Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adriano Haroldo Hoepfner Edson Brunelli Yara Pimenta Rodrigues Rotinas de administRação de Pessoal © Universidade Positivo 2019 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock. Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Prof. Adriano Haroldo Hoepfner Prof. Edson Brunelli Profa. Yara Pimenta Rodrigues Prof. Júlio Cesar Iacia Aline Scaliante Coelho Baggetti Regiane Rosa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 3Rotinas de Administração de Pessoal Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendi- zagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da con- textualização teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: COMPREENDA SEU LIVRO valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Metodologia Rotinas de Administração de Pessoal4 COMPREENDA SEU LIVRO Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: Percurso Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sinte- tizar o que foi abordado, reto mando os objetivos do capítulo, a pergunta nortea- dora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. Pausa para refletir São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessida- des de aprendizagem do seu curso. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. 5Rotinas de Administração de Pessoal BOXES Assista Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. Biografia Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. Contexto Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e cultural do assunto. Curiosidade Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. Dica Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. Exemplo Informação que retrata de forma obje tiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática. Afirmação Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. Esclarecimento Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. 7Rotinas de Administração de Pessoal SUMÁRIO Apresentação 15 A Autoria 16 CAPÍTULO 1 Relações de Trabalho 19 Contextualizando o cenário e pergunta norteadora 20 1.1. Direito do Trabalho 21 1.1.1. Evolução histórica do Direito do Trabalho 21 1.1.2. Princípios do Direito do Trabalho 23 1.1.3. Hierarquia das normas trabalhistas 26 1.1.4. Órgãos Fiscalizadores 26 1.2. Direito Individual do Trabalho 27 1.2.1. Conceito de empregado e empregador 27 1.2.2. Contrato de trabalho 28 1.2.3. Contrato por prazo indeterminado 28 1.2.4. Contrato por prazo determinado e contrato intermitente 28 1.3. Contrato de Experiência 30 1.3.1. Elaboração do contrato de experiência 30 1.3.2. Extinção automática do contrato de experiência 30 1.3.3. Rescisão antecipada do contrato de experiência 31 1.3.4. Direitos na rescisão do contrato de experiência 31 1.4. Admissão de empregados 31 1.4.1. Processo de admissão e registro do empregado 32 1.4.2. Documentos necessários para admissão 32 1.4.3. Documentos a serem preenchidos na contratação 33 1.4.4. Modelos de contratos de trabalho 33 Proposta de Atividade 35 Recapitulando 35 Referências 36 CAPÍTULO 2 Modalidades de contratação e exigências legais trabalhistas 39 Contextualizando o cenário 40 2.1. Os diferentes tipos de empregados 41 2.1.1. O empregado doméstico 41 2.1.2. O empregado rural 42 2.1.3. O empregado avulso 42 2.1.4. O empregado terceirizado e quarteirizado 43 2.2. Modalidades de contratação 44 2.2.1. Autônomo 44 2.2.2. Estagiário 44 2.2.3. Temporário 45 2.2.4. O empregado contratado por regime de CLT 46 2.3. Outras modalidades de contratação 47 2.3.1. Contrato de aprendizagem 47 2.3.2. Contrato do trabalhador cooperado 48 2.3.3. Contratação de portador de necessidades especiais 49 2.3.4. Trabalho do menor 49 2.4. Exigências legais trabalhistas 50 2.4.1. Cadastro no PIS 50 2.4.2. E-Social 51 2.4.3. Salário mínimo 53 2.4.4. Acordo coletivo de trabalho e convenção coletiva de trabalho 53 Proposta de Atividade 54 Recapitulando 54 Referências 55 9Rotinas de Administração de Pessoal CAPÍTULO 3 Obrigações trabalhistas 57 Contextualizando o cenário 58 3.1. Obrigações mensais 59 3.1.1. INSS – Instituto Nacional do Seguro Social 59 3.1.2. FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 60 3.1.3. IRRF – Imposto de Renda Retido na fonte 61 3.1.4. CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 62 3.2. Obrigações anuais 63 3.2.1. Informe de rendimentos 63 3.2.2. DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte 63 3.2.3. RAIS – Relação Anual de Informações Sociais 64 3.2.4. Livro de inspeção e fiscalização do trabalho 64 3.3. 13º salário 65 3.3.1. Direito e prazo do 13º salário 65 3.3.2. Pagamento do 13º salário por ocasião de férias 66 3.3.3. Cálculo da 1º e 2º parcela do 13º salário 66 3.3.4. Cálculo 13° na remuneração variável 67 3.4. Férias 67 3.4.1. Remuneração de férias 68 3.4.2. Adicional de 1/3 nas férias 69 3.4.3. Abono pecuniário de férias 69 3.4.4. Perda de direito às férias 70 Proposta de Atividade 71 Recapitulando 71 Referências 72 CAPÍTULO 4 Direitos e deveres do empregador e do empregado 75 Contextualizando o cenário 76 4.1. Sançõesdisciplinares ao empregado 77 4.1.1. Advertências disciplinares 77 4.1.2. Formulários de advertências disciplinares 78 4.1.3. Suspensão do funcionário 79 4.1.4. Falta grave do funcionário 81 Rotinas de Administração de Pessoal10 4.2. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho 82 4.2.1. A suspensão do contrato 82 4.2.2. A interrupção do contrato 82 4.2.3. Suspensão do contrato intermitente 83 4.3. Demissão de empregados 83 4.3.1. Demissão do empregado por decisão do empregador 84 4.3.2. Demissão do empregado por decisão própria 85 4.3.3. Rescisão por mútuo acordo 85 4.3.4. Formulários para demissão de empregados 86 4.4. Jornada de trabalho de empregados 88 4.4.1. Horas de trabalho e períodos de descanso 88 4.4.2. Prorrogação de horas de trabalho 89 4.4.3. Compensação de horas de trabalho 90 4.4.4. Registro de ponto 90 Proposta de Atividade 91 Recapitulando 91 Referências 92 CAPÍTULO 5 Cálculos trabalhistas 93 Contextualizando o cenário 94 5.1. Proventos 95 5.1.1. Salário 95 5.1.2. Horas extras 96 5.1.3. Descanso Semanal Remunerado (DSR) sobre horas extras 97 5.1.4. Salário-família 98 5.2. Adicionais diversos 99 5.2.1. Adicional noturno 100 5.2.2. Adicional de periculosidade 102 5.2.3. Adicional de insalubridade 103 5.2.4. Adicional por tempo de serviço 104 5.3. Descontos 105 5.3.1. Faltas e atrasos 106 5.3.2. Contribuição sindical 107 5.3.3. Contribuição assistencial 108 5.3.4. Vale-transporte 108 11Rotinas de Administração de Pessoal 5.4. Impostos e Contribuições Sociais 109 5.4.1. Contribuições sociais sobre a folha de pagamento 109 5.4.2. Programa Integração Social (PIS) sobre a folha de pagamento 110 5.4.3. Retenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) 111 Proposta de Atividade 112 Recapitulando 113 Referências 114 CAPÍTULO 6 Rotinas de desligamento do empregado 117 Contextualizando o cenário 118 6.1. Processo de desligamento do empregado 119 6.1.1. Documentos necessários para o desligamento do empregado 119 6.1.2. Prazo para pagamento da rescisão de contrato 121 6.1.3. Modalidades de saque e códigos do FGTS 121 6.1.4. Seguro-desemprego 123 6.2. Verbas rescisórias do contrato de trabalho 125 6.2.1. Saldo de salário 125 6.2.2. Aviso prévio 126 6.2.3. Férias 128 6.2.4. 13º salário 128 6.3. Contencioso trabalhista 129 6.3.1. A figura do preposto 129 6.3.2. Audiência inaugural 130 6.3.3. Instâncias de apelação 131 6.4. Estabilidades 131 6.4.1. Afastamentos e Aposentadoria 132 6.4.2. Contratos por prazo determinado 133 6.4.3. Comissão interna de empregados 133 6.4.4. Indenização adicional por despedida antes da data-base 134 Proposta de Atividade 136 Recapitulando 136 Referências 137 CAPÍTULO 7 Benefícios 139 Contextualizando o cenário 140 7.1. Plano de Benefícios 141 7.1.1. Conceito de benefícios 141 7.1.2. Objetivos do plano de benefícios 142 7.1.3. Tipos de benefícios 144 7.1.4. Planos flexíveis de benefícios 145 7.2. Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) 146 7.2.1. Definições, objetivos e modalidades de execução do PAT 147 7.2.2. Os benefícios do PAT para o trabalhador e a empresa 148 7.2.3. Riscos: quando a empresa não está em dia com o PAT 148 7.3. Assistência médica 149 7.3.1. Regulamentação dos planos de seguro-saúde 149 7.3.2. Seguro-saúde e a Rescisão de contrato de trabalho 150 7.3.3. Portabilidade do Seguro Saúde 150 7.4. Outros benefícios 151 7.4.1. Vale-cultura 151 7.4.2. Seguro de vida 152 7.4.3. Previdência privada 152 7.4.4. Plano de bonificação anual 153 Proposta de Atividade 153 Recapitulando 153 Referências 155 13Rotinas de Administração de Pessoal CAPÍTULO 8 Contabilização da folha de pagamento e Previdência Social 157 Contextualizando o cenário 158 8.1. Fundamentos da contabilidade 159 8.1.1. Ativo, passivo e patrimônio líquido 159 8.1.2. Contas, razão e razonetes 160 8.1.3. Receita, despesa e resultado 162 8.1.4. Regime de competência e regime de caixa 163 8.2. Contabilização da folha de pagamento 164 8.2.1. Salário-base 164 8.2.2. Horas extras 165 8.2.3. DSR nas horas extras 165 8.2.4. Impostos trabalhistas 166 8.3. Previdência Social 167 8.3.1. O que é Previdência Social 167 8.3.2. Tipos de segurados 169 8.3.3. Perícia médica 169 8.3.4. Reabilitação profissional 170 8.4. Benefícios da Previdência Social 171 8.4.1. Aposentadorias 171 8.4.2. Auxílios 173 8.4.3. Pensões 173 8.4.4. Salário-maternidade 174 Proposta de Atividade 175 Recapitulando 175 Referências 176 15Rotinas de Administração de Pessoal Caro aluno, seja bem-vindo ao conteúdo da disciplina de Rotinas de Administração de Pessoal. Trataremos de assuntos que privilegiam o desenvolvimento do profissional de Recursos Humanos desenvolvendo competências voltadas para questões administrativas e operacionais, de inserção e de relações trabalhistas entre colaboradores e empresa. Este conhecimento será importante para compor o aparato teórico que você deverá ter para o exercício da sua prática profissional na sua área de estudo. Cada capítulo trará uma abordagem específica para obtenção do conhecimento necessário, que proporcionará um direcionamento do que deverá ser contemplado nesse conteúdo, instigando o interesse de aprofundamento nas suas pesquisas e na busca por mais aprendizado, despertando a busca por desenvolver habilidades sobre esse assunto, mostrando-se útil tanto para o aluno que esteja desempenhando ou não funções na área de Recursos Humanos. APRESENTAÇÃO Rotinas de Administração de Pessoal16 O professor Adriano Haroldo Hoepfner é especialista em Gestão de Pessoas pela Univille (2012) e graduado em Administração pela Univille (2010). Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/0980028854974749> Dedico este trabalho a todos os profissionais da área de administração de pessoal que, incansavelmente, buscam atualizar-se na Legislação Trabalhista e Previdenciária, para garantir os direitos e deveres do empregador e do empregado. A AUTORIA 17Rotinas de Administração de Pessoal O professor Edson Brunelli é Mestre em Administração de Empresas e Especialista em Recursos Humanos pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade São Marcos, tem certificação em Byers Briggs Type Indicator (MBTI) pela Right Saad Fellipelli e Certificação Internacional em Coaching pelo Integrated Couching Federation (ICI). Atua como executivo em gestão de pessoas, com foco em programas de inclusão profissional de pessoas com deficiência, e como professor de cur- sos de graduação (tecnólogo e bacharelado) e pós-graduação. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/6740110743160015> A leitura de um livro sempre é uma forma de conhecer o pensamento, os conceitos, as certezas e as dúvidas de alguém que, até então, era-lhe estranho e desconhecido. Agradeço a minha família pelo respeito e a solidão necessária para o descobrimento do saber e pelo estimulo para seguir adiante. A AUTORIA Rotinas de Administração de Pessoal18 A AUTORIA Dedico à minha irmã Yana Bruna Pimenta Rodrigues que tanto me inspira, sendo um exemplo de dedicação, amizade, companheirismo e amor. A professora Yara Pimenta Rodrigues é Especialista em Gestão de Pessoas pela Univer- sidade Estadual Vale do Acaraú (UVA-CE) e graduada em Administração pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA-CE) e Psicologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor-CE). Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/0868619828354729> 19Rotinas de Administração de Pessoal OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Compreender os conceitos sobre administração de pessoal, por meio de princípios e concei- tos da legislação trabalhista, procedimentos para admissão e tipos de contrato de trabalho. CAPÍTULO 1 Relações de Trabalho Yara Pimenta Rodrigues TÓPICOS DE ESTUDO 1 Direito do Trabalho. 3 Contrato de Experiência. • Evolução histórica do Direito do Trabalho. • Princípios do Direito do Trabalho. • Hierarquia das normas trabalhistas. • Órgãos Fiscalizadores. • Elaboração do contrato de experiência.• Extinção automática do contrato de experiência. • Rescisão antecipada do contrato de experiência. • Direitos na rescisão do contrato de experiência. 2 Direito Individual do Trabalho. 4 Admissão de Empregados. • Conceito de empregado e empregador. • Contrato de trabalho. • Contrato por prazo indeterminado. • Contrato por prazo determinado e Contrato intermitente. • Processo de admissão e registro do empregado. • Documentos necessários para admissão. • Documentos a serem preenchidos na contratação. • Modelos de contratos de trabalho. Rotinas de Administração de Pessoal20 Contextualizando o cenário e pergunta norteadora Dentro do contexto das relações de trabalho, cabe pensar em (novas) soluções para a gestão da administração de pessoal nas organizações, considerando os direitos garantidos tanto na Constituição Federal de 1988 quanto nos decretos e leis trabalhistas. É fato que as relações de trabalho numa sociedade relacionam-se com o seu modo de produ- ção. Quando o país é capitalista, essas relações precisam de uma mediação, que tem como objetivo impedir que haja exploração de quem tem a força de trabalho por quem tem o capi- tal, possibilitando a interação e a aplicação dos direitos e deveres em ambas as partes. Diante desse cenário, questiona-se: quais são os trâmites burocráticos e legais para estabeleci- mento de um contrato de trabalho definido pelos princípios da legislação trabalhista? 21Rotinas de Administração de Pessoal 1.1. Direito do Trabalho Você sabe como surgiu e quais são os princípios do Direito do Trabalho (DT)? Qual a hierarquia das normas trabalhistas e os órgãos que fiscalizam? Essas perguntas serão res- pondidas no decorrer deste capítulo. Mas é importante ter em mente que o objetivo do DT é garantir a mediação das relações de trabalho. A partir dessa compreensão, é necessá- rio entender um pouco mais sobre essa área que, de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), estabelece normas jurídicas e regras que intervém nas relações entre empregado e empregador, ou seja, nas relações de trabalho. Com o objetivo de estabelecer o equilíbrio dessa relação, o DT busca proteger o tra- balhador, que é percebido como a parte economicamente mais frágil. Para isso, é necessá- rio estabelecer uma regulação, não somente individual, mas também coletiva, para que seja possível assegurar aos trabalhadores os direitos que foram conquistados e estão pre- vistos em lei. 1.1.1. Evolução histórica do Direito do Trabalho O Direito do Trabalho surge a partir de conquis- tas que, historicamente, ocorreram por meio de lutas de classes de cunho trabalhistas em decorrência da reinvindicação desses direitos. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ocorreu em 1943, a partir do decreto 5.452, de 1º de maio de 1943, e foi sancionada pelo presidente Getúlio Vargas. Ela é responsável por regu- lamentar as leis referentes ao direito trabalhista e pro- cessual do trabalho no país. Nesse contexto, é importante entender o que é considerado trabalho e como o trabalhador terá seus direitos garantidos. Para Romar (2018), trabalho é uma expressão geral que abrange toda e qualquer forma de prestação de serviço de uma pessoa física à outra pessoa física ou jurí- dica, observando que os trabalhos autônomo, eventual e voluntário, por exemplo, não são regulados pelo Direito do Trabalho, pois, para que fossem, seria necessário estabelecer uma relação empregado-empregador. Na década de 1930, com o advento da industrialização, e com o intuito de ampliar o consumo e aumentar os lucros, os proprietários de fábricas queriam uma maior liber- dade econômica e força de trabalho com baixo custo para a produção. Isso resultou na © L ig ht sp ri ng / / S hu tt er st oc k. Rotinas de Administração de Pessoal22 exploração da capacidade produtiva dos trabalhadores (ROMAR, 2018). Esse cenário desencadeou uma série de lutas de classes entre empregados e empregadores. Assim, como produto do capitalismo, surgiu o Direito do Trabalho, trazendo a estrutura normativa necessária para regulamentar mudanças e transformações, estabelecendo direitos e deve- res como já mencionado. A contextualização histórica do Direito do Trabalho é importante para esclarecer como ocorreram as conquistas da classe de empregados, como: • a redução da carga horária de trabalho diário para 8 horas e 44 minutos semanais (1917); • a instituição do dia do trabalho (1º de maio), que é um dia dedicado à confraterni- zação universal dos trabalhadores, além de homenagear os mártires que morreram em manifestações (1924); • a determinação do salário mínimo (1940); • a garantia do 13º salário e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que vieram, entre outras conquistas, na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que validou os esforços dos operários nesse o agrupamento e formalizou de leis assina- das em decreto pelo então presidente Getúlio Vargas (1943). • primeira grande reforma da CLT, ocorrida no dia 13 de julho de 2017. © P ho vo ir / / S hu tt er st oc k. 23Rotinas de Administração de Pessoal Cabe ressaltar que dois marcos muito importantes para o direito do trabalho no Brasil foram o fim da escravidão, em 13 de maio de 1888, estabelecida pela Lei Áurea (Lei nº. 3.353). Assim, é importante compreender que o direito do trabalho passa a amparar os direitos sociais do trabalhador, nascendo de uma relação tripartite: estado-empregador-empregado. Curiosidade No artigo 