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O Estado de S.Paulo 01.05.20

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JULIO MESQUITA
(1862 - 1927)
Tempo em SP
Eliane Cantanhêde
Há margem para discutir a decisão 
do STF, mas Bolsonaro trabalhou 
contra ele próprio. POLÍTICA / PÁG. A5
16° Mín. 28° Máx.
FUNDADO EM
1875
Celso Ming
Epidemias dizimaram exércitos e 
derrubaram impérios, mas ajuda-
ram a criar outros. ECONOMIA / PÁG. B2
NA QUARENTENA
NOTAS & INFORMAÇÕES
Bolsonaro 
aponta ‘crise 
institucional’; 
STF reage
Esta publicação é impressa em papel certificado FSC® garantia
de manejo florestal responsável, pela S. A. O Estado de S. Paulo.
Dúvidas, reclamações e informações contate info.fsc@estadao.com
Ministro da Saúde fala 
em mil mortos por dia 
e defende isolamento
‘Neste momento, ninguém está pensando em flexibilizar nada’, disse Nelson Teich
Desemprego vai a 
12,2% em março
ECONOMIA / PÁG. B4
Demissões começam 
a atingir o futebol
ESPORTES / PÁG. A12
O significado
do trabalho
R aras vezes foi tão impor-tante refletir sobre o te-ma. O 1.º de Maio é opor-
tunidade, na emergência da pan-
demia, para reconhecer o mérito 
de todos os trabalhadores. PÁG. A3
Cegueira ética
Na história recente do País, há 
casos clamorosos de apoio po-
pular a políticos envolvidos 
com graves escândalos. PÁG. A3
Presidente 
não mostra 
exames; juíza 
dá novo prazo
Apesar do risco do novo coronavírus, multidão passou a madrugada de ontem diante de agência da 
Caixa no Grajaú, zona sul de SP, para tentar receber o auxílio emergencial de R$ 600. A agência dis-
tribuiu 250 senhas, mas antes de o banco abrir já havia mais de 400 pessoas na fila. ECONOMIA / PÁG. B4
Segundo estimativas da ONU, a pande-
mia do novo coronavírus deve empurrar 
8% da população mundial (500 mi-
lhões) de volta à pobreza. A crise tende a 
acabar com quase metade dos empregos 
da África Subsaariana, que enfrentará 
sua primeira recessão em 25 anos, e o sul 
da Ásia terá seu pior desempenho econô-
mico em 40 anos. INTERNACIONAL / PÁG. A7
ONU prevê 
volta de meio 
bilhão à pobreza
Milton Hatoum
Amigos da Lua, enviem mensagens 
de amor a este planetinha, pra lá 
de doente. NA QUARENTENA / PÁG. H8
O ministro Nelson Teich (Saúde) admi-
tiu que o Brasil pode vir a registrar cerca 
de mil mortos por dia por covid-19 e 
mudou o tom sobre a flexibilização do 
isolamento social defendida pelo presi-
dente Jair Bolsonaro. Teich afirmou 
que o momento é impróprio, em virtu-
de do avanço de mortes e contamina-
ções. “Neste momento, ninguém está 
pensando em flexibilizar nada”, disse. 
“Há uma curva em plena ascendência.” 
O presidente Jair Bolsonaro, no entan-
to, disse que o confinamento é “pratica-
mente inútil”. O País encerrou abril 
com um total de 5.901 óbitos e 85.380 
pessoas contaminadas pelo novo coro-
navírus. Em 24 horas, foram 435 mortes 
e 7.218 novos casos. Teich disse que, no 
momento, o foco é apoiar a infraestrutu-
ra de Estados e municípios em situação 
de emergência. Levantamento do Esta-
do aponta que a ocupação de leitos de 
UTI já superou 70% em pelo menos seis 
Estados. A Prefeitura de SP pode deter-
minar limites à circulação de carros. No 
Maranhão, juiz ordenou que quatro ci-
dades entrem no regime de lockdown, 
que veta circulação que não seja de ur-
gência. METRÓPOLE / PÁGS. A9 a A11
l ‘Se tive, nem senti’
O presidente Jair Bolsonaro afirmou 
que “talvez” tenha sido contaminado 
pelo coronavírus e não sentiu. PÁG. A5
Após acumular seguidas derrotas 
no Supremo Tribunal Federal 
(STF), o presidente Jair Bolsonaro 
disse ontem ver brechas para o des-
cumprimento da decisão do minis-
tro Alexandre de Moraes de barrar a 
nomeação de Alexandre Ramagem 
para o comando da Polícia Federal. 
Bolsonaro afirmou que Moraes qua-
se criou uma “crise institucional” e 
foi criticado por outros ministros 
da Corte. POLÍTICA / PÁG. A4
Parlamentares ligados às igrejas 
evangélicas, liderados pelo deputa-
do Marcos Pereira, bispo licenciado 
da Igreja Universal do Reino de 
Deus, questionaram no dia 22 o pre-
sidente do Banco Central, Roberto 
Campos Neto, sobre a possibilida-
de de bancos darem empréstimo às 
igrejas. ECONOMIA / PÁG. B1
Deputados vão 
atrás do BC por 
crédito a igrejas
TETO A QUEM 
COMBATE 
O VÍRUS
Entidades e governos 
oferecem hospedagem
a agentes de saúde para 
deter contaminação. PÁG. H1
l SP vai levar doentes para interior
Com 89% dos leitos de UTI ocupados na 
Grande SP, pacientes começarão a ser 
transferidos para outras cidades. PÁG. A11
FELIPE RAU / ESTADÃO
FOTOS: RUBENS KATO
A juíza Ana Lúcia Petri Betto deu mais 
48 horas para que Jair Bolsonaro entre-
gue à Justiça Federal de SP “os laudos 
de todos os exames” realizados para 
verificar se foi contaminado pelo no-
vo coronavírus. A decisão foi tomada 
após o governo enviar ontem relató-
rio assinado por dois médicos da Presi-
dência em 18 de março informando 
que Bolsonaro estava assintomático e 
havia testado negativo para a doença 
naquele momento. POLÍTICA / PÁG. A5
AMANHECER NA FILA POR R$ 600
COMIDA PARA 
ABRAÇAR A MÃE
Presentear com quitutes 
atenua distância. PÁG. H4
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l Novo revés no tribunal
Por unanimidade, o STF derrubou
trechos da MP que restringia a Lei de 
Acesso à Informação. PÁG. A4
NOVA ARTE 
COLABORATIVA
Instituições artísticas 
se reinventam. PÁG. H6
%HermesFileInfo:A-1:20200501:
Sexta-feira 1 DE MAIO DE 2020 R$ 5,00 ANO 141 Nº 46217 estadão.com.br
%HermesFileInfo:A-2:20200501:
A2 Espaço aberto SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
15.781
A Mastercard divulgou uma 
pesquisa sobre a evolução dos 
pagamentos com cartões por 
aproximação que mostra que 
as informações a respeito da 
pandemia de covid-19 incenti-
varam os brasileiros a utilizar 
essa modalidade. Em países 
mais avançados neste mode-
lo, 90% dos pagamentos são 
feitos sem contato e, em geral, 
nestes locais, a metade desse 
porcentual foi atingida cerca 
de 1,5 ano após a implantação 
da modalidade. A pesquisa 
mostra que 88% concordam 
que esse tipo de pagamento é 
mais conveniente. 
www.estadao.com.br/e/cartoes
N um momento de ansie-dade e incertezas, mul-tiplicam-se as previ-
sões e os cenários sobre o mun-
do pós-pandemia. Mas todos 
esses cenários, creio, depen-
dem da evolução da mesma va-
riável que nos pôs nesta situa-
ção tão difícil: o coronavírus.
Uma das minhas referên-
cias nas previsões sobre o co-
ronavírus é Bill Gates. Ele de-
dica parte de sua fortuna ao fi-
nanciamento de projetos de 
saúde pública. Precisa ser 
bem informado, no mínimo, 
para não jogar dinheiro fora. 
Em curto artigo sobre as pers-
pectivas, Gates acha que uma 
vacina eficaz contra o corona-
vírus estará pronta até 2021. 
Os caminhos da pesquisa indi-
cam duas direções. Uma delas 
é a vacina tradicional, que uti-
liza um vírus desativado. A ou-
tra, aproveitando os avanços 
da genética, poderia informar 
as células para que bloqueiem 
o vírus.
Existe uma possibilidade 
mais rápida, anunciada pelos 
cientistas de Oxford no jornal 
The New York Times. Eles 
acham que conseguem lançar 
sua vacina ainda em setembro 
de 2020. Fizeram experiên-
cias com seis macacos e foram 
bem-sucedidos. Pretendem 
agora experimentá-la em 5 mil 
pessoas e obter a licença.
Nesse cenário, o mais oti-
mista possível, até o final do 
ano já estaria em circulação 
uma vacina eficaz contra o co-
ronavírus. Além de algumas 
centenas de milhares de mor-
tes, apenas o ano de 2020 esta-
ria perdido.
Outra variável que Gates 
aborda é a dos remédios. Ele 
considera ter havido um subin-
vestimento em pesquisas de 
remédios antivirais, compara-
das com os antibacterianos. 
Acho que vai se mover nesse 
campo. Não existe hoje uma 
bala de prata. Como não exis-
tiu na luta contra o HIV-aids, 
para o qual, finalmente, se che-
gou a um coquetel de drogas.
Talvez as coisas sejam mais 
promissoras no campo dos 
testes. A tendência é que evo-
luam, possamser vendidos 
com mais facilidade e ser usa-
dos em casa. Como já o são al-
guns outros testes, como o de 
gravidez.
Gates acha que, assim como 
depois de 1945 foi necessário 
criar uma instituição interna-
cional para garantir a paz, será 
também necessária uma orga-
nização internacional para 
combater as pandemias, novos 
vírus que podem vir tanto de 
morcegos como de pássaros. 
Esse desdobramento interna-
cional não é fácil. Uma declara-
ção da ONU de cooperação 
em torno de vacinas, remédios 
e testes não foi apoiada por 
EUA, Brasil e mais 12 países.
Imagino que uma das ra-
zões da reserva norte-america-
na seja o direito de exploração 
conferido pelas patentes. Suas 
grandes empresas investem 
milhões de dólares em pesqui-
sas e, naturalmente, querem 
receber esse investimento de 
volta, com os devidos lucros.
Esse foi um grande debate 
travado também no período 
da aids, quando se questionou 
o respeito às patentes numa si-
tuação excepcional. O Brasil ti-
nha razões para questionar. 
Adotou uma lei que garantia o 
coquetel gratuito aos portado-
res de HIV e isso custava caro 
ao País. O ministro da Saúde 
na época era o hoje senador 
José Serra. Ele defendeu o que 
me parece ter sido a posição 
correta de acordo com o inte-
resse nacional.
Hoje, em plena pandemia 
de coronavírus e diante de ou-
tras que podem vir, o Brasil se 
distancia da ideia de coopera-
ção internacional para se ali-
nhar com os EUA, que têm in-
teresses bem específicos. A jul-
gar pela posição do chanceler 
Ernesto Araújo, estamos dian-
te de um “comunavírus”, que 
tende a acentuar a influência 
internacional sobre os países, 
reduzindo sua autonomia.
