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1 O debate sobre o papel do Estado na economia. Adam Smith O Estado atuaria apenas para atender o que a “mão invisível” não conseguisse. O papel do Estado na produção: se é o autointeresse que move as pessoas, haverá atividades que precisam ser desenvolvidas que não despertarão o interesse privado. Além disso, o Estado deveria, em certos casos, providenciar os meios para que o autointeresse florescesse. 2 O debate sobre o papel do Estado na economia. Keynes Um novo entendimento dos mecanismos da determinação dos níveis da produção e emprego. A importância da atividade governamental na compreensão dos eventuais declínios do consumo e investimentos privados, que acompanham e explicam os períodos de recessão. O Estado passou a ser visto como o atenuador das flutuações dos ciclos econômicos e redistribuídor da renda. 3 O debate sobre o papel do Estado na economia. Keynes A utilização da política fiscal compensatória, mediante aumento do déficit público em épocas de recessão e a geração de superávits diante de ameaças de inflação. Quando ocorresse insuficiência de demanda, o governo deveria assumir um papel ativo de complementar os gastos privados, ou reduzindo impostos ou realizando investimentos, mesmo em obras aparentemente sem lógica imediata. 4 O debate sobre o papel do Estado na economia. Keynes A insuficiência de demanda que caracterizava as crises de desemprego decorria da escassez de novos investimentos, razão pela qual não bastava que o governo ampliasse a oferta de recursos para investimentos. Era preciso que houvesse um aumento simultâneo nos gastos. A intervenção do Estado na economia como indispensável para dar sustentação ao próprio sistema liberal político e econômico. 5 O debate sobre o papel do Estado na economia. Keynes A interferência do Estado deveria ocorrer apenas no lado da demanda, e assim mesmo estimulando os gastos públicos ou reduzindo os impostos, se e quando houvesse insuficiência de demanda efetiva e crise de desemprego. 6 O debate sobre o papel do Estado na economia. O retorno do liberalismo nos anos 80. Com a crise dos anos 70 do século XX, é colocada a necessidade de ajuste fiscal e de ampliação de incentivos à eficiência. O ajuste fiscal seria necessário pela necessidade de controlar o déficit público, tido como a causa mais importante para a inflação. Incentivos à eficiência viriam da maior exposição da indústria nacional a um ambiente econômico menos protegido, mais exposto à competição. Recomenda-se políticas públicas no sentido da privatização, desregulamentação e diminuição dos programas sociais . 7 O debate sobre o papel do Estado na economia. A crise de 2008 e a retomada do pensamento keynesiano. A crise de solvência dos bancos dos EUA e Europa exigiu crescentes intervenções na economia pelos governos dos países mais desenvolvidos, liderados pelos países da União Europeia, Japão e Estados Unidos (EUA). Os governos relegaram a um plano secundário o pensamento de cunho neoliberal, em particular diversos princípios do livre mercado e do Estado mínimo, apoiando uma intervenção maior do Estado na economia. 8 O debate sobre o papel do Estado na economia. A crise de 2008 e a retomada do pensamento keynesiano. A crise revelou como os controles não funcionaram adequadamente, permitindo a proliferação de riscos muito elevados, evidenciando a necessidade de regulação do mercado. 9 Políticas de Estado: nelas vêm consignadas as premissas e objetivos que o Estado, em dado momento histórico, quer ver consagrados para dado setor da economia ou da sociedade. As políticas de Estado devem ser marcadas por um traço de estabilidade. Políticas de Governo são os objetivos concretos que determinado governante eleito pretende ver impostos a dado setor da vida econômica ou social. Dizem respeito à orientação política e governamental que se pretende imprimir a um setor. 10 As funções do Governo na Economia A variabilidade das funções governamentais é significativa no tempo e no lugar. A profundidade da intervenção governamental depende do país e do momento histórico. Determinadas funções são defendidas em certos períodos históricos e em outros, passam a ser criticadas. Conforme o momento econômico, com suas dificuldades e desafios, o papel do Estado vai se moldando. Portanto, não há uma resposta única sobre o papel do Estado na economia, que se ajuste a todos os países, em todas as épocas. 11 A função alocativa visa a assegurar o ajustamento da alocação dos recursos no mercado. O governo pode produzir diretamente o bem ou utilizar mecanismos para que seja oferecido pelo setor privado. Comércio exterior Tributos incidentes sobre produtos importados, estabelecimento de quotas, subsídios e financiamentos a exportadores. 12 Financiamento ao setor privado Quando os bancos públicos decidem financiar determinados setores e não outros, a alocação de recursos pelo mercado é alterada, dirigindo-se para setores escolhidos. O mercado agindo sozinho poderia decidir destinar seus recursos para outros setores com taxas de retorno mais altas. 13 Empresas estatais O governo também intervém de forma direta, produzindo ele mesmo bens e serviços que não interessaram ao setor privado em determinado momento (ou em que o setor privado não reúne capacidade). Papel do Poder Judiciário A ação do governo com impacto sobre a função alocativa também se dá pelo Poder Judiciário. 