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CAPÍTUlO 1
HiStórico e evolução da educação 
eSpecial incluSiva
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, 
você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer a história da educação especial.
 3 Compreender a mudança dos papéis da escola especial e 
da escola regular.
 3 Diferenciar as fases históricas da educação especial.
 3 Distinguir as funções da escola especial e da escola 
regular.
1111
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
contextualização
neste capítulo, você conhecerá um breve histórico da trajetória da 
Educação Especial. Conhecer os caminhos e a evolução da Educação 
Especial é importante, pois fará com que você reflita e compreenda os 
vários enfoques atribuídos pela sociedade às pessoas com deficiência, 
de acordo com os valores morais e éticos de cada época. 
Além disso, este capítulo pretende esclarecer quanto aos modelos 
de educação oferecidos às pessoas com deficiência, desde o período 
em que eram preteridas no que se refere a qualquer forma de educação 
escolar até os dias atuais, em que as políticas garantem a todos o direito 
à educação na escola regular.
Por último, você refletirá sobre as funções da escola especial, cujo 
ensino não é mais substitutivo da escola regular. isto porque a escola 
especial recebeu novos papéis após a implementação de leis que 
garantem a inclusão de todos na escola regular, principalmente o de 
cooperar com a educação inclusiva. 
trajetória da educação eSpecial: da 
excluSão à incluSão eScolar
Antes de conhecer o modelo de educação inclusiva, hoje almejada 
nas escolas de todo o país, é importante saber que a mesma se 
derivou de uma longa trajetória historicamente produzida. Em outras 
palavras, a Educação inclusiva é fruto de mudanças históricas que 
foram constituídas socialmente. Para entender a gênese histórica desse 
modelo, é essencial que você faça uma análise das acepções e práticas 
que a ele servem de base.
Embora os fenômenos históricos aconteçam de forma não-linear, 
ou seja, não ocorram de maneira contínua, no que concerne à história 
da Educação Especial, conforme sassaki (1997), esta pode ser dividida 
em quatro fases: exclusão, segregação ou separação, integração e 
inclusão. Ressaltamos que, por se tratar de mudanças de paradigmas, 
essas fases não ocorreram ao mesmo tempo para todos os grupos 
sociais, já que cada população tem seu próprio momento cultural e 
histórico. Em relação a isso, sassaki (1997, p. 16) nos explica que
12
 Educação Especial e inclusão Escolar
12
A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases 
no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando 
a exclusão social de pessoas que – por causa das condições 
atípicas – não lhe pareciam pertencer à maioria da população. 
Em seguida, desenvolveu o atendimento segregado dentro 
de instituições, passou para a prática da integração social 
e recentemente adotou a filosofia da inclusão social para 
modificar os sistemas sociais gerais (grifos no original).
Entretanto, não podemos pensar nas fases mencionadas por sassaki 
(1997) desvinculadas de seus momentos históricos, pois as mesmas 
foram norteadas por políticas públicas que enfatizavam as visões de 
mundo concebidas em tais momentos. Além disso, as quatro fases se 
referem às práticas sociais. Portanto, a educação, que é uma dessas 
práticas, está diretamente atrelada a essas mudanças. Dessa forma, 
quando falarmos em exclusão, segregação, integração e exclusão nesse 
texto, estaremos nos referindo ao acesso à educação. 
O modelo de exclusão, se comparado com os demais – da 
segregação, da integração e da inclusão –, foi o que predominou por 
mais tempo no que diz respeito à história social das pessoas com 
deficiência. Nessa fase, era natural pensar em abandono e, até, na morte 
dos “débeis”, pois dessa forma, o sujeito deficiente não contaminaria o 
resto da sociedade. Essa maneira de pensar modificou-se à medida que 
o Cristianismo se difundiu, gerando o pressuposto de que o deficiente é 
um indivíduo dotado de alma e que, portanto, necessita ser socorrido. 
Esse reconhecimento da deficiência aos poucos transformou a fase 
de exclusão em fase de segregação ou separação, quando ocorreu a 
institucionalização da deficiência. 