É um raciocínio que se asse-
melha às posições do Brasil so-
bre o esforço internacional pa-
ra atenuar os efeitos do aque-
cimento planetário. Assim co-
mo é difícil, hoje, prever uma 
nova situação sem levar em 
conta a trajetória da covid-19, 
será muito difícil também ex-
cluir a variável ambiental de 
qualquer cenário futuro.
Ao contrário de países co-
mo a Nova Zelândia e a Austrá-
lia, o Brasil politizou o vírus. 
Eles foram bem-sucedidos, as-
sim como, de certa forma, Por-
tugal, onde governo e oposi-
ção se uniram diante do inimi-
go comum.
Num dos primeiros artigos 
que escrevi sobre o vírus, 
quando ele estava circunscri-
to a Wuhan, na China, afirmei 
que para combatê-lo seria ne-
cessária uma visão nacional e 
solidária. Não foi isso o que 
aconteceu. Assim como pesou 
para as civilizações antigas na 
América ter uma visão mítica 
sobre os invasores, ou deve pe-
sar no Haiti encarar com o vo-
du os grandes desastres natu-
rais, o Brasil mergulhou na ce-
gueira ideológica.
Durante muito tempo, dis-
cutiu-se se era um vírus comu-
nista destinado a enfraquecer 
o governo. Da mesma forma, 
discutiu-se se a cloroquina era 
ou não um remédio de direita.
O vírus é apenas uma proteí-
na envolvida numa capa de 
gordura. E a cloroquina, uma 
substância química usada con-
tra malária e outras doenças.
Portanto, quando se escre-
ver a história dessa peste no 
Brasil, não se pode apenas cul-
pá-la pelos estragos que fez. O 
governo digeriu mal a tese da 
imunização pelo amplo contá-
gio e refugiou-se nela na espe-
rança de tocar a economia.
Se continuar se comportan-
do com o meio ambiente com 
a mesma cegueira ideológica 
com que encara o coronaví-
rus, os cenários do futuro, não 
importa quão sofisticado for o 
seu desenho, terão de contar 
com o pano de fundo de uma 
terra arrasada.
]
JORNALISTA
Vinícolas do mundo permi-
tem visitas online em 360º 
de suas plantações.
www.estadao.com.br/e/vinhos
TECNOLOGIA DOS CARTÕES
Pagamentos por aproximação crescem
Google Meet estará disponí-
vel para qualquer pessoa 
com uma conta do Google e 
pode reunir até 100 pessoas 
na mesma chamada.
www.estadao.com.br/e/google
l “Isso é para desviar a sociedade do foco na saúde pública do País, a 
qual está no limite.” 
LUIZ CARLOS FERNANDES 
l “Mas a OMS promove essas práticas mesmo. Eu quero saber como 
mandar ensinar uma criança a se masturbar significa ‘distorção’.”
JC CARRAZZONI 
l “Como ele tenta desviar o foco! Só seus fanáticos ainda não acorda-
ram, infelizmente.”
LUDMILLA MALENTACCHI 
l “Distorceu nada. A OMS não deve ser seguida cegamente. Nada de-
ve. As pessoas devem ser mais críticas.”
VIVIANE NOGUEIRA
INTERAÇÕES
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA 
FRANCISCO MESQUITA NETO 
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA
O belga Axel Witsel deu di-
nheiro para o Standard Lie-
ge, clube que o revelou, pa-
gar dívidas acumuladas de-
pois da pandemia.
www.estadao.com.br/e/witsel
Espaço Aberto
OBrasil já viveu momen-tos difíceis, mas nun-ca uma crise tão vasta 
e profunda como agora, em 
que a devastação sanitária se 
une à insanidade política. 
Nada surge do nada, po-
rém. Nem as nuvens que pare-
cem viajantes perenes, sem 
origem ou destino. A data de 
1.º de maio, por exemplo, não 
tem, neste 2020, o estilo de 
reivindicação do Dia do Traba-
lho. O horror do coronavírus 
desmobiliza tudo, do lar à eco-
nomia, e nos leva a novo 
olhar sobre a vida.
Improvisamos hábitos para 
fugir à peste e à morte. Reivin-
dicar no 1.º de maio seria aglo-
merar-se, algo impensável em 
quarentena e isolamento, 
quando o contágio ataca co-
mo inimigo invisível. No Bra-
sil, como se não bastasse o no-
vo vírus, o presidente da Re-
pública provoca uma múltipla 
crise, que, primeiro, força a 
demissão do ministro da Saú-
de Luiz Henrique Mandetta e, 
logo, a de Sergio Moro do Mi-
nistério da Justiça.
Ambos os casos mostram a 
predisposição ditatorial (cons-
ciente ou não) de Bolsonaro. 
Resta saber se é um plano po-
lítico ou se é mera consequên-
cia do desequilíbrio do presi-
dente, como entende o jurista 
Miguel Reale Júnior. O autor 
do pedido de impeachment 
de Dilma Rousseff chega a su-
gerir, até, que o presidente se 
submeta a um exame de “sani-
dade mental” para permane-
cer no poder.
A demissão de Mandetta sur-
giu do ciúme do presidente, 
que preferia um ministro iner-
te a alguém que descesse do 
pedestal e dialogasse com a po-
pulação. Bolsonaro viu a Presi-
dência como mera exibição de 
poder pessoal, não como ato 
de servir ao País e ao povo.
A demissão de Moro foi ain-
da mais brutal. O juiz que, pe-
la primeira vez no Brasil, le-
vou à prisão grandes ladrões 
enquistados no empresariado 
e na política, não teve condi-
ções de continuar no governo 
que prometia fazê-lo “super-
ministro” para combater a 
corrupção. Em menos de 16 
meses Sergio Moro foi relega-
do à sarjeta ao relutar em 
transformar a Polícia Federal 
em obediente criadagem da 
prole presidencial.
O próprio Moro revelou que 
o presidente queria mudar o 
diretor da Polícia Federal (lá 
colocando alguém de sua con-
fiança pessoal) para ter acesso 
à marcha das investigações. E 
as investigações chegam a um 
dos filhos do presidente…
No momento em que a ca-
tástrofe da covid-19 afeta o pla-
neta, aqui o presidente da Re-
pública se dedica a derrubar a 
estrutura do próprio governo 
que formou. O absurdo vai 
além: Bolsonaro ressuscita no-
tórios corruptos condenados 
no mensalão e na Lava Jato e 
os transforma em escoras po-
líticas. É o caso do chefão do 
PTB, Roberto Jefferson, que 
na era Collor comandou a “tro-
pa de choque” e, com Lula, se 
incriminou ao delatar o men-
salão, do qual foi beneficiário.
Sem se amparar na maioria 
dos eleitores que o elegeram 
de boa-fé (ao acreditarem que 
combateria a corrupção), Bol-
sonaro age no sentido oposto. 
Busca apoiar-se no “centrão”, 
que reúne no Parlamento va-
riados arrivistas. Quando de-
putado e membro do chama-
do “baixo clero” da Câmara, 
Bolsonaro tinha livreacesso a 
esse grupo e hoje aprofunda o 
tosco contubérnio.
Tal qual os rios vão para o 
mar, a barafunda desemboca 
na nomeação de André Men-
donça como ministro da Justi-
ça e na de Alexandre Rama-
gem, velho amigo da família 
Bolsonaro, como diretor-ge-
ral da Polícia Federal. Con-
cluía-se o arco idealizado pe-
lo presidente?
Ao pular da Advocacia-Ge-
ral da União para o Ministério 
da Justiça, Mendonça (que é 
pastor presbiteriano) amplia 
a credencial para ser o futuro 
ministro do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) “tremenda-
mente evangélico” menciona-
do por Bolsonaro tempos 
atrás. Ramagem seria a figura 
íntima que informaria o presi-
dente sobre a investigação em 
torno do filho. Confirmava-se 
a revelação de Moro ao deixar 
o Ministério.
O ministro Alexandre de 
Moraes, do STF, interrompeu 
a festança ao suspender a no-
meação de Ramagem, inter-
pretando-a (de fato) como 
tentativa de obstrução de Jus-
tiça. O caso era similar à no-
meação de Lula da Silva como 
chefe da Casa Civil da então 
presidente Dilma, que o STF 
impediu por ser mera mano-
bra. Ciente de que o plenário 
do Supremo acataria a limi-
nar de Moraes, de imediato 
Bolsonaro retrocedeu, anulou 
a nomeação de Ramagem e o 
recolocou na Abin, órgão de 
inteligência subordinado à 
Presidência.
A posse de André Mendon-
ça no Ministério da Justiça 
completou-se, em Brasília, 
num misto de velório, culto 
religioso e carnaval, com o no-
vo ministro chamando Bolso-
naro de “profeta”.
Nessa balbúrdia, enquanto 
em São Paulo, Manaus e onde 
for a peste faz improvisar hos-
pitais e cavar sepulturas à es-
pera de doentes ou cadáveres, 
o Supremo Tribunal julgará o 
pedido do procurador-geral 
para investigar o presidente 
por crimes de falsidade ideoló-
gica, coação, prevaricação e 
obstrução de Justiça, a partir 
das revelações de Moro. O 
próprio ex-ministro será in-
vestigado por eventual “calú-
nia” e “crime contra a honra” 
pelo que disse ao sair.
A realidade substitui, com 
vantagem, todo comentário 
ou previsão. Os fatos mos-
tram além da peste.
]
JORNALISTA E ESCRITOR, 
PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 
2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, 
É PROFESSOR APOSENTADO 
DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
PUBLICADO DESDE 1875 
LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
FRANCISCO MESQUITA NETO / DIRETOR PRESIDENTE 
JOÃO FÁBIO CAMINOTO / DIRETOR DE JORNALISMO
MARCOS BUENO / DIRETOR FINANCEIRO 
MARIANA UEMURA SAMPAIO / DIRETORA JURÍDICA 
NELSON GARZERI / DIRETOR DE TECNOLOGIA
CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR:
FALE COM A REDAÇÃO: 
3856-2122 
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]
Flávio Tavares
Tema do dia
TV não fez denúncia de en-
terros com caixões vazios 
no Amazonas.
www.estadao.com.br/e/caixoes
Os fatos vão 
além da peste
Bolsonaro vê a 
Presidência como 
exibição de
poder pessoal
Pergunte 
ao coronavírus
O Brasil politizou 
o vírus. O governo 
mergulhou na
cegueira ideológica
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 55
CEP 02598-900 – SÃO PAULO - SP
TEL.: (11) 3856-2122 /
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PREÇOS VENDA AVULSA: SP: R$ 5,00 (SEGUNDA A 
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ES, RS, GO, MT E MS: R$ 7,50 (SEGUNDA A SÁBADO) 
E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,50 
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR, 
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO 
– SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS 
LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA. 
CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.