6º da Constituição Federal de 1988, o trabalho aparece como direito social. Já os artigos 7º ao 11º trazem os direitos trabalhistas como direitos sociais, além dos expressos na CLT. 1.1.2. Princípios do Direito do Trabalho Sobre os princípios do Direito do Trabalho, podemos dizer que eles são um conjunto de princípios fundamentais e de normas que determinam como se dá a relação de trabalho. Romar (2018) apresenta a distinção entre princípio e norma, retratada no quadro a seguir. Distinção entre princípio e norma Princípios Normas Exercem papel constitutivo da ordem jurídica. São a própria ordem jurídica. Interpretação segundo valores Interpretação por métodos de interpretação jurídica. A eles se adere. A elas se obedece. Fornecem critérios para adotar-se posição diante de situações a priori indeterminadas, quando se concretizam. Determinam o que se deve ou não fazer, o que se pode ou não fazer diante das situações nelas previstas. São aplicados a partir da ponderação. Podem ser aplicadas mecânica e passivamente. Adoção de critério de peso e importância na solução de conflitos entre princípios. Adoção de critérios jurídicos (hierárquico ou temporal, por exemplo) na solução de confli- tos entre normas. Fonte: ROMAR, 2018, p. 62. Rotinas de Administração de Pessoal24 Os princípios também apresentam uma função integrativa, ou seja, servem para preencher uma suposta lacuna em situações que não estão previstas em lei. Nesses casos, pode-se usar um princípio para dar base à decisão do Judiciário (jurisprudência). Os princípios do direito do trabalho são: • Princípio protetor: nele se baseia todo o Direito do Trabalho, com o objetivo de se desenvolver relações jurídico-tra- balhistas. Esse princípio tem como fun- damento a proteção do empregado, por ser a parte mais economicamente fragi- lizada da relação de trabalho. Ou seja, a aplicação do Direito do Trabalho busca nivelar essas desigualdades. Esse princípio foi alterado pela Reforma Trabalhista, contemplada pela Lei n.13.467, de 13 de julho de 2017, com a ampliação da autonomia individual do trabalhador, permitindo e considerando válida a negociação direta entre este e o empregador sobre diversos aspectos, como para acordos de compensação de jornada por meio de banco de horas (§5º, art. 59, CLT, BRASIL, 1943), das regras do teletrabalho (art. 75-C, CLT, BRASIL, 1943), rescisão do contrato de trabalho sem obrigatoriedadede homologação (art. 477, CLT, BRASIL, 1943) e extinção do contrato de trabalho por comum acordo entre as partes (art. 484-A, CLT, BRASIL, 1943). • Princípio da irrenunciabilidade: os direitos que o trabalhador possui são garan- tidos pela legislação trabalhista e esse princípio assegura que esses direitos não podem ser renunciados. A interpretação desse princípio tem que ser a mais ampla possível, envolvendo qualquer tipo privação de direitos (total ou parcial). A Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017) passou a considerar a figura do trabalhador como hipersuficiente. Essa característica é conferida ao trabalhador portador de diploma de nível superior (hipersuficiência técnica) e aos trabalhadores que rece- bem salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (hipersuficiência econômica). Para esses trabalhadores é permitida a livre estipulação em relação ao rol dos direitos pre- vistos no art. 611-A da CLT. Assim, aos referidos trabalhadores é permitido nego- ciar condições de trabalho que possam vir a ser consideradas menos benéficas, em comparação aos direitos trabalhistas previstos na legislação, salvo aqueles garanti- dos pela Constituição Federal de 1988. © A nd re y_ Po po v / / S hu tt er st oc k. 25Rotinas de Administração de Pessoal • Princípio da continuidade da relação de emprego: baseia-se no fundamento de que o contrato de trabalho pressupõe uma continuidade. Este princípio tem como pressuposto o trato sucessivo dessa relação “que não se esgota com a execução de um único e determinado ato, mas, ao contrário, perdura no tempo, regulando obri- gações que se renovam” (ROMAR, 2018, p.70). Dessa forma, essa relação resulta na fonte de subsistência do empregado e de sua família. A continuidade do trabalho garante, então, a natureza alimentar desse tra- balhador, constituindo, assim, presunção favorável a ele. A Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017), retira a obrigatoriedade da autorização de demissão em entidade sindical, tornando mais facilitada essa dispensa, de acordo com o artigo 477 da CLT (BRASIL, 1943), além da permissão de rescisão do con- trato de trabalho por comum acordo entre partes, de acordo com o artigo 484-A da CLT (BRASIL, 1943). • Princípio da primazia da realidade: tem a noção de proteção e objetiva valorizar o fato concreto, ou seja, o que de fato ocorre, tornando-se superior ao que foi for- malmente estabelecido, evitando os possíveis abusos que, por ventura, possam vir a ser praticados na relação entre empregado e empregador. • Princípio da razoabilidade: a razão é colocada como centro, portanto, apoia-se na afirmação de que o ser humano, nas relações trabalhistas, deve buscar a solu- ção mais razoável e justa para os conflitos. A definição acima conduz à ideia de que o princípio da razoabilidade não é exclusivo do Direito do Trabalho, mas próprio de todos os ramos do Direito, e se baseia em critérios de razão e de justiça. • Princípio da boa-fé: relaciona-se ambas as partes (empregado e empregador), estando presente tanto na celebração do contrato, quanto na sua execução. No que se refere ao empregado, supõe-se que ele venha a cumprir o seu contrato de traba- lho de boa-fé. Já do empregador, espera-se que ele cumpra suas obrigações legais. Esclarecimento o princípio da razoabilidade está ligado à ideia de bom senso e proporcionali- dade, enquanto o da boa-fé relaciona-se à pureza de intenção. Pausa para refletir Você consegue entender para que servem os princípios e o que os diferem de norma? Rotinas de Administração de Pessoal26 1.1.3. Hierarquia das normas trabalhistas A Teoria Geral do Direito estabelece uma hierarquia entre as normas existentes, sendo a Constituição Federal (BRASIL, 1988) o topo dessa pirâmide hierárquica. Porém, no Direito do Trabalho, em relação ao princípio da norma mais favorável, tal hierarquia não vigorava antes da Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017), pois deveria ser aplicada a norma mais benéfica ao trabalhador. 1.1.4. Órgãos Fiscalizadores Os órgãos fiscalizadores, no que diz respeito às leis trabalhistas, têm a responsabili- dade de verificar o cumprimento das leis e normas previamente definidas. Cabe ressaltar que a fiscalização do trabalho no âmbito trabalhista tem como objetivo a manutenção e o equilíbrio do contrato de trabalho, de acordo com a Convenção da Organização Internacio- nal do Trabalho - OIT (BRASIL, 1957). Os órgãos fiscalizadores no âmbito trabalhista são: • Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - órgão federal do ramo administrativo que tem como principal função a fiscalização das relações de trabalho, em todos os seus aspectos. Para isso, o MTE atua por meio de edições de normas regulamenta- res, instruções normativas, além de resoluções, portarias e outros tipos de norma. Tem por atribuição a elaboração de políticas salariais, de imigração, de geração de emprego e renda, modernização do trabalho, desenvolvimento profissional, coo- perativismo, além de aplicar sanções. Além disso, fica a cargo do MTE a emissão da CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social). • Ministério da Previdência Social - instituição federal responsável por administrar a Previdência Social que, por sua vez, garante os direitos de seus respectivos segurados. • Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - tem por fun- ção estabelecer diretrizes e programas de alocação de todos os recursos do FGTS. • Vigilância Sanitária - tem por função promover ações que visem eliminar ou redu- zir riscos à saúde. 27Rotinas de Administração de Pessoal 1.2. Direito Individual do Trabalho O Direito Individual do Trabalho surgiu em um contexto histórico posterior à Revo- lução Industrial, na década de 1940, sendo consequência da consolidação de movimentos políticos sociais da Idade Moderna. Inicialmente, as relações de troca (trabalho e paga- mento pelo serviço prestado) eram regidas pelo Direito Civil e tinham como princípios basi- lares a presunção de igualdade e a autonomia da vontade (ROMAR, 2018). Diferentemente do âmbito do direito civil, que considera uma relação horizon- tal entre os contratantes, o direito trabalhista tem por base um vínculo vertical, onde o empregado é hipossuficiente em relação ao empregador, visto que se trata de um contrato com relação de servidão, na qual o empregado é subordinado (ROMAR, 2018). 