Institucionalização da deficiência: significa, neste caso, oferecer 
ensino às pessoas com deficiência em locais especializados, fora das 
escolas regulares.
A fase de segregação ficou caracterizada pela retirada das pessoas 
com deficiência de suas comunidades de origem e pela manutenção 
das mesmas em instituições residenciais segregadas ou em escolas 
especiais, situadas longe da localidade de suas famílias. Em outras 
palavras, as pessoas com deficiência tiveram acesso à educação, mas 
de forma segregada. 
Foi nessa época, mais especificamente no século XIX, que a 
escola especial passou a exercer um papel importante para as pessoas 
Escola Especial 
não foi criada para 
segregar as pessoas 
com deficiência, 
e sim para dar a 
oportunidade de 
ensino que o sistema 
regular negava a 
essas pessoas.
1313
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
com deficiência, pois, segundo Beyer (2005, p. 14), essas escolas 
“integraram, pela primeira vez, as crianças com deficiência no sistema 
escolar”. Diferentemente do que imaginamos, a Escola Especial não 
foi criada para segregar as pessoas com deficiência, e sim para dar a 
oportunidade de ensino que o sistema regular negava a essas pessoas. 
sobre a escola especial, Glat (1998, p. 11) explica que
Tradicionalmente o atendimento aos portadores de 
deficiências era realizado de natureza custodial e 
assistencialista. Baseado em um modelo médico, a 
deficiência era vista como uma doença crônica e o deficiente 
como um ser inválido e incapaz, que pouco poderia contribuir 
para a sociedade, devendo ficar ao cuidado das famílias ou 
internado em instituições ‘protegidas’, segregado do resto da 
população.
Em relação ao exposto por Glat (1998), Beyer (2005, p. 15) adverte 
que “as escolas especiais foram importantes historicamente, mas 
uma solução transitória não tem ou não deve ter caráter permanente”. 
Dessa forma, é essencial termos consciência da importância histórica 
da Educação Especial, como um meio de acesso à educação pelas 
pessoas com deficiência. No entanto, precisamos estar cientes de que 
foi uma solução passageira. 
note: na citação de Beyer (2005), aparece o termo “integraram”. 
Cabe lembrar que a integração mencionada por Beyer (2005) é diferente 
da fase de integração em escolas regulares, pois, apesar de as pessoas 
com deficiência estarem integradas em um sistema de ensino, esse 
sistema funcionava separado do convívio social. 
O processo de desinstitucionalização teve início com as mudanças 
socioeducacionais que ocorreram nos anos de 1970, dando um novo 
rumo à educação de pessoas com deficiência. 
Desinstitucionalização: foi o processo que marcou a transferência 
gradual das pessoas com deficiência das instituições especiais para as 
escolas regulares.
A Comissão de Warnock, que aconteceu em londres, em 1978, deu 
o seu apoio ao princípio da integração para alunos com necessidades 
educacionais especiais, distinguindo três formas principais de integração, 
que descreveu como: situacionais, em que unidades ou turmas especiais 
se encontram ligadas a escolas do ensino regular; sociais, nas quais 
os alunos da unidade convivem com as outras crianças e, se possível, 
14
 Educação Especial e inclusão Escolar
14
partilham atividades organizadas fora da sala de aula; e funcionais, nas 
quais aqueles que têm necessidades educacionais especiais assistem 
às aulas da escolaridade regular em regime de tempo inteiro ou de 
tempo parcial.(RElATÓRiO WARnOCK, 1978).
nos anos subsequentes à publicação do Relatório Warnock 
(1978), tornou-se claro que seriam necessárias alterações substanciais 
no pensamento que se refere às três dimensões citadas, ou seja, 
situacionais, sociais e funcionais. A insatisfação com uma interpretação 
estreita da integração enquanto problema da minoria, na qual o sucesso 
significava adequar uma criança a um sistema que não fora concebido 
tendo em conta as suas necessidades, conferiu um impulso significativo 
a uma mudança na utilização da terminologia, passando a ser usado o 
termo inclusão em vez de integração. Diferente da proposta da integração 
que almejava modificar os alunos até que pudessem se encaixar no 
perfil das escolas regulares, a inclusão visa que a escola se molde para 
atender as necessidades de cada aluno. Além disso, o termo inclusão 
implica o reconhecimento de que todos estão abrangidos, ou seja, o 
princípio da prática educativa inclusiva se aplica a todos os alunos.
