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Trabalho Biomassa

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Introdução 
O Brasil é um país que reúne inúmeras vantagens comparativas que o tornam capaz de atuar como líder no mercado mundial de produtos agrícolas, agroindustriais e silviculturas, em particular aqueles dedicados a energia, apresenta um grande potencial de crescimento para sua produção agrícola. Cerca de 30% do valor da produção agrícola de 2004 deriva da produção de soja, que vem apresentando grande crescimento a partir da década de 1980, sendo hoje a cultura com maior área plantada do Brasil. Os avanços da produção de soja nas últimas décadas estão diretamente relacionados ao desenvolvimento de novas tecnologias, que tornaram a soja brasileira cada vez mais competitiva. A cana-de-açúcar é a segunda cultura, em termos de valor de produção, e vem ganhando novos investimentos nos últimos anos, com o objetivo de suprir a demanda por álcool no mercado interno, devido à criação dos carros bicombustíveis e atender às exportações, que aumentaram nos últimos anos. Outros produtos, como o milho e o arroz, têm sua importância por constituir elemento básico da alimentação humana e para a produção de rações, que abastecem os setores da avicultura e suinocultura.
A biomassa é classificada como recurso energético nas categorias de biomassa energética florestal, seu produtos e subprodutos ou resíduos; biomassa energética agrícola, as culturas agroenergéticas e os resíduos e subprodutos das atividades agrícolas, agroindustriais e da produção animal; e rejeitos urbanos.
A biomassa para fins energéticos em geral, e também particularmente como fonte para geração de energia elétrica, está entre as fontes renováveis com maiores possibilidades em termos de natureza, origem, tecnologia de conversão e produtos energéticos, exigindo para o alcance dos objetivos de quantificação da oferta deste relatório que se busque valores para os resíduos agrícolas das principais culturas do país, tenham ou não, alguma destinação energética estabelecida.
Produção:	
A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de material orgânico produzida e acumulada em um ecossistema. Existem quatro formas de transformar a biomassa em energia:
1. Pirólise: através dessa técnica, a biomassa é exposta a supremas temperaturas sem a presença de oxigênio, mirando o acelerar da decomposição da mesma. O que sobra da decomposição é uma mistura de gases, líquidos (óleos vegetais) e sólidos (carvão vegetal);
2. Gasificação: assim como na pirólise, aqui a biomassa também é acalorada na ausência do oxigênio, originando como produto final um gás inflamável. Esse gás ainda pode ser filtrado, visando à remoção de alguns componentes químicos residuais. A diferença básica em relação à pirólise é o fato de a gaseificação exigir menor temperatura e resultar apenas em gás;
3. Combustão: aqui a queima da biomassa é realizada a altas temperaturas na presença abundante de oxigênio, produzindo vapor a alta pressão. Esse vapor geralmente é usado em caldeiras ou para mover turbinas. É uma das formas mais comuns hoje em dia e sua eficiência energética situa-se na faixa de 20 a 25%;
4. Co-combustão: essa prática propõe a substituição de parte do carvão mineral utilizado em urnas termoelétricas por biomassa. Dessa forma, reduz-se significativamente a emissão de poluentes. A faixa de desempenho da biomassa encontra-se entre 30 e 37%, sendo por isso uma escolha bem atrativa e econômica atualmente.
Materiais 
· A lenha é muito utilizada para produção de energia por biomassa – no Brasil, já representou 40% da produção energética primária. A grande desvantagem é o desmatamento das florestas, porém, vale destacar que existe a possibilidade de utilizarmos a floresta plantada evitando assim a utilização de florestas nativas.