Bolsonaro acusa 
OMS de incentivar 
homossexualidade 
Presidente distorceu publicação, que, 
segundo ele, também orientava crianças 
à masturbação, e depois apagou o post
]
Fernando Gabeira
FUTEBOL
PHILIPPE WOJAZER/REUTERS
No estadao.com.br
VINHOS
Passeios virtuais para 
conhecer vinhedos
CHECAGEM
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Vídeo falso de Manaus
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O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 Notas e Informações A3
R aras vezes, como agora, foi tão im-portante refletir sobre o trabalho. Incertezas de diversas naturezas afligem os trabalhadores em todo o mundo – as transformações tec-nológicas, as novas organizações 
do trabalho, as mudanças nas relações trabalhis-
tas, além, é claro, da própria crise causada pela 
covid-19, que forçou a interrupção de muitas ati-
vidades e transformou o dia a dia de todos os tra-
balhadores. Afetado drasticamente pelo presen-
te, o trabalho vê-se envolto também nas grandes 
incógnitas a respeito de como será o mundo 
após a pandemia.
A Constituição de 1988 define, entre os funda-
mentos da República Federativa do Brasil, os va-
lores sociais do trabalho e da livre-iniciativa. O 
trabalho é alicerce do Estado porque antes é ali-
cerce da sociedade, da família e do próprio indiví-
duo. A atividade laboral é muito mais que uma 
fonte de renda. Ela é expressão e construção da 
dignidade e da liberdade humana. Privar alguém 
de seu trabalho é limitar sua autonomia e sua 
participação na sociedade.
As mulheres sofrem especialmente a privação 
do trabalho. Segundo a Organização Internacio-
nal do Trabalho (OIT), a força de trabalho ativa 
das mulheres no mundo é de 47%, enquanto a 
dos homens é de 74%. Na América Latina, o ní-
vel médio de educação das mulheres é relativa-
mente alto, mas elas recebem salários 17% me-
nores que os homens, porcen-
tual contrastante com o aumen-
to do número de lares sustenta-
dos por mulheres.
Antes da crise da covid-19, o 
País já tinha um enorme desafio, 
econômico e social, de gerar pos-
tos de trabalho. Ao longo do ano 
passado, o total de desemprega-
dos, subempregados e desalenta-
dos esteve em torno de 25 mi-
lhões de pessoas. Especialmente 
dramática é a taxa de desempre-
go crônico. Mais de um quarto 
dos desempregados procura em-
prego há mais de dois anos. É a deterioração das 
condições do mercado de trabalho afetando de 
forma permanente a parcela mais vulnerável da 
população.
A pandemia agravou ainda mais o quadro do 
desemprego, bem como as condições de traba-
lho. Trabalhadores tiveram a renda ou o salário 
reduzido, chegando em muitos casos à suspen-
são do contrato de trabalho. É um horizonte de 
prejuízos e de incertezas, a afligir todos.
Na retomada após a crise, o desafio de promo-
ver o trabalho deve ser prioritário. 
Não basta diminuir encargos pa-
tronais, como às vezes o governo 
Bolsonaro deu a entender que fa-
ria. É preciso ter um diagnóstico 
amplo sobre o panorama do traba-
lho no mundo atual, em profunda 
transição, identificando e atuan-
do nos gargalos, ineficiências e 
oportunidades – e, de posse des-
ses dados, fazer o complemento 
consciencioso da reforma traba-
lhista iniciada no governo Temer.
Cada vez mais, trabalho não é 
sinônimo de emprego. Não ape-
nas as oportunidades profissionais são diferen-
tes, como também as aspirações das novas ge-
rações em relação à profissão sãomuito distin-
tas das dos seus pais. Tal cenário exige uma res-
posta abrangente, que passa necessariamente 
por melhorar a qualidade do ensino e da forma-
ção profissional. É ilusão supor que o País po-
derá enfrentar a contento os desafios do traba-
lho do século 21 sem uma profunda melhoria 
da educação.
O trabalho não deve alimentar uma espécie de 
casta, que divide e hierarquiza as pessoas por 
renda, importância ou protagonismo social. Ao 
contrário, toda atividade profissional – intelec-
tual ou manual, complexa ou simples, que des-
perta aplausos ou passa despercebida aos olhos 
da maioria – é âmbito de promoção da dignidade 
e da autonomia. É no trabalho realizado com se-
riedade e competência que cada um se desenvol-
ve, aperfeiçoando sua personalidade e fortalecen-
do os vínculos sociais, e pode oferecer, de forma 
muito prática, sua melhor contribuição à família 
e à sociedade. Seja qual for a tarefa, o sentido do 
trabalho é sempre servir, somar, construir.
O feriado do 1.º de Maio é oportunidade, na 
emergência da pandemia, para reconhecer o 
mérito de todos os trabalhadores – os que 
atuam em atividades essenciais, os que estão tra-
balhando em casa e também os que estão para-
dos, mas, sobretudo, os que se entregam, nos ser-
viços médicos, à missão de confortar os doentes 
e salvar vidas. 
Aexistência, no primeiro trimes-tre do ano, de 27,6 milhões de pessoas desocu-padas, subutiliza-
das ou desalentadas por falta 
de oportunidade de ocupação 
remunerada é, por si só, um re-
trato dramático do mercado 
de trabalho no Brasil. Mas ain-
da não reflete o real impacto 
da pandemia do novo corona-
vírus sobre a economia do 
País e sobre a vida dos brasilei-
ros, a começar pelas condi-
ções do trabalho que garante 
a renda necessária para a so-
brevivência de cada um e a de 
seus familiares. Os dados da 
Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios (Pnad) Con-
tínua referentes aos primei-
ros três meses do ano que o 
Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística (IBGE) acaba 
de divulgar abrangem apenas 
o período inicial (as últimas 
semanas de março) da crise sa-
nitária que vem afetando a vi-
da de todos. Por isso, os núme-
ros referentes aos meses se-
guintes, quando o isolamento 
social se estendeu e a ativida-
de econômica se retraiu acen-
tuadamente, deverão ser ain-
da mais impressionantes.
“O Brasil já estava com taxa 
de desemprego elevada, e pre-
sume-se que (a taxa anterior à 
pandemia) possa aumentar en-
tre 50% e 100%”, previu há pou-
co o secretário especial de De-
sestatização, Desinvestimento 
e Mercados do Ministério da 
Economia, Salim Mattar. Pode 
não ser dessas dimensões, mas 
aumento certamente haverá, e 
será notável.
No primeiro trimestre, o Bra-
sil tinha 12,850 milhões de pes-
soas em busca de emprego, se-
gundo a Pnad Contínua. A taxa 
de desocupação no período foi 
de 12,2%, menor do que a de 
um ano antes (12,7%), mas 1,2 
ponto maior do que a do tri-
mestre encerrado em dezem-
bro. Da população ocupada (de 
92,2 milhões de pessoas), prati-
camente 40%, ou 36,8 milhões, 
trabalhavam na informalidade, 
isto é, sem registro em carteira 
e, consequentemente, sem os 
benefícios do trabalho formal 
e sem a proteção do sistema 
previdenciário. 
Praticamente um quarto da 
força de trabalho, ou 24,4% 
(27,6 milhões de pessoas), esta-
va subutilizada nos três primei-
ros meses do ano. Essa catego-
ria inclui as pessoas que não tra-
balhavam ou trabalhavam me-
nos do que podiam ou preten-
diam. A taxa inclui os desocupa-
dos, os subocupados por insufi-
ciência de horas trabalhadas e 
a força de trabalho potencial 
(pessoas que não estão em bus-
ca de trabalho, mas estão dispo-
níveis para trabalhar). Houve 
discreta melhora nesse indica-
dor, quando comparado com o 
do início de 2019 (25% de subu-
tilização da força de trabalho).
No período, segundo a Pnad 
Contínua, havia 4,770 milhões 
de pessoas desalentadas, isto é, 
que estavam fora da força de 
trabalho porque não conse-
guiam emprego, não tinham ex-
periência, eram muito jovens 
ou idosas ou não acharam tra-
balho na localidade, mas que 
aceitariam assumir a vaga caso 
encontrassem trabalho. Nas es-
tatísticas do IBGE, os desalen-
tados fazem parte da força de 
trabalho potencial.
Os dados relativos a rendi-
mento são mais animadores. A 
massa de salários em circula-
ção na economia cresceu R$ 
3,211 bilhões em um ano e o ren-
dimento médio dos trabalhado-
res ocupados alcançou R$ 
2.398, 1,1% mais do que o de 
um ano antes.
Os dados do primeiro tri-
mestre do ano, que sazonal-
mente tendem a ser piores do 
que os do trimestre anterior 
por causa das demissões dos 
trabalhadores temporários 
contratados no fim do ano, 
mostram que algumas ativida-
des já estavam sendo afetadas 
pela pandemia e pelo isolamen-
to social. São aquelas que ab-
sorvem mais o trabalho infor-
mal, como os segmentos de co-
mércio, alojamento e alimenta-
ção e serviços como os pes-
soais (cabeleireiro e manicu-
re) e domésticos. Nos primei-
ros três meses do ano, havia 
praticamente 2 milhões de tra-
balhadores informais menos 
do que no trimestre anterior.
Embora já enfrentasse pro-
blemas para a coleta de dados 
em março, o IBGE assegura 
que a Pnad Contínua do pri-
meiro trimestre tem informa-
ções de qualidade. Por causa 
das dificuldades para a coleta 
de novos dados – por telefone, 
o que não é usual nem confiá-
vel como a coleta local – e da 
necessidade de testes de sua 
consistência, os resultados de 
abril podem demorar.
Mesmo após as revelações de Sérgio Moro de que o presi-dente da Re-pública ten-
tou insistentemente interferir 
politicamente na Polícia Fede-
ral (PF), 33% dos brasileiros con-
tinuam aprovando o governo de 
Jair Bolsonaro, indicou pesquisa 
do Datafolha realizada em 27/4. 
Ainda que porcentual maior 
(38%) reprove a gestão atual, é 
significativo que 1/3 da popula-
ção abdique do critério ético na 
hora de avaliar o governo.
Vale lembrar que o presiden-
te Bolsonaro não foi acusado pe-
lo ex-juiz da Lava Jato de mero 
equívoco pontual. Sérgio Moro 
relatou que o presidente da Re-
pública vem tentando há meses 
abdicar de um ponto central do 
combate ao crime e à impunida-
de: a isenção do Estado na in-
vestigação criminal. Ou seja, ca-
so prevalecesse o jeito com que 
Jair Bolsonaro deseja tratar a 
PF, segundo revelou Moro, e o 
ministro do STF Alexandre de 
Moraes ratificou em despacho 
liminar, a Operação Lava Jato, 
por exemplo, não teria sido ca-
paz de alcançar os resultados 
obtidos. Essa foi a revelação 
que Sérgio Moro fez ao País no 
dia 24/4 e, ainda assim, 1/3 da po-
pulação continua aprovando o 
governo de Jair Bolsonaro.
Se é preocupante o esqueci-
mento do aspecto ético na ho-
ra de avaliar um governo, é de 
reconhecer que o fenômeno 
não é novo. Na história recen-
te do País, há casos clamoro-
sos de continuidade de apoio 
popular a políticos envolvidos, 
de forma incontestável, com 
graves escândalos.