A figura 1, elaborada por Beyer (2006), ilustra as quatro fases 
mencionadas nos parágrafos anteriores: exclusão, segregação ou 
separação, integração e exclusão. 
Figura 1 - Os processos de exclusão, separação e 
integração e inclusão sob a ótica de Beyer (2006) 
Fonte: Beyer (2006, p. 279).
1515
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
A figura 1 contém círculos e “pontinhos” que, conforme a legenda, 
representam, respectivamente, o ensino tanto na escola regular quanto 
na escola especial e as pessoas com necessidades especiais e as ditas 
normais. Com essa figura, Beyer (2006) procurou esclarecer quanto aos 
diferentes momentos históricos que marcaram as ações do sistema de 
ensino.
Vamos entender melhor a figura 1? 
na fase de exclusão, as pessoas com necessidades especiais não 
estão inseridas em nenhum tipo de instituição de ensino. Isto significa 
que, nessa fase, as pessoas com deficiência estavam excluídas de 
todos os tipos de educação.
na fase de segregação ou separação, as pessoas com 
necessidades especiais estão inseridas em escolas especiais e as 
pessoas ditas normais, no ensino regular. Podemos compreender então 
que, nessa fase, foram criadas as primeiras instituições de ensino para 
pessoas com deficiência, mas que ficavam separadas do convívio 
social. 
na fase de integração, as pessoas com necessidades especiais 
estão na mesma instituição de ensino que as pessoas ditas normais, mas 
em grupos separados. Isto quer dizer que as pessoas com deficiência 
tinham acesso à mesma escola que as pessoas ditas normais, mas 
frequentavam classes separadas.
note: será que podemos considerar que a segregação e a integração 
são formas de exclusão? Sim. A segregação pode ser considerada uma 
forma de exclusão, pois, apesar de os alunos com deficiência estarem 
em uma instituição de ensino, esta era separada das escolas comuns, ou 
seja, os alunos estavam excluídos do ensino regular. Da mesma forma, 
podemos considerar que a integração seja uma forma de exclusão, já 
que os alunos, mesmo incluídos na escola regular, ficam excluídos dos 
grupos de alunos ditos normais. 
Finalmente, na fase de inclusão, as pessoas com necessidades 
especiais estão inseridas na mesma escola e no mesmo grupo das 
pessoas ditas normais. Com isso, podemos compreender que o modelo 
de inclusão requer mais da escola do que o modelo de integração, pois 
prevê um ensino que abranja todos em uma mesma classe dentro de 
uma mesma escola.
O modelo de 
inclusão requer 
mais da escola do 
que o modelo de 
integração, pois 
prevê um ensino que 
abranja todos em 
uma mesma classe 
dentro de uma 
mesma escola.
16
 Educação Especial e inclusão Escolar
16
Atividade de Estudos:
Você considera que a escola como está configurada atualmente 
está preparada para se encaixar nos moldes do paradigma da inclusão? 
Aproveite este momento de reflexão e responda de acordo com as 
experiências vivenciadas em sua realidade, justificando sua resposta.
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independente de sua resposta, podemos considerar que novos 
projetos requerem mudanças e que isso não é diferente quando tratamos 
do ambiente educacional. na próxima seção, discutiremos sobre as 
mudanças que a última fase – inclusão – trouxe para as escolas, tanto 
especiais quanto regulares.
Romeu Kasumi sassaki, o qual citamos no início desta seção, 
é consultor e atua há 43 anos na promoção e na inclusão social de 
pessoas com deficiência. Leia um trecho da entrevista concedida por 
sassaki na qual aborda o tema que estamos estudando. Essa entrevista 
está disponível no site www.educacaoonline.pro.br. 