· Cana-de-açúcar – no Brasil, diversas usinas de açúcar e destilarias estão produzindo metano a partir da vinhaça. O gás resultante está sendo utilizado como combustível para o funcionamento de motores estacionários das usinas e de seus caminhões. O equipamento onde se processa a queima ou a digestão da biomassa é chamado de biodigestor. Numa destilaria com produção diária de 100.000 litros de álcool e 1.500 m³ de vinhaça, possibilita a obtenção de 24.000 m³ de biogás, equivalente a 247,5 bilhões de calorias. O biogás obtido poderia ser utilizado diretamente nas caldeiras, liberando maior quantidade de bagaço para geração de energia elétrica através de termoelétricas, ou gerar 2.916 kW de potência, suficiente para suprir o consumo doméstico de 25.000 famílias;
· Serragem (ou serrim, ou ainda serradura);
· Papel já utilizado;
· Galhos e folhas decorrentes da poda de árvores em cidades ou casas;
· Embalagens de papelão descartadas após a aquisição de diversos eletrodomésticos ou outros produtos;
· Casca de arroz;
· Capim-elefante;
· Lodo de ETE: Especialmente os provenientes do processo de lodos ativados amplamente utilizados na indústria têxtil;
Derivados da Biomassa
· Bio-óleo: líquido negro obtido por meio do processo de pirólise cujas destinações principais são aquecimento e geração de energia elétrica.
· Biogás: metano obtido juntamente com dióxido de carbono por meio da decomposição de materiais como resíduos, alimentos, esgoto e esterco em digestores de biomassa.
· Biomass to Liquids: líquido obtido em duas etapas. Primeiro é realizado um processo de gasificação, cujo produto é submetido ao processo de Fischer-Tropsch. Pode ser empregado na composição de lubrificantes e combustíveis líquidos para utilização em motores do ciclo diesel.
· Etanol celulósico: etanol obtido alternativamente por dois processos. Em um deles a biomassa, formada basicamente por moléculas de celulose, é submetida ao processo de hidrólise enzimática, utilizando várias enzimas, como a celulase, celobiase e β-glicosidase. O outro processo é composto pela execução sucessiva das três seguintes fases: gasificação, fermentação e destilação.
· Bioetanol “comum”: feito no Brasil à base do sumo extraído da cana de açúcar (caldo de cana). Há países que empregam milho (caso dos Estados Unidos) e beterraba (da França) para a sua produção. O sistema à base de cana-de-açúcar empregado no Brasil é mais viável do que o utilizado pelo americano e francês.
· Biogasolina: substituta da gasolina, produzida de matéria-prima vegetal (açúcar, celulose, etc.).
· Biodiesel: éster produzido com óleos vegetais como do dendê, da mamona, do sorgo e da soja, etc.
· Óleo vegetal: Pode ser usado em Motores diesel usando a tecnologia Elsbett
· Lenha: Forma mais antiga de utilização da Biomassa.
· Carvão vegetal: Sólido negro obtido pela carbonização pirogenal da lenha ou carbonização hidrotermal.
· Turfa: Material orgânico, semidecomposto encontrado em regiões pantanosas.
· Gás pobre (gás de síntese): produzido por gasogênios que realizam a combustão controlada e parcial de biomassa.
Utilização no setor Agroindustrial 
As condições naturais e geográficas são favoráveis no Brasil, além de grande quantidade de terra agricultável com características adequadas do solo e condições climáticas, fazendo deste o país que reúne o maior quantitativo de vantagens comparativas para liderar a agricultura, entre as quais, a perspectiva de incorporação de novas áreas com impactos ambientais circunscritos ao socialmente aceitos e a possibilidade de múltiplos cultivos dentro do ano calendário (EMBRAPA/MAPA, 2005). 
Situado, predominantemente, na faixa tropical e subtropical do planeta, a região mais propensa à produção de biomassa do mundo, entre os Trópico de Câncer, a 30º de latitude Norte, e o Trópico de Capricórnio, a 30º de latitude Sul, com pode ser visto na Figura 25, o Brasil recebe intensa radiação solar ao longo do ano, a fonte de energia fundamental da produção de biomassa, seja sua finalidade a produção agrícola e pecuária para alimentação humana ou a produção de culturas com fins agroindustriais. 
