional). Explore mais Nos sites http://www.ibge.gov.br e http://www.ipeadata.gov.br, no que se refere às contas nacionais, destacam a metodologia utilizada para a classi�cação do valor adicionado. javascript:void(0); javascript:void(0);
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