Fala-se muito também na integração do portador de deficiência. 
Existe diferença entre inclusão e integração?
sim, existe, embora ambas constituam formas de inserção. A prática 
da integração, principalmente nos anos sessenta e setenta, baseou-
se no modelo médico da deficiência, segundo o qual tínhamos que 
modificar (habilitar, reabilitar, educar) a pessoa com deficiência para 
torná-la apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social (familiar, 
escolar, profissional, recreativo, ambiental). Já a prática da inclusão, 
incipiente na década de oitenta, porém consolidada nos anos noventa, 
vem seguindo o modelo social da deficiência, segundo o qual a nossa 
tarefa é a de modificar a sociedade (escolas, empresas, programas, 
serviços, ambientes físicos etc.) para torná-la capaz de acolher todas 
as pessoas que, uma vez incluídas nessa sociedade em modificação, 
poderão ter atendidas em suas necessidades, comuns e especiais.
1717
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
Que tipo de ação o Senhor sugere no sentido de tomar eficaz a 
inclusão do aluno com deficiência na escola regular?
As ações são de vários tipos e devem ser, em sua maioria, 
implementadas simultaneamente. será necessária uma ampla e 
contínua campanha de esclarecimento do público em geral, das 
autoridades educacionais e dos alunos das escolas comuns e especiais 
e de seus familiares. serão imprescindíveis os treinamentos dos 
atuais e futuros professores comuns e especiais. Esses treinamentos 
deverão enfocar os conceitos inclusivistas (autonomia, independência, 
empowerment, equiparação de oportunidades, inclusão social, modelo 
social da deficiência, rejeição zero e vida independente), a Declaração 
de salamanca, os preceitos constitucionais brasileiros pertinentes ao 
direito à educação no ensino regular, os princípios da inclusão escolar, 
os procedimentos em sala de aula e as atividades extracurriculares 
que constituem as melhores práticas de ensino-aprendizagem já 
comprovadas por escolas inclusivas bem-sucedidas. Durante e após 
os treinamentos, deverá ser garantido aos professores o seu acesso 
à literatura (livros, manuais, apostilas, relatórios e outros materiais 
impressos e/ou audiovisuais) sobre educação inclusiva. Deverá também 
ocorrer uma série de modificações nos ambientes escolares e nos 
materiais de ensino-aprendizagem, além de mudanças nos critérios de 
avaliação do rendimento escolar e de promoção nas séries.
Onde se encontram as principais resistências no sentido de se 
conseguir uma efetiva inclusão?
Tanto no âmbito escolar como em outros setores, as principais 
resistências têm como origem o desconhecimento e/ou as informações 
equivocadas a respeito do paradigma da inclusão. Quanto à inclusão 
escolar, as resistênciasestão presentes entre as autoridades 
educacionais de todos os níveis, entre os professores comuns e 
especiais e entre famílias e alunos com e sem deficiências. 
Uma das grandes barreiras a serem derrubadas está nos 
preconceitos em relação ao tema. Como o Senhor vê o problema?
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados 
ou, pelo menos, reduzidos por meio das ações de sensibilização da 
sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade 
humana dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos 
programas de lazer inclusivo. Resultados já existem que comprovam 
a eficácia da educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos: 
comportamentos na escola, no lar e na comunidade; resultados 
18
 Educação Especial e inclusão Escolar
18
educacionais; senso de cidadania; respeito mútuo; valorização das 
diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e grandes 
de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, 
dentro e fora das escolas inclusivas.
Atividade de Estudos: 
1) sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da 
entrevista de sassaki e comente sobre eles.
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2) Diferencie, com suas palavras, as fases de exclusão, segregação 
ou separação, integração e inclusão.
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escola regular e escola especial: 
reinterpretando papéis
na seção anterior, vimos que as escolas especiais surgiram para 
oferecer ensino às pessoas com deficiência, já que estas, até o final da 
década de 1980, não tinham o direito de frequentar as escolas regulares. 
nesse sentido, as escolas especiais inicialmente possuíam um caráter 
substitutivo do ensino regular. você pode estar se perguntando: se todos 
os alunos devem estar incluídos nas escolas regulares, qual o papel 
da escola especial nesse processo? As escolas especiais deixaram de 
existir?