Dentre os países situados na faixa tropical e subtropical, o Brasil é o que apresenta maior potencial de produção agrícola, pois na África a maior parte do territórioé caracterizada por áreas desérticas, portanto, inviáveis para a produção, a mesma situação que ocorre na Austrália. Dessa forma, os países que tem maiores possibilidades de produção agrícola são alguns do sul da Ásia, países da América Central, que geralmente não dispõem de áreas agricultáveis disponíveis, o Norte da América do Sul e o Brasil (SPAE/MAPA, 2006).
O Brasil, com sua dimensão continental e diversidade geográfica, consegue produzir praticamente todos os principais produtos agrícolas comercializados mundialmente, apresentando diversidade de clima, exuberância de biodiversidade, além de deter um quarto das reservas superficiais e sub-superficiais de água doce. Além disso, o Brasil é reconhecido por haver assumido a liderança na geração e implantação de tecnologia de agricultura tropical, associada à uma pujante agroindústria, em que um dos paradigmas é a agroindústria de etanol, reconhecida como a mais eficiente do mundo, em termos de tecnologia de processo e de gestão (EMBRAPA/MAPA, 2005).
Conclusão
O Brasil é um país que já apresenta uma produção de biomassa com enorme potencial de aproveitamento, tanto para energia elétrica, como para outras formas de produção de energia derivada das biomassa celulósica. As condições naturais e geográficas são favoráveis, há grande quantidade de terra agricultável com características adequadas do solo e condições climáticas, fazendo deste o país que reúne o maior quantitativo de vantagens comparativas para liderar a agricultura. 
O desenvolvimento de uma indústria tecnológica voltada para a biomassa energética é fundamental para o aproveitamento deste potencial. O setor sucroalcooleiro apresenta-se bastante avançado em termos das opções economicamente viáveis de desenvolvimento de rotas tecnológicas de recuperação e transporte da biomassa residual das culturas, podendo servir de núcleo primordial para a consolidação de um mercado deste tipo de equipamento e alavancando a economicidade da recuperação de resíduos de outras culturas agrícolas, como a da soja e a do milho, cujos quantitativos de oferta são expressivos. 
Além disso, as novas rotas tecnológicas de produção de combustíveis derivados da celulose, seja através da hidrólise para etanol, seja através dos processos de gaseificação e síntese, que permitem a produção de líquidos sintéticos de gasolina e diesel, aliados ao desenvolvimento da biotecnologia voltada às culturas, potencializaram as alternativas de utilização dos resíduos, contribuindo com o fator de escala para a redução geral de custos.
Com respeito ao aproveitamento desta biomassa para produção de energia elétrica, esta convergência tecnológica deverá trazer sinergia positiva também a esta aplicação, trazendo o desenvolvimento de sistemas de gaseificação comerciais de maior escala e mais eficientes. 
Assim, vemos que o aproveitamento do potencial energético da biomassa disponível para geração de energia elétrica dependerá do desenvolvimento das tecnologias eficiente de geração em média escala, entre as quais os gaseificadores de até 10 MW, e do fortalecimento dos mecanismos que favoreçam a geração distribuída e a injeção de excedentes de produção de energia elétrica nas redes de distribuição, favorecendo a cogeração e otimização energética das plantas industriais, pois devido à descentralização da oferta deste recurso energético, verifica-se o encarecimento do seu transporte para uso em uma unidades centralizadas. 
Por fim, atentamos para o fato de que o aproveitamento deste potencial deve ser, necessariamente, casado com a geração de alternativas de desenvolvimento sustentável, que preservem a perenidade do aproveitamento dos recursos naturais e humanos, destacando-se a interposição de sistemas de produção que permitam fixar as populações nas áreas rurais, oferecendo condições de geração de emprego, renda e qualidade de vida, preservação e manutenção das condições de adequação de solos, evitando a exaustão dos mesmos e a potencial desertificação, preservando ás áreas para manutenção e pesquisa da biodiversidade, preservação das fontes de realimentação dos reservatórios hídricos, para que a irrigação e a oferta de água para agricultura, o maior consumidor atual deste recurso natural, sejam preservados e fortalecidos.
Bibliografia 
Plano Nacional de Energia 2030
>http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20-%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Termel%C3%A9trica%20(Biomassa).pdf#search=biomassa<

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