Apesar de uma trajetória re-
pleta de escândalos de corrup-
ção, Paulo Maluf manteve ao 
longo de décadas um eleitorado 
cativo. Quando muitos acha-
vam que Maluf nunca mais ga-
nharia uma eleição, em razão 
dos muitos escândalos envol-
vendo suas gestões, ele foi eleito 
prefeito de São Paulo em 1992. 
Com expressiva aprovação po-
pular, Maluf ainda emplacou 
seu sucessor, Celso Pitta, nas 
eleições seguintes.
Caso gritante ocorreu em 
2014. O Tribunal Superior Elei-
toral indeferiu o registro da 
candidatura de deputado fede-
ral de Paulo Maluf, por força da 
Lei da Ficha Limpa. Mas, mes-
mo com o registro indeferido, 
250 mil eleitores votaram nele. 
Naquele ano, Maluf foi o oita-
vo deputado federal mais vota-
do em São Paulo e, após recur-
so judicial,tomou posse.
Em 2017, o STF condenou 
Paulo Maluf por lavagem de di-
nheiro. No ano seguinte, a Câ-
mara dos Deputados cassou 
seu mandato. Não há dúvida de 
que tivesse sido candidato nas 
eleições de 2018 – na época 
cumpria pena de prisão domici-
liar – o veterano político recebe-
ria muito apoio e muitos votos.
O esquecimento do aspecto 
ético é também especialmente 
evidente no apoio que o sr. 
Luiz Inácio Lula da Silva conti-
nua recebendo de parte signifi-
cativa da população. Desde os 
primeiros escândalos do PT na 
década de 80, mas de forma es-
pecial após 2005, com o mensa-
lão, foram muitos os prognósti-
cos de que o envolvimento de 
petistas em casos de corrupção 
acabaria com a força política do 
partido. Afinal, o PT sempre se 
valia, nas campanhas eleitorais, 
da bandeira da ética e do com-
bate à corrupção. No entanto, 
apesar de tudo o que foi revela-
do sobre as más condutas do 
partido e de muitos de seus diri-
gentes e filiados, continua ha-
vendo quem manifeste não ape-
nas apoio político, mas verda-
deira devoção ao líder petista.
O caso do PT não se refere a 
suspeitas ou a indícios. Há mui-
to tempo saiu do campo da dúvi-
da. O Poder Judiciário reconhe-
ceu a existência de provas con-
tundentes a respeito do uso po-
lítico das estatais, de desvio de 
dinheiro público, de favoreci-
mento de empresas e de inúme-
ros atos de corrupção e de lava-
gem de dinheiro. Não bastasse 
tudo isso, ficou comprovado, 
em várias instâncias judiciais, 
que o ex-presidente petista rece-
beu vultosos favores de emprei-
teiras para deleite pessoal e fami-
liar, como as reformas do triplex 
do Guarujá e do sítio de Atibaia. 
Apesar de tudo isso, há quem 
continue vendo Lula como um 
líder político probo e compro-
metido com os mais pobres.
Durante o tempo em que fi-
cou preso em Curitiba, Lula te-
ve, a poucos metros do prédio 
da PF, admiradores que o sauda-
vam diariamente. Indiferentes a 
qualquer juízo ético sobre a con-
duta do líder petista, gritavam 
“Bom dia, presidente Lula!”. Ca-
minhando a passos largos, os 
apoiadores de Bolsonaro esfor-
çam-se para não ficar para trás.
O significado do trabalho
ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO
Há quem ainda veja 
Lula como líder político 
probo e comprometido 
com os mais pobres
O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: FORUM@ESTADAO.COMFórum dos Leitores
Notas & Informações
E a covid-19 mal chegara
Próximos números da 
Pnad devem ser ainda 
mais impressionantes 
que os do 1.º trimestre
Cegueira ética
l República dos Bolsonaros
Controle jurisdicional 
Prevalece ainda hoje a tese de 
Seabra Fagundes de que cabe 
ao Poder Judiciário julgar os 
atos administrativos dos outros 
Poderes quando ferem o Direi-
to e as leis vigorantes, em espe-
cial a Carta Magna. Assim, está 
revestido da necessária legalida-
de o decisório do ministro Ale-
xandre de Moraes, do Supremo 
Tribunal Federal (STF), relati-
vo à posse de Alexandre Rama-
gem na chefia da Polícia Fede-
ral (PF), visto o ato apreciado 
do Executivo estar eivado de 
ilegalidade, ferindo a Constitui-
ção da República, especialmen-
te no seu artigo 37. Com efeito, 
a nomeação de Ramagem fere 
os princípios da impessoalidade 
e da moralidade, porque o no-
meado é amigo íntimo da famí-
lia Bolsonaro e filhos do presi-
dente estão sendo investigados 
pela PF por fake news e outros 
fatos nas redes sociais, também 
em apuração pelo STF. Em ca-
so de recurso da Advocacia-Ge-
ral da União (AGU), certamen-
te o pleno do STF manterá a 
decisão do ministro prolator, 
em decorrência da jurisprudên-
cia predominante na Corte, au-
mentando a desmoralização do 
presidente. Aliás, essa decisão 
leva ao presidente a seguinte 
consideração: ele pode muito, 
mas não pode tudo, porque a 
lei é a sua mandante. Gostando 
ou não, é assim que é.
JOSÉ CARLOS DE CARVALHO CARNEIRO
CARNEIROJCC@UOL.COM.BR
RIO CLARO
Presidência em ruínas
O advogado, ainda que seja o 
titular da AGU, não está dispen-
sado de seguir os valores, princí-
pios e normas constantes da 
Lei 8.906/94 (Estatuto do Advo-
gado), sob pena de sofrer pro-
cesso disciplinar no Tribunal de 
Ética da Ordem. Entre os deve-
res do advogado insere-se não 
postular contra expressa dispo-
sição de lei e, por óbvio, contra-
riamente a seu convencimento 
lógico, por imposição do empre-
gador ou do chefe da institui-
ção pública a que serve, ainda 
que seja a Presidência da Repú-
blica. O presidente revoga uma 
nomeação, causa a perda de ob-
jeto de um mandado de segu-
rança e compele a AGU a recor-
rer de modo teratológico, dizen-
do ser ele quem manda na Re-
pública. Tudo para nomear ami-
go de seus filhos, enxovalhando 
o nosso ordenamento jurídico, 
construído no decurso secular 
de elevados estudos jurídicos, a 
que se dedicaram grandes per-
sonalidades da nossa História.
AMADEU ROBERTO GARRIDO DE PAULA
AMADEUGARRIDOADV@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Baixo clero
Acho que nem Freud explica 
o tamanho do complexo de infe-
rioridade de Bolsonaro, para ele 
precisar reafirmar “quem man-
da sou eu” tão constantemente.
M. DO CARMO ZAFFALON LEME CARDOSO
ZAFFALON@UOL.COM.BR
BAURU (SP)
O mandatário
São várias as estratégias para 
não resolver os problemas: pro-
por soluções absurdas para se-
rem rejeitadas, ignorar os pro-
blemas na ilusão de que se vão 
embora sozinhos, inventar ou-
tro problema que não interessa 
para desviar a atenção. Nosso 
inseguro (“quem manda sou 
eu”) e insensível (“e daí?”) pre-
sidente usa essas estratégias 
constantemente. Para não resol-
ver o problema da segurança 
pública quer armar a popula-
ção, até com armas e munição 
sem registro. O vazamento do 
petróleo nas praias do Nordes-
te e as queimadas na Amazônia 
foram solenemente ignorados. 
São os Estados e municípios 
que devem resolver o problema 
da covid-19, a ele cabe criticá-
los, desafiar as normas de segu-
rança e distanciamento social 
(criou anticorpos?) e engajar-se 
em “batalhas” de seu próprio 
interesse, como a do controle 
da PF. Pena que o dr. Nelson 
Teich não seja psiquiatra.
OMAR EL SEOUD
ELSEOUD.USP@GMAIL.COM
SÃO PAULO
Futuro sombrio
Acompanhando a conduta do 
presidente Bolsonaro, concluo 
que estou diante de uma perso-
nalidade que modula as atitu-
des de acordo com suas conve-
niências, conforme as condi-
ções do momento. Na forma-
ção do seu Ministério nomeou 
pessoas de reputação ilibada, 
como Sergio Moro, dando a en-
tender que cumpriria a promes-
sa de campanha de combate à 
corrupção, que foi indispensá-
vel para vencer a eleição. Mas 
ao surgir o primeiro caso de 
conduta irregular de um dos 
seus filhos, revelada pelo antigo 
Coaf, passou a tomar atitudes 
para desprestigiar o ministro, 
que foi obrigado a engolir esse 
e outros sapos que se seguiram, 
até o ponto em que poderia 
comprometer a sua reputação. 
Daí seu necessário pedido de 
demissão. Analisando a sequên-
cia dos últimos episódios, perce-
bo que o presidente tem testa-
do a resiliência dos brasileiros 
com atitudes que preocupam 
os que acreditaram em suas pro-
messas. Olhando para o futuro, 
creio que corremos o risco de 
uma conduta contrária ao cla-
mor popular, que exige probida-
de e respeito à Constituição.
ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA
ACARLOSGS@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Receita Federal x igreja
Aos amigos, tudo. Os outros 
são os outros. Bolsonaro pressio-
na Receita para atender igreja 
evangélica (30/4, A1). Muito gra-
ve e significativa essa postura 
do presidente, principalmente 
porque vem do ocupante de 
um cargo que exige sabedoria, 
isenção e, acima de tudo, total 
equilíbrio emocional.
VERA BERTOLUCCI
VERAVAILATI@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Faturamento
Qualquer cidadão ou cidadã mi-
nimamente informado(a) e im-
parcial sabe que o débito da tal 
igreja jamais será pago. A per-
gunta que não tem resposta é: 
como uma igreja conseguiu atin-
gir tamanha dívida?
GUTO PACHECO
JAM.PACHECO@UOL.COM.BRSÃO PAULO
Imposto a mais
Enquanto Bolsonaro quer ali-
viar R$ 144 milhões de uma igre-
ja evangélica, nós, contribuin-
tes, pobres aposentados, vamos 
ter de pagar mais um pouco de 
Imposto de Renda na declara-
ção, além do que já nos foi des-
contado na fonte. A tabela está 
defasada somente em 95%!
VITOR DE JESUS
VITORDEJESUS@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
%HermesFileInfo:A-4:20200501:
A4 SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
COLUNA DO
ESTADÃO
Política
» SINAIS 
PARTICULARES. 
Regina Duarte, 
atriz e secretária 
nacional de Cultura
» Trajetória. No bolsonaris-
mo, Moraes é apontado co-
mo nome do PSDB e do 
MDB dentro do STF. Ou 
seja, preparam a narrativa 
de que o ministro atua con-
forme os interesses do go-
vernador João Doria. O mi-
nistro foi indicado pelo ex-
presidente Michel Temer 
depois de ter sido secretá-
rio de Geraldo Alckmin. 
» Faz... Em outra frente 
aberta por Moraes, o veto à 
indicação de Alexandre Ra-
magem para comandar a 
PF, alguns ministros do Su-
premo concordam, reserva-
damente, com o argumento 
do Palácio do Planalto.