 
A Escola Especial 
deve trabalhar de 
forma cooperativa com 
as escolas regulares 
e auxiliar no processo 
de inclusão de alunos 
com necessidades 
especiais
1919
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
Após a implantação da lei de Diretrizes e Bases da Educação 
nacional – Educação Especial, lei nº 9.394/96, a qual previu, no art. 
58, parágrafo i, que, quando necessário, haveria “[...] serviço de apoio 
especializado, na escola regular, para atender a peculiaridades da 
clientela de educação especial” (BRAsil, 2008) –, as escolas especiais 
ficaram encarregadas de assumir um novo papel na educação: 
trabalhar de forma cooperativa com as escolas regulares e auxiliar no 
processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. Dessa 
forma, as escolas especiais não deixaram de existir, mas assumiram 
uma nova tarefa diante das pessoas com deficiência ou síndrome.
Deficiência ou Síndrome: É importante destacar que deficiência e 
síndrome são duas patologias diferentes. Uma pessoa com síndrome 
pode ter uma deficiência, mas isso não é uma regra e vice-versa. 
De que forma isso vai acontecer?
A escola especial, serviço de apoio especializado ou atendimento 
educacional especializado, passará a oferecer serviços diferentes 
do proporcionado pelo ensino escolar, tendo como função atender 
às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais, estando 
disponível como complemento, e não como substitutivo do ensino 
regular. Mantoan (2004) nos lembra de que, no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro, o atendimento prestado pela escola especial “existe para 
complementar e não para substituir o ensino escolar comum e para que 
os alunos com deficiência tenham acesso e frequência à escolaridade, 
em escolas comuns”. Isto significa que a escola especial deve 
complementar o ensino regular, oferecendo suporte tanto para os 
alunos com deficiência ou síndrome quanto para as escolas regulares.
Quando falamos em suporte aos alunos com deficiência ou 
síndrome, não nos referimos à aula de reforço ou a atendimentos que 
preencham as lacunas deixadas pela escola regular. segundo Batista 
(2006, p. 17), o suporte existe “[...] para que os alunos possam aprender 
o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para 
que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência”. Por 
exemplo, quando um aluno com deficiência visual é incluído na escola 
regular, o atendimento especializado da escola especial, além de outras 
atividades, pode ensinar o Braille. Dessa forma, o aluno terá acesso à 
linguagem escrita, podendo participar das atividades na escola regular 
que, por sua vez, adaptará o material didático e as avaliações para o 
Braille.
20
 Educação Especial e inclusão Escolar
20
O suporte oferecido pela escola especial às escolas regulares pode 
acontecer de várias maneiras. Uma delas é a orientação oferecida aos 
professores e aos gestores educacionais por profissionais itinerantes 
que esclarecem sobre como garantir a permanência e a aprendizagem 
de todos os alunos. sobre isso, Mantoan (2003, p. 55) argumenta que 
“não adianta, contudo, admitir o acesso de todos às escolas, sem 
garantir o prosseguimento da escolaridade até o nível que cada aluno 
for capaz de atingir”. neste sentido, podemos considerar que a inclusão 
não termina na garantia de matrícula aos alunos com deficiência ou 
síndrome, mas também requer a garantia da continuidade do aluno na 
escola. 
no tocante à itinerância, Mantoan (2003, p. 87) chama a atenção 
para o seguinte: 
O professor itinerante/especialista tende a acomodar o 
professor comum, tirando-lhe a oportunidade de crescer, 
de sentir a necessidade de buscar soluções e não aguardar 
para que alguém de fora venha regularmente, para resolver 
seus problemas. Esse serviço reforça a idéia de que os 
problemas de aprendizagem são sempre do aluno e de que 
só o especialista consegue removê-lo com adequação e 
eficiência.