1.2.1. Conceito de empregado e empregador Para iniciar os estudos deste tópico, vamos, inicialmente, compreender as definições de empregado e empregador, indicadas na figura a seguir. Definições de empregado e empregador É toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Não há distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Empregado É considerado empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço, incluindo na norma celetista profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Empregador Fonte: BRASIL, 1943. (Adaptado). Sendo assim, podemos entender que empregador e empregado configuram um relacionamento complementar, onde um possui a força de trabalho e anseia pelo capital (empregado) e o outro possui o capital e necessita da força de trabalho (empregador). © D TC O M Rotinas de Administração de Pessoal28 1.2.2. Contrato de trabalho Para definir ou formalizar a relação trabalhista, uma fer- ramenta se faz imprescindível nessa mediação: o contrato de trabalho, que descreve e esclarece, para ambas as partes, a relação por eles estabelecida e as regras que a sustenta. O contrato de trabalho podeser definido como o acordo tácito (implícito) ou expresso (escrito ou verbal) entre uma pessoa física (empregado) e outra pessoa física, jurídica ou entidade (empregador) (BARROS, 2010). Esse contrato determina e constitui, portanto, a rela- ção de trabalho, dando os devidos contornos estabelecidos pelo acordo entre as partes, tendo, assim, caráter oneroso (ambas as partes possuem ônus e bônus). Esse instrumento tem valor legal, podendo qual- quer umas das partes reclamar o seu descumprimento, mesmo em âmbito judicial. 1.2.3. Contrato por prazo indeterminado Neste tipo de contrato de trabalho, o empregado tem uma data de início das ativida- des, mas não é determinada a data de término, pode ser finalizado a qualquer momento, desde que haja um aviso prévio de, por pelo menos, uma das partes. Nos casos em que esse tipo de contrato é utilizado, cabe destacar algumas situações pontuais. No intuito de garantir o emprego e evitar a configuração de discriminação de gênero e proteger o nascituro, no período em que a empregada estiver grávida, ou no período pós- -parto, a mulher tem seguridade no emprego, não sendo possível finalizar o contrato de traba- lho desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (MARTINS, 2007). Além deste, outros casos asseguram o trabalhador da manutenção do contrato de trabalho pelo reconhecimento que este esteja em situação vulnerável, dificultando na aqui- sição de outro emprego, como nos casos de afastamento por doença, por exemplo. 1.2.4. Contrato por prazo determinado e contrato intermitente Para formalizar a relação de trabalho, se faz necessário estipular o tipo de contrato. Veja dois tipos na figura a seguir. © F ili pe F ra za o / / S hu tt er st oc k 29Rotinas de Administração de Pessoal Características de cada contrato Contrato por prazo determinado Tempo determinado. Necessidade de um serviço por um período. Mão de obra temporária e esporádica. Contrato intermitente Tempo indeterminado. Alterna períodos de prestação de serviços e inatividade. Mão de obra temporária e esporádica. O contrato por prazo determinado tem um prazo estipulado. Ou seja, na proposta de trabalho já é acordado o tempo que o empregador contratará os serviços do empregado. Normalmente se refere a atividades temporárias ou transitórias e ao contrato de experiên- cia, criado pela Lei n° 9.601, de 21 de janeiro de 1998. Esse contrato pode ser prorrogado por mais de uma vez, sem perder a caracterís- tica de contrato por prazo determinado, não podendo ultrapassar o limite de dois anos. Neste tipo de formalização, não há obrigação do empregado do cumprimento do aviso pré- vio, nem do empregador em pagar a indenização de 40% do FGTS, como no contrato por tempo indeterminado. É importante deixar claro que o contrato por prazo determinado não é configurado como trabalho temporário. O contrato intermitente foi previsto pela Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017), sendo caracterizado como o contrato em que o empregado presta serviço de qualquer natureza a outros tomadores de serviço, onde a prestação de serviços é alternada, sendo flexibilizada também a carga horária diária, semanal e mensal, independente da área e do tipo de atividade que o empregado realizará. Curiosidade Na rescisão do contrato intermitente, o aviso prévio deve ser indenizado (exceto justa causa) e extraído da base média remuneratória dos último 12 meses em que efetivamente houve recebimento. Pausa para refletir Quais as vantagens e as desvantagens de cada contrato de trabalho para o empregado? © D TC O M Rotinas de Administração de Pessoal30 1.3. Contrato de Experiência A Consolidação das Leis Trabalhistas (BRASIL, 1943) admite a modalidade do con- trato de experiência, sendo esta, atualmente, uma forma comum de iniciar uma relação de emprego, pois permite que haja uma avaliação prévia do empregado, a fim de aferir a capacidade de desempenho das funções, bem como a adaptação dele ao ambiente laboral. De acordo com Martins (2007), por ser um contrato por prazo determinado, o con- trato de experiência deve ter a sua duração combinada com antecedência por contratante e contratado, tendo prazo determinado de, no máximo, 90 dias, podendo ser dividido em 2 períodos. Sobre essa continuidade ou não, Delgado (2005) defende que as partes pode- rão alegar aspectos subjetivos, objetivos e circunstanciais que considerem relevantes para decidir sobre a continuidade ou não do vínculo empregatício. No fim deste prazo, ambos podem decidir sobre dar prosseguimento à relação ou encerrá-la. 1.3.1. Elaboração do contrato de experiência A efetivação do contrato de experiência requer o registro na CTPS, em até 48 horas após o início da contratação. São necessárias todas as informações de identificação das partes (empregado e empregador), deixando claras as informações de carga horária de tra- balho (diária, mensal e semanal), valor de salário diante do cargo ocupado, o início e o fim desse contrato, além da possibilidade de prorrogação (caso exista). Ao fim desta formaliza- ção ambas as partes devem dar ciência de todas as cláusulas com assinatura e na presença de pelo menos duas testemunhas. 1.3.2. Extinção automática do contrato de experiência A extinção automática do contrato de experiência é o término normal dele. Nesse caso, uma das partes, ou ambas, não têm interesse na prorrogação do vínculo empregatí- cio. Assim, encerrado o prazo contratado, a relação estará extinta. De acordo com o artigo 451 da CLT, do decreto de lei 5452/43 (BRASIL, 1943), para que ocorra essa extinção, se faz fundamental que ambas as partes tenham conhecimento do prazo de finalização deste contrato, justificando a dispensa do aviso prévio por término do contrato de experiência. 31Rotinas de Administração de Pessoal 1.3.3. Rescisão antecipada do contrato de experiência O contrato de experiência poderá ser extinto com ou sem justa causa, até o último dia em que ele vigorar, assim como o empregado pode pedir demissão antes do término do prazo. Quando a rescisão acontece antes do prazo determinado e existem cláusulas que assegu- rem a rescisão antecipada, cabe a cobrança do aviso prévio da parte que solicitou a res- cisão. Sendo assim, de acordo com o artigo 481 da CLT (BRASIL, 1943), a parte que não sinalizou a intenção de rescindir o contrato terá direito a aviso prévio. O artigo 479 da CLT (BRASIL, 1943) dispõe que essa rescisão antecipada do con- trato de experiência dá à parte que não solicitou o seu término a oneração de 50% do valor remanescente correspondente até o término do contrato. Neste caso, verificamos que há proteção de ambas as partes envolvidas no contrato de trabalho por experiência. 1.3.4. Direitos na rescisão do contrato de experiência Por ter um prazo determinado, a rescisão do contrato de experiência não requer o paga- mento do aviso prévio. No entanto, todas os outros valores rescisórios de um contrato por prazo determinado deverão ser pagos ao trabalhador, tais como 13° salário, férias proporcio- nais acrescidas de ⅓, FGTS e, quando a extinção vier por parte do empregador, o direito ao FGTS e multa de 40%. No caso de dispensa por justa causa, o empregado terá direito apenas ao saldo dos dias trabalhados. Embora o pagamento do aviso prévio não esteja previsto nesses tipos de contratos, o artigo 481 da CLT (BRASIL, 1943) dispõe que, caso o contrato seja regido pela cláusula assecuratória de direito reciproco, o aviso prévio deve ser pago. Isto porque essa cláusula equipara o contrato de experiência a um contrato por prazo indeterminado e assegura que esse direito também valha para contratos de prazo determinado. 1.4. Admissão de empregados Cada empregador tem rotinas particulares em sua empresa. Assim, a admissão de empregados, além de atender ao disposto no artigo 168 da CLT (BRASIL, 1943), deverá basear-se também nos critérios estabelecidos pelo empregador,em suas normas internas. Isso é fundamental para gerar segurança na relação contratual trabalhista. Então, como existem requisitos formais para a admissão empregatícia, o empregado deverá apresentar documentos pessoais a fim de identificá-lo, bem como é necessário rea- lizar o contrato, determinando quais serão as atividades laborais executadas, além das obrigações do empregador. Essa formalidade é essencial e fiscalizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Rotinas de Administração de Pessoal32 1.4.1. Processo de admissão e registro do empregado Sobre a admissão do empregado, é importante ressaltar que o empregador geral- mente faz um processo de recrutamento e seleção, a fim de identificar se o candidato à vaga tem o perfil que a empresa busca. A apresentação dos documentos deverá ocorrer após esse processo, ou seja, quando o empregado é, de fato, contratado. Neste momento o empregado deverá passar por processo de integração, quando deverão ser apresentados: a cultura organizacional, os códigos e as normas de ética, as ati- vidades e as funções do seu cargo, as informações de salário, a carga horária e os benefí- cios, além das políticas da empresa. 