» ...sentido? Acham que, se 
o problema de Ramagem é 
a amizade com Carlos Bol-
sonaro, por que o delegado 
da PF pôde ter permaneci-
do à frente da poderosa 
Abin tanto tempo? 
» Corroborado. Na sessão 
do STF que invalidou restri-
ções de Bolsonaro à Lei de 
Acesso à Informação, o ex-
presidente da OAB Marcus 
Vinicius Coêlho fez desagra-
vo a Alexandre de Moraes. 
Todos os ministros aprovei-
taram o ensejo para desta-
car as qualidades éticas do 
colega alvo do presidente. 
» Sugestão. Os novos alia-
dos de Bolsonaro no Cen-
trão sugeriram ao presiden-
te nomear Rogério Galloro 
para diretor-geral da PF, 
cargo que ele já ocupou na 
gestão Temer. Na ocasião, 
Galloro substituiu Fernan-
do Segóvia, também acusa-
do de permitir interferência 
política na corporação.
» Tô chegando. Após Bolso-
naro dizer que quer Regina 
Duarte em Brasília, a secre-
tária de Cultura, que está 
em SP, busca voltar rápido 
para a capital. Interlocuto-
res dizem que ela temia ser 
vista como quem descum-
pre as regras da quarentena.
» Ué? Os 20 kits de UTI, 
anunciados em março pelo 
Ministério da Saúde, final-
mente chegaram ao Mara-
nhão. Os pacotes contêm 
leitos, monitor de sinais vi-
tais e outros instrumentos. 
Contudo, estão sem os res-
piradores, que eram os 
mais aguardados.
» Já Elvis. Apesar de os 
governadores do Nordeste 
torcerem o nariz para o 
acordo entre Paulo Guedes 
e Davi Alcolumbre sobre o 
texto de ajuda aos Estados, 
alguns líderes da Câmara 
não estão em clima de com-
prar mais uma briga e mu-
dar a atual redação. 
» Rendeu. Após pressão de 
parlamentares, o BNDES 
formou grupo para reava-
liar o pedido de crédito de 
R$ 1,5 bilhão para a Desen-
volve SP. De acordo com 
sua assessoria, o banco tam-
bém oferecerá apoio técni-
co para o fortalecimento da 
entidade “de maneira esca-
lonada e sustentável”. 
» Stop. Pela primeira vez, 
desde 2013, a pesquisa tri-
mestral de satisfação do 
passageiro, da Secretaria 
Nacional de Aviação Civil, 
será descontinuada, por cau-
sa da covid-19. A satisfação 
dos passageiros, em média, 
teve nota 4,40/5 este ano.
COM MARIANA HAUBERT E 
MARIANNA HOLANDA
Os ataques de Jair Bolsonaro a Alexandre de Moraes foram interpretados por entendedores do bolsona-rismo como vacina ao que está por vir, as revela-
ções dos inquéritos tocados pelo ministro do STF: o presi-
dente, desde já, estaria construindo narrativa para, mais 
adiante, tentar deslegitimar o condutor das apurações, 
atribuindo a Moraes atuação “enviesada”. Moraes, dizem 
colegas e interlocutores do ministro, está determinado a 
descobrir a verdade sobre os atos antidemocráticos e a 
praga das fake news contra adversários do presidente.
Bolsonarismo constrói 
narrativa sobre Moraes
ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
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L
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S
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A
D
Ã
O
Celebração junta 
rivais políticos de 
Bolsonaro. Pág. A6
1º de Maio 
Bolsonaro desafia Moraes e 
fala em ‘crise institucional’
Presidente diz que não ‘engoliu’ decisão que impediu nomeação de Alexandre Ramagem 
para direção da PF e vê brecha para descumpri-la; ministros reagem e criticam ataques 
BRASÍLIA
Sob cerco político e após acu-
mular seguidas derrotas, 
principalmente no Supremo 
Tribunal Federal (STF), o pre-
sidente Jair Bolsonaro desa-
fiou ontem o ministro da Cor-
te Alexandre de Moraes e dis-
se ver brechas para o descum-
primento da decisão que bar-
rou a nomeação de Alexandre 
Ramagem para o comando da 
Polícia Federal. Na ofensiva, 
Bolsonaro afirmou que Mo-
raes quase provocou uma 
“crise institucional”. Apesar 
da subida de tom, porém, o go-
verno está acuado.
O despacho de Moraes que 
suspendeu a ida de um amigo do 
presidente para o comando da 
Polícia Federal representa mais 
um revés sofrido pelo governo 
em abril. Na prática, o Supremo 
tem derrubado uma série de 
atos de Bolsonaro, abrindo inves-
tigações contra ele e aliados. 
Além disso, condutas de minis-
tros, como a de Abraham Wein-
traub (Educação), que passou a 
ser investigado por racismo con-
tra chineses, também vêm sen-
do contestadas.
Na tentativa de impedir que 
um eventual pedido de impea-
chment prospere, Bolsonaro 
passou a distribuir cargos para 
partidos do Centrão em troca 
de apoio no Congresso. Na mais 
recente derrota, o Supremo der-
rubou a validade da Medida Pro-
visória editada pelo governo 
que restringia a Lei de Acesso à 
Informação durante a pande-
mia do novo coronavírus (mais 
informações nesta página).
As decisões negativas para o 
Palácio do Planalto não partem 
de um único integrante do STF. 
O ministro Luís Roberto Barro-
so, por exemplo, proibiu o go-
verno de veicular campanhas 
contra isolamento social; Celso 
de Mello abriu inquéritos con-
tra Bolsonaro e contra Wein-
traub e Gilmar Mendes negou 
pedido do deputado Eduardo 
Bolsonaro (PSL-SP), filho do 
presidente, para impedir a pror-
rogação da CPI das Fake News. 
Não é só: a Corte contrariou Bol-
sonaro ao decidir que governa-
dores e prefeitos têm autono-
mia para decretar quarentena.
O auge dos conflitos ocorreu 
na quarta-feira, quando Alexan-
dre de Moraes suspendeu a no-
meação de Ramagem, sob o argu-
mento de que contrariava princí-
pios constitucionais de “impes-
soalidade, moralidade e interes-
se público”. Após o despacho do 
magistrado, Bolsonaro cance-
lou a posse do delegado. 
‘Não engoli’. O novo advoga-
do-geral da União, José Levi 
Mello do Amaral Junior, chegou 
a anunciar que não recorreria da 
decisão, mas Bolsonaro cobrou 
a apresentação de um recurso.
“Desautorizar o presidente 
da República com uma caneta-
da dizendo ‘impessoalidade’? 
Ontem quase tivemos uma cri-
se institucional, quase, faltou 
pouco. Eu apelo a todos que res-
peitem a Constituição”, afir-
mou Bolsonaro. “Eu não engoli 
ainda essa decisão do senhor 
Alexandre de Moraes. Não engo-
li. Não é essa a forma de tratar 
um chefe do Executivo, que não 
tem uma acusação de corrup-
ção e faz tudo o que é possível 
pelo seu País”. 
Para Bolsonaro, a decisão de 
Moraes nada tem de jurídica. 
“No meu entender é uma deci-
são política. Política”, repetiu. 
“Como o senhor Alexandre de 
Moraes foi parar no Supremo? 
Amizade com o senhor Michel 
Temer. Ou não foi?”, perguntou 
ele, em alusão ao fato de Moraes 
ter sido ministro da Justiça no 
governo Temer. À noite, em 
transmissão ao vivo pelas redes 
sociais, o presidente disse que ha-
via feito apenas um “desabafo”.
Reação. Ministros do Supre-
mo criticaram os ataques de Bol-
sonaro a Moraes. “No Supremo, 
sua atuação tem se marcado pe-
lo conhecimento técnico e pela 
independência. Sentimo-nos 
honrados em tê-lo aqui”, afir-
mou Barroso, em nota, numa re-
ferência ao colega. 
Em sua conta pessoal no Twit-
ter, Gilmar Mendes disse que as 
decisões judiciais podemser cri-
ticadas e são suscetíveis de re-
curso. “O que não se aceita – e se 
revela ilegítima – é a censura per-
sonalista aos membros do Judi-
ciário. Ao lado da independên-
cia, a Constituição consagra a 
harmonia entre Poderes”, escre-
veu. Para Marco Aurélio Mello, 
a crise é preocupante. “Tempos 
estranhos! Aonde vamos parar? 
Que fumem ‘o cachimbo da 
paz’, para o bem do Brasil.”
Opresidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, atuou ontem para acalmar os ânimos e evitar uma crise institucional entre os Poderes. 
Depois que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes 
suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem 
para o comando da Polícia Federal, Toffoli conversou com 
o presidente Jair Bolsonaro e procurou ajudar na constru-
ção de uma saída jurídica para o impasse.
A Advocacia Geral da União (AGU) entrou em campo pa-
ra tentar reverter a decisão de Moraes. Com o recurso a ser 
apresentado, a expectativa de Bolsonaro é a de que Rama-
gem consiga assumir mais adiante a direção da Polícia Fede-
ral. Moraes, no entanto, já deu sinais de que a ação está en-
cerrada porque o ato contestado judicialmente foi anulado 
pelo próprio governo ao revogar a nomeação de Ramagem.
O primeiro diagnóstico na cúpula do Supremo foi o de 
que Moraes pode ter alimentado uma nova crise, jogando 
novamente bolsonaristas na Praça dos Três Poderes con-
tra a Corte. Logo depois, no entanto, Bolsonaro subiu mui-
to o tom contra Moraes, o que provocou repúdio e indigna-
ção no STF. O Estado apurou que inicialmente o presiden-
te não planejava escalar José Levi Mello do Amaral Junior 
para a AGU. Além disso, gostaria que o chefe da Secretaria-
Geral da Presidência, Jorge Oliveira – considerado por ele 
como filho – fosse o substituto de Sérgio Moro.
Tanto militares como ministros do STF disseram a ele, 
porém, que a transferência de Oliveira para o Ministério 
da Justiça poderia ser interpretada como mais uma forma 
de blindar o governo. Bolsonaro sempre disse que não abri-
ria mão de Ramagem. A sugestão, então, foi a de que ele 
nomeasse Levi para a AGU e André Mendonça na Justiça.
Bolsonaro não conhecia Levi, mas foi informado por 
Toffoli e por outros ministros de que ele era muito qualifi-
cado. Levi é ligado a Moraes e chegou a ser secretário exe-
cutivo do Ministério da Justiça quando o magistrado era 
o titular da pasta, no governo Michel Temer (2016 a 2017).
Kim Kataguiri
Por unanimidade, 
Corte derruba 
restrições a LAI 
Toffoli atuou por saída jurídica 
para nomeação de Ramagem
] 
BASTIDORES: Tânia Monteiro e Vera Rosa
BOMBOU NAS REDES!
GOVERNO EM RISCO
“Qual a necessidade de esconder tanto esses exa-
mes?”, sobre a Justiça, conforme pedido do ‘Estado’, ter da-
do 48 horas para Bolsonaro apresentar testes da covid-19.