14 Pesquisa e Desenvolvimento O retorno, principalmente em ciência e pesquisa básica, tende a ser de longo prazo, além de os riscos serem muito elevados, sendo comum investimentos que não geram nenhum retorno. Além disso, o resultado de pesquisas básicas são aproveitados por outros pesquisadores e empresas que não incorreram nos custos da pesquisa inicial, o que, obviamente, gera desestímulos a esse tipo de investimento. Sem o governo, portanto, a tendência é de investimentos muito aquém dos socialmente desejáveis. 15 A função estabilizadora tem como objetivo assegurar um certo nível de utilização dos recursos produtivos e assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, mediante a utilização de instrumentos macroeconômicos. É por meio da função estabilizadora que o governo busca interferir na taxa de crescimento da economia, na taxa de inflação, na taxa de emprego e no funcionamento do sistema financeiro. 16 Política Fiscal O governo pode atuar para influenciar a atividade econômica de forma direta e indireta por meio da política fiscal. De forma direta, o aumento ou a redução dos gastos públicos, conforme o objetivo, estimula ou desestimula a economia, contribuindo para a estabilização. De forma indireta, o governo altera a carga tributária, ampliando ou reduzindo a renda disponível e os preços dos produtos. 17 Política Fiscal Política fiscal contra cíclica : caminha na direção contrária à do ciclo econômico. Há controvérsias sobre a efetividade desse tipo de política, principalmente sobre o modo de financiamento dos dispêndios do governo. Os críticos argumentam que o aumento das taxas de juros provocado pela tomada de créditos acaba por reduzir o investimento privado. Os defensores argumentam que esse efeito não se observa quando a economia está em recessão profunda, pois a demanda por crédito permanece muito baixa nessa situação. 18 Política Monetária: recolhimento compulsório, redesconto, operações de mercado aberto, taxa de juros. Além das políticas fiscal e monetária,os governos podem utilizar-se das políticas de crédito e de comércio externo. 19 A função distributiva tem como objetivo ajustar a distribuição da renda e da riqueza , reduzindo a desigualdade. O governo tem dois grandes instrumentos para exercer a função distributiva: a tributação: os que ganham mais contribuem mais, pagando mais impostos, tanto sobre a renda, quanto sobre os produtos de luxo que consomem os gastos públicos: o governo busca alocar recursos para despesas que beneficiem os mais pobres, como hospitais e escolas públicas, e transfere dinheiro diretamente a esse grupo de pessoas. 20 Tanto na tributação quanto nos gastos públicos, existem controvérsias: Críticas à tributação O sistema tributário, em numerosos países, é apenas formalmente progressivo mas que, na prática, devido a uma série de brechas, de exceções, de sonegação e de deduções que, em geral, beneficiam os mais ricos, ele se torna regressivo ou, pelo menos, reduz substancialmente sua progressividade. 21 Tanto na tributação quanto nos gastos públicos, existem controvérsias: Críticas à tributação O debate principal acerca de elevados tributos sobre os mais ricos é até que ponto não haveria desestímulo à assunção de riscos e ao talento. Com isso, um sistema excessivamente progressivo poderia reduzir a capacidade produtiva, restando menos riqueza para distribuir no fim do dia. Além disso, a maior mobilidade dos fatores de produção tornaria a base tributária mais volátil, podendo facilmente ser transferida para lugares de menor incidência tributária. 22 Tanto na tributação quanto nos gastos públicos, existem controvérsias: Críticas ao gasto público Do lado dos gastos públicos há enormes controvérsias sobre sua natureza, capacidade e relevância de serem efetivos na distribuição de renda. 23 Falhas de mercado: problemas no funcionamento do livre mercado. Externalidades, os bens públicos, o uso de recursos comuns e a concentração de mercado. Externalidades: ocorrem quando uma atividade gera benefícios ou custos para outras atividades ou outras pessoas não envolvidas naquela atividade. Como os benefícios ou custos não fazem parte da atividade, eles não são considerados nas decisões sobre a realização daquela atividade. 24 Externalidades negativas: quando uma atividade gera um custo para um terceiro não contabilizado por aquela primeira atividade. Por exemplo, a poluição ambiental. Externalidades positivas: quando uma atividade gera benefícios a terceiros que nela não estão diretamente envolvidos, de forma que o benefício total seja maior que o benefício privado. Os benefícios de terceiros não são contabilizados pela atividade, fazendo com que a oferta não corresponda à demanda da sociedade. Por exemplo a pesquisa científica. 25 Externalidades: como o governo atua Tributar a atividade de forma correspondente ao custo que foi gerado. Como o custo privado aumenta após o tributo, a produção tende a ser menor, já que o custo total será igual ao custo privado acrescido do tributo, sendo este proporcional ao custo social. 