1.4.2. Documentos necessários para admissão Na admissão de empregados, as etapas a seguir devem ser cumpridas pela parte competente (empregado ou empregador). Etapas admissão 1ª etapa 2ª etapa 3ª etapa Recebimento dos documentos Preenchimento de documentos Elaboração e preenchimento do contrato de trabalho Fonte: BRASIL, 1943. (Adaptado). De acordo com o artigo 168 da CLT (BRASIL, 1943), os documentos necessários para admissão de um trabalhador são: Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); certi- ficado de reservista ou prova de alistamento no serviço militar - este documento é obri- gatório somente para empregados do sexo masculino de faixa etária entre 18 e 45 anos; certidão de nascimento dos filhos menores de 14 anos (se houver); certidão de casa- mento (se houver); atestado médico admissional - o custo deste documento fica a cargo do empregador e deve ser realizado antes do início das atividades laborais; CPF; carteira de identidade; título de eleitor; comprovante de escolaridade ou identidade de habilitação profissional (caso o cargo exija). © D TC O M 33Rotinas de Administração de Pessoal 1.4.3. Documentos a serem preenchidos na contratação Entre os artigos 41 e 48 da CLT (BRASIL, 1943) existem determinações da documen- tação a ser preenchida no ato da contratação. Dentre elas está a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), sendo que seu preenchimento e devolução devem ocorrer no prazo máximo de 48 horas, contadas a partir da data de entrega do documento pelo traba- lhador, sendo que tanto a entrega quanto a devolução devem ser protocoladas. Além disso, deverá ser preenchido o cartão ou livro de ponto, o quadro de horário de trabalho, o Termo de Responsabilidade e a Ficha para efeito de Salário Família, além da Declaração de Encar- gos de Família para fins de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). No caso de prorroga- ção de jornada de trabalho deverá ser feito o acordo de prorrogação de horas, e entregue pelo empregado a Ficha referente ao Programa Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), feita por Médico do Trabalho. 1.4.4. Modelos de contratos de trabalho Por ser um documento que constitui a relação de emprego entre empregado e empregador, deverá existir no contrato de trabalho a concordância em trabalhar para este empregador em uma prestação de serviço de maneira habitual, sendo registrada neste contrato a forma que esta habitualidade se apresentará, além das especificações de fun- ção, remuneração, dentre outras informações. Esse instrumento permite cláusulas especiais, como exclusividade e confidenciali- dade, além de adaptação para trabalho intermitente e jornadas diferenciadas. © L uc ia n M ila sa n / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . Rotinas de Administração de Pessoal34 Modelo de contrato de trabalho por prazo indeterminado Fonte: DELGADO, 2016. (Adaptado). 35Rotinas de Administração de Pessoal O modelo de contrato de trabalho por tempo indeterminado apresentado poderá ser transformado de acordo com a necessidade do empregador e do empregado, podendo ser modificado para contrato de trabalho por tempo determinado, contrato de experiência, contrato intermitente, entre outros, desde que sejam respeitadas as especificidades que cada contrato vai exigir. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma resenha crítica que contemple as temáticas apresentadas em cada subtema, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua resenha crítica, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando Ao longo deste capítulo foi possível compreender um pouco mais sobre as relações trabalhistas e a sua importância para a realização da admissão e/ou demissão de trabalha- dores, além de todos os tramites legais necessários para sua execução como: realização do contrato de trabalho, tipos de contrato de trabalho, etapas para contratação, dentre outros. Sabe-se que a legislação trabalhista norteia todo tipo de contratação, seja ela por prazo determinado ou não. As regras trabalhistas são válidas para todos os trabalhadores devidamente contratados para realização de qualquer tipo de trabalho. A proteção de seus direitos está amparada pelas leis trabalhistas, que irão contribuir para uma ótima relação entre empregado e empregado. Rotinas de Administração de Pessoal36 Referências BARROS, A. M. Curso de direito do trabalho. 6 ed. rev. e imp. São Paulo: LTr, 2010. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Artigo 6º. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 de ago. 2018. ______. Decreto nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das Leis do Tra- balho. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 22 de ago. 2018 ______. Decreto nº 41.721, de 25 de junho de 1957, revigorado pelo Decreto nº 95.461 de 11 de dezembro de 1987. Promulga as Convenções Internacionais do Trabalho de nº 11, 12, 14, 19, 26, 19, 81, 88, 89, 95, 96, 99, 100 e 101, firmadas pelo Brasil e outros países em ses- sões da Conferência Geral da Organização Geral do Trabalho. Disponível em: <www.trtsp. jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/OIT/OIT_ 081.html>. Acesso em: 22 de ago. 2018 ______. Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1988. Declara extinta a escravidão no Brasil. Disponí- vel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM3353.htm>. Acesso em: 22 de ago. 2018 ______. Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998. Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/cci- vil_03/Leis/L9601.htm>. Acesso em: 22 ago. 2018. ______. Lei n° 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em: 22 ago. 2018. DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 15. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2016 DELGADO, M. G.; DELGADO, G. N.. A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. 2. Ed. São Paulo: LTr, 2018. 421 p. MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. NASCIMENTO, A. M.; NASCIMENTO, S. M. Iniciação ao direitodo trabalho: [de acordo com a reforma trabalhista]. 41. ed. São Paulo: LTr, 2018. 646 p. PRETTI, G.; MONTANHANI, M. P. Como elaborar os cálculos trabalhistas após a reforma: um manual, passo a passo, com os principais temas da reforma e os cálculos de forma prática e fácil! - de acordo com a Lei n. 13.467/2017. 2. ed. São Paulo: LTr, 2018. 236 p. 37Rotinas de Administração de Pessoal ROMAR, C. T. M. Direito do trabalho. Coordenador: Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SOUTO, R. T.; SARAIVA, R. Direito do Trabalho: Concursos Públicos - Ed. Juspodivm - 20ª edição - 2018. 39Rotinas de Administração de Pessoal OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Definir as diversas formas de contratação, considerando a relação entre trabalho e emprego e cumprir todas as exigências de observância obrigatória. CAPÍTULO 2 Modalidades de contratação e exigências legais trabalhistas Edson Brunelli TÓPICOS DE ESTUDO 1 Os diferentes tipos de empregados. 3 Outras modalidades de contratação. • O empregado doméstico. • O empregado rural. • O empregado avulso. • O empregado terceirizado e quarteirizado. • Contrato de aprendizagem. • Contrato do trabalhador cooperado. • Contratação de portador de necessidades especiais • Trabalho do menor. 2 Modalidades de contratação. 4 Exigências legais trabalhistas. • Autônomo. • Estagiário. • Temporário. • O empregado contratado por regime de CLT. • Cadastro no PIS. • E-Social. • Salário mínimo. • Acordo coletivo de trabalho e convenção coletiva de trabalho. Rotinas de Administração de Pessoal40 Contextualizando o cenário O índice de desemprego no Brasil tem levado trabalhadores a migrar para a informalidade. Ao mesmo tempo, recentes reformas na legislação trabalhista têm possibilitado a flexibiliza- ção dos contratos de trabalho. Nesse cenário, o emprego com carteira assinada, importante para garantia dos direitos do trabalhador, tem dado lugar a outras formas de contratação. De que forma as mudanças que vêm ocorrendo na legislação do trabalho têm contri- buído para impulsionar o emprego? 41Rotinas de Administração de Pessoal 2.1. Os diferentes tipos de empregados O trabalho que as pessoas realizam para as organizações pode se configurar em diver- sas formas de contratação. Quando os colaboradores são contratados para prestarem ser- viço como empregados, dizemos que se trata de um contrato celetista, ou seja, amparado e protegido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Conforme Nascimento e Nasci- mento (2018), essa lei surgiu visando proibir o trabalho em determinadas condições, como o dos menores até certa idade e o das mulheres em ambientes ou sob condições incompatíveis. A CLT define o empregado como uma pessoa física que presta serviço de natureza não eventual ao empregador, com subordinação a ele e recebimento de salário (BRASIL, 1943). Existem vários tipos de empregados, como veremos a seguir. 