Deputado federal (DEM-SP)
l O Supremo Tribunal Federal 
derrubou ontem trechos da Medi-
da Provisória 928, decretada em 
março pelo governo Jair Bolsona-
ro para restringir a Lei de Acesso 
à Informação (LAI). Por unanimi-
dade, os ministros concordaram 
com o relator, Alexandre de Mo-
raes. Segundo ele, a publicidade 
dos atos da administração públi-
ca só poderá ser excepcionada 
“quando o interesse público as-
sim determinar”. A MP previa 
que, durante o período de vigên-
cia do estado de calamidade pú-
blica por causa da pandemia, ór-
gãos federais poderiam ignorar 
prazos de respostas a pedidos de 
informações enviados por LAI. 
“Qual a razoabilidade de, durante 
a pandemia, se restringir o aces-
so a informação? Quase 100% 
das informações são dadas onli-
ne, não há a mínima necessidade 
dessa restrição”, disse Moraes. / 
PAULO ROBERTO NETTO
» CLICK. Aglomerações 
em agências da Caixa, 
como esta, em Ibiúna, 
preocupam o Bandeiran-
tes, que detecta aumento 
de gente nas ruas em to-
do o interior de SP.
COLUNA DO ESTADÃO
GABRIELA BILO/ESTADÃO–13/8/2019
Suspensa. 
Decisão de 
Moraes impediu 
nomeação de 
Ramagem na PF
%HermesFileInfo:A-5:20200501:
O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 Política A5
ELIANE 
CANTANHÊDE
Opresidente Jair Bolsonaro deu uma de Jair Bolsonaro: fingiu que foi, mas não foi. 
Moldado pelos generais e pela asses-
soria direta não ligada ao “gabinete 
do ódio”, ele reagiu com moderação 
e rapidamente ao revogar a nomea-
ção de Alexandre Ramagem para a Po-
lícia Federal, que havia sido suspen-
sa pelo Supremo, mas, à tarde, man-
dou recados sobre a independência 
entre Poderes e no fim da quarta-fei-
ra já avisava que mudaria tudo. Por 
quê? “Quem manda sou eu.”
Antes de embarcar para Porto Ale-
gre, para mais uma solenidade mili-
tar, Bolsonaro admitiu ontem: “Quase 
tivemos uma crise institucional. Fal-
tou pouco”. Ou seja, o presidente pen-
sou seriamente em desobedecer uma 
decisão do Supremo, descartando a re-
gra de que “decisão judicial não se dis-
cute, cumpre-se” – e, se for o caso, re-
corre-se.
Se o presidente agora não pensa em 
outra coisa senão em nomear Rama-
gem como diretor-geral da PF, o mun-
do político parecia se dividir. A primei-
ra reação, assim que Alexandre de Mo-
raes suspendeu a posse, foi de amplo 
apoio à decisão do ministro do Supre-
mo. Ontem, começaram as ressalvas. 
Pelo twitter, o ex-presidente Fernan-
do Henrique disse que “os choques en-
tre poderes não ajudam a democracia” 
e opinou: “Acho que cabe ao PR (presi-
dente) nomear o diretor da PF”.
No centro do embate entre Supre-
mo e Planalto, ou entre Moraes e Bolso-
naro, está o confronto entre, de um la-
do, o dispositivo de que é “atribuição 
exclusiva do presidente”, a nomeação 
de ministros e do diretor-geral da PF e, 
do outro, os princípios de “impessoali-
dade, moralidade e interesse público”.
Há margem, portanto, para questio-
nar a decisão de Moraes. Quem interdi-
ta a discussão é Bolsonaro, ao fazer um 
ataque pessoal a um ministro do Supre-
mo, dizendo que a decisão de Moraes 
foi “política” e que ele foi indicado pa-
ra a função por ser amigo do presiden-
te Michel Temer. Bolsonaro interrom-
peu, assim, a possibilidade de um deba-
te entre sua atribuição exclusiva e o 
critério de impessoalidade. Trabalhou 
contra ele próprio e atraiu nova avalan-
che de críticas para ele e de manifesta-
ções em defesa de Moraes e do STF. 
Há outra questão importante, como 
alerta o ex-ministro da Justiça e do Ita-
maraty Aloysio Nunes Ferreira, tuca-
no como FH. O problema não seria o 
presidente exigir acesso aos relatórios 
de inteligência, mas sim às investiga-
ções judiciárias. 
Bolsonaro tem razão quando diz que 
a PF integra o Sistema Brasileiro de 
Inteligência e, se seus relatórios já po-
dem ser encaminhados à Abin, órgão 
de assessoramento direto ao presiden-
te, por que não poderiam ser divididos 
com o próprio presidente? Isso, po-
rém, não significa ampliar esse acesso 
do presidente, ou de qualquer pessoa, 
ao conteúdo de investigações sigilosas 
determinadas pelo Judiciário. Isso é 
outra coisa, muito diferente.
Relatórios de inteligência con-
têm informações da atuação explíci-
ta da PF nas fronteiras, no combate 
ao crime organizado e no tráfico de 
armas, drogas e pessoas, que podem 
ser importantes na definição de es-
tratégias do governo. Já as investiga-
ções judiciais são sobre organiza-
ções, pessoas, aliados ou adversá-
rios do presidente. Logo, poderiam 
não ter uso de interesse público, 
mas sim político e até pessoal nas 
mãos do presidente – qualquer pre-
sidente.
O mais grave, assim, é o que Moro 
expôs à nação no seu celular: a inten-
ção de Bolsonaro de intervir em in-
vestigações da PF contra “dez a do-
ze deputados bolsonaristas”. Não 
tem nada a ver com inteligência 
nem segurança nacional, mas com o 
mais comezinho interesse político 
de salvar a pele de aliados. É isso o 
que baseia a decisão de Moraes e vai 
alimentar o inquérito sobre Bolso-
naro e Moro. E pode ter mais...
E-MAIL: ELIANE.CANTANHEDE@ESTADAO.COM
TWITTER: @ECANTANHEDE
ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE ÀS TERÇAS E 
SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOSHá margem para discutir a 
decisão do STF, mas Bolsonaro 
trabalhou contra ele próprio
Planalto revê decisão de 
divulgar vídeo de reunião
O ministro Celso de Mello, rela-
tor do inquérito aberto no Su-
premo Tribunal Federal (STF) 
para investigar as denúncias de 
Sérgio Moro contra o presiden-
te Jair Bolsonaro, deu cinco 
dias para que o ex-ministro da 
Justiça preste depoimento. Ao 
anunciar sua exoneração do car-
go, na sexta-feira passada, Mo-
ro acusou Bolsonaro de interfe-
rir politicamente nos trabalhos 
da Polícia Federal para obter in-
formações sigilosas – o presi-
dente nega. 
O inquérito foi aberto na se-
mana passada, a pedido da Pro-
curadoria-geral da República. 
O objetivo é apurar se foram co-
metidos os crimes de falsidade 
ideológica, coação no curso do 
processo, advocacia administra-
tiva, prevaricação, obstrução 
de justiça, corrupção passiva 
privilegiada, denunciação calu-
niosa e crime contra a honra.
O ex-ministro da Justiça afir-
mou, em entrevista à revista Ve-
ja publicada ontem, que vai 
apresentar à Justiça provas das 
acusações contra Bolsonaro. 
“As provas serão apresentadas 
no momento oportuno, quan-
do a Justiça solicitar”, disse. 
O ex-ministro da Justiça afir-
mou ainda que os ministros do 
governo sabem quem está falan-
do a verdade. “Ele (Bolsonaro) 
sabe quem está falando a verda-
de. Não só ele. Existem minis-
tros dentro do governo que co-
nhecem toda essa situação e sa-
bem quem está falando a verda-
de”. Na entrevista, Moro enu-
mera derrotas no governo, co-
mo o projeto anticrime apresen-
tando por ele, além da transfe-
rência do Coaf para o Ministé-
rio da Economia, para afirmar 
que “o combate à corrupção 
nunca foi prioridade neste go-
verno”. / R..M.M
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Rafael Moraes Moura
Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA
A juíza Ana Lúcia Petri Betto 
decidiu ontem dar mais 48 ho-
ras para que o presidente Jair 
Bolsonaro entregue à Justiça 
Federal de São Paulo “os lau-
dos de todos os exames” reali-
zados para verificar se foi con-
taminado ou não pelo novo co-
ronavírus. A decisão foi toma-
da após o governo enviar on-
tem um relatório, assinado por 
dois médicos da Presidência 
da República em 18 de março, 
informando que Bolsonaro es-
tava assintomático e havia tes-
tado negativo para a doença.
Para a magistrada, o documen-
to da Presidência não atende 
“de forma integral” à determina-
ção judicial da última segunda-
feira. O Estado garantiu no iní-
cio desta semana o direito de ob-
ter os testes de covid-19 feitos 
por Bolsonaro. Por decisão da 
juíza, a União foi obrigada a for-
necer “os laudos de todos os exa-
mes” feitos pelo mandatário.
Bolsonaro já disse que o resul-
tado deu negativo, mas se recusa 
a divulgar os papéis – ontem, o 
presidente admitiu que “talvez” 
tenha sido contaminado pelo no-
vo coronavírus. Há dois dias, no 
entanto, o presidente disse que 
não teve a doença e que não men-
te. “Vocês nunca me viram aqui 
rastejando, com coriza... eu não 
tive, pô (novo coronavírus). E não 
minto”, afirmou.
O relatório médico apresenta-
do pela Advocacia Geral da 
União (AGU) é assinado pelo as-
sistente médico da Presidência, 
o especialista em ortopedia e 
traumatologia Marcelo Zeitou-
ne, e o coordenador de Saúde da 
Presidência, o urologista Gui-
lherme Guimarães Wimmer.
O Estado procurou Zeitou-
ne, que disse por telefone que 
não poderia dar mais detalhes 
sobre os exames. “Ordens supe-
riores”, afirmou. Sobre o fato 
de Bolsonaro ter procurado um 
ortopedista para uma suspeita 
de covid-19, afirmou: “Sou orto-
pedista e sou médico. Minha es-
pecialidade é ortopedia. Faço 
parte da equipe.” 
O governo também queria 
que o relatório médico fosse 
mantido sob sigilo por envolver 
informações consideradas pes-
soais do presidente, o que foi ne-
gado pela juíza. “A falta de trans-
parência é absoluta. A decisão da 
Justiça mandou juntar resultado 
de exame. Não há nenhum resul-
tado de exame juntado, portan-
to, a decisão foi descumprida”, 
disse o advogado do Estado Afra-
nio Affonso Ferreira Neto.
Risco. Em resposta à Justiça, a 
AGU destacou que o relatório 
médico do mês passado infor-
ma que Jair Bolsonaro “vem sen-
do monitorado pela equipe 
médica”, concluindo que “não 
há, portanto, risco sanitário de 
contágio/disseminação por par-
te do Presidente da República, 
uma vez que o mesmo não de-
monstrou ser, até o presente 
momento, hospedeiro do novo 
coronavírus”. “O relatório médi-
co atesta os resultados dos exa-
mes realizados”, afirma a AGU.
Pelo menos 23 pessoas que 
acompanharam o presidente 
brasileiro na viagem aos Esta-
dos Unidos foram diagnostica-
das posteriormente com a doen-
ça. Entre eles, auxiliares próxi-
mos, como o secretário de Co-
municação Social da Presidên-
cia da República, Fabio Wajn-
garten, e o ministro do Gabine-
te de Segurança Institucional 
(GSI), general Augusto Heleno.