 
A autora nos alerta que, ao contrário do que muitos pensam, os 
professores itinerantes não estão na escola para resolver os problemas 
dos professores regentes e acomodá-los, mas para auxiliá-los, criando 
a autonomia necessária para desenvolver um trabalho inclusivo. 
(MAnTOAn, 2003). Conforme já mencionamos, o professor itinerante 
tem o papel de orientar os profissionais das escolas regulares quanto 
à inclusão de seus alunos, e não de assumir as responsabilidades do 
professor comum.
Ante o exposto, perguntamos: qual o papel da escola regular diante 
do modelo de inclusão?
Assim como a escola especial, a escola regular também deve 
reinterpretar seu papel diante do paradigma da inclusão, assumindo as 
responsabilidades impostas pelas leis e modificando seu sistema de 
acordo com as orientações propostas pelas políticas de inclusão. nos 
próximos capítulos, discutiremos mais atentamente as questões legais 
e teóricas que embasam a inclusão de pessoas com deficiência nas 
escolas regulares.
O professor itinerante 
tem o papel de orientar 
os profissionais das 
escolas regulares quanto 
à inclusão de seus alunos, 
e não de assumir as 
responsabilidades do 
professor comum.
2121
Histórico e evolução da educação especialinclusiva Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Complete o quadro a seguir de acordo com o que você estudou 
a respeito das características das escolas especiais e das escolas 
regulares. 
2) De que forma a escola especial pode cooperar com a escola 
regular para promover a inclusão dos alunos com deficiência ou 
síndrome? Crie uma situação para exemplificar sua resposta.
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_________________________________________________________
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sugiro que você leia a entrevista intitulada “inclusão é o privilégio 
de conviver com as diferenças” que Mantoan concedeu ao site www.
novaescola.com.br. nessa entrevista, a educadora comenta sobre a 
importância de conviver com as diferenças na escola.
22
 Educação Especial e inclusão Escolar
22
inclusão é o privilégio de conviver coM as diFerenças
 Maria Teresa Eglér Mantoan
O que é inclusão?
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter 
o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. 
A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para 
o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento 
mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança 
que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar 
junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com 
pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com 
o outro.
Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores?
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande 
ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. se os estudantes 
não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de 
vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados 
pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem 
o seu espaço na sociedade. se isso não ocorrer, essas pessoas serão 
sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. você não 
pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando 
o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o 
maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.
O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela 
reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é 
mais do que ter rampas e banheiros adaptados. A equipe da escola 
inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os 
professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. 
Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores 
da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como 
as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? 
Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam 
que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos 
precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as 
suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.
2323
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
Como está a inclusão no Brasil hoje?
Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de 
ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante 
desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos 
com necessidades especiais devem receber atendimento especializado 
preferencialmente na escola, que não substitui o ensino regular. Há 
outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a 
inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, 
principalmente em deficiência mental. Muita gente continua acreditando 
que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que 
dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que 
elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de 
conscientização.
A escola precisa se adaptar para a inclusão?
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer 
atendimento educacional especializado paralelamente às aulas 
regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, 
por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no 
contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e 
de instrumentos, como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na 
sua integração dentro e fora da escola.
Como garantir atendimento especializado se a escola não 
oferece condições?
A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem 
como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, 
disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem que 
continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. na particular, o 
serviço especializado também pode vir por meio de parcerias e deve ser 
oferecido sem ônus para os pais.
Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em 
uma classe regular?
sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, 
e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves. No 
Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do 
raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado 
à turma e participativo. Há casos, no entanto, em que a criança não 
consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para 
24
 Educação Especial e inclusão Escolar
24
que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um 
tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico 
e especializado.
A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser 
diferenciada?
não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o 
aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. 
Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e 
como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar estudantes 
emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem 
uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar 
testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar 
decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um 
determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço 
pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os 
demais.
Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com 
deficiência?
sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista 
em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento 
especializado. não pode haver confusão. Uma criança surda, por 
exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) 
e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, 
conhecida como l2, a criança é atendida por um professor de língua 
portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os 
conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. 
se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma 
aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência 
fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de l2 dá o 
significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, 
o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão 
do conteúdo.
Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua 
de sinais?
É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba 
libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter 
2525
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo1 
noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a 
aula. no caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar 
o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se 
achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao 
especialista. só não acho necessário ensinar libras e braile na formação 
inicial do docente.
O professor pode se recusar a lecionar para turmas 
inclusivas?
não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino 
não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário 
para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o 
emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda 
que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem 
como estão sendo prejudicados profissionalmente. Os pais e os líderes 
comunitários também podem promover um diálogo com as redes, 
fazendo pressão para o cumprimento da lei.
Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas?
O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, 
para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por 
meio da secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como 
preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei 
e a agir para colocar tudo isso em prática.
Atividade de Estudos: 
sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da 
entrevista de Mantoan e comente sobre eles.
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26
 Educação Especial e inclusão Escolar
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alguMas considerações
Caro(a) pós-graduando(a)! neste capítulo, você conheceu a história 
da educação especial, antes mesmo de seu surgimento. Da mesma 
forma, compreendeu a mudança dos papéis da escola especial frente 
aos desafios da inclusão escolar. Em suma, refletimos sobre:
• as quatro fases da inclusão escolar: exclusão, segregação ou 
separação, integração e inclusão;
• a diferença entre as propostas de integração e de inclusão 
escolar;
• as mudanças requeridas pela inclusão escolar tanto nas escolas 
regulares quantos nas escolas especiais;
sinopse: Um homem com 
síndrome de Down cuja mãe morreu 
e um ocupado homem de negócios, 
divorciado e sem a posse dos filhos 
que não querem mais vê-lo. Os dois 
acabam desenvolvendo uma amizade 
especial quando se encontram 
acidentalmente. 
O OITAVO DIA. Direção de Jaco 
van Dormael. França: Polygram / 
Europa Carat Home vídeo, 1996. 1 
filme (118 min), legendado.
Sugerimos que você assista ao filme “O oitavo dia”. O filme retrata a 
época em que pessoas com deficiências ou síndromes eram deixadas por 
suas famílias em instituições separadas do convívio social. Além disso, 
o filme trata do preconceito existente no contato e no relacionamento de 
pessoas com deficiência com pessoas ditas normais.
2727
Histórico e evolução da educação especial inclusiva Capítulo 1 
• o antigo papel das escolas especiais, que era acolher e oferecer 
ensino às pessoas com deficiência ou síndrome;
• a atual função das escolas especiais, ou seja, oferecer suporte 
às escolas regulares para promover a inclusão de todos;
• o desafio lançado às escolas regulares, isto é, receber, acolher e 
ensinar a todos os alunos.
referênciaS
 
BATisTA, Cristina Abranches Mota. Educação inclusiva: atendimento
educacional especializado para a deficiência mental. 2. ed. Brasília: 
MEC – sEEsP, 2006.
BEYER, Hugo Otto. inclusão e avaliação na escola: de alunos com 
necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
______. Educação inclusiva ou integração escolar? implicações 
pedagógicas dos conceitos como rupturas paradigmáticas. in: 
Ensaios Pedagógicos. Brasília: MEC – sEEsP, 2006. p. 277- 280. 
 
BRAsil. Educação Especial, legislação. Disponível em: 
<www.mec.gov.br> Acesso em: 15 out. 2008.
GlAT, Rosana. A integração social dos portadores de deficiência: 
uma reflexão. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.
MAnTOAn, Maria Teresa Égler.. Inclusão escolar: O que é? Por quê? 
Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
______. O direito à diferença nas escolas – questões sobre a inclusão 
escolar de pessoas com e sem deficiências. Revista Educação 
Especial, santa Maria, n. 23, 2004. Disponível em: 
<www.ufsm.br/ce/revista>. Acesso em: 22 out. 2007.
RElATÓRiO WARnOCK. Special educational needs report of 
commite of enquiry into the education of handicapped children 
and young people. Londres: Her Magestys Office, 1978.
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 Educação Especial e inclusão Escolar
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sAssAKi, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade
 para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

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