2.1.1. O empregado doméstico A CLT define empregado doméstico como o trabalhador que presta serviço não lucrativo ao empregador, de caráter não eventual (com habitualidade) a uma pessoa ou família em sua residência (BRASIL, 1943). PAUSA PARA REFLETIR Uma empregada doméstica foi contratada para prestar serviços de limpeza na residência de uma dentista que, às sextas-feiras, fica responsável por limpar também o consultório dentá- rio da contratante. Diante dessa situação, fica descaracterizada a contratação como empre- gada doméstica? Para ser caracterizado como trabalho doméstico, o empregado deve realizar suas atividades em uma residência, e não em empresas, nas quais ele receberia o status somente de empregado. O empregado doméstico não tem todos os direitos que os empregados celetistas têm garantidos pela CLT, mas têm direitos cons- titucionais assegurados e dispõem de uma legislação própria, a Lei Complementar n. 150/2015, segundo a qual o trabalho executado pelo empregado doméstico não pode gerar lucro para seu empregador (BRASIL, 2015). © D ie go C er vo / / S hu tt er st oc k. Rotinas de Administração de Pessoal42 Algumas atividades também classificam os trabalhadores que as exercem como domésticos, por exemplo, jardineiro, cozinheiro, lavadeiro, babá, caseiro, entre outras. 2.1.2. O empregado rural A CLT define como empregado rural o indivíduo que presta serviço de natureza não eventual, isto é, com habitualidade, em pro- priedades rurais a seus empregadores, também rurais, com subordinação a ele e recebimento de salário (BRASIL, 1943). Podemos perceber que se trata de uma defi- nição semelhante à do empregado, com a dife- rença de a relação de trabalho ocorrer no campo, e não em uma empresa, mas com os mesmos direitos do urbano, garantidos pela CLT. 2.1.3. O empregado avulso A Lei n. 12.023/2009 define que o trabalha- dor avulso é aquele que executa movimentação de mercadorias em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mas com intermediação obrigatória do sindicato dos empregados de sua categoria profissional (BRASIL 2009). Essa mesma lei também exemplifica algu- mas atividades de movimentação de mercadorias: [...] cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reorde- namento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empi- lhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; opera- ções de equipamentos de carga e descarga; pré-limpeza e limpeza em locais necessá- rios à viabilidade das operações ou à sua continuidade. (BRASIL, 2009, [s.p.]). © B la j G ab ri el / / S hu tt er st oc k. . © D ra go n Im ag es / / S hu tt er st oc k. 43Rotinas de Administração de Pessoal Esse tipo de trabalhador também pode exercer atividades portuárias, trabalhando com a movimentação de cargas em navios, casos em que é conhecido trabalhador portuário. Esclarecimento Trabalhador portuário é aquele que recebe a carga de um navio e a arruma devi- damente no porão ou num compartimento ou a descarrega de bordo (BRASIL, 1943). Os sindicatos são os intermediadores desse tipo de mão de obra, portanto, são res- ponsáveis pela elaboração turnos de trabalho e a definição dos salários a serem pago, das férias e dos demais direitos trabalhistas. 2.1.4. O empregado terceirizado e quarteirizado A terceirização é uma modalidade de contratação de serviços na qual uma pessoa jurídica, isto é, um cliente, contrata outra pessoa jurídica (terceira ou contratada) para rea- lizar serviços de seu interesse no lugar de seus empregados. Após a reforma trabalhista, com a Lei n. 13.467/2017, o trabalho terceirizado passou a ser permitido em qualquer atividade de qualquer setor, como mostra o esquema a seguir. Contudo, isso não quer dizer que as empresas que já têm empregados contratados podem demiti-los e admiti-los novamente como terceirizados. Nova lei da terceirização Empresas podem terceirizar qualquer atividade, mesmo as consideradas atividades-fim ou ligadas ao negócio principal. Empresas terceirizadas podem contratar outras para a prestação de serviços, o que configura a quarteirização. Os empregados terceirizados, mesmo que sejam os sócios da empresa, não gerarão vínculo de emprego com a contratante. Fonte: BRASIL, 2017. (Adaptado). A nova lei de terceirização não altera os princípios definidos na CLT quanto à caracteri- zação de vínculo de emprego. Ou seja, se existirem os elementos que configuram o vínculo empregatício (pessoalidade, subordinação, onerosidade e habitualidade, que estudaremos mais adiante), o terceirizado poderá será considerado empregado, independentemente do fato de o contrato de prestação de serviços ser formalizado entre duas pessoas jurídicas. © D TC O M Rotinas de Administração de Pessoal44 2.2.Modalidades de contratação Existem diversas modalidades pelas quais os trabalhadores podem ser contratados pelas empresas, a fim de prestarem seus serviços profissionais. A modalidade de contrata- ção, em alguns casos, define o tipo de profissional a ser contratado e deve justificar o tipo de trabalho a ser efetuado, seguindo o estabelecido pela legislação trabalhista. 2.2.1. Autônomo A contratação de um trabalhador autônomo pressupõe uma necessidade de contra- tar um serviço especializado, que será realizado em um prazo definido e determinado e que atenderá a uma demanda pontual da empresa, que, uma vez resolvida, não mais persistirá. Portanto não se concebe uma contratação de trabalho autônomo para um serviço de cará- ter constante e permanente, os quais devem ser realizados por profissionais contratados como empregados. O próprio conceito do trabalhador autônomo nos ajuda a compreender melhor essa modalidade de contratação, sendo esse o trabalhador que realiza sua atividade profissional sem vínculo de emprego, por conta própria, assumindo os próprios riscos do trabalho e sempre por prazo determinado e não permanente. Não existe uma previsão na lei (CLT) específica para esse tipo de trabalhador e o mesmo será comparado com o empregador previsto no artigo 2º. Suponhamos o trabalho de manutenção predial, como pintura, demandando a con- tratação de um pintor para realizar o trabalho nas áreas internas de uma organização. Como esse profissional é especializado e fará trabalho de forma pontual, com prazo defi- nido para a realização e atendendo a uma necessidade específica da empresa, ele será con- tratado como profissional autônomo. 2.2.2. Estagiário A contratação de um estagiário por uma empresa significa que ela quer par- ticipar do processo de desenvolvimento e capacitação de um aluno regularmente matriculado em uma Instituição de ensino. O aluno tem na escola a parte teórica do conhecimento e a possibilidade de um con- trato de estágio traz seu aprendizado para a prática, desenvolvendo suas habilidades. © A le xa nd er R at hs / / S hu tt er st oc k. 45Rotinas de Administração de Pessoal Na modalidade de estágio, há três partes envolvidas: aluno, instituição de ensino e empresa concedente, sendo que todas devem assinar um contrato de estágio. PAUSA PARA REFLETIR Se um estagiário faz horas extras para apoiar a realização do trabalho executado pelos demais empregados, fica descaracterizada a relação de estágio, configurando-se um vínculo de emprego? A partir da publicação da Lei n. 11.788/2008, novas regras foram colocadas para que essa relação de trabalho, de fato, apoie os estagiários em seu desenvolvimento e capaci- tação. Entre elas, estão a jornada de estágio com duração máxima de seis horas por dia e trinta na semana, prazo máximo de estágio na empresa concedente de dois anos e o direito a período de descanso a cada doze meses. Curiosidade A duração do estágio tem uma exceção para as pessoas com deficiência, que podem permanecer na mesma empresa concedente do estágio, pelo prazo total em que per- manecerem como alunos de um determinado curso em uma instituição de ensino. 2.2.3. Temporário A modalidade de contratação temporária pressupõe que determinada empresa tem a necessidade de uma mão-de-obra transitória, apenas por um período, para suprir uma necessidade que surgiu de forma inesperada, como um empregado que precisou se afastar das atividades devido a férias, doença etc. ou por acúmulo de serviço. A necessidade é ape- nas por um prazo determinado, e, posteriormente, a situação voltará à normalidade, não necessitando mais do trabalhador temporário. PAUSA PARA REFLETIR O trabalhador temporário que for contratado diretamente pela empresa em que prestará serviço temporário deverá ser reconhecido como empregado efetivo por não respeitar a regra de intermediação de outra empresa, de mão-de-obra temporária? Rotinas de Administração de Pessoal46 A legislação (CLT) define que, para uma empresa contratar um empregado nessa moda- lidade de trabalho, deve ter a intervenção de uma outra empresa, de mão-de-obra tempo- rária, e não poderá realizar o serviço diretamente. Da mesma forma, a legislação define um prazo de permanência do trabalhador temporário na empresa tomadora (cliente), para que ele possa atender às necessidades transitórias de mão-de-obra que demandaram sua con- tratação. Esse prazo é de até 180 dias, consecutivos ou não. Se persistir sua necessidade de permanência, a empresa tomadora (cliente) poderá aumentá-lo por mais 90 dias, o que acar- retará em um prazo máximo de 270 dias em relação ao mesmo trabalhador temporário. Trabalho temporário | Mudanças da lei Aumenta de três meses para nove meses o tempo máximo de duranção. Após o prazo de duranção máxima poderá haver uma única prorrogação de até noventa dias. A empresa contratante tem responsabilidade subsidiária sobre as verbas trabalhistas e previdenciárias não pagas pela empresa de mão de obra temporária. 