Depois de questionar sucessi-
vas vezes o Palácio do Planalto 
e o próprio presidente sobre a 
divulgação do resultado do exa-
me, o Estado entrou com ação 
na Justiça na qual aponta “cer-
ceamento à população do aces-
so à informação de interesse pú-
blico”, que culmina na “censura 
à plena liberdade de informa-
ção jornalística”.
A Presidência da República se 
recusou a fornecer os dados ao 
Estado via Lei de Acesso à Infor-
mação, argumentando que elas 
“dizem respeito à intimidade, 
vida privada, honra e imagem 
das pessoas, protegidas com res-
trição de acesso”.
Ao longo das últimas sema-
nas, o presidente tem descum-
prido orientações da Organiza-
ção Mundial da Saúde e do pró-
prio Ministério da Saúde, fazen-
do passeios pelo Distrito Fede-
ral, cumprimentando popula-
res e formando aglomerações 
em torno de sua pessoa.
Bolsonaro já minimizou a gra-
vidade da pandemia, referindo-
se ao novo coronavírus como 
“gripezinha” e “resfriadinho”. 
O Brasil encerrou o mês de abril 
com um total de 5.901 óbitos e 
85.380 pessoas contaminadas 
pelo novo coronavírus.
l Ao mesmo tempo em que tra-
va uma disputa judicial para não 
divulgar os resultados de seus 
exames, o presidente Jair Bolso-
naro afirmou nesta quinta-feira, 
30, que “talvez” tenha sido conta-
minado pelo coronavírus. “Eu 
talvez já tenha pegado esse vírus 
no passado, talvez, talvez, e nem 
senti”, afirmou o presidente em 
entrevista à Rádio Guaíba, de Por-
to Alegre. Há dois dias, no entan-
to, o presidente afirmou que não 
teve a doença e que não mente. 
“Vocês nunca me viram aqui ras-
tejando, com coriza... eu não tive, 
pô (novo coronavírus). E não min-
to. E não minto”, afirmou. A decla-
ração ocorreu um dia após O Es-
tado de S. Paulo garantir na Justi-
ça Federal o direito de obter “os 
laudos de todos os exames” de 
novo coronavírus feitos pelo pre-
sidente da República.
l Decisão
“A falta de transparência é 
absoluta. Não há nenhum 
resultado de exame juntado, 
portanto, a decisão foi 
descumprida”
Afranio Affonso Ferreira Neto
ADVOGADO
Viagem. O presidente Jair Bolsonaro visitou QG do Exército durante viagem a Porto Alegre
O presidente Jair Bolsonaro 
afirmou ontem que desistiu de 
divulgar a gravação de uma reu-
nião com ministros da qual par-
ticipou o então o titular da Justi-
ça, Sérgio Moro. Segundo o pre-
sidente, no encontro, realizado 
no dia 14, ele cobrou do ex-juiz 
da Lava Jato uma posição sobre 
prisões de pessoas que furaram 
a quarentena imposta por pre-
feitos e governadores para evi-
tar a propagação do novo coro-
navírus. Bolsonaro considera 
ilegal esse tipo de detenção. 
“Não tem nada demais a ma-
neira como me conduzi, como 
me referi ao ministro da Justiça 
tratando da questão de mulhe-
res e senhores sendo algema-
dos sem participação dele.” 
Apesar de ter dito anteontem 
que divulgaria o vídeo da reu-
nião para todos saberem como 
trata seus ministros, ontem o 
presidente afirmou ter sido 
aconselhado a não tornara con-
versa pública. “Último conse-
lho que tive é não divulgar para 
não criar turbulência. Uma reu-
nião reservada. Então é essa a 
ideia. Talvez saia, mas por en-
quanto não”, disse Bolsonaro 
pela manhã, em frente ao Palá-
cio da Alvorada. 
O presidente disse ainda que 
o ex-ministro “deixou a dese-
jar” em sua atuação no governo. 
“Ninguém nega o trabalho de 
Sérgio Moro na Lava Jato. Um 
excelente juiz. Mas como minis-
tro lamentavelmente deixou a 
desejar. Até priorizando, privile-
giando, o pessoal que estava no 
Paraná, sem querer desmerecê-
los.” / EMILLY BEHNKE
Tiro no STF e no pé
Celso de Mello dá 5 
dias para Moro depor 
sobre acusações 
Witzel defende 
eficácia de 
isolamento 
‘Talvez tenha
pegado esse vírus 
e nem senti’
Bolsonaro não 
apresenta exames; 
juíza dá mais prazo
Magistrada afirma que relatório entregue pela Presidência não 
atende determinação judicial e pede todos os laudos de covid-19
FERNANDO ALVES/THENEWS2
Segundo Bolsonaro, 
objetivo é não gerar 
turbulência com ex-juiz; 
gravação teria sido feita 
no último dia 14
GABRIELA BILO / ESTADÃO–3/2/2020
Ministro do Supremo é o 
responsável por inquérito 
aberto após denúncias de 
ex-ministro contra o 
presidente Jair Bolsonaro 
Saída. Sérgio Moro deixou o 
governo há uma semana
Um dos governadores mais ata-
cados pelo presidente Jair Bol-
sonaro durante a crise do coro-
navírus, Wilson Witzel (PSC-
RJ) voltou a criticá-lo no Twit-
ter ontem de manhã. “São sem-
pre discursos raivosos contra al-
go ou alguém. Para o presidente 
tudo é pessoal.” Witzel tam-
bém reclamou sobre o fato de 
Bolsonaro questionar a eficácia 
do isolamento social.
Bolsonaro acusou ontem go-
vernadores e prefeitos de não 
“achatarem a curva” de contá-
gio do novo coronavírus e ques-
tionou a veracidade dos núme-
ros sobre as mortes doença. “O 
Supremo Tribunal Federal deci-
diu, o placar foi a zero, que as 
medidas para evitar, ou melhor 
para fazer com que a curva fos-
se achatada, caberia aos gover-
nadores e prefeitos. Não achata-
ram a curva”, disse o presiden-
te. / E.B. e CAIO SARTORI
%HermesFileInfo:A-6:20200501:
A6 Política SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
A Quinta Turma do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ) deve 
analisar na sessão por video-
conferência marcada para 5 de 
maio os embargos de declara-
ção apresentados pela defesa 
do ex-presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva sobre a possibili-
dade de modificação do regime 
inicial de cumprimento da pe-
na que foi imposta ao petista 
no caso do triplex do Guarujá 
(SP). Lula foi condenado pela 
Turma em abril do ano passa-
do por corrupção passiva e la-
vagem de dinheiro, e teve sua 
pena inicial reduzida, de 12 
anos e 1 mês de prisão para 8 
anos, 10 meses e 20 dias de re-
clusão. Na mesma sessão, se-
rão julgados embargos opostos 
por outros réus da ação e pelo 
Ministério Público Federal.
A força-tarefa da Lava Jato no 
Rio de Janeiro denunciou o ex-
governador do Estado, 
Sérgio Cabral, e o “do-
leiro dos doleiros”, 
Dario Messer, por 
evasão de divisas e 
lavagem de US$ 
303 mil em 2011. O 
ex-presidente do 
Banco Prosper, Ed-
son Figueiredo Mene-
zes, também foi denun-
ciado. A denúncia foi apresen-
tada perante a 7.ª Vara Federal 
Criminal do Rio, comandada 
pelo juiz Marcelo Bretas. 
O ministro Gilmar Mendes, do 
Supremo Tribunal Federal 
(STF), rejeitou ação do 
deputado Eduardo 
Bolsonaro (PSL-SP) 
para suspender a 
prorrogação da Co-
missão Parlamen-
tar Mista de In-
quérito das Fake 
News. A CPI Mista 
foi instalada em 4 de 
setembro e em 2 de abril, 
requerimento de prorrogação 
para até 24 de outubro foi lido 
na Mesa Diretora e enviado 
para publicação.
Ricardo Galhardo
Em meio à pandemia do novo 
coronavírus, nove centrais 
sindicais vão fazer hoje uma 
celebração online do 1º de 
maio. Pela primeira vez, a da-
ta não será comemorada com 
shows e discursos para milha-
res de pessoas nas ruas. A co-
memoração do Dia do Traba-
lho também deve ficar marca-
da pela presença de antigos 
adversários políticos no mes-
mo palanque virtual. Embora 
algumas delas devam fazer 
discursos fortes contra o pre-
sidente Jair Bolsonaro, essa 
não deve ser uma bandeira 
única do evento.
Confirmaram presença os 
ex-presidentes Fernando Hen-
rique Cardoso (PSDB) e Luiz 
Inácio Lula da Silva (PT), os pre-
sidentes do Senado, Davi Alco-
lumbre (DEM-AP), e da Câma-
ra, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os 
ex-ministros Ciro Gomes 
(PDT), Marina Silva (Rede) e 
Fernando Haddad (PT), além 
dos governadores Flavio Dino 
(PC do B), do Maranhão, e 
Eduardo Leite (PSDB), do Rio 
Grande do Sul. Também devem 
participar entidades da socieda-
de civil, líderes sindicais, artis-
tas brasileiros e até o ex-baixis-
ta do Pink Floyd, Roger Waters.
Os organizadores comparam 
a amplitude dos setores políti-
cos representados com o movi-
mento pelas Diretas Já, na déca-
da de 1980, que reuniu desde Lu-
la e Leonel Brizola até Tancre-
do Neves e Ulysses Guimarães. 
“É um 1º. de maio para ques-
tionar as políticas de emprego, 
saúde e salário mas também pa-
ra colocar a questão da defesa 
da democracia. Não podemos 
deixar o Bolsonaro tratar o País 
como o quintal da casa dele, on-
de os filhos andam de patinete e 
fazem o que bem entendem. E 
sabemos que o movimento sin-
dical sozinho não vai fazer essa 
mudança. Por isso decidimos 
ampliar”, disse o secretário-ge-
ral da Força Sindical, João Car-
los Gonçalves, o Juruna.
“Se vai ser impeachment, re-
núncia ou outra coisa quem vai 
dizer é a sociedade. Mas este 
presidente não pode continuar 
assim”, disse o líder sindical, 
um dos que compara o movi-
mento atual com a Diretas Já.
Diante da impossibilidade de 
realizarem um ato físico, devi-
do à pandemia do coronavírus, 
as centrais optaram por fazer 
uma transmissão ao vivo pelas 
redes sociais durante toda a tar-
de de hoje.
Negociação. O evento começa 
com uma celebração ecumêni-
ca que vai reunir representan-
tes de diversas religiões e a par-
tir daí vai intercalar apresenta-
ções artísticas com discursos 
políticos. Será a primeira vez 
que Lula e FHC dividem um pa-
lanque, mesmo que virtual, des-
de o segundo turno da eleição 
de 1989, quando o tucano apoi-
ou o petista contra Fernando 
Collor de Mello.
A articulação teve percalços. 