26 Externalidades: como o governo atua Impor limites para a externalidade negativa (quotas). No caso da poluição, a legislação pode permitir que se polua até determinado patamar, obviamente mais baixo, obviamente do que o nível que ocorreria sem a intervenção estatal. Aplica-se quando o custo de interromper certa atividade, embora poluente, seja muito elevado (pela perda de empregos e de impostos, por exemplo), o que faz o governo optar por restringir, mas não proibir a atividade. 27 Bens Públicos Falha de mercado que tende a resultar em oferta abaixo da socialmente desejada, em razão do “problema do carona”. Pelas características desses bens, as pessoas tendem a querer consumi- los, mas não desejam pagar por eles, daí a denominação “carona”, algo que é gratuito. 28 Bens Públicos Características dos bens públicos: a não rivalidade no consumo e a impossibilidade de exclusão do consumo. Se alguém consome um bem público outra pessoa não será impedida de consumir aquele bem ao mesmo tempo (não rivalidade) e, mesmo que se desejasse, não seria possível – ou seria possível a um custo muito elevado – excluir qualquer pessoa do consumo (impossibilidade de exclusão). 29 Bens públicos impuros Bem não rival, mas é possível a exclusão do consumo. Bens meritórios Apesar de não apresentarem todas as características dos bens públicos, devem ser estimulados pelo governo. É que eles geram externalidades positivas relevantes, como por exemplo educação e saúde. 30 Bens públicos : como o governo atua Como no caso das externalidades positivas, o governo procura aumentar a oferta de bens públicos. Incentivo à produção pelo setor privado, com o estabelecimento de subsídios à produção desse tipo de bem. Provimento direto, ou seja, o governo oferta diretamente o bem público, como é o caso da defesa nacional. 31 Os Recursos Comuns : “tragédia dos comuns” O incentivo de cada usuário é extrair o máximo do recurso, já que dele decorre seu benefício direto, tendendo ao exaurimento dos recursos naturais de uso comum. O orçamento público: os diferentes grupos que interagem na sociedade desejam uma parcela mais ampla do orçamento e utilizarão os meios disponíveis para tanto. 32 Os Recursos Comuns: como o governo atua Suprir a causa da falha de mercado, buscando definir os direitos de propriedade, de forma a que os incentivos inerentes a quem é proprietário passem a atuar. Assim, o governo pode leiloar o direito de explorar determinadas áreas que antes eram de uso comum. 33 Concorrência imperfeita No mundo real a competição perfeita raramente se observa. O que há é uma concentração de mercado, que se acentua na medida em que a economia vai se desenvolvendo, levando às fusões e aquisic ̧ões. Concorrência imperfeita: como o governo atua Proibição de conluios e cartéis. Estímulo econômico à maior competição. 34 Informac ̧ão assimétrica Informações não disponíveis prejudicam os resultados de alguma atividade. Seleção adversa Risco moral Informação assimétrica: como o governo atua Regulamentação. 35 Como o governo decide? Para entender as escolhas públicas é fundamental compreender o processo legislativo, o processo orçamentário, a ação dos grupos de interesse e os incentivos envolvidos nos processos de decisão. Análise tradicional de finanças públicas O interesse público seria o motor das escolhas governamentais, isto é, a busca da eficiência e da maior equidade é que moveria os responsáveis pelas escolhas públicas. 36 Como o governo decide? A teoria da escolha pública Os participantes do processo de decisão são racionais e têm uma agenda própria, que se dissocia da agenda comum. Os diferentes atores sociais buscam seus próprios interesses, não são seres altruístas voltados unicamente para o bem coletivo, preocupados somente com o bem-estar geral do povo. 37 Como o governo decide? Os participantes do processo de escolha buscam maximizar seus próprios interesses, sujeitos às restrições institucionais existentes. Os funcionários públicos podem estar interessados em aumentar seu prestígio, em aumentar sua remuneração e em expandir a influência das instituições que integram. Os políticos têm incentivo de levar o maior volume possível de recursos para suas bases políticas, mantendo as chances de sobrevivência política e de ganhos financeiros. Os eleitores têm em mente ganhos imediatos para seu bairro, sua cidade ou parasua categoria profissional, sem maiores preocupações com o todo. 38 A Moralidade nas decisões políticas O que faz as autoridades públicas se comportarem bem não é o respeito a regras morais. O bom comportamento se deve, de fato, às restrições aos desvios, o que envolve o bom funcionamento das instituições, o sistema de pesos e contrapesos, entre outras causas. http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ Índice de percepção da corrupção http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ http://ipc2018.transparenciainternacional.org.br/ 39 A Moralidade nas decisões políticas As falhas de governo ocorrem por vários fatores. Os que decidem pelo governo têm uma agenda própria, nem sempre coincidente com o interesse público. O governo decide com informações limitadas, que podem estar equivocadas, levando, por consequência, a políticas erradas. Os erros de percepção: muitas questões são consideradas relevantes pelo público e outras são negligenciadas. Muitas dessas questões são muito mais importantes do ponto de vista de estratégia de desenvolvimento da sociedade, mas não são lembradas.
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