1 2 3 Além disso, os trabalhadores temporários devem ter os mesmos direitos dos empre- gados da empresa tomadora, recebendo o mesmo salário e benefícios, como assistência médica, auxílio-alimentação/refeição e outros. 2.2.4. O empregado contratado por regime de CLT Os empregados contratados por regime de CLT, ou celetistas, estão amparados pelas normas e regras definidas na CLT. Contexto A CLT foi promulgada em 1943 como uma coletânea de leis relativas ao trabalho e, desde então, tem passado por inserções e alterações. A CLT (BRASIL, 1943) define algumas especificidades para que os trabalhadores sejam reconhecidos como empregado por regime celetista, tais como: • pessoalidade: é o próprio empregado que realiza as atividades pelas quais foi con- tratado, não mandando ninguém em seu lugar; © D TC O M 47Rotinas de Administração de Pessoal • habitualidade: é a rotina, ou seja, o empregador sabe exatamente os dias e horá- rios em que o empregado estará prestando serviço; • subordinação: está relacionada ao cumprimento de ordens, ou seja, o empregado está subordinado ao empregador tem que cumprir as ordens por ele estabelecidas; • onerosidade: significa que o empregado recebe salário do empregador pela pres- tação de serviços. Empregado é, portanto, todo trabalhador que tem uma relação de emprego com uma empresa aqui denominada empregador e que prestará seus serviços agregando valor ao negó- cio e incorporando seus conhecimentos para o desenvolvimento da empresa e sua perenidade. 2.3. Outras modalidades de contratação Outras modalidades de contratação existem na relação entre trabalhador e empre- sas, porém é preciso que a empresa faça uma análise criteriosa da sua necessidade de mão- -de-obra para então definir qual a mais adequada. Dependendo da necessidade, é possível efetuar contratos de aprendizagem, com trabalhadores reunidos em cooperativas de traba- lho, de portadores de necessidades especiais e de menores de idade. 2.3.1. Contrato de aprendizagem O artigo 403 da CLT proíbe qualquer trabalho aos menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (BRASIL, 1943). Sendo assim, o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determi- nado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação (CLT artigo 428). CONHECIMENTOD ES A FI O S ESCOLA EDUCAÇÃO ESTUDANTE CONCEITOS FORMAÇÃO LE IT U RA APRENDIZAGEM © D TC O M Rotinas de Administração de Pessoal48 Existe uma obrigatoriedade das empresas que têm função que demandam formação técnico-profissional em contratar um percentual de aprendizespara ocuparem tais cargos e posições. A cota de aprendizes está fixada entre 5%, no mínimo, e 15%, no máximo, por estabelecimento, número que deve ser calculado sobre o total de empregados cujas fun- ções demandem formação profissional. Dica As frações de unidade darão lugar à admissão de um aprendiz, conforme o artigo 429, caput e parágrafo 1º da CLT (BRASIL, 1943), ou seja, se ao realizar a conta para definição do número de aprendizes tivermos como resultado, por exemplo, 5,3 - deverão ser contratados 6 aprendizes e não cinco como poderia ser entendido. O objetivo do contrato de aprendizagem é possibilitar que os jovens estudantes de formação técnica profissional possam colocar em prática aquilo que aprendem na teoria, contribuindo com seu desenvolvimento profissional. 2.3.2. Contrato do trabalhador cooperado A Lei 5.764/1971 define cooperativa como uma associação de pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de forma democrática, isto é, contando com a parti- cipação livre de todos e respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos. Há empresas que optam pela contratação de cooperados em vez de empregados como um caminho para não onerar sua folha de pagamentos e, sobretudo concentrar-se em seu negócio principal. Por exemplo, uma fabricante de ventiladores pode focar na contratação de mão-de-obra especializada para a fabricação dos produtos e contratar cooperados para ser- viços como limpeza, portaria, recepção, entre outros, isentando-se do pagamento de encar- gos trabalhistas a eles, pois essa responsabilidade fica por conta de suas cooperativas. Essa possibilidade de contratação gera mais oportunidade para esses trabalhadores, que continuam a ter suas condições de trabalho garantidas pela própria cooperativa, que cresce e se desenvolve à medida que cada um de seus cooperados se esforça e tem seu tra- balho contratado pelas organizações. 49Rotinas de Administração de Pessoal 2.3.3. Contratação de portador de necessidades especiais Contratar pessoas com deficiência reflete a responsabilidade social das empresas e sua necessidade de exercerem seu papel de inclusão social. As deficiências são classificadas por grupos, tais como: físicas, auditivas, visuais e intelectuais, cada um demandando maior ou menor ou menor adaptação por parte das organizações. No Brasil, uma legislação que já completou mais de vinte anos de existência deter- mina a cota de pessoas com deficiências para as empresas. Nas privadas com entre 100 e 200 empregados, 2% devem ser deficientes. Entre 200 e 500, 3% e, entre 500 e 1.000, 4%. Quando houver mais de 1.000 empregados, a cota é de 5%. 2.3.4. Trabalho do menor Permitir o trabalho de menores de idade é apoiar seu desenvolvimento e possibilitar uma melhora em sua qualidade de vida, mas é necessária atenção ao que está definido e garantido em lei. Primeiramente, devemos compreender o significado de menor de idade, que, para a Constituição Federal, é “[...] o trabalhador de 16 (dezesseis) a 18 (dezoito) anos de idade” (BRASIL, 1988, [s.p.]). No país, o trabalho de jovens menores de 18 anos é proibido em © K on st an ti n Yo ls hi n / / S hu tt er st oc k. Rotinas de Administração de Pessoal50 ambientes que possam causar danos a sua saúde ou perigosos. O trabalho do menor de 18 anos é permitido apenas em áreas sem riscos a sua saúde e segurança. Além disso, menores de 16 só podem ser contratados como aprendizes, a partir de 14 anos, mediante um contrato de aprendizagem com prazo determinado, conforme o artigo 428 da CLT (BRASIL, 1943). Os menores contratados como empregados têm seus direitos garantidos, incluindo o recebimento do salário mínimo estipulado pelo Governo Federal. Se forem alunos de cur- sos de nível médio, superior, profissionalizante ou de escolas de educação especial, podem ser contratados como estagiários. 2.4. Exigências legais trabalhistas A relação de trabalho entre trabalhadores e empresas, de qualquer categoria, pressu- põe o cumprimento de algumas exigências legais definidas em legislação trabalhista (CLT). 2.4.1. Cadastro no PIS O Programa de Integração Social (PIS) foi criado por lei (BRASIL, 1970) com o objetivo de criar fundos aos tra- balhadores para que pudessem participar dos lucros das empresas em que trabalham. Esse fundo é formado por uma pequena contribuição das empresas sobre seu lucro, ou não tendo fins lucrativos, sobre sua folha de pagamen- tos. Além disso, é administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF), gerando rendimentos para o próprio fundo. Cada trabalhador, em seu primeiro emprego, é cadas- trado no sistema, recebendo um número que valerá por toda sua vida profissional e que identifica sua conta individual. A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) que as organizações são obrigadas a encaminhar à CEF todos os anos é o documento que informa ao sistema do PIS os dados referentes aos trabalhadores que participarão do programa no ano. Recebem abono salarial referente a um salário mínimo os trabalhadores com salário de até dois salários mínimos mensais e que tenham trabalhado, no ano, para empresas participantes do PIS, conforme informações na RAIS. © F ili pe F ra za o / / S hu tt er st oc k. 51Rotinas de Administração de Pessoal 2.4.2. E-Social O Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhis- tas (e-Social) foi criado pelo Decreto 8.373/14 e visa unificar toda a documentação fiscal, previdenciária e trabalhista da empresa, tais como GFIP, CAGED, RAIS, DIRF entre outros. Assim, o e-Social ou folha de pagamento digital, trata-se de um sistema do Governo Federal criado para manter sob controle todas as informações referentes aos empregados nas relações de emprego. Como essas informações sempre estiveram controladas de forma descentralizada, cada qual com seu sistema de informação e controle, o e-Social vem para integrar todos esses sistemas e garantir que todas as informações sobre o trabalhador sejam facilmente acessadas, identificadas e corrigidas, além de facilitar ao Governo a adoção e formulação de novas políticas públicas e garantias ao trabalhador. Como é um projeto amplo, sua implantação está sendo realizada com base no porte e no faturamento da empresa. São vários os ganhos que as empresas e a sociedade terão quando este projeto estiver totalmente implementado, pois reduzirá a burocracia e os custos que as empresas possuem com as várias obrigações acessórias atuais. O Governo também se beneficiará, pois diminuirá a ocorrência de evasões fiscais e fraudes, já que o e-Social padroniza a forma de armazenamento, distribuição, validação e transmissão dos dados. Para evitar fraudes, os documentos são assinados por certificados digitais, que utili- zam a tecnologia da criptografia dos dados. A seguir você pode acompanhar o cronograma de implementação do eSocial (BRASIL, 2018): 1º GRUPO – entidades empresariais com faturamento no ano de 2016 acima de R$ 78.000.000,00: • Tabelas: 08/01/2018 • Não Periódicos: 01/03/2018 • Periódicos: 08/05/2018 (dados desde o dia 1º) • Substituição GFIP para Contribuições Previdenciárias: agosto/2018 • Substituição GFIP FGTS: agosto/2019 (ver Circular CAIXA nº 843/2019) • SST: julho/2019 2º GRUPO – entidades empresariais com faturamento no ano de 2016 de até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões) e que não sejam optantes pelo Simples Nacional: • Tabelas: 16/07/2018 • Não Periódicos: 10/10/2018 • Periódicos: 10/01/2019 (dados desde o dia 1º) • Substituição GFIP para Contribuições Previdenciárias: abril/2019 Rotinas de Administração de Pessoal52 • Substituição GFIP FGTS: agosto/2019 (ver Circular CAIXA nº 843/2019) • SST: janeiro/2020 3º GRUPO – empregadores optantes pelo Simples Nacional, empregadores pessoa física (exceto doméstico), produtor rural PF e entidades sem finslucrativos: • Tabelas: 10/01/2019 • Não Periódicos: 10/04/2019 • Periódicos: 10/07/2019 (dados desde o dia 1º) • Substituição GFIP para Contribuições Previdenciárias: outubro/2019 • Substituição GFIP FGTS: outubro/2019 • SST: julho/2020 4º GRUPO – entes públicos e organizações internacionais: • Tabelas: janeiro/2020 • Não Periódicos: Resolução específica, a ser publicada • Periódicos: Resolução específica, a ser publicada • Substituição GFIP para Contribuições Previdenciárias: Resolução específica, a ser publicada. • Substituição GFIP FGTS: Circular CAIXA específica • SST: janeiro/2021 Para os setores de Recursos Humanos das empresas, a mudança será muito grande em relação às rotinas diárias no que diz respeito ao manejo e controle das informações. Na prática podemos resumir que o e-Social forçará a empresa a seguir os prazos definidos na Legislação. Parece simples, mas não é. Para que isso ocorra, as empresas precisarão mudar costumes enraizados, tais como contratar o colaborador e somente após um determinado período de “experiência informal” realizar o registro, ou então liberar o colaborador de férias no dia seguinte ao que o mesmo solicita, por exemplo. Será necessário que os res- ponsáveis pelo RH conheçam o sistema do e-Social na íntegra e saibam trabalhar com sua forma de operação, bem como os gestores da empresa ou determinado setor deverão ser treinados sobre a Legislação Trabalhista e Previdenciária, ficando atentos aos novos prazos para os envios de cada tipo de informação, tais como: • admissões e demissões — devem ser informadas no momento em que ocorrerem; • folha de pagamento — o envio será todo dia 7 do mês subsequente; • alterações na jornada de trabalho — na medida em que ocorrerem alterações de horários; • mudanças salariais — no dia após a alteração. Dito isso, passaremos a falar a seguir sobre o pagamento dos colaboradores em rela- ção aos serviços prestados por ele às empresas. 53Rotinas de Administração de Pessoal 2.4.3. Salário mínimo Salário mínimo é o menor valor, o mínimo de pagamento que um trabalhador deve receber pelos serviços prestados a uma empresa, determinado conforme as disposições da CLT (BRASIL, 1943). O valor do salário mínimo é atualizado anualmente, levando em conta o custo de vida da população. O salário mínimo foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, que fixou um valor que come- çou a valer em 1.º de maio de 1938, data em que, até hoje, comemora-se o Dia do Trabalhador. Seu valor se aplica aos trabalhadores com jornada semanal de 44 horas e correspon- dente mensal de 220 horas. Aqueles com jornada inferior terão o direito ao valor do salário mínimo proporcional às horas trabalhadas no mês> 2.4.4. Acordo coletivo de trabalho e convenção coletiva de trabalho Em determinados segmentos profissionais os trabalhadores estão filiados a sindica- tos, que atuam com o objetivo de protegê-los, apoiados em determinações legais traba- lhistas e previdenciárias. Os sindicatos se organizam por categorias profissionais, ou seja, um sindicado representa trabalhadores de empresas que fazem parte de uma mesma cate- goria profissional, garantindo seus direitos e deveres. Os sindicatos fazem acordos com os empregadores para melhorias ou aplicação de determinados direitos e deveres dos empregados e empresas. Tais acordos são livres e, se firmados para toda uma categoria profissional, recebem o nome de Acordos Coletivos. Alguns acordos podem ser específicos com determinada empresa, sendo, portanto, classi- ficados como Acordos Individuais. Cada sindicato elege uma determinada data no ano, denominada data-base da categoria profissional, em que faz alguns pedidos aos empregadores (que podem ou não ser representa- dos pelo sindicato patronal), em nome dos empregados, sobretudo no que se refere a reajus- tes salariais e demais necessidades que possam surgir. Caso a empresa aceite esses pedidos, transformam-nos em um instrumento normativo, que contempla as regras que valem para toda categoria profissional, agrupadas em uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A CCT pode ser aprovada por acordo entre as partes (Acordo Coletivo) ou, caso ocorra a não aceitação por uma das partes, a Justiça do Trabalho pode decidir o que vale ou não dos pedidos feitos e a aprova. Nesse caso, dizemos que há um Dissídio Coletivo de Trabalho. Rotinas de Administração de Pessoal54 Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Para isso, elabore um mapa conceitual com até 20 conceitos, destacando as principais ideias estudadas. Comece com um termo, que pode ser, por exemplo, um tipo de trabalhador, e o conecte esse termo a palavras de ligação e a outros conceitos, para formar frases com sentido. Ao produzir seu mapa, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando O trabalho do homem é fundamental para que as organizações cresçam e continuem a produzir e prestar serviços a seus clientes. Existem diversas formas pelas quais os traba- lhadores podem ser contratados pelas empresas. Quando ele é um empregado, pressupõe o atendimento a requisitos descritos na CLT, como subordinação, pessoalidade, habituali- dade e onerosidade. Contudo, outras formas de contratação são possíveis e adequadas para diferentes ati- vidades. O autônomo, por exemplo, é um profissional que trabalha por conta própria e não subordinação ao empregador nem habitualidade na prestação de serviços. Já o terceirizado é um empregado de uma empresa terceirizada que firmou um contrato de trabalho com uma empresa tomadora (cliente) de seus serviços. Além deles, há o temporário, contratado por uma empresa de mão de obra temporária que presta serviços de forma transitória em uma organização contratada. O aprendiz, por sua vez, é o menor entre 14 a 24 anos que passa por um programa de formação técnico-profissional e que tem a oportunidade de colocar seus conhecimentos em prática e desenvolver habilidades em uma empresa. Por fim, o estagiário é um aluno regularmente matriculado em uma instituição de ensino e também tem, na empresa con- cedente, a oportunidade de sua formação profissional prática. 55Rotinas de Administração de Pessoal Referências BRASIL. Presidência da República. Decreto-lei n. 5.452, de 1.º de maio de 1943. Diário Ofi- cial da União, Brasília, 9 ago. 1943. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decre- to-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 18/09/2018. _____. Lei Complementar n. 7, de setembro de 1970. Diário Oficial da União, Brasília, 8 set. 1970. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp07.htm>. Acesso em: 20/09/2018. ______. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Diário Oficial da União, Brasília, 16 dez. 1971. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.htm>. Acesso em: 15/09/2018. ______. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Diário Oficial da União, Brasília, 16 dez. 1971. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.htm>. Acesso em: 15/09/2018. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Consti- tuicao.htm>. Acesso em: 18/09/2018. ______. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, 26 set. 2008. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 18/09/2018. ______. Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, 28 ago. 2009. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12023. htm>. Acesso em: 07/09/2018. ______. Lei Complementar n. 150, de 1.º de junho de 2015. Diário Oficial da União, Brasília,
Compartilhar