Setores da Central Única dos 
Trabalhadores (CUT), ligada 
ao PT, questionaram a direção 
da central sobre a participação 
em um mesmo ato com Rodrigo 
Maia e Alcolumbre, segundo 
eles “inimigos dos trabalhado-
res”. Representantes do PSOL, 
entre eles o ex-presidenciável 
Guilherme Boulos, decidiram 
não participar do ato devido à 
presença da dupla do DEM.
Representantes de organiza-
ções da sociedade civil como Or-
dem dos Advogados do Brasil 
(OAB), Conferência Nacional 
dos Bispos do Brasil (CNBB) e 
Associação Brasileira de Im-
prensa (ABI) foram convidados 
e devem participar.
Para manter a audiência, fo-
ram escalados dezenas de artis-
tas. Os cantores Chico César, 
Zélia Duncan, Otto, Preta Fer-
reira, Dexter, Delacruz, Odair 
José, Leci Brandão, Aíla, Preta 
Rara, Mistura Popular, Taciana 
Barros e Francis e Olivia Hime 
vão se juntar a atores como Dira 
Paes, Osmar Prado, Maeve 
Jinkings, Paulo Betty, Fabio As-
sunção e Bete Mendes.
O ator norte-americano 
Dany Glover, que já participou 
de outros eventos da esquerda 
no brasil e o músico britânico 
Roger Waters são as atrações in-
ternacionais. O ex-baixista do 
Pink Floyd enviou um vídeo can-
tando We Shall Overcome 
(Nós Devemos Superar, em tra-
dução livre), composição do 
cantor folk Pete Seger, usada na 
campanha do ex-pré-candidato 
Democrata à presidência dos 
EUA Bernie Sanders.
Waters virou inimigo da ex-
trema-direita brasileira ao es-
tampar a frase “Fora Bolsona-
ro” em shows no Brasil em 
2018. O 1º. de Maio unificado 
será organizado pelas novemaiores centrais sindicais do 
país, CUT, Força, UGT, CTB, 
CSB, CGTB, Nova Central, In-
tersindical e Publica sob o lema 
“Saúde, Emprego e Renda. Em 
defesa da Democracia. Um no-
vo mundo é possível”.
Thaíse Rocha
ESPECIAL PARA O ESTADO / MANAUS
O presidente da Assembleia Le-
gislativa do Estado do Amazo-
nas (Aleam), Josué Neto 
(PRTB), aprovou ontem a aber-
tura de um processo de impea-
chment do governador do Ama-
zonas, Wilson Lima (PSC), e do 
vice-governador, Carlos Almei-
da (PTB). Com o sistema de saú-
de colapsado devido à covid-19, 
o Amazonas pode ser o primei-
ro Estado do País a ter um gover-
nador afastado do cargo duran-
te a pandemia mundial.
O documento foi protocolado 
na Aleam pelo Sindicato dos 
Médicos do Amazonas (Si-
meam) na terça-feira passada. O 
presidente da entidade, Mário 
Viana, afirmou que o pedido es-
tava baseado na “negligência e 
omissão do Estado” em relação 
à saúde, incluindo a responsabili-
dade pelas mortes de cidadãos e 
profissionais que atuam no com-
bate ao novo coronavírus. 
Durante a sessão virtual, o pre-
sidente da Assembleia, Josué Ne-
to, afirmou que a sua decisão era 
imparcial, sem o intuito de favo-
recer ou desfavorecer alguém 
politicamente, e que engavetar 
esse pedido de afastamento do 
governador seria “suspeito” e 
“antidemocrático”. “Estamos vi-
vendo a maior tragédia humani-
tária do Estado do Amazonas 
causada certamente por uma in-
capacidade administrativa do 
governo do Estado”, disse.
Para que o pedido de afasta-
mento seja aprovado, é necessá-
rio o voto de 16 dos 24 deputa-
dos estaduais. Na terça-feira se-
rá criada uma comissão espe-
cial para que os deputados avali-
em a denúncia e elaborem um 
relatório final pela admissibili-
dade ou não do pedido de im-
peachment.
O governador Wilson Lima 
disse, por meio de nota, que o 
momento é “inoportuno” e que 
a decisão “está contaminada 
por questões eleitorais”.
“Uma decisão solitária do pre-
sidente da Assembleia que não 
contribui em nada para vencer-
mos essa guerra de todos os 
amazonenses contra a pande-
mia. O inimigo é um só. Nunca 
foi tão importante unir forças. 
É isso que a sociedade nos co-
bra. Enquanto pessoas morrem 
e o mundo se comove com a 
pandemia no Amazonas, o presi-
dente da Assembleia não pode 
apresentar esse tipo de propos-
ta para debatermos”, disse.
RIO
l Protesto
PGR denuncia 
Aécio Neves 
por corrupção 
Teich participa 
da Brazil 
Conference
CHARLES PLATIAU/REUTERS–2/3/2020
CASO TRIPLEX
Quinta Turma do STJ marca julgamento 
de recurso de Lula para o próximo dia 5
Promotor arquiva ação 
contra Geraldo Alckmin 
O promotor Silvio Marques, da 
promotoria de Defesa do Patri-
mônio Público do Ministério 
Público de São Paulo, arquivou 
de investigação sobre suposta 
prática de improbidade admi-
nistrativa pelo ex-governador 
Geraldo Alckmin (PSDB), rela-
cionada à diferença de paga-
mento de bonificação a servi-
dores da Fazenda e da Educa-
ção. Segundo o promotor, “a 
fixação de porcentuais diver-
sos para fins de pagamento da 
bonificação por resultados en-
tre servidores não caracteriza 
ato de improbidade”. 
IMPROBIDADE 
Força-tarefa denuncia 
Cabral por lavagem 
R$ 1,7 MI
é o valor, convertido 
em reais, que teria 
sido desviado e lava-
do pelo esquema
Gilmar nega suspensão 
de adiamento da CPI 
FAKE NEWS
A juíza Ana Luísa Schmidt Ra-
mos, da 1.ª Vara da Fazenda 
Pública de Florianópolis, sus-
pendeu qualquer novo paga-
mento relativo à aquisição fei-
ta pelo governo de Santa Cata-
rina de 200 respiradores por 
R$ 33 milhões. Além disso, blo-
queou valor igual da empresa 
escolhida pelo Executivo para 
fornecer os equipamentos. 
“Há sério e fundado risco de 
não receber os respiradores no 
modelo contratado”, afirmou a 
juíza na decisão. O governo do 
Estado informou que estuda as 
medidas cabíveis.
Juíza suspende compra 
de respiradores em SC
SAÚDE
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO–1/5/2019
1º de Maio 
junta rivais 
políticos de 
Bolsonaro 
“Se vai ser impeachment, 
renúncia ou outra coisa 
quem vai dizer é a sociedade. 
Este presidente não pode 
continuar assim.”
João Carlos Gonçalves
SECRETÁRIO-GERAL DA FORÇA SINDICAl
Celebração deve unir FHC, Lula, Ciro e Maia, 
além de nove centrais sindicais e artistas
Shows. No ano passado, comemoração do Dia do Trabalho foi no Vale do Anhangabaú (SP)
ISAC NÓBREGA/PR–25/7/2019
Processo. O governador do Amazonas Wilson Lima (PSC)
Presidente do Legislativo 
estadual abre processo 
acatando argumento de 
‘negligência’ no combate 
à pandemia da covid-19 
Governador do Amazonas é 
alvo de pedido de impeachment 
Paulo Roberto Netto 
Fausto Macedo
A Procuradoria-Geral da Repú-
blica denunciou o deputado fe-
deral Aécio Neves (PSDB-MG) 
por corrupção passiva e lava-
gem de dinheiro em esquema 
de propinas de R$ 65 milhões 
das construtoras Odebrecht e 
Andrade Gutierrez. Os crimes 
teriam ocorrido entre os anos 
de 2008 e 2011, período em que 
o parlamentar exerceu os car-
gos de governador de Minas Ge-
rais e senador.
A denúncia toma como base a 
delação de Marcelo Odebrecht 
e investigações da Polícia Fede-
ral, que no mês passado concluí-
ram que o tucano recebeu R$ 30 
milhões do grupo Odebrecht e 
outros R$ 35 milhões da Andra-
de Gutierrez. 
Os valores seriam, segundo a 
denúncia da PGR, “contraparti-
da pelo exercício de influência e 
negócios da área de energia de-
senvolvidos em parceria” com 
as construtoras, como os proje-
tos do Rio Madeira, as Usinas 
Hidrelétricas de Santo Antônio 
e Jirau, em Rondônia, pela Ce-
mig e Furnas. 
Defesa. Em nota, a defesa de 
Aécio afirma que a notícia da de-
núncia causa “surpresa e indig-
nação”. “Não há e nunca houve 
qualquer crime por parte de Aé-
cio Neves”, afirma. 
“Foi demonstrado exaustiva-
mente que as conclusões alcan-
çadas pelo delegado são menti-
rosas e desconectadas dos pró-
prios relatos dos delatores e, o 
que é mais grave, das próprias 
investigações da PF”, diz o tex-
to assinado pelo advogado Al-
berto Zacharias Toron. 
A nota prossegue afirmando 
que é “tamanho o absurdo do 
presente caso que os próprios 
relatos dos delatores desmen-
tem-se entre si. Basta lê-los.” A 
defesa do deputado critica o 
que chamou de “vazamento” 
do conteúdo do inquérito, que 
tramita em sigilo. 
“Depois, mais uma vez a Defe-
sa vê-se surpreendida com vaza-
mentos sistemáticos de inquéri-
to sigiloso, sendo certo que 
nem mesmo os advogados tive-
ram acesso à referida denúncia 
para rebatê-la.” Toron afirma 
ainda confiar que o poder Judi-
ciário chegará à conclusão de 
que não há crime cometido pelo 
deputado. 
O ministro da Saúde, Nelson Tei-
ch, será entrevistado em novo 
painel da 6.ª edição da Brazil Con-
ference at Harvard & MIT: ‘Pre-
sente e Futuro da Saúde no Bra-
sil’. O encontro anual, organiza-
do pela comunidade brasileira 
de estudantes em Boston, tem co-
bertura exclusiva do Estado.
A entrevista com o novo minis-
tro será no dia 4, às 10h. Também 
no dia 4, a Brazil Conference dis-
cute, às 19h, ‘Como empresas po-
dem contribuir com a sociedade’. 
O evento anunciou também pai-
nel que debaterá os dilemas éti-
cos da sociedade brasileira no dia 
5, às 15h. Hoje, a Brazil Conferen-
ce debate jovens brasileiros com 
projetos de impacto social, às 17h.
%HermesFileInfo:A-7:20200501:
O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 1 DE MAIO DE 2020 A7
Internacional
ONU estima que epidemia empurrará 
meio bilhão de volta para pobreza 
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
WASHINGTON
Funcionários dos serviços de in-
teligência dos EUA se queixa-
ram ontem de que a Casa Bran-
ca vem colocando pressão para 
que agências de espionagem 
americanas encontrem provas 
de que a China criou e espalhou 
intencionalmente o coronaví-
rus. Os relatos, publicados on-
tem pelo New York Times e pelo 
Washington Post, mostram que 
Donald Trump intensificou seu 
esforço para culpar